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O CINEMA VAI À ESCOLA: USO DO AUDIOVISUAL COMO FERRAMENTA DE

APOIO EM SALA DE AULA

AQUEU, Talita de Souza1


MARTINS, Viviane Lima2

RESUMO: O presente trabalho visa aprofundar o uso midiático na sala de aula como um meio de
complementação e integração com o conteúdo em sala de aula, no auxílio ao professor com
desenvolvimento da linguagem visual, linguagem escrita, relacionamento com as disciplinas, ter
uma adequação da faixa etária, envolvimento com o assunto em sala. Como estamos em um mundo
interativo com as novas tecnologias, sendo necessário que o aluno tenha conhecimento da sétima
arte, saber sobre a linguagem cinematográfica. O cinema é uma linguagem de mediação tecnológica
muito utilizada nas escolas, porém aparentemente não se toma o devido cuidado e preparo para ser
um recurso didático com uso adequado em sala de aula. O uso da sétima arte em sala de aula
proporciona maior entendimento do aluno para a prática, assim fazendo uma aula diferente com o
aluno, não sendo apenas diversão assistir um filme. Dentro do filme abordado terá os conteúdos
adequados, atividades relacionadas, os objetivos daquela aprendizagem para o seu aluno e no final
uma avaliação do que realmente foi de significativo para eles. No filme, podemos usar o filme todo,
ou apenas alguns trechos. A partir da realização com esta relação do professor com as tecnologias e
com os alunos para discorrer da aprendizagem.
Palavras-chave: Cinema – Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) – Multimeios e
Educação.

ABSTRACT: The present work aims to deepen the use of the media in the classroom as a means of
complementing and integrating with classroom content, helping the teacher with visual language
development, written language, relationship with the subjects, having an adequacy Of the age
group, involvement with the subject in the room. As we are in an interactive world with the new
technologies, being necessary that the student has knowledge of the seventh art, to know about the
cinematographic language. Cinema is a language of technological mediation widely used in schools,
but apparently it is not taken due care and preparation to be a didactic resource with adequate use in
the classroom. The use of seventh art in the classroom provides a better understanding of the
student to practice, thus doing a different class with the student, and it is not only fun to watch a
movie. Within the film covered will have the appropriate contents, related activities, the objectives
of that learning for your student and in the end an evaluation of what really was significant to them.
In the movie, we can use the whole movie, or just a few snippets. From the achievement with this
relationship of the teacher with the technologies and with the students to talk about learning.
Keywords: Cinema - Communication and Information Technologies (ICT) - Multimedia and
Education.

1 INTRODUÇÃO: A INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA

1
Pedagoga e professora do Ensino Fundamental. E-mail: talitaqueu@gmail.com
2
Doutora em Comunicação e Semiótica, especialista em Análise das Mídias. E-mail: Viviane_martins1@hotmail.com
Edição 12 – Dezembro de 2016
Desde 1911, o cinema é considerado “a sétima arte”, pela publicação do Manifesto das Sete
Artes do italiano Riccioto Canudo, o registro de acontecimentos ou a narração de histórias pela
repetição de imagens. Segundo Mocellin, o cinema no século XX tornou-se uma poderosa indústria
de entretenimento de massas.
Os primeiros líderes mundiais da indústria cinematográfica eram Itália e França. Enquanto a
Primeira Guerra Mundial, as produções da França praticamente pararam, e a Itália não obteve
comercialmente um estabelecimento, com isso, começaram a importar do continente europeu os
filmes norte-americanos, sendo assim fundando-se os primeiros grandes estúdios de cinema. De
acordo com Mocellin (2009, p.28), “Los Angeles, já na segunda década do século passado, tornou-
se o local onde a maioria dos filmes americanos era produzida: uma região ao norte da cidade –
conhecida como Hollywood”.
Hollywood começou a se destacar como a principal cidade de produção e distribuição de
filmes, assim surgia o cinema hollywoodiano, que é conhecido como a indústria cinematográfica
norte-americana.
O domínio de hollywoodiano é uma série de fatores da indústria cinematográfica que
envolve uma variedade muito grande de: fatores econômicos, políticos e culturais. Segundo
Mocellin (2009, p. 29), a capacidade e expansão norte-americana são de 75% do mercado
internacional.
Conforme Mocellin (2009, p.30),
Uma outra explicação para o sucesso internacional dos filmes de Hollywood é seu caráter
universal e transparência narrativa, que fazem com que sejam apreciados por populações
diversas como se eles fossem nativos. Fatores históricos também contribuíram para essa
supremacia, incluindo as vitórias nas duas guerras mundiais e, sobretudo, a hegemonia
econômica norte-americana.

Portanto, o apoio do estado, com organização e colaboração com a indústria cinematográfica


é de alta importância e de grande valor para as exportações hollywoodianas, assim conquistando o
mercado cinematográfico.
O cinema chegou ao Brasil em 1986 numa exibição no Rio de Janeiro, porém com a situação
econômica do país não estava favorecida para o desenvolvimento da indústria cinematográfica.
De acordo com Mocellin (2009, p. 30),
Empresas norte-americanas se estabeleceram rapidamente e dominaram o mercado interno
de distribuição: a Fox chegou ao Brasil em 1915; a Paramount, com o nome de Companhia
Películas de Luxo da América do Sul, em 1916; a Universal, em 1921; a MGM, em 1926; a
Warner, em 1927; e a Columbia, em 1929.

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Sendo assim o mercado interno cinematográfico brasileiro teve consequências que não
conseguem reverter com o domínio do cinema norte-americano, pois a indústria nacional não dispõe
de recursos para competir com a excelência da técnica dos filmes internacionais, o que ocasiona que
o cinema brasileiro tenha a percepção de que era de má qualidade.
Com a forte presença dos filmes norte-americanos no país, criou se uma cultura de
valorização da técnica, e distanciando o conteúdo e a beleza artística, o qual é prioritário dos
Estados Unidos. O domínio dos EUA é histórico porque até hoje é referência para o cinema, com
isso o governo brasileiro recorre para o sistema de Cota de Tela para que garanta a exibição dos
filmes nacionais no período de 28 dias por ano.
Com este domínio do cinema norte-americano houve influências por causa do forte
potencial propagandístico para o Brasil nos ideais e no modo de viver como norte-americanos.

2. CINEMA CULTURA E IDEOLOGIA

Sabe se que os meios de informações têm enorme influência atualmente na sociedade


moderna. Conforme Mocellin (2009, p. 30 e 31),
Theodor Adorno e Max Horkheimer, filósofos da Escola de Frankfurt – uma das mais
influentes tendências filosóficas e de teoria sociológica do século XX, que também contava
com nomes como Benjamin, Marcuse, Habermas, Neumann e Kirchheimer – cunharam a
expressão “indústria cultural” na obra Dialética do esclarecimento (1947), em um capítulo
intitulado “A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”,
inteiramente dedicado à análise funcional da cultura no capitalismo.

