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Formação do ato administrativo, processo e procedimento
SUMÁRIO
Revisando os conceitos do módulo anterior. 3
O Fato Jurídico 4
Dos Fatos jurídicos “stricto sensu” 5
Fatos ordinários 5
Ato Jurídico 6
A Noção de fato administrativo 7
A Formação do ato administrativo 8
Conceitos fundamentais 8
Ato administrativo como comando complementar da lei. 11
Atributos ou Qualidades Jurídicas do Ato Administrativo 13
Requisitos (elementos, causas ou pressupostos) dos atos administrativos: 15
Requisitos para o ato existir (Elementos): 16
Requisitos para o ato ser administrativo e válido. 17
Pressupostos de validade: 17
Espécies de atos administrativos: 19
Formas de atos administrativos: 20
Classificação dos atos administrativos 20
Formas de extinção dos atos administrativos 25
Formas de extinção dos atos administrativos 28
Do processo e procedimento administrativo 28
Princípios do Processo Administrativo 29
Princípios continuação 31
Princípio da Ampla Defesa 32
Princípio do Contraditório 33
Princípio da Eficiência 34
Processo e procedimento administrativo 35
Processo administrativo 36
Jurisdicionalidade do processo administrativo 38
Processo administrativo disciplinar 39
Princípios do processo administrativo disciplinar 40
Sistemas Hierárquicos do processo administrativo disciplinar 41
Formalização do processo administrativo disciplinar 42
Fase de instauração do processo administrativo disciplinar 43
Da defesa no processo administrativo disciplinar 45
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auxílio dos Tribunais de Contas), atos, estes, tos), ao passo que no ato ilícito o feito indepen-
reversíveis pelo judiciário”. de da vontade do agente, que, ao agir com dolo
ou culpa e ocasionar dano a outrem, ocasiona-
Deste conceito podemos deduzir que: rá efeitos jurídicos que, em absoluto, desejou,
porque sempre sujeito às sanções legais.
1. o Poder Legislativo e o Poder Judiciário
também podem praticar a função públi- Alguns autores na seara do fatos jurídicos
ca, não só o Poder Executivo;
denominam que o “Factum principis” é aquele
2. os citados Poderes poderão editar atos fato também capaz de alterar relações jurídicas
gerais ou individuais para concretizar os já constituídas, porém, através da presença da
mandamentos legais, por meio de de- intervenção do Estado e não da ação da natu-
cretos e resoluções; reza ou de qualquer eventualidade.
3. que os mesmos praticam, também, atos Tal situação se configura quando o Estado,
privados e não somente atos públicos; por motivos diversos e de interesse público,
interfere numa relação jurídica privada, alte-
4. que todos os atos administrativos pra- rando seus efeitos e, por vezes, até assumindo
ticados por qualquer dos Poderes serão obrigações que antes competiam a um ou mais
revisáveis pelo Poder Judiciário, por for- particulares.
ça do preconizado no artigo 5º XXXV da
Constituição Federal. Por ex. o Estado pretende construir uma es-
trada que cortará o espaço físico de determi-
O Fato Jurídico nada indústria, provocando sua desapropriação
e a conseqüente extinção do estabelecimento
industrial, mediante, obviamente, indenização.
Porém, não só a indústria será extinta como
também os demais contratos de trabalho dos
empregados do local. Diante de tal situação, a
autoridade pública obriga-se a assumir as devi-
das indenizações trabalhistas, conforme dispos-
to no art. 486 da CLT.
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vontade humana em sua formação e podem continuada ou sucessiva. São fatos naturais,
ser classificados em: provenientes da própria natureza, apesar do
homem participar na formação de alguns de-
Fatos jurídicos “stricto sensu” les. Há três tipos de fatos ordinários: nasci-
Atos jurídicos “lato sensu” mento, morte e decurso do tempo.
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Caso fortuito ou força maior são fatos ca- O Ato jurídico “lato sensu”, necessariamente, é
pazes de modificar os efeitos de relações ju- decorrente da vontade do homem devidamente
rídicas já existentes, como também de criar manifestada, ou seja, não há ato jurídico sem
novas relações de direito. São eventualida- a devida participação volitiva humana. Nestes
des que, quando ocorrem, podem escusar o casos, não há a interferência da natureza ou de
sujeito passivo de uma relação jurídica pelo eventualidades, e sim, somente a ação volitiva
não cumprimento da obrigação estipulada. É do homem.
o caso, por ex., de uma tempestade que pro-
voque o desabamento de uma ponte por onde Para que se constitua um ato jurídico, o direito
deveria passar um carregamento confiado a brasileiro adotou a necessidade da declaração
uma transportadora. da vontade, que pode ser expressa ou tácita.
