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GOVERNO REGIONAL
Cursos de Educação e
SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO
Formação
Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos do Estreito de Câmara de Lobos Decreto Legislativo
N.º do Código do Estabelecimento de Ensino 3102-202 Nº de Telefone: 291945614/15 Fax: 291947271
Página Web: http://www.ebecl.com
Regional nº 17/2005/M,
de 11 de Agosto
FICHA DE TRABALHO
Cena Introdutória
1. Identifica o espaço no qual se desenrola a ação.
A ação desenrola-se no cais de um rio.
2. Antes da chegada do Fidalgo, o Diabo e o Companheiro destacam-se em cena.
Explicita a relação existente entre estas duas personagens.
O Diabo é o mestre da barca e o Companheiro é o seu ajudante.
3. Que atitudes do Diabo revelam a sua experiência como Barqueiro?
4. Indica dois adjetivos que caracterizem o ambiente que se vive na barca do
Diabo.
O ambiente é festivo e animado.
5. Explica por que motivo o Diabo se encontra cheio de pressa.
Esta pressa advém da vontade e da satisfação de preparar
rapidamente a barca, uma vez que são esperados muitos
passageiros, dentro de pouco tempo. Por este motivo, vai debitando
ordens sucessivas ao companheiro.
6. Transcreve as formas verbais que traduzem as ordens dadas.
“Vai, atesa, despeja, abaxa, faze, alija, põe” são formas verbais que
traduzem as ordens dadas.
7. Identifica o modo verbal utilizado.
O modo verbal utilizado é o Imperativo.
8. O Diabo utiliza uma linguagem que revela algum conhecimento náutico.
Indica as palavras deste campo lexical.
Caro, ré, atesa, palanco, leito, poja, lesta, alija, driça, verga alta,
âncora a pique.
9. Apresenta uma justificação para o facto do Diabo afirmar que se trata de um
dia de “festa”.
Trata-se de um dia de ”festa” porque o Diabo prevê que terá muitos
passageiros na sua barca para irem para o Inferno: “e despeja aquele
banco/ para a gente que vinrá”.
10. Embora o Anjo se encontre em cena, este não se manifesta. Apresenta
uma explicação lógica para o silêncio do Anjo.
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O Anjo sabe que serão poucos aqueles que embarcarão consigo para
o Paraíso, daí que adote uma postura mais recatada.
Cena do Fidalgo
1. Indica os símbolos cénicos referentes a esta personagem.
A cauda comprida, a cadeira de espaldas e o pajem.
2. Dos elementos que identificaste, indica aquele que simboliza:
a) o estatuto social da personagem; cauda
b) a exteriorização da prática religiosa; cadeira de espaldas
c) a exploração do povo; pajem
3. Quais as acusações que o Diabo lhe faz?
O Diabo acusa o Fidalgo de ter levado uma vida imoral e de prazer,
abusando do poder, simbolizado pela cadeira.
4. Caracteriza D. Anrique, tenho em conta a crítica generalizada à sua classe social.
O Fidalgo era arrogante, presunçoso (pera senhor de tal marca/ non há aqui
mais cortesia?), vaidoso (pera vossa fantesia), autoritário (venha prancha e
atavio), tirano (cuidando na tirania / do pobre povo queixoso) e prepotente
(desprezastes os pequenos).
5. O Fidalgo usa diferentes argumentos para justificar a sua pretensão de entrada na
Barca da Glória.
Explicita os argumentos de autodefesa apresentados pela personagem julgada.
Para se defender, o Fidalgo baseia-se, em primeiro lugar, no seu estatuto
social, como se depreende da seguinte passagem: “sou fidalgo de solar/ é
bem que me recolhais”. Argumenta ainda que tem quem reze pela sua
alma: “Que leixo na outra vida /quem reze sempre por mi”.
6. Em relação a um dos argumentos que o Fidalgo apresenta ao Diabo, está implícita
uma crítica a uma certa prática da religião. Indica-a.
Gil Vicente pretende criticar as rezas mecânicas, falsas e sem devoção.
7. Identifica as duas mulheres que o Fidalgo deseja rever.
A mulher e a amante (“dama querida”)
8. Por que razão o Diabo dispensa a cadeira que o Fidalgo traz consigo?
A cadeira de espaldas simboliza o estatuto social de conforto, ociosidade e
poder.
9. Prova que nesta cena estão documentados os cómicos de linguagem, de caráter e de
situação.
Linguagem: O Diabo chama-lhe “`Ó precioso dom Anrique”; este diz
“gericocins” (asnos) dirigindo-se à barca do Anjo.
Situação: o Fidalgo passa de uma atitude de prepotência à humilhação
causada pelo Diabo.
Carácter: o Fidalgo revelou-se ingénuo em relação à amante.
10.Atenta no excerto seguinte:
FIDALGO Esta barca onde vai ora,
que assi’stá apercebida?