Com isso, os meios de comunicação conseguiam converter o capitalismo em bens culturais,


que sua função era padronização de uma cultura, coletiva e sem crítica, assim reforçando a classe
dominante que tem o domínio dos meios de produção cultural e intelectual.
Com a função de padronização de cultura da massa nos seus bens culturais, ficou escondido
sobre o individualismo, que foi construído com certos objetivos para que a massa possa sentir-se um
sentimento ilusório de escolha, de individualidade, porém querendo sempre as mesmas coisas,
ideias, músicas, etc. (Adorno e Horkheimer apud Mocellin, 2009, p. 31). Acredita que o status quo
assegurava os cidadãos passivos e apáticos, pela classe dominadora por um sistema que os mantém
dispersos pelas necessidades criadas e satisfatórias pelo próprio sistema.
O pensador italiano Antônio Gramsci que é o autor de trinta cadernos de análise histórica e
filosófica, conhecidos como Cadernos de cárcere contêm sua ideias e entre eles a hegemonia
cultural. Que é uma forma de manipulação dos meios para a grande massa, por agregar

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ideologicamente da classe dominada para a classe dominadora, ou seja, garante a classe um senso
comum para a maioria, entre os limites permitidos, e a classe dominadora tendo seu papel de
liderança moral e intelectual para que esteja no controle da massa.
Gramsci acreditava que a manutenção do status quo ameaçava a harmonia e igualdade de
poderes que a classe conseguiu, e só com a mudança da educação com o aumento dela para libertar
o domínio ideológico da classe dominante, assim desenvolvendo uma cultura “contra-hegemônica”.
Para Mocellin (2009, p. 32),

O cinema, principalmente hollywoodiano – objeto das críticas de Adorno e Horkheimer –


constitui um poderoso meio de propagação ideológica e de instituição qualquer de “senso
comum” que caracteriza a noção de hegemonia de Gramsci. Como qualquer meio de
comunicação de massa, rivaliza com a escola como influência cultural, não em pé de
igualdade, mas fazendo parte do tempo de lazer do aluno.

O cinema é além de diversão, pois ensina sobre a humanidade e suas condições e deve ser
utilizado como fontes para futuros aprofundamentos curriculares. “Se a escola tiver qualquer
intenção de ser um espaço contra-hegemônico (e esta é a proposta das pedagogias críticas,
libertária e radical), então as múltiplas influências externas precisam se questionadas criticamente
por ela.” (MOCELLIN, 2009, p. 32)
O conhecimento é poder, então devemos munir os alunos com o suficiente para que sejam
capazes de entender como é manipulado através dos meios de comunicação, assim dando-o poder
de entendimento para ele e a sociedade, que possa mudar as estruturas sociais, cultura e as relações
socioculturais.
O entretenimento fácil, sem a habilidade de reflexão, seja apenas voltada para o lucro e
padrão ideológico, é a principal atração das produções cinematográficas dos últimos anos, com isso,
o espectador tornar-se algo fácil de manipulação da política e ideológica da indústria
cinematográfica, o que também ocorre em outros meios audiovisuais como a televisão. E
aparentemente um filme que ‘não’ tem benefício, é inofensivo, pode criar visões e concepções
históricas e ideológicas que acompanharão ao longo da vida do homem.
O cinema é conhecido por sétima arte por causa de ir além das características peculiares,
com seus elementos literários, da música, das artes cênicas. Os filmes são com vários elementos
visuais, com sua leitura, interpretação, técnicas, verbais, sonoros de acordo com sua especificidade.
Então devem ser analisados conforme suas especificidades e do conhecimento aos elementos que
constituem a arte cinematográfica.

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O que são imagens? O cinema é arte, a imagem em movimento. “Imagens são palavras que
nos faltaram”. (AVELLAR apud THIEL, 2009, p. 17). Nesta frase, mostra como são as imagens do
cinema na representação, na ilustração do mundo e com o olhar a partir de uma câmera, sendo
dirigido pelo diretor, editor, montador e as outras pessoas estão envolvidas na produção. A imagem-
discurso acrescenta a função referencial, o real, e a função estética, quais os recursos utilizados para
que seja mostrado o real.
Segundo Joly,

Embora certamente não exaustivo, o vertiginoso apanhado das diferentes utilizações do


termo ‘imagem’ lembra-nos o deus Proteu: parece que a imagem pode ser tudo e seu
contrário – visual e imaterial, fabricada e ‘natural’, real e virtual, móvel e imóvel, sagrada e
profana, antiga e contemporânea, vinculada à vida e à morte, analógica, comparativa,
convencional, expressiva, comunicativa, construtora e destrutiva, benéfica e ameaçadora.
(JOLY apud THIEL, 2009, p. 17)

A diversidade do uso da palavra imagem relacionado ao cinema, tem três categorias


apontadas por Joly, “[…]’imagens’ no sentido teórico do termo (signos icônicos, analógicos), mas
também signos plásticos (cores, formas, composição interna, textura) e a maior parte do tempo
também signos linguísticos (linguagem verbal)”. (JOLY apud THIEL, 2009, p. 17)
As imagens fílmicas são características de signos icônicos, signos plásticos, signos sonoros,
efeitos sonoros, signos linguísticos que pode ser falado ou escrito. No entanto quando vamos ler um
filme devemos lembrar-nos de todos os signos plásticos, icônicos, linguísticos e sonoros, que são
eles que aproximam ou distanciam da realidade ao espectador, por possuírem uma linguagem única
com sua pluralidade da composição e suas possibilidades.
Segundo Thiel (2009, p. 18), as imagens são como os seres humanos têm suas relações com
o mundo.
Desta forma,
Apresenta três modos que regulam essa relação: os modos simbólico, epistêmico e estético.
No modo simbólico as imagens podem ser utilizadas pelas mais diversas sociedades para
criar e veicular valores culturais e ideológicos (por exemplo, as diversas formas do sagrado,
como a representação de divindades); o modo epistêmico indica o valor informativo das
imagens (por exemplo, mapas, fotografias, documentários); finalmente, o modo estético
consiste no valor artístico das imagens, as quais podem provocar sensações que conduzem a
percepções e, consequentemente, abordagens muitas vezes não convencionais do ser
humano e de sua presença e ação sobre o mundo (por exemplo, pinturas, esculturas,
ilustrações, montagens). (AUMONT apud THIEL, 2009, p. 18)

É importante destacar os modos de como são construídos com essa expectativa, ponto de
vista, com a definição da representação dos objetos captados pela percepção visual. Com isso, tem a
indicação de como é a organização das imagens diante do olhar do ser humano, então temos um
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olhar que tem que ser colocado na posição que compreendo o mundo (diretor, editor, etc.), para que
possa captar as imagens com certa visão no campo imaginário, com seu espaço determinado, para a
construção da realidade e as suas possibilidades.
O cinema possui uma construção a partir destes elementos que devem ser aprendidas, que o
espectador possa interpretá-lo, obter o certo olhar para ler. De acordo com Thiel (2009, p. 19), a
montagem dos quadros e sua sequência, que é a formação do conjunto das imagens também deve
ser considerada.
Então devemos entender que, “Se a imagem não tem nenhum poder, a montagem tem todo o
poder – como na pintura, por exemplo, não é a mancha de cor isolada que conta, mas a relação e a
proporção das cores sobre a tela ou, como em literatura, o sentido muda segundo o lugar das
palavras na frase. (AUMONT apud THIEL, 2009, p. 19)
As sequências das imagens, ou cenas, devem ser construídas para uma narrativa, mas que
pode ser quebrada na linearidade, a produção da centralização da cena ou a produção de um novo
texto, para que encaminhem os espectadores para a reflexão e a compreensão das cenas para a outra
com a construção de sentido.
Ao relacionar o cinema com o real, é importante a observação dos elementos que o filme
possui para a sua construção, a sua semelhança com o real, para que o espectador possa aceitar a
obra deste universo construído como possível, dentro da particularidade deste universo.

