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INTRODUÇÃO

Existem muitos debates quando se fala de Teologia do Antigo Testamento, como por
exemplo, se devemos realmente falar em “Teologia” ao invés de “Teologias” do Antigo
Testamento. Isso por considerar a metodologia empregada ao analisar o texto Bíblico, mas,
para a comunidade da Fé a forma canônica é suficiente, porém no mundo acadêmico o debate
ainda continua.

Este trabalho apresenta a forma canônica do testemunho do Sinai. É uma pesquisa


dos livros de Êxodo, Números e Levítico. Os livros de Gênesis e Deuteronômio estão
relacionados por isso também serão apresentados como uma introdução e uma conclusão.
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A FORMA CANÔNICA DO TESTEMUNHO DO SINAI

Os livros de Êxodo, Levítico e Números são a parte central do Pentateuco. Neles a


vontade de Deus é expressa de forma completa e direta. Os livros de Gênesis e Deuteronômio
estão diretamente ligados a eles.

No livro de Gênesis de forma resumida encontramos em seu relato como se deu à


queda do homem, o juízo que Deus trouxe a humanidade através do diluvio e a chamada de
Abraão por meio do qual Deus abençoaria todas as famílias da terra, o abençoando e fazendo
dele uma grande nação. Abraão teve um filho chamado Isaque, Isaque teve um filho chamado
Jacó e Jacó teve um filho chamado José por meio do qual Deus o levantou como governador
no Egito e preservou ali a descendência de Abraão. Quando a Bíblia começa a falar da vida de
José (em Gn 37) já é uma introdução ao livro de Êxodo. O livro de Êxodo começa com a letra

hebraica: ‫ו‬, waw, que significa “e”, essa conjunção é sinal claro de que o livro de Êxodo está

vinculado intimamente com o livro de Gênesis.

O livro de Gênesis termina narrando a morte de José, o livro de Êxodo nos conta que
Deus no Egito abençoou a descendência de Abraão de forma que “os filhos de Israel
frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de
maneira que a terra se encheu deles.” (Êxodo 1.7). A descendência de Abraão agora já era
uma nação como Deus tinha prometido, porém “depois, levantou-se um novo rei sobre o
Egito, que não conhecera a José” (Êxodo 1.8) que temeu ao ver que os filhos de Israel eram
muitos e mais poderoso do que os egípcios, então os egípcios os oprimiram fazendo amarga a
vida dos hebreus com dura servidão. Nesse momento Deus levanta um homem chamado
Moisés, que por meio dele tira o povo de Israel do Egito e os livra da dura servidão.

Deus tirando Israel do Egito fez dele seu filho (Êxodo 4.22,23), se revelando a eles
como seu Pai por meio de suas ações: trouxe Israel à existência como nação; alimentou e os
guiou. Israel não era um filho no sentido adotivo, ou no sentido de uma mera unidade étnica,
política ou social. Pelo contrário, era um filho criado (formado ao ser liberto do Egito), salvo
e guardado por Deus, o seu Pai. Como filhos verdadeiros, os israelitas tinham de imitar seu
Pai na prática. Quando Deus apareceu a Moisés no monte Horebe atrás do deserto (Êxodo 3.1)
Deus falou que Moisés serviria a Ele naquele monte quando tudo que ele falou com relação à
libertação do povo de Israel se cumprisse (Êxodo 3.12). No monte Sinai Deus aparece e fala
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aos ouvidos de todo o Israel todos os seus mandamentos (Êxodo 20.1-17) e se Israel
obedecesse a Deus se tornaria sua propriedade peculiar (Êxodo 19.5), reino sacerdotal e povo
santo (Êxodo 19.6).

Quando Deus entrega os seus mandamentos à nação de Israel para que ela pudesse
ser uma nação “santa”, ou seja, separada das demais nações (ou diferente das demais nações)
Deus sabia que os Israelitas iriam errar, falhar, desobedecer em algum ponto de seu
mandamento, por isso institui Moisés e seu irmão Arão junto com seus filhos a serem
sacerdotes e ministrarem diante de Deus em favor da nação de Israel.

O livro de Levítico é um livro que instrui os Israelitas a como procederem após


pecarem contra os mandamentos do Senhor, o que deveriam fazer e como deveriam fazer etc.
Os primeiros sete capítulos apresentam o ensino sobre sacrifícios e, em seguida, a segunda
seção discorre sobre sacerdócio (Lv 8-10). Os capítulos 11 – 15 falam de leis de pureza.
Levítico 16 são instruções sobre o Dia da Expiação. Os capítulos 17 a 27 tratam da santidade
na família, em particular na atividade sexual, santidade em ordenações rituais, como
casamentos, ritos de pranto e lamentação, dias santos e dias de jejuns.

