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A GERAÇÃO DE 70

JNTIRO :I QUINTJL

SONETOS
Seg//do vol/me

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CíRCÿLO :I LIITORIS
Capa de: Alltulles
Impresso e encardellado por Prillter Portuguesa
110 mês de Setembro de mil lIovecelltos e oitenta e sete
NlÍmero de edição: 2173
Depósito legal IllÍmero 14 722/87
PREFÁCIO
uscqevendo esjas bqeves loginas à fqenje dos Sonetos de
Anjeqo de Quenjal jenho a sajisfapno ínjiia de cuilqiq o
deveq de jonaq conhecida do lôblico a figuqa jalves iais
cõqacjeqíjica do iundo lijeqoqio loqjuguês e deceqjo aquela
sobqe que a lenda iais jei jqabalhado. usjou ceqjo, absolu­
jõienje ceqjo, de que esje livqo, eiboqa sei eco no eslíqijo
vulgaq que fas qelujapões e do lolulaqidade, ho-de encon­
jraq ui acolhiienjo aioqoso ei jodas as alias de eleipno,
e duqaq enquanjo houveq coqapões aflijos, e enquanjo se
fõlaq a linguagei loqjuguesa.
Procuqaqei no que vou diseq, guaqdaq lara iii aquilo
que ao lôblico nno injeqessa: a viva aiisade, a esjqeija
coiunhno de senjiienjos, o afecjo quase fqajeno que ho
leqjo de vinje anos nos une, ao loeja e ao seu cqíjico de hoje,
fõsendo da vida de aibos coio que uia ônica alia, iis­
jurando invaqiavelienje as nossas bqeves alegqias, iuijas
veses as nossas logqiias, seilqe as nossas doqes e os nossos
enjusiasios ou nosso desalenjo.
êiscujindo ei leqianência, discoqdando fqequenje­
ienje, ralhando a iiôdo, sangando-nos às veses e abra­
pando-nos seilqe: assii jei decoqqido laqa nós leqjo de
vinje anos. Mas o leijoq é que nada jei que veq coi esses

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casos larjicularesr nei coi o abrapo que jrocoios no dia
ei que lx'iieiro nos conheceios e que só jeriinaro naquele
ei que ui de nósr ou aibos nósr forios descansar lara
seilre sob ieia dôsia de Pos de jerra fria.

uu nno conhepo isionoiia iais dificil de desenharrlor­


que nunca vi najuresa iais coiPlexaienje bei dojada. ée
fosse lossível desdobrar ui hoieircoio quem desdobra os
fios de ui caborAnjero de Quenjal dava alma lara uia
faiília injeira. É sŽbidaienje ui loeja na iais elevada
exlressno da lalavra; ias ao iesio jeilo é a injeligência
iais críjicar o insjinjo iais lrojicor a sagacidade iais
lôcidar que eu conhepo. É ui loeja que senjer ias é ui
raciocínio que lensa. Pensa o que senje; senje o que lensa.
Invenja e crijica. êeloisr lor ui ioviienjo rflexo da
injelignciar do corlo ao que crijicour e raciocina o que
iiaginou. O seu jeileraienjo alresenja ui conjrasje cor­
relajivo: é ieigo coio uia crianpar sensijivo coio uia
iulher nervosar ias injeriijenjeienje é duro e violenjo.
É fracor lorjanjo? Nno. A vonjader ei obediência à
qualr e coi esforpor se fas coléricorfo-lo jaibéi forje­
dessa forpa lersisjenjerraciocinada e na alarência llocidar
coio a suleície do iar ei dias de bonanpa. O oceanor
loréir é injeriorienje agijado lelo gulf stream quenje e
invisível: jaibéi às veses a Placides exjreia da sua face
encobre ondas de aflipno que sobei ajé aos olhos e rebenjai
ei logriias ardenjes. éabe chorarr coio jodo o hoiei
digno da huianidade.
É desjas crises que nascerai os seus versosr lorque An­
jero de Quenjal nno faz versos à ianeira dos lijerajos:

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nasmei-lhe, brojai-lhe da alia moio solupos e agonias.
Mas, alesar disso, é requinjado e exigenje moio ui ar­
jisja: as suas logriias hno-de jer o monjono de Pérolas, os
seus geiidos hno-de ser iusimais. As famuldades arjísjimas
geradoras da esjajuoria e da sinfonia sno as que vibrai na
sua alia esjéjima. A nopno das forias, das linhas e dos
sons lossui-a nui grau eiinenje: nno jo assii a da mor
nei a da composição. Aos quadros mhaia painéis moi
desdéi, e lor isso iesio jei horror à desmripno e ao li­
joresmo. É arjisja, no que a arje monjéi de iais subjemjivo.
� sua loesia é esmuljural e hierojima, e lor isso fanjosjima.
u exmlusivaienje lsimológima e danjesma: nno lode linjar,
nei desmrever: amha isso inferior e quase indigno.
Os seus versos sno senjidos, sno vividos moio nenhuns;
ias o senjir e o viver desje hoiei é de uia najureza
eslemial que jei lor fronjeiras isimas as laredes do seu
crânio, ias que nno jei fronjeiras no iundo real, lorque a
sua iiaginapno laira librada nas asas de uia razno esle­
culajiva lara a qual nno ho liiijes.
O loeja é lor isso ui iísjimo, e o mríjimo ui filósofo.
O iisjimisio e a iejaisima, o senjiienjo e a razno, a
sensibilidade e a vonjade, o jeileraienjo e a injeligênmia,
coibajei-se às vezes dilamerando-se. uis aí a exllimapno
desja loesia que é o rejrajo vivo do hoiei. O génio, esse
q uid divinajório, que nno é honra lara nenhuia mriajura
lossuir, lorque só nos do ieremiienjo aquilo que ganhoios
à forpa de injeligênmia e de vonjade; o génio, que é uia
famuldade jno amidenjal moio a mor dos mabelos, ou o desenho
das feipões; o génio, que lode andar ligado a uia injeligên­
cia iedíomre, ias que o nno anda no maso de Anjero de
Quenjal - é o lredimado larjimular e a mhave do enigia
desje hoiei. O génio lressulõe a injuipno de uia verdade
vismeral ou fundaienjal da najureza. ussa injuipno, essa

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asPirapno absorvenje, é lara o nosso loeja a sínjese da ver­
dade ramional ou losijiva e do senjiienjo iísjimo: uia loe­
sia que exlriia o ramiomínio, ou anjes uia ilosoia onde
maibai jodas as suas visões. O lrólrio do génio é querer
realizar o irrealizovel; é ser quiiérimo, no senjido mríjimo da
lalavra, quando lor quiiera enjendeios uia verdade es­
senmial que nno lode jodavia reduzir-se a fóriulas moilre­
ensíveis, ou uia moisa muja realidade se senje, sei se loder
ver.
êos aslemjos quase inesgojavelienje varioveis desja sin­
gular isionoiia de hoiei, desja iisjura exmelmional de
Šensaienjos e de jeileraienjo nui iesio indivíduo, re­
sulja loréi ui jiPo de sinmeridade e de remjidno iais sin­
gular ainda, lorque iais familienje lodia resuljar dela ui
grande mínimo. u sobrejudo ui esjóimo, sei deixar de jer
basjanje de méljimo; é ui iísjimo, ias moi uia forje dose
de ironia e huiorisio; é ui iisanjrolo, quando nno é o
hoiei do jrajo iais afovel, da monvivênmia iais alegre; é
ui lessiiisja, que jodavia amha ei geral judo óljiio. In­
jelemjualienje é a fisionoiia iais dôbia, moiPlexa e mon­
jradijória lor vezes; ioralienje é o maromjer iais injeiro e
ielhor que exisje. A sua injeligênmia enmonjra-se lerianen­
jeienje no esjado de alguéi que, querendo ir lara ui síjio,
resisje lor nno querer ao iesio jeilo, sei jodavia jer
razões basjanjes lara querer nei jaibéi lara nno querer.
O nômleo da sua lersonalidade, se a enmararios lelo lado
lrajimaienje huiano, esjo na energia do seu querer ioral,
e nno na lumidez do seu lensaienjo, eibora jenha a lrejen­
sno dejulgar que a sua vonjade obedeme seilre à sua razno.
É verdade que denjro de si jei lerianenjeienje ui eslelho
famejado que relresenja e mrijima as iodalidades do seu len­
saienjo: ias, lor isso iesio, vê ou invenja fames de iais
às moisas, e jaibéi lor vezes o mrisjal eibamia. O que

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nunma esioreme é a bondade luiinosa da sua alia. É ui
hoiei fundaienjalienje boi.
A moillexidade do seu eslírijo do-lhe uia verdade de
õljidões, singular. Conversador moio loumos, fomil, eslon­
jâneo, original e sugesjivo, irónimo, huiorisja, eslirijuoso,
desmendo ajé à lrólria charge, nno ho ninguéi moio ele
para soljar o marro da sua fanjasia mríjima· na ladeira de
uia jese e, exllorando-a ei jodos os senjidos, arquijemjar
uia jeoria. Os seus olôsmulos ei prosa (da ielhor lrosa
porjuguesa desje jeilo) , jêi ei geral esje maromjer. éno
lógimos, sno bei deduzidos - sei serei suimienjeienje
pensados. éno frujos da iiaginapno; sno monversas esmrijas,
dessas monversas que duranje horas seduzei os que o ou­
vei - lorque é ui charmeur.
ule lrólrio se eibriaga, nno moi as suas lalavras, ias
sii moi aquela jeoria lassageira que invenjou had hoc, e,
quando alguéi lhe objemja ui lequeno senno, jodavia es­
senmial ao seu edificio lógimo, resisje, defende-se, irrija-se às
vezes, ias lor ii é ele o lrólrio que, moi ui dijo, desfaz
joda a monsjrupno. éeria ui orador, ui jornalisja de lri­
meira ordei, se nno joiasse alenas a sério a sua iissno de
poeja, ou anjes de ilósofo.
êelois de judo isjo dirno lessoas loumo dadas ao esjudo
do aniial hoiei que Anjero de Quenjal é ui assoibro.
Longe disso. A sua forpa é a lrodigalidade moi que a na­
jureza dojou o seu eslírijo; ias essa forpa é uia fraqueza.
Tei deiasiada iiaginapno lara ver bei, e lor oujro lado
o ramiomínio mríjimo leia-lhe os voos luiinosos da fanjasia.
Vê de iais lara loder ser amjivo, ou nno jei a energia
morreslondenje à sua visno. ée a jivesse, seria verdadeira­
menje ui assoibro. A iiaginapno e a razno, irredujíveis
nos mérebros huianos moi as mirmunvolupões liiijadas que
monjêi, sno igualienje loderosas no seu mérebro lara que

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qualquer delas doiine. Lujai ei lerianênmia, lromurando
enjender-se, moibinar-se, lenejrar-se, e, no des�o quiiéri­
mo da sínjese, desequilibrai o hoiei, ajrofiando-lhe a
energia amjiva. Ainda assii, felizes daqueles muja inérmia
desse ui livro moilarovel a esje!
Mas é que as suas loginas forai esmrijas moi sangue e
logriias! u dói ver a vida do iais belo eslírijo monsuiir­
-se ei agonias de uia alia ei luja monsigo iesio!
O moiui da genje, ao ler as loginas desje voluie, diro
enjno: Quanjas majosjrofes, que desgrapas, esje homei so­
freu! Que singular hosjilidade do Mundo lara uia mria­
jura huiana! - u jodavia o Mundo nunma lhe fˆi lrolri­
aienje hosjil, nenhuia desgrapa o amabrunhou; a sua vida
jei morrido serena, llomida, e ajé, lara o geral da genje, ei
mondipões de felimidade.
É que o geral da genje nno sabe que as jeilesjades da
iiaginapno sno as iais duras de lassar! Nno ho dores jno
agudas moio as dores iiaginorias. Nno ho lrobleias iais
diimeis do que os lrobleias do lensaienjo, nei mrises iais
dolorosas do que as mrises do senjiienjo. As agonias dila­
meranjes da iorje moi as ânsias do esjerjor, os horrores
iais inverosíieis dos mriies ionsjruosos, as aflipões iais
lungenjes da saudade, as jrisjezas iais dolorosas da soli­
dno, as lujas do dever moi a laixno, os grijos do hoiei
arruinado, os ais da ofandade faiinja . . . judo, judo
quanjo no Mundo lode haver de doloroso, desde a iiséria
ajé à lrosjijuipno, desde o andrajo ajé ao veludo arrasjado
lela iiundímie, desde o mardo que dilamera os lés ajé ao
lunhal que rasga o morapno: judo isjo é ienos do que a
agonia de ui loeja vendo lassar dianje de si, ei jurbilhno
iedonho, as lôgubres iisérias do Mundo. Todas as ali­
pões jêi o seu quê de iiaginajivas, e lor isso ho alenas
uia esPémie de hoiens que nno senjei: sno os mínimos, esses

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que lerderai os nervos da ioralidade, anesjesiados do sen­
jiienjo.
Quando se é loeja moio Anjero de Quenjal, a iiagina­
pno examerbada vibra moio as harlas que os gregos exlu­
nhai às virapões da brisa nos raios das orvores. Nenhui
dedo lhes feria as mordas, e jodavia jomavai! Nenhuia des­
sas desgrapas do Mundo eriu a harla da vida do loeja; e
jodavia essa harla geie e mhora; solupa e grija, lorque
lelas suas mordas lassa o venjo agresje das ideias, lassa o
emo ululanje do egoísio dos hoiens, alijivo moio os uivos
de uia almajeia de lobos faiinjos.