3 USO DO VÍDEO EM SALA DE AULA

“Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola reencontrar a


cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no
qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são
sintetizados numa mesma obra de arte”. (NAPOLITANO, 2010, p. 11-12)

O uso do cinema em sala de aula sempre tem uma possibilidade para um trabalho escolar. O
principal é o professor que quer trabalhar o cinema em sala de aula, ter uma preparação do material
que será abordado em sala com os alunos, fazer uma reflexão sobre como será abordado o filme em
sala de aula, fazer os questionamentos consigo mesmo para o melhor desenvolvimento do conteúdo.
(NAPOLITANO, 2010, p. 12)
Segundo Napolitano (apud ALMEIDA, 2012, p. 12),
Embora o cinema já seja utilizado há algum tempo por muitos professores, pelo menos
desde o final dos anos 1980, só mais recentemente estão surgindo algumas propostas mais
sistematizadas que orientem o professor. No campo das humanidades existe uma razoável

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bibliografia, e alguns autores tentam apontar para um trabalho que não apenas incorpore o
conteúdo, a “história” do filme, mas também seus elementos de performance (a construção
do personagem e os diálogos), linguagem (a montagem e os planos) e composição cênica
(figurino, cenário, trilha sonora e fotografia). Este trabalho segue essa linha de análise.
Acreditamos que é possível, mesmo o professor não se tornando um crítico cinematográfico
altamente especializado, incorporar o cinema na sala de aula e em projetos escolares, de
forma a ir muito além do “conteúdo” representado pelo filme.
O significado de um texto/filme é o todo, amálgama desse conjunto de pequenas partes, em
que cada uma não é suficiente para explicá-lo, porém rodas são necessárias e cada uma só
tem significação plena em relação a todas as outras.

A utilização do cinema na educação “(...) é importante porque traz para a escola aquilo que
ela se nega a ser e que poderia transformá-la em algo vívido e fundamental: participante ativa da
cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados, muitas vezes já deteriorados,
defasados (...)”. (NAPOLITANO apud ALMEIRA, 2010, p. 12)
“A utilização do cinema na escola pode ser inserida, em linhas gerais, num grande campo de
atuação pedagógica chamado ‘mídia-educação’”. (NAPOLITANO apud BELLONI, 2010, p. 12)
Apesar de, o conceito mídia-educação seja mais adequado para a denominada ‘comunicação de
massa’ (televisão, rádio e as TIC, como em geral), o cinema por indústria cultural, está mais voltado
para ao o espectador formado pelas novas TIC, ao mínimo nas suas expressões mais populares. “A
peculiaridade do cinema é que ele, além de fazer parte do complexo da comunicação e da cultura de
massa, também faz parte da indústria do lazer e (não nos esqueçamos) constitui ainda obra de arte
coletiva e tecnicamente sofisticada”. (NAPOLITANO, 2010, p. 14) Sendo assim, o cinema tem a
sua particularidade, mesmo fazendo parte da vida das pessoas para seu momento de diversão, como
também com sua mensagem e toda a técnica, portanto o educador não deve esquecer-se de todas
essas diversidades que o cinema pode conter para o seu trabalho em sala de aula.
De acordo com Napolitano (2010, p. 14), “é preciso levar em conta uma situação psicológica
muito peculiar a todo espectador de cinema, que ocorre em maior ou menor grau”. “O cinema é
sempre ficção, ficção engendrada pela verdade da câmera (...) o espectador nunca vê cinema, vê
sempre filme. O filme é um tempo presente, seu tempo é o tempo da projeção”. (NAPOLITANO
apud ALMEIDA, 2010, p. 14)
Esta característica implica uma relação muito empática do espectador com o filme a que
assiste. A tendência é que o aluno (e mesmo o professor) reproduza uma certa situação
psicossocial trazida pela experiência na sala de projeção (ou na sala caseira de vídeo) para
sala de aula. (NAPOLITANO, 2010, p. 14)

No entanto, o educador deve ser o mediador entre o trabalho proposto, para que o aluno não
tenha muita interrupção no momento do vídeo, porque os alunos podem se expressarem de diversas

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maneiras em relação ao vídeo apresentado. Conforme Napolitano (2010, p. 14), “as primeiras
reações podem ser de emoção ou tédio, de envolvimento ou displicência”.
Neste momento o educador dará seu primeiro passo para a atividade com o vídeo, mesmo
tendo as mais variadas expectativas dos alunos com sua experiência prévia.
Assim Napolitano (2010, p. 14-15) afirma que,

(...) será o primeiro passo em relação à atividade “cinema na sala de aula”. A partir desta
primeira manifestação é preciso que o professor atue como mediador, não apenas
preparando a classe antes do filme como também propondo desdobramentos articulados a
outras atividades, fontes e temas.

É necessário que a atividade proposta pelo professor vá além da simples reprodução do


vídeo, pois no ambiente escolar é preciso que tenha o professor como mediador, assim
proporcionando leituras mais precisas e direcionadas para os alunos, para que possam desenvolver
um olhar e leitura mais crítica e exigente. “(...) fazendo a ponte entre emoção e razão de forma mais
direcionada, incentivando o aluno (...), propondo relações de conteúdo/linguagem do filme com o
conteúdo escolar. Este é o desafio”. (NAPOLITANO, 2010, p. 15)
Para Napolitano (2010, p. 15), ”uma das justificativas mais comuns para o uso do cinema na
educação escolar é a ideia de que o filme “ilustra” e “motiva” alunos desinteressados e preguiçosos
para o mundo da leitura”. Assim é desafiador para o professor os problemas de desinteresse escolar,
o ambiente escolar com sua deficiência institucional, a formação do docente e a sua valorização
quanto ao uso do cinema em sala de aula. Trazendo recurso didático para o incentivo e motivação,
mas não sendo a solução para todos os problemas.
Napolitano (2010, p. 16) ainda afirma que,
Quanto mais elementos da relação ensino-aprendizagem estimularem o interesse do aluno e
quanto mais a alfabetização, no sentido tradicional da expressão, estiver avançada, tanto
mais o uso do cinema na sala de aula será otimizado. Esta é uma premissa importante, pois
não concordo com certas propostas de uso de recursos e fontes de aprendizagem inovadores
como fórmulas mágicas de salvação da escola. Além disso, devemos ter cuidado com
modelos prontos de uso de novas linguagens na sala de aula. O importante é que, valendo-
se de sistematização básica e de troca constante de experiências, todo professor e toda
escola criem seus próprios mecanismos e procedimentos e, mais importante ainda, reflitam
coletivamente sobre eles.

3.1 Os problemas da adequação da utilização do uso do vídeo em sala de aula

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Para a escolha de um filme ou vídeo para ser utilizado em uma atividade escolar, o professor
também deve considerar alguns problemas que poderão ocorrer para sua adequação quanto ao uso,
reflexão antecipada dos objetivos gerais e específicos.
Segundo Napolitano (2010, p. 16),
Os fatores que costumam influir no desenvolvimento e na adequação das atividades são:
possibilidades técnicas e organizativas na exibição de um filme para a classe; articulação
com o currículo e/ou conteúdo discutido, com as habilidades desejadas e com os conceitos
discutidos; adequação à faixa etária e etapa específica da classe na relação ensino-
aprendizagem.

