Você está na página 1de 64

ALVARO HENRIQUE SIQUEIRA CAMPOS SANTOS

As Sonatas para Violão

de Manuel Maria Ponce

BACHARELADO EM MÚSICA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

2004

i
ALVARO HENRIQUE SIQUEIRA CAMPOS SANTOS

As Sonatas para Violão

de Manuel Maria Ponce

Monografia apresentada

à Banca Examinadora da Universidade

de São Paulo, como exigência parcial

para obtenção do grau de bacharel em

música, sob a orientação do Prof. Dr.

Edelton Gloeden.

SÃO PAULO

2004

ii
DEDICATÓRIA

A quem me permitiu estudar quatro anos fora de casa, meu pai e minha mãe;

A todos que me ajudaram nesse período em que vivi nessa cidade, especialmente os
amigos (Luis Lieu e Leandro Manfio Ferreira em especial, mas seria injusto esquecer
de pessoas como Maécio Gomes, Natália, Liana Pereira, Ricardo Meira-Lins) e minha
namorada, Alda Regina Minioli, bem como toda sua família;

A todos os que me ajudaram na elaboração e apresentação desse trabalho, em especial


à simpaticíssima Corazon Otero e ao atual diretor da ECA, Waldenyr Caldas;

Ao meu pai, que trabalhou toda a vida em prol de seus filhos e faleceu poucos meses
antes de ver minha irmã e a mim formados.

iii
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

2 - BIOGRAFIA...........................................................................................................4

3 - A OBRA PARA VIOLÃO DE MANUEL PONCE E SUA RELAÇÃO COM


ANDRÉS SEGOVIA....................................................................................................9

4 – SONATAS PARA VIOLÃO SOLO DE MANUEL MARIA PONCE............13

4.1 – Comparação entre a edição urtext e a edição publicada das obras..............13

4.1.1 – Sonata Mexicana..............................................................................................14

4.1.2 – Sonata em Lá menor.........................................................................................17

4.1.3 – Sonata III..........................................................................................................17

4.1.4 – Sonata Clássica................................................................................................17

4.1.5 – Sonata Romântica.............................................................................................22

4.1.6 – Sonata de Paganini..........................................................................................32

4.2 – Apontamentos sobre a forma das sonatas para violão solo de Manuel Maria
Ponce............................................................................................................................34

4.2.1 – Sonata Mexicana..............................................................................................35

4.2.1.1 – Allegro moderato...........................................................................................36

4.2.1.2 – Andantino affettuoso.........................................................................................38

4.2.1.3 – Allegretto, quasi serenata...................................................................................39

4.2.1.4 – Allegretto un poco vivace..................................................................................40

4.2.2 – Sonata III..........................................................................................................41

4.2.2.1 – Allegro moderato..............................................................................................41

4.2.2.2 – Chanson – Andantino molto espressivo...............................................................43

4.2.2.3 – Allegro non troppo............................................................................................44

4.2.3 – Sonata Clássica................................................................................................45

iv
4.2.3.1 – Allegro.............................................................................................................46

4.2.3.2 – Andante............................................................................................................48

4.2.3.3 – Menuet – Trio...................................................................................................48

4.2.3.4 – Allegro.............................................................................................................49

4.2.4 – Sonata Romântica.............................................................................................50

4.2.4.1 – Allegro non troppo, semplice.............................................................................50

4.2.4.2 – Andante............................................................................................................52

4.2.4.3 – Moment Musical – Vivo....................................................................................53

4.2.3.4 – Allegro non troppo e serioso..............................................................................54

4.2.5 – Sonata de Paganini..........................................................................................55

5 - CONCLUSÃO.......................................................................................................56

6 - BIBLIOGRAFIA...................................................................................................57

ANEXOS

PRIMEIRA EDIÇÃO DAS SONATAS PARA VIOLÃO SOLO DE PONCE......1

Sonata Mexicana...........................................................................................................2

Sonata III.....................................................................................................................17

Sonata Clássica............................................................................................................27

Sonata Romântica.......................................................................................................39

EDIÇÃO URTEXT DAS SONATAS PARA VIOLÃO SOLO DE PONCE........53

Sonata Mexicana.........................................................................................................54

Sonata III.....................................................................................................................62

Sonata Clássica............................................................................................................70

Sonata Romântica.......................................................................................................78

v
Sonata de Paganini......................................................................................................89

OUTROS ANEXOS...................................................................................................99

Manuscrito do terceiro movimento da Sonata Mexicana.....................................100

Manuscrito da Sonata de Paganini..........................................................................101

Manuscrito de uma versão em andamento da Sonata Clássica............................112

Edição da Sonata a Chitarra Sola com Acompagnamiento di violino de


Paganini.....................................................................................................................115

E-mail de Angelo Gilardino ao autor do presente trabalho.................................126

vi
1 - Introdução

Manuel Maria Ponce (1882-1948) está entre os compositores que mais

escreveram para violão no século XX. Isso já seria suficiente para despertar nos

violonistas o interesse de estudá-lo, mas sua obra tem ainda outras peculiaridades

significativas: ele é um dos primeiros compositores nacionalistas latino-americanos;

sua produção violonística é altamente idiomática; ele emprega várias linguagens

musicais nas suas peças para violão (vide quadro 1) e sua primeira peça para violão

tornou-se o terceiro movimento de uma sonata (a Sonata Mexicana), primeira sonata

para violão solo escrita após um hiato de cerca de cem anos. O fato de a obra ser uma

sonata é mais inusitado se considerarmos que poucos compositores se aventuram a

escrever pela primeira vez para violão uma obra longa.

Toda a produção musical de Ponce não está alinhada às vanguardas musicais

de seu tempo, especialmente com a segunda escola de Viena. Há na obra violonística

de Ponce peças com linguagens distintas, separáveis em três grandes grupos, que

nesse trabalho nós denominaremos de Nacionalismo, Impressionismo e obras de

epígono1. Serão tidas como Nacionalistas as obras que empregam conscientemente

elementos folclóricos do México; Impressionistas as obras que procuram obter um

resultado estético similar ao das obras de Gabriel Fauré (1845-1924), Claude Debussy

(1862-1918) e Maurice Ravel (1875-1937) e, por fim, obras de epígono as obras que

deliberadamente foram compostas com o objetivo de imitar o estilo de outros

compositores. Todas as suas obras para violão conhecidas até o presente momento

estão classificadas a seguir nesses três grupos.

1
Em MED, Bohumil. Teoria da Música, Brasília, Editora Musimed, 1996, p. 396 esse termo é definido
como “compositor que segue o estilo dos grandes mestres”.

1
Quadro 1: Linguagem das obras para violão solo de Manuel Maria Ponce
2
Obra Data Cidade Linguagem predominante
Sonata I – Sonata Mexicana c. 1923 México Nacionalista
Canciones Mexicanas out. 1925 México Nacionalista
Prélúde 23 dez. 1925 Paris Impressionista
Thème varié et Finale 21 ago. 1925 Paris Impressionista / traços românticos
Sonata II - Sonata em Lá - Paris -
Menor3
Sonata III c. 1927 Paris Impressionista, uso de elementos espanhóis no
terceiro movimento.
Sonata IV – Sonata dez. 1927 – Paris Obra de epígono à Franz Joseph Haydn
Clássica jan. 1928
Sonata V - Sonata ago. 1928 Paris Obra de epígono à Franz Schubert
Romântica
Suíte I – Suíte de Weiss c. 1929 Paris Obra de epígono ao estilo Barroco
24 Prelúdios fev. 1929 Paris Misto: obra de epígono (clássico e barroco),
caráter espanhol, nacionalista, impressionista
Estúdio 19 maio 1930 Paris Obra de epígono: romantismo/ caráter espanhol
Sonata VI – Sonata de 31 ago. 1930 Paris Livre adaptação sobre a Grand Sonata a
Paganini Chitarra Sola com Acompagnamiento di
violino de Paganini
Sonatina dez. 1930 Paris Impressionista / caráter espanhol
Prelúde, Ballet y Courante out. 1931 Paris Obra de epígono ao estilo Barroco
Prelúdio, Tema, Variações 1931 a 1932 Paris Misto: impressionista, nacionalista, exercício
e Fuga de estilo
Suíte II – Suíte de Scarlatti jan. a jun. de Paris Obra de epígono ao estilo Barroco
1932
Final del Homenaje a jan. 1932 Paris Impressionista
Tárrega4
Cuatro Piezas 1932 a 1933 Paris Misto: caráter espanhol, impressionista e
/México cubano
Viñetas (dedicada a Jesús 11 maio 1946 México Impressionista
Silva)
Seis Prelúdios Fáciles 2 set. 1947 México Nacionalista
(dedicada à filha de Carlos
Chavez)
Variaciones (dedicada ao 8 fev. 1948 México Misto: impressionista, nacionalista e obra de
Pe. Brambilla)5 epígono
Fonte: ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, p. 6
Nota: Dados trabalhados pelo autor

2
Será utilizada a nomenclatura proposta por Alcazar (2000, p. 6), embora se trate de uma nomenclatura
conflitante com a da primeira edição dessas peças, por se tratar de uma edição urtext e a única integral
da obra para violão solo de Ponce.

3
Obra tida como extraviada. O musicólogo italiano Angelo Gilardino afirma ter em sua posse
fragmentos do último movimento, conforme correspondência em anexo, e devido a compromissos
legais não pode me permitir o acesso a essa partitura.

4
Os dois primeiros movimentos são tidos como extraviados, só restando o terceiro movimento, que foi
publicado pela primeira vez em PONCE, Manuel Maria. Homenaje a Tárrega per chitarra. Ancona:
Bèrben, [s/d]. Revisão e digitação: Angelo Gilardino.

5
ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, p. 296
diz que o tema utilizado não é de autoria de Cabezón mas que se trata do tema Filii et Filiae, do Líber
Usualis católico.

2
Nota-se que as formas empregadas são sonatas (em número de seis), peças

características (seis obras, cinco com mais de um movimento), temas com variações

(três obras), sonatinas (duas), suítes (duas), uma peça didática e um arranjo de

canções populares mexicanas. As obras Nacionalistas são três, escritas no México; as

Impressionistas são seis, das quais cinco foram escritas em Paris, e as obras de

epígono são seis, todas escritas em Paris. Algumas obras apresentam uma linguagem

mista (quatro obras escritas em México e Paris). Essas últimas não são obras que

fundem perfeitamente essas três linguagens num só estilo por toda a peça, mas que

apresentam mudanças de linguagem entre seus movimentos. Uma análise mais

detalhada da relação entre o período, a cidade e a linguagem de cada uma das Sonatas,

objeto desse estudo, será fornecida adiante.

À exceção das três últimas peças desse compositor, todas as obras

mencionadas no quadro 1 foram escritas graças ao incentivo de Andrés Segovia

(1893-1987), violonista espanhol que ao longo de sua carreira procurou fomentar a

produção de obras para violão feitas por compositores não-violonistas6.

O conjunto de seis sonatas constitui um dos grupos mais representativos da

produção para violão solo de Ponce, pois apresenta todas as tendências estéticas

empregadas em sua obra violonística. Além disso, a publicação das cartas trocadas

entre o compositor mexicano e Segovia permite acompanhar a composição de cada

uma dessas obras.

6
De acordo com o musicólogo norte-americano Matanya Orphée, em consulta ao fórum violão erudito
(Disponível em:
<http://www.forumnow.com.br/vip/mensagens.asp?forum=26122&grupo=74032&topico=2544068&nrpa
g=1>. Acesso em: 23 nov. 2004), a mais antiga obra para violão solo escrita por um compositor não-
violonista conhecida atualmente são as duas valsas do pianista argentino Juan Pedro Esnaola (1808-
1878), compostas em 1848.

3
O objetivo desse trabalho é, portanto, estudar as sonatas para violão solo de

Manuel Maria Ponce por meio de uma breve análise motívica e estrutural dessas

peças, atentando para as linguagens musicais utilizadas, e de uma comparação entre as

edições existentes delas, quando possível. Tal comparação visa reunir informações

que possibilitem a elaboração de uma edição crítica das sonatas para violão de Ponce

no futuro.

Como a produção das peças para violão desse compositor teve forte ligação

com seu contato com Andrés Segovia, que o considerava o melhor compositor para

violão que conheceu7, apresentamos uma biografia de Ponce e um capítulo tratando da

influência de Segovia na produção dessas obras.

2 - Biografia8

Manuel Maria Ponce nasceu em 8 de dezembro de 1882, em Zacatecas,

México. Com dois meses de idade sua família mudou-se para Aguascalientes, cidade

que ele sempre teve como sua terra natal.

Sua mãe incentivou seus filhos a estudar música e outras artes. Sua irmã

Josefina notou o interesse de seu irmão na música e lhe deu suas primeiras aulas de

piano e solfejo, aos quatro anos. Com isso Manuel Ponce aprendeu a ler música antes

de aprender a ler o alfabeto.

7
ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989, p. 47. apresenta o seguinte
trecho escrito por Segovia para Ponce: “En fin, tu obra, es lo que mas vale, para mi, y para todos los
musicos que la oyen, de la literatura guitarristica. Y tu, personalmente, tambien, entre todos los que se
me han acercado y he conocido”.

8
Foi utilizada como fonte biográfica OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra. México:
Fonapas, 1981.

4
Sua primeira composição, La danza del sarampión, data de seus cinco anos de

idade, escrita enquanto estava com sarampo. Aos dez anos passou a ter aulas com um

professor de piano propriamente dito e ingressou no coro infantil do templo de San

Diego. Aos treze se tornou organista ajudante e aos quinze, organista titular dessa

igreja, o que demonstra que foi uma criança prodígio. Com dezenove ingressou no

Conservatório Nacional de Música do México, mas regressou a Aguascalientes

descontente com o curso, que achou deveras acadêmico.

A partir de então passou a pesquisar o folclore mexicano, estudando a canção

popular de seu país – inclusive a de origem pré-colombiana. Incentivado pelo

contexto político e musical da época, sua obra demonstrou uma busca por mudar o

fazer musical mexicano. Tais fatos devem-se à Revolução Mexicana e a consolidação

do nacionalismo musical.