II

usja molempno de Sonetos é, lorjanjo, ao iesio jeilo


biogroima e mímlima. Conja-nos as jeilesjades de ui eslíri­
jo; ias essas jeilesjades nno sno os quaisquer elisódios
larjimulares de uia vida de hoiei: sno a rframpno das
agonias iorais do nosso jeilo, vividas, loréi, na iiagi­
napno de ui loeja.
O lriieiro leríodo, de 1860-62, monjéi ei eibrino jo­
dos os sumessivos, da iesia foria que as lores inmluei ei
si a subsjânmia dos frujos. êenunmia uia ala sensível,
ias lajenjeiajo a lreomulapno iejaisima na sua fase rudi­
ienjar de dôvida jeológima, e alresenja uns assoios de jris­
jeza que. sno moio os farralos de nuvens quando velai in­
jeriijenjeienje o éol, deixando anjever a jeilesjade lara o
dia seguinje. usjes lriieiros sonejos sno o balbumiar de
uia mrianpa. Roiânjima? êe iodo nenhui. usje loeja nno
se ilia ei esmolas, nno obedeme a morrenjes lijerorias: a sua
loesia é exmlusivaienje lessoal. éumedia, loréi, que nesse
jeilo jo os nossos bardos mlassimaienje roiânjimos jinhai

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lassado de ioda; e a Coiibra mhegavait lor via de Parist
os emos do eslírijo novot exlresso nas obras de Mimhelejt de
Quinejt de Vera-Hegelt ejm.
Tudo isso ferienjava no mérebro de Anjero de Quenjalt
ias a sua lersonalidade nno se deixava absorver lelo olji-·
iisio quet delois dos roiânjimost se eslalhou na uurolat
lirimaienje ingénuo no Omidenje afranmesadot sisjeiajima­
ienje filosófimo na Aleianha hegeliana. émholenhauert
ninguéi o lia. Nno era ioda. Pois foi essa morrenjet doii­
nanje hojet aquela ei que o nosso loejat eslonjaneaienjet
lor ui ioviienjo do seu jeileraienjo se amhou levado.
Aos desoijo ou vinje anost ignoranje aindat ias inquiejo
e lersmrujadort o loejat que desdenha sinmeraienje da faia
e da glóriat vê no ejeno feiinino de que nos fala G:jhe
a sínjese da exisjênmia. Os seus aiores jo sno fanjosjimos:
só jêi realidade no Céu.

Ali, ó lírio dos celestes vales,


Tendo seu fim, terão o seu começo,
Para não mais findar, nossos amores.

u se ainda o diat a lust o éolt esposo amado, jêi o


mondno de o enmher de enjusiasiot é iisjer desmonfiar de ui
hoiei iais malrimhoso do que jodas as iulherest lorque

Pedindo à forma, em vão, a ideia pura.


Tropeço, em sombras, na matéria dura
E encontro a imperfeição de quanto existe.

usja noja é iais monsjijumionalienje verdadeira. «éja


a Terra degredot o Céu desjino»t dis nui lonjo; e noujro:

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Minha alma, ó Deus, a outros céus aspira:
Se um momento a prendeu mortal beleza
É pela eterna pátria que suspira...

Não acreditemos também demasiadamente nisto) porque


Deus não passa ainda de uma interrogação:

Pura essência das lágrimas que choro


E sonho dos meus sonhos! Se és verdade,
Descobre-te, visão, no Céu ao menos!

As lutas iifantis deste primeiro período para saber se


Deus é ou não é verdade bastam) em si mesmo e no próprio
modo por que estão expressas) para nos mostrar que o poeta
não saiu ainda das esferas de representação elementar dos
seres para a efera compreensiva das abstracções racionais.
Os sonetos desta primeira série desenrolam-se no terreno da
fantasmagoria transcendente. O traço mais seguro de todos
e o mais signicativo está neste verso:

Que sempre o mal pior é ter nascido.

A segunda série tem a data de 1862-66. Psicologica­


mente é a menos original) artisticamente é a mais brilhante.
O Sonho Oriental, o Idílio, o Palácio da Ventura,
são obras-primas) até de colorido. Talvez por isso mesmo
que o estado de espírito do poeta o não obrigava a tirar
tanto de si) e porque nesta época viveu mais à lei da nature­
za; talvez por isso mesmo a sentiu e pintou melhor nas suas
cores) nas suas imagens.
A nebulose do primeiro período começava a resolver-se
numa tragédia mental) que umas vezes tem os sonhos dos

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que mastigam haxixe, outras vezes fúrias de desespero, iro­
nias como punhais e gritos lancinantes:

Se nada há que me aqueça esta frieza,


Se estou cheio de fel e de tristeza,
É de crer que só eu seja o culpado..

Meu pobre amigo, como foi amarga esta época! Outros


sofreram também, outros penaram iguais dores, sem conse­
guirem porém estrangular os monstros que dfendem os ádi­
tos do templo da Sabedoria. Reine e Espronceda, Nerval e
Baudelaire viveram vidas inteiras nesse estado de ironia e
de sarcasmo, de desespero e de raiva, de orgia e de abati­
mento, de fúria e de atonia, que para ti representam quatro
anos apenas!
Mas é que não havia em nenhum desses homens a semente
de abstracção que se descobre no Palácio da Ventura:

Abrem-se as portas de ouro, com fragor...


Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

Os românticos, mais ou menos satanistas ou sataniza­


dos,icavam-se por aqui. Achando apenas silêncio e escuri­
dão onde tinham sonhado venturas, ou davam em bêbedos,
como Espronceda, ou suicidavam-se, como Nerval, ou fa­
:,iam-se cínicos, à maneira de Baudelaire, cultivando com
amor s Flores do Mal.
De 1864 a 74, nesses dez anos em que a tempestade
caminha, vê-se o «silêncio e a escuridão», que antes sur­
giam como surpresas medonhas, ganharem um lugar apro­
priado, embora eminente, no regime das coisas; vê-se o es-

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pírito do ilósofo reagir sobre o temperamento do poeta, e
tonar-se sistema o que até aí era fúria. Bom prenúncio.
Nesta época Antero de Quental é niilista como ilósofo,
anarquista como político; é tudo o quefor negativo, é tudo o
que for excessivo; e é-o de um modo tão terminante, tão
dogmático e tão airmativo, que por isso msmo hesitamos
em crer na consciência com que o é. Da sinceridade não é
lícito duvidar, mas contra a segurança depõe a própria vio­
lência. A nevrose contemporânea, que produzira nele a ter­
ceira época, dá de si ainda a quarta; mas se pôde galgar a
saltos por entre a floresta incendiada que devorou e consu­
miu os satânicos, não poderá também sair da estépe lúgubre
onde apodrecem os pessimistas, embriagados na negação
universal, sem se lembrarem de que são contraditórios no
próprio facto de pregarem o que quer que seja?
Ora a isto responde esta própria série, porque, ao lado
dos sonetos crepuscularmente desolados, levantam-se como
auroras os sonetos estóicos. Para curar o poeta da vertigem
satânica serviu-lhe a metafisica pessimista; para o curar
mais tarde dessa metafisica, servir-lhe-á a reacção do senti­
mento moral sobre a razão especulativa. Quando pede
Mais Luz, quando chama ao Sol «o claro sol amigo dos
heróis», quando dine a Ideia acabando por estes versos
diamantinos:

A Ideia, o Sumo bem, o Verbo, a Essência,


Só se revela aos homens e às nações
No céu incorruptível da Consciência!

sentimo-nos bem distantes das fantasmagorias do princípio


e das loucuras da viagem, que todavia o poeta não terminou
ainda.
Lutando furioso contra a desilusão, caindo esmagado

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pelo aniquilamento, Antero de Quental ensimismou-se
(para usar de uma feliz expressão espanhola), meteu-se
dentro de si, a sós consigo, apelou para as energias do seu
instinto de homem, e foi isso que lhe insPirou o belo Hino à
Razão.
Porém, na luta entre o temperamento de estóico e a ima­
ginação metaisica, o seu espírito atribulado não conseguiu
manter o equilíbrio, porque as suas exigências de crítico e
filósofo (alimentadas agora por leituras variadíssimas e
profundas) contrariavam ou contradiziam as suas visões de
poeta. À maneira que a inteligência se lhe cultivava, que o
saber lhe crescia, que a experiência o educava com mais de
um caso doloroso ou apenas triste - apurava-se-lhe a ima­
ginação até ao ponto de ver claramente o que para o comum
dos espíritos são apenas concepções do entendimento abs­
tracto. A sua poesia despe-se então de acessórios: não há
quase uma imagem; há apenas linhas, mas essas linhas de
estátuas incorpóreas têm uma nitidez dantesca.
O seu pessimismo torna-se sistemático: é uma ilosofia
inteira, a que corresponde, como expressão sentimental, a
ironia transcendente. Na Disputa em Família, Deus res­
ponde aos ateus:

Muito antes de nascerem vossos pais


Dum barro vil, ridículas crianças,
Sabia eu tudo isso ... e muito mais!

No Inconsciente, este herói metafisico diz assim:

Chamam-me Deus há mais de dez mil anos...


Mas eu por mim não sei como me chamo.

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N'A Divina Comédia, os hoiens queixam-se aos deu­
ses do que sofrei, invecjivando-os lor os jerei criado:

Mas os deuses, com voz ainda mais triste,


Dizem: - Homens! porque é que nos criastes?

Coio se v­, houve ui lrogresso. No leríodo anjerior a


negapno era violenja e jeriinanje; agora jei coio exlres­
sno a ironia, que é uia das forias conhecidas do saber e
uia das linguagens da verdade. uis aí o que a reacpno
moral conseguiu, acomlanhada lelo esclarecimenjo da ra­
sno, da injeligência e do conheciienjo. O anjigo loeja sa­
jânico, jransforiado ei ui niilisja, veio-lo agora na lele
de ui lessimisja sisjemojico, sorrindo jo bondosaienje,
coi a ironia nesses lrólrios lobios, que, lriieiro coberjos
de esluia, delois nos alareciai brancos de agonias.
Nno jinha eu rasno lara chaiar cíclica a esja colecpno
de sonejos? Nno jei sido esje o ioviienjo das ideias, a
evolupno do lensaienjo criador na segunda iejade do nosso
s¬culo?
Quando escreveu o lriieiro sonejo da quarja série (1880-
-84)

Já sossega, depois de tanta luta,


Já me descansa em paz o coração...

Anjero de Quenjal resolveu desjruir jodas as suas loesias lú­


gubres. éenjia reiorsos lor alguia ves jer esjado nuia
dislosipno de âniio que agora cosiderava coi horqor. unjen­
dia que esses versos jéjricos nno lodiai consolar ninguém e
fariai ial a iuija genje. êesjruiu-os, lois, com aquela vio­
lência lrólria de ui carocjer injermijenjeyenje ieigo erené­
jico coio o de uia iulher. êesse naufogio, onde se ler-

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deram verdadeiras obras-primas, salvei eu as poesias que vão
no im deste ensaio; e salvei-as porque as possuía entre os
originais remetidos em cartas, e mais de uma vez como texto de
notícias do estado do seu espírito, ou cartas rimadas.
Que espécie de paz era porém essa em que o seu coração
descansava? Era o Nirvana:

E quando o pensamento, assim absorto,


Emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar coisas naturais,

À bela luz da vida, ampla, ininita,


Só vê com tédio em tudo que quanto fita
A ilusão e o vazio universais.

o Nirvana é o céu do budismo, a religião maisjlosóica


e menos fantasmagórica inventada pelos homens. E por este
motivo que o budismo atrai hoje em dia todos os espíritos a
um tempo racionalistas e místicos, desta época em tudo se­
melhante à alexandrina, menos no volume do saber positivo,
que já se não compadece com muitas das teorias sobre que os
neoplatónicos especulavam. A teoria da Substância levou-os
a eles a uma concepção do Ser que produziu o mito do Verbo
cristão, encanado popularmente em Jesus Cristo. Ora hoje
tudo isso vale apenas como documento histórico, e, por para­
doxal que isso pareça, o Não-Ser é, segundo a metafisica
contemporânea, a essência de tudo o que existe. O Absoluto
é o Nada. O Universo, a realidade inteira, são modalida­
des, aspectos fugitivos, que só se tornam verdades racionais
quando nos aparecem desPidas de todos os acidentes.
E como é pelos acidentes apenas que nós, distinguindo-as,
as conhecemos, a realidade verdadeiramente e em si é nada.
Religiosamente, Nada é igual a Nirvana; e o budismo é

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õ ônima religino que ajingiu esja monmlusno suioria do pr:ll­
saienjo mienjpmo iodeno. O Nirvana é esse esjado ei ‹Ÿe
os seres, deslindo-se de jodas as suas iodalidades e amidell­
jes, de jodas as mondipões de realidade, mondipões que os
liiijai disjinguindo-os enjre si, adquirei a nno-realidade
(o nno monjingenje) e moi ela a exisjênmia absoluja e a
õbsolujõ liberdade. ussa liberdade é o jiPo e a essênmia da
vida eslirijual; e o Nirvana, luro Nno-éer lara a injeli­
gnmia, é, lara o senjiienjo ioral, o síibolo e o veímulo de
joda a lerfeipno e virjude: radimalienje negajivo na esera
da razno, é, na esfera do senjiienjo absolujaienje afirma­
jivo. O lessiiisio jona-se desja foria ui oljiiisio gi­
ganjesmo; joda a inérmia é mondenada, e o sisjeia das moisas,
õgijando-se, iovendo-se na dirempno do aniquilaienjo i­
nal, iove-se e agija-se no senjido de uia liberdade evoluži­
vaienje lrogressiva, ajé ajingir a llenijude. O Universo é
uia grande vida que jei, no jerio, o jerio de jodas as
vidas - a iorje, idealizada agora e jonada luiinosa e
õlejemível lor essõ idealizapno.
Leiai-se os dois sonejos Redenção, jalvez os iais
belos de jodo o livro, e moilreender-se-o ielhor o que fima
dijo. Leia-se o Elogio da Morte,

Dormirei no teu seio inalterável,


Na comunhão da paz universal,
Morte libertadora e inviolável!

e ver-se-o quanjo esjaios longe do deseslero jrogimo de ou­


jros anos. A jeilesjade amaliou,

Na esfera do invisível, do intangível,


Sobre desertos, vácuo, soledade,
Voa e paira o espírito impassível,

21
presidindo à evolupno dos seres (v. o sonejo Evolução),
desde a rocha ajé ao hoieip evolupno que seria absoluja­
ienje inexpressiva se nno jivesse ui desjinop ui fiip ui
ideal. A jeoria do progresso indeinido ép coi efeijop racio­
nalienje absurda. usse desjinop para os neobudisjasp é o
Nada jranscendenje; esse ideal é a Liberdade. A exisjência
esjop pois, consagrada racionalienje: falja consagro-la
senjiienjalienje. Falja ainda ao sisjeia ui iedianeiro: é
o Aior.

Porém o coração, feito valente


Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,

Respondeu: Desta altura vejo o amor!


Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.

o Universo esjo pois consjruído e sanjiicado na ienje


do poeja e na rasno do filósofo. êir-se-o porjanjo que a
quiierap de que a princíPio faloiosp ficou desvendadap o
probleia resolvidop conciliada a visno coi a rasnop e que
nos nno resja iais do que faserio-nos jodos budisjas? éu­
prema ilusno.' Creia-o eibora o poeja; eup coio críjicop
observando que o pensaienjo huianop desde que exisje e
jrabalhap progride seiprep coi efeijop ias progride ei jrês
esjradas paralelas quep por serei paralelasp nunca podei
enconjrar-sep ajrevo-ie a afiriar a irredujabilidade do
iisjicisiop racional ou iiaginajivaienje concebidop e do
najuralisiop ponderada ou orgiacaienje realisado. Ajrevo­
-ie a diser que esjes dois feijios ou jeiperaienjos sno
consjijucionais do espírijo huianop e que da coexisjência
necessoria deles resulja ui jerceiro - o cépjicop o críjicop o

22
que ‰rovéi da coilarapno de aibosp e lor isso nno jei corp
nei é afiriajivo; dando-se ielhor coi a najuresa do que
coi a fanjasiagoriap lreferindo a harionia iais ou ie­
nos equilibradap ou iais ou ienos claudicanje do hele­
nisiop à orgia desenfreada dos orienjais; considerando a
exisjência coio ui coilroiissop o dever coio uia condi­
pno da vidap ias jaibéi a fraquesa coio uia condipno
dos hoiens. usjes jrês jeileraienjos sno correslondenjes a
jilos ejenos e irredujíveis da consciência huiana; ep se o
budisio é a ielhor religino lara ui iísjico do século XIX,
sajurado de ciência e derreado de cogijapõesp o crisjianisiop
coio direcjo herdeiro do helenisiop ho-de ejenaienje sa­
jisfaser ielhor os céljicos e os najuralisjasp cujo nôiero é e
foi seilre infinijaienje iaiorp enjre os euroleus.
« Ui helenisio coroado lor ui budisio»p eis a fóriula

coi que iais de uia ves Anjero de Quenjal ie jei exlri­


iido o seu lensaienjo - a sua quiiera! Quiierap digop
lorque a coroa nno nos lode assenjar na cabepap sob lena de
a crivar de esPinhos e de a deixar escorrendo sangue. Fun­
dar o lrincíPio da acpno na inércia sisjeiojicap a realidade
no Nno-éerp a vida no aniquilaienjop só é lrajicaienje
aceijovel lara o coiui dos hoiens quando acredijei na
iejeilsicosep dogia jno infanjilienje iíjico do budisio
coiop v. g. p o infeno do crisjianisio. Ao crisjianisiop
loréip jirando-se-lhe judo quanjo a iiaginapno seiija deu
lara a sua foriapnop fica ainda o helenisiop isjo ép ui
idealisio iais ou ienos lanjeísja e uia jeoria ioral -
coisas que eu nno airio que resisjai a uia anolise rigorosa­
ienje lógicap lor isso iesio que jodo o nosso conheciien­
jo acional das coisas assenja alenas sobre axioias do se€so
coiui - ao lasso quep em se jirando a iejemlsicose ao bu­
disiop o budisio redus-se a uia névoa de absjracpões.
Pobre huianidadep se se visse condenada à coroapno bu-

23
dimja! Nóm, euroleum, incalasem de nom mujeijariom ao re­
giie de conjeillapno inerje, mofreríaiom am agoniam, ex­
leriienjaríaiom am alipõem do loeja, que, jendo no leijo
ui corapno acjivo, jei na cabepa uia iiaginapno iímjica,
e, lara obedecer ao lenmaienjo, jorjura o corapno, mei lo­
der jaibéi emiago-lo mob o iando da injeligência.
Demje cruel emjado vêi om docuienjom que ajemjai a
jransforiapno mofrida lela ironia dom leríodom anjeriorem.
Que noie me ho-de dar ao menjiienjo que inmPira om monejom
A Virgem Santíssima e o Na Mão de Deus, que fecha
o voluie? uu, lor iii, chaiarei huiorimio jranmcendenje
a emma liga ínjiia da Piedade e da ironia, e declaro que
nunca vi coima larecida lomja ei vermo. ui lroma, ho iaim
de ui leríodo de Renan inmPirado lor ui emlírijo meie­
lhanje, eibora ienom agudo.

Ó visão, visão triste e piedosa!


Fita-me assim calada, assim chorosa,
E deixa-me sonhar a vida inteira!

A vimno é a Virgei éanjísmiia, e a loemia é jno mincera,


jno verdadeira, jno cheia de Piedade e unpno, que eu mei de
iaim de ui livro de resam onde andai cóPiam emcrijam.

Dorme o teu sono, coração liberto,


Dorme na mão de Deus eternamente!

Ui ionge crimjno emcreveria imjo. u Anjero de Quenjal


nei é crimjno, nei crê ei êeum, nei ria Virgei, megundo o
menjido ordinorio da lalavra crer.
Blamfeiar era boi noujrom jeilom; lara a ironia jai­
béi a idade lammou; finalienje lara o exercício literário

24
nunma se inmlinou a lena que o loeja iolhou seilre no seu
sõngue. Coio exllimarr loisr o enóieno?
Por amaso subiujo o leijor ao muie de ui ionje sufimien­
jeienje aljo larõ que joda a laisagei lhe alaremesse à
visjarfundida ao lonjo de nno disjinguir uia orvore de ui
mõsalr nei ui rio de ui vale sei murso de ogua? Pois
sumede assii nas maiPinas da hisjória do lensaienjo hu­
ianor quando as olhaios das muieadas luiinosas da mrí­
jima. Vêei-se as moisas na sua essênmiar nno iilorjai os
amidenjes. O fejimhe que o selvagei adorar a iiagei
leranje a qual se lrosjra o moiui dos mrenjesr o arquijemjo
universal dos lensadores livresre finalienje esse q uid ino­
iinado a que a filosoia iodema mhaiou Insmonsmienje -
judo isso é igualienje êeus: soienje é êeus lermebido
lela injeligênmia vulgarr êeus lermebido lelo saber inmi­
lienjer e êeus finalienje inmoilreendidor ias senjidor
lela sabedoria. u jodas essas iodalidades de uia iesia
imlressnor remebida e relresenjada de foria diversar mon­
soõnje a najuresa e o esjado de edumapno dos hoiensr sno
igualienje verdadeirasrigualienje sanjas e igualienje hu­
iorísjimasr lara aquele que jei morapno lara senjir as moi­
sas lor denjro e olhos lara as ver de fora - objemjiva­
ienjer moio os aleines diseir e nós direios mrijimaienje.
uis aí a sulreia liberdade do eslírijoro Nirvana alenas
injelemjualra que eu lrefiro mhaiar iilassibilidade subjem­
jiva: ui esjado que leriije moilreender jodas as moisasr
analisando-as e mlassiimando-asr sei jodavia nos jransii­
jir essa eslémie de frialdade de morapnorlrólria dos najura­
lisjas quando esjudai uia romhar uia llanja ou ui ani­
iõl. O filósofor iilassível ao analisar e mlassifimar os fe­
nóienos do eslírijo huianor ho-de iisjurar ao sorriso que
lrovomai jodas as vaidades e ilusões o aior que ieremei
jodos os senjiienjos ingénuos e fundaienjalienje bonsr'

25
ho-de aliaq à moilqeensno da nulidade exjqínsema das moisas
a moilqeensno da sua exmelênmia injqínsema; exigindo que o
hoiei sja amjivop loqque a amjividade é boa loq seq indis­
lensovel à saôde do eslíqijop eiboqa os objemjos da amjivi­
dade seqai as ,iais das vezes ú-qijos e nulosp quando monsi­
deqados ei si lqólqios e isoladaienje.
u eis aí as qazões loq que nno sou budisja... nei Anjeqo
de Quenjal o ép eiboqa julgue sê-lo. A evoluçno doloqosa
que jeqiinou moi o seu ôljiio sonejop esja longa e jeiles­
juosa viagei ajqavés do iaq jenebqoso da fanjasia iejafi­
simap laqeme jeq monmluído. A idadep jalvezp amiia de judop
jqouxe ao esPíqijo de loeja uia laz iluiinada de bondade e
sabedoqia: e moio a sua alia é sn e a sua injeligênmia fiqie
e seilqe amjivap é iais que lqovovel que o demlinaq da vida
de Anjeqo de Quenjal enqiqueça o lemôliop loq sinal bei
lobqep da filosofia loqjuguesa moi algui jqabalho jno
digno de se monseqvaq na ieióqia dos jeilos moio esjes
Sonetos, que sno as aiaqgas loqes de uia iomidade. us­
se jqabalhop loqéip nno seqo ui majemisio budisjap nno
lode seq nenhuia qevelaçno iilagqosa do verdadeiro sis­
jeiap loqque a sabedoqia nos diz que joda a lqejensno da
Veqdade é ilusóqiap lois sendo nósp a nossa injeligênmiap os
nossos lensaienjosp siilles e fugijivas monjingênmiasp é
loumuqa lensaq que jaiais lossaios definiq o Absolujo.
Cada qual senje-o a seu iodop segundo o seu jeileqa­
ienjo; e sobio é aquele que se liiija a qegisjaq as qelações
das moisas.

III

Quei dianje desjes veqsos nno senjiq elevaq-se-lhe o es­


líqijop moio nuia oqaçnop àquela eslémie de êeus que é

26
coilajível coi o meu jeileraienjo ou coi o emjado de edu­
caçno do meu lenmaienjo, é lorque jei denjro do leijo, no
lugar do coraçno, ui meixo lolido e frio. Quei, no ieio do
lidar da vida, roçando om braçom lelam aremjam corjanjem que
a eriçai de ângulom, loumar o olhar da. alia mobre ui
demjem monejom e nno menjir o que om mequiomom menjei ao
enconjrarei ui arroio de ogua líiPida, é lorque jei a
alia feija alenam de egoímio. Quei, eiergindo dom ion­
j±em de lalelada que am iilrenmam voiijai diariaienje,
deijar om olhom mobre emjam loginam e nno menjir o demluibra­
ienjo que om diaianjem lroduzei, é lorque a mua vimja me
eibaciou coi o exaie dom livrom grommeirom ei jodo o men­
jido, e a mua língua lerdeu o hobijo de falar lorjuguêm.
Ui dom nommom queridom aiigom, ui dom que conhecei de
lerjo Anjero de Quenjal - e moienje o conhece quei coi
ele viveu largo jeilo na injiiidade -, injerroga-ie
geralienje demje iodo: «u santo Anjero, coio vai?»
êi�lo coi a convicçno quenje dom arjimjam, iam eu, que o
nno mou, jenho a l°r eibargom, lorque a manjidade nno é
llanja adequada ao cliia do nommo jeilo. uxige uia lor­
çno de menjiienjo ingénuo que jo nno ho nom arem que rem­
liraiom.
A vida conjeillajiva, loréi, a vida amceja inclumiva­
ienje: emma virjude aumjera lara conmigo, joleranje lara
coi judo e lara coi jodom; emme obmervar conmjanje de mi
lrólrio e o dimlenmar de ui morrimo meilre boi, eibora
indiferenje coi frequência, aom que alguia vez o rodeiai;
a caridade, o aior, a abnegaçno, am jenjaçõem, am crimem, am
logriiam, am aliçõem, am dôvidam crucianjem e am dorem an­
gumjiomam: judo o que, reunido, foria uia iímjica - judo
immo iora na alia demje loeja arrebajada lela vimno inex­
jinguível do Bei.

27
Só no meu coração, que sondo e meço,
Não sei que voz, que eu mesmo desconheço,
Em segredo protesta e afirma o Bem.

u laqa nada faljaq a esje iísjimo, anamqonimaienje leq­


dido no ieio do buqbuqinho de ui sémulo amjivo ajé à de­
iênmiat jei jaibéi uia fé aqdenje - uia fé budisja.
éoienje o seu êeus, êeus sei vonjade, sei injeligênmia e
sei monsmiênmiat é laqa nós oujqos, a quei sno vedados os
iisjéqios da iejaisima budisjat igual a moisa nenhuia.
usje hoiei, fundaienjalienje boi, se jivesse vivido no
sémulo VI ou no sémulo XIII, seqia ui dos moilanheiqos de
é. Benjo ou de é. Fqanmismo de Assis. No sémulo XIX é ui
exmênjqimo, ias desse feijio de exmenjqimidade que é indislen­
sável, loqque a jodos os jeilos foqai indislensáveis os
heqegest a que hoje se mhaia dissidenjes.

OLIVEIRA MARTINS
SONETOS
QUINZE ANOS

I" amo a vasta sombra das montanhas,


Q"e estendem sobre os Margos continentes
Os se"s braços de rocha negra< ingentes<
Bem como braços coMossais de aranhass
:aMi o nosso oMhar vê tão estranhas
Coisas por esse C."! e tão ardenaes
Visões. Má nesse mar de ondas trementes!
I às estreMas< daMi. vê-as tamanhas !
Jmo a grandeza misteriosa e vasta . . .
J grande ideia< como a hMor e o viço
:a árvore coMossaM q"e nos domina . . .
Mas t"< criança< sê t" boa . . . e bastam
Saĉe amar e sorrir. .p . po"co issoÀ
Mas a ti só te q"ero peq"enina!

31
PEQUENINA

I" bem sei q"e te chamam pequenina


I t.n"e como o v." solto na dança.
Q"e .s no V "ízo apenas a criança,
Uo"co mais. nos vestidos. q"e a menina...
Q"e .s o regato de ág"a mansa e hlna.
J folhinha do til q"e se balança.
O peito q"e em correndo logo cansa.
J fronte q"e ao sofrer logo se inclina . b b
Mas. ilha, l á nos montes onde andei.
Tanto me enchi de angústia e de receio
O"vindo do inhlnito os f"ndos ecos.
Q"e não q"ero imperar nem Vá ser rei
Senão tendo me"s reinos em te" seio
I súbditos< criança< em te"s bonecos!

