Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nesta revista procuramos reunir fatos, realizações, opiniões e reflexões de representantes de diferentes áreas
do governo e da sociedade civil. Nosso mote para a manifestação dos autores, para que pudessem relatar
suas experiências e anseios, foi Agenda 21 & Sustentabilidade.
Nosso desafio é ampliar a cada dia o debate em torno de idéias que preconizam alternativas mais saudáveis
e democráticas para um novo modelo de desenvolvimento. Temos claro que estamos lidando com uma
mudança em padrões fortemente arraigados em nossa sociedade, e que devemos minimizar as resistências
em conservar padrões historicamente concentrados no poder político e econômico, que dificultam o acesso
universal ao conhecimento e à gestão participativa.
Os temas aqui tratados procuram dar uma visão atual de como diferentes setores de nossa sociedade
estão refazendo seus caminhos para chegar a um modelo de desenvolvimento sustentável. Caminhos que
tratam não só de formulação e implementação de políticas públicas, programas e projetos, mas também
dos princípios que regem essas ações. Por isso centramos nosso foco na Agenda 21 e na Carta da Terra
seguindo, inclusive, a Agenda 21 Brasileira em sua ação prioritária - Governança e ética para a promoção da
sustentabilidade - Objetivo 21 - Pedagogia da Sustentabilidade: ética e solidariedade.
Nossa proposta, também, é de levar aos leitores a constatação de que a construção e a implementação da
Agenda 21, em seus diferentes arranjos territoriais, supõem vontade e determinação política e uma nova
concepção de poder, que passa a ser entendido como um patrimônio gerenciado pelo dueto governo e
sociedade.
Esse desenho, essa parceria, concretiza o sonho da democracia participativa. Para tal precisamos difundir,
disponibilizar a todas as camadas da população meios e instrumentos para uma participação ativa e
qualificada, pois na discussão da sustentabilidade é fundamental incluirmos a cada dia um número maior de
pessoas, dos menores aos maiores municípios de nosso país.
Aqui está, portanto, mais uma contribuição do Ministério do Meio Ambiente para o debate. Agradecemos
a todos os colaboradores que se prontificaram a colocar no papel suas propostas e experiências para
repassarmos aos nossos leitores. Esperamos que esta revista possa contribuir para novas idéias, discussões,
enfim, para o amadurecimento do novo modelo de sociedade que desejamos.
Nada melhor para qualificar esse anseio como o preâmbulo da Carta da Terra: “...para seguir adiante,
devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma
família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar
uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na
justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da
Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e
com as futuras gerações”.
38
com todos, base do dinâmico equilíbrio natural. Como se depreende
são duas lógicas que se opõem e sua união desenvolvimento susten-
tável confunde e não sinaliza uma nova forma de pensar e de salvar a
Terra e a Humanidade.
04 37
Modo de vida sustentável
“Urge primeiramente garantir
a sustentabilidade da Terra, da
Humanidade, dos ecossistemas,
da sociedade e da vida huma-
na para só então podermos
legitimamente buscar um
desenvolvimento que seja sus-
tentável.”
Arnold Toynbee, após escrever não são alarmantes nem apocalípticas. Revelam a real encruzilhada a
10 tomos sobre as grandes civili- que chegou a humanidade. Ela criou o princípio da auto-destruição.
zações históricas da humanidade, A máquina de morte já construída das armas químicas, biológicas e
deixou consignado no final de seu nucleares pode devastar profundamente a biosfera e impossibilitar a
ensaio autobiográfico Experiences continuidade do projeto planetário humano, quem sabe até, pondo
(1969) esta constatação dramáti- fim à espécie homo sapiens/demens...
ca: “Vivi para ver o fim da história
humana tornar-se uma possibili- Até o irromper dessa consciência, por mais que houvesse guerras e
dade intra-histórica, traduzida em agressões à natureza, todos tínhamos como pressuposto que os recur-
fato não por um ato de Deus mas sos naturais seriam inesgotáveis e a Terra continuaria indefinidamente
do homem”. A Carta da Terra (as- evoluindo em direção do futuro. Esta pressuposição é ilusória. Os re-
sumida pela Unesco em 2000), cursos são limitados e a Terra pode se transformar num planeta Marte.
documento que representa a nova Em outras palavras: o futuro da Terra e da Humanidade não está mais
consciência ecológica e ética da garantido pelas forças diretivas da evolução. Ele depende de uma
humanidade, na frase de aber- decisão ética e política dos seres humanos. Precisamos querer esse
tura, faz semelhante constatação: futuro. Por isso, a Carta da Terra diz com realismo:”Devemos decidir
”Estamos diante de um momento viver com sentido de responsabilidade universal”.
crítico na história da Terra, numa
época em que a humanidade deve Que resposta devemos dar? O sistema político mundial pretendeu
escolher o seu futuro ou formar encontrar na expressão desenvolvimento sustentável uma resposta
uma aliança global para cuidar adequada e suficiente. Desde que essa palavra se impôs em todos os
da Terra e cuidar uns dos outros documentos oficiais dos Governos e das Empresas a partir do Comissão
ou arriscar nossa destruição e a Brundland de 1987, os fatos e a crítica acadêmica mostraram os im-
da diversidade da vida pois as passes deste conceito. A expressão em si revela uma contradição in
bases da segurança global estão terminis. Desenvolvimento é um termo que vem da economia capi-
ameaçadas”. talista hoje mundializada. Concretamente e em sua dinâmica interna
de competição, sempre produz desigualdades e implica uma relação
As afirmações do grande historia- de exploração dos recursos da natureza. A sustentabilidade vem da
dor e desse documento mundial biologia e da ecologia e enfatiza a interação e a cooperação de todos
36
Expediente
do seu interior, uma perspectiva popular e democrática de defesa da
ecologia. Ele pode ser um espaço importante de luta em favor dos
seres humanos mais empobrecidos pelo modelo econômico capitalista Moacir Gadotti
globalizado. Nessa luta por um planeta saudável, tanto a Carta da Professor Titular da Universidade de
Terra quando a Agenda 21, como resultado da conjunção de tantos São Paulo e diretor do Instituto
esforços, se constituem em instrumentos insubstituíveis. Paulo Freire
1 Instituto Paulo Freire. Resumos do primeiro encontro internacional da Carta da Terra na perspectiva
da Educação (São Paulo, 23 a 26 de agosto de 1999). São Paulo, IPF, 1999, p. 39.
República Federativa do Brasil Revista Agenda 21 - Brasil Sustentável 2 Para uma visão abrangente da “iniciativa” da Carta da Terra veja-se Elisabeth M. Ferrero & Joe
Luiz Inácio Lula da Silva Coordenação Holland, The Earth Charter: a Study Book of Reflection for Action, San José, Costa Rica, Conselho
da Terra, 2002. O texto está disponível no site <www.ECreflection4action.org>. Mais informações
Presidente do Brasil Pedro Ivo Batista
no site do Conselho da Terra <www.earthcharter.org> e no site do Instituto Paulo Freire
José Alencar Gomes da Silva Jornalista responsável <www.paulofreire.org>.