3.2 Possibilidades técnicas e organizativas

“Evidentemente, não se trata de condicionar o uso do cinema na escola à existência de


condições ideais de reprodução da experiência dentro de uma sala de cinema adequada, com tela,
projetor, poltronas confortáveis, pipoca, ar condicionado e som estéreo.” (NAPOLITANO, 2010, p.
16-17)
Nas escolas o ambiente para exibição do filme não será igualmente a sala de cinema, além
disso, os recursos que as escolas podem propiciar ainda podem faltar recursos em alguns ambientes
escolares. Como a grande maioria das escolas tem um aparelho de televisão, ou uma sala de vídeo e
DVD. Mesmo assim tendo os equipamentos novos problemas poderão surgir.
Para Napolitano (2010, p. 17), alguns problemas que podem surgir,
O mais corriqueiro é descobrir, em cima da hora, que o vídeo, o aparelho de TV, ou ambos,
estão quebrados. (...) Outro problema comum é planejar o uso de um filme que você,
professor, assistiu há dez anos, achou maravilhoso e adequado para a sua matéria, e
descobrir, também em cima da hora, que ele está fora de catálogo ou não existe em
nenhuma locadora em um raio de cem quilômetros. (...) Mas existem algumas dificuldades
técnicas mais complicadas. Por exemplo, a famosa incompatibilidade entre a aula de
cinquenta minutos e o filme de duas ou três horas. (...) Duas soluções básicas: ou se
consegue negociar a aula de outro professor (quem sabe empregando um filme de maneira
interdisciplinar) ou o professor-cinéfilo utiliza sua “aula-dobradinha”.

Como um dos primeiros problemas citados por Napolitano, comum nas escolas terem os
equipamentos, mas não poderem usar porque estão quebrados, ou faltando algum dos
equipamentos, assim os alunos poderão causar conflitos com a atividade que seria realizada, então o
professor deve antes de comunicar a classe se os recursos que ele for utilizar estão prontos para seu
uso.
Outro problema é o professor saber de um “antigo” filme que é de acordo com o conteúdo,
fazer o seu planejamento, mas não conseguir achar o filme, ou ter o próprio filme, mas não tem o

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equipamento para exibi-lo ou o filme não está em boas condições, e na procura deste não conseguir
achá-lo próximo numa locadora.
No entanto, ainda temos outro obstáculo, “é a inadequação da sala de aula para a exibição de
filmes. Seja porque a televisão é muito pequena para o tamanho da sala, (...) a luminosidade intensa
atrapalha a visualização da tela do aparelho de TV, (...) o barulho externo dificulta a concentração”
(NAPOLITANO, 2010, p. 17-18). Assim, com esses problemas dificulta a atividade, a concentração
que o aluno deve ter para a visualização do filme.
Antes do planejamento o professor deve saber quais os limites e as possibilidades que tem
para o seu planejamento das atividades didatico-pedagógicas com o cinema. Para Napolitano (2010,
p. 18), “a displicência do professor em relação a esses pontos, aparentemente banais, pode
inviabilizar ou prejudicar o uso do cinema na sala de aula”.

3.3 Articulação com o currículo/conteúdo, habilidades e conceitos

Ainda existem mais três tipos de problemas para o uso do cinema em sala de aula e nos
projetos escolares que são três categorias básicas em relação ao ensino-aprendizagem escolar:
currículo/conteúdo, habilidades e conceitos. (NAPOLITANO, 2010, p. 18)
De acordo com Napolitano (2010, p. 18-19), “Conteúdo curricular: os filmes podem ser
abordados conforme os temas e conteúdos curriculares das diversas disciplinas que formam as
grades do ensino fundamental e médio, tanto público como particular”. Assim o uso do cinema
pode ser utilizado na educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Porém, o professor
deve saber utilizá-las de acordo com a faixa etária, a proposta do uso do cinema para cada, o
objetivo que será trabalhado, desenvolvimento de habilidades, leitura semiótica, entre outros. O uso
do cinema pode ser trabalhado nas disciplinas: música, artes, códigos e linguagens, matemática,
cidadania e ética, história, informática, educação física, geografia e ciências. Obviamente que cada
ciclo tem as suas habilidades, os seus desenvolvimentos adequados para cada ciclo e faixa etária,
para o melhor aproveitamento do conteúdo e da atividade proposta.
Habilidades e competências, segundo Napolitano (2010, p. 18-19),
O trabalho sistemático e articulado com filmes em sala de aula (e projetos escolares
relacionados) ajuda a desenvolver competências e habilidades diversas, tais como leitura e
elaboração de textos; aprimoram a capacidade narrativa e descritiva; decodificam signos e
códigos não-verbais; aperfeiçoam a criatividade artística e intelectual; desenvolvem a
capacidade de crítica sociocultural e político-ideológica, sobretudo dos tópicos mídia e
indústria cultural.

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Sendo assim o aluno pode ter a habilidade do aprimoramento do olhar sobre as atividades
culturais do professor, que são importantes atualmente neste mundo contemporâneo, o cinema, ou
seja, o aluno torna-se culturalmente mais crítico e exigente.
Conforme Napolitano (2010, p. 19),
Os conceitos presentes nos argumentos, nos roteiros e nas situações direta ou indiretamente
relacionadas com os filmes selecionados pelo professor são inumeráveis, podendo ser
retirados ou inferidos diretamente do conteúdo fílmico em questão ou sugeridos pelos
problemas e debates suscitados pelas atividades com cinema em sala de aula e projetos
escolares.

As aprendizagens retiradas do filme pelo professor são muitas, mas não só apenas elas, pois
cada um tem seu conhecimento prévio, sendo assim, cada um tem uma aprendizagem diferenciada.
Assim o professor é o mediador da proposta com o cinema em sala de aula.

3.4 Abordagem conforme a faixa etária e etapa de aprendizagem

“O professor deve se lembrar, sempre, que ele não está reproduzindo o filme para si mesmo,
para o seu próprio deleite intelectual ou emocional”. (NAPOLITANO, 2010, p. 19) É preciso que o
professor faça uma reflexão sobre o público que irá interagir da atividade planejada, sabendo da
faixa etária, etapa de aprendizagem, e também procurando saber o conhecimento cultural visual e
cinematográfico dos alunos. Assim Napolitano (2010, p. 19), propõe alguns questionamentos antes
da escolha do filme:
a) Qual o objetivo didático-pedagógico geral da atividade?
b) Qual o objetivo didático-pedagógico específico do filme?
c) O filme é adequado à faixa etária e escolar do público-alvo?
d) O filme pode e deve ser exibido na íntegra ou a atividade se desenvolverá em torno
de algumas cenas?
e) O público-alvo já assistiu a algum filme semelhante?