32
A M. C.

Tão b"sco nesta vida gMória o" famam


:as t"rbas q"e me importa o vão r"ídoÀ
HoVe< :e"s p p p e amanhã. Vá esq"ecido<
Como esq"ece o clarão de extinta chama!
Foco incerao. q"e a M"z Vá maM derrama.
TaM . essa vent"ram eco perdido.
Q"anto mais se chamo". mais escondido
Fico" inerte e m"do à voz q"e o chamap
:essa coroa . cada flor "m engano.
É miragem em n"vem iM"sória.
É mote vão de fab"Moso arcanob
M as coroa-me t"; na fronte ingMória
Cinge-me t" o Mo"ro soberano p p b
Verás. verás então s e amo essa gMória!

33
A M. C.

Uűs-ae :e"s sobre a fronae a mão ;iedosat


O q"e fada o ;oeaa e o soMdado
VoMve" a ai o oMhar< de amor veladoo
I disse-tet ovai< fil ha< sê formosa!»
I a"< descendo na onda harmoniosa<
Uo"saste nesae soMo ang"stiado<
Istrela envoMta n"m cMarão sagradoU
:o te" lím;ido oMhar na M"z radiosa . . .
Mas e" . . . ;osso e" acaso merecer-teÀ
:e"-te o Senhor< m"Mher! o q"e . vedado<
JnVo! de"-te o Senhor "m m"ndo à ;arae.
I a mim< a q"em de" oMhos ;ara ver-te<
Sem ;oder mais . . . a mim o q"e me há dadoÀ
Voz q"e ae cante e "ma aMma ;ara amar-te!

34
A M. C.

Uorq"e descrês, m"Mher. Ďo amor. da vidau


Uorq"e esse Herman transformas em CaMváriou
Uorq"e deixas q"e< aos po"cos< do s"dário
Te aperae o seio a dobra h"medecidau
Q"e visão te f"gi", q"e assim perdida
B"scas em vão neste ermo soMitáriou
Q"e signo obsc"ro de cr"el fadário
Te faz trazer a fronte ao chão pendidau
Tenh"m! intacao o bem em si assistem
:e"s< em penhor< te de" a formos"ram
Bênçãos te manda o C." em cada horap
I descrês do viveru I e"< pobre e triste.
. .

Q"e só no te" oMhar Meio a vent"ra<


Se a" descrês< em q"e hei-de e" crer agorau

35
A M. C.

To C."< se existe "m c." para q"em chora<


C." para as mágoas de q"em sofre tanto . . .
Se . l á d o amor o foco< p"ro e santo<
Chama q"e brilha< mas q"e não devora b . .
To C."< se "ma alma nesse espaço mora<
Q"e a prece esc"ta e enx"ga o nosso pranto b b .
S e há pai< q"e estenda sobre nós o manao
:o amor piedoso . . . q"e e" não sinto agora b . .
T o C."< ó virgem! hlndarão me"s malesê
Hei-de Má renascer< e" q"e pareço
Jq"i ter só nascido para dores.
Jli< ó lírio dos celestes vales !
üendo se" im< terão o se" começo<
Uara não mais hlndar< nossos amoresb

36
DESESPERANÇA

V ai-te na asa negra da desgraça.


Uensa!ento de a!or. so!bra d"!a hora.
Q"e abracei co! deMírio. vai-te e!bora.
Co!o n"ve! q"e o vento i!peMe . . . e passa
Q"e arroVe!os de nós q"e! !ais se abraça,
Co! !ais ânsia. à nossa aM!a! e q"e! devora
:essa aM!a o sang"e. co! q"e !ais vigora.
C o!o a!igo co!"ng"e à !es!a taça!
Q"e seja sonho apenas a esperança.
Inq"anto a dor eterna!ente assiste.
I só engane n"nca a desvent"ra!
Se e! siMêncio sofrer forĆ vingança! . . p
InvoMve-te e ! ti !es!a. ó aM!a triste.
TaMvez se! esperança haV a vent"ra!

37
SONHO ORIENTAL

Sonho-me às vezes rei. nalg"ma ilha.


M"ito longe. nos mares do Oriente.
Onde a noite . balsâmica e f"lgente
I a l"a cheia sobre as ág"as brilha ...
O aroma da magnólia e da ba"niMha
Uaira no ar diáfano e dormente i . .
Lambe a orla dos bosq"es. vagamente.
O mar com flnas ondas de esc"milha . . .
I enq"anto e " n a varanda d e marhlm
Me encosto. absorto n"m cismar sem fi m <
T". me" amor< divagas ao M"ar<
:o prof"ndo Vardim peMas clareiras.
O" descansas debaixo das palmeiras.
Tendo aos p.s "m leão familiarb

38
A SULAMITA

Ego dormio, el cor meU/II vigilal.


Cântico dos Cânticos

Q"em anda lá por fora, pela vinha,


Ta sombra do l"ar meio encoberto,
S"btil nos passos e espreitando incerto.
Com brando respirar de criancinhaÀ
Um sonho me acordo" . . . não sei q"e tinha p p .
Uarece"-me senti-lo aq"i tão perto . . .
SeV a aMta noite, seV a n"m deserto,
Q"em ama at. em sonhos adivinha . . .
eoças d a minha terra, ao me" amado
Correi. dizei-lhe q"e e" dormia agora,
e as q"e pode ir contente e descansadoo
Uois se tão cedo adormeci. conforme
É me" cost"me. olhai. dormia embora.
Uorq"e o me" coração . q"e não dorme . . .

39
AMOR VIVO

Jmar! mas d"m amor q"e tenha vida b . .


Tão sejam sempre tímidos arpeVos,
Tão seVam só deMírios e deseVos
:"ma doida cabeça escandecida . . .
Jmor q"e viva e briMhe! M"z f"ndida
Q"e penetre o me" ser n e não só beiV os
:ados no ar n deMírios e deseVos -
Mas amor . b . dos amores q"e têm vida b . .
Sim< vivo e q"ente! e V á a M"z do dia
Tão virá dissipá-Mo nos me"s braços
Como n.voa da vaga fantasia . . .
Tem m"rchará do SoM à chama erg"ida . . .
Uois q"e podem os astros dos espaços
Contra "ns d.beis amores . b b se têm vidaÀ

40
ACORDANDO

Im sonho< às vezes< se o sonh�r quebranta


Iste meu vão sofrer< esta agonia<
Como sobe cantando a cotovia<
Uara o C.u a minha alma sobe e canta.
Canta a luz< a alvorada< a estrela santa,
Que ao Mundo traz piedosa mais um dia . . .
Canaa o enlevo das coisas< a alegria
Que as penetra de amor e as alevanaa . . .
Mas< d e repente< um vento húmido e frio
Sopra sobre o meu sonhom um calafrio
Me acorda. - J noite . negra e mudam a dor
Cá vela, como dantes< ao meu lado . p .
O s meus cantos de luz< anVo adorado<
São sonho só< e sonho o meu amor!

41
IDEAL

Jq"eMa q"e e" adoro não . feita


:e Mírios nem de rosas p"rp"rinas,
Tão tem as formas Mâng"idas, divinas,
:a antiga V.n"s de cint"ra estreita . b .
Tão . a Circe, c"V a mão s"speita
Compõe iMtros moraais entre r"ínas,
Tem a Jmazona, q"e se agarra às crinas
:"m corceM e combate satisfeita ...
J mim mesmo perg"nto, e não atino
Com o nome q"e dê a essa visão,
Q"e ora amostra ora esconde o me" destino . . b
É como "ma miragem q"e entreveVo,
IdeaMo q"e nasce" na soMidãoo
T"vem, sonho impaMpáveM do :eseVo . . p

42
ABNEGAÇÃO

Chovam Mírios e rosas no te" coMo!


Chovam hinos de gMória na t"a aMma!
Hinos de gMória e adoração e caMma.
Me" amor. minha pomba e me" consoMo!
:ê-te estreMas o C.". hlodes o soMo.
Cantos e aroma o ar e sombra a paMma.
I q"ando s"rge a L"a e o mar se acaMma.
Sonhos sem im se" preg"içoso roMo!
I nem seq"er te Membres de q"e e" choro . . .
Isq"ece at.. esq"ece. q"e t e adoro . . .
I ao passares por mim. sem q"e m e olhes.
Uossam das minhas Mágrimas cr".is
Tascer sob os te"s p.s hlores hl.is.
Q"e pises disaraída o" rindo esfoMhes!

43
VISITA

Jdorno" o me" q"arto a hMor do cardo.


Uerf"mei-o åde aMmíscar rescendente;
Vesti-me com a púrp"ra f"lgente,
Insaiando me"s cantos. como "m bardot
Ungi as mãos e . face com o nardo
C rescido nos j ardins do Oriente.
J receber com pompa. dignamente.
Misteriosa visita a q"em ag"ardo.
Mas q"e iMha de reis. q"e anVo o" q"e fada
Ira essa q"e assim a mim descia.
:o me" casebre à húmida poŗsadaÀ . . .
Tem princesas. nem fadas . Ira. lor.
Ira a t"a Membrança q"e batia
şs poraas de o"ro e M"z do me" amor!

44
APARIÇÃO

Um di/< me" /mor< (e t/lvez cedo<


Q"e Vá sinto est/l/r-me o cor/ção! )
Record/rás com dor e com;/ixão
Js tern/s V "r/s q"e te fiz / medo . . .
Intão< d / c/st/ /lcov/ no segredo<
:/ l/m;/rin/ no tr.m"lo cl/rão<
Jnte ti s"rgirei< es;ectro vão<
L/rv/ f"gid/ /o se;"lcr/l degredo . . .
I t"< me" /nVo< /o ver-me< entre gemidos
I /hlitos /is< estenderás os br/ços
Tent/ndo seg"r/r-te /os me"s vestidos . . .
n oO"ve! es;er/!» n M/s e"< sem t e esc"t/r<
F"girei< como "m sonho< /os te"s /br/ços
I como f"mo s"mir-me-ei no /r!

45
JURA

Uelas r"gas da fronte q"e medita ...


Uelo olhar q"e interroga - e não vê nada . .p
Uela mis.ria e pela mão gelada
Q"e apaga a estrela q"e nossa alma fita ...
Uelo estertor da chama q"e crepiaa
To último arranco d"ma l"z ming"ada ...
Uelo griao feroz da abandonada
Q"e "m momento de amante fez · m aldita . p .
Uor q"anto há d e faaal. por q"anao h á misao
:e sombra e de pavor sob "ma lo"sa ...
Ó pomba meiga. pomba da esperança!
I" to V"ro, menina. tenho visto
Coisas terríveis n mas Vamais vi coisa
Mais feroz do q "e "m riso de criançaÂ

46
A UMA AMIGA

Jq"eMes< q"e e" /!ei< não sei q"e vento


Os disperso" no M"ndo< q"e os não veVo b . .
Istendo os br/ços e n/s trev/s beiVo
Visões q"e à noiae evoc/ o senti!ento . p .
O "aros ! e c/"s/! !/is cr"eM tor!enao
Q"e / s/"d/de dos !ortos . b b q"e e" inveVo p b p
U/ss/! por !i!< !/s co!o q"e aê! peVo
:/ !inh/ soMed/de e /b/ai!ento!
: /q"el/ pri!/ver/ vent"ros/
T ão resa/ "!/ lor só< "!/ só ros/ . i .
T"do o vento v/rre"< q"ei!o" o geMo!
T" só foste hleM - a"< co!o d/ntes.
Ĭĸd/ voMves te"s oMhos r/di/naes . . .
U/r/ ver o !e" !/M . . . e esc/rnecê-Mo!

47
SONHO

úonhei - nem Œempre o sonho . cois/ vã -


Q"e "m venao me Mev/v/ /rreb/a/do.
Jar/v.s desse esp/ço consaeM/do
Onde "m/ /"ror/ eaern/ ri Mo"çã . b .
Js esareM/s. q"e g"/rd/m / m/něã.
Jo verem-me p/ss/r arisae e c/M/do.
Olh/v/m-me e dizi/m com c"id/dot
Onde esaá. pobre /migo. / noss/ irmãÀ
M/s e" b/ix/v/ os oMhos. receoso
Q"e ar/íssem /s gr/ndes mágo/s minh/s.
I pãss/v/ f"raivo e siMencioso,
Tem o"s/v/ cona/r-lhes. às esareM/s.
Cona/r às a"/s p"r/s irmãzinh/s.
Q"/nao .s f/Ms/. me" bem. e indign/ deM/s!

48
NA CAPELA

Na capela, perdida entre a folhagem,


O Cristo lá no fundo agonizava . . .
Oh ! como intimamente s e casava
Com minha dor a dor daquela imagem!

Filhos ambos do amor, igual miragem


Nos roçou pela fronte, que escaldava . . .
Igual traição, que o afecto mascarava,
Nos deu suplício às mãos da vilanagem . . .

Iagora, ali, enquanto d a loresta


J sombra se infiltrava lenta e mesta,
Vencidos ambos, mártires do Fado,

Fitávamo-nos mudos - dor igual! -


Nem, dos dois, saberei dizer-vos qual
Mais pálido, mais triste e mais cansado . . .

49
míLIO

Q"ando nós va!os a!bos, de !ãos dadas,


Colher nos vales lerios e boninas,
I galga!os d"! ôlego as colinas
:os rocios da noite inda orvalhadas;
O", vendo o !ar, das er!as c"!eadas,
Conte!pla!os as n"vens vespertinas,
Q"e parece! fantásticas r"enas,
Jo longe, no horizonte, a!ontoadasm
Q"antas vezes, de súbito, e!"deces!
Tão sei q"e l"z no te" olhar l"t"a;
Sinto-!e tre!er-te a !ão, e e!palideces . s .
O vento e o !ar !"r!"ra! orações,
I a poesia das coisas se insin"a
Lenta e a!orosa e! nossos corações.

50
BEATRICE

:epois q"e dia a dia, aos po"cos des!aiando,


Se foi a n"ve! de o"ro ideal q"e e" vira erg"ida;
:epois q"e vi descer, baixar no cé" da vida
C ada estrela e tiq"ei nas trevas laborandom
:epois q"e sobre o peito os braços apertando
Jchei o vác"o só, e tive a l"z s"!ida
Se! ver Vá onde olhar, e e! todo vi perdida
J tlor do !e" V ardi!, q"e e" !ais andei regando:
Retirei os !e"s pés da senda dos abrolhos,
Virei-!e a o"tro cé", ne! ergo Vá !e"s olhos
Senão à estrela ideal, q"e a l"z do a!or conté! . . .
Tão te!as pois - Oh ve!! o Cé" é p"ro, e cal!a
I silenciosa a terra, e doce o !ar, e a al!a à à .
J al!a! não a vês t"j !"lher, !"lher! o h ve!!