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nho a ser percorrido para a realização dos Convém ressaltar que os efeitos jurídicos
objetivos perseguidos. decorrentes da volição humana são instituí-
dos pela norma jurídica, assim como os pro-
Tal caminho é totalmente traçado pela lei, venientes da ação da natureza também o são.
devendo o agente percorrê-lo em total con- Porém, no âmbito dos atos jurídicos, o cami-
formidade com os ditames legais para que o nho para a realização dos objetivos visados
ato seja considerado perfeito. pelo declarante da vontade depende da natu-
reza ou do tipo do ato realizado.
É o caso, por ex., da adoção, onde o agen-
te declara sua vontade da maneira determi- Tal caminho terá que ser seguido na con-
nada pela norma de direito, preenchendo os formidade da lei ou poderá ser traçado auto-
nomamente pela parte interessada.
demais requisitos necessários à configuração
do ato, para que, deste modo, possa alcançar
o objetivo que consiste em adotar a criança.
A Noção de fato administrativo
Fatos administrativos.
A maneira como tal objetivo será alcança-
do não está estipulada em cláusulas contra- É conceito mais amplo do que o de ato ad-
tuais, mas na normas jurídicas. ministrativo.
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Até fenômenos naturais, quando repercutem Podem ser atos privados da administração,
na esfera administrativa, constituem fatos ad- contratos regidos pelo direito privado, compra
ministrativos, um raio que destrói um bem pú- e venda e locação. Atos materiais, os chamados
blico, chuvas que deterioram um equipamento fatos administrativos já estudados.
do serviço público. Ex de fato administrativos: Ver: APELAÇÃO CIVEL AC 354233 2000.51.01.012790-0 (TRF2)
Construção de uma ponte, varredura de ruas,
dispersão de manifestantes, reforma de escolas A Formação do ato administrativo
públicas.
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O ato administrativo é regido pelo regime Lei não é uma palavra unívoca, mas nos
de direito público, isto é, executado debaixo atos administrativos refere-se ao conjunto de
de prerrogativas e limites concedidos pelo or- normas abstratas que tiram seu fundamento
denamento jurídico, em razão de representar direto da Constituição Federal.
interesses da coletividade (Princípio da supre-
Assim, o ato administrativo é aquele pra-
macia e da indisponibilidade o interesse pu-
ticado enquanto comando complementar de
blico).
Lei ordinária, Lei complementar, Lei delegada
e etc.
Os autores que consideram o ato admi-
nistrativo de forma ampla, afirmam que o ato Para alguns autores ato administrativo de
administrativo pode ser regido pelo direito forma ampla, seria também ato administrati-
público ou direito privado, com fundamento vo ato político ou de governo.
no ato administrativo de império (regido pelo
direito público) e ato administrativo de gestão O ato administrativo, tecnicamente, não
(regido pelo direito privado. entraria no campo dos atos de governo ou
políticos, pois estes são atos complexos, am-
Ex: Contrato de locação em que o Poder plamente discricionários, praticados, normal-
Público é locatário). mente pelo Chefe do Poder Executivo, com
base direta na Constituição Federal e não na
Para nós os atos de gestão não são atos lei.
administrativos, pois nestes o Estado atua
como se pessoa privada fosse. Ex: Sanção; Declaração de guerra e etc.
Os atos políticos ou de governo, embora se-
Os atos de gestão, embora sejam atos da jam atos da Administração, não seriam atos
Administração, não são atos administrativos. administrativos.
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Da revisão pelo Poder Judiciário: Atos atípicos praticados pelo Poder Execu-
tivo, exercendo função legislativa ou judiciá-
Os atos administrativos podem ser revistos ria. Ex: Medida Provisória.
pelo Poder Judiciário, no que se refere a va-
lidade (legalidade) do ato. “A Lei não exclui- Atos materiais (não jurídicos) praticados
rá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou pelo Poder Executivo, enquanto comandos
ameaça a direito”. complementares da lei. Ex: Ato de limpar as
ruas; Ato de servir um café e etc.