Vice-Presidente do Brasil Karla Matos 3 Antônio, Lago e José Augusto Pádua. O que é ecologia. São Paulo, Brasiliense, 1994, p. 56.
4 Stephen Jay Gould. “É preciso arte para negociar com a Terra”. In O Estado de S. Paulo, Caderno
Supervisão
Especial, 6 de junho de 1993, p. 4.
Ministério do Meio Ambiente ASCOM/ MMA 5 Carlos Walter Porto Gonçalves. Os (des)caminhos do meio ambiente. São Paulo, Contexto, 1999.
Marina Silva Projeto Gráfico e Arte
Ministra do Meio Ambiente Grupo Vintenove
Cláudio Langone Capa
Secretário Executivo Luis Guilherme Delmont/ Daniel Silva
Gilney Amorim Viana Arte/contracapa “A Carta da Terra, concebida como um código de
Secretário de Políticas para o Mirian Kosby ética global por um desenvolvimento sustentável
Desenvolvimento Sustentável e apontando para uma mudança em nossas
Pedro Ivo de Souza Batista Ministério do Meio Ambiente atitudes, valores e estilos de vida, envolve três
Coordenador da Agenda 21 Secretaria de Políticas para o princípios interdependentes: os valores que regem
Desenvolvimento Sustentável a vida dos indivíduos; a comunidade de interesses
Equipe Agenda 21 Coordenação da Agenda 21 entre Estados; e a definição dos princípios de um
Antonio Carlo Brandão Esplanada dos Ministérios - Bloco B desenvolvimento sustentável.”
Ary da Silva Martini Sala 830 - 8º andar
Eveline Barros-Leal 70068-900 - Brasília DF
Karla Matos Tel.: 55 61 3171142
Kelly Anne Campos Aranha Fax: 55 61 2267047
Leonardo Cabral Site: http://www.mma.gov.br
Luciana Chueke Pureza e-mail: agenda21@mma.gov.br
Márcia Facchina
Michelle Milhomem
Patrícia Kranz
Pedro Ivo de Souza Batista
Raquel Moti Henkin
06 35
nacional, regional, internacional, meio ambiente e do desenvolvimento. Ela inclui os princípios básicos
conectado com uma visão de fu- que deverão reger o comportamento da economia e do meio ambiente,
turo representativa da busca de por parte dos povos e nações, para assegurar “nosso futuro comum”.
muitas mulheres e homens que no
nível pessoal e institucional estão
comprometidos em tecer novas
Ela pretende ter a mesma importância que teve a “Declaração dos
Direitos Humanos”, assinada pelas Nações Unidas em 1948. Contém
27 princípios com o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria
Brasil Sustentável
relações entre os seres humanos global através da criação de novos níveis de cooperação entre os
e da Humanidade com o Planeta Estados, setores importantes da sociedade e o povo. Para conseguir
Terra”1. A Carta da Terra deverá o desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida para todos
constituir-se em um documento os povos, a Carta da Terra propõe que os Estados reduzam e eliminem
vivo, apropriado pela sociedade padrões insustentáveis de produção e consumo e promovam políticas
planetária, e revisto periodica- demográficas adequadas.
mente em amplas consultas glo-
bais2. A Carta da Terra deve ser entendida sobretudo como um movimento
ético global para se chegar a um código de ética planetário,
A Carta da Terra, concebida como sustentando um núcleo de princípios e valores que fazem frente 03 Introdução
um código de ética global por à injustiça social e à falta de eqüidade reinante no planeta. Cinco
um desenvolvimento sustentável pilares sustentam esse núcleo: a) direitos humanos; b) democracia e 04 Plataforna das 21 Ações Prioritárias
e apontando para uma mudança participação; c) eqüidade; d) proteção da minoria; e) resolução pacífica
em nossas atitudes, valores e esti- dos conflitos. Esses pilares são cimentados por uma visão de mundo 06 Expediente
los de vida, envolve três princípios solidária e respeitosa da diferença (consciência planetária).
interdependentes: os valores que 08 Um Brasil Sustentável
regem a vida dos indivíduos; a co- O intercâmbio planetário que ocorre hoje em função da expansão
munidade de interesses entre Es- das oportunidades de acesso à comunicação, notadamente através 10 Agenda 21 e Sustentabilidade
tados; e a definição dos princípios da Internet, deverá facilitar o diálogo inter e transcultural e o
de um desenvolvimento susten- desenvolvimento desta nova ética planetária. A campanha da Carta 12 Entrevista - Pedro Ivo de Souza Batista
tável. Um ética global para uma da Terra agrega um novo valor e oferece um novo impulso a esse
sociedade global: esse é o objetivo movimento pela ética na política, na economia, na educação etc. Ela 14 Compromisso da CAIXA com a Questão Ambiental
final da Carta da Terra. Embora se tornará realmente forte e, talvez, decisiva, no momento em que
possamos distinguir sociedade representar um projeto de futuro um contraprojeto global e local ao 16 Depoimento - Ministério das Relações Exteriores
global de comunidade global, nos projeto político-pedagógico, social e econômico neoliberal, que não
documentos produzidos para a só é intrinsecamente insustentável, como também essencialmente 18 Depoimento - Ministério da Ciência e Tecnologia
minuta da Carta da Terra, eles são injusto e desumano.
usados indistintamente. Todavia, 19 Agendas 21 Locais - Trabalhando para a Sustentabilidade da Sociedade Brasileira
costuma-se falar mais em “comu- O “discurso ecológico” pode ter sido, muitas vezes, manipulado pelo
nidade” quando se quer realçar capital, mas a luta ecológica não. Ela não é elitista. Como diz Antônio 22 Agenda 21 - Desafios para Governos e Sociedade
o mutualismo, os laços de reci- Lago3, “os mais pobres são os que recebem com maior impacto os
procidade, como em comunidade efeitos da degradação ambiental, com o agravante de não terem 24 Agendas 21 Locais Mostram que a Tranversalidade é Possível
religiosa, local, étnica... e mais acesso a condições favoráveis de saneamento, alimentação etc., e não
em “sociedade” quando se quer poderem se utilizar dos artifícios de que os mais ricos normalmente se 26 Os Trabalhadores e a Agenda 21 - A Hora e a Vez da Agenda Marrom
realçar a equivalência e a orga- valem para escapar do espaço urbano poluído (casas de campo, viagens,
nização, como em sociedade civil etc.)”. Segundo Stephen Jay Gould4, o movimento conservacionista - 28 Frente Agenda 21
planetária. A comunidade mundial que precedeu ao movimento ecológico - surgiu como uma “tentativa
seria uma espécie de princípio, de elitista dos líderes sociais ricos no sentido de preservar áreas naturais 30 Participação Empresarial na Agenda 21
fundamento da sociedade plane- como domínios para o lazer e a contemplação dos privilegiados”.