51
A UM POETA

Surge el ambu/a!

T" q"e dor!es, esperito sereno,


Uosto à so!brL dos cedros sec"lLres,
Co!o "! l evitL à so!brL dos LltLres,
Longe dL lutL e do frLgor terreno,
JcordL! é te!po! O sol, já Llto e pleno,
Jf"gento" Ls lLrvLs t"!"lLres . . .
ULrL s"rgir do seio desses !Lres,
U! !"ndo novo esperL só "! Lceno . . .
fscutL! é L grLnde voz dLs !ultidões!
São te"s ir!ãos, q"e se erg"e!! são cLnções s s .
MLs d e g"errL . . . e são vozes de rebLte!
frg"e-te, pois, soldLdo do F"turo,
f dos rLios de l"z do sonho p"ro,
SonhLdor, fLze espLdL de co!bLte!

52
jUSTITIA MATER

T as hlorestas solenes há o c"lto


:a eterna, enti!a força pri!itiva:
Ta serraS o grito a"daz da al!a cativa,
:o coraçãoS e! se" co!bate in"lto:
To espaço constelado passa o v"lto
:o ino!inado Jlg"é!S q"e os sóis aviva:
To !ar o"ve-se a voz grave e aflitiva
:"! :e"s q"e l"taS poderoso e inc"lto.
Mas nas negras cidadesS onde solta
Se erg"eS de sang"e !ádidaS a revoltaS
Co!o incêndio q"e "! vento bravo atiçaS
Há !ais alta !issãoS !ais alta glória:
O co!baterS à grande l"z da história,
Os co!bates eternos da J"stiça!

53
TESE E ANTí TESE

Já não sei o q"e vale a nova ideia,


Q"ando a veVo nas r"as desgrenhada,
Torva no aspecto, à l"z da barricada,
Co!o bacante após lúbrica ceia!
Sang"inolento o olhar se lhe incendeia b b .
Respira f"!o e fogo e!briagada . . .
J de"sa d e al!a vasta e sossegada
fi-ïa presa das fúrias de Medeia!
U! séc"lo irritado e tr"c"lento
Cha!a à epilepsia pensa!ento,
Verbo ao esta!pido de pelo"ro e ob"s . . .
Mas a ideia é n"! !"ndo inalterável,
T"! cristalino Cé", q"e vive estável b b .
T", ;ensa!ento, não és fogo, és l"z !

54
II

T"! C." inte!erat- e cristalin-


U-de habiaar talvez "! :e"s disaante,
Vend- passar e! s-nh- ca!biante
O Sero c-!- especaác"l- divin-m
Mas - h-!e!. na terra -nde - destin-
O lanç-", vive e agita-se incessante . . .
Inche - ar da terra - se" p"l!ã- p-ssanae . . .
Cá d a aerra blasfe!a -" erg"e " ! hin- . . .
J ideia encarna e! peit-s q"e palpiaa!m
O se" p"lsar sã- cha!as q"e crepita!S
Uaixões ardentes c-!- viv-s sóis!
C-!batei p-is na terra árida e br"aaS
T. q"e a rev-lva - re!-inhar da l"aaS
T. q"e a fec"nde - sang"e d-s heróis

55
MAIS LUZ!

A Gui/hemze de Azevedo

J!e! a noite os !agros crap"lososc


f os q"e sonha! co! virgens i!posseveisc
f os q"e se inclina!c !"dos e i!passeveisc
À borda dos abis!os silenciosos . . .
T"S L"aS co! te"s raios vaporososS
Cobre-osS tapa-os e torna-os insenseveisS
Tanto aos vecios cr".is e inexting"eveisc
Co!o aos longos c"idados dolorosos!
f" a!arei a santa !adr"gadaS
f o !eio-diaS e! vida refervendoS
f a tarde r"!orosa e repo"sada.
Viva e trabalhe e! plena l"zm depoisS
SeV a-!e dado ainda verS !orrendoS
O claro Solc a!igo dos heróis!

56
A UM CRUCIFIXO

Tão se perde" te" sang"e generoso,


Te! padeceste e! vão, q"e! q"er q"e foste,
Ulebe" antigo, q"e a!arrado ao poste
Morreste co!o vil e facciosoi
:esse sang"e !aldito e igno!inioso
S"rgi" ar!ada "!a invencevel hoste . i .
Uaz aos ho!ens e g"erra aos de"ses! - pôs-te
f! vão sobre "! altar o v"lgo ocioso . . .
: o pobre q"e protesta foste a i!age!á
U! povo e! ti co!eça, "! ho!e! novo:
:e ti data essa trágica linhage!.
Uor isso nós, a Ulebe, ao pensar nisto,
Le!brare!os, herdeiros desse povo,
Q"e entre nossos avós se conta Cristo.

57
HINO À AZÃO

Razão, ir!ã do J!or e da J"stiça,


Mais "!a vez esc"ta a !inha prece,
É a voz d"! coração q"e te apetece,
:"!a al!a livre, só a ti s"b!issa.
Uor ti é q"e a ;oeira !ovediça
:e astros e sóis e !"ndos per!anece;
I é por ti q"e a virt"de prevalece,
I a hlor do heroes!o !edra e viça.
Uor ti, na arena trágica, as nações
B"sca! a liberdade, entre clarões;
I os q"e olha! o f"t"ro e cis!a!, !"dos,
Uor ti, pode! sofrer e não se abate!,
Mãe de filhos rob"stos, q"e co!bate!
Tendo o te" no!e escrito e! se"s esc"dos!

58
DESPONDENCY

:eixá-la ir, a ave, a q"e! ro"bara! ·


Tinho e hllhos e t"do, se! piedade . . .
Q"e a leve o a r se! i ! d a soledade
Onde as asas partidas a levara! . . .
:eixá-la ir, a vela q"e arroV ara!
Os t"hões pelo !ar, na esc"ridade,
Q"ando a noite s"rgi" da i!ensidade,
Q"ando os ventos do S"l se levantara! . . .
:eixá-la ir, a al!a lasti!osa,
Q"e perde" f. e paz e conhlança,
A !orte q"eda, à !orte silenciosa . . .
:eixá-la ir, a nota desprendida
:"! canto extre!o . . . e a últi!a esperança . . .
f a vida . . . e o a!or . . . deixá-la ir, a vida!

59
o PALÁCI O DA VENTUA

Sonho q"e so" "! cLvLleiro LndLnte.


Uor desertosc por sóisc por noite esc"rLc
ULlLdino do L!orc b"sco LnelLnte
O pLlácio encLntLdo dL Vent"rL!
MLs Vá des!Lioc exL"sto e vLcilLnte,
Q"ebrLdL L espLdL Vác rotL L Lr!Ld"rL . . .
f eis q"e súbito o Lvistoc f"lg"rLnte
NL s"L po!pL e LéreL for!os"rL!
Co! grLndes golpes bLto à portL e brLdo:
f" so" o VLgLb"ndo, o :eserdLdo. . .
Jbri-vosc portLs d e o"roc Lnte !e"s Lis!
Jbre!-se Ls portLs d'o"roc co! frLgor s s s
MLs dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e esc"ridão - e nLdL !Lis!

60
A J. FÉLIX DOS SANTOS

S e!pre n f"t"rn, ie!pre! e n preiente


T "nca! Q"e ieV a eita hnra e! q"e ie exiite
:e incerteza e de dnr ie!pre a !aii triite,
f ió farte n deieVn "! be! a"iente!
Ji ! q"e i!pnrta n f"t"rn, ie incle!ente
fiia hnra, e! q"e a eiperança nni cnniiite,
C hega à à à é preiente . i i e ió à dnr aiiiitej à à
Jiii!, q"al é a eiperança q"e nãn !entej
:eivent"ra n" delírinj .i O q"e pro.c"ro,
Se !e fnge, é !irage! engannia,
Se !e eipera, pinr, eipectro i!p"rn . i .
Jiii! a vida paiia vagaroia:
O preiente, a aipirar ie!pre an f"t"ro:
O f"t"ro, "!a in!bra !entirniaà

61
LAMENTO

U! dilúvio de l"z cai da !ontanha:


fis o dia! eis o Sol! o esposo a!ado!
Onde há por toda a Terra "! só c"idado
Q"e não dissipe a l"z q"e o M"ndo banhaj
Flor a c"sto !edrada e! er!a penha,
Revolto !ar o" golfo congelado,
Jonde há ser de :e"s tão olvidado
Uara q"e! paz e alívio o Cé" não tenhaj
:e"s é Uai! Uai de toda a criat"ra:
f a todo o ser o se" a!or assistem
:e se"s filhos o !al se!pre é le!brado s . .
Jh! s e :e"s a se"s hllhos d á vent"ra
Nesta hora santa i i i e e" só posso ser triste . . .
Serei filho, !as fil ho abandonado!

62
A ALBERTO TELES

Só n Jo er!ita sozinho na !ontanha


Visita-o :e"s e dá-lhe contiançam
To !arS o na"taS q"e o t"tão balançaS
fspera "! sopro a!igo q"e o Cé" tenha . i .
Só! - Mas q"e! s e assento" e! riba estranha,
Longe de se"sS lá te! inda a le!brança;
f :e"s deixa-lhe ao !enos a esperança
Jo q"e à noite sol"ça e! er!a penha i i i
Só! n Tão o é q"e! na dorS q"e! nos cansaçosS
Te! "! laço q"e o prenda a este fadárioS
U !a crença, "! deseVo i i i e inda "! c"idado . i .
Mas cr"zarS co! desdé!S inertes braçosS
Mas passarS entre t"rbasS solitárioS
I sto é ser sóS é ser abandonado!

63
A SANTOS VALENTE

fstreita é do prazer na vida a taça:


Largo, co!o o oceano é largo e f"ndo,
f co!o ele e! vent"ras infec"ndo,
O cálix a!argoso da desgraça.
f cont"do nossa al!a, q"ando passa,
I ncerta peregrina, pelo M"ndo,
Urazer só pede à vida, a!or fec"ndo,
É co! essa esperança q"e se abraça.
É lei de :e"s este aspirar i!enso . . .
f cont"do a il"são i!pôs à vida,
f !anda b"scar l"z e dá-nos treva!
Jh! se :e"s acende" "! foco intenso
:e a!or e dor e! nósS na ardente lida,
Uorq"e a !irage! cria . . . o" porq"e a levaj

64
AMARITUDO

Só por ti. astro ainda e se!pre oc"lto,


So!bra do J!or e sonho da VerdadeS
:ivago e" pelo M"ndo e e! ansiedade
Me" próprio coração e! !i! s"p"lto.
:e te!plo e! te!plo, e! vão, levo ° !ē" c"lto.
Levo as hlores d"!a enti!a piedade.
VeVo os votos da !inha !ocidade
Recebere! so!ente escárnio e ins"lto.
À beira do ca!inho !e assentei . . .
fsc"tarei passar ° agreste vento.
fxcla!ando: assi! passe q"anto a!ei! -
Ó !inha al!a. q"e creste na virt"de!
O q"e será velhice e desalento.
Se isto se cha!a a"rora e V "vent"dej

65
MEA CULPA

Tão duvido que o Mundo no seu eixo


Gire suspensł e voMva e! har!onia;
Que o ho!e! suba e vá da noite ao diao
I a ho!e! vá subindo insecto e seixo.
Tão cha!o a :eus tiranoo ne! !e queixoo
Te! cha!o ao c.u da vida noite fria;
Tão cha!o à existência hora so!bria;
Jcaso à orde!; ne! à Mei desMeixo.
J Tatureza . !inha !ãe ainda . . .
É !inha !ãe . . . Jh. se e u à face linda
Tão sei sorrir; se estou desesperado;
Se nada há que !e aqueça esta frieza;
Se estou cheio de feM e de tristeza . . .
É de crer que s ó e u seja o culpado!

66
SEPULTURA ROMÂNTICA

JliS onde o !ar q"ebraS n"! cachão


R"gidor e !onótonoS e os ventos
frg"e! pelo areal os se"s la!entos.
Jli se há-de enterrar !e" coração.
Q"ei!e!-no Os sóis da ad"sta solidão
Ta fornalha do fstioS e! dias lentosë
:epois. no I nvernoS os sopros violentos
Lhe revolva! e! torno o árido chão . . .
Jt. q"e se desfaça e S V á tornado
f! i!palpável póS seV a levado
Tos t"rbilhões q"e o vento levantar . . .
Co! s"as l"tas, se" cansado anseio,
Se" lo"co a!orS dissolva-se no seio
:esse infec"ndoS desse a!argo !ar!

67
A UMA MULHER

Uara tristezas, parL d-r nasceste.


U-dia a s-rte ;ôr-te - berç- estreit-
Talg"! paláci- e a- pé de régi- leit-S
f! vez deste areal -nde cresceste:
U-diL Lbrir-te Ls hl-res n c-! q"e veste
Js ricas e as felizes n nesse peit-;
Fazer-te . . . - q"e a F-rt"na há se!pre feit- . . .
Terias se!pre a s-rte q"e tiveste!
TinhLs de ser assi! . . b Te"s -lh-s flt-s,
Q"e nã- sã- deste M"nd- e -nde e" lei-
Uns !istéri-s tã- tristes e inhlnit-s S
T"a v-z rarL e esse ar vag- e esq"ecid-,
T"d- !e diz a !i!, e Lssi! - crei-,
Q"e para ist- só tinhLs nascid-!

68
NOX

A Femaldo Leal

Toite, vão para ti !e"s pensa!entos,


Q"ando olho e veVo, à l"z cr"el do dia,
Tanto estéril l"tar, tanta agonia,
f inúteis tantos ásperos tor!entos i . .
T", a o !enos, abafas os la!entos,
Q"e se exala! da trágica enxovia. . .
O eterno Mal, q"e r"ge e desvaria,
f! ti descansa e esq"ece alg"ns !o!entos s . .
O h ! antes t " ta!bé! ador!ecesses
Uor "!a vez, e eterna, inalterável,
C aindo sobre o M"ndo, te esq"ecesses,
f ele, o M"ndo, se! !ais l"tar ne! ver,
:or!isse no te" seio inviolável,
Toite se! ter!o, noite do Tão-ser!