Com vinte e dois anos vendeu seu piano e usou o dinheiro para aperfeiçoar-se

na Europa pela primeira vez. Foi admitido no Liceu Rossini, em Bologna, para ter

aulas de composição com Luigi Torcchi e Cesare Dall’Olio, alunos de Giacomo

Puccini (1858-1924). Mudou-se para Berlin (onde os ideais estéticos de Richard

Wagner (1813-1883) e Johannes Brahms (1833- 1897) predominavam). Em 1908,

viu-se forçado a voltar para o México devido a sua situação econômica.

Quando voltou a sua pátria passou a trabalhar com o folclore mexicano num

país ainda culturalmente eurocentrista. Até então escrevia quase que somente danças

ou outras formas menores, empregando uma linguagem romântica. A partir de sua

volta ao México passou a empregar grandes formas musicais com o uso cada vez mais

consciente do folclore enquanto escrevia canções populares. Em 1911 escreveu um

5
concerto para piano e orquestra e no ano seguinte escreveu sua famosa canção

Estrellita.

Apesar de Manuel M. Ponce ter iniciado a escola nacionalista mexicana, sua

linguagem tem influência européia, o que leva alguns estudiosos, entre eles Corazon

Otero, a ter sua obra como nacionalismo não-puro. O que o compositor demonstrou ao

longo de sua vida, no entanto, era que toda a linguagem musical à sua volta lhe era

facilmente assimilável e influenciava sua maneira de escrever música. Em 1915 ele se

exilou em Cuba e escreveu algumas obras de forte caráter cubano, como a Sonata

para violoncello y piano, a Suíte Cubana, a Rapsódia Cubana e a Paz de Ocaso para

piano.9

Dois anos mais tarde ele se casou com Clementina Maurel (carinhosamente

chamada de Clema), contralto de origem francesa. Em seguida, se tornou maestro da

Orquestra Sinfônica Nacional do México, cargo que abandonou em 1919 por motivos

políticos, e passou a se dedicar à composição, ao ensino e à crítica musical.

Em 1923, assistiu a um recital de Segovia no México. No dia seguinte, ele

escreveu o seguinte artigo em sua coluna “Crônicas Musicales por Manuel M. Ponce”

no El Universal:

“El espléndido recital de Andrés Segovia

Oír las notas de la guitarra tocada por Andrés Segovia, es experimentar una
sensación de intimidad y bien estar hogareño; es evocar remotas y suaves emociones
envueltas en el misterioso encanto de las cosas pretéritas; es abrir el espíritu al ensueño y
vivir unos momentos deliciosos en un ambiente de arte puro, que el gran artista español sabe
crear...

Andrés Segovia es un inteligente y valioso colaborador de los jóvenes músicos


españoles que escriben para guitarra. Su cultura musical permítele traducir con fidelidad en

9
OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra. México: Fonapas, 1981, p. 25.

6
su instrumento el pensamiento del compositor y, de esta manera, enriquece día a día el no
muy copioso repertorio de música para guitarra...

Al final de su recital toco la “Sonatina” de Moreno Torroba que em mi modesta


opinion fue la obra más importante del programa que desarrolló magistralmente Andrés
Segovia, em su recital de presentación ante el público de México. En esa “Sonatina” se
descubre al compositor lleno de ideas melódicas, al músico conocedor de las formas clásicas,
al sapiente folclorista, que con elementos de ritmos y melodías populares sabe construir
obras importantes por su desenvolvimiento y nuevas tendências armónicas.

Casals y Segovia han sido de los pocos artistas que se han adueñado
instantaneamente de la admiración y entusiasmo de nuestro público...”10

Segovia se interessou em conhecer o articulista que tanto o enobreceu e pediu

para o compositor mexicano escrever para violão. O pedido foi atendido prontamente

com uma pequena obra intitulada, no manuscrito, De México para Andrés Segovia,

Allegretto quasi serenata. O violonista convenceu Ponce a fazer dessa peça um

movimento de uma obra maior e a escrever uma sonata, a Sonata Mexicana.

Em 1925 Ponce sentiu a necessidade de ampliar sua técnica de composição e

embarcou rumo à França, onde reafirmou e reforçou sua amizade com Andrés

Segovia, que já residia em Paris. Essa relação era tão próxima que era comum o casal

Clema e Manuel Ponce viajar junto com o casal Andrés e Adelaida Segovia. Além

disso, Segovia ajudou financeiramente seu amigo compositor com freqüência e fez

aulas de harmonia com ele. Durante o período parisiense desse compositor, Segovia

foi mais que um divulgador de sua obra violonística, foi também seu mecenas e se

empenhou em torná-lo conhecido no meio musical da época e em divulgar sua obra

para outros instrumentos, apresentando-o para importantes compositores, intérpretes,

críticos musicais, musicólogos e divulgando para vários instrumentistas obras de

10
Idem. Ibidem, p. 31, citando PONCE, Manuel Maria. Crônicas Musicales por Manuel M. Ponce. El
Universal. México, 6 maio 1923.

7
Ponce que eles pudessem incluir em suas apresentações. Foi escrita nesse período a

maior e mais importante parte de sua produção para violão solo.

Durante sua estada em Paris freqüentou as aulas de composição de Paul Dukas

(1865-1935)11, tendo entre seus colegas Joaquin Rodrigo (1901-1999), e Heitor Villa-

Lobos (1887 - 1959). Em 1928 sua obra Miniaturas para quarteto de cordas12 ganhou

um concurso de composição em Barcelona. No ano seguinte sua situação econômica o

forçou a abandonar as aulas de Dukas, mas o professor interviu para que seu estimado

aluno seguisse tendo aulas com ele, ao menos como ouvinte, enquanto uma ajuda

financeira que o governo mexicano havia prometido a Ponce não chegava. Por fim,

com a ajuda de Segovia e o empenho de sua esposa para fazer com que o governo

mexicano pagasse uma bolsa de estudos para Ponce, ele terminou suas aulas com

Dukas em 1932, com nota 30 ao invés da nota máxima 10.

Em 1933 começou a ensinar piano e história da música no Conservatório

Nacional de Música do México e Composição na Universidade do México. Dois

meses depois foi nomeado diretor do Conservatório. A partir de então sua produção

para violão foi ficando cada vez mais escassa e chegou a ficar um bom tempo sem

manter qualquer contato com Segovia. Nesse período ele se voltou para a composição

de obras para crianças (devido a seu ofício como professor), obras sinfônicas e

concertos, entre eles o Concierto del Sur para guitarra y orquesta, estreado em

Montevidéu em 4 de outubro de 1941 num clima altamente festivo. Ponce se fez

11
Segundo SADIE, Stanley (org.). The New Grove Dictionary of Music and Musicians. London:
Macmillan Publishers Limited, 1980, p. 690-691, Paul Dukas foi um grande cultuador do domínio da
técnica composicional e chegou a destruir várias obras de sua própria autoria (no catálogo de suas
obras o número de obras destruídas ou apenas projetadas é próximo ao de obras terminadas). Suas
orquestração foi vastamente admirada e imitada. Bem informado da música de seu tempo, foi
também professor de Messian.

12
OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra. México: Fonapas, 1981, p. 67

8
presente nessa ocasião e ministrou cursos, palestras, participou de reuniões nas

sociedades musicais uruguaias, assistiu a concertos em que obras suas foram

executadas. Todo esse evento contou com a organização e influência de Segovia,

nesse período residindo em Montevidéu.

A saúde sempre fraca de Manuel Maria Ponce passou a ficar mais grave a

partir de 1946, período em que vários órgãos oficiais do México demonstraram

interesse em condecorá-lo por honra ao mérito de sua produção musical. Faleceu em

24 de abril de 1948, aos 66 anos, menos de três meses após ter sido o primeiro músico

a receber o Prêmio Nacional de Artes y Ciências. Este prêmio foi entregue pelas mãos

do então Presidente da República, Miguel Alemán.

3 - A obra para violão de Manuel Ponce e sua relação com Andrés Segovia

Andrés Segovia, o mais destacado violonista de sua geração, demonstrou ao

longo de sua carreira musical uma forte preocupação em firmar o violão como

instrumento de concerto. Na sua concepção, um dos maiores problemas que o violão

enfrentava era a falta de um repertório qualitativo e quantitativo que justificasse sua

presença nas salas de concerto mais prestigiadas do mundo. Para tanto, atuou em três

frentes: fez transcrições e arranjos de grandes obras musicais, resgatou obras

importantes do repertório violonístico que estavam esquecidas e, principalmente, tinha

a concepção clara que composições relevantes só seriam feitas por compositores

propriamente ditos e não por violonistas. Como exemplos podemos citar,

respectivamente, o arranjo da Ciacconna da Partita BWV 1004 de Johann Sebastian

Bach (1685-1750), o resgate da obra de Fernando Sor (1778-1839) e de Luís Milan (c.

1500-1561) e a composição dos Doze Estudos para Violão de Heitor Villa-Lobos.

9
O primeiro a atender o pedido de Segovia foi Federico Moreno-Torroba

(1891-1982), que escreveu em 1919 uma dança que foi incorporada na Suíte

Castellana, e ao longo de sua carreira outros compositores foram seduzidos pelo

carisma e pelo talento do violonista espanhol e atenderam aos seus pedidos para

escrever novas obras para violão. Foram aqueles que mais escreveram para ele

Joaquín Turina (1882 - 1949), Joaquín Rodrigo, Mario Castelnuovo-Tedesco (1895 -

1968), Manuel Ponce, Heitor Villa-Lobos e Alexander Tansman (1897-1986).

Recentemente foram descobertas outras peças escritas para Segovia13 que representam

um importante aumento quantitativo e qualitativo da produção violonística do século

passado.

A influência de Segovia é visível no repertório escrito para ele: predominância

de peças de estilo conservador e acadêmico, que não se alinhavam à vanguarda

musical da época, fortemente idiomáticas e de fácil aceitação pública. Para obter tal

resultado ele não só pedia que fossem escritas obras com essa estética como também

sugeria modificações de trechos inteiros dessas obras alegando que tais alterações

tornariam essas peças mais idiomáticas, porém com freqüência tais modificações

apenas deixavam as peças mais próximas de seu gosto musical. Nem sempre tais

sugestões eram acatadas pelo compositor, no entanto praticamente toda obra que

Segovia gravava, editava e tocava tinha uma versão final divergente do manuscrito do

compositor. Como veremos no objeto de estudo desse trabalho, nem sempre essas

divergências são estruturalmente relevantes, mas alteram o resultado sonoro final da

obra.

13
Publicadas pela editora italiana Bérben numa coleção intitulada The Andrés Segovia Guitar Archive.

10
Dentre os compositores que escreveram para o violonista espanhol o que ele

mais teve intimidade foi Manuel Maria Ponce. Tanta intimidade permitia algumas

iniciativas. Segovia encomendava novas composições que servissem a suas próprias

necessidades de repertório sem considerar a linguagem individual de Ponce e as

alterava para que elas cumprissem de maneira ainda mais eficaz seu ideal estético. As

cartas escritas por Segovia 14 documentam que várias peças foram exemplo dessa

prática. Nesse trabalho trataremos apenas das Sonatas para violão solo, que não estão

entre as peças de Ponce que sofreram o maior grau de interferência de Segovia no

resultado final.15 Além dos pedidos de alterações documentadas pelas cartas, como

eles se viam com freqüência certamente vários pedidos semelhantes devem ter sido

feitos pessoalmente, mas como veremos, nem todas as alterações sugeridas foram

acatadas.

Durante o período em que foram compostas as três primeiras sonatas Segovia

obtinha sucesso em fazer intervenções pontuais que não modificavam de maneira

significativa a estrutura dessas sonatas, embora levassem a resultados musicais

diferentes. Ele fez pedidos que alterariam a estrutura final dessas obras, como pedir

que fosse composto um outro segundo movimento para a Sonata Mexicana, pedidos

que não foram atendidos. Sua revisão, no entanto, demonstra ser a principal causa de

divergência entre as edições dessas obras, pois ele chegava a entregar as obras

revisadas diretamente para o editor sem que Ponce olhasse o resultado dessa revisão, e

pelas cartas vemos que o compositor não recebia nem mesmo as provas. Verificam-se

14
Publicadas em ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989.

15
Dentre as peças com maiores alterações encontram-se os 24 Prelúdios, dos quais 12 foram
descartados por Segovia e alguns dos outros 12 tiveram modificações de nota e tonalidade, e o
Prelúdio, Tema e Variações sobre Folias de Espanha, que foram editadas sem o Prelúdio, com menos
variações e com a ordem das variações alteradas, o que também ocorreu no Tema Variado e Final.

11
em suas cartas passagens como “Ya he mandado los dos últimos tiempos, digitados, a

Schott. He recibido, en cambio, las pruebas de los dos primeros.”16 Tal fato pode ter

ocorrido devido à confiança que o compositor tinha no violonista e na dificuldade de

comunicação de uma época especialmente conturbada no século passado, o entre-

guerras e a segunda guerra mundial.

As três últimas sonatas, no entanto, são frutos diretos da influência de Segovia

e representam mais o resultado estético de obras que o violonista espanhol gostaria

que já tivessem sido escritas para violão do que o resultado estético do

desenvolvimento da linguagem musical individual do compositor mexicano. A Sonata

Clássica marca uma nova fase na relação dos dois que reflete diretamente nas futuras

composições para violão de Ponce. Enquanto o compositor mexicano trabalhava em

projetos que desenvolviam sua própria linguagem musical (como Chapultepec, de

1929), o violonista espanhol, que durante os anos de 1928 a 1930 tinha dificuldades

para conseguir tantos concertos quanto antes, começou a pedir que Ponce escrevesse

obras que imitam o estilo de compositores bem quistos pelos organizadores de recitais

e pelo público da época, como Franz Joseph Haydn (1732 - 1809), Franz Schubert

(1797 - 1828) e Johann Sebastian Bach (1685 - 1750).

Desde a composição dessa sonata até o momento em que Ponce saiu de Paris,

Segovia com freqüência requisitava novas obras ao mexicano que imitam o estilo de

outros compositores. Há casos de peças compostas por Ponce cuja autoria foi

16
ALCAZÁR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989, p. 44.

12
atribuída pelos dois a outros compositores, como a Suíte I17, a Sonata Clássica18, o

Prélude, Ballet y Courante19 e a Suíte II20.