Apesar da preocupação da escolha do vídeo para a sala de aula, o professor também tem que
ter o cuidado de respeitar os valores dos alunos, seja eles religiosos e morais de suas famílias.
Não de trata de parecer simpático e conciliatório perante o grupo, e sim não bloquear a
assimilação de um filme em consequência da precipitação em exibi-lo para uma classe que
não estava devidamente preparada para aquele tipo de história e conteúdo, seja por limites
culturais, morais ou religiosos. (NAPOLITANO, 2010, p. 19-20)

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Sendo assim Napolitano (2010, p. 20) ressalta que, o professor deve tomar cuidado em dois
pontos ao escolher o filme em sua abordagem no ambiente escolar:
a) Adequação à faixa etária (a censura classificatória dos filmes pode ajudar neste sentido) e
etapa de aprendizagem escolar (ciclos, séries, níveis).
b) Adequação ao repertório e aos valores socioculturais mais amplos e à cultura audiovisual
específica do grupo de alunos envolvido na atividade.
Apesar de partir do pressuposto que não é necessariamente “reproduzir os valores e as
habilidades preexistentes nos alunos e sim ampliá-los e problematizá-los” (NAPOLITANO, 2010,
p. 20), assim no começo do ensino-aprendizagem o professor deve conversar sobre esses assuntos
para que não haja um conflito assim evitando um bloqueio pedagógico por causa do choque de
culturas. “O recurso choque não é de todo problemático, mas o momento e o grau devem ser
pensados com cuidado e devem fazer parte de uma estratégia pedagógica mais ampla”.
(NAPOLITANO, 2010, p. 20) Pois os conteúdos podem ou não fazer sentidos ou atingir os alunos.
Sendo assim, nos dois pode ocorrer o “bloqueio pedagógico causado pelo choque sociocultural, sem
que o professor tenha tido a intenção de provocá-lo” (NAPOLITANO, 2010, p. 20), então o
professor deve evitar alguns pontos para não ocasionar esta “intenção”.
“Não se trata apenas de evitar filmes “picantes” para os mais novos ou filmes “difíceis” e
“lentos” para os adolescentes, até porque o conceito filme “picante”, “difícil” ou “lento” varia
conforme o grupo social, a região, a faixa socioeconômica e os valores familiares”.
(NAPOLITANO, 2010, p. 20)
O professor deve refletir sobre os cuidados na escolha do filme, no seu público-alvo para a
sua exibição, para que ele possa atingir e compor sua atividade de cinema em sala de aula. O
professor deve investigar como serão trabalhado essas dificuldades para a melhor exibição do filme
na aula. Para Napolitano (2010, p. 20-21),
Neste sentido, existem filmes “picantes” que podem ser trabalhados pelo professor sem
grandes sobressaltos, existem filmes “difíceis” que podem ser surpreendentemente
assimilados pelos alunos mais jovens, assim como existem filmes “lentos” que podem
emocionar o adolescente mais ansioso e irrequieto.

Napolitano (2010, p. 20-21), define três procedimentos básicos para contornar esses
problemas:
a) Selecione algumas cenas, para o caso de filmes assimilação mais difícil ou que
contenham cenas impróprias para a faixa etária à qual se destina a atividade.

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b) Informe os alunos sobre os filmes e estimule a discussão e a pesquisa prévia sobre o
filme a ser exibido (especialmente útil no caso de filmes com narrativa mais lenta, na
medida em que provocam a empatia e o envolvimento com a história).
c) Minimize o impacto das cenas “picantes” (cenas de violência, simulação de ato sexual,
linguagem mais grosseira) pela abordagem da discussão geral que o filme propõe.

Portanto, as leituras e as abordagens de cada filme, o professor deve ter os mínimos


cuidados para serem trabalhados com certos filmes em sala de aula, “com base nas sugestões de
especialistas e das próprias descobertas práticas na sala de aula, é que vão determinar o sucesso das
atividades e da adequação dos filmes ao segmento específico de alunos que constituem o público-
alvo das atividades” (NAPOLITANO, 2010, p. 21). Entretanto, não existem formulas mágicas,
receitas, para que o professor faça sua construção do conteúdo e da atividade com o cinema em sala
de aula, apenas a experiência, reflexão e a perspicácia do professor diante de seus alunos.
(NAPOLITANO, 2010, p. 21)

3.5 O uso do vídeo adequado e inadequado em sala de aula

O vídeo em sala de aula ainda pode apresentar dois pontos de seu uso adequado e
inadequado em sala de aula.
Para Fernández et all (apud MORAN, 2009, p. 57),
O vídeo deve ser usado em sala principalmente como elemento de sensibilização, para
despertar a motivação, a curiosidade e o desejo de pesquisar os temas curriculares; como
ilustração, para mostrar o que e como se fala, para compor cenários desconhecidos ou para
situar os alunos no tempo e no espaço. A vida se aproxima da escola através do vídeo.

O vídeo em sala de aula é momento oportuno para os alunos terem o contato a simulação,
incentivar produções de textos, reflexão, a crítica, o aprimoramento do olhar dos alunos, além de
também ser uma forma de expressão. (FERNÁNDEZ et all apud MORAN, 2009, p. 57)
Essa atividade é muito lúdica, cultural, motivador para os alunos e de grande aceitável por
eles. Segundo Fernández et all (2009, p. 57),
Esse tipo de atividade tem um teor lúdico e motivador muito forte e, em geral, é bem aceito
principalmente pelos jovens, pois representa o que para eles existe de mais moderno e
contemporâneo. Além disso, trata-se de um recurso que está cada vez mais ao alcance de
professores e alunos, uma vez que até mesmo alguns aparelhos de celular já funcionam
como câmeras que possibilitam, alem de fotografar, filmar pequenas cenas e brincar com
elas, alterando-as, melhorando-as; assim também podem modificar, recriar e aprimorar sua
atuação como alunos e sujeitos responsáveis pelo aprendizado.

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Então com essa tecnologia sendo mais acessível podemos realizar tarefas e atividades com
os alunos na elaboração de vídeos.

3.6 Algumas vantagens do uso do vídeo

As principais vantagens do uso do vídeo por Fernández et all (apud CORPAS e MORAN,
2009, p. 58-60):
 Possibilita a inclusão, nas aulas, de formas comportamentais e gêneros textuais
conhecidos;
 Diversifica os materiais de apoio e torna as aulas mais dinâmicas e motivadoras;
 Possibilita a interação entre diferentes materiais de apoio midiáticos como o
computador, os videogames, a internet, o rádio, a televisão, livros, jornais etc.
Espera-se que as atividades em sala de aula instiguem os alunos a ampliar seus
conhecimentos e que desperte neles o interesse à pesquisa e à busca por mais
informações em outros meios de comunicação;
 Explicita nuances, normas comportamentais e aproxima o ambiente de aula ao
cotidiano e às formas autênticas da língua-meta. Os alunos são expostos a situações
de comunicação tais como elas ocorrem na realidade, podem ver, ouvir e
acompanhar cada gesto, cada sequência temporal etc.;
 Representa uma maneira multilinguística de aprender. É uma excelente oportunidade
para que os alunos percebam que é possível utilizar diferentes formas de expressão
de ideias, sentimentos, desejos etc. E relacionar a modalidade escrita a diferentes
recursos visuais, sonoros, imagéticos, icônicos etc. Espera-se que se tornem cada vez
mais capazes de entender diferentes linguagens e ler textos diversos com os quais
têm contato diariamente, que sejam capazes de interpretá-los e expressar opiniões
sobre eles de forma crítica e consciente;
 Apresenta superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais,
mais próximos da sensibilidade e prática do homem urbano, mas ainda distante da
linguagem educacional, mais apoiada no discurso verbal-escrito. Como os vídeos
não foram criados inicialmente com objetivos pedagógicos, as cenas, linguagem e
modelos comportamentais muitas vezes aproximam-se das situações do cotidiano
dos alunos, por isso, pode ocorrer uma identificação maior com esse meio;

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 Evidencia elementos de contextos da vida real – verbais e não verbais – atitudes,
comportamentos, gestos, distância ou aproximação entre os interlocutores etc.;
 Apresenta situações comunicativas: localização espacial e temporal, atitudes e
padrões interativos dos falantes e sensibilização dos alunos para as formas de
organização do discurso;
 Possibilita assistir às cenas várias vezes, examinar, rever, fazer pausas e reconstruir
as sequências dos fatos, mostrar a imagem com ou sem som, trabalhar o som com ou
sem imagens etc.