69
ESTOICISMO

A Manuel Duarte de Almeida

T" q"e não crês, ne! a!as, ne! esperas,


fsperito de eterna negação,
Te" hálito gelo"-!e o coração
f destroço"-!e da al!a as pri!averas . . .
Jtravessando regiões a"steras,
Cheias de noite e cava esc"ridão,
Co!o n"! sonho !a", só oiço "! não,
Q"e eterna!ente ecoa entre as esferas . . .
n Uorq"e s"spiras, porq"læ te la!entas,
Cobarde coraçãoj :ebalde intentas
Opor à Sorte a q"eixa do egoes!o . . i
:eixa os te!idos, deixa aos sonhadores,
J esperança vã, se"s vãos f"lgores i . .
Sabe t " encarar sereno o abis!o!

70
C ONSULTA

A A lberto Sampaio

C ha!ei e! vol,a do !eu frio lei,o


as !e!órias !elhores de ou,ra idadec
For!as vagasc que às -oi,esc co! piedadec
Se i-cli-a!c a esprei,arc sobre o !eu pei,o . . .
f disse-lhes : - N o !u-do i!ď-so e es,rei,o
Valia a pe-ac acasoc e! a-siedade
Ter -ascido? dizei-!o co! verdadec
Pobres !e!órias que eu ao seio es,rei,o . . .
eas elas per,urbara!-se - coi,adas!
f e!palidecera!c co-,ris,adasc
Ji-da a !ais felizc a !ais sere-a i r r
f cada u!a delasc le-,a!e-,ec
Co! u! sorriso !órbidoc pu-ge-,ec
ee respo-deu: - Nãoc -ão valia a pe-a!

71
NO TURBILHÃO

A Jaime Batalha Reis

No !eu so-ho desila! as vdsões,


EsÁectros dos !eus ÁróÁrdos Áe-sa!e-tos,
Co!o u! ba-do levado Áelos ve-tos,
Jrrebatado e! vastos turbdlhões . . .
Nu! esÁdral, d e estra-has co-torções,
E do-de sae! grdtos e la!e-tos,
Vejo-os Áassar, e! gruÁos -evoe-tos,
:dstd-go-lhes, a esÁaços, as fedções i i .
- Fa-tas!as de !d! !es!o e d a !d-ha al!a:
Que !e fitads co! for!ddável cal!a,
Levados -a o-da turva do escarc.u,
Que! sods vós, !eus dr!ãos e !eus algozes?
Que! sods, vdsões !ds.rrd!as e atrozes?
Jd de !d!! ad de !d!! e que! sou eu?! i . i

72
VISÃO

A . M. Eça de Queirós

E" vi O J!or - !as nos se"s olhos baços


Nada sorria Vám só ixo e len,o
eorava agora ali "! pensa!en,o
:e dor se! ,r.g"a e de en,i!os cansaços.
Uairava< co!o espec,roc nos espaçosc
Todo envol,o n"! ni!bo pradacen,o . . b
N a atit"de conv"lsa do ,or!entoc
Torcia e retorcia os !agros braços r i .
E arrancava das asas des,roçadas
J "!a e "!a as penas !ac"ladas.
Soltando a espaços "! sol"ço f"ndoU

Sol"ço de ódio e raiva i!peni,entes . . .


E do fan,as!a a s lágri!as arden,es
Caea! len,a!en,e sobre o e"ndo!

73
NIRVANA

A Guerra Junqueiro

Uara al.! do Universo l"!inosoS


Cheio de for!asS de r"!orS de lidaS
:e forçasS de deseVos e de vidaS
Jbre-se co!o "! vác"o tenebroso.
J onda desse !ar t"!"lt"oso
Ve! ali ex;irarS es!aecida b . .
T"!a i!obilidade indefinida
Ter!ina ali o serS inerteS ocioso . . .
I q"ando o ;ensa!entoS assi! absortoS
I!erge a c"sto desse !"ndo !orto
I torna a olhar as coisas nat"raisS
À bela l"z da vidaS a!;laS infinitaS
Só vê co! t.dioS e! t"do q"anto itaS
J il"são e o vazio "niversais.

74
LACRIMAE RERUM

A Tommazzo Cannizzarro

Toi,e. ir!ã da Razão e ir!ã da Mor,e.


Qua-,as vezes ,e-ho eu i-,errogado
Teu verbo. ,eu oráculo sagrado.
Co-ide-,e e i-,.rpre,e da Sor,e!
Jo-de são ,eus sóis. co!o coor,e
:e al!as i-quie,as. que co-duz o Fadoj
f o ho!e! porque vaga desolado
f e! vão busca a cer,eza que o co-for,ej
Mas. -a po!pa de i!e-so fu-eral.
M uda. a -oi,e. si-is,ra e ,riu-fal.
Uassa volve-do as horas vagarosas . . .
É ,udo. e ! ,or-o a !i!. dúvida e lu,o;
f, perdido -u! so-ho i!e-so. escu,o
O suspiro das coisas ,e-ebrosas . . .

75
A UM CRUCIFIXO

Há !il a-os, bo! Cristo, ergues,e os !agros braços


f cla!as,e da cruzm oHá :eus!» e olhas,e, ó cre-,e,
O horizo-,e fu,uro e vis,e, e! ,ua !e-,e,
U! alvor ideal ba-har esses espaços!
Porque !orreu se! eco o eco de ,eus passos,
f de ,ua palavra (ó Verbo!) o so! fre!e-,e?
eorres,e . . . ah! dor!e e! paz! -ão volvas, que descre-,e
JrroV aras de -ovo à ca!pa os !e!bros lassos . . b
Jgora, co!o e-,ão, - a !es!a ,erra er!a,
J !es!a hu!a-idade . se!pre a !es!a e-fer!a,
Sob o !es!o er!o C.u, frio co!o u! sudário . . .
f agora, co!Q. e-,ão, viras o eu-do exa-gue
f ouviras pergu-tarm o:e que serviu o sa-gue
Co! que regas,e, ó Cris,o, as urzes do Calvário?»

76
VELUT UMBA

Fu!o e cis!o. Os cas,elos do horizo-,e


Irgue!-se, à ,arde, e cresce!, de !il cores,
I ora espalha! -o C.u vivos ardores,
Ora fu!a!, vulcões de es,ra-ho !o-,e . . i
:epois, que for!as vagas vê! defro-,e,
Que parece! sĹ-har loucos a!oresj
Jl!as que vão, por e-,re luz e horrores,
Uassa-do a barca desse a.reo Jquero-,e . . .
Jpago o !eu charu,o qua-do apagas
Teu facho, ó Solr . r ica!os ,odos sós . . .
É -es,a solidão que m e co-su!o!
6 -uve! do Ocide-,e, ó coisas vagas,
Be! vos e-,e-do a cor, pois, co!o a vós,
Beleza e al,ura se !e vão e! fu!o!

77
ESPECTROS

Ispectros q"e velais, enq"anto a c"sto


Jdor!eço "! !o!ento, e q"e, inclinados
Sobre os !e"s sonos c"rtos e cansados,
Me encheis as noites de agonia e s"sto!
:e q"e !e vale a !i! ser p"ro e V "sto,
I entre co!bates se!pre renovados
:isp"tar dia a dia à !ão dos Fados
U!a parcela do saber a"g"sto,
Se a !inha al!a há-de ver, sobre si itos,
Se!pre esses olhos trágicos, !alditos!
Se at. dor!indo, co! angústia i!ensa,
Be! os sinto verter sobre o !e" leito,
U!a a "!a verter sobre o !e" peito
Js lágri!as geladas da descrença!

78
TORMENTO DO IDEAL

C-nheci a Beleza q"e nã- !-rre


f tlq"ei triste. C-!- q"e! da serra
Mais alta q"e haV aS -lhand- a-s ;és a terra
f - !arS vê· t"d-o a !ai-r na" -" t-rreS
Ming"arS f"ndir-seS s-b a l"z q"e V-rrem
Jssi! e" vi - M"nd- e - q"e ele encerra
Uerder a c-ro be! c-!- a n"ve! q"e erra
J- ;ôr d- S-l e s-bre - !ar disc-rre.
Uedind- à f-r!ao e! vã-o a ideia ;"rao
Tr-;eç-o s-!braso na !atéria d"raS
f enc-ntr- a i!;erfeiçã- de q"ant- existe.
Recebi - ba;tis!- d-s ;-etasS
fS assentad- entre as f-r!as inc-!;letaso
Uara se!;re flq"ei ;álid- e triste.

79
VOZ DO OUTONO

Ouve ,u. !eu ca-sado coração.


O que ,e diz a voz da Na,ureza:
- oeais ,e valera. -u e se! defesa.
Ter -ascido e! asp.rri!a soidão.
Ter ge!ido. ai-da i-fa-,e. sobre o chão
Frio e crueT da !ais cruel devesa.
:o que e!balar-,e a Fada da Beleza.
Co!o e!balou. -o berço da I lusão!
eais valera à ,ua al!a visio-ária.
SiTe-ciosa e ,ris,e. ,er passado
Por e-,re o eu-do hos,iT e a ,urba vária.
( Se! ver u!a só hlor das !iT que a!as,e )
Co! ódio e raiva e dor . . . que ,er so-hado
Os so-hos ideais que ,u so-has,e!» -

80
NOCTURNO

Esperito q"e passas, q"a-do o ve-to


Jdor!ece -o !ar e s"rge a ó"a,
Filho esq"ivo da -oite q"e fl " t"a,
T" só e-te-des be! o !e" tor!e-to i . .
C o!o " ! ca-to lo-ge-q"o - triste .e le-to -
Q"e voga e s"btil!e-te se i-si-"a,
Sobre o !e" coração, q"e t"!"lt"a,
T" vertes po"co a po"co o esq"eci!e-to. . .
J ti co-io o so-ho e ! q "e ! e leva
U ! i-sti-to de l"z, ro!pe-do a treva,
B "sca-do, e-tre visões, o eter-o Be!i
E t" e-te-des o !e" !al se! -o!e,
J febre de mdeal, q"e !e co-so!e,
T" só, G.-io da Noite, e !ais -i-g".!!

81
ANIMA MEA

Is,ava a eor,e ali. e! p.. dia-,e.


Si!. dia-,e de !i!. co!o serpe-,e
Q"e dor!isse -a es,rada e de repe-,e
Se erg"esse sob os p.s do ca!i-ha-,er
Ira de ver a fú-ebre baca-,e!
Q"e ,orvo olhar! q"e ges,o de de!e-,e!
I e" disse-lhet oQ"e b"scas. i!p"de-,e.
Loba fa!i-,a. pelo e"-do erra-,e?»
- oNão ,e!as. respo-de" ôe "!a iro-ia
Si-is,ra!e-,e es,ra-ha. a,roz e cal!a.
Lhe ,orce" cr"el!e-,e a boca fria) .
I" -ão b"sco o ,e" corpo . r b Ira "! ,rofe"
Glorioso de !ais . . . B"sco a ,"a al!a.» -
Respo-di-lhes oJ !i-ha al!a V á !orre"!»

82
DAS UNNENNBARE

Ó qui!era. que passas e!ćalada


Na o-da dos !eus so-hos dolorosos.
E roças cos vestidos vaporosos
J !i-ha fro- te pálida e ca-sada!
Leva-te o ar da -oite sossegada . i .
Uergu-to e! vão. co! olhos a-siosos.
Que -o!e . que te dão os ve-turosos
No teu paes. !isteriosa fada!
eas que desti-o o !eu! e que luz baça
J desta aurora. igual à do sol-posto.
Qua-do só -uve! levida esvoaça!
Que -e! a -oite u!a ilusão co-si-ta!
Que só de lo-ge e e! so-hos te pressi-ta . . .

E -e! e ! so-hos possa ver-te o rosto!

83
ENQUANTO OUTROS COMBATEM

I!p"nhasse e" a espada dos valen,es!


m !pelisse-!e a acção. e!briagado.
Uor esses ca!pos onde a eor,e e o Fado
:ão a lei aos reis ,r.!"los e às gen,es!
Respiraria! !e"s p"l!ões con,en,es
O ar de fogo do circo ensang"en,ado . . .
O " caíra radioso. a!or,alhado
Ta f"lva l"z dos gládios rel"zen,es!
Já não veria dissipar-se a a"rora
:e !e"s inú,eis anos. se! "!a hora
Viver !ais q"e de sonhos e ansiedade!
Já não veria e! !inhas !ãos piedosas
:esfolhar-se. u!a a "!a. as tris,es rosas
:es,a pálida e es,.ril !ocidade!

84
MÃE

eãe n que ador!e-,e es,e viver dorido.


E !e vele es,a -oi,e de ,al frio.
E co! as !ãos piedosas a,. o hlo
:o !eu pobre exis,ir, !eio par,ido . . .
Que !e leve co-sigo. ador!ecido.
Jo passar pelo se,io !ais so!brio . . .
e e ba-he e lave a al!a l á -o rio
:a clara luz do seu olhar querido . . .
E u dava o !eu orgulho d e ho!e! n dava
ei-ha es,.ril ciê-cia. se! receio.
E e! d.bil cria-ci-ha !e ,or-ava.
:escuidada. feliz, dócil ,a!b.!.
Se eu pudesse dor!ir sobre o ,eu seio.
Se ,u fosses. queridaU a !i-ha !ãe!

85
A GERMANO MEIRELES

Só !aTes são reaisS só dor existe;


Urazeres só os gera a fan tas ia;
I! nada. "! i!aginarS o be! consisteS
Jnda o !aT e! cada hora e instante e dia.
Se b"sca!os o q"e .S o q"e devia
Uor nat"reza ser não nos assiste;
Se fia!os n"! be!, q"e a !ente criaS
Q"e o"tro re!.dio há ae senão ser ,ristej
Oh! q"e! tanto ;"dera q"e ;assasse
J vida e! sonhos sóS e nada vira . . .
easS no q"e se não vêS Tabor ;erdido!
Q"e! fora tão ditoso q"e oTvidasse . . .
eas ne! se" !aT co! eTe então dor!iraS
Q"e se!;re o !aT ;ior . ter nascido!

86
À VIRGEM SANTíSSIMA

Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia.