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• Campo da eficácia: Eficácia é uma pa- ineficaz. (concluído; não esta de acordo com
lavra equívoca em direito, sendo ora a lei e ser revogado);
utilizada para verificação da produção
Ver:http://www.direitodoestado.com/revista/REDE-9-JANEIRO-
de efeitos no campo social e ora no 2007-CARLOS%20CINTRA.pdf
sentido estritamente jurídico. Analisa-
do por este último sentido, o ato ad- Atributos ou Qualidades Jurídicas do Ato
ministrativo é eficaz quando esta apto Administrativo
a produzir efeitos.
Atributos do ato administrativo:
• Imperatividade
• Exigibilidade ou coercibilidade
Pode acontecer de um ato administrativo • Auto-executoriedade ou executorieda-
existir, ser válido, mas ser ineficaz (seus efeitos de
serem inibidos): Quando o ato administrativo
é submetido a uma condição suspensiva (fato
Presunção de legitimidade (veracidade, validade
futuro e incerto que o suspende); a um termo
ou legalidade):
inicial (subordinado a um fato futuro e certo)
ou à pratica ou edição de outro ato jurídico
Presunção de legitimidade é a presunção
que condiciona os seus efeitos (Ex: portaria
de que os atos administrativos são válidos,
que só produzirá efeitos após a decisão do isto é, de acordo com a lei até que se prove
governador). o contrário. Trata-se de uma presunção re-
lativa. Ex: Certidão de óbito tem a presun-
O ato administrativo pode ser perfeito,
ção de validade até que se prove que o “de
valido e eficaz (concluído; de acordo com a lei
cujus” esta vivo.
e apto a produzir efeitos); pode ser perfeito
valido ineficaz (concluído; de acordo com a Imperatividade:
lei, mas não é apto a produzir efeitos); pode
ser perfeito, invalido e eficaz (concluído; não Imperatividade é o poder que os atos ad-
esta de acordo com a lei, mas é capaz de ministrativos possuem de impor obrigações
produzir efeitos, pois ainda não foi extinto do unilateralmente aos administrados, indepen-
mundo jurídico); pode ser perfeito, invalido e dentemente da concordância destes. Ex: A
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luz vermelha no farol é um ato administrativo que vai além da imperatividade e da exigibili-
que obriga unilateralmente o motorista a pa- dade.
rar, mesmo que ele não concorde.
Executar, no sentido jurídico, é cumprir
aquilo que a lei pré-estabelece abstratamente.
O particular não tem executoriedade, com ex-
ceção do desforço pessoal para evitar a perpe-
tuação do esbulho.
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o poder para fazê-lo, seja ele implícito ou ex- Requisitos dos Atos Administrativos
plícito.
Requisitos (elementos, causas ou pressupostos)
Princípios que limitam a discricionariedade dos atos administrativos:
(liberdade de escolha do administrador) na auto-
-executoriedade:
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• Conteúdo ]
• Forma
• Pressupostos de existência:
• Objeto
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Requisitos para o ato ser administrativo e várias áreas de atuação. Assim, para que o
válido. ato administrativo seja editado pela pessoa
competente, precisa atender três perspecti-
vas, senão será inválido:
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Segundo a Teoria dos Motivos Determi- lidos). Ex: A prática da classificação sem ha-
nantes, os motivos alegados para a prática bilitação na licitação causa invalidade.
de um ato ficam a ele vinculados (condicio-
nam a validade) de tal modo que a alegação Finalidade
de motivos falsos ou inexistentes tornam o
ato viciado. É a razão jurídica pela qual um ato ad-
ministrativo foi abstratamente previsto no
Para os que entendem que o motivo e ordenamento jurídico. O administrador, ao
o objeto são requisitos de validade, afirmam praticar o ato, tem que fazê-lo em busca da
que a soma desses dois é o mérito do ato ad- finalidade para o qual foi criado e se praticá-
-lo fora da finalidade, haverá abuso de poder
ministrativo. O Poder Judiciário não poderá
ou desvio de finalidade.
analisar o mérito do ato administrativo, salvo
quando for ilegal. Genericamente, todos os atos têm a fi-
nalidade de satisfação do interesse público,
Formalidade ou formalização
mas não podemos esquecer que também há
uma finalidade específica de cada ato.
É a maneira específica pela qual um ato
administrativo deve ser praticado para que Motivo não se confunde com motivação
seja válido. Ex: Contrato sobre direito real
imobiliário deve ser feito por escritura públi- Motivação é a justificação escrita que en-
ca. sejou a prática do ato. Se a motivação for
obrigatória, será pressuposto de validade do
ato administrativo.