tária. A Terra pode ser vista como O que é necessário é se livrar dessa visão do ambientalismo como 32 Especial Agenda 21 e Carta da Terra: Instrumentos de Sustentabilidade
uma única comunidade orga- algo “oposto às necessidades humanas imediatas, especialmente às
nizada em uma sociedade global, necessidades dos pobres”. O ser mais ameaçado pela destruição do 33 Princípios e Valores para o Desenvolvimento Sustentável
com “espírito comunitário”. Uma meio ambiente é o ser humano e dentre os seres humanos os mais
sociedade global supõe uma mu- pobres são as suas principais vítimas. 36 Modo de Vida Sustentável
dança de atitudes e de valores de
cada indivíduo. O movimento ecológico, como todo movimento social e político, não
é um movimento neutro. Nele também, como movimento complexo
A Carta da Terra constituiu-se e pluralista, se manifestam interesses os mais diversos, inclusive das
numa declaração de princípios grandes corporações5. O que importa não é combater todas as formas
globais para orientar a questão do de sua manifestação, mas entrar no seu campo e construir, a partir
“temos hoje 469 processos em O encontro entre a Agenda 21 e a Carta da Terra deu-se de forma O projeto da Carta da Terra ins-
curso e nossa meta é termos, natural pois é evidente que o novo modelo de desenvolvimento precisa pira-se em uma variedade de
até o final do governo, 1500 de uma nova sustentação ética. A Agenda 21, por sua vez, representa fontes, incluindo a ecologia e
experiências em todo o País.” a base para a despoluição do planeta e a construção de um modelo outras ciências contemporâneas,
de desenvolvimento sustentável, isto é, que não agrida o ambiente e as tradições religiosas e as filosó-
não esgote os recursos disponíveis. A Agenda 21 não é uma agenda ficas do mundo, a literatura sobre
A idéia de que é necessário um discutida em diferentes setores de nossa sociedade. E não é somente ambiental. É uma agenda para o desenvolvimento sustentável, cujo ética global, o meio ambiente e
esforço comum, planetário para isso: nos últimos 10 anos houve um enorme avanço do conhecimento objetivo final é a promoção de um novo modelo de desenvolvimento. o desenvolvimento, a experiên-
corrigir os rumos do modelo de científico que está provocando uma revolução nos paradigmas atuais. cia prática dos povos que vivem
desenvolvimento se firmou no Vivemos o início de um ciclo, de uma nova forma da organização do A Agenda 21 não é um documento normativo pois não obriga de maneira sustentada, além
cenário político mundial de forma saber baseada na transdisciplinaridade. as Nações signatárias, mas é um documento ético que se reduz a das declarações e dos tratados
irreversível. Não há como afirmar um compromisso por parte deles. Não é um documento técnico, intergovernamentais e não-gover-
que o desenvolvimento vigente Nesse contexto a Agenda 21 insere-se como um bom caminho a ser mas político. Mais da metade dos países signatários já elaboraram namentais relevantes. Moema
no mundo globalizado possa ser seguido. Documento consensuado pelos 179 países participantes da planos estratégicos de implantação da Agenda 21, em muitos casos Viezzer, presidente de uma das
chamado de sustentável com o a- Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desen- pressionados pela sociedade civil. Ela tem se constituído muito mais entidades não-governamentais
tual panorama de concentração de volvimento - Rio 92, rene um conjunto amplo de diretrizes e reco- numa agenda da sociedade do que dos Estados. As Conferências mais atuantes na área de educa-
poder econômico, de renda, espe- mendações sobre como as nações devem agir para alterar seu vetor Mundiais têm proporcionado grande mobilização, sobretudo da mídia. ção ambiental, a Rede Mulher de
culação financeira, uso irracional de desenvolvimento em favor de modelos sustentáveis e deflagrar pro- A participação ativa da sociedade civil nessas Conferências Mundiais, Educação e também integrante da
dos recursos naturais, poluição gramas de sustentabilidade, inserindo a questão ambiental na matriz principalmente através das ONGs, tem contribuído para pressionar as rede global Aliança por um Mun-
e impactos ambientais que, em do desenvolvimento. Nações Unidas e os Estados a assumirem as agendas da sociedade. do Solidário e Responsável afirma
escala global, causam fenômenos que “a elaboração da Carta da
climáticos devastadores. De fato, sustentabilidade e Agenda 21 são conceitos que estão, lado a A Agenda 21 transformou-se em instrumento de referência e Terra vem sendo divulgada como
lado, marcando nosso vocabulário desde a última década. Mas o que mobilização para a mudança do modelo de desenvolvimento em um evento planetário tridimen-
O fato de assistirmos a uma nos leva a crer que podemos implementá-los? A premissa máxima é direção de sociedades cada vez mais sustentáveis. sional: um texto em preparação,
crescente preocupação com os a defesa da vida com busca constante de qualidade e equilíbrio das um processo de aprendizagem,
problemas ambientais e com o relações entre as pessoas e delas com a natureza. A partir daí podemos Lado a lado com a Agenda 21 e baseada em princípios e valores um movimento ético. Neste sen-
desenvolvimento saudável da hu- buscar um desenvolvimento voltado para a justiça socioambiental. fundamentais, que deverão nortear pessoas e Estados no que se refere tido, mais do que um produto
manidade e do planeta é um sinal ao desenvolvimento sustentável, a Carta da Terra servirá como um elaborado para ser entregue às
animador. A estreita relação en- Para o nosso governo isso significa que a maioria da população não código ético planetário. Uma vez aprovada pelas Nações Unidas, a Nações Unidas, pretende-se que
tre exclusão social e degradação seja exposta aos efeitos ambientais negativos das ações políticas e Carta da Terra será o equivalente à Declaração Universal dos Direitos o mesmo represente um processo
ambiental passa a ser entendida e econômicas; que tenha acesso eqüitativo aos recursos naturais, bem Humanos no que concerne à sustentabilidade, à eqüidade e à justiça. de aprendizagem nos níveis local,
08 33
como às informações relevantes sobre esses recursos, riscos ambien- jeto de formação de agentes locais
tais, processos democráticos de decisão sobre políticas e projetos de com o objetivo de implementar
sua localidade. O desafio é grande, mas o bom senso deve mostrar ações para a formação continua-
que é impossível termos soluções ambientais dissociadas das sociais, da de agentes regionais que pro-
Neste sentido, o Programa Agenda 21 propõe a discussão e reflexão, com vistas à internalização dos Especificamente em relação às Agendas 21 Locais, o Ministério do
princípios e estratégias da Carta da Terra e Agenda 21 Brasileira, na perspectiva da sustentabilidade. Meio Ambiente tem procurado expandir sua atuação realizando par-
Apresentamos, assim, a reflexão de Moacir Gadotti e Leonardo Boff. Gadotti, educador, articula a Agenda cerias com diferentes instituições, inclusive na construção da Agenda
21 e a Carta da Terra, propondo uma Ecopedagogia como referência de sustentabilidade. Leonardo Boff, 21 na escola e Agenda 21 na empresa; trabalhando diretamente com
teólogo, representante brasileiro da Secretaria Internacional da Carta da Terra no Brasil, que ajudou na reda- o Fundo Nacional do Meio Ambiente na elaboração de editais de apoio
ção final da Carta da Terra, reflete a dicotomia desenvolvimento sustentável e sustentabiliade, propondo um a novos processos e disponibilizando sua equipe para auxiliar tecnica-
novo olhar que garanta a vida na Terra. mente a organização de iniciativas locais nas localidades consideradas
Marina Silva
prioritárias no programa de governo. Está ainda elaborando um pro- Ministra do Meio Ambiente
32 09
Crescimento Econômico
Entre esses objetivos do capítulo 3.1, dois deles estão consolidados de cultura não é tarefa fácil. O
e são cada vez mais aplicados nas ações dos grupos empresariais complexo processo de transição
instalados no Brasil. Um deles é a ecoeficiência. Os grandes grupos do modelo convencional de de-
10 31
Participação Empresarial
entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério de Minas e Ener- e consumo, desenvolvendo es-
gia, estabelecendo um exame prévio dos projetos de usinas hidrelétri- tratégias para induzir os agentes
cas para se reduzir seus impactos socioambientais; e o Plano BR-163 econômicos e sociais a incorpo-
30 11
E N T R E
V I S T A
Pedro Ivo Batista*, fala sobre a implementação e os rumos da Agenda 21 no Brasil.
