Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Brasil é o maior país católico do mundo e possui mais de 100 milhões de habitantes que se
auto declaram católicos (praticantes ou não praticantes). Em termos percentuais, os católicos
representavam mais de 90% da população em meados do século XX. Mas este quadro veio
mudando rapidamente nas últimas décadas. Há 4 tendências claras:
Desta forma, devido ao ativismo evangélico e à passividade católica, a transição religiosa tem se
acelerado no Brasil. Infelizmente, o IBGE não fez nenhuma pesquisa levando em consideração
a variável religião na atual década. Entretanto, pesquisas nacionais (Datafolha) e internacionais
(PEW, Gallup, Latinobarômetro, etc.), mesmo não sendo totalmente comparáveis com os dados
históricos do IBGE, indicam que a transição está se acelerando.
Em artigos acadêmicos anteriores (ALVES et. al, 2017) chegamos a prever que as filiações
católicas ficariam abaixo de 50% até 2030 e seriam ultrapassados pelos evangélicos até 2040.
Contudo, estas tendências devem ser antecipadas em alguns anos.
No gráfico acima, apresento uma projeção com base em um declínio das filiações católicas em
torno de 1,2% ao ano e um crescimento de 0,8% ao ano das filiações evangélicas. Estes dados
são compatíveis com os resultados das eleições gerais de 2018 que mostraram uma maior
presença evangélica em todo o país.
Nas novas projeções, a presença católica na população chegaria a 49,9% em 2022 e a 38,6% em
2032, enquanto a presença evangélica seria de 31,8% e 39,8% nas mesmas datas (conforme
mostra o gráfico acima). Ou seja, no ritmo atual da transição religiosa não é improvável que os
católicos fiquem com menos de 50% das filiações nacionais em 2022 (nos 200 anos da
Independência do Brasil) e que sejam ultrapassados pelos evangélicos até 2032.
A mudança de hegemonia entre os dois grandes grupos religiosos do Brasil está em curso. Parece
que a mudança na correlação de forças é irreversível. A dúvida é sobre a data exata em que
ocorrerá a ultrapassagem e até onde irá a queda das filiações católicas.
Referência:
ALVES, JED, CAVENAGHI, S, BARROS, LFW, CARVALHO, A.A. Distribuição espacial da transição
religiosa no Brasil, Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2, 2017, pp: 215-242
http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/112180/130985