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ESTUDOS SOBRE A NOCAO ORTEGUIANA DE FILOSOFIA A exposicgao do pensamento de um filésofo contempo- raneo nao levanta, em regra, problemas relativos a fontes', nem exige a reconstituigfo e compreenséo de mentalidades e atmosferas culturais proprias de épocas que passarat mas da origem, em contrapartida, a dificuldades de interpre- tagéo derivadas de uma proximidade excessiva. Na verdade, partilhando connosco os cuidados do tempo presente, sera dificil que nao nos apaixonem os temas centrais das suas reflexdes, e que a respeito da sua personalidade e da sua obra nao circulem prejuizos deformadores, da mais variada natureza e procedéncia. +A bibliografia sobre Ortega y Gasset indicada no livro de Francisco Xavier Pina Prata— Dialéctica da Razdo Vital, Lisboa, 1962, ¢ inteiramente satisfatoria até esta data. Dos livros publicados depois registamos os seguintes: GUY, A.— Ortega y Gasset, Critique d'Aristote, Paris, 1963: MORA, G. F. de la —Ortega y ef 98, Madrid, 1963; GARAGORRI, P.— Relecciones y disputa~ ciones orteguianas, Madrid, 1965; PESCADOR, J. H. S.— El derecho en Ortega, Madrid, 1965; WALGRAVE, J. H.— La filosofia de Ortega y Gasset (trad. do holandés por Luis Daal), Madrid, 1965; ABELLAN, J. L.—Ortega y Gasset en Ia filosofia espatola, Madrid, 1966; CERNI, V. A.— Ortega y d'Ors en la cultura artistica espafola, Madrid, 1966; HUESCAR, A. R.—Perspectiva y Verdad, Madrid, 1966; ARROXO, C. M.—El sistema de Ortega y Gasset, Madrid, 1968; DUJOVNE, L.—ZLa Conception de la Histoire en ta obra de Ortega y Gasset, Buenos Aires, 1968; GARAGORRI, P.—Unamuno, Ortega, Zubiri en la filosofia espafiola, Madrid, 1968; VIGANT, E.—Il pensiero de José Ortega y Gasset, Padua, 1968; GRANBLL, M.—La vecindad humana, 12 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS —FILOSOFIA E Ortega y Gasset, morto em 1955, € ainda, apesar da tao apregoada como mal entendida aceleragao do tempo histérico que vivemos’, um pensador actual que nos toca o espirito com extrema facilidade ¢ viveza. Madrid, 1969; GUY, A.— Ortega y Gasset, Paris, 1969; BOSCO, N.— Grteva y Gasser, Roma, 1970; GARAGORRI, P.—furoduceién a Ortega, Madrid, 1970; LOPEZ-QUINTAS, A. — Filosofia espanola contemporanea, Madrid, 1970. A Revista de Occidente, d2 Madrid, tem publicada a quase totalidade dos trabalhos do fildsofo na sua edigdo Obras Completus de Oriega y Gasset em 11 volumes. Em 1966, « Alianza Editorial, também d3 Madrid, deu a lume Unas lecciones de metafisxica, ainda n&o ineluidas na edi¢éo das obras completas. As citagdes feitas a0 longo do presente estudo referem-se as seguintes edigdes dos varios volumes das Obras Completas...: Vol. L, 6. ed., 1963; Yok. I, 6% ed., 1963; Vol. TH, 5° ed., 1962; Vol. IV, 54 ed, 1962; Vol. V, 6" ed., 1964; Vol. V1, 6." ed. 1964; Vol. VIL, 2 ed., 1964; Vol. VII, 2% ed., 1965; Vol. IX, 24 ed, 1965; Vol X, 1" ed., 1969 Vol. XI, 12 ed, 1969. > A aceleragdo do tempo histérico, por virtue dos presente condi- cionamentos sociais de ordem técnica, significa em nosso entender, para além de um sentido mitico que nos n&o interessa analisar aqui, precisamente © seguinte 4) Sendo, como se sabe, toda a comunicagdo — enuneiativa e (ou) activa —constituida pelos seguintes clementos estruturais: I. um emissor (alguém que comunica); I. uma mensagem (algo que € comunicado); II]. um cédigo (linguagem ou forma expressiva da mensagem); (IV, um recsptor (elguém que interpreta 0 cé¥igo ¢ capt a mensagem); V. © uma r-sposta (que fecha Jo confirmando a mensagem ou levando & sua © circuito da comuni rectificacio); 1b) podendo inserir-se, como se compreende, os cireuitos comunicatives, em transfinitas cadeias convergentes ou divergentes; ¢) @ actuando sé a rapidez ¢ alcance trazidos A comunivago pelos meios téenicos nos 2 titimos elementos estruturais (lornando a transmissiio da mensagem mais rapide © mais ampla, ¢ também naturalments mais répida a stta Tesposta), — Conclii-se que acéleragao do tempo histérica s6 se verifica nos movimentos meramente reactivos, ou passives, da vida social, © nfo nos seus momentos substantivos ou criadores. Na verdade, se ndo forem alimentadas pelo espirito, os complexos citcuitos comunicativos tendem pata uma repeti¢%o obsidiantemente timitadora, Para uma «massificago» ou nivelamento inferior dos homens: ¢, sendo assim, nfo haveré aceleragio, may retardamento do tempo histérico, Por isso, um dos grandes problemas sociais da era tecnoldgica em que vivemos consiste ‘em encontrar a forma de restabelecer © equilibrio dindmico dos varios elementos dos circuitos de comunicagio.

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