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Nos passos de

Homero
ENSAIOS SOBRE PERFORMANCE,
FILOSOFIA, MÚSICA E DANÇA A PARTIR
DA ANTIGUIDADE
MARCUS MOTA

Nos passos de
Homero
ENSAIOS SOBRE PERFORMANCE,
FILOSOFIA, MÚSICA E DANÇA A PARTIR
DA ANTIGUIDADE
NOS PASSOS DE HOMERO:
ENSAIOS SOBRE PERFORMANCE, FILOSOFIA, MÚSICA E DANÇA
A PARTIR DA ANTIGUIDADE

Projeto, Produção e Capa: Coletivo Gráfico Annablume


Imagem da capa: Templo Malatestiano em Rimini,
Fotografia de Franco Coluzzi
(www.franco-art.dk)

Annablume Clássica
Conselho editorial
Gabriele Cornelli
Luiz Armando Bagolin
Mário Henrique D´Agostino
Mônica Lucas

1ª edição: maio de 2013

© Marcus Mota

ANNABLUME editora . comunicação


Rua M.M.D.C., 217 . Butantã
05510-021 . São Paulo . SP . Brasil
Tel. e Fax. (011) 3812-6764 – Televendas 3031-1754
www.annablume.com.br
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 7

1. NOS PASSOS DE HOMERO: PERFORMANCE COMO ARGUMENTO


NA ANTIGUIDADE 11
2. PYTHAGORAS HOMERICUS: PERFORMANCE COMO HORIZONTE
HERMENÊUTICO PARA INTERPRETAR A TRADIÇÃO PITAGÓRICA 79
3. HERÁCLITO E OS EVENTOS PERFORMATIVOS 95
4. A PERFORMANCE COMO ARGUMENTO: A CENA INICIAL DO
DIÁLOGO ÍON, DE PLATÃO 117
5. A DRAMATURGIA CÔMICA EM PLATÃO: OBSERVAÇÕES A PARTIR
DE ÍON 139
6. CULTURA PERFORMATIVA EM A REPÚBLICA, DE PLATÃO:
CONTEXTUALIZANDO A RECUSA DE MIMESIS 161
7. INTERAÇÃO ENTRE NARRATIVA E DRAMA EM AS ETIÓPICAS,
DE HELIODORO, E CONTO DE INVERNO, DE W. SHAKESPEARE 167

8. METRO E REPRESENTAÇÃO: GERAÇÃO DE ARQUIVOS SONOROS


E MIDI A PARTIR DE TEXTOS DA TRAGÉDIA GREGA 187
9. OUVIR E DANÇAR RITMOS: EXPERIMENTOS COM METROS DA
TRAGÉDIA GREGA 207
10. GENEALOGIAS DA DANÇA: TEORIA CORAL E A DISCUSSÃO DE
ESTUDOS SOBRE A DANÇA NA GRÉCIA ANTIGA 245
11. PERFORMANCES INSTRUÍDAS: METODOLOGIA DE PROCESSO
CRIATIVO A PARTIR DE TEMOS OU OBRAS DA ANTIGUIDADE 285
APRESENTAÇÃO

O
S TEXTOS QUE ORA SE PUBLICAM REPRESENTAM PARTE DE
largo universo de investigações que tem ocupado meu
tempo nos últimos anos, especialmente durante e após
meus estudos de doutorado (2002) sobre a dramaturgia musical de
Ésquilo. Trabalhando desde 1995 em uma instituição desprovi-
da de um núcleo agregador em torno dos estudos da Antiguidade,
como, por exemplo, um Departamento de Letras Clássicas, acabei
por diversificar e flexibilizar meu perfil acadêmico, ao trabalhar dire-
tamente com montagens de obras dramáticas e dramático-musicais
no Departamento de Artes Cênicas na Universidade de Brasília1.
A força das circunstâncias, porém, mostrou-se positiva: a inten-
sificação das relações entre estudos clássicos e estudos da performan-
ce - que agora começa a se evidenciar no Brasil - acompanha tardia-
mente dinâmicas intelectuais mundiais que criaram no confronto
entre saberes e habilidades diversas, no intercampo de investigações
e produções artísticas.
Assim, o conceito de ‘performance’ e as situações a ele correlatas
não só descrevem eventos que ultrapassam métodos tradicionais de
leitura e análise de textos, inserindo o intérprete no questionamen-