De acordo com as fontes que conseguimos levantar, à exceção de algumas

poucas obras juvenis, não há no catálogo das obras do compositor mexicano obras que

imitem o estilo de outro compositor além dessas obras para violão que Segovia

requisitou. Segundo Alcázar, “se han esbozado um sinnúmero de hipótesis acerca de

la atribución de esta obra a outro compositor, pero ninguna de ellas há resultado

convincente.” 21 Além disso, é curioso notar que a partir do retorno de Ponce ao

México, ele não escreve mais nenhuma obra de epígono tão pouco qualquer outra

obra para violão solo para Segovia.

4 - Sonatas para violão solo de Manuel Maria Ponce

4.1 – Comparação entre a edição urtext e a edição publicada das obras

A seguir desenvolveremos, quando possível, uma comparação entre a primeira

edição publicada das obras estudadas e a edição urtext lançada em 2000 por um órgão

17
A Suíte I, também conhecida como Suíte em Lá menor, Suíte Antiga ou Suíte de Weiss, é o caso
mais notório. Durante toda sua vida Segovia publicamente atribuiu essa peça a Sylvius Léopold Weiss
(1686 - 1750) e deu como fonte um manuscrito que nenhum musicólogo jamais encontrou. Alguns de
seus alunos, após a morte de seu mestre, começaram a anunciar essa peça como sendo de Ponce, o
que causou controvérsia durante anos. A publicação das cartas de Segovia enviadas a Ponce em
ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989 comprovou que essa obra se
tratava de mais uma peça que imitava o estilo de outro compositor.

18
Em ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989. p. 22. se lê: “La
[Sonata] de Sor la anuncio simplesmente como de Sor, sin añadir 1a. audición, ni nada, a fin de que
quede la puerta abierta para hacerlo en Europa como tu prefieras.”

19
Outra obra que foi divulgada como sendo de Weiss, de acordo com ALCAZAR, Miguel. Obra
Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, p. 182.

20
Obra que foi atribuída a Allesandro Scarlatti (1660-1725), de acordo com ALCAZAR, Miguel. Obra
Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, p. 222.

21
ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, p. 104.

13
público do México, o Conselho Nacional de Cultura (Conaculta), revisada por Miguel

Alcazar.

4.1.1 – Sonata Mexicana

Dentre as obras citadas, a que Segovia menos pediu alterações. No entanto, o

próprio fato da obra ser uma sonata é uma demonstração da influência do espanhol,

pois, como vimos, Ponce primeiramente escreveu uma peça curta, que por fim se

tornou o terceiro movimento dessa sonata. Segovia pediu que fosse composto um

outro segundo movimento, pedido que não foi atendido.

Uma comparação entre a primeira versão publicada22, a edição feita a partir

dos manuscritos originais 23 e o manuscrito do terceiro movimento dessa peça 24

mostram as seguintes divergências:

Na edição urtext e no manuscrito há ligaduras de expressão apenas no terceiro

movimento. No entanto, todas as ligaduras de expressão no terceiro movimento da

edição Peer estão ausentes no manuscrito. Também não há uma única indicação de

harmônicos na edição urtext ou no manuscrito. Como veremos, não há em todas as

obras analisadas uma única indicação de digitação, arpejos, rasgueios ou glissandos na

edição urtext ou nos manuscritos com a caligrafia do compositor que tivemos acesso.

Outras divergências serão mostradas no quadro a seguir:

22
PONCE, Manuel M. Sonata Mexicana (Sonata no. 1). [S.l]: Peer International Corporation, 1967.
Revisão e digitação: Manuel Lopez Ramos. Editado por: Carlos Vázquez.

23
ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, pp. 24-
31.

24
Reproduzido em OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra. México: Fonapas, 1981, p. 32.

14
Quadro 2 – divergências entre edições da Sonata Mexicana
Primeiro movimento
Compasso25 Edição Peer Edição Conaculta (Urtext)
1 sem indicação de dinâmica ou expressão f e humorístico
3 sem indicação de dinâmica p
7, 46, 49, sem indicação de dinâmica acento no segundo tempo
55, 91
12 sem indicação de dinâmica crescendo no final do compasso
13, 74 sem indicação de dinâmica acentos em todas as notas
19 sol3#26 sol bequadro 3
76 si4 sib4
77, 78 acorde em mínima acorde em semínima
95 dó#4 dó bequadro4
102 ré3 ré#3
107 sol#4 sol bequadro 4
122 acorde na cabeça do compasso mi2 dó#4 acorde na cabeça do compasso mi2 ré3 dó#4
129 e 130 mi2 em mínimas mi2 em semínimas
Segundo movimento
2 si#3 si bequadro3
7 baixo no quarto tempo em sol2 ré3 baixo no quarto tempo em mi2 ré3
11 sol#3 sol3
13 e 14

21 sol4 sol#4
40 última nota do compasso fá#4 última nota do compasso mi4
42 sib3 si bequadro 3
48 e 49

53 lá3 e dó#4 no segundo tempo apenas dó#4 no segundo tempo


Terceiro movimento27
Compasso Edição Peer Fac-símile do manuscrito
1 Allegretto in tempo di serenata Allegretto, quasi serenata
1 sem indicação de dinâmica p seguido de crescendo
1, 8, 11, 13, sem indicação de articulação ligadura abarcando as quatro primeiras notas
37 e staccatos simples nas duas últimas
2, 21, 24, sem indicação de dinâmica decrescendo
36, 48, 50
2, 9, 10, 38 sem indicação de articulação ligadura abarcando todas as notas do
compasso
3, 25, 44 sem indicação de dinâmica p
5, 8, 16, 22, sem indicação de dinâmica crescendo
35, 39, 45
6 sem indicação de expressão espress.
6 mi4 semínima si3 colcheia no soprano mi4 colcheia si3 semínima no soprano

25
Numeração de compasso seguindo a edição urtext, exceção feita no terceiro movimento, em que a
numeração segue a edição Peer.

26
Nesse estudo para identificar as notas dentro da escala geral está se considerando a sua escrita,
não o resultado sonoro obtido, embora no violão se leia uma oitava acima do som real.

27
Esse é o único movimento de todas as sonatas para violão que Ponce faz indicações de articulação.

15
8 semínima no primeiro dó4 todas as notas em semicolcheias
12, 14, 16 ligadura entre a segunda e a terceira nota do ligadura entre as três últimas notas do
compasso compasso
15 fá#2 lá#2 si2 na voz melódica, acompanhado si3 lá#3 si3 na voz melódica, sem
de acorde sustentado desde o compasso acompanhamento
anterior
17, 29, 46 sem indicação de dinâmica f
29, 31 e 32 acordes em semínima ou colcheia acordes apenas em semicolcheias
31 acento no segundo tempo p no segundo tempo
32 acento no primeiro tempo sem indicação de dinâmica
34 rallentando poco rallentando
37 sem indicação de dinâmica pp
38 última nota do compasso mi3 última nota do compasso mi2
44 Poco piu mosso sem indicação de andamento
45 primeiro acorde mi3 lá3 dó#4 lá4 primeiro acorde mi3 lá3 dó#4
46 apenas ré#3 na cabeça do segundo tempo re#3 lá3 na cabeça do segundo tempo
47 primeiro acorde lá2 mi3 lá3 dó#4 primeiro acorde mi3 lá3 dó#4
48 a 50 semínima pontuada no soprano semicolcheia no soprano
51 colcheia no soprano e no contralto, apenas lá3 semicolcheia no soprano e no contralto, ré3
na cabeça do segundo tempo lá3 na cabeça do segundo tempo
52 primeiro acorde lá2 lá3 dó#4 mi4, nota primeiro acorde lá2 mi3 lá4 dó#4 mi4, nota
seguinte mi4, lá2 colcheia seguinte mi3 simultâneo ao mi4, lá2
semicolcheia
55 sol#3 sol bequadro 3
Quarto movimento
Compasso Edição Peer Edição Urtext
13 dó#4 dó bequadro 4
14, 86 sem indicação de dinâmica decrescendo
33 fá#3 dó#4 fá bequadro 3 dó bequadro 4
36 sol#3 sol bequadro 3
60 sem indicação de expressão scherz.
61 ré3 ré#3
63 ré4 ré#4
64 p sem indicação de dinâmica
76 sul ponticello sem indicação de timbre
78 sol#2 e sol#3 sol bequadro 2 e sol bequadro 3
82 sem indicação de dinâmica f
Fonte: PONCE, Manuel M. Sonata Mexicana (Sonata no. 1). [S.l]: Peer International Corporation, 1967. Revisão e
digitação: Manuel Lopez Ramos. Editado por: Carlos Vázquez e ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de
Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, pp. 24-31.
Nota: Dados trabalhados pelo autor.

No terceiro movimento dessa obra também encontramos divergências


entre as edições nos compassos 39 a 43, mostradas abaixo:

16
4.1.2 – Sonata em Lá menor

Como vimos, tal sonata foi recentemente recuperada e ainda não publicada.

4.1.3 – Sonata III

O manuscrito dessa obra está tido como extraviado, o que inviabiliza uma

comparação entre edições. No entanto, em cartas Andrés Segovia pede outro fim para

o primeiro movimento, mas acaba editando o que foi escrito.

4.1.4 – Sonata Clássica

Primeira obra de epígono de Ponce, Segovia manda sete cartas num período de

cerca de cinco meses pressionando para que essa obra fosse escrita. Faz também

alguns pedidos com relação à sua estrutura. Como exemplo podemos citar que ele

pede para essa peça ter quatro movimentos e seguir a mesma estrutura formal de

outras sonatas enviadas previamente a Ponce. Além disso, escreve:

“Sin embargo quisiera que modificaras aún el ponte para ir al segundo tema,
la rentrée, y tal vez, la coda. Quisiera também que el desarollo fuera um poco mas
extenso, y acaba el Rondo que estoy deseando trabajar, para que la Sonata esté
completa.”28

28
ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters Columbus: Orphée, 1989, p. 22.

17
“Si tienes borrador del primer tiempo de la Sonata, hás um mero puente para
ir al segundo tema. Escribe tambien un gracioso diseño sobre la reentre ao tema
principal, después del desarollo, y hás mas extenso este, sin tocar para nada a lo que
ya está escrito, que me gusta mucho. Tal vez outra coda.”29

A musicóloga e violonista mexicana Corazon Otero gentilmente nos enviou

uma cópia de uma versão em andamento dessa obra com a caligrafia de Manuel

Ponce. Nela constam o primeiro movimento e doze compassos do segundo, em

versões ainda não terminadas e com alguns rabiscos. Uma comparação entre essa

versão e a versão final mostra que a música foi modificada de acordo com o pedido de

Segovia expresso nessas cartas. No entanto, a coda dessa versão é a mesma da versão

final, com exceção de um trecho de três compassos, que na última versão está uma

oitava abaixo.

Uma comparação entre a edição urtext30 e a primeira edição publicada31 mostra

as seguintes divergências 32 : assim como na Sonata Mexicana, não há em toda a

Sonata Clássica qualquer ligadura de expressão na edição urtext, apenas ligaduras de

prolongamento. Também não há em toda a obra uma única indicação de digitação, de

arpejo, de staccato e a única indicação de harmônico está nos compassos 54 a 5733 do

segundo movimento. Outras divergências são mostradas no quadro a seguir:

29
Idem, ibidem, p.26

30
ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, pp. 78-
85.

31
PONCE, Manuel M. Sonata Clásica: Hommage a Fernando Sor. Mainz: B. Schott’s Söhne, 1929.
Digitação: Andrés Segovia. Dedicada a Andrés Segovia.

32
De acordo com o manuscrito da versão anterior dessa sonata, em ambas edições o si4 do compasso
67 deveria ser sib4. Nesse manuscrito não há qualquer outra divergência com a edição urtext nas
seções que estão presentes nas duas versões.

33
Numeração de compasso seguindo a edição urtext.

18
Quadro 3 – divergências entre as edições da Sonata Clássica
Primeiro movimento
Compasso34 Edição Schott Edição Conaculta (Urtext)
1a4 crescendos e decrescendos sem indicação de dinâmica
1 mínima no tenor e no contralto semínima no tenor e no contralto
6, 30, 31, 131, uso de acento ausência de acento em todo o
132 movimento
13 no primeiro tempo, acorde mi3 si3 mi4 no primeiro tempo, acorde mi3 si3 sol#4
sol#4
16 no segundo tempo, semínima no baixo no segundo tempo, duas colcheias no
seguido de duas semínimas baixo (mesma nota) seguido de uma
mínima
16 mínimas no contralto semínimas no contralto
17, 103, 105, mínima no baixo semibreve no baixo
120, 140, 141,
18 pausa no segundo tempo e semínima no dois mi2 colcheia no segundo tempo e
terceiro tempo do baixo mínima no terceiro tempo do baixo
22, 118, 123, semínima no baixo semibreve no baixo
124, 157
23 colcheia no baixo semibreve no baixo
24, 35, 74 semínima no baixo mínima no baixo
29 colcheia no baixo e no tenor mínima no baixo e no tenor
30 sol4 colcheia sol4 semibreve
32 sol3 no soprano sem soprano
34 fá3 mínima fá3 semínima
38 fá4 mínima fá4 semínima
40 semínima seguido de pausas no baixo, mínima seguido de pausas no baixo,
tenor e contralto tenor e contralto
55 crescendo sem indicação de dinâmica
61 apoggiatura no terceiro tempo sem ornamento
76 lá3 mínima lá3 semínima
79 acordes: si2 sol#3 e lá2 lá3 acordes: si2 ré3 sol#3 e lá2 ré3 lá3
79 mínima no soprano semínima no soprano
81 semínima na primeira nota do baixo e do mínima na primeira nota do baixo e do
soprano soprano
90 ré#4 semínima ré#4 mínima
91, 93, 95 mínima pontuada no soprano e no semibreve no soprano e no contralto
contralto
102 no terceiro tempo, mínimas nas vozes no terceiro tempo, semínimas nas vozes
internas internas
109 primeira nota do baixo dó3 primeira nota do baixo lá2
113 primeiro acorde sol#3 si3 mi4 si4, fá primeiro acorde sol#3 mi4 si4, fá#3 no
natural 3 no segundo acorde segundo acorde
114 primeiro acorde mi3 si3 mi4 sol4 primeiro acorde mi3 si3 sol#4
115 fá4 fá#4
116 sol natural 3 no primeiro acorde sol#3 no primeiro acorde
117, 119 quatro colcheias, semínima e pausa de quatro colcheias e mínima no baixo
semínima no baixo
122 ré4 ré#4
127 a 129 no baixo, dois grupos de semínima mínimas no baixo
seguido de pausa de semínima
130 colcheia no baixo e no tenor semibreve no baixo e no tenor
131 mi4 colcheia mi4 semibreve
133 mi3 no soprano sem soprano
135 ré3 mínima ré3 semínima