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Móvel do ato administrativo é a intenção • Atos negociais: São aqueles que con-
psicológica subjetiva do agente no momento têm uma declaração de vontade da Ad-
em que o ato foi praticado. O móvel pode ser ministração visando concretizar negócios
lícito ou ilícito que não conduzirá à invalidade jurídicos, conferindo certa faculdade ao
do ato, assim não é pressuposto de validade. particular nas condições impostas por
ela. É diferente dos negócios jurídicos,
Móvel do ato administrativo é diferente da pois é ato unilateral.
vontade.
• Atos enunciativos: São aqueles que
Vontade é o querer do agente que pratica contêm a certificação de um fato ou
o ato (que forma a declaração materializado- emissão de opinião da Administração
ra do seu conteúdo). sobre determinado assunto sem se vin-
cular ao seu enunciado. Ex: Certidões,
Para autores que definem o ato adminis-
Atestados, Pareceres e o apostilamento
trativo como uma manifestação de vontade,
de direitos (atos declaratórios de uma si-
também incluem a vontade como pressupos-
tuação anterior criada por lei).
to de validade. Para nós não é pressuposto
de validade. A vontade tem relevância ape-
nas nos atos discricionários. • Atos punitivos: São aqueles que con-
têm uma sanção imposta pela Admi-
Móvel do ato administrativo também não nistração àqueles que infringirem dis-
se confunde com finalidade. posições legais. Encontra fundamento
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• Alvará: É a forma pela qual são ex- • Atos internos: São aqueles que ge-
pedidas as licenças e autorizações. Es- ram efeitos dentro da Administração
tas são conteúdo e alvará é forma. Pública. Ex: Edição de pareceres.
• Ofício: É a forma pela qual são ex- • Atos externos: São aqueles que ge-
pedidas comunicações administrativas ram efeitos fora da Administração Pú-
entre autoridades ou entre autorida- blica, atingindo terceiros. Ex: Permis-
des e particulares (atos ordinatórios). são de uso; Desapropriação.
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Os atos de gestão (praticados sob o regi- O Poder Judiciário pode rever o ato dis-
me de direito privado. Ex: contratos de lo- cricionário sob o aspecto da legalidade, mas
cação em que a Administração é locatária) não pode analisar o mérito do ato administra-
não são atos administrativos, mas são atos tivo (conjunto de alternativas válidas), salvo
da Administração. Para os autores que consi- quando inválido. Assim, pode analisar o ato
deram o ato administrativo de forma ampla, sob a ótica da eficiência, da moralidade, da
os atos de gestão são atos administrativos. razoabilidade, pois o ato administrativo que
contrariar estes princípios não se encontra
9. Quanto ao grau de liberdade conferido ao ad- dentro das opções válidas.
ministrador:
Alguns autores alemães afirmam que não
• Atos vinculados: São aqueles prati- há discricionariedade, pois o administrador
cados sem liberdade subjetiva, isto é, tem sempre que escolher a melhor alternati-
sem espaço para a realização de um va ao interesse público, assim toda atividade
juízo de conveniência e oportunidade. seria vinculada.
O administrador fica inteiramente pre-
so ao enunciado da lei, que estabelece Aspectos do ato administrativo que são
previamente um único comportamen- vinculados: Para Hely Lopes Meirelles, são
to possível a ser adotado em situações vinculados a competência, a finalidade e a
concretas. Ex: Pedido de aposentado- forma (vem definida na lei). Para maior par-
ria por idade em que o servidor de- te dos autores, apenas a competência e a fi-
monstra ter atingido o limite exigido nalidade, pois a forma pode ser um aspecto
pela Constituição Federal. discricionário (Ex: Lei que disciplina contrato
administrativo, diz que tem que ser na forma
de termo administrativo, mas quando o valor
• Atos Discricionários: São aqueles
for baixo pode ser por papéis simplificados);
praticados com liberdade de opção,
Celso Antonio diz que apenas a competência,
mas dentro dos limites da lei. O admi-
pois a lei nem sempre diz o que é finalidade
nistrador também fica preso ao enun-
pública, cabendo ao administrados escolher.
ciado da lei, mas ela não estabelece
um único comportamento possível a
ser adotado em situações concretas, Classificação dos atos administrativos
existindo assim espaço para a reali- quanto ao conteúdo
zação de um juízo de conveniência e
oportunidade. Ex: A concessão de uso Admissão:
de bem público depende das caracte-
rísticas de cada caso concreto; Pedido Admissão é o ato administrativo unilateral
de moradores exigindo o fechamento vinculado, pelo qual a Administração faculta
de uma rua para festas Juninas. à alguém o ingresso em um estabelecimen-
to governamental para o recebimento de um
serviço público. Ex: Matrícula em escola.