1. Com a consolidação do Grupo Archai e do NEC (Núcleo de Estudos


Clássicos), há a indicação de possibilidades de novos arranjos colaborativos.
to de suas estratégicas de compreensão: ao mesmo tempo, tanto as
situações referidas nos textos, quanto a atuação mesma do intérprete
podem ser contextualizadas a partir de eventos performativos.
O que se ‘descobriu’ a partir dos anos 60 do século passado é que
é amplo o horizonte performativo das situações humanas, as quais
se organizam em confrontações interindividuais de modo similar às
festividades, aos encontros, aos arranjos públicos. Daí ‘performan-
ce’ não se limitar ao que antes era considerado como um evento
puramente estético - um concerto, ou uma peça teatral. Nisso, esse
mesmo ‘puramente estético’ tornou-se questionável. Quando se fala
em ‘performance’ temos em mente tanto uma quanto outra expe-
riência: a daquelas que frequentemente associamos à arte, e outras,
assemelhadas ou derivadas, que se mostram em situações cotidianas.
Para os estudiosos, essa provocação foi sendo aos poucos assi-
milada. Na década de 70 do século passado, timidademente afir-
maram-se os estudos da performance nos estudos do teatro grego
antigo, como os deTaplin, com a leitura dos textos remanecescente
das tragédias gregas a partir de discussões da textualidade de Shakes-
peare: dramaturgos escrevem textos para o palco, e os textos possuir
marcas e informações dessa objetividade teatral.
Já nos anos 80, com Gregory Nagy, Richard Martin e Claude
Calame, há uma expansão e diversificação de abordagens que levam
em conta pressupostos de leitura a partir de imputs performativos.
Mais do que uma técnica de ler ou encenar (stagecraft) textos, es-
tratégias interpretativas a partir de imputs performativos problema-
tizam justamente as relações entre contextos, textos e compreensão,
oferencendo alternativas, objetos e problemas para além de uma
cultura linguisticamente orientada.
Nesse ponto específico, após se debater contra as mazelas dessa
cultura, o encontro entre Estudos Clássicos e Estudos da Perfor-
mance convergiu justamente para a Cultura, para um englobante
presente nas manifestações mais diversas da antiguidade: Mousiké.
Assim, épica, filosofia, lirica, tragédia, comédia, etc., demonstram a
vitalidade e o pluralismo de modos de se pensar, agir e querer dentro
de práticas interindividuais audiovisualmente orientadas.

8
Nos Passos de Homero procura pensar estes novos caminhos, a
partir de leituras sobre textos e recepções da Antiguidade Clássica.
O diálogo com autores e obras referidos foi encaminhado para uma
contínua reflexão sobre como se aproximar dessa cultura audiovi-
sual que em Homero encontrou uma cifra irrestível e ainda efetiva.
Homero permanece como meta e impulso: a interpenetração entre
dizer e mostrar.
O primeiro texto, “Nos passos de Homero: Performance como
argumento na Antiguidade” é conjunto de escritos que, sob o
estímulo da Hipótese Parry-Lord, reúne diversos autores que têm se
dedicado a uma atualização da cultura performativa.
Em seguida, temos artigos que interrogam a tradição pitagóri-
ca, Heráclito e Platão, para acompanhar traços , conceitos e situa-
ções dessa cultura performativa.
Os últimos textos do livro discutem a recepção de tópicos dessa
cultura, como gêneros híbridos(romance antigo), música e dança,
explicitando as dificuldades de se elaborar mediações interpretativas
sem o recurso à problematização dos pressupostos do intérprete.
Procurei, nos textos, mais explorar e produzir aplicações de para-
digmas performativos que me deter em sua definição.
Espero, enfim, que os exercícios de leitura e interpretação aqui
coligidos posssam estimular novos empreendimentos heurísticos,
contribuindo para este fórum interdisciplinar e interartístico que
se depreende do intercruzamento entre Estudos Clássicos e Estudos
da Performance.
Agradeço ao estimulante convívio com meus orientandos, estu-
dantes e colegas,em especial ao meu mestre Hugo Rodas e ao sem-
pre inspirador e inspirado Gabriele Cornelli.

Brasília, carnaval de 2013

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