34
Numeração de compasso seguindo a edição urtext.

19
137 mi3 mínima mi3 semínima
139 ré4 mínima ré4 semínima
150 semínima no terceiro tempo do baixo e do mínima no terceiro tempo do baixo e do
tenor tenor
155 colcheia no tenor, contralto e soprano semínima no tenor, contralto e soprano
Segundo movimento
1, 40 acorde dó4 mi4 sol4 semínima nas vozes acorde mi4 sol4 mínima nas vozes
agudas seguido de pausa de semínima agudas
3 sol2 semínima no segundo e terceiro sol2 mínima no segundo tempo
tempo
3 no segundo tempo, sem contralto. No no segundo tempo, sol3 colcheia ligado
terceiro tempo, fá3 no tenor e sol3 no a sol3 anterior no contralto. No terceiro
contralto tempo, sem contralto.
4, 8, 13, 14, 42, acordes com sol3 acordes sem sol3
43, 47, 48
6 sem voz interna no terceiro tempo, mi3 semínima na voz
interna
9 acorde dó4 mi4 sol4 semínima nas vozes acorde mi4 sol4 semínima nas vozes
agudas seguido de pausa de colcheia agudas ligado a acorde com mesmas
pontuada notas em colcheia pontuada
12, 13 acorde com ré4 acorde sem ré4
14 no terceiro tempo, colcheia seguido de no terceiro tempo, semínima no tenor, no
pausa de colcheia no tenor, no contralto e contralto e no soprano
no soprano
16 acorde com ré3 acorde sem ré3
18 no terceiro tempo, dó#4 sem dó#4 no terceiro tempo
22 no terceiro tempo, si3 sem si3 no terceiro tempo
24 semínima seguido de pausas no baixo e mínima seguido de pausa no baixo e no
no tenor tenor
29 baixo e contralto iniciando em semínima baixo e contralto iniciando em mínima
seguido de pausa de semínima
30 no baixo, colcheia seguido de pausas no baixo, semínima seguido de pausas
30 uso de acento sem acento em todo esse movimento
41 no segundo tempo, colcheia seguido de no segundo tempo, mínima nas vozes
pausas nas vozes graves graves
42 no terceiro tempo, colcheia seguido de no terceiro tempo, semínima nas vozes
pausa de colcheia nas vozes graves graves
42, 43, 47, 48 acorde com sol3 acorde sem sol3
44 sol#4 no terceiro tempo sol bequadro 4 no terceiro tempo
47 segundo acorde com si3 segundo acorde sem si3
48 semínima seguido de pausa de colcheia semínima pontuada no primeiro tempo
no primeiro tempo do tenor e soprano do tenor e do soprano
54 no segundo tempo, seminima seguido de no segundo tempo, mínima no baixo
pausa no baixo
Terceiro movimento
1 acorde com sol3 acorde sem sol3
2, 28 pizzicatto sem indicação de articulação
9 pausa no primeiro tempo do baixo sol3 semínima no primeiro tempo do
baixo
11, 14 pp p
18 pausa no segundo tempo do baixo si2 semínima no segundo tempo do
baixo
23 semínima nas vozes internas colcheia nas vozes internas
24 a 26 semínimas nos acordes colcheias nos acordes
26 ten. e tempo sem indicação de expressão
27 uso de acento sem acento
31 no terceiro tempo, colcheia nas vozes no terceiro tempo, semínima nas vozes
graves, seguido de pausa graves

20
38 semínima no baixo mínima pontuada no baixo
38 f e crescendo apenas crescendo
39 crescendo f
41 sem fermata fermata no segundo acorde
51 semínima nas vozes graves mínima nas vozes graves
53 no primeiro tempo, sol3 semínima no primeiro tempo, sol3 mínima
55 no primeiro tempo, semínima nas vozes no primeiro tempo, mínima nas vozes
graves, seguido de pausa graves
56 rit. sem indicação de expressão
57 tempo sem indicação de andamento
57 semínima seguido de pausa no primeiro mínima no primeiro tempo do soprano
tempo do soprano
60 no primeiro tempo, semínima seguido de no primeiro tempo, mínima no baixo
pausa no baixo
Quarto movimento
10, 12, 27, 198 semínima no primeiro acorde, seguido de semínima pontuada no primeiro acorde
a 200 pausa de colcheia
11, 69, 117, semínima seguido de pausa de semínima mínima na voz grave
120, 124 a 129, na voz grave
142, 155
24 dó#4 no primeiro tempo sem dó#4 no primeiro tempo
31 semínima no primeiro tempo do baixo semínima pontuada no primeiro tempo
do baixo
43 última colcheia si3 última colcheia acorde sol#3 si3
46 ré4 ré#4
70 acorde em semínima seguido de pausa acorde em mínima
101 uso de acento sem acento
146 sem indicação de expressão a tempo
149, 199, 201 semínima no primeiro tempo do contralto semínima pontuada no primeiro tempo
e do soprano do contralto e do soprano
154, 156 semínima nas vozes internas semínima pontuada nas vozes internas
155 no baixo, semínima seguido de pausa mínima no baixo
159 semínima no primeiro tempo do soprano semínima pontuada no primeiro tempo
do soprano
194 no acorde, apenas soprano em semínima no acorde, todas as vozes em semínima
pontuada pontuada
195 baixo iniciando em colcheia seguido de baixo iniciando em semínima
pausa de colcheia
198, 200 lá2 no baixo sem lá2 no baixo
202 acorde no primeiro tempo sol#3 ré4 mi4 acorde no primeiro tempo sol#3 si3 ré4
mi4
Fonte: PONCE, Manuel M. Sonata Clásica: Hommage a Fernando Sor. Mainz: B. Schott’s Söhne, 1929. Digitação:
Andrés Segovia. Dedicada a Andrés Segovia e ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel
Ponce. México: Conaculta, 2000, pp. 78-85. Nota: dados
trabalhados pelo autor

21
4.1.5 – Sonata Romântica

Outra peça que Segovia insistiu muito para que fosse escrita: em nove cartas

num período de cerca de dois meses ele cobra o término dessa obra.

Ele chega a pedir uma alteração numa seção, explicando o motivo:

“Querido Manuel: Me tiré como perro hambriento al final.. Y estoy


desesperado con la guitarra. Resulta imposible - ¡¡por vez primera com tu musica!! –
lo que menos te imaginas: los arpegios... Y hás coincidido con el mismo gênero de
dificultad que hace inabordable el prelúdio em mi mayor de Bach (violín solo) para
la guitarra.

Ejemplo: Tu haces asi35:

Y Bach asi:

etc.

Y la dificultad, em ambos trozos, consiste en que es preciso hacer en una


misma cuerda esa sucesion de grados conjuntos, manteniendo, al mismo tiempo, una
posicion, a veces disparatada, para pulsar la nota disjunta del arpegio.”36

Tocar o trecho em questão usando uma única corda requer muita habilidade do

intérprete, beirando o impossível. Essa prática se devia ao uso de tripa de animais para

35
Embora na carta original os trechos não tenham clave ou armadura, no presente trabalho os trechos
estão apresentados com clave e armadura da peça citada, para melhor compreensão do leitor.

36
ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989, p. 38.

22
a confecção das cordas37, caracterizadas por um desequilíbrio tímbrico que é evitado

tocando todas as notas de uma melodia na mesma corda. Porém, como se trata de um

trecho de andamento rápido, a alteração de timbre ocasionado pelo dedilhado em

várias cordas é praticamente imperceptível. Portanto, podemos considerar, nesse

trecho, a escolha do dedilhado em uma ou mais cordas como uma preferência do

intérprete e não uma imposição do instrumento, conforme afirmou Segovia. Além

disso, verificamos que, desde que as notas das melodias sejam tocadas em duas

cordas, os trechos citados acima são possíveis de ser tocados no violão.

Além disso, a peça citada como exemplo de impossibilidade similar, o

Prelúdio da Suíte BWV 1006a de Bach38, já havia sido transcrita para violão e editada

sete anos antes dessa carta 39 . Esta peça está inclusa numa publicação da obra

alaudística de Bach transcrita para violão, pela editora que Segovia usava para

publicar as obras de diversos compositores, incluindo Ponce.

Como está clara a omissão de algumas informações nos trechos citados, como

baixos, não podemos dizer categoricamente que a afirmação de Segovia é incorreta,

pois não tivemos acesso ao manuscrito, bem como outros documentos. Há, portanto, a

possibilidade de existir informações adicionais sobre esse assunto que mostrem que

procede o que Segovia escreveu, invalidando nossa hipótese.

Embora nós não tenhamos conseguido manuscritos que localizem quais seriam

os compassos citados na carta, que foram mudados devido a essa observação, uma

37
As cordas de violão tal como conhecemos hoje só surgiram após 1940.

38
Obra transcrita para alaúde pelo próprio compositor.

39
Em BRUGER, Hans Dagobert (arranjador). Johann Sebastian Bach, Kompositionen für di Laute.
Wolfenbuttel: Schott Musik Verlag, 1921.

23
análise da obra mostra que o mais provável é que se trate dos compassos 169 a 172 do

último movimento dessa sonata. Caso a melodia que foi escrita nessa carta estiver

notada no manuscrito acompanhada apenas dos baixos dos compassos 169 a 172 da

versão final ela é, da mesma forma, possível de ser tocada ao violão. Mas como

vimos, uma análise pormenorizada desse trecho só seria possível com documentos

que infelizmente não puderam ser levantados durante o período desse estudo.

Das sonatas em que foi possível comparar a edição publicada40 com a edição

urtext41 essa é a obra em que há divergências entre as edições em maior número e que

de maneira mais significativa alteram o resultado musical final. O primeiro

movimento apresenta 132 compassos divergentes de 151 compassos totais; o segundo

movimento, 58 de 72; o terceiro, 171 de 178 e o quarto, 135 de 209.

Assim como na Sonata Mexicana e na Sonata Clássica, não há qualquer

ligadura de expressão na edição urtext da Sonata Romântica, apenas ligaduras de

prolongamento. Também não há em toda essa obra, na edição urtext, uma única

indicação de digitação, glissando, staccato, acento ou arpejo, e a única indicação de

harmônico está nos compassos 112 a 118 do terceiro movimento. Outras divergências

estão mostradas no quadro a seguir:

40
PONCE, Manuel M. Sonata Romántica: Hommage a Fr. Schubert qui aimait la guitare. Mainz: B.
Schott’s Söhne, 1929. Digitação: Andrés Segovia. Dedicada a Andrés Segovia.

41
ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, pp. 93-
103.

24
Quadro 4 – divergência entre as edições da Sonata Romântica
Primeiro movimento
Compasso42 Edição Schott Edição Conaculta (Urtext)
1 Allegro moderato Allegro non troppo, semplice
5-6 sem indicação de dinâmica decrescendo do quarto tempo do
compasso 5 à metade do compasso 6
6 sem indicação de dinâmica sf nas notas ré3 mi3
7 sem indicação de dinâmica crescendo na primeira metade e
decrescendo no último tempo do
compasso
7, 10 a 13, 58 a baixo e tenor iniciando em semínima baixo e tenor iniciando por mínima
60, 67, 69, 70, seguido de pausa de semínima
105, 109, 110,
123, 134
8, 106 semínima no baixo e no tenor mínima no baixo e no tenor
9 decrescendo na primeira metade do sem indicação de dinâmica na
compasso primeira metade do compasso, sf no
quarto tempo seguido de decrescendo
10 crescendo na primeira metade do decrescendo no primeiro tempo vindo
compasso, f com acento no terceiro do compasso anterior, crescendo na
tempo seguido de decrescendo primeira metade do compasso
11 crescendo, acento no terceiro tempo apenas f no terceiro tempo
seguido de crescendo
12 crescendo decrescendo até o terceiro tempo
13 decrescendo por todo o compasso crescendo nos três primeiros tempos
seguido de decrescendo
17, 115 acorde arpejado mi2 si2 mi3 sol#3 si3 acorde plaquê mi2 sol#3 si3 mi4
mi4
18, 79, 97, 103 sem indicação de dinâmica f
19 sem indicação de dinâmica f no primeiro tempo, decrescendo no
terceiro
20 decrescendo p
20, 118 no primeiro tempo, semínima no baixo, no primeiro tempo, mínima no baixo,
tenor e soprano tenor e soprano
21 fá#2 semínima, lá3 dó#3 semínima fá#2 mínima, lá3 dó#3 mínima
pontuada pontuada
21 decrescendo sem indicação de dinâmica
22 baixo iniciando em semínima baixo iniciando em mínima pontuada
23 f no terceiro tempo cresc. no segundo tempo
24 sem indicação de dinâmica cresc
25, 46 baixo, tenor e contralto iniciando em baixo, tenor e contralto iniciando em
semínima seguido de pausa de semínima mínima
25 ff f
26 decrescendo p no primeiro tempo, crescendo no
segundo
27, 120 crescendo sem indicação de dinâmica
27, 28, 31, 47, soprano e contralto iniciando em soprano e contralto iniciando em
129, 130, 145 semínima seguido de pausa de semínima mínima
28, 30 sem indicação de dinâmica decrescendo a partir do terceiro
tempo
29 p e sem outra indicação de dinâmica p e crescendo a partir da segunda
metade do compasso
31, 95 sem indicação de dinâmica crescendo a partir do terceiro tempo
33 no soprano, pausa de colcheia no terceiro no soprano, mi4 no terceiro tempo
tempo seguido de três colcheias ligado à mesma nota desde o tempo

