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INTRODUCAO A ENGENHARIA DE PRODUCAO G x CAMPUS Mario Otavio Batalha (organizador) Adiel Teixeira de Almeida gay DERE AMexandre de Avila Leripio POR McGhee COAG E REL CuIr UO Re LCN Le MIE) SSC DOES Cuca ECT POTOSI Francisco Soares Masculo Lucila Maria de Souza Campos URES uO) Dee Gea 0 Osvaldo Luiz Goncalves Quelhas PO ESI Reinaldo Morabito Ricardo Manfredi Naveiro CAPITULO 1 O QUE E ENGENHARIA DE PRODUGAO? Afonso Fleury Departamento de Engenharia de Producéo Universidade de Sto Paulo En sou um gerente de producdo. Este foio titulo de uma reportagem publicada no fi- nal da década de 1990, numa revista de ampla circulagio. Surpreendentemente, tra- tava-se de uma entrevista com um famoso técnico de futebol (vamos designé-lo TF), naquele tempo atuando num clube de S4o Paulo. Figura sobejamente conhecida, TF depois passou por outros times brasileiros, pela Selecdo Brasileira ¢ por clubes es- rahgeiros. E ébvio que um técnico de futebol que se auto-intitula gerente de produgao nao deve ser identificado com um engenheiro de producio, no sentido convencional do termo, por mais bem-sucedido que ele possa ser. Porém, como sabemos que todo brasileiro ou brasileira é um(a) apaixonado(a) e potencial técnico(a) de futebol, a metéfora pode auxiliar aqueles que fazem sua primeira incutséo no campo da Enge- tnhatia de Produgio a compreender o que ela é ¢ 0 que se espera de uma) engenhei- rola) de produgio. Este capitulo tem como objetivo apresentar o que & a Engenharia de Produgio, utilizando exemplos da pratica das empresas e mantendo a referéncia a0 clube de fu- tebol sempre que conveniente. DEFINIGAO DE ENGENHARIA DE PRODUGAO, A definigao mais utilizada de Engenharia de Producao é a seguinte: “A Engenharia de Producio trata do projeto, aperfeicoamento e implanta- Gio de sistemas integrados de pessoas, materiais, informagGes, equipamen- tos ¢ energia, para a produc&o de bens e servigos, de maneira econdmica, respeitando os preceitos éticos e culturais. Tem como base os conhecimen- tos especificos e as habilidades associadas as ciéncias fisicas, mateméticas sociais, assim como aos prinefpios e métodos de anélise da engenharia de 2 nrrogugho A ewceuvania oF pRoGUGKO ELSEVIER projeto para especificar, predizer e avaliar os resultados obtidos por tis si temas” (definicio da American Industrial Engineering Association modifi- cada pelo autor). Trata-se de uma definicio objetiva mas densa, nao muito fécil de ser decodificada pelas pessoas menos afeitas ao tema. Vamos traté-la nos seus diferentes elementos. Comecemos com 0 trecho “pessoas, materiais, informagées, equipamentos ¢ cenergia”. Estes constituem os recursos utilizados nos sistemas de producio, Cada sis- tema de produgéo tem uma determinada configuragao de recursos. Por exemplo, no clube onde 0 nosso TF trabalha, ele conta com os diferentes ti- pos de recursos: © Pessoas: si0 0s jogadores, os auxiliares de treinador, 0 médico e outros in viduos contratados pelo clube € que atuam na producao do servico. © Materiais: envolvem desde a infra-estrutura (o estédio, o gramado, os aloja- ‘mentos para a concentragio etc.) até o material de consumo dirio, como as garrafas de égua ou as bolas para o treinamento. © Informacdes envolvem um enorme niimero de fontes ¢ de usos: desde a infor- magio sobre 0 mercado de jogadores (0 mercado de trabalho), sobre os cam- peonatos € os outros times (0s concorrentes), sobre a federacao ¢ a FIFA (0 ambiente institucional), entre outros; envolvem também a comunicagao in- terna ao clube € até entre os jogadores (quem nao viu ainda a forma como os jogadores de voleibol transmitem como a jogada ser4 estruturada?). © Equipamentos: talvez sejam os recursos de menor importéncia em um clube de futebol, mas poderfamos incluir neste item os equipamentos utilizados na concentracao ¢ no departamento médico até o laptop que os técnicos hoje costumam utilizar (TF jé usava em 1997). © Energia: inclui tudo aquilo que serve para movimentar os recursos ¢ as pes- soas; no caso de um time de futebol, talvez o entendimento mais apropriado seja “energia dos jogadores”. Os recursos financeiros energizam o sistema, As quest&es financeiras so sempre importantes, pois raramente ha situagdes nas guais 0s recursos sao ilimitados. Assim, um treinador de futebol num bom clube tal- vez conte com recursos financeiros sob sua prépria responsabilidade. Mas, em geral, 0 desafio € saber trabalhar com as restric6es financeiras. Outros tipos de sistema de producio tém outras configuragées de recursos. Uma empresa industrial ou de servigos tem pessoas (funcionatios, gestores), tem equipa- mentos (de producio, de computacio etc.) tem materiais (para transformacao, para embalagem, por exemplo), tem informagées (de mercado de trabalho, de mercado financeiro, sobre novas tecnologias de produto e de producao ete.) em energia (va- por, elétrica etc.). A fungio do engenheiro de producio é organi2é-los para que a fungo produgio ocorra de acordo com o previsto na definigio antes mencionad produzindo bens e/ou servicos de maneira econémica, respeitando os preceitos éti cos ¢ culkurais. Neste ponto, aparece uma diferenciacao importante entre o engenheiro de pro- dugao e 0s outros engemheiros. As demais especializacées da Engenharia, em geral,

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