A discricionariedade é a escolha de alter-
nativas dentro da lei. Já a arbitrariedade é É preciso não confundir com a admissão
a escolha de alternativas fora do campo de que se refere à contratação de servidores por
opções, levando à invalidade do ato. prazo determinado sem concurso público.
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“Incumbe ao Poder Público na forma da Tendo em vista que a permissão tem pra-
lei, diretamente ou sob regime de concessão zo indeterminado, o Promitente pode revo-
ou permissão, sempre através de licitação, a gá-lo a qualquer momento, por motivos de
prestação de serviços públicos” (art. 175 da conveniência e oportunidade, sem que haja
CF). qualquer direito à indenização.
“A lei disporá sobre o regime das em- Quando excepcionalmente confere-se pra-
presas concessionárias e permissionárias de zo certo às permissões são denominadas pela
serviços públicos, o caráter especial de seu doutrina de permissões qualificadas (aquelas
contrato e de sua prorrogação, bem como as que trazem cláusulas limitadoras da discricio-
condições de caducidade, fiscalização e res- nariedade). Segundo Hely Lopes Meirelles, a
Administração pode fixar prazo se a lei não
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Casos em que o ato não poderá ser convalidado: • Atos administrativos que gera-
ram direitos adquiridos (direito
• Prescrição do prazo para anulação. que foi definitivamente incorpo-
rado no patrimônio de alguém);
• Impugnação do ato pela via judicial ou
administrativo pois, neste caso o ato • Atos administrativos vinculados.
será anulado e não convalidado.
Formas de extinção dos atos administrativos Para Celso Antonio Bandeira de Mello, in-
validação é utilizada como sinônimo de anu-
Revogação: lação. Para Hely Lopes Meirelles, a invalida-
ção é gênero do qual a anulação e revogação
Revogação é a retirada do ato administra- são espécies.
tivo em decorrência da sua inconveniência
ou inoportunidade em face dos interesses Do processo e procedimento
públicos. administrativo
Os efeitos da revogação são “ex nunc” A administração pública é responsável
(não retroagem), pois até o momento da re- pelo funcionamento do Estado, no entanto,
vogação os atos eram válidos (legais). esse funcionamento é regulado por normas
que definem como serão apresentados os re-
A revogação só pode ser realizada pela
sultados de tal administração, para tanto, foi
Administração Pública, pois envolve juízo de criado o processo administrativo, que além
valores (princípio da autotutela). É uma for- de registrar, também controla a funcionalida-
ma discricionária de retirada do ato adminis- de dos entes públicos, existindo assim, um
trativo. conjunto de atos destinado a registrar e con-
trolar as diretrizes tomadas pela administra-
• Atos administrativos irrevogáveis:
ção pública e ainda variações desses proces-
sos administrativos, surgindo como uma das
• Atos administrativos declarados vertentes observadas nesse estudo o proces-
como irrevogáveis pela lei; so administrativo disciplinar.
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também no sentido stricto sensu, pois assim Esta questão tem sido observada dentro
haverá uma compreensão melhor do estudo das administrações e atinge não só os servi-
abaixo descrito. dores de maior escolaridade e sim a categoria
como um todo, sejam eles da administração
A grande questão desse e de muitos outros Federal, Estadual ou Municipal, da adminis-
assuntos de âmbito Constitucional é saber por tração Direta ou das Autarquias ou Empresas
que os Institutos Constitucionais são tão pou- Públicas.
co respeitados no dia-a-dia, pois os mesmos
são Garantias Constitucionais. Será o resulta- No entanto não poderia esse estudo sim-
do de uma jovem Constituição? A qual, trás plesmente se esquivar das aberrações que
inúmeros direitos e deveres que ainda não ainda acontecem, existem inúmeras atrocida-
foram colocados em prática ou sequer regu- des acontecendo dentro de toda a adminis-
lamentados, ou a população ainda não tem tração pública? Existem autoridades coatoras
informação o bastante, para exercer seus Di- que usam de seu poder de influência para
reitos e Garantias Constitucionais? burlar a Lei em torno do processo administra-
tivo disciplinar?
Ou ainda a falta de investimentos na edu-
cação e no acesso a publicidade dos atos faz Será que mesmo com todos os esforços
com que precária seja a fiscalização no âm- dos legisladores em regulamentar a matéria
bito da administração pública por parte dos através da edição de Leis como a 9784/99, as
administrados? mesmas vem sendo respeitadas na sua apli-
cabilidade prática?