Nu! so-ho ,odo fei,o de i-cer,ezaU


:e -oc,ur-a e i-ddzevel a-siedade
É que eu vi ,eu olhar de piedade
e (!ais que piedade) de ,ris,eza . . .
Não era o vulgar brdlho da belezaU
Ne! o ardor ba-al da !ocidade . . .
Era ou,ra luzU era ou,ra suavddadeU
Que a,. -e! sei se as há -a -a,ureza . . .
U ! !es,ico sofrer. . b u!a ve-,ura
Fei,a só do perdãoU só da ,er-ura
E da paz da -ossa hora derradeira . . .
Ó visãoU visão ,rds,e e pdedosa!
Fi,a-!e assi! caladaU assi! chorosa. . .
E deixa-!e so-har a vida d-,eira!

87
NO CIRCO

A João de Deus

e"i,o Tonge daq"i, ne! e" sei q"ando,


Ne! onde era esse e"ndo e! q"e e" vivia . . .
eas ,ão longe . b b q"e a,. dizer podia
Q"e enq"an,o Tá andei, andei sonhando . b b
Uorq"e era ,"do aTi a.reo e brando,
E Túcida a exis,ência a!anhecia . . .
E e " . b . Teve co!o a l"z . . . a,. q"e "! dia
U! ven,o !e ,o!o" e vi! roTando. . .
Cae e achei-!e, d e repen,e, envoT,o
E! l",a bes,iaT, na arena fera,
Onde "! br",o f"ror bra!ia sol,o.
Sen,i "! !ons,ro e! !i! nascer nessa hora,
E achei-!e de i!proviso fei,o fera b . b
- É assi! q"e r"ģo en,re Teões agora!

88
TRANSCENDENTAL ISMO

A J. P. Oliveira Martis

Já sossega, depois de tanta luta,


Já !e descansa e! paz o coração.
Cae na conta. enfi!. de quanto . vão
O be! que ao eundo e à Sorte se disputa.
Uenetrando, co! fronte não enxuta.
No sacrário do te!plo da mlusãoU
Só encontrei, co! dor e confusão.
Trevas e pó. u!a !at.ria bruta . . .
Não . n o vasto e undo n por i!enso
Que ele pareça à nossa !ocidade n
Que a al!a sacia o seu deseVo intenso . . .
N a esfera do invisevel. do intangevel.
Sobre desertos. vácuo. soledade.
. Voa e paira o esperito i!passevel!

89
NA M ÃO DE DEUS

À Ex.� Sr.' D. Vitória de O. M.

Na !ão de :eus< na sua !ão direi,a<


:escansou ahinal !eu coração.
:o palácio encan,ado da mlusão
:esci a passo e passo a escada es,rei,a.
Co!o as flores !or,ais< co! que se enfei,a
J ignorância infan,il< despoVo vão<
:epus do Ideal e da Uaixão
A for!a ,ransi,ória e i!perċi,a.
Co!o criança< e! lôbrega V ornada<
Que a !ãe leva ao colo agasalhada
I a,ravessa< sorrindo vaga!en,e<
Selvas< !ares< areias do deser,o . . .
:or!e o ,eu sono< coração liber,o<
:or!e na !ão de :eus e,erna!en,e!

90
IGNOTO DEO

Q"e beleza !or,al se ,e asse!elhaU


6 so-hada visão des,a al!a arde-,eU
Q"e rehlecaes e! !i! ,e" brilho i-ge-,eU
Lá co!o sobre o !ar o Sol se esŃelhaj
O e"-do . gra-de - e es,a â-sia !e aco-selha
J b"scar-,e -a Terram e e"U pobre cre-,e.
Uelo e"-do proc"ro "! :e"s cle!e-,eU
eas a ara só lhe e-co-,ro . . . -"a e velha . . .
Não . !or,al o q"e e " e! ,i adoro.
Q"e .s ," aq"i? olhar de piedadeU
Go,a de !el e! ,aça de ve-e-os b . .
U"ra essê-cia das lágri!as q"e choro
E so-ho dos !e"s so-hos! se .s verdadeU
:escobre-,e'" visãoU -o C." ao !e-os!

91
SALMO

Espere!os e! :eus! Ele há ,o!ado


E! suas !ãos a !assa i-er,e e fria
:a !a,.ria i!po,e-,e e, -u! só dia,
Luz, !ovi!e-,o, acção, ,udo lhe há dador
Ele, ao !ais pobre de al!a, há ,ribu,ado
:esvelo e a!ors ele co-duz à via
Segura que! lhe foge e se ex,ravia,
Que! pela -oi,e a-dava desgarrado.
E a !i!, que aspiro a ele, a !i!, que o a!o,
Que a-seio por !ais vida e !aior brilho,
Há-de -egar-!e o ,er!o des,e a-seioj
Buscou que! o -ão quiss e a· !i!, que o cha!o,
Há-de fugir-!e, co!o a i-gra,o tilhoj
6 :eus, !eu pai e abrigo! espero! r rr eu creio!

92
ASPIRAÇÃO

eeus dias vão corre-do vagarososc


Se! prazer e se! dorc e a,. parece
Que o foco i-,erior já desfalece
I vacila cot- raios duvidososi
É bela a vida e os a-os são for!ososc
I -u-ca ao pei,o a!a-,e o a!or falece i . .
easc s e a beleza aqui -os aparecec
Logo ou,ra le!bra de !ais puros gozosr
ei-ha al!ac ó :eus! a ou,ros c.us aspiras
Se u! !o!e-,o a pre-deu !or,al belezac
É pela e,er-a pá,ria que suspira i . i
Por.!c do presse-,ir dá-!e a cer,ezac
:á-!a! e sere-oc e!bora a dor !e hlrac
Iu se!pre be-direi es,a ,ris,eza!

93
COMUNHÃO

Ao Sr, João Lobo de Moura

Repdi!idei !eu pda-to! . . . Co-sideda


Qua-tos, !i-ha al!a, a-tes de -ós vagada!,
Qua-tos as !ãos i-cedtas leva-tada!
Sob este !es!o c.u de luz austeda! . . .
- Luz !odta! a!adga a pdópdia Udi!aveda! -
eas seus pacie-tes codações lutada!,
Cde-tes só pod i-sti-to, e se apoiada!
Ta obscuda e hedóica f., que os dete!peda . . .
E sou e u !ais d o que eles? igual fado
ee pde-de à lei de ig-otas !ultidões. -
Seguidei !eu ca!i-ho co-fiado,
E-tde esses vultos !udos, !as a!igos,
Ta hu!ilde f. de obscudas gedações,
Ta co!u-hão dos -ossos pais a-tigos.

94
o C ONVERTIDO

A . GOlça/ues Crespo

In,re os filhos du! s.culo !aldi,o


To!ei ,a!b.! lugar na e!pia !esa,
Onde, sob o folgar, ge!e a ,ris,eza
:u!a ânsia i!po,en,e de intlni,o.
Co!o os ou,ros, cuspi no al,ar avi,o
U ! rir fei,o de fel e de i!pureza . . .
eas u ! dia abalou-se-!e a fir!eza,
:eu-!e reba,e o coração con,ri,o!
Ir!a, cheia de ,.dio e de quebran,o,
Ro!pendo os diques ao represo pran,o,
Virou-se para :eus !inha al!a ,ris,e!
J!or,alhei na F. o pensa!en,o,
I achei a paz na in.rcia e esqueci!en,o . . .

Só !e fal,a saber se :eus exis,e!

95
EM VIAGEM

Uelo ca!inho esareito. aonde a custo


Se encontra u!a só hlor. ou ave. ou fonte.
Mas só bruta aridez de áspero !onte
I os sóis e a febre do areal adusao.
Uelo ca!inho esareito entrei se! susto
I se! susto encarei. vendo-os defronte.
Fantas!as que surgia! do horizonte
J aco!eter !eu coração robusto i b .
Que! sois vós. peregrinos singulares?
:or. T.dio. :esenganos e Uesares . . .
Jtrás deles a Morte espreita ainda b b b
Conheço-vos b Meus guias derradeiros
Sereis vósb Silenciosos co!panheiros.
Be!-vindos. pois. e tu. Morte. be!-vinda!

96
MORS LIBERATRIX

A Bulhão Paio

Na ,"a !ãoc so!brio cavaleiroc


C avaleiro ves,ido de ar!as pre,asc
Brilha "!a espada fei,a de co!e,asc
Q"e rasga a esc"ridãoc co!o "! l"zeiro.
C a!inhas no ,e" c"rso aven,"reiroc
Todo envol,o na noi,e q"e projec,as . . .
S ó ú gládio d e l"z co! f"lvas be,as
I!erge do sinis,ro nevoeirob
- oSe es,a espada q"e e!p"nho . cor"scan,e
( Responde o negro cavaleiro andan,e) c
É porq"e es,a . a espada da Verdadem
Firo !as salvo . b b Uros,ro e desbara,oc
eas consolo . . . S"bver,oc !as resga,o . . .
I c sendo a eor,ec sou a liberdade.»

97
o QUE D IZ A MORTE

o:eixai-os vir a !i!< os q"e lidara!;


:eixai-os vir a !i!< os q"e padece!;
I os q"e cheios de !ágoa e ,.dio e-cara!
Js próprias obras vãs< de q"e escar-ece! . b b
I! !i!< os Sofri!e-,os q"e -ão sara!<
Uaixão< :úvida e Mal< se desva-ece!.
Js ,orre-,es da :or< q"e -"-ca para!,
Co!o -"! !ar< e! !i! desaparece!.» n
Jssi! a Mor,e dizb Verbo velado<
Sile-cioso i-,.rpre,e sagrado
:as coisas i-visíveis< !"da e fria<
É, -a s"a !"dez< !ais re,"!ba-,e
Q"e o cla!oroso !ar; !ais r",ila-,e<
Ta s"a -oi,e< do q"e a l"z do dia.

98
ELOGIO DA MORTE

Morrer é ser iniciado.


Antologia Grega

Jl,as horas da -oi,eU o I-co-scie-,e


Sacode-!e co! forçaU e acordo e! sus,o.
Co!o se o es!agasse! de repe-,eU
Jssi! !e pára o coração robus,o.
Tão que de larvas !e povoe a !e-,e
Esse vácuo -oc,ur-oU !udo e augus,oU
Ou forceje a razão por que afuge-,e
Jlgu! re!orsoU co! que e-cara a cus,o . . .
Te! fa-,as!as -oc,ur-os visio-áriosU
Te! deshllar de espec,ros !or,uáriosU
Te! de-,ro e! !i! ,error de :eus ou Sor,e . . .
Tada! o fu-do du! poçoU hú!ido e !or-oU
U! !uro de silê-cio e ,reva e! ,or-oU
E ao lo-ge os passos sepulcrais da eor,e.

mI
T a hlores,a dos so-hosU dia a dia,
Se i-,er-a !eu dorido pe-sa!e-,o;
Tas regiões do vago esqueci!e-,o
ee co-duzU passo a passoU a fa-,asia.
J ,ravessoU -o escuroU a -.voa fria
Du! !u-do es,ra-hoU que povoa o ve-,oU
E !eu queixoso e i-cer,o se-,i!e-,o
Só das visões da -oi,e se co-hla.

99
Que !ís,icos deseVos !e e-louquece!j
:o Tirva-a os abis!os aparece!.
J !eus olhoso -a !uda i!e-sidade!
Tes,a viage! pelo er!o espaço
Só busco o ,eu e-co-,ro e o ,eu abraço.
Mor,e! ir!ã do J!or e da Verdade!

III
I u -ão sei que! , u .s n !as -ão procuro
(Tal . a !i-ha co-ia-ça) devassá-lo.
Bas,a se-,ir-,e ao p. de !i!. -o escuro.
I-,re as for!as da -oi,e co! que! falo.
J,rav.s do silê-cio frio e obscuro
Teus passos vou segui-do. e. se! abalo.
To cairel dos abis!os do Fu,uro
Me i-cli-o à ,ua voz. para so-dá-lo.
Por ,i !e e-golfo -o -oc,ur-o !u-do
:as visões da região i-o!i-ada.
J ver se ixo o ,eu olhar profu-do . . b
Fixá-lo. co!pree-dê-lo. bas,a u!a hora.
Fu-.rea Bea,riz de !ão gelada . . .
Mas ú-ica Bea,riz co-soladora!

mV
Lo-go ,e!po ig-orei (!as que cegueira
Me ,razia es,e esperi,o e-ublado!)
Que! fosses ,u. que a-davas a !eu lado.
Toi,e e dia. i!passível co!pa-heira . . .
Mui,as vezes. . cer,o. - a ca-seira.
To ,.dio ex,re!o du! viver !agoado.

1 00
Para ,i Tevan,ei o oThar ,urbado.
I nvocando-,e. a!iga verdadeira . . .
eas não ,e a!ava en,ão ne! conheciam
eeu ;ensa!en,o iner,e nada Tia
Sobre essa !uda fron,e. aus,era e caT!a.
Luz ín,i!a. ahlnaT. aTu!inou-!e . . .
FiTha do !es!o ;ai. Vá sei ,eu no!e.
eor,e. ir!ã coe ,erna da !inha aT!a!

v
Que no!e ,e darei. aus,era i!age!.
Que avis,o Vá nu! ânguTo da es,rada.
Quando !e des!aiava a aT!a ;ros,rada
:o cansaço e do ,.dio da viage!j
I! ,eus olhos vê a ,urba u!a vorage!.
Cobre o ros,o e recua a;avorada . . .
eas e u conio e! ,i. so!bra veTada.
I cuido ;erceber ,ua Tinguage! . . .
eais claro veVo. a cada ;asso. escri,os.
FiTha da noi,e. os Te!as do mdeaT.
Tos ,eus oThos ;rofundos se!;re fi,os . . .
:or!irei no ,eu seio inaT,eráveT.
Ta co!unhão da ;az universaM.
eor,e Tiber,adora e invioTáveT!

Vm
Só que! ,e!e o Tão-ser . que se assus,a
Co! ,eu vas,o siTêncio !or,uário.
Toi,e se! i!. es;aço soTi,ário.
Toi,e da eor,e. ,enebrosa e augus,a . . .