DIABO Vai para a ilha perdida,
e há-de partir logo ess’ora.
11.Substitui a palavra “ora” por outro advérbio de tempo. Agora
12.Qual a figura de estilo utilizada em “ilha perdida”. Eufemismo
13.Diz em que medida a canção do Diabo prenuncia o derradeiro destino do Fidalgo.
Na sua canção, o Diabo refere indiretamente que o Fidalgo não tem outra
alternativa senão entrar na sua barca “Vós me veniredes a la mano”.
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14.Comprova que o Fidalgo foi engando pela “dama querida”, mas também pela
“mulher”.
Ao contrário do que pensava, a “dama querida” fingia amá-lo e era-lhe
infiel, bem como a própria esposa ficou feliz com a sua morte (“foi dar
graças infinitas/a quem a desassombrou”)
15.Por que motivo, o pajem não entra na barca do Diabo?
O pajem é símbolo de exploração de que o povo era vítima, pelo que não
entra na barca do Diabo.
Cena do Onzeneiro
1. O Diabo começa por tratar o Onzeneiro por vós, passando em seguida a trata-
lo por tu. Justifica esta mudança de tratamento.
O Diabo não dá nome ao Onzeneiro, dizendo-o, porém, seu parente e trata-
o por vós (vv. 182-1 84). No entanto, a partir do momento em que o
Onzeneiro o trata por tu (v. 197), o Diabo adopta igualmente essa forma de
tratamento (v. 201) que mantém até ao final.
2. Indica os símbolos cénicos com que o Onzeneiro se faz acompanhar.
O Onzeneiro faz-se acompanhar de um bolsão.
3. Aponta as acusações que são feitas ao Onzeneiro e justifica com passagens
do texto.
O Onzeneiro era um usurário que enriquecera à custa dos altos juros
de dinheiro que emprestara aos necessitados, a quem o Diabo chama
seu parente (v. 183). Falecera no exercício da “çafra do apanhar” (v.
186) do dinheiro próprio e alheio. O Anjo acusa-o dessa obsessão
maldita de que tinha o coração cheio. Assim, quando o Onzeneiro lhe
diz que o bolsão vai vazio, o Anjo riposta — “Não pino teu coração”
(v. 220)— e profere a seguinte frase sentenciosa — “Ó onzena, como
es fea / e filha de maldição!” (vv. 223-224).
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mi!” (vv. 194-1 95). A linguagem do Anjo, pelo contrário, é incisiva,
fria, justa e sentenciosa: “Ó onzena, como es fea/e filha de
maldição!” (vv. 223- 224).
Cena do Parvo
1. Ao contrário do que acontece com as personagens anteriores, o Diabo não
reconhece de imediato Joane, o Parvo. Indica uma explicação lógica para o
facto do Diabo não o reconhecer.
Ao contrário das outras personagens, o Parvo não traz qualquer
adereço que permita a sua identificação.
2. Explica por que razão este texto provoca o riso no leitor/espetador.
7. Atenta nos seguintes versos: Quem és tu? / Samica alguém (v. 310). Relaciona
esta autoapresentação com o destino da personagem.
A réplica do Parvo à pergunta do Anjo traduz a sua simplicidade e
inconsciência, O Parvo representa a candura dos pobres de espírito que
não erram por malícia e que, por isso, merecem a salvação.
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As razões que estão na base de tal assentimento estão relacionadas
com a inocência e a simplicidade desta personagem. Por um lado, o
Parvo nunca pecou por maldade (“per malícia nom erraste” — v. 301),
por outro, a sua condição de simples de espírito garantia-lhe um lugar
no Paraíso (“Tua simpreza t’abaste /pera gozar dos prazeres” — vv. 302-
303).
Cena do Sapateiro
1. Comenta a ironia com que o Diabo recebe o Sapateiro.
Ao utilizar os adjetivos santo e honrado para caracterizar o Sapateiro, o
Diabo pretende criticá-lo e não elogiá-lo. O Diabo atribui a estas palavras
um significado oposto àquele que na realidade têm, indiciando e
simultaneamente denunciando os pecados do Sapateiro: não é santo — é
pecador; não é honrado — é ladrão.
2. Indica os crimes praticados pelo réu e justifica com passagens do texto.
O Sapateiro é acusado pelo Diabo e pelo Anjo de ter enganado e roubado o
povo no exercício da sua profissão, ou seja, não viveu com retidão. Assim
o Diabo dirige-lhe as seguintes acusações: “calaste dous mil enganos. / Tu
roubaste bem trinta anos / o povo com teu mester.” (w. 325-328); “Ouvir
missa, então roubar —/ é caminho per’aqui” (vv. 334-336); e os dinheiros
mal levados, / que foi da satisfação” (vv. 338 -339). O Anjo reforça essas
mesmas acusações: “Essa barca que lá está / leva quem rouba de praça”
(vv. 350-351); “Se tu viveras direito, / elas foram cá escusadas” (vv. 358
-359).