Nesse governo a Agenda 21 passou de Ação para Programa do Plano Plurianual do Governo
Brasileiro - PPA 2004/2007 . Quais foram as motivações para essa mudança?
O Programa de governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva propõe um novo modelo que gere renda e
emprego, incentive a participação popular e preserve o equilíbrio ambiental. Essa proposta converge, em
linhas gerais, com as diretrizes da Agenda 21 Brasileira. Assim, ao iniciar o processo de discussão do Plano
Plurianual, o governo brasileiro assume a variável ambiental como um dos cinco eixos fundamentais para se
pensar o desenvolvimento. Isso se relaciona diretamente com a Agenda 21, fortalecendo-a e abrindo uma
nova perspectiva para sua interiorização no conjunto das políticas nacionais e locais. É esse o contexto que
tornou possível sermos um Programa de Governo formulado com base em três ações: implementar a Agenda
21 Brasileira; promover a elaboração e implementação de Agendas 21 Locais e Formação Continuada em
Agenda 21.
Diante dessa nova proposta quais os maiores desafios que a Agenda 21 deverá enfrentar?
Nosso Programa está com o foco voltado para as agendas locais, pois reconhece a importância do nível local
na concretização de políticas públicas sustentáveis. Ao mesmo tempo sabemos que para bem trabalharmos
na esfera local precisamos de ações positivas do governo federal e do engajamento efetivo dos demais setores na discussão dos temas ambientais, uma disseminação maior de revigorado em seu papel de refle-
de nossa sociedade. Assim, temos como maiores desafios internalizar os princípios da Agenda 21 Brasileira na informações relacionadas a eles e uma melhor conexão com a sociedade tir os anseios nacionais e buscar
formulação de políticas públicas nacionais e sensibilizar os diferentes setores da necessidade do trabalho em civil. Os 107 Deputados Federais e 26 Senadores que a compõem solução negociada para nossos
parceria. Isso porque a Agenda 21 é uma agenda para um novo modelo de desenvolvimento onde a variável desde meados do ano de 2003, se propõem a ser catalisadores problemas.
ambiental é importantíssima mas deve caminhar junto com as dimensões social, cultural, educacional, políti- políticos desses debates por todo o país, dentro e fora do Parlamento,
ca, ética e econômica. Não é uma agenda apenas do governo. Deve ser um processo de construção coletiva, dialogando com as diferentes forças sociais, econômicas e políticas
que expresse a visão e os anseios dos diferentes grupos que compõem a sociedade local. A elaboração do interessadas nos temas.
documento, a condução do processo e a apropriação dos resultados deve ser coletiva.
SERYS MARLY SLHESSARENKO
Nossa Agenda 21 será, por esse caminho, uma obra fundamental- Senadora da República, Presidente
E como a coordenação da Agenda 21 está enfrentando esses desafios? mente coletiva, construída passo a passo pela via democrática do da Frente Parlamentar Mista para o
entendimento, da mobilização social e política e do respeito ao saber Desenvolvimento Sustentável e Apoio
São diversas ações já implementadas, outras em curso e sabemos que ainda teremos muitas a definir. Agenda local. Com isso, ganha também o próprio Legislativo, cada vez mais às Agendas 21 Locais.
21 é um plano de ação, trata de planejamento e como todo bom planejamento deve ser constantemente
avaliado, revisto, rediscutido. Temos consciência de que estamos como numa corrida onde um corredor passa
o bastão ao próximo. Assim, o trabalho de equipe, de parceria é importantíssimo. Precisa haver sintonia para
que os resultados sejam positivos.
Nesta gestão procuramos aumentar nossa equipe de técnicos para melhorarmos o atendimento que presta-
mos de assessoria técnica aos municípios, estados, comitês de bacias e outras formas de associações interes-
sadas em iniciar seus processos de agenda 21.
12 29
Frente Agenda 21
instituições passou de 10 para 34. A CPDS passa a ter atribuições relacionadas às agendas locais onde um
Projeto de Certificação, de processos de Agendas 21 Locais, que deverá ser implantado no início do próximo
ano, será de extrema importância. Nossa parceria com o Fundo Nacional do Meio Ambiente, com outras
secretarias do MMA e com outros ministérios teve como resultado o edital 2/2003, que aprovou 85 projetos
de construção de agendas locais. Também temos procurado parcerias por meio de termos de cooperação
técnica com diferentes instituições inclusive de crédito e de fomento ao desenvolvimento. Assim, com essas
e outras ações pretendemos plantar sementes que gerem fortes raízes. É a contribuição que julgamos será
válida para encontrarmos o caminho da sustentabilidade em nosso país.
Uma série de iniciativas e projetos que procuraram implementar processos participativos nos úl-
timos anos não obtiveram os resultados esperados. Como superar o descrédito de alguns grupos
sociais em relação à atuação pública?
garantir estratégias de desenvolvimento que levem em conta a
sociedade como um todo, em suas dimensões econômica, social, Sempre que falamos de agenda 21 procuramos mostrar a importância do processo participativo, que pres-
No último quarto do século XX, a ambiental e, mesmo, política. Tanto no nível mundial quanto no supõe o envolvimento direto de representantes de todos os setores da sociedade na identifição dos pro-
humanidade finalmente despertou nacional ou local, as soluções devem sair pelo entendimento, que, por blemas, na definição daqueles que são prioritários, na escolha de soluções e na implementação das mesmas.
para o problema da conservação sua vez, se constrói pela via da democracia. É um processo de negociação. Não tem por objetivo esconder conflitos, ao contrário, reconhece sua existên-
do meio ambiente. Por vários cia e procura pactuar formas de resolvê-los. Formas que se apresentam no desenho de um Plano local de
séculos, agrediu impunemente O Poder Legislativo, creio, deve ocupar uma posição central na Desenvolvimento Sustentável.