Números é um livro de transição, os israelitas foram libertos da escravidão no Egito e


recebem a Lei de Deus no Sinai (Ex, Lv). Esse é o seu passado. Seu futuro está na terra que
Deus, há muito tempo prometera aos descendentes de Abraão (Gn). Números relata a história
da jornada desde o Sinai até Canaã, a última etapa da longa viagem que conduz da escravidão
ao descanso na Terra Prometida. O livro de Números nos da uma noção de como Deus
abençoou a descendência de Abraão. Deus prometeu a Abraão dar-lhe numerosos
descendentes (Gn 13.16). O livro de Números registra o censo da primeira geração daqueles
que poderiam ir para a guerra (Número 1-4). E o censo da segunda geração no capítulo 26.

O livro de Deuteronômio, em grande parte, consiste dos últimos sermões de Moisés.


Quando da abertura de Deuteronômio, o povo de Israel está acampado nas planícies do rio
Jordão em frente de Canaã. Todos aqueles que viram os muitos milagres com que Deus
rompeu cadeias da escravidão no Egito já tinham morrido, vítimas de sua má vontade em
confiar no Senhor. Uma nova geração tinha crescido durante os 40 anos de peregrinação no
deserto. Esta nova geração que ficou unida ao Senhor (Dt 4.4) está ansiosa por cruzar o rio
Jordão e enfrentar o entrincheirado poderio dos cananeus.
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No entanto Moisés o líder em cuja piedade e compromisso com Deus o povo de


Israel confiava, estava prestes a morrer. Josué dera o novo líder que levará os exércitos do
Senhor para a batalha do outro lado do rio. Moisés consciente de seu destino, reúne o povo
que conduziu e amou para ouvir suas últimas palavras. Essas palavras, capturadas para nós
nas páginas do Deuteronômio, resumem as verdades centrais e princípios básicos que Moisés
chegou a entender através de todos seus muitos anos de intimo relacionamento com o Senhor.
Falando sob inspiração do Espírito de Deus, Moisés conta a história da obra salvadora de
Deus para Israel. Explica os motivos que se encontram por trás da escolha que Deus fez
elegendo Israel e pela entrega da lei de Deus. E Moisés continua, revendo e adicionando às
instruções preliminares para o viver santo.

Talvez a mais incomum característica de Deuteronômio seja seu formato. Moisés


adota como padrão para sua mensagem o tipo heteu de tratado de suserania. Esse tipo de
tratado não foi utilizado depois de 1200 a.C., fato que apóia a autoria de Moisés. A estrutura
do tratado convida-nos a ver Deuteronômio como uma constituição nacional: um acordo entre
Deus como governador da nação, e Israel como Seu povo.

O titulo “Deuteronômio” vem da Septuaginta e significa “Segunda Lei”. O livro


consiste nas mensagens de despedida de Moisés, nas quais ele sumariou e renovou o concerto
entre Deus e Israel, para o bem da nova geração de israelitas. Tinham chegado ao fim da
peregrinação no deserto e agora estavam prontos para entrarem na terra de Canaã. A nova
geração, na sua maior parte, não tinha lembrança pessoal da primeira Páscoa, da travessia do
mar Vermelho, nem outorga da Lei no monte Sinai. Careciam de uma narração inspirada do
concerto de Deus, da sua Lei e da sua fidelidade, bem como uma renovada declaração das
bênçãos resultantes da obediência e das maldições da desobediência. Enquanto o livro de
Números registra as peregrinações no deserto, da rebelde primeira geração de israelitas,
abrangendo um período de trinta e nove anos, Deuteronômio abrange um período de talvez
um só mês, numa só localidade, nas planícies de Moabe, diretamente a leste de Jericó e do rio
Jordão.
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CONCLUSÃO

Embora haja razões para se considerar o Pentateuco uma obra literária única e coesa,
os elementos pertinentes ao estudo do contexto de cada livro diferem grandemente.

Esses livros são os únicos a traçar a origem do homem em uma linha contínua a
partir de Adão. Todavia não é sua intenção apresentar a história completa de todas as raças,
mas sim um relato altamente especializado da implantação do reino teocrático no mundo e do
plano de redenção da humanidade. Nesse processo a história de Israel remonta a Abraão, por
meio de quem Deus prometeu a redenção.

Esses livros são ainda fundamentais. Retratam a pessoa e o caráter de Deus, a criação
do homem e sua queda, as alianças e promessas divinas de trazer a redenção, por meio de um
Redentor divino.
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BIBLIOGRAFIA

 RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD


 ELISSEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA
 STAMPS, Donaldo C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
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