42
Numeração de acordo com a primeira edição dessa obra.

25
anterior seguido de três tercinas.
34 f p
34 animato scherz.
35, 37 p espress. sem indicação de expressão,
crescendo na primeira metade do
compasso
35, 37, 92 sem indicação de dinâmica crescendo na primeira metade do
compasso
36 f sem indicação de dinâmica
37 lá#4 semínima seguido de pausa de lá#4 semínima ligado a colcheia
colcheia
38, 68, 128 soprano iniciando em semínima seguido soprano iniciando em mínima
de pausa de semínima
38 cresc. et accel. sem indicação de dinâmica e
expressão
39 dó4 semínima dó#4 semínima dó4 mínima dó#4 mínima
39 mi3 no quarto tempo mi#3 no quarto tempo
44 mínima no baixo, tenor e contralto semibreve no baixo, tenor e contralto
49 mi4 semínima no soprano, mi2 semínima mi4 semibreve no soprano, quatro
e mínima pontuada no baixo mi2 semínima no baixo
53 mi#2 sol#3 dó#4 no quarto tempo mi#2 dó#4 no quarto tempo, sem
sol#3
54 a 57, 127 no baixo, semínima no terceiro tempo no baixo, mínima no terceiro tempo
seguido de pausa
58 animando sempre animando
61 baixo iniciando em semínima seguido de baixo iniciando em mínima
pausa de semínima
63, 65 no baixo, semínima seguido de pausa de mínima no baixo
semínima
66, 117 baixo, contralto e soprano iniciando em baixo, contralto e soprano iniciando
semínima em mínima
67, 93, 127 sem indicação de dinâmica p no primeiro tempo
68 f no primeiro e quarto tempo f apenas no primeiro tempo
70 no quarto tempo, acorde si2 si3 dó#4 ré#4 no quarto tempo, acorde si2 dó#4
ré#4
73 decrescendo seguido de p apenas p
74, 136, 137 voz(es) inferior(es) em dois grupos de voz(es) inferior(es) em mínimas
semínima seguido de pausa de semínima
74 fá#4 fá bequadro 4
75 acento, seco e ff na cabeça do compasso poco piu mosso e sf
76 acento, seco e ff na cabeça do compasso sf na cabeça do compasso
77 acento, seco e ff na cabeça do compasso sf na cabeça do compasso
seguido de p
78 acento, seco e ff na cabeça do compasso sf na cabeça do compasso, crescendo
seguido de p a partir do terceiro tempo
81, 122 cresc. sem indicação de dinâmica
83 cresc. com acento f sem acento
86 ritard. dim. e rit. molto
87, 91, 97, 144 semínima no acorde semínima pontuada no acorde
87 a tempo, p tranquilo apenas a tempo
88 mínima ligada a colcheia no baixo mínima no baixo
90 mínima no baixo mínima pontuada no baixo
95 dó#4 dó bequadro 4
96 acorde mi2 mi3 si3 sol#4 acorde mi2 si3 sol#4
97 espress. sem indicação de expressão
98 poco ritard decrescendo e rall.
99 espressivo a tempo
101 mínima na primeira nota do tenor semínima pontuada na primeira nota

26
do tenor
102 no primeiro tempo, duas colcheias no no primeiro tempo, colcheia pontuada
soprano, colcheia no contralto. No e semicolcheia no soprano, colcheia
terceiro tempo, semínima seguido de pontuada no contralto. No terceiro
pausa no soprano tempo, mínima no soprano
103 no terceiro tempo, semínima seguido de no terceiro tempo, mínima no
pausa no soprano soprano
108 f com acento no terceiro tempo crescendo na primeira metade do
compasso, f no terceiro tempo, sem
acento
109 f seguido de decrescendo p
110 sem indicação de dinâmica f no terceiro tempo
111 sem indicação de dinâmica decrescendo no primeiro tempo, p no
terceiro
120, 125, 126 baixo iniciando em semínima baixo iniciando em mínima pontuada
122 acorde sol#2 sol#3 si#3 sol#4 no quarto acorde sol#2 si#3 sol#4 no quarto
tempo tempo
131 mi2 ré4 e sol#4 na cabeça do quarto mi2 e sol#4 na cabeça do quarto
tempo tempo
132 mínima seguido de pausa no baixo semibreve no baixo
135, 140 baixo e tenor iniciando em semínima baixo e tenor iniciando em semínima
seguido de pausa pontuada
136 cresc. cresc. ed animando
138 f ff
144 expressivo sem indicação de expressão
145 rall. sem indicação de expressão
146 acorde do segundo tempo mi2 dó#4 mi4 acorde do segundo tempo mi2 dó#4
lá4, mínima no baixo no terceiro tempo lá4, semínima no baixo no terceiro
tempo e mi2 semínima no quarto
tempo do baixo
146 a tempo sem indicação de andamento
147 lá2 semínima mínima pausa de semínima quatro lá2 semínima no baixo
no baixo
147 sem indicação de dinâmica crescendo
148 e 149 f, f, crescendo, decrescendo decrescendo desde o final do
compasso 148, poco rall. no fim do
compasso 149
150 e 151 dois acordes em p com arpejo acordes plaquê, o primeiro em pp e
indicação a tempo no penúltimo
acorde do movimento
151 acorde lá2 dó#4 mi4 lá4 acorde lá2 mi3 dó#4 lá4
Segundo movimento
1 p seguido de crescendo e decrescendo p seguido de crescendo
1, 2 mínima pontuada na segunda nota do semínima ligada a semínima seguido
soprano de pausa na segunda nota do soprano
2, 44 crescendo sem indicação de dinâmica
3, 41 e 42, 45, 48, decrescendo sem indicação de dinâmica
62
4 p seguido de crescendo e decrescendo apenas crescendo e decrescendo
5, 7, 51 colcheia na nota mais grave de cada mínima na nota mais grave de cada
arpejo arpejo
7 f crescendo
8, 56 mínima no soprano semibreve no soprano
8, 10, 49 sem indicação de dinâmica decrescendo na segunda metade do
compasso
11 decrescendo p
15 dim. calmo
16 calmo sem indicação de expressão

27
18 fá#2 fá#3 no baixo fá#2 ré#3 no baixo
18 dois grupos de colcheia, colcheia ligada a dois grupos de colcheia e colcheia
colcheia, pausa de colcheia no baixo ligada a semínima no baixo
19, 50, 52 e 53 sem indicação de dinâmica crescendo na primeira metade e
decrescendo na segunda metade do
compasso
24 pp espressivo p
25 três últimos baixos fá#3 três últimos baixos dó#3
28 p e decrescendo na segunda metade crescendo na segunda metade
28 e 29 fá#4 mínima no soprano seguida de pausa fá#4 semínima ré4 semínima ligado a
de mínima semínima e pausa de semínima no
soprano
30

31 acorde ré3 fá#3 ré4 acorde ré3 fá#3 lá3 ré4


32 acorde lá2 mi3 lá3 mi4 acorde dó3 mi3 lá3 mi4
32, 54 sem indicação de dinâmica crescendo
33 acorde si2 fá#3 si3 ré#4 em semínima no acorde, si2 fá#2 em mínima e lá3
e ré#4 em semínima
33 acento na segunda nota do soprano f na cabeça do compasso, sem acento
35 decrescendo crescendo
37 e 59 sem indicação de dinâmica p
39 sem indicação de dinâmica pp
40 e 44 três últimas notas do baixo si2 três últimas notas do baixo fá#2
43, 60 p f
45 acorde do terceiro tempo fá#2 mi3 dó#4 acorde do terceiro tempo fá#2 mi3
lá3 dó#4
46 soprano iniciando em si3 semínima soprano iniciando em si3 colcheia,
seguido de si3 colcheia lá#3 colcheia, si3 colcheia
46 p rall decrescendo
47 a tempo p
55, 58 sem indicação de dinâmica f na cabeça do compasso
57

59 dois grupos de semínima, pausa de mínimas no baixo


semínima no baixo
61 três últimas notas do baixo mi3 três últimas notas do baixo si2
64 sem indicação de dinâmica decrescendo
64 acorde do segundo tempo fá#2 lá3 dó#3 acorde do segundo tempo fá#3 dó#4
lá4 lá4
65 sem indicação de dinâmica p seguido de crescendo
65 primeiro acorde si2 mi3 sol#3 si3, primeiro acorde si2 sol#3 si3,
soprano a seguir si3 colcheia pontuada, soprano a seguir si3 colcheia, dó#4
dó#4 semicolcheia colcheia
66 primeiro acorde mi2 sol#3 si3 mi4, sem primeiro acorde mi2 sol#3 mi4, pausa
pausa na segunda metade do primeiro de colcheia na segunda metade do
tempo, só soprano no quarto tempo primeiro tempo, no quarto tempo
somado ao soprano há o acorde mi2
sol#3 ré4 em semínima
67 acordes nos seguintes valores: semínima, primeiro acorde acrescido de um lá3,
colcheia pontuada, semicolcheia, os demais com as mesmas notas mas
semínima nos seguintes valores: semínima,
semínima pontuada, colcheia,
semínima

28
68

69 p seguido de crescendo apenas crescendo


71 e 72 p em cada acorde pp apenas no primeiro acorde
Terceiro movimento
1 III - Allegretto vivo III – Moment Musical, Vivo e segno
1, 4, 54, 9 si2 no segundo tempo si2 acompanhado de mi3 no segundo
tempo
2 e 10 pausa, si2, mi2, si2 no baixo pausa, mi2, si2 acompanhado de mi3,
mi2 no baixo
3 mi2 no primeiro tempo si2 e mi3 no primeiro tempo
6 sem indicação de dinâmica f
6e7 pausas de colcheia na cabeça dos tempos acorde ligado ao acorde anterior
(mesmas notas) na cabeça dos tempos
9 sol3 si3 semínima, si3 sol3 colcheia e lá3 sol si semínima pontuada e lá dó
dó4 colcheia no soprano e no contralto colcheia no soprano e no contralto
11 dois mi2 semínima no baixo pausa de colcheia, mi2 semínima e
mi2 colcheia no baixo
12 pausa, mi2, si2, mi2 no baixo pausa, si2 acompanhado de mi3, mi2
e si2 acompanhado de mi3 no baixo
13 cresc. sem indicação de dinâmica
14, 24, 40, 47 sem indicação de dinâmica crescendo
14 colcheia seguido de pausa de colcheia no semínima no segundo acorde, ré4 lá4
segundo acorde, dó4 ré4 lá4 no último no último acorde
acorde
15, 76, 103, 104 crescendo sem indicação de dinâmica
15 primeiro tempo com pausa de colcheia no no primeiro tempo acorde ligado ao
soprano e no contralto anterior (mesmas notas)
16 fá#4 no segundo tempo do baixo sol3 acompanhado de si3 e fá#4 no
segundo tempo do baixo
17 semínima seguido de pausa de semínima mi4 sol4 mínima no soprano e no
no soprano e no contralto contralto
17, 25, 43 sem indicação de dinâmica decrescendo
18 sol3 semínima seguido de pausa de sol3 mínima acompanhado de si3 no
semínima no baixo baixo
18, 45, 95, 98 sem indicação de dinâmica p
19 pausa no primeiro tempo do baixo dó4 no primeiro tempo do baixo
21 apenas si2 no baixo si2 no baixo acompanhado de mi3
22 dois grupos de pausa de colcheia si2 pausa de colcheia, si semínima
colcheia no baixo, lá3 e dó#4 na cabeça pontuada no baixo, apenas dó#4 na
do segundo tempo cabeça do segundo tempo
23 apenas si2 nas metades dos tempos si2 acompanhado de mi3 nas metades
dos tempos
26 pausa de colcheia na segunda metade do lá3 si3 na segunda metade do
segundo tempo do soprano e do contralto segundo tempo do soprano e do
contralto
27 pausa, mi2, mi3, mi2 no baixo, no no baixo, pausa, mi2, si2
soprano e contralto dois grupos de si3 acompanhado de mi3, mi2, no
sol3 semínima soprano e no contralto sol3 si3
semínima e pausa de semínima
30 no soprano, pausa de colcheia na cabeça no soprano, ré#4 colcheia na cabeça
do compasso do compasso
31 no soprano, si4, lá4 e pausa de semínima no soprano, si4 e lá4 ligado a lá4
semínima
33 sem baixo fá#3 semínima no baixo
34 no baixo, pausa de colcheia fá#3 no baixo, pausa de semínima e fá#3

29
semínima, pausa de colcheia semínima
35 no baixo, si3, fá#3, ré#3 e si2 no baixo, si3, si3, fá#3 e ré#3
36

37 no baixo, semínima e pausa de semínima no baixo, colcheia, pausa de colcheia


e pausa de semínima
41, 78 sem indicação de dinâmica f
41 mínima no baixo e no tenor semínima no baixo e no tenor
43 ré4 acompanhado de sol4 semínima, fá4 e pausa de colcheia, ré4, fá4 e mi4 no
mi4 colcheia no soprano soprano
45 no baixo, colcheia seguido de pausas no baixo, semínima seguido de pausa
50 crescendo decrescendo
51

52 decrescendo sem indicação de dinâmica


53 dois grupos de pausa de colcheia e si2 pausa de colcheia, si2 semínima,
colcheia no baixo, cabeça do segundo pausa de colcheia no baixo, cabeça
tempo lá3 dó#4 do segundo tempo dó#4
55 pausa de colcheia, si2 colcheia seguido pausa de colcheia, si2 em semínima
de pausa de semínima no baixo, última pontuada no baixo, última nota do
nota do compasso ré#4 compasso ré#4 acompanhado de lá3
56 pausa, mi2, si2, mi2 no baixo pausa, mi3, mi2, mi3 no baixo
57 e 58 repetição dos compassos 55 e 56 compassos inexistentes nessa edição
67, 69, 75, 98, 99, mi3 no tenor voz uma oitava acima, logo mi4
106, 107 e 109
68, 77 ré#3 no tenor voz uma oitava acima, logo rè34
71, 72, 103 mínima no tenor semínima no tenor
74 primeiro acorde em semínima primeiro acorde em colcheia seguido
de pausa de colcheia
76, 87, 88 ré#3 no acorde acorde sem ré#3