a natureza, destruiu recursos implementação da Agenda 21 em nosso país, à semelhança do que
naturais, envenenou o ar, a água vem acontecendo em outras nações onde o processo se encontra Estamos cientes que existe um certo “cansaço” nos grupos sociais, que muitas vezes se vêm envolvidos em
e o solo, sem se dar conta de mais avançado. Desenvolver soluções que harmonizem interesses é diferentes programas governamentais, que não se conversam. Por isso a proposta de transversalidade, de
que estava comprometendo seu a essência do trabalho legislativo em uma sociedade onde se exercita parceria torna-se fundamental. Em nossas palestras, visitas técnicas, oficinas sempre colocamos a necessida-
próprio futuro. Alguns cientistas a democracia plena. Entretanto, as tarefas não se esgotam no nível de de trabalho conjunto. Agenda 21, Zoneamento Ecológico-Econômico, Orçamento Participativo, Plano
deram o alerta, e a sociedade Federal. Parte significativa do esforço de discussão e proposição Diretor e outros podem e devem caminhar juntos.
civil se organizou em seguida, de ações positivas voltadas ao desenvolvimento sustentável deve
especialmente na forma das acontecer no âmbito municipal, em estreita colaboração com a Sabemos, também, que precisamos levar ao nível local algo mais que planos. Precisamos criar garantias para
conhecidas organizações não- sociedade civil organizada localmente. que projetos definidos durante um processo de construção da agenda 21 se concretizem. Daí uma série de
governamentais (Ongs), passando parcerias que estamos efetivando e que estarão diretamente ligadas ao Projeto de Certificação mencionado
a cobrar sistematicamente dos Como parlamentar e cidadã, compreendo que podemos promover anteriormente. Queremos trabalhar no sentido de que uma localidade que tem sua agenda 21 esteja creden-
governos nacionais, que refletiam ações conjuntas com empresários, Ongs, governo e associações, ciada, por exemplo, a se candidatar com vantagens adicionais a créditos oficiais.
muitas vezes apenas os interes- como o Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia. Tal
ses dos grandes conglomerados, medida é importante porque a utilização dos recursos das florestas
providências para controlar e e do espaço urbano, que sofre com uma ocupação desenfreada, Essa “certificação” seria realizada pelo MMA?
reverter os danos que estavam precisa ser alvo de intensa discussão. Segundo pesquisa do IBGE
sendo identificados. Aos poucos, de 1989, o País produz diariamente 241.614 toneladas de lixo, das Não. A proposta nasceu na CPDS, durante o processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira. Na fase de
a consciência dos problemas quais 75% são jogadas a céu aberto. Desse total, somente 23% rece- transição antes da publicação do Decreto que nomeou a nova composição da CPDS o tema foi discutido
ambientais foi ampliada pela bem tratamento adequado. A Associação Brasileira de Engenharia na Coordenação da Agenda 21, que enquanto secretaria-executiva elaborou proposta para apreciação da
mobilização da opinião pública, Sanitária e Ambiental também revela que, em 1996, somente 3% CPDS. Assim, a certificação de processos de agenda 21 local volta à pauta da Comissão que será respon-
que chegou a colocar empresas e dos municípios brasileiros trataram seu lixo de forma adequada. sável por sua implementação. A representatividade atual da CPDS lhe confere legitimidade para definir esse
governos na defensiva. processo, que será implementado de forma a contemplar diferentes bases geográficas e fases, desde a sen-
A criação da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento sibilização, criação do fórum até a implementação do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável aprovado
O estabelecimento da Agenda Sustentável e apoio às Agendas 21 Locais, conhecida como Frente pela população envolvida.
21 traz em seu cerne vários Agenda 21, busca a articulação do Poder Legislativo brasileiro, em
pressupostos que objetivam níveis Federal, Estadual e Municipal, para permitir uma maior fluência
* Coordenador da Agenda 21 de ........a.......... Atualmente é assessor da Ministra Marina Silva
28 13
Compromisso da CAIXA
as agendas - verde, azul e marrom - são complementares entre si. Em É nossa convicção que esta é uma
segundo lugar, é preciso lembrar que cerca de 80% da população tarefa urgente para o futuro do
brasileira habitam as cidades e, desse total, grande parte vive nas nosso país, para que o necessário
As questões ambientais há muito As propostas recentemente aprovadas pela diretoria colegiada da Uma política eco-industrial implica no estabelecimento de processos
têm sido objeto de preocupação Política Ambiental Corporativa e de Responsabilidade Social, bem produtivos limpos, adequados, que não sejam eletro-intensivos, que se
e análise de diversos organis- como a adesão ao Global Compact, são marcos importantes para a baseiem no uso de matérias-primas renováveis, que não sejam danosos
mos nacionais e internacionais. atuação da CAIXA como banco de fomento ao desenvolvimento ur- à saúde dos trabalhadores envolvidos na produção, que produzam
um mínimo de carga residual sobre o meio ambiente. Embora seja Temístocles Marcelos Neto
Após a Conferência das Nações bano comprometido com o desenvolvimento em bases sustentáveis, Coordenador da Comissão Nacional
Unidas sobre Meio Ambiente ambientalmente adequadas. O Global Compact é uma iniciativa lan- evidente que alguns ramos da indústria apresentam um quadro mais
de Meio Ambiente da CUT e
e Desenvolvimento, a Rio 92, çada em 2000 pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, problemático e complexo, essa política não pode ser restrita a ramos Secretário executivo do Fórum
a CAIXA assinou, em 1995, o que tem como meta mobilizar as empresas e demais atores sociais ou setores produtivos específicos, e deve abarcar, além disso, todos os Brasileiro de ONGs e Movimentos
chamado Protocolo Verde, onde para a construção de uma economia global mais inclusiva, sustentável elos da cadeia produtiva. Sociais para o Desenvolvimento
juntamente com outros bancos e que vise a responsabilidade social corporativa. Sustentável (FBOMS)
estatais, incorporou a variável
ambiental na gestão e conces- Encontra-se também em fase de formalização o Acordo de
são de crédito oficial, ocasião Cooperação Técnica denominado Projeto Araguaia Sustentável, que
em que iniciou a adequação dos tem por objetivo a intervenção integrada entre a CAIXA, Ministério
normativos internos, em espe- do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento Agrário e INCRA
cial aqueles relacionados aos – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Ministério da
programas implementados pela Integração Nacional, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério
CAIXA, visando o cumprimento das Minas e Energia e Programa Luz para Todos, Ministério da Saúde
da legislação ambiental vigente. e FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, e Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República para atuação na região
Nesse sentido, um dos objetivos Norte do estado do Mato Grosso, denominada Baixo Araguaia, com
estratégicos estabelecidos no pla- graves problemas de degradação ambiental e baixíssimo IDH – Índice
nejamento da empresa para a área de Desenvolvimento Humano, onde serão implantadas unidades
de Desenvolvimento Urbano é habitacionais utilizando-se de tecnologia construtiva apropriada e
consolidar a CAIXA como agente infra-estrutura, e que contará com assessoria técnica dos profissionais
de mudança das questões sociais, de engenharia, arquitetura, urbanismo e trabalho social da CAIXA.
urbanas e ambientais. Para isso,
várias ações vêm sendo imple- A recente assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre a CAIXA
mentadas, em parceria com o e o Ministério do Meio Ambiente tem como primeira ação a elaboração
Ministério das Cidades, Ministério da Agenda 21 CAIXA e demonstra a importância que o assunto tem
do Meio Ambiente, Ministério do para esta gestão. É um trabalho de conscientização e mudança de
Desenvolvimento Agrário, Minis- cultura do corpo funcional da empresa e que a CAIXA, como empresa
tério da Integração Nacional, den- pública, ao se engajar, demonstra responsabilidade, ao mesmo tempo
tre outros, para estabelecimento que serve de exemplo a outras empresas públicas e privadas.
de uma política integrada.