Dentro do que foi colocado como objeto de
estudo estarão os princípios a serem obede- Os servidores vêm se organizando via Asso-
cidos, as normas a serem aplicadas e ainda a ciações e Sindicatos e através desses tem tido
postura tanto da administração pública, quan- um maior esclarecimento em torno de seus di-
to à dos administrados e servidores da admi- reitos, bem como os procuradores e responsá-
nistração pública. veis legais pela administração pública tem pro-
curado aplicar de forma correta a Lei. Porém
Para tanto, é preciso entender a jurisdicio- ainda existem muitos atos abusivos e ilegais.
nalidade do processo administrativo e também
sua diferença para com o processo judicial, Princípios do Processo Administrativo
por isso, foi escolhido o processo administra-
tivo disciplinar para melhor ilustrar as idéias A regularidade de desenvolvimento do pro-
aqui levantadas, porém esse estudo mais de- cesso administrativo e justiça das decisões é
talhado será abordado após ser o leitor situa- essencial o bom emprego dos princípios jurí-
do no processo administrativo como um todo. dicos sobre ele incidentes e, por isso, deve-
-se observar o significado, a importância, os
A aplicabilidade do processo administrativo objetivos e as decorrências de ordem prática
tem sido um pouco maior. Será abordado a de cada um dos princípios do processo admi-
que esse fato pode ser atribuído, tanto no que nistrativo.
tange aos administradores quanto aos admi-
nistrados e servidores públicos. Os princípios são normas, e, como tal, do-
tados de positividade, que determinam con-
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Ver: http://jus2.uol.com.br/
doutrina/texto.asp?id=4112
Princípio da Igualdade
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judicial, pois, pela motivação ;e possível afe- Por força deste princípio, não é lícito à
rir a verdadeira intenção do agente. Administração Pública valer-se de medidas
restritivas ou formular exigências aos par-
Princípio da Razoabilidade ticulares além daquilo que for estritamente
necessário para a realização da finalidade
pública almejada.
Princípio da Moralidade
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palmente ao devido processo legal no caso final se tenha uma melhor solução para a so-
dos processos disciplinares, bem como as ciedade como um todo, segundo Hely Lopes:
demais formalidades exigidas por Lei e ainda “procedimento é o modo de realização do
tentando burlar os procedimentos, como no processo, ou seja, o rito processual” (LOPES,
caso de contratações de prestação de serviço 1998, p. 559).
concessionário sem licitação.
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São estáveis após três anos de efetivo ração e punição de faltas supostamente co-
exercício os servidores nomeados para cargo metidas por servidores públicos ocupantes
de provimento efetivo em virtude de concur- de cargos efetivos. Não é um processo de
so público. cunho inquisitório tendo definidos por Lei os
princípios e fases a serem seguidos para que
§1º - o servidor público estável só perderá tenha validade e consequentemente eficácia.
o cargo:
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Adiante nos deparamos com o princípio da disciplinares e dentro desse assegurar os mais
verdade material, o qual somente não admite importantes princípios regidos dentro do pro-
o meio de prova ilícito para o processo, logo cesso, quais sejam: o do contraditório e o da
mais temos o princípio do informalismo que a ampla defesa, sem os quais o processo admi-
grosso modo pode representar um certo des- nistrativo disciplinar não tem validade.
leixo para com a condução do processo admi-
nistrativo disciplinar, no entanto esse não é o
intuito, na verdade o que se busca atingir por
esse princípio é a flexibilidade e menor forma-
lismo no processo, não fazendo assim desse
um processo judicial.
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É primordial que a instrução seja promovi- Dentro da defesa existem pontos a serem
da de acordo com os requisitos legais, pois a abordados, tais como: a ciência ao acusado
Lei Federal 9784/99 em seu artigo 30, prevê da acusação, que é feita através de citação
que “é proibida a utilização no processo ad- pessoal e de responsabilidade do processante,
ministrativo de prova obtida por meio ilícito”,a vista aos autos do processo administrativo
sendo ainda assegurado ao acusado à liber- na repartição, que é garantida ao processado,
dade de acompanhar todo o procedimento a oportunidade para oferecimento de contes-
de produção de provas e ainda acompanhan- tação e provas, a inquirição e reperguntas de
do de seu advogado. testemunhas e a observância do devido pro-
cesso legal, assim como os princípios do con-
A instrução do processo administrativo dis-
traditório e da ampla defesa, dentre outras
ciplinar termina quando tudo o que deveria
medidas a serem adotadas, para que o pro-
ser produzido para o convencimento e pro-
cesso tenha sua forma e validade garantidas.
lação da decisão por parte da administração
pública foi efetivamente realizado.