79 mínima no baixo, sem contralto semínima no baixo, si3 lá#3 sol#3 no


contralto
80 ré#3 mínima no baixo, fáx3 mínima no pausa de semínima e ré# semínima
tenor no baixo, fáx3 semínima e colcheia
no contralto
81 acorde do primeiro tempo ré#3 sol#3 si3 acorde no primeiro tempo sol#3 si3
83 f com baixo ligado à próxima nota sem indicação de dinâmica nem
ligadura
84 acorde mi2 dó#4 acorde mi2 sol#3 lá#3 dó#4
85 no primeiro tempo, fá#2 no baixo no primeiro tempo, si2 no baixo
85 e 86 decrescendo sem indicação no compasso 85,
crescendo no compasso 86
89 e 90 dim. rallent. f no segundo tempo do compasso 89
91 a 94, 97, 98 fá#3 no tenor voz uma oitava acima, logo fá#4
96 a tempo sem indicação de andamento
97 sem indicação de dinâmica pp
100 e 108 acorde em lá2 ré#3 si3 fá#4 mínima acorde lá2 fá#4 mínima e voz interna
ré#4 semínima, si3 semínima
101, 109 mi4 semínima, mi3 no tenor mi4 mínima, sem tenor
104 mínima no tenor colcheia no tenor
109 sem indicação de expressão rall.
112 pausa de semínima e si2 semínima no dois si2 semínima no baixo

30
baixo
113 a 168 seção A reescrita com várias divergências seção suprimida pois no compasso
com a parte A dessa mesma edição 112 há a indicação D.C al Coda
170 mi2 harmônico no baixo (soa si3) si2 nota natural no baixo
171 a 173 baixo acompanhando os harmônicos apenas harmônicos
174 e 175 harmônicos que soam si5 e mi6 harmônicos que soam si4 e mi5
176 e 177 acordes em pp e arpejados acordes plaquê sem indicação de
dinâmica
Quarto movimento
6 semínima seguido de pausa no baixo semibreve no baixo
7 crescendo até o terceiro tempo, apenas decrescendo no quarto tempo
decrescendo no quarto tempo
10, 52, 54, 70, 94, dois grupos de semínima seguido de mínimas no baixo
100, 173 a 176 pausa de semínima no baixo
12, 47, 63 a 66, semínima no primeiro tempo do baixo mínima no primeiro tempo do baixo
74, 72 seguido de pausa de semínima
13, 103 mínima pontuada no baixo semibreve no baixo
14 ré#4 no terceiro tempo ré bequadro 4 no terceiro tempo
16, 18, 20, 22, 24, semínima no terceiro tempo do baixo mínima no terceiro tempo do baixo
26, 30 a 33, 36, seguido de pausa de semínima
37, 40, 41, 45, 61,
91, 93, 95, 97, 99,
101, 108, 112,
130, 132 e 169 a
171
21 f crescendo apenas f
23 e 24 crescendo sem indicação de dinâmica
27 sem indicação de dinâmica f
28 mínima ligado a semínima no baixo semibreve no baixo
48 no terceiro tempo, mi4 depois ré#4 no terceiro tempo, ré#4 depois mi4
48, 50, 51, 53 semínima seguido de pausas no baixo e mínima seguido de pausas no baixo e
no tenor no tenor
49 no terceiro tempo, sol#4 depois fáx4 no terceiro tempo, fáx4 depois sol#4
52, 54 colcheia na segunda metade do segundo semínima na segunda metade do
tempo seguido de pausa de colcheia no segundo tempo do soprano
soprano
56 no soprano, semínima seguido de pausas no soprano, mínima seguido de
pausas
62, 136 mínima seguido de pausa no baixo semibreve no baixo
68 colcheia seguido de pausa de colcheia e mínimas no baixo
de semínima, semínima seguido de pausa
de semínima no baixo
86, 129 mínima no primeiro tempo do soprano e mínima pontuada no primeiro tempo
do contralto do soprano e do contralto
96 ré4 na última semicolcheia do primeiro lá3 na última semicolcheia do
tempo primeiro tempo
101 lá4 na última semicolcheia fá#4 na última semicolcheia
117 f sem indicação de dinâmica
127 semínima, pausa de mínima e semínima mínima pontuada, colcheia pontuada
na voz interna seguido de pausa na voz interna
128 sem contralto no primeiro tempo no primeiro tempo, lá3 no contralto
133 mínima na primeira nota do tenor semínima ligada a colcheia pontuada
na primeira nota do tenor
137 pausa de mínima no primeiro e segundo dois mi2 mínima no baixo
tempo do baixo
139 semínima na primeira nota do tenor mínima na primeira nota do tenor
141 mínima no tenor e no contralto semínima no tenor e no contralto
152 accel. cresc. sem indicação de dinâmica ou

31
andamento
155 acorde do terceiro tempo mi2 lá2 mi4 acorde do terceiro tempo mi2 lá2
sol#4 mi5 ré#4 mi4 sol#4 mi5
159 e 161 f seguido de p apenas p no terceiro tempo
164 acorde no primeiro tempo mi2 lá2 mi4 acorde no primeiro tempo mi2 lá2 lá3
sol#4 dó#5 mi4 sol#4 dó#5
Fonte: PONCE, Manuel M. Sonata Romántica: Hommage a Fr. Schubert qui aimait la guitare. Mainz: B. Schott’s
Söhne, 1929. Digitação: Andrés Segovia. Dedicada a Andrés Segovia e ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para
Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, pp. 93-103.
Nota: dados trabalhados pelo autor

A ponte para a seção B do terceiro movimento (compassos 59 a 66), por ser

um trecho longo com várias divergências, não caberia no quadro e é reproduzida

abaixo:

4.1.6 – Sonata de Paganini

Esta foi mais uma obra que Segovia insistiu para ser escrita, revisada e

terminada: foram enviadas sete cartas num período de três meses tratando dessa peça.

Supõe-se também que tenha tido maior alteração de Segovia no resultado final, uma

vez que ele pediu para Ponce esquecer essa sonata para sempre após receber uma

primeira versão dela que não satisfez o seu gosto:

“Antes de que hicieras esa reduccion la habia yo hecho, y lo que yo esperaba


y que omiti decirte - ¡mea culpa! – era uma transcripcion libre en donde tu talento

32
hubiese cubierto piadosamente la banalidad de la obra. (...) Ese tiempo, que te he
robado neciamente, hubieras podido consagrarlo a cosa mas digna. En fin,
perdoname y enterremos esa sonata para siempre.

Y digo enterremos, porque yo no pienso tocarla, hubiera podido, al menos,


editarse, a fin de que tu trabajo no hubiera sido estéril del todo.”43

Mas Ponce seguiu a sugestão e, ao invés de uma redução para violão da

Grande Sonata em Lá maior para violão com acompanhamento de violino de Niccolò

Paganini (1782-1840), escreveu uma nova composição elaborada a partir da obra do

italiano e Segovia respondeu com grande alegria: “He recebido la remozada Sonata

de Paganini. Antes era imposible tocarla. Ahora es imposible no tocarla.”44. Mesmo

assim ele mais tarde ainda pediu novas alterações:

“Mi querido Manuel: Buscando obra nuevas para mis concertos de España he
tropezado con la Sonata de Paganini. El I tiempo lo he desechado irrevocablemente
aun modificado por ti. Su estúdio es muy enojoso. Pero la Romanza y el tema final,
variado por ti, pueden componer un numero muy brillante, y estoy estudiandolo. Pero
me faltan dos variaciones mas, que si me das permiso para ello, te las pediré com
urgência. Acuerdate del estilo pirotécnico del genial italiano, y hazlas en ese sentido,
de modo que la gente no dude de que tambien yo he vendido mi alma al diablo”45

“Puesto que te vas a ocupar de Paganini, ¿no querias hacerme el favor de


escribir una cadencia para la Romanza? (...) Se trata de una cadencia rapida sobre la
dominante de lá menor para desembocar en el tema(...)”46

Essas últimas alterações foram pedidas posteriormente a 31 de agosto de 1930.

Como essa sonata foi publicada integralmente pela primeira vez por meio de uma

reprodução do manuscrito assinado por Ponce em 31 de agosto de 1930 em OTERO,

43
ALCAZAR, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989, p. 77.

44
Idem, ibidem, p. 80.

45
Idem, ibidem, p. 104.

46
Idem, ibidem, p. 105.

33
Corazon. Manuel M Ponce y la Guitarra. México: Fonapas, 1981. pp. 78-8747, essas

alterações não estão presentes nessa partitura.

4.2 – Apontamentos sobre a forma das sonatas para violão solo de Manuel Ponce

Grosso modo, todas as sonatas analisadas têm a mesma estrutura formal:

primeiro movimento em allegro de sonata, último em rondó e os demais em A-B-A.

Constituem exceções apenas a Sonata Mexicana (o terceiro movimento dessa obra

não foi concebido inicialmente como um movimento de uma sonata) e a Sonata de

Paganini, de autoria de Paganini. Utilizamos para fins de análise a edição urtext

dessas obras.

Quadro 5 – formas dos movimentos das Sonatas para violão solo de Ponce
Sonata mov. andamento forma
Sonata Mexicana I Allegro moderato allegro de sonata
II Andantino affetuoso A-B-A
III Allegretto, quase serenata Rondó
IV Allegretto un poco vivace Rondó
Sonata em lá menor - - -
Sonata III I Allegro moderato allegro de sonata
II Chanson – Andantino molto espressivo A-B-A
III Allegro non troppo Rondó
Sonata Clássica I Allegro allegro de sonata
II Andante A-B-A
III Menuet – Trio A-B-A
IV Allegro Rondó
Sonata Romântica I Allegro non troppo, semplice allegro de sonata
II Andante A-B-A
III Moment Musical – Vivo A-B-A
IV Allegro non troppo e serioso Rondó
Sonata de Paganini I Allegro risoluto allegro de sonata alla italiana
II Piu tosto largo A-B-A
III Andantino variato Variações sobre um tema
Fonte: ALCAZAR, Miguel. Obra Completa para Guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000
Nota: dados trabalhados pelo autor

47
Como vimos, a própria Corazon Otero gentilmente nos enviou uma cópia desse manuscrito que
segue em anexo a esse trabalho

34
Nota-se nessas obras que os andamentos empregados não são andamentos

rápidos e com exceção da Sonata Clássica os allegros estão seguidos de outras

indicações que levam à escolha de andamentos mais brandos.

Ao longo da breve análise de cada sonata notar-se-á nessas obras o uso de

procedimentos que no século XX estão associadas à academia, mesmo nas que não

são exercícios de estilo. O procedimento empregado pelo compositor constitui em

seguir os cânones dessa forma, representados pelas sonatas de Franz Joseph Haydn

(1732 - 1809), Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791) e Ludwig van Beethoven

(1770 - 1827). Manuel Ponce não esboça qualquer tentativa de superar ou re-elaborar

o modelo de produção de sonatas da primeira escola de Viena.

4.2.1 – Sonata Mexicana

Primeira sonata para violão escrita no século XX. Nela é empregada uma

linguagem próxima ao impressionismo (especialmente no uso da harmonia e no

segundo movimento) com elementos românticos e modais, características que

aproximariam essa obra da música tradicional mexicana. O compositor já conhecia a

obra de Debussy (Ponce escreveu um Scherzino dedicada ao compositor francês em

linguagem impressionista onze anos antes da composição dessa obra). No mesmo

período em que essa sonata foi composta ele estava esteticamente comprometido em

escrever obras nacionalistas. Dessa forma, a escolha da linguagem utilizada nessa

peça se deu não por se tratar de uma obra de um período de assimilação do

impressionismo, mas sim de um período em que, já consciente dos procedimentos

impressionistas, escrevia obras de linguagem mais próxima à música de seu povo,

característica comum a outros compositores latino-americanos dos anos 1920,

incluindo Villa-Lobos. Isso é comprovado pelo uso consciente de fragmentos de

35
canções folclóricas no primeiro e terceiro movimentos e pela presença constante de

gestos musicais mexicanos na obra.

Nos anos 70 Segovia tocou essa sonata dando títulos programáticos ao

primeiro, ao segundo e ao quarto movimento, que foram chamados respectivamente

de Bailecito del rebozo, Lo que sueña el ahuehuete e Ritmos y cantos aztecas48. Não

conseguimos levantar durante a execução desse trabalho a origem desses nomes.

4.2.1.1 – Allegro moderato

O primeiro tema desse movimento é, segundo Miguel Alcazar, parecido ao

tema do villancico Salve, niño hermoso, canção anônima de Guanajuato. Ainda

segundo esse autor, seu desenvolvimento, baseado somente nesse tema, recorda os

desenvolvimentos escritos por Debussy em suas últimas sonatas49. Segundo Corazon

Otero, os desenhos rítmicos presentes nesse movimento são de origem indígena50.

Apesar de a obra ser em lá maior e o primeiro tema poder ser harmonizado

usando acordes de tônica, dominante e subdominante, ele preferiu harmonizá-lo

usando acordes mais distantes, como dominante da dominante e tônica anti-relativa.

Ao longo desse movimento nota-se um tratamento harmônico que não só busca evitar

e enfraquecer a polarização tônica - dominante como evita empregar o acorde de

tônica, que aparece pela primeira vez no compasso 113 (aparece um acorde de lá

maior no compasso 42 que não funciona como tônica, mas sim como subdominante

da dominante).

48
ALCAZAR, Miguel. Obra completa para guitarra de Manuel Ponce. México: Conaculta, 2000, p. 22.

49
Idem. ibidem, p. 18

50
OTERO, Corazon. Manuel M Ponce y la Guitarra. México: Fonapas, 1981, p. 33.

36
O primeiro tema (constituído de um antecedente de dois compassos, um

compasso rítmico, um conseqüente de dois compassos e mais um compasso rítmico) é

enunciado nos seis primeiros compassos, seguido de uma frase de sete compassos que

elabora os elementos rítmicos do tema. A ponte para o segundo tema (compasso 14 a

26) repete trechos e motivos anteriores, transpostos.