14 27
A cooperação com o Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ministério do Desenvolvimento
OS TRABALHADORES E A AGENDA 21: Ambiente, propiciou a disponibilização de orientações aos municípios
para elaboração de Planos Diretores, com base no que preconiza
Social, Ministério Público, entre
outros, e organizações da
26 15
Ministério das
Ministério do Meio Ambiente III desse edital. Os projetos que
fossem em Municípios contidos
- Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável – Coorde- na lista do Programa de Governo
comunidade internacional e a sociedade brasileira ao assegurar um De todo positiva, igualmente, foi tegrada, garantindo uma ação
consenso mundial em torno do conceito de desenvolvimento sus- a inclusão da Agenda 21 Brasileira - Programa Fome Zero; mais ampla. Ao mesmo tempo,
tentável. A aprovação da Agenda 21, naquela ocasião, significou o como programa no âmbito do trabalhando com outros ministé-
comprometimento de todas as nações em buscar novos parâmetros Plano Plurianual 2004-2007. Não Ministério da Saúde rios colabora para que a questão
para o desenvolvimento. Em 1992, quando era Representante Perma- se trata, com essa decisão, de ambiental alcance um caráter
nente junto aos Organismos Internacionais sediados em Genebra, tive reforçar o caráter governamental - Secretaria de Vigilância em Saúde – Coordenação Geral de Saúde transversal no governo federal.
a honra de participar da Conferência do Rio à frente das negociações da implementação da Agenda Ambiental;
sobre o capítulo de transferência de tecnologia na Agenda 21, um dos 21 Brasileira, mas de reafirmar o Entre projetos encerrados e em
n
vetores cruciais para a transformação dos padrões insustentáveis de compromisso do Governo com um Ministério das Cidades execução o FNMA financiou, até
consumo e produção e para a conservação dos recursos naturais. projeto plural por sua natureza e hoje, a Construção de 107 Agen-
que exigirá empenho semelhante - Secretaria Nacional de Programas Urbanos. das 21 Locais contemplando um
Consciente da necessidade de traduzir para as prioridades e o contexto do setor privado, de organiza- universo de 167 municípios. Os
As parcerias contribuíram também para a divisão do edital em três gráficos abaixo mostram a distri-
e
para a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Joa- tem uma abrangência global e é seu recorte territorial, permitiu que os projetos concorressem apenas tes áreas de atuação, apoiou um
nesburgo. A Agenda 21 Brasileira, portanto, ao mesmo tempo em que objeto de tratamento por diver- com outros da mesma região, evitando as disparidades regionais. As número maior de projetos ori-
reflete profundos anseios e necessidades da nação, encontrou moti- sos foros internacionais. O Ita- chamadas específicas para o Edital 02/2003 foram: undos das regiões sul e sudeste.
vação e inspiração numa negociação internacional até hoje lembrada maraty pretende, nesse sentido, Entretanto, no caso das Agendas
com admiração no Brasil e no resto do mundo. prestar contribuição relevante I - Construção da Agenda 21 Local nos municípios da Amazônia Legal; 21 Locais o FNMA fomentou mais
i
volvimento sustentável não se esgotaram, contudo, na elaboração da foro, define, entre suas competên-
Agenda 21 Brasileira. Seguindo a prioridade absoluta que se dá, no cias, subsidiar posições brasileiras feituras está surtindo efeito.
plano internacional, à questão da implementação, devemos eleger nos foros internacionais para o Outra estratégia de política pública para direcionar os esforços, de
como foco da Comissão, de agora em diante, a realização dos ob- desenvolvimento sustentável e a- acordo com prioridades pré-estabelecidas, foi adotada na Chamada
jetivos acordados na Agenda 21 Brasileira. Esta nova fase requer de companhar a implementação dos
p
todas as esferas de Governo e mesmo do setor privado uma atuação respectivos acordos multilaterais.
transversal, como tem defendido a Ministra Marina Silva. É necessário, A CPDS deverá estar atenta, por-
portanto, buscar sinergias entre as políticas públicas e aperfeiçoar o tanto, às repercussões externas de
diálogo entre todos os que temos a responsabilidade de trazer o de- nossas políticas e medidas inter-
e
senvolvimento sustentável do discurso à realidade. nas, bem como aos efeitos para os (Footnotes)
interesses nacionais brasileiros de 1
Os valores previstos no Edital 02/2003 eram
da ordem de R$ 9.800.00,00 (Nove milhões e
A legitimidade que marcou a preparação da Agenda 21 Brasileira será, atividades e propostas defendidas oitocentos mil reais), entretanto este valor foi
certamente, um trunfo valioso na nova etapa que se inicia. A Comissão por outros países. ampliado com o apoio dos parceiros em R$
D
ganha uma nova missão de extrema importância neste momento. A 3.000.000,00 (Três milhões de reais) após o
processo de análise e avaliação dos projetos pelo
partir da experiência positiva de sua edição anterior, a “nova” CPDS A participação do Brasil nas nego- Conselho Deliberativo do FNMA.
16 25
ciações internacionais sobre desenvolvimento sustentável pode servir A qualidade e a representativida-
Fundo Nacional do Meio Ambiente tanto como fonte de idéias e boas práticas que poderiam ter êxito
no Brasil quanto como oportunidade para o País exibir suas experiên-
de de seus membros torna a
CPDS um foro privilegiado para
O principal financiador cias positivas com as quais pode contribuir para o desenvolvimento
sustentável no plano internacional. Além disso, faz parte da missão
do Itamaraty buscar, por meio da negociação, insumos econômicos,
a discussão dessas e de outras es-
tratégias de promoção do desen-
volvimento sustentável no Brasil,
Sustentável no Brasil
24 17
Ministério da
para disseminar e fomentar Agendas 21 Locais. No processo da I fatores, de torná-la instrumento
Conferência Nacional do Meio Ambiente, a Agenda 21 Brasileira foi de referência para a sociedade
tomada como um documento de referência, mas, lamentavelmente, o brasileira, como um todo, e
Ciência e Tecnologia tempo (timing) do processo não permitiu que soluções e propostas já
amplamente discutidas pudessem ser trabalhadas suficientemente na
perspectiva de sua implementação imediata.
