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Direitos Humanos?
Daniel Conegero
Líder do Projeto Estilo Adoração. Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, é professor de Teologia e
Em países onde há muitos crimes, como o Brasil, por exemplo, os diretos humanos até são vistos
como meio de proteger criminosos. Mas o que a Bíblia realmente diz sobre os direitos humanos?
Como a ética cristã trata esses direitos? Vejamos melhor a seguir.
Os direitos humanos incluem direitos civis e políticos, sociais, culturais e econômicos. Entres
outros, esses direitos incluem o direito à vida, à igualmente perante a lei, à educação, à saúde, ao
trabalho, à liberdade de opinião, expressão, crença etc.
Apesar da designação “direitos humanos” ser recente, a defesa desses direitos básicos à vida
humana é muito antiga, e pode ser vista nos códigos que reuniam as leis que regiam a vida em
sociedade na antiguidade. O Código de Hamurabi que data de aproximadamente o século 18
a.C. é um exemplo disto.
Foram descobertas também crônicas babilônicas, persas e gregas que também fazem referência
a esses direitos. Nessa linha, o Cilindro de Ciro é um dos mais significativos. Seu texto destaca a
política generosa do governante persa após tomar a Babilônia em 539 a.C. e por fim ao regime
impiedoso de Nabonido e Belsazar. Ciro tratou de devolver aos povos exilados na Babilônia sua
terra, e garantir a liberdade religiosa.
Embora esse antigo texto não se refira especificamente ao caso dos hebreus, a Bíblia relata como
Ciro permitiu que os judeus retornassem do exílio. Obviamente tudo isto aconteceu conforme o
plano soberano de Deus (Esdras 1).
As declarações modernas dos direitos humanos
Ao longo da História, muitas declarações de direitos humanos foram formuladas e adotadas por
diferentes povos. Essas declarações foram elaboradas nas mais diversas situações, sob a
influência de diferentes circunstâncias.
Na era cristã, alguns documentos que tratavam dos direitos humanos foram desenvolvidos com
base em alguns princípios bíblicos, apesar de ignorarem outros. Esses documentos pelo menos
partiam do pressuposto de que Deus é o Criador do homem, e que Ele regulamentou sua vida
em sociedade de modo a garantir seus direitos básicos.
Ao mesmo tempo, alguns desses documentos excluíam certas classes de homens dentre àqueles
considerados dignos de terem seus direitos humanos básicos garantidos. Por isto grupos
poderosos criaram suas próprias definições dos direitos humanos.
A dignidade do homem
A expressão “direitos humanos” definitivamente não pode ser encontrada na Bíblia. Na verdade
muito do sentido em que essa expressão é utilizada na atualidade, é estranho ao texto bíblico.
Mas as Escrituras certamente afirmam como Deus atribuiu dignidade ao ser humano e ordenou a
garantia de seus direitos. A Bíblia não fala do homem como resultado de uma série de
combinações aleatórias. A Bíblia diz que o homem foi criado de acordo com a vontade do
próprio Deus. O Deus trino foi quem declarou: “façamos o homem”; e a sequencia do texto
revela tamanha dignidade que Ele lhe deu: “à nossa imagem e semelhança” (Gênesis 1:26).
Nenhum título ou declaração dos direitos humanos é capaz de superar a notável dignidade
presente na verdade de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Isto não significa
que somos semideuses, mas que recebemos de nosso Criador uma dignidade real que nos faz
parecidos com Ele em certos aspectos.
Ao criar o homem à sua imagem, Deus o colocou como seu representante real sobre toda
criação. A humanidade é a coroa da criação de Deus. O homem foi criado para a glória de Deus,
e habilitado a ter um relacionamento especial com Ele.
A depravação do homem
Mas ao mesmo tempo em que a Bíblia afirma a dignidade do homem, ela também afirma a sua
total depravação. O homem foi criado originalmente como um ser moralmente capaz, dotado de
pessoalidade, inteligência e retidão. Deus criou o homem e lhe deu todas as condições de
obedecer a sua Lei e viver de acordo com sua vontade. Mas o homem livremente escolheu
quebrar a Lei de Deus, e tentou usurpar o lugar de seu criador.
Adão era o cabeça da raça humana, o representante federal de todos nós. Quando ele caiu, toda
humanidade caiu nele. Todos foram precipitados a um estado de rebelião e inimizade contra
Deus.
Após a Queda, o homem se tornou moralmente corrompido pelo pecado. Ele ficou
impossibilitado de, por si mesmo, cumprir a Lei de Deus. A imagem de Deus no homem não foi
perdida, mas desfigurada. O homem natural nem mesmo pode desejar e amar aquilo que agrada
a Deus, mas por natureza, ele é filho da ira (Efésios 2:3). Por causa do pecado, o homem não
apenas passou a odiar a Deus, mas também ao próximo.
O Criador é livre para tratar suas criaturas da forma com que Ele quiser. Ele dá a vida e também
pode tomá-la, e nenhuma de suas decisões e ações podem ser identificadas como sendo
violações aos direitos humanos. Nos basta saber que nada do que Ele faz contradiz seus
atributos. Isto significa que Ele jamais irá agir de uma forma estranha à sua natureza. Por mais
que às vezes não entendamos, Ele age com base em sua perfeita justiça, santidade, amor e
sabedoria. Saiba quais são os atributos de Deus.
Nos Dez Mandamentos, por exemplo, após as ordenanças que falam sobre como deve ser a
relação dos homens com Deus, é dito muito claramente sobre como deve ser também a relação
dos homens uns com os outros, de modo que os direitos do próximo sejam protegidos (Êxodo
20:2-17).
Ainda no Pentateuco, há várias recomendações que regulamentam o comportamento humano e
ordenam a proteção aos direitos dos mais fracos (cf. Êxodo 22:21-16). Os salmistas e os profetas
maiores e menores, também denunciam a injustiça contra o próximo como um grave pecado, e
conclamam o povo de Deus a viver de uma forma a respeitar a dignidade de seu semelhante.
O profeta Miquéias, por exemplo, diz que o Senhor exige que o homem “pratique a justiça, ame
a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus” (Miqueias 6:8). O profeta Zacarias também
falou, da parte do Senhor, que seu povo deve administrar a verdadeira justiça, mostrar
misericórdia e compaixão uns para com os outros; não oprimir a viúva e o órfão; nem o
estrangeiro e o necessitado, e nem tramar a maldade uns para com os outros (Zacarias 7:9,10).
O Novo Testamento também destaca a defesa dos direitos humanos. Na verdade as
recomendações que apontavam a proteção da dignidade humana, foram cumpridas com
perfeição na pessoa de Jesus Cristo(Lucas 4:18,19; cf. Isaías 61:1-3).
Em seu ministério terreno, Ele fez questão de se ocupar com os desprezados da sociedade. Ele
esteve na companhia de mulheres, crianças, pobres, doentes, samaritanos e publicanos. Jesus
também resumiu a Lei de Deus em dois mandamentos: o amor a Deus e ao próximo (Mateus
22:37-40).