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4. Expõe os argumentos a que recorre o Sapateiro para mostrar que não devia
entrar na Barca do Inferno.
Os seus argumentos são de ordem religiosa. O réu alega que morreu
confessado e comungado (v. 321), assistiu a missas (v. 332) e deu esmolas
(v. 336).
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que formulara: “Devoto padre marido” (v. 415). O Anjo não se digna sequer a dirigir-lhe a palavra, sendo
substituído pelo Parvo que reforça esta última acusação do Diabo: “Furtaste o trinchão, frade?” (v. 466).
5. O Frade faz parte do clero regular que, ao optar pela vida religiosa, assume,
por amor a Deus, três votos: castidade, pobreza e obediência. Comenta esta
afirmação, tendo em conta a cena do Frade.
O Frade representa a devassidão do clero regular da época, que, em lugar de praticar a castidade, a pobreza e a
obediência, leva uma vida mundana, luxuriosa, dissoluta e libertina. Ele próprio se considera cortesão (v. 372),
admite folgar com ua mulher (v. 410) e revela--se um espadachim pretensioso (vv. 420-422).
Cena da Alcoviteira
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1. Ao contrário das outras personagens, assim que chega ao cais, Brísida Vaz
tem perfeita noção do destino da barca do Inferno. Comprova a veracidade
desta afirmação.
Brísida Vaz não interpela o Diabo sobre o destino da viagem, mas recusa
de imediato entrar na sua barca.
4. Brísida transporta consigo uma série de elementos distintivos. Por que motivo
a Alcoviteira afirma tratar-se do que lhe “convém levar”.
Brísida pretende continuar a exercer a sua profissão depois da morte.
5. Brísida Vaz pensa que tem direito a ser salva. Indica os seus argumentos para
exprimir a sua pretensa inocência.
A Alcoviteira não tem consciência da gravidade dos seus pecados nem da imoralidade da sua profissão.
Considera-se um mártir, porque era perseguida pela justiça “eu sô ua martela tal” e compara a sua
missão à dos apóstolos “e eu som apostolada”, porque converteu mais moças do que Santa Úrsula,
nenhuma delas se perdeu e todas se salvaram.
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Cena do Judeu
1. Traça o percurso cénico da personagem.
Barca do Inferno.
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Ambas estão ligadas à pratica fraudulenta da justiça: aceitar subornos,
não ser imparcial nas sentenças, enriquecer à custa do trabalho dos
lavradores ingénuos, falta d respeito a Deus.
3. Expõe os argumentos de defesa apresentados pelas duas personagens.
O Corregedor alega que os representantes do Rei eram invioláveis e diz
que sempre procedeu com justiça e imparcialidade. Quanto aos subornos,
atira as culpas para a mulher pois ela é que recebia as prendas. O
Procurador alega que não se confessou pois foi apanhado de surpresa.
4. Caracteriza a linguagem usada por ambos.
Ambos falam com o Diabo em latim jurídico. A linguagem destas
personagens identifica-se com a sua profissão, reflete o seu estatuto
social e pretende marcar a sua superioridade.
5. Indica os tipos de cómico presentes no texto e exemplifica.
Cómico de situação – o Corregedor, juiz do tribunal terreno, torna-se
reu no tribunal divino.
Cómico de caráter – as personagens atuam como se estivessem ainda
ano mundo
Cómico de linguagem – falas do Diabo e do Parvo que usam o Latim
macarrónico para os ridicularizar.
6. Explica a intencionalidade desta cena.
Pretende-se criticar a justiça dos homens que e corrupta parcial e
injusta.
7. No final a cena, verificamos que o Corregedor e a Alcoviteira já se conheciam.
Justifica a afirmação.
O Corregedor conhecia a Alcoviteira, pois várias vezes a julgou pela
prática da sua profissão ilegal.
Cena do Enforcado
1. Indica os adereços que traz consigo.
2. Apresenta os argumentos de defesa do Enforcado.
3. Determina a reação do Enforcado face ao convite do Diabo
para entrar na sua barca.
4. Explica a intencionalidade crítica desta cena.
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3. Expõe as razões por que os Cavaleiros merecem entrar na barca do Paraíso,
justificando com passagens do texto.
Os Cavaleiros lutaram e morreram pela fé católica, pelo que são
mártires da “madre Igreja”, merecendo a salvação.
4. Indica a diferença entre o percurso cénico dos Cavaleiros e o das outras
personagens.
Cais – Barca do Anjo
5. Explica o motivo que levou Gil Vicente a colocar estas personagens no final da
peça.
Gil Vicente termina este Auto com uma cena triunfante que contrasta com as anteriores. Deste modo, Gil
Vicente exprime a sua fé na salvação e incita os espetadores a confiarem em Deus.
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