Nesse momento também usado o bom sen-
so e a transparência, devendo ser indeferidos
Lembrando-se que havendo defeitos ou
atos que se apresentem como protelatórios
vício na produção de provas dentro da fase
ao andamento do processo administrativo dis-
da instrução, ou seja se for cerceado algum
direito garantido por Lei ao acusado, poderá ciplinar, bem como situações possam tentar
o processo ser considerado nulo, e caso já se confundir a comissão processante, é nulo pro-
tenha o julgamento, este também será nulo. cesso administrativo disciplinar que cerceie a
defesa.
Da defesa no processo administrativo
disciplinar Princípios do contraditório e ampla
defesa no processo disciplinar
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da com relação às Garantias Constitucionais, de estar fundada nos elementos dos autos
pois sem que esses princípios sejam obede- do processo administrativo disciplinar.
cidos, caracteriza-se o cerceamento de defe-
sa e consequentemente a nulidade dos atos Fase do julgamento no processo administrativo
cometidos daí por diante.
Ultrapassadas a instrução, a defesa e o re-
Do relatório no processo administrativo latório, é chegado o julgamento, que é uma
disciplinar decisão proferida pela autoridade ou órgão
competente sobre o objeto do processo. Tal
Produzidas as provas e obedecidas todas decisão, tem sua base na acusação, defesa
as formalidades legais, parte-se então para o e provas.
relatório do processo administrativo discipli-
nar, que é nada mais, nada menos, que uma
síntese daquilo que foi efetivamente apurado
no processo através dos meios probatórios
apresentados.
No entanto, pode a autoridade, após aná- Essa postura é adotada em atenção do de-
lise minuciosa do processo, divergir da pro- vido processo legal, que é elemento funda-
posta apresentada, sem qualquer ofensa ou mental pata que haja validade no processo
desrespeito aos responsáveis pelo relatório, administrativo disciplinar, eliminando assim a
desde que fundamente com base nos autos possibilidade de julgamentos discricionários
o seu entendimento. Ou seja, o relatório não em torno de tais processos.
tem cunho de decisão, sendo apenas uma
síntese do que foi apurado dentro da comis- Embora seja reconhecido que a autoridade
são nomeada. coatora tem o poder de decidir a intensidade
da decisão, como por exemplo à aplicabilida-
É bem verdade que existe, digamos, uma de da sanção, ou seja, se será uma sanção
sugestão da comissão com relação ao que mais branda ou uma mais violenta, de acor-
deve ser aplicado ao caso, porém não é do com seu entendimento do que foi provado
obrigatório que a autoridade julgadora siga dentro do processo administrativo disciplinar,
o que lhe foi sugerido, podendo inclusive não é permitido a autoridade coatora punir o
essa indeferir a pretensão postulada pela co- impunível, ou mudar entendimentos.
missão apuradora da falta grave, se estiver
convencida do contrário do que foi pedido, É importante saber que apesar de ser uma
é claro que esse livre convencimento e essa autoridade coatora a mesma não está acima
discricionariedade da autoridade coatora tem da Lei, tendo assim que obedecer a legisla-
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Formação do ato administrativo, processo e procedimento
ção pátria e aplicar a sanção que a Lei permi- produção dessas conseqüências. Ex.: A
te, independente de rancores pessoais. construção de uma obra pública; o ato de
ministrar uma aula em escola pública; o ato
Da forma como foi analisada a estrutura
de realizar uma cirurgia em hospital público,
do processo administrativo disciplinar, parece
ser simples e menos importante que o pro-
cesso judicial, contudo o processo adminis-
trativo tem grande importância no meio da O Fato Administrativo não se destina a
administração pública e seus princípios são
produzir efeitos no mundo jurídico, embora
encarados seriamente como meios de prote-
muitas vezes esses efeitos ocorram, como
ção ao devido processo legal.
exemplo, uma obra pública mal executada vai
Lei geral de processo administrativo. Lei. causar danos aos administrados, ensejando
N9.784 de 29 de janeiro de 1999. indenização. Uma cirurgia mal realizada em
http://www.ufmg.br/pj/5.0.aleigeraldo
um hospital público, que também resultará
processoadministrativo.PDF na responsabilidade do Estado.