especialmente para lideranças
dos vários segmentos, inclusive
nos três níveis de governo e nas
instituições dos poderes legisla-
De fato, há grande desconhecimento sobre o que venha a ser a tivos. Importante ressaltar que
Agenda 21 por parte de muitos técnicos, lideranças e representantes o setor empresarial deve tomar
de órgãos governamentais, de ONGs, de movimentos sociais e popu- as diretrizes da Agenda 21 com
Qual o papel da C&T no desen- Ressalta ainda que uma das seis grandes transformações em curso no
lares, sindicatos, empresas, e demais grupos principais (major groups), esse mesmo empenho, mudando
volvimento sustentável? mundo contemporâneo é:
especialmente os que ainda não atuam diretamente com questões a forma e conteúdo da atividade
ambientais. Visões setoriais, ao invés de sistêmicas e transversais, além econômica e não simplesmente
Cada país, cada sociedade, deverá “A ênfase no conhecimento como um fator de produção e a importân-
de interesses imediatos, embora muitas vezes legítimos, são também restringindo-se a atingir marcas
encontrar seu próprio caminho cia de investimentos na criação do conhecimento e nas atividades de
partes do desafio a ser lidado com aqueles que pretendem valer-se da de ecoeficiência, uma vez que
para o desenvolvimento susten- pesquisa e desenvolvimento, como forma de gerar maior grau de liber-
Agenda 21, em qualquer escala, como instrumento de integração de a Agenda 21 Brasileira aponta
tável. No entanto, há certas ca- dade para a conquista da sustentabilidade.”
t o
em nossas vidas e sua importância Silva, tornou-se um espaço privilegiado para a formulação das macro-
de Desenvolvimento Sustentável da ONU em assistir na criação das lidade, certamente dependerá do
na produção de riquezas fazem a políticas nacionais e regionais de ciência e tecnologia, de integração
condições e políticas para a implementação dos acordos da Rio 92. empreendimento e envolvimento
diferença. Para procurar a susten- das ações do Governo e deste com a comunidade acadêmica e o setor
Continuamos a presenciar muitos obstáculos, inclusive vários que difi- de diversas organizações.
tabilidade, uma sociedade precisa empresarial. Por fim, contribui expressivamente o MCT para a Agenda
cultaram o resultado esperado da Cúpula de Joanesburgo, entre eles a
gerar conhecimentos específicos, 21 ao buscar a justa repartição da riqueza e do conhecimento na fede-
pouca adesão de alguns países e organizações fortes aos compromis- Finalmente, é preciso que as auto-
através da ciência e tecnologia, e ração brasileira, por meio da melhoria da distribuição geográfica dos
i
sos multilaterais da Conferência do Rio 92 (por exemplo, na mitigação ridades públicas coordenem forças
ter acesso a esses conhecimentos, programas e projetos apoiados pelo sistema nacional de C&T e insistir
de causas e efeitos de mudança de clima; na cooperação financeira para popularizar – sem banalizar
de forma contínua. A Agenda 21 que a produção científica e tecnológica financiada com recursos pú-
internacional, com destino de 0,7% do PIB para ajuda aos países em – a Agenda 21, tornando a idéia
Brasileira é bem clara a este res- blicos também aporte efetiva contribuição à superação dos prementes
desenvolvimento; na mudança de padrões de consumo, etc.). Instituições de sustentabilidade tão conhecida
o
mente, com a contínua externalização de efeitos sociais (pobreza), e cobrar sua implementação.
cultural e científico-tecnológica, fundamental para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento
ambientais (degradação e poluição).
que gera serviços, informações, que agora retomamos. As ações propostas, principalmente no objetivo 1 Na perspectiva do Vitae Civilis Instituto
conhecimentos e bens tangíveis Informação e Conhecimento para o Desenvolvimento Sustentável, são – www.vitaecivilis.org.br
Agendas 21 Locais e a Agenda 21 Brasileira, são na nossa opinião e 2 Ver www.fboms.org.br
e intangíveis propiciando as essenciais para fortalecer a Sociedade do Conhecimento. Mas não são
e
18 23
Agenda 21 Agenda 21 Local:
Desafios para governos e trabalhando para a
sociedade sustentabilidade da
“A concretização das propostas
sociedade brasileira
da Agenda 21 dependerá, entre “... as Agendas 21 Locais
outros fatores, de torná-la devem ser compreendidas e
instrumento de referência para realizadas no marco de processos
a sociedade brasileira, como participativos de planejamento
um todo, e especialmente para e gestão do desenvolvimento Com esse horizonte, no Brasil,
lideranças dos vários segmentos, humano para a transição e a Agenda 21 Local é um instru-
inclusive nos três níveis de construção de sociedades mento de planejamento, um pro-
governo e nas instituições dos sustentáveis.” cesso multissetorial de construção
Poderes Legislativos.” e implementação de estratégias
de desenvolvimento sustentável
local, que integra as dimensões
sociais, econômicas, político-insti-
Entendemos1 que Agendas 21 Locais devem ser compreendidas e tucionais, culturais e ambientais
realizadas no marco de processos participativos de planejamento e da sustentabilidade. Como tal,
gestão do desenvolvimento humano para a transição e construção de reúne os diversos grupos sociais
A Agenda 21, em qualquer esfera, sociedades sustentáveis. para a mobilização, troca de infor-
constitui-se em processo e instru- mações, geração de consensos em
mento de transformações do con- Para os integrantes do Grupo de Trabalho para Agendas 21 do FBOMS torno das potencialidades, prob-
teúdo e das formas de elaborar e – Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para Desenvolvi- lemas e possíveis soluções locais,
gerir políticas de desenvolvimento. mento Sustentável e Meio Ambiente (FBOMS)2, rede nacional criada estabelecimento de prioridades e
A Agenda 21 Global, assinada na em 1990 para articular grupos da sociedade civil brasileira em torno de meios de implementação para
Rio 92, configurou um produto dos processos de negociações e implementação dos compromissos a gestão de desde um estado,
que refletiu um processo de nego- da Rio 92, processos de Agenda 21 Locais são necessários e oportu- município, bacia hidrográfica, uni-
ciação multilateral de programas nos pois permitem maior engajamento de cidadãos e organizações dade de conservação, até de um
para a transição para o desenvolvi- comunitárias na busca de soluções para a melhoria da qualidade de bairro, escola, empresa.
mento sustentável, que envolveu e vida e gestão do desenvolvimento local. Ao discutir os desafios da
pactuou atores bastante diversos, realida-de de cada comunidade, no marco da gestão participativa, as Atualmente, o Programa
com atuação local, nacional ou Agendas 21 Locais contribuem para o exercício e construção de socie- A Agenda 21 foi elaborada de forma a ser interpretada e colocada Agenda 21 tem nos processos
internacional. Não obstante no dades democráticas; valorizam percepções e condições de titularidade em prática nos níveis global, nacional ou local sendo que este último de construção e implementação
sistema Nações Unidas somente (ownership) e transparência (accountability) e facilitam a consideração concentra uma forte ênfase na “ação local” para o desenvolvimento de Agendas 21 locais seu foco
os Estados Nacionais tomem das peculiaridades de cada localidade, tanto nas suas características sustentável. O capítulo 28 da Agenda 21 Global é todo dedicado às de ação. Esta ação é prioritária
decisões formais. A Agenda 21 culturais como ambientais. As Agendas 21 Locais contribuem tam- iniciativas de elaboração da Agenda 21 local e ao papel da sociedade porque o Programa reconhece
baseou-se, pelo menos formal- bém para sensibilizar técnicos e gestores municipais, levando-os a e das esferas de governo no pr ocesso, com o pressuposto de que a importância do nível local na
mente, em princípios de eqüidade, considerar as propostas de desenvolvimento local, integrado e susten- é no nível local que as ações concretamente se realizam e que são concretização de políticas públicas
precaução, transparência, salu- tável ao lado de demais instrumentos e processos de planejamento as comunidades - que usam os recursos naturais e estabelecem os sustentáveis. É fundamental que
bridade e seguridade ambiental, e administração pública. vínculos sociais e produtivos para sua sobrevivência - que podem ser os processos em curso e a serem
gestão participativa, entre outros mais eficientemente mobilizadas para mantê-los. Na visão da Agenda iniciados vençam a resistência e se
expressos na Declaração do Rio de Em 2003, o Governo federal desencadeou diversos processos partici- 21, portanto, as estratégias de sustentabilidade mais eficientes são constituam em Fóruns de Agenda
Janeiro para o Desenvolvimento e pativos de discussão de políticas públicas setoriais, com conferências as concebidas localmente e que contam com o apoio da população. 21 permanentes, ativos e par-
Meio Ambiente, necessários para nacionais nas áreas de cidades, pesca, meio ambiente, entre outras. Sem superestimar a capacidade dos municípios e comunidades, nem ticipativos que possam preparar,
caracterizar os esforços de cons- Relevantes por trazer para a Administração Federal as contribuições negligenciar as responsabilidades dos estados e do nível federal de implantar, acompanhar e avaliar
trução da sustentabilidade so- e sugestões de atores muito diversos, a partir de debates públicos governo, podemos afirmar que a Agenda 21 contribui para efetivar os planos de desenvolvimento
ciombiental, econômica e cultural nos municípios e estados, tais processos poderiam ter servido para a democracia participativa e o envolvimento das comunidades na sustentável das localidades.