Todas essas vantagens de acordo com Fernández (2009, p. 58-60), podem contribuir para a
aprendizagem do aluno, sendo que, o professor deve ter cuidado ao preparar a sua aula, com
objetivo, estratégia, habilidades a serem desenvolvidas, ter uma aproximação com a sétima arte e a
cultura. “O vídeo pode, assim, proporcionar uma aproximação do aluno à escola”. (FERNÁNDEZ,
2009, p. 60)
Para Fernández et all (2009, p. 60),
Pode fazer com que ele não sinta um distanciamento tão grande entre a sua realidade
cotidiana e o ambiente acadêmico. Pode ser uma estratégia de aproximação tanto do aluno
aos conteúdos propostos pelo professor como uma forma também de o discente encontrar
sentido no que aprende e ter satisfação em mostrar a seus amigos e familiares aspectos e
temas abordados em sala de aula.

Sendo assim o professor pode proporcionar uma melhor aprendizagem ao seu aluno, sem
que seja percebida que ele esta estudando com a utilização do cinema em sala de aula, e assim
conseguir ter vínculos entre a aprendizagem como também com sua vida, então tendo um
desenvolvimento da crítica reflexiva, o aprimoramento de leitura semiótica, “vincula-se à sua
formação como cidadão, conforma postulam os documentos oficiais em especial os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o ensino fundamental”. (FERNÁNDEZ , 2009, p. 60-61)

3.7 Algumas desvantagens do uso do vídeo

As desvantagens do uso do vídeo em sala de aula está relacionado a utilização inadequada


do vídeo em sala pelo professor, ou seja, “são aspectos positivos que, devido a fatores diversos,
podem conduzir a alguma dificuldade prática”. (FERNÁNDEZ, 2009, p. 61)
De acordo com Fernández (2009, p. 61-62), as principais desvantagens:

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 Sensação de não serem abordados conteúdos relevantes. Esse tipo de sentimento é
decorrente de aulas mal preparadas ou de atividades mal aproveitadas pelos
professores, pois, à medida que os alunos se sentirem envolvidos com os materiais e
vídeos, não terão essa impressão. Mas para tanto é necessário apresentar atividades
que os motivem a discutir os temas propostos e a integrá-los ao cotidiano com vistas
a que se apoderem do conhecimento transmitido e sejam capazes de ampliá-lo nas
experiências de vida diárias;
 Tempo e trabalho de preparação das atividades. É inegável que trabalhar com
materiais e metodologias novas ou pouco presentes no contexto escolar exige um
tempo maior de preparo, tanto das atividades como do próprio professor, que
precisará se atualizar e se adaptar a elas. Entretanto, é um trabalho cujos resultados
são cumulativos e as experiências de realização de uma atividade poderão ajudar no
preparo das subsequentes. Além disso – devido ao seu índice de aprovação tanto por
parte de professores quanto de alunos -, cada vez mais se consegue encontrar no
mercado materiais didáticos com base no uso de vídeos.

De acordo com Napolitano (apud MORAN, 2010, p. 34), as desvantagens do uso


inadequado do vídeo em sala de aula são:
 Vídeo-tapa-buraco: colocar o vídeo quando há um problema inesperado, como
ausência do professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se for
feito com frequência desvaloriza o uso do vídeo e o associa – na cabeça do aluno – a
não ter aula.
 Vídeo-enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe
que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas
discorda do seu mau uso.
 Vídeo-deslumbramento: o professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma
empolgar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais
pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.
 Vídeo-perfeição: existem professores que questionam todos os vídeos possíveis
porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Os vídeos que apresentam
conceitos problemáticos podem ser usados para descobri-los, junto com os alunos, e
questioná-los.

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 Só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-
lo com o assunto da aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.

Segundo Fernández (2009, p. 62), o professor deve otimizar as vantagens, aproveitar os


elementos do vídeo que podem de início negativo, os erros e inadequações de seu uso, mostrar que
não são benéficas para a aula e aos alunos. Assim fazer uma reflexão sobre o seu uso inadequado
com seus alunos, pois o vídeo pode ser sim uma enorme vantagem para o aprendizado.

4 MODELOS DE TRABALHO COM O AUDIOVISUAL

Os vídeos, assim como qualquer outro recurso, devem ser usados com critério e com
objetivos claramente definidos, de modo que se constituam em efetivos auxiliares
pedagógicos. Quando bem selecionados e inseridos nos momentos adequados, facilitam a
apresentação e desenvolvimento de diferentes conteúdos ao mesmo tempo que motivam os
alunos. (FERNÁNDEZ, 2009, p. 69)

Para o uso do vídeo em sala de aula o professor tem que preparar sua aula antecipadamente,
ser selecionado o filme, ter que assistir antes que os alunos, pontuar os pontos que devem ser
abordados em aula para serem discutidos.
De acordo com Napolitano (2010, p. 79), para o planejamento das atividades com o vídeo, o
professor deve incluí-lo no seu planejamento escolar, articulando com os conteúdos e conceitos
trabalhados, como habilidades e competências desejadas a desenvolverem.
Sendo assim, o professor deve fazer uma lista dos filmes que podem ser abordados ao longo
do ano. “Tenha em mente um conjunto de objetivos e metas a serem atingidas, procurando
aprimorar os instrumentos de análise histórica e fílmica”. (NAPOLITANO, 2010, p. 79) Como é
comum os professores não procurarem filmes de acordo com ao conteúdo a ser trabalhado pela
disciplina, Napolitano (2010, p. 79), diz que “o uso do cinema na sala de aula seja sistemático e
coerente, e isso implica que os filmes sejam articulados entre si”.
Para Napolitano (2010, p. 79-80),
Os filmes com narrativa sofisticada (fora dos padrões dos grandes gêneros de cinema
comercial) ou linguagem mais datada (característica de certo momento da história do
cinema) devem ser inseridos depois de uma preparação para que não haja bloqueio
pedagógico e cognitivo dos alunos.

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Os filmes devem proporcionar aos alunos novas aprendizagens, e não um receio, um choque
ou mesmo o bloqueio. Entretanto o professor deve ser o mediador entre o filme e aprendizagem,
assim deve elaborar de acordo com a escolha do filme voltado ao interesse da disciplina, e não
esquecendo a cultura geral e audiovisual da classe, porque não ocorrerá a devido aprendizagem que
o professor espera do seu aluno. No entanto, o professor previamente deve fazer os questionamentos
com os alunos como será o filme, que tipo é, como será abordado, qual é a sua linguagem, para que
o professor tenha a compreensão de seus alunos. “(...) e o lugar que o filme ocupa na história e
linguagem cinematográfica”. (NAPOLITANO, 2010, p. 80)
O professor antes de trabalhar o filme em sala de aula deve procurar alguns elementos
informativos básicos, segundo Napolitano (2010, p. 80) são,
A história do cinema, a linguagem cinematográfica e os principais estilos e escolas
cinematográficas. Não se trata de exigir do professor que se torne crítico profissional, mas
algumas informações básicas irão otimizar o trabalho. Muitos professores cinéfilos, que
dedicam boa parte do seu tempo livre para ir ao cinema ou assistir filmes em VHS, já
possuem uma boa carga de informações sobre a história do cinema, os filmes, atores e
diretores.