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Formação do ato administrativo, processo e procedimento
Atos Enunciativos: aqueles que se limitam competência ao agente para a sua prática. O
a certificar ou atestar um fato, ou emitir opinião Administrador não pode fugir da finalidade que
sobre determinado assunto; não se vincula a a lei imprimiu ao ato, sob pena de nulidade do
seu enunciado. Ex.: Certidões; Atestados; Pa- ato pelo desvio de finalidade específica.
receres.Atos Punitivos: atos com que a Ad-
ministração visa a punir e reprimir as infrações Havendo qualquer desvio, o ato é nulo por
administrativas ou a conduta irregular dos ad- desvio de finalidade, mesmo que haja rele-
ministrados ou de servidores. É a aplicação do vância social.
Poder de Policia e Poder Disciplinar. Ex.: Multa;
Forma: é a maneira regrada (escrita em lei)
Interdição de atividades; Destruição de coisas;
de como o ato deve ser praticado; É o revesti-
Afastamento de cargo ou função.
mento externo do ato; é vinculado.
Requisitos do administrativo Em princípio, exige-se a forma escrita para
a prática do ato. Excepcionalmente, admitem-
Competência, Finalidade, For- -se as ordens através de sinais ou de voz,
ma, Motivo e Objeto como são feitas no trânsito. Em alguns casos,
a forma é particularizada e exige-se um deter-
Competência: é o poder, resultante da lei, minado tipo de forma escrita.
que dá ao agente administrativo a capacidade
de praticar o ato administrativo; é vinculado; Motivo: é a situação de direito que autori-
za ou exige a prática do ato administrativo;
É o primeiro requisito de validade do ato ad- motivação obrigatória - ato vinculado pode
ministrativo. Inicialmente, é necessário verificar estar previsto em lei (a autoridade só pode
se a Pessoa Jurídica tem atribuição para a prática praticar o ato caso ocorra a situação prevista),
daquele ato. motivação facultativa - ato discricionário
ou não estar previsto em lei (a autoridade
É preciso saber, em segundo lugar, se o órgão tem a liberdade de escolher o motivo em vista
daquela Pessoa Jurídica que praticou o ato, es- do qual editará o ato);
tava investido de atribuições para tanto. Final-
mente, é preciso verificar se o agente público que A efetiva existência do motivo é sempre um
praticou o ato, fê-lo no exercício das atribuições requisito para a validade do ato. Se o Adminis-
do cargo. O problema da competência, portanto, trador invoca determinados motivos, a valida-
resolve-se nesses três aspectos. de do ato fica subordinada à efetiva existência
desses motivos invocados para a sua prática. É
• A competência admite DELEGAÇÃO E a teoria dos Motivos Determinantes.
AVOCAÇÃO. Esses institutos resultam
Objeto: é o conteúdo do ato; é a própria
da hierarquia.
alteração na ordem jurídica; é aquilo que o ato
dispõe. Pode ser vinculado ou discricionário.
Finalidade: é o bem jurídico objetivado
pelo ato administrativo; é vinculado; Ato vinculado
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Formação do ato administrativo, processo e procedimento
Ato discricionário
Mérito Administrativo
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Formação do ato administrativo, processo e procedimento
Revisão
Atributos e qualidades do Ato Administrativo
Presunção de Legitimidade:
Imperatividade:
É a qualidade pela qual os atos dispõem de força executória e se impõem aos particulares,
independentemente de sua concordância; Ex.: Secretário de Saúde quando dita normas de
higiene – decorre do exercício do Poder de Polícia – pode impor obrigação para o adminis-
trado.
Auto-Executoriedade:
É o atributo do ato administrativo pelo qual o Poder Público pode obrigar o administrado
a cumprí-lo, independentemente de ordem judicial;
Quanto
Atos Exemplos
aos
Edital;
destinam-se a uma parcela grande de
Gerais sujeitos indeterminados e todos aqueles que Regulamentos;
se vêem abrangidos pelos seus preceitos;
Instruções.
Demissão;
Destinatários
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Formação do ato administrativo, processo e procedimento
Circulares;
os destinatários são os órgãos e agentes da
Internos Portarias;
Administração; não se dirigem a terceiros
Instruções;
Admissão;
Alcance
Desapropriação;
aquele que a administração pratica no
Império gozo de suas prerrogativas; em posição Interdição;
de supremacia perante o administrado;
Requisição.
Alienação e
são os praticados pela Administração em
Gestão situação de igualdade com os particulares, Aquisição de bens;
sem usar sua supremacia;
Certidões
Objeto
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