O segundo tema (constituído de um antecedente isomotívico de cinco

compassos seguido de um conseqüente também isomotívico) é a única seção da peça

que apresenta relações tônica – dominante e está toda baseada em acordes de

dominante, subdominante da dominante, subdominante relativa da dominante,

dominante da dominante e dominante anti-relativo. Apesar de no breve período de

pesquisa desse trabalho não termos encontrado a origem folclórica desse tema, ele

utiliza elementos que lembram a música mexicana de influência espanhola,

normalmente tocada em instrumentos de metais.

37
Na ponte final dessa seção (compassos 45 a 57) são mostrados de maneira

clara ritmos de caráter mexicano: os acordes dos compassos 45 e 46 bem como as

escalas dos compassos 51 a 54 são gestos comuns da música mariachi.

O desenvolvimento é relativamente curto (compassos 58 a 86) e baseado

somente no primeiro tema. A harmonia desse trecho, por excelência modulatório,

possui cadências com fracas relações tonais entre si, algumas com uso de intercâmbio

modal (como Em7 (68)51 → Cm (69)) e outras com uso de cromatismo (como Eb/Bb

(58 e 59) → Em (60 a 63)).

A re-exposição dos temas é cópia literal da parte A, exceção feita na ponte

para o tema B, que teve a harmonia alterada, pois ela agora deveria conduzir para a

tônica, e para o fato de que o tema B está transposto para a tônica.

4.2.1.2 – Andantino affettuoso

Movimento com uma introdução de quatro compassos e de forma A-B-A, está

todo construído a partir da elaboração do motivo de cinco colcheias. Ora há uma

ligadura numa voz enquanto outra se movimenta, ora há subdivisões das colcheias

feitas em bordadura. As duas únicas exceções são os compassos 15 e 50 - que

separam um trecho de alta movimentação de vozes de outro de baixa movimentação -

e a coda, que apresenta pausas.

É o movimento dessa peça com a harmonia mais rica e que apresenta maiores

traços impressionistas, como uso de acordes de quartas aumentadas (ex.1: compasso

19), acordes aumentados (ex. 2: compasso 13), cadências cromáticas (ex. 3: Bm7/A

51
Números de compasso indicados entre parênteses.

38
(16) → Bb/A (17)) e harmonia dúbia (ex. 4: compasso 18). A melodia, apesar de terna

e singela, é pouco importante, pois se trata de mera elaboração da harmonia, resultado

da ornamentação de uma das vozes harmônicas.

ex. 1: ex. 2:

ex. 3: ex. 4:

4.2.1.3 – Allegretto, quasi serenata

Usando muitos arpejos e escalas, é o movimento com menor ritmo harmônico.

Não há em todo o movimento cadências de tônica – dominante nem de dominantes

individuais explícitas. Nos trechos em que elas se apresentariam ou o acorde de

dominante é transformado em acorde menor (ex.: compasso 2) ou o acorde de repouso

é transformado em acorde aumentado (ex.: compasso 11). À exceção do uso de

acordes aumentados os procedimentos harmônicos, com cadências de intercâmbio

modal e uso de acorde de quinto grau menor, lembram mais a linguagem romântica do

que a impressionista.

Esse movimento é um pequeno rondó, de estrutura A-B-A-C. A seção A está

baseada em um amplo arpejo, a B no ritmo de valsa, ora com bordadura no segundo

39
tempo ora sem bordadura nesse tempo, e na seção C ele utiliza como fonte um

fragmento do Jarabe Tapatío:52

4.2.1.4 – Allegretto un poco vivace

Rondó-sonata com quase as mesmas características harmônica do terceiro

movimento, está baseado em elaborações dos motivos dos movimentos anteriores, o

que dá um certo caráter cíclico a essa obra. Como exemplos podemos citar os

compassos 50 a 63, que mostram re-elaborações de motivos do segundo e do terceiro

movimento.

Há dois casos em que há uma cadência dominante → tônica: compassos 45 e

46, compassos 59 e 60. A seção A aparece três vezes, duas em lá maior e na segunda

vez aparece diminuída em fá maior repetida em seguida em sol maior. Esse

movimento tem a forma A-B-A’-C-A-D.

52
Ele utiliza a melodia do trecho com o verso “Vamos a tomar atole”. O Jarabe Tapatío é um dos temas
mexicanos mais famosos em todo o mundo, difundido até em episódios de desenho animado norte-
americanos.

40
Assim como nos movimento anteriores, vários gestos da música mexicana

estão presentes nesse movimento, como o uso do 6/8, ora como compasso binário, ora

como ternário, além de outros elementos já citados anteriormente, especialmente

elementos da música mariachi.

4.2.2 – Sonata III

Dentre as sonatas para violão solo de Ponce que temos disponíveis, é a mais

rica musicalmente e a que melhor representa o domínio do compositor da linguagem

musical. Foi escrita quando Ponce estudava em Paris com Paul Dukas. É uma das três

obras para violão desse compositor mais conhecidas, mais representativas de sua

produção e mais estudadas. O uso idiomático de harmonias abertas e coloridas nessa

sonata é algo raro de se observar na obra de um compositor não-violonista.

A obra apresenta o amplo uso de elementos típicos do impressionismo, como

acordes de quartas (ex.: compassos 84 e 85 do primeiro movimento), ausência de

polarização entre tônica e dominante, uso de acordes de classificação dúbia (como o

acorde dó#3 si3 fá4 do compasso 32 do segundo movimento ou o acorde ré#3 dó#4

sol4 dó natural 5 do compasso 90 do primeiro movimento), e tratamento da

dissonância como colorido harmônico e não como tensão que deve ser resolvida em

seguida.

4.2.2.1 – Allegro moderato

Allegro de sonata seguindo os cânones clássicos, apresenta um primeiro tema

em ré menor sobre um baixo pedal. É interessante observar já no tema A uma

característica da linguagem de Ponce observada até em suas obras feitas com o

41
objetivo de imitar o estilo de outro compositor: repetir um pequeno trecho melódico

em cuja repetição a harmonia é diferente.

Na frase seguinte (compassos 9 a 14) o compositor arpeja os acordes usando

como motivo o baixo do acorde seguido de arpejo no soprano, em colcheias. Os

demais trechos da ponte para o tema 2 utilizam ou o motivo descrito acima ou

elaborações do motivo do tema A, exceção feita aos acordes repetidos dos compassos

39 e 40. Como eles não são desenvolvimentos de motivos anteriores, são muito

eficazes em preparar a entrada de um novo tema.

Apesar de a tonalidade da obra ser ré menor, o tema B não inicia na tônica

relativa, mas no quinto grau menor, lá menor. Embora esse procedimento pareça

anticanônico, segundo Newmann ele está presente em obras de Haydn e Beethoven.53

Além de o tema ter um caráter menos andado ele está acompanhado da indicação piu

tranqüilo ed espressivo, o que torna ainda mais clara a diferença de caráter desse tema.

É um tema bipartido, com a primeira parte nos compassos 41 a 47 e a segunda nos

compassos 48 a 53. A segunda parte do tema está em fá maior, tônica anti-relativa.

53
NEWMANN, William S. The Sonata in the Classic Era: the second volume of a history of the sonata

ideas. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1969.

42
O desenvolvimento desse movimento se inicia com um aumento do ritmo do

motivo do tema A, arpejando em tercinas acordes que no motivo inicial eram tocados

plaquê. Em seguida ele retoma idéias do final da primeira seção, mesclando com

arpejos de acordes de quarta e escalas ascendentes e descendentes. O uso da harmonia

nesse trecho apresenta características impressionistas, preferindo modulações de

intercâmbio modal ou para tons vizinhos que cadências que criem a sensação de

tensão e repouso. O uso dos acordes de quarta deixa ainda mais claro o uso da

linguagem impressionista nessa obra.

Como na Sonata Mexicana, a re-exposição é pouco ousada, sendo apenas uma

mera repetição da primeira seção com a ponte alterada e o tema B transposto. A coda

final é curta e abrupta, terminando num acorde dúbio, que pode ser tido como Bm7/D

ou como D6.

4.2.2.2 – Chanson – Andantino molto espressivo

Canção em forma A-B-A’. As cadências harmônicas utilizadas apresentam, às

vezes, um caráter modal. A seção B, Vivo, é muito curta e utiliza o mesmo motivo da

ponte para essa seção (compassos 13 a 15).

43
Na retomada da parte A, Manuel Ponce muda levemente a harmonia e

aumenta a movimentação das vozes internas, dando-lhes mais importância nessa

seção. A coda, elaborada a partir do motivo do compasso 4 dessa peça, cria uma

terminação em clima nostálgico, contrastante com o próximo movimento. Todos os

elementos lingüísticos usados no primeiro movimento estão aqui presentes.

4.2.2.3 – Allegro non troppo

Nesse movimento alguns elementos impressionistas estão ausentes, e são

utilizados elementos musicais de caráter espanhol. O tema desse rondó tem

fortemente essa característica, mas os demais temas chegam a negá-la, exceção ao

trecho em trêmolo. Nesse movimento a sensação de tonalismo é mais forte que nos

anteriores, sendo o movimento menos ousado na harmonia e na estrutura tonal,

chegando a ter uma seção e uma subseção na dominante.

Quadro 6 – Tonalidade das seções do terceiro movimento da Sonata III


A B A C A D A E A Coda
D A D Bm→F#m D Bb D D→A D→Db C7→D6

Neste movimento, cujo tema A tem forte caráter espanhol, é interessante notar

que não há elementos que unificam as seções, pelo contrário, a peça foi construída

com o objetivo de que cada nova seção criasse a sensação de contraste: cada novo

tema tem caráter menos e menos espanhol. Quando o primeiro tema da seção E

quebra essa seqüência, em seguida, ainda nessa seção, surge o tema que nega com

maior intensidade o tema espanhol desse movimento (compassos 83 a 86).

44
Esse tema é também utilizado na coda e encerra de maneira surpreendente e

inusitada essa obra, uma vez que a prática é terminar uma peça longa de forma

brilhante. A presença de um tema A com caráter espanhol nessa obra cria um

ambiente propício a um final heróico, mas Ponce fez questão de que o final fosse

melancólico. Como dito em 4.1.3, Segovia pediu para alterar o final dessa peça,

provavelmente para torná-lo brilhante, mas esse pedido não foi atendido. O fato de

nessa peça Ponce não ter aceitado alterações estruturais sugeridas por Segovia deve

ter colaborado para ela ser uma de suas obras para violão mais representativas de sua

linguagem pessoal.

Como não há elementos motívicos que unifiquem as seções, a repetição do

tema A após as demais seções encarrega-se de unificar a obra, pois o movimento

soaria deveras rapsódico caso novas seções surgissem sem reaparecer esse tema.

4.2.3 – Sonata Clássica

Primeira obra de Ponce composta para imitar o estilo de outro compositor. Foi

dedicada a Fernando Sor, que, ao lado de Mauro Giuliani (1781 - 1829), constitui um

dos mais importantes compositores para violão do Classicismo. Como vimos, Segovia

a atribuiu a autoria dessa obra a Sor em algumas ocasiões com o intuito de estreá-la

oficialmente numa cidade ou casa de espetáculos de maior prestígio.

45
Segue os cânones da primeira escola de Viena (Haydn, Mozart, Beethoven)

em quase todas as suas características, sendo uma obra de linguagem clássica. Nada se

vê do Ponce nacionalista, tão pouco do Ponce impressionista, as duas linguagens que

ele utilizou na sua maturidade musical. Apesar disso, nota-se que as formas utilizadas,

especialmente no segundo e no quarto movimento, não são clichês formais do

Classicismo.

4.2.3.1 – Allegro

Escrito em lá menor, a exemplo de muitas sonatas de Haydn, apresenta um

tema de oito compassos cuja estrutura motívica é construída a partir de um motivo de

dois compassos na tônica, seguida da repetição desse motivo na dominante, outro

motivo de dois compassos derivado do motivo anterior e a repetição desse novo

motivo. Como motivos são usados elementos que podem se transformar de melodia

em acompanhamento e vice-versa, recurso empregado nessa obra.

O trecho dos compassos 9 a 14 parte desses motivos e os re-elaboram,

fragmentando-os até o compasso 15, em que o primeiro tema reaparece ornamentado.

Como em obras de Mozart, para a ponte (compassos 20 a 29) Ponce prefere empregar

um novo tema, derivado de elementos utilizados previamente, do que seguir

46
fragmentando e re-elaborando o tema inicial. Quatro compassos de notas repetidas

criam o ambiente de expectativa adequado para surgir um novo tema.

O tema B está na tônica relativa e tem um caráter mais calmo que o tema A.

Assim que esse tema termina, paulatinamente o ritmo melódico aumenta até

aparecerem tercinas, as figuras mais rápidas desse movimento. Todo o tratamento da

ponte para o fim dessa seção lembra tratamentos muito mais freqüentes nas sonatas

para piano que nas sonatas para violão do classicismo.

O desenvolvimento inicia num acorde distante da tônica (Ab) e modula para

paulatinamente chegar à dominante: Ab→Cm→G→Dm→G→Bb→F→C→Am→E→B

→E são os acordes estruturais desse trecho. São utilizados elementos dos dois temas,

com predominância de elementos do tema B. Na ponte para a re-exposição (91 a 101)

utiliza-se motivos do tema com pouca alteração rítmica.

Assim como nas sonatas anteriores, a re-exposição é uma mera reprodução da

primeira seção, exceção feita à ponte para o tema B e para o fato do tema B estar

47
transposto para a tônica. Uma coda brilhante, que utiliza escalas rápidas, encerra esse

movimento.

4.2.3.2 – Andante

Escrito em dó maior (relativo de lá menor), e em forma A-B-A, apresenta uma

atmosfera de influência beethoveniana. Apesar de haver elementos motívicos que

unifiquem esse movimento, ele soa levemente rapsódico e possui uma curva tonal

inusitada para obras seguindo a linguagem de Haydn e Mozart, mais próprias à

linguagem de Schubert: C→G→A→Cm→Ab→G→Cm→Ab→G→C.

4.2.3.3 – Menuet – Trio

Outro movimento em dó maior, ele tem um caráter festivo, assim como em

várias valsas de Sor (especialmente os escritos para dois violões). Todas as frases de

um mesmo trecho desse movimento são motivicamente similares e facilmente se

percebe como os motivos foram desenvolvidos.