Todas as informações que o professor pode ter são úteis nas atividades em sala de aula,
porque pode torna-se informações para as mediação do professor com os alunos na análise fílmica,
e assim tornando se muito mais interessante.
O professor também tem que procurar saber qual é a cultura cinematográfica da classe, pois
ele não pode impor o seu gosto cinematográfico aos alunos. Assim o professor tem que fazer com
os alunos exercitar o seu olhar cinematográfico com filmes mais assimiláveis, “culminando com
filmes que possuam linguagem e tratamento mais refinados. Selecione os filmes com base nesta
preocupação”. (NAPOLITANO, 2010, p. 80)
Segundo Napolitano (2010, p. 80),
A sondagem e avaliação da cultura audiovisual (ou cinematográfica, mais especificamente)
da classe não exigem pesquisa sociológica refinadíssima. Basta que o professor, de maneira
informal ou sistematizada, leve em conta algumas informações básicas: a) a qual faixa
econômica os alunos da sua classe/escola pertencem, em média; b) quais os hábitos de
consumo e culturais da família; c) como funciona o consumo cinematográfico dos alunos
(salas de cinema, aluguel de fitas de vídeo ou assistência de filmes na TV aberta ou a cabo);
d) quais os gêneros cinematográficos preferidos; e) dentre os filmes vistos, quais os
preferidos.

Portanto com essas informações com a sondagem o professor consegue distinguir quais
serão os avanços que pode ter com seus alunos inicialmente e o quanto ele deve se preparar para as
suas atividades escolares com o cinema em sala de aula.

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Analisando o filme, Napolitano (2010, p. 81) diz que “não inicie o trabalho de análise
exibindo o(s) filme(s) em classe”. Porque a primeira iniciativa do professor é exibir o filme em sala
de aula e em seguida fazer um debate ou trabalho escrito sobre o conteúdo abordado pelo filme.
“Nada contra, mas alguns procedimentos substitutivos ou complementares podem otimizar a análise
do material filmográfico”, afirma Napolitano (2010, p. 81)
De acordo com Napolitano (2010, p. 81), é mais produtivo que os alunos assistem ao filme
em casa sem interrupção fora do horário de aula, se a maior parte dos alunos possuírem aparelho de
DVD em casa. Assim o professor pode dividir os alunos em grupos de trabalho e solicitar uma
tarefa e atividade de estudo com o filme proposto pelo professor, a assistência, sistematizando de
forma de relatório escrito a partir de um roteiro, que deve formal e comprometida a um trabalho
escrito em grupo. O professor tem que ser certificar-se se todos terão acesso ao filme selecionado,
pode parecer apenas um pequeno problema, mas não são todos que podem ter acesso nas locadoras,
porém atualmente muitos se encontram na internet.
Se caso o professor verificar que o acesso não é para a maioria dos alunos, ele deve fazer
que seja exibido em sala de aula ou na sala de vídeo, assim ninguém será prejudicado.
Outra proposta de procedimento que o professor ode usar em sala de aula, dependendo do
objetivo da atividade do professor, é a seleção de cenas dos filmes escolhidos, as sequências curtas,
que exigem menos tempo e concentração dos alunos. No entanto, se o professor escolher este
procedimento deve informar aos alunos sobre o filme, fornecendo a sinopse da história e explicando
as cenas escolhidas para que os alunos possam compreender. Todo cuidado é pouco, pois não pode
que fique fragmentada a compreensão da cena para a atividade.
Para Napolitano (2010, p. 82),
Em resumo, existem três formas possíveis de exibição/assistência de um filme dentro das
atividades escolares: a) exibição/assistência na sala de aula ou de vídeo, dentro do horário
da(s) aula(s); b) assistência em casa, por grupos de alunos previamente formados e
informados pelo professor; c) exibição, na sala de aula, de cenas ou sequências selecionadas
pelo professor. O importante é ter coerência entre a forma de exibição/assistência e os
objetivos/amplitude da atividade planejada.

O professor pode fornecer aos alunos um roteiro de análise para qualquer exibição fílmica
que seja, pois é de grande importância para uma primeira assistência aos alunos, mesmo que seja de
livre inicialmente, sem sistematização de análise e pré-orientação ao olhar na exibição, mas depois
será muito útil. Assim Napolitano (2010, p. 82) diz que, “não se trata de limitar a criatividade dos
alunos-espectadores ou desestimular as várias leituras válidas de uma obra cinematográfica, mas
estabelecer alguns parâmetros de análise com base nos e objetivos da atividade.”

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Napolitano (201, p. 82) afirma que o roteiro pode ser divido em duas partes: a) informativa,
a título de subsídio para o aluno (uma opção é fazer com que o aluno procure informações sobre o
filme); b) interpretativa, provocando o olhar do aluno e delimitando algumas questões básicas para
serem percebidas e assimiladas durante a primeira assistência.
A parte informativa do roteiro de análise deve conter ao menos os seguintes elementos:
ficha técnica (nome do diretor, nacionalidade, ano de produção, nome dos atores etc.);
gênero e tema central; sinopse da história; lista dos personagens principais, suas
características e funções dramáticas. No caso de filmes com tema histórico é importante os
alunos procurarem (previamente ou imediatamente após a primeira assistência do filme)
informações mínimas sobre o contexto/país no qual o filme foi produzido e
eventos/personagens históricos representados.
A parte interpretativa do roteiro prévio de análise pode ser elaborada na forma de um
conjunto de questões (assertivas ou interrogativas) que dirija o olhar do aluno para os
aspectos mais importantes do filme, baseado nos princípios, no conteúdo disciplinar e nos
objetivos da atividade proposta. Não é necessário um grande número de questões (para não
prejudicar a fruição do aluno-espectador), mas é fundamental que elas sejam bem
direcionadas e provocativas, estimulando a assimilação e o raciocínio crítico do aluno em
torno do material cinematográfico selecionado. (NAPOLITANO, 2010, p. 82-85)

Com a mediação do professor os alunos podem elaborar facilmente o roteiro do filme na


divisão de informativa e interpretativa. Conforme Napolitano (2010, 82-85) explica como serão
essas divisões, que são simples contendo as informações básicas do filme e a interpretativa sobre a
análise que os alunos farão da obra com a direção do professor para que seja alcançado o objetivo
da atividade.
De acordo com Napolitano (2010, p. 85) o professor também pode selecionar textos de
apoio, se for necessário aos alunos.
Alguns textos de apoio diretamente relacionados ao filme exibido podem ser muito úteis,
dentre eles: entrevistas com o diretor e atores, críticas publicadas em jornais etc. Estes
textos de apoio não substituem, didaticamente falando, o roteiro de informação e análise,
mas podem funcionar como “textos-geradores” de problemas e questões, enriquecendo a
assimilação do aluno. Nas atividades em que o filme é utilizado como fonte e visto na
íntegra, esse tipo de material é importante não apenas para os alunos, mas também como
recurso para a formação dos próprios professores. (NAPOLITANO, 2010, p. 85)

Assim o autor afirma que, os textos podem ser utilizados não somente aos alunos, como
também fazendo parte da formação dos professores para o seu enriquecimento.
Napolitano (2010, PP. 85-86) ainda propõe que forme grupos de discussão com base nos
relatórios dos alunos. Após a exibição do filme e a assimilação pelos alunos o professor deve fazer
um aprofundamento de análise do filme, ainda mais que “crie desdobramentos para a atividade (que
serão mais completos e amplos quanto mais o filme for importante para a atividade planejada).”