do desenvolvimento. alavancar iniciativas já previstas na Agenda 21 Brasileira ou ainda solução dos seus problemas.
22 19
Nesse contexto, desde 2003, o ritoriais, pode ser concretizada em perfeita sintonia com a Agenda visão multidisciplinar em todas as
Programa Agenda 21 tem se em- 21 Local que tem por objetivo maior construir um plano local de suas etapas. Muito importante
penhado em consolidar parcerias desenvolvimento sustentável, de forma participativa, em diferentes o papel da Comissão de Políticas
e convênios com ministérios, insti- bases geográficas. de Desenvolvimento Sustentável
tuições públicas e privadas, fóruns e da Agenda 21 Brasileira - CPDS
e redes da sociedade civil, orga- Cabe mencionar ainda uma iniciativa setorial que é a Agenda 21 na na certificação e disseminação
nizações não governamentais, empresa. A proposta é contribuir para que a Agenda 21 na empresa desse processo para que governo
frentes parlamentares, instituições se constitua em um instrumento norteador do padrão de qualidade e sociedade, em todo território
de crédito e de fomento ao desen- dos processos de gestão, considerando as questões sociais e am- brasileiro, trabalhem de forma
volvimento, associações de classe, bientais na formulação das políticas de ação interna e externa da organizada e sistêmica na elabo-
consórcios e governos municipais empresa, subsidiando os tomadores de decisão nas suas ações re- ração de políticas públicas sus-
e estaduais. sponsabilidade social e ambiental, e criando as bases necessárias para tentáveis, que harmonizem cresci-
uma economia rumo à sustentabilidade. Nesse sentido, instituições mento econômico, justiça social e
Um exemplo dos resultados dessa como o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste e a Caixa Econômica equilíbrio ambiental.
política de parcerias é o Programa Federal, por meio de acordos de cooperação técnica com o Programa
de Formação em Agenda 21, ex- Agenda 21, estão organizando debates internos para iniciarem Equipe do Programa Agenda 21
ecutado em 2003, pela parceria seus processos de Agenda 21.
Ministério do Meio Ambiente e
Ministério da Educação, voltado Os esforços para apoiar a construção e a implementação de Agendas
para a formação de cerca de 21 Locais em municípios, bem como para sistematizar informações
10.000 professores das escolas sobre o conjunto das Agendas 21 municipais existentes também têm
públicas do País, quando se discu- se fortalecido com as parcerias. Destacam-se as com o Fundo Nacional
tiu a importância de se implemen- de Meio Ambiente – FNMA, em 2003, e a do MMA com o IBGE, neste
tar a Agenda 21 nas comunidades ano. Para a primeira, foi elaborado e monitorado, em conjunto com o
e na escola. Este ano, a parceria Fundo, o Edital 02/2003 - Construção de Agendas 21 Locais, que in-
com o MEC foi ampliada, dando cluiu a participação ativa no processo de capacitação de gestores mu-
lugar a formação de comissões nicipais e de ONGs, em todos os estados brasileiros, para a elaboração
entre o Programa Agenda 21, a de propostas de projetos para o edital. Ao todo foram cerca de 920
Diretoria de Educação do MMA pessoas capacitadas em 25 eventos. No final do processo, em dezem-
e do MEC para a concepção e bro de 2003, foram aprovados, para financiamento, 84 projetos de
execução da COM.VIDA – Agenda Agendas 21 Locais. Neste ano de 2004 Agenda 21 e FNMA estão
21 na escola. A COM.VIDA soma discutindo novos editais, sempre em parceria com outras instituições,
esforços com outras comissões e ministérios e secretarias do MMA. Também tiveram suas equipes
grupos da escola e propõe uma reunidas em eventos regionais de orientação para a correta continui-
nova forma de organização na dade dos processos conveniados e para a realização de seminário de
escola. Trabalha com a construção transição de governo. A segunda parceria, com o IBGE, resultou em
da Agenda 21 com o objetivo de um processo conjunto, entre técnicos de diferentes secretarias do
contribuir para um dia a dia e um MMA e do IBGE na análise dos resultados da pesquisa nacional para
futuro participativo, democrático o Suplemento de Meio Ambiente da MUNIC/IBGE. A coordenaão da
e saudável na escola e na relação Agenda 21 participou de análise dos resultados do capítulo referente
e interação desta com a comuni- às agendas 21 locais, que investigou tanto a existência quanto as
dade onde se insere. características da Agenda 21 Local em amostra abrangente, contem-
plando todos os 5.560 municípios brasileiros.
Outro exemplo a ser citado é
o trabalho conjunto que a Co- No que diz respeito à mobilização, divulgação do Programa e troca
ordenação da Agenda 21 está de experiências, o Primeiro Encontro Nacional das Agendas 21 Locais,
realizando com o Ministério do realizado em novembro de 2003 em Belo Horizonte, que contou com
Desenvolvimento Agrário em rela- a participação de aproximadamente 2000 pessoas, confirmou o in-
ção aos Consórcios de Segurança teresse da sociedade pelos temas da Agenda 21. tO segundo encontro
Alimentar e Desenvolvimento Lo- acontecerá em 2005, em evento a ser programado.
cal - CONSADs. A proposta dos
CONSADs, voltada à promoção Concluimos que os principais desafios da Agenda 21 Local
do desenvolvimento sustentável, consistem na construção de políticas públicas para um planejamento
com foco na segurança alimentar, voltado para a ação; de propostas pactuadas, que apresentem uma
em micro regiões definidas com visão de futuro consensuado entre os diferentes atores locais envolvi-
base em critérios sociais e ter- dos; descentralização e controle social, e na incorporação de uma
20 21