A estrutura harmônica desse movimento é relativamente simples. A primeira

frase do Minueto (compassos 1 a 9) é em dó maior e caminha pra sol maior. A

segunda frase (compassos 10 a 19) se inicia num arpejo de dó# diminuto e caminha

para sol maior. A próxima frase (compassos 19 a 26) se inicia em dó menor e caminha

para sol maior. As duas últimas frases do Minueto estão em dó maior. A primeira

frase do trio se inicia em dó maior e caminha para sol maior, a segunda inicia em mi

bemol maior e caminha para sol maior. A última frase da peça é em dó maior.

48
4.2.3.4 – Allegro

Rondó em lá maior com uma interessante peculiaridade: apresenta uma seção

A em lá maior, em seguida uma seção B com um motivo diferente em dó# maior.

Logo após retoma o A seguido de uma longa elaboração de um motivo desse tema,

em fá# menor que caminha para mi maior (compassos 31 a 47).

Logo após uma seção C em lá maior, retoma o A e apresenta uma seção D em

lá menor, com motivo baseado no motivo do segundo compasso. Após essa seção ele

não retoma o A, mas a elaboração de A após a seção B (compassos 31 a 48), em outra

tonalidade, fá menor (vide compassos 105 a 115). Em seguida apresenta uma seção D

em lá menor que caminha para mi maior, retoma o A seguido de B, apresenta oito

compassos que retomam a idéia da elaboração de A dos compassos 31 a 48. A coda é

baseada nos motivos presentes nos compassos 8 e 9. Ou seja, esse rondó tem duas

características raras: numa das seções destinadas à repetição de A ele utiliza uma

elaboração motívica de A e ao final ele retoma idéias de seções mostradas

anteriormente.

Tal característica formal comprova que nessa obra concebida para imitar o

estilo de outro compositor, Ponce se baseou em clichês harmônicos, melódicos e

49
motívicos para produzir uma obra em linguagem clássica, mas na forma ou ele se

baseou em uma obra em especial (pois Segovia pediu que essa sonata fosse composta

seguindo o exemplo de sonatas não-identificadas entregues a Ponce previamente) ou

ele resolveu elaborá-la da maneira que mais lhe aprouve.

4.2.4 – Sonata Romântica

Obra em estilo de Schubert, utiliza várias cadências de intercâmbio modal e

contornos melódicos que lembram alguns lieder desse compositor. No entanto, a

forma se aproxima mais de formas empregadas por Ponce em suas próprias sonatas

que de formas empregadas por Schubert. O fato de o desenvolvimento ser feito a

partir de motivos mostrados previamente com tanta naturalidade no trato melódico

que elas soam quase rapsódicas e com difícil diferenciação de caráter entre os temas,

uma característica particular das sonatas de Schubert, não está tão claramente presente

nessa obra, embora o mexicano tenha tentado, sem grande sucesso, exibir essa

característica.

4.2.4.1 – Allegro non troppo, semplice

O primeiro tema dessa obra apresenta todos os elementos motívicos dessa peça

à exceção dos dois motivos que só serão apresentados no tema B.

Os 10 compassos seguintes são elaborações desse tema em torno do acorde de

tônica e tônica anti-relativa. Em seguida o tema A é retomado, dessa vez caminhando

50
harmonicamente para o quinto grau, que se transforma em quinto grau menor. Segue

uma ponte modulante para o tema B no quinto grau menor, na dominante e na tônica

relativa maior. O tema B está na dominante.

A ponte que segue é mais estável que a ponte anterior e cadencia no acorde de

dominante da dominante. Feita essa cadência, segue um compasso de pausa (cadência

silenciosa) e ataca-se a primeira parte do tema A, transposto uma terça menor acima e

harmonizado na relativa da tônica menor. Por fim, caminha-se à dominante para

encerrar essa seção.

O desenvolvimento se inicia re-expondo o tema A, quase literalmente, sobre

um acorde de tônica relativa, seguido da re-exposição de um trecho do tema B sobre

um acorde distante, sol menor (relativo do quinto grau menor, mas tal classificação

soa inadequada, pois não há em todo o desenvolvimento um único acorde de quinto

grau menor e utiliza-se o acorde de dominante). Embora se utilizem elementos do

tema A no desenvolvimento, o uso de elementos do tema B predomina. Um longo

trecho do desenvolvimento (compassos 75 a 86) utiliza apenas motivos do tema B. A

princípio ele parece uma ponte para a re-exposição, mas não o é, pois essa seção surge

no trecho seguinte.

O compasso 87 apresenta o início do tema A transposto. Numa primeira

audição esse compasso engana o ouvinte, soando como re-exposição. Isso ocorre pois

toda a obra não apresenta uma estrutura tonal clara e o ouvinte não consegue

51
acompanhar perfeitamente em que tonalidade está o trecho que ele escuta no

momento. No entanto, esse compasso se trata apenas de uma ponte para a re-

exposição. O uso de elementos do tema A nessa ponte torna a chegada à re-exposição

mais sutil e natural.

Como nas outras sonatas, a re-exposição apresenta poucas novidades,

nenhuma delas muito relevante. É o caso, por exemplo, de o tema A ser apresentado

sob um pedal de dominante, o que altera levemente a harmonia desse tema nesse

trecho.

4.2.4.2 – Andante

Movimento em mi maior que, apesar de ser facilmente identificável como um

A-B-A’, apresenta uma estrutura formal que o aproxima de um rondó. É apresentada

uma seção A de 28 compassos com duas melodias de caráter diferente (compassos 1 a

4 e compassos 13 a 16, a primeira em mi maior e a segunda em dó# menor), mas que

não são postas como temas contrastantes, pois toda a peça foi trabalhada

motivicamente para levar uma idéia naturalmente à outra, sem oposição54.

54
Numa primeira audição é mais provável que o ouvinte tenha como tema contrastante ao inicial os
compassos 20 a 28, em fá# maior / fá# menor, que não passam de uma elaboração da melodia dos
compassos 9 e 10 com um acompanhamento homofônico.

52
Em seguida segue uma seção que retoma a primeira melodia do trecho anterior,

transposta para ré maior, e surge uma idéia musical nova (compassos 32 a 38). É

retomado o fim da primeira seção, agora em si maior / si menor, logo após uma

repetição literal da primeira melodia. Seguem re-elaborações da primeira seção, que

mantêm as frases próximas da tonalidade desse movimento, e uma pequena coda. Ao

ouvir essa música até o compasso 58 é possível que um ouvinte pense que esse

movimento seria em forma rondó, mas o que segue mostra que ele tem forma A-B-A’.

Nesse movimento lento Ponce se aproxima de procedimentos de elaboração

motívica típica de Schubert, no entanto, não os apresentam de forma tão genial quanto

o compositor alemão.

4.2.4.3 – Moment Musical – Vivo

Movimento que recorda um grupo de peças características de Schubert,

apresenta duas seções fortemente contrastantes, a primeira em mi menor e a segunda

em lá maior, em forma A-B-A. Cada seção se desenvolve através de elaborações da

primeira frase de cada trecho, por meio de procedimentos mais próximos do

improviso que do desenvolvimento sistemático dos motivos. A parte A pode ser

dividida em duas grandes seções, uma em mi menor (compassos 1 a 26) e outra em si

maior (compassos 26 a 64). Dentro dessas seções há frases em acordes relativos da

tonalidade de cada seção que tem como objetivo mudar a cor dessas melodias e deixar

dúbia a sensação tonal. Essa característica é típica de Schubert, e desperta a atenção

53
do ouvinte para todas as frases ao invés de levar a atenção somente para os temas

principais, desprezando o conteúdo melódico de pontes e codas.

4.2.3.4 – Allegro non troppo e serioso

Esse movimento emprega uma curiosa forma rondó, que lembra o tratamento

de Schubert da forma sonata. Ele apresenta um tema A de oito compassos, em lá

menor, seguido de uma pequena ponte de sete compassos que caminha para a

dominante. Segue um tema B de forte caráter harmônico que também conduz para a

dominante, passando por acordes razoavelmente distantes (no caso dessa apresentação

desse tema, para a tônica relativa, tônica maior, tônica anti-relativa da tônica maior e

tônica relativa da tônica maior), e um tema C mais interessante melodicamente, um

tema mais “sinuoso”, na tonalidade de lá maior.

É apresentada nos compassos 40 a 82 uma longa ponte modulante que inicia

na tônica e caminha para a dominante da dominante da dominante, passando por

acordes distantes e empregando com freqüência cadências de intercâmbio modal ou

de cadências na mediante e em que predominam elaborações motívicas do tema C. No

compasso 83 repete-se o tema A (transposto para o quinto grau menor da dominante),

seguido do tema B (que inicia na mesma tonalidade e caminha para a dominante da

dominante da dominante) e do tema C (na dominante da dominante). Segue outra

ponte modulante (compassos 115 a 125) que inicia no quinto grau menor da

dominante e leva para a dominante utilizando elementos motívicos dos temas B e C.

Re-expõe-se o tema A, dessa vez em lá maior, seguido de uma ponte de 10

compassos. Repete-se o tema A novamente e segue-se um tema D de acordes de

54
extensão muito ampla para o violão55. A obra se encerra numa espécie de coda que se

trata da fragmentação do tema B. Como a peça é construída a partir da re-exposição

recorrente de um tema, é um rondó, mas como re-expõe recorrentemente todos os

temas menos na parte final, pode ser visto, grosso modo, como um A tri-temático (lá

menor→lá maior) - A’ tri-temático (si menor→si maior) - A bi-temático com longa

ponte harmônica (lá maior).

4.2.5 – Sonata de Paganini

Dentre as obras classificadas em catálogo como sonatas para violão de Ponce,

é a que menos pode se reconhecer a sua própria linguagem musical, apesar de nela ser

possível observar seu manejo da escrita musical. Toda a obra baseia-se na Grand

Sonata a Chitarra Sola com Accompagnamiento di Violino de Paganini, e trata-se de

uma livre elaboração dessa obra, uma espécie de arranjo em que as melodias originais

de Paganini foram ornamentadas e levemente alteradas por Ponce.

Como um dos objetivos desse trabalho é estudar a linguagem de Ponce e toda

a forma, harmonia e tratamento motívico dessa peça não é de autoria dele, mas sim de

Paganini56, consideramos uma análise formal dessa obra pouco interessante para esse

estudo e mais adequada para um estudo voltado exclusivamente à comparação dessa

livre elaboração de Manuel Ponce com a obra original.

55
Um violão normal tem três oitavas e uma quinta justa de extensão e esse trecho apresenta acordes
com extensão de três oitavas e uma terça maior.

56
O que Ponce fez, especialmente nos dois primeiros movimentos, foi quase que exclusivamente
ornamentar o texto original, com algumas modificações

55
5 - Conclusão

Manuel Maria Ponce utilizou várias formas e linguagens musicais, das quais o

conjunto de seis sonatas para violão solo representa um dos mais significativos da

produção desse compositor. Nesse conjunto encontramos todas as linguagens

musicais empregadas por ele. Além disso, entre essas obras figuram peças importantes

em seu catálogo, duas em especial: a Sonata Mexicana, por sua importância histórica,

e a Sonata III, por se tratar de uma obra madura, consciente das possibilidades

harmônicas do violão, e em seu próprio estilo.

O estudo da biografia de Ponce, especialmente no que se refere à sua relação

com Andrés Segovia, é vital para compreender sua produção para violão, pois

praticamente toda escolha musical dessas obras foi influenciada pela sua amizade com

o violonista espanhol. Além disso, o violonista procurou interferir no resultado final

dessas obras, com alterações que devem ser conhecidas e estudadas para que o

intérprete tenha maiores subsídios e faça as suas próprias escolhas musicais.

Por fim, espera-se que esse trabalho possa ajudar na reflexão sobre as sonatas

para violão de Manuel Ponce, servir de auxílio para futuras pesquisas e também

incentivar o estudo da obra desse compositor no Brasil.

56
6 - Bibliografia

6.1 – Livros

ALCAZAR, Miguel. Obra completa para Guitarra de Manuel M. Ponce a partir de

los manuscritos originales. México: Conaculta, 2000.

_________, Miguel. The Segovia-Ponce letters. Columbus: Orphée, 1989.

GRIAL, Hugo de. Músicos Mexicanos. México: Diana, 1965.

MED, Bohumil. Teoria da Música. Brasília: Musimed, 1996.

NEWMANN, William S. The Sonata in the Classic Era: the second volume of a

history of the sonata ideas. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1969.

___________, William S. Sonata since Beethoven: the third and final volume of a

history of the sonata idea. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1969.

OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra. México: Fonapas, 1981.

ROSEN, Charles. Sonata forms. New York: Norton, 1988.

6.2 – Partituras

Vários autores. Álbum de música popular mexicana. México: Repertório Wagner S.A.

DEBUSSY, Claude. Préludes pour piano. Buenos Aires: Ricordi.

SOR, Fernando. Sonata op. 22. London: Tecla editions, 1982.

57
6.3 – Dicionários, enciclopédias e catálogos

BLUME, Friedrich (org.). Die Musik in Geschichte und Gegenwart. Kässel und Basel:

Bärereinter Verlag, 1951.

HONEGGER, Marc (org.). Dictionnaire de la Musique, Les Hommes et leurs Oeuvres.

Paris: Bordas, 1970.

LIEPINS, Andrew. The Guitarist’s Repertoire Guide. 3rd. ed. Nottingham: SGC

Publications, 1999.

POCCI, Vicenzo. Guida al Repertoria della Chitarra nel Novecento. Roma: VP

Music Media, 1999.

SADIE, Stanly (org.). The New Grove Dictionary of Music and Musicians. London:

Macmillan Publishers Limited, 1980.

Vários autores. Enciclopédia de la Música. México: Editorial Cumbre, 1953.

6.4 – Gravações

SEGOVIA, Andrés. Manuel Ponce Sonatas. MCA 42072.

6.5 – Correspondências com o autor do presente trabalho

ALCAZAR, Miguel.

GILARDINO, Angelo.

ORPHÉE, Matanya.

OTERO, Corazon.

58

Você também pode gostar