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(NAPOLITANO, 2010, p. 85) Primeiramente o professor deve fazer formalizado seja “escrito ou na
forma de painéis ilustrado” (NAPOLITANO, 2010, p. 85), com a análise dos alunos.
“Compare a leitura dos grupos, além de expor, sem inibir os alunos, a sua leitura de
professor, que deve ser mais provocativa do que conclusiva.” (NAPOLITANO, 2010, p. 85) Assim
o professor estimula os seus alunos na leitura semiótica e cinematográfica.
O professor pode ainda exibir os trechos das cenas mais polêmicas, leituras ambíguas ou
contrastantes, segundo o autor.
Quando o filme for elemento indireto dos objetivos da atividade, sendo apenas gerador das
discussões (abordagem especialmente profícua em ciências da natureza e temas
transversais), a análise do filme em si, seus elementos narrativos e formais, não é
fundamental. Mas nas atividades em que o filme for fonte central de análise (ainda que
direcionada para o aprendizado de conteúdos disciplinares específicos), o professor deve
levar em conta os aspectos narrativos e formais, pois são neles que encontramos a
“mensagem” e os valores veiculados pelo filme. (NAPOLITANO, 2010, p. 85-86)

No entanto o professor deverá saber qual será o foco da atividade de acordo com a
disciplina, ou seja, qual serão as discussões necessárias para que alcance o objetivo dos conteúdos
disciplinares.
Segundo Napolitano (2010, p. 86), como princípio geral, o professor tem que procurar o
conflito na abordagem ou os problemas propostos com base no tema em dois planos:
a) A abordagem do(s) filme(s) em si;
b) A comparação do(s) filme(s) com outros textos e documentos em outra linguagem (escrita,
sonora, iconográfica).

Com esta abordagem de comparação “é especialmente útil para provocar no aluno certo
distanciamento do impacto inicial, de ordem cognitiva e ideológica, que os filmes costumam causar
nos espectadores mais envolvidos”. (NAPOLITANO, 2010, p. 86)
O professor tem que comentar e problematizar com os seus alunos o filme que de acordo
com Napolitano (2010, p. 86),
(...) sob uma óptica interdisciplinar: ciências da natureza (as explicações e teorias
científicas veiculadas), códigos e linguagens (as várias formas de comunicação e
representação simbólica catalisadas pelo filme), ciências humanas e temas transversais (as
várias representações e os vários contextos históricos, os agentes e as instituições sociais,
os princípios e os valores ideológicos). Estes quatro grandes conjuntos estão presentes em
quase todos os filmes e tendem a se sobrepor em relação à abordagem escolar tradicional,
pois o cinema tem a vantagem de possuir uma linguagem e um poder de convencimento
mais sedutores, dada sua natureza artística e “mágica”.

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Entretanto, essa comparação sistemática com outros meios de conteúdos e linguagens é
importante para o desenvolvimento da atividade, sob a exposição e os valores articulados pelo filme
serem adquiridos como “verdade e inequívoca”. (NAPOLITANO, 2010, p. 86)
Para um melhor fechamento do processo, Napolitano (2010, p. 86-87) diz que: “organize
uma síntese da discussão grupal, relacionando-a com o conteúdo trabalhado no seu curso”, assim
essa discussão direcionada pelo professor para um fechamento, que pode não ser definitivo e
conclusivo. Assim os alunos podem ter a percepção para a importância de compartilhar e a troca de
ideias e pensamentos neste procedimento coletivo, e o professor avaliando e considerando as
opiniões, valorizando as diferenças existentes de aquisição.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo de pesquisa comprovar que o cinema deve ser um
dos recursos que o professor pode utilizar em sala de aula para a complementação da aprendizagem
dos alunos, buscando inovar a estratégia de conhecimento, proporcionando aos alunos um olhar
mais apurado e crítico para uma leitura de imagens, assim o estimulando à reflexão, ao
conhecimento, ao questionamento sobre o que é proposto para a aquisição de aprendizagem.
Para o uso adequado do cinema em sala de aula, o educador deve ter cuidados com seu uso,
ou seja, não torná-lo como recurso didático que não tenha nenhum objetivo, proposta pedagógica,
reflexão sobre o tema e a mensagem que o vídeo transmite aos alunos, coerência com o conteúdo
escolhido, adequação a faixa etária dos alunos, entre outros, haja vista que muitos usam o vídeo de
modo inadequado, assim banalizando o cinema como recurso didático. Como Mogadouro (2011,
p.17) afirma, “a situação mais séria é quando a exibição do filme se transforma em “disfarce” para a
ausência do professor ou a falta de planejamento”.
O professor, ainda, pode utilizar as TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação) em sala
de aula, como recursos didáticos (como o rádio, internet, computador, cinema, vídeos, máquina
fotográfica, etc.), recursos estes, que atualmente estão sendo de fácil acesso para a maioria dos
alunos e professores em sala de aula e nas instituições escolares. Além de ser um atrativo
estimulante e interessante para os alunos, sabendo usá-los adequadamente pode ser transformar em
um ótimo aliado do professor para seu planejamento.
A tecnologia apresenta-se como meio para colaborar no processo de aprendizagem. Ela tem
sua importância apenas como um instrumento para favorecer a aprendizagem de alguém.

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Não é a tecnologia que vai resolver o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, se
for usada adequadamente. (MASETTO, 2000, s/p)

Como a pesquisa realizada com os professores indica que, eles conhecem as TIC, já
proporcionaram o uso do filme em sala de aula como recurso didático para mediação de atividades
pedagógicas.
Mas de todo o otimismo que os professores e os alunos têm, acabam esbarrando com
problemas para a utilização deste recurso, como falta de equipamentos ou sala de vídeo
indisponível, por exemplo, e com isso os alunos não conseguem visualizar as verdadeiras vantagens
deste recurso em sala de aula. Neste âmbito, surge o preconceito dos alunos, descrentes de que o
professor irá utilizar o vídeo em complementação, ampliação do conhecimento em sua aula. Além
disso, há um preconceito com o uso do vídeo em sala de aula, como sendo uma distração, e os
alunos não valorizando, por causa do mau uso do vídeo de certos professores em sala de aula,
causando a visão errada e o entendimento errado pelos alunos sobre o vídeo.
O cinema em sala de aula é, em suma, de grande importância quando usado adequadamente
pelo professor, pois ele traz várias vantagens para que o aluno desenvolva habilidades, como
percepção, emoção, concentração, interpretação, imaginação, criatividade, leitura semiótica,
sonoridade etc., além do fato de o professor interagir com conteúdos e disciplinas escolares para a
complementação do aprendizado do aluno.
Assim, acreditamos que é um recurso viável, além de muito prazeroso para quem assiste. É
possível realizar aulas prazerosas com muita aprendizagem com o cinema em sala de aula,
principalmente quando este é utilização com maior adequação para atender a todos os alunos,
contendo objetivo, habilidade, preparação antes do vídeo, durante, e após o vídeo, podendo ainda
tornar-se um projeto com os alunos, ou mesmo, deixar as aulas mais interessantes, estimulantes para
todos e ainda tendo uma aprendizagem ao final.

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Edição 12 – Dezembro de 2016

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