IOl
Iu -ãom !i-ha al!a hu!ildeU !as robus,aU
I-,ra cre-,e e! ,eu á,rio fu-erário:
Para os mais .s u! vácuo ci-erárioU
J !i! sorri-!e a ,ua face adus,a.
J !i! seduz-!e a paz sa-,a e i-efável
I o silê-cio se! par do I -al,erávelU
Que e-volve o e,er-o a!or -o e,er-o lu,or
Talvez seV a pecado procurar-,e,
eas -ão so-har co-,igo e adorar-,eU
Não-serU que .s o Ser ú-ico absolu,o
MORS-AMOR

A Luís de Magalhães

Isse -egro corcel, cuVas passadas


Iscu,o e! so-hos, qua-do a so!bra desce,
I, passa-do a galope, !e aparece
:a -oi,e -as fa-,ás,icas es,radas,
:o-de ve! elej Que regiões sagradas
I ,erríveis cruzou, que assi! parece
Te-ebroso e subli!e, e lhe es,re!ece
Não sei que horror -as cri-as agi,adasj
U! cavaleiro de expressão po,e-,e,
For!idável, !as plácido, -o por,e,
Ves,ido de ar!adura reluze-,e,
C avalga a fera es,ra-ha se! ,e!or:
I o corcel -egro dizs oIu sou a eor,e!»
Respo-de o cavaleiro: oIu sOU' o J!or!»

1 03
A JOÃO DE DEUS

Se . lei. que rege o escuro pe-sa!e-,o.


Ser vã ,oda a pesquisa da verdade.
E! vez da luz achar a escuridade.
Ser u!a queda -ova cada i-ve-,o:
ó lei ,a!b.!. e!bora cru ,or!e-,o.
Buscar. se!pre buscar a claridade.
E só ,er co!o cer,a realidade
O que -os !os,ra claro o e-,e-di!e-,o.
O que há-de a al!a escolher. e! ,a-,o e-ga-o?
Se u!a hora crê de f.. logo duvidas
Se procura. só acha . . . o desa,i-o!
Só :eus pode acudir e! ,a-,o da-o:
Espere!os a luz du!a ou,ra vida.
SeV a a ,erra degredo. o C.u des,i-o.

1 04
QUIA ETERNUS

A Joaquim de Araújo

Tão !orresteU por !ais q"e o brade à genŖe


U !a org"lhosa e vã hllosofia . . .
Tão s e sacode assi! tão facil!ente
O V "go da dĢvina tirania!

Cla!a! e! vãoU e esse tri"nĔo ingenteU


Co! q"e a Razão n coitada! n se inebriaU
É nova for!aU apenasU !ais p"ngenteU
:a t"a eternŤU trágica ironia.
TãoU não !orresteU espectro! O Uensamento
Co!o dantes te encaraU e .s o tormento
:e q"antos sobre os livros desfalece!.
I os q"e folga! na orgia e!pia e devassaU
Ji! q"anaas vezesU ao erg"er a taçaU
Uara! eU estre!ecendoU e!palidece!!

1 05
IGNOTUS

A Salomão Sáragga

Qnde te escondes? Iis q"e e! vão cTa!a!os,


S"spirando e erg"endo as !ãos e! vão!
ðá a voz enro"q"ece e o coração
Istá cansado - e Vá desespera!os . . .
Uor C.", por !ar e terras proc"ra!os
O Isperito q"e enche a soTidão
I só a própria voz na i!ensidão
Fatigada nos voTve. . . e não te acha!os!
C."s e terra, cTa!ai. aonde? aonde? -
eas o esperito antigo só responde.
I! to! de grande t.dio e de pesars
- Tão vos q"eixeis. ó tiThos da ansiedade.
Q"e e" !es!o. desde toda a eternidade.
Ta!b.! !e b"sco a !i! r . . se! !e encontrar!

1 06
o INCONSCIENTE

o espec,ro fa!dldar q"e a-da co!igo.


Se! q"e p"desse ad-da ver-lhe o ros,o.
Q"e "!as vezes e-caro co! desgos,o
E o",ras !"i,as a-sioso esprei,o e sigo.
É "! espec,ro !"do. grave. a-,dgo.
Q"e parece a co-versas !al ddsposao . b .
J-,e esse v"l,o. asc.,dco e co!pos,o.
eil vezes abro a boca . . . e -ada digo.
Só "!a vez o"sed d-,errogá-lom
- oQ"e! .s (lhe perg"-,ei co! gra-de abalo) .
Fa-,as!a a q"e! odedo e a q"e! a!oj»
- oTe"s ir!ãos (respo-de" ) . os vãos h"!a-os.
Cha!a!-!e :e"s. há !ais de dez !dl a-os b . .
eas e " por !i! -ão sed co!o ! e cha!o . . . »

107
DIVINA COMÉDIA

Ao Dr. José Falcão

Irg"end- -s braç-s ;ara - C." distanae


I a;-str-fand- -s de"ses inviseveiso
Os h-!ens cla!a! m n o:e"ses i!;asseveis,
J q"e! serve - destin- tri"nfante,
U-rq"e . q"e n-s criastesj! m ncessante
C-rre - te!;- e só gera, inexting"eveis,
:-r, ;ecad-, il"sã-, l"tas h-rreveis,
T "! t"rbilhã- cr"el e delirante" Î
Uois nã- era !elh-r na ;az cle!ente
:- nada e d- q"e ainda nã- existe,
Ter ficad- a d-r!ir eterna!entej
U-rq"e . q"e ;aŊa a d-r n-s ev-castesj»
Mas -s de"seso c-! v-z inda !ais triste,
:ize!m - oH-!ens! ;-rq"e . q"e n-s criastesj!»

1 08
DISPUTA EM FAM íLIA

Dixit ilsipiens iI carde suo:


1/011 est Deus.

m
Sai das nuvens. levan,a a fron,e e escu,a
O que dize! teus hllhos rebelados.
Velho Jeová de longa barba hirsu,a.
Solitário e! ,eus c.us acas,eladoss
o- Cessou o i!;.rio enhl! da força bru,a!
Tão sofrere!os !ais. e!anci;ados.
O ,irano. de !ão ,enaz e as,u,a.
Que !il anos nos ,rouxe arrebanhados!
oInquan,o ,u dor!ias i!;assevel.
To;á!os no ca!inho a liberdade.
Que nos sorriu co! ges,o indehlnevel. . .
ì�Já ;rová!os os fru,os da verdade . . .
Ó :eus grande. ó :eus forte. ó :eus ,errevel.
Tão ;assas du!a vã banalidade! -» .

mm
eas o velho ,irano soli,ário.
:e coração aus,ero e endurecido.
Que u! dia. de enV oado ou dis,raedo.
:eixou !a,ar seu hllho no Calvário.
Sorriu co! rir es,ranho. ouvindo o vário
Tu!ul,uoso coro e alarido
:o ;ovo insi;ien,e. que. a,revido.
Irguia a voz e! gri,a ao seu sacrários

1 09
n oVa-itas va-itatu!!» ( disse ) . ó certo
Que o ho!e! vão !edita !il !uda-ças.
Se! achar !ais do que erro e desacerto.
oMuito a-tes de -ascere! vossos pais
:u! barro vilU ridículas cria-ças.
Sabia eu tudo isso . . . e !uito !ais ! n»
PALAVRAS DUM CERTO MORTO

Há !il a-os. e !ais. que aqui es,ou !or,o.


Pos,o sobre u! rochedo à chuva e ao ve-,os
Não há co!o eu espec,ro !acile-,oU
Ne! !ais disfor!e que eu -e-hu! abor,o . . .
S ó o espíri,o vive: vela absor,o
Nu! ixo. i-exorável pe-sa!e-,os
oeor,oS e-,errado e! vida!». o !eu ,or!e-,o
ó is,o só . . . do res,o -ão !e i!por,o i i .
Que vivi sei-o eu be! . . . !as foi u! diaS
U! dia só . . i - -o outroS a mdola,ria
:eu-!e u! al,ar e u! cul,o . . . ai! adorara!-!e.
Co!o se eu fosse alguém/ co!o se a Vida
Pudesse ser ' alguém/ - logo e! seguida
:issera! que era u! :eus . . . e a!or,l lhara!-!e!

III
LUTA

Fluxo e refluxo elemo . . .


João de Deus

:or!e a -oi,e e-cos,ada -as coTi-as.


Co!o u! so-ho de paz e esqueci!e-,o
:espo-,a a Lua. Jdor!eceu o ve-,o.
Jdor!ecera! vales e caijpi-as . . .
eas a !i!. cheia d e a,racções divi-as.
:á-!e a -oi,e reba,e ao pe-sa!e-,o.
Si-,o e! vol,a de !i!. ,ropel -evoe-,o.
Os :es,i-os e as Jl!as peregri-as!
m -so-dável probTe!a! . . . Jpavorado
Recua o pe-sa!e-,o! . . . I Vá pros,rado
I es,úpido à força de fadiga.
Fi,o i-co-scie-,e as so!bras visio-árias.
I-qua-,o pelas praias soli,árias
Icoa. ó !ar. a ,ua voz a-,iga

1 12
A IDEIA

I
Uois q"e os de"ses a-tigos e os a-tigos
:ivi-os so-hos por esse ar se so!e!.
I à T"z do aTtar da F.. e! Te!pTo o" :óT!e-.
J apagara! os ve-tos i-i!igos;
Uois q"e o Si-ai se e-"bTa e os se"s pascigos.
Secos à !í-g"a de ág"a. se co-so!e!.
I os profetas do"trora todos dor!e!
Isq"ecidos. e! terra se! abrigos;
Uois q"e o C." se fecho". e Vá -ão desce
Ta escada de Jacob (-a de Jes"s! )
U! s ó a-Vo q"e aceita a -ossa prece;
ó q"e o Tírio da F. Vá -ão re-ascet
:e"s tapo" co! a !ão a s"a T"z
I a-te os ho!e-s veTo" a s"a face!

II
UáTido Cristo. ó co-d"tor divi-o!
J c"sto agora a t"a !ão tão doce
I - certa -os co-d"z. co!o se fosse
Te" gra-de coração perde-do o ti-o . . .
J paTavra sagrada d o :esti-o
Ta boca dos orác"Tos seco"-set
J T"z da sarça-arde-te dissipo"-se
J-te os oThos do vago peregri-o!
J-te os oThos dos ho!e-s - porq"e o e"-do
:espre-dido roTo" das !ãos de :e"s.
C o!o "!a cr"z das !ãos d"! !orib"-do!

1 13
Uorq"e V á se não Tê se" no!e escriao
Intre os astros . . . e os astros. co!o ate"s.
Já não q"ere! !ais Tei q"e o dninito!

III

Força . pois ir b"scar o"tro ca!dnho!


Lançar o arco de o"tra nova ponte
Uor onde a aT!a passe - e "! aTto !onte
Jonde se abra à T"z o nosso ndnho.
Se nos nega! aq"d o pão e o vdnho.
Jvante! . Targo. i!enso. esse hordzonte . . .
Não. não s e fecha o M"ndo! e aT.!. defronte.
I e! toda a parte há T"z. vdda e carinho!
Jvante! os !ortos hlcarão sep"Ttos . . .
Mas os vivos q"e sdga!. sac"ddndo
Co!o o pó da estrada os veThos c"Ttos!
:oce e brando era o sedo de Jes"s . b .
Q"e d!portaj have!os de passar. seg"indo.
Se aT.! do seio deTe ho"ver !ais T"z!

IV

Conq"ista pois sozdnho o te" f"t"ro.


Já q"e os ceTestes g"das te hão dedxado.
Sobre "!a terra ignota abandonado.
Ho!e! n proscrdto red n !enddgo esc"ro!
Se não tens q"e esperar do C." ( tão p"ro.
Mas tão cr"eT! ) e o coração !agoado

1 14
Sentes Vá de il"sões desenganado.
:as il"sões do antdgo a!od ;edV"do;
Idg"e-te. então. na !aVestade estódca
:"!a vontade soldtádia e altiva.
T"! esfodço s";de!o de al!a hedóica!
Faze "! te!;lo dos !"dos da cadeida.
Pdendendo a i!ensidade etedna e vdva
To cedc"lo de l"z da t"a mdeia!

e as a mdeia q"e! .j q"e! foi q"e a vi".


Ja!ads. a essa encobedta ;edegdinaj
Q"e! lhe beiVo" a s"a !ão divinaj
Co! se" olhad de a!od q"e! se vesti"j
Pálida i!age!. q"e a ág"a de alg"! dio.
Rehlectindo. levo" . . . incedta e hlna
L"z. q"e !al bd"x"leda ;eq"enina . . .
T "ve! q"e tdo"xe o ad e o a d s"!d" . . .
Istendei. estendei-lhe o s vossos bdaços.
e agdos da febde d"! sonhad ;dof"ndo.
Vós todos q"e a seg"is nesses es;aços!
. I entanto. ó al!a tdiste. al!a chodosa.
T" não tens o"tda a!ante e! todo o ô"ndo
e ads q"e essa fdia vddge! desdenhosa!

Vm

O"tda a!ante não há! não há na vida


So!bda a cobdid !elhod nossa cabeça.

1 15
Te! bálsa!o !ais doceU q"e ador!eça
I! nós a antigaU a sec"lar ferida!
Q"er f"Va esq"ivaU o" se ofereça erg"idaU
Co!o q"e! sabe a!ar e a!ar confessaU
Q"er nas n"vens se esconda o" apareçaU
Será se!pre ela a esposa pro!etida!
Tossos deseVos para tiU ó friaU
Se erg"e!U be! co!o os braços do proscrito
Uara as bandas da pátriaU noite e diab
Uodes f"gir . . . nossa al!aU deliranteU
Seg"ir-te-á atrav.s do infinitoU
Jt. voltar conaigoU tri"nfante!

Vmm

O h ! o noivado bárbaro! o noivado


S"bli!e! aonde os c."sU os c."s ingentesU
Serão leito de a!orU aendo pendentes
Os astros por dosel e cortinado!
Js bodas · do :eseVoU e!briagado
:e vent"raU afinal! visões ferventes
:e q"e! nos bdaços vai de ideais ardentes
Uor espaços se! aer!o arrebatado!
LáU por onde se perde a fantasia
To sonho da beleza; láU aonde
J noite te! !ais l"z q"e o nosso dia;
LáU no seio da eterna claridadeU
Jonde :e"s à h"!ana voz responde,
É q"e ae have!os de abraçar, Verdade!

l l6
Vmmm

L á ! eas onde . lá? aondej Ù Ispera,


Coração indo!ado! o C.", q"e anseia
J aM!a hleM, o C.", o c." da mdeia,
I! vão o b"scas nessa i!ensa esfera!
O espaço . !"dos a i!ensidade a"stera
:ebaMde noite e dia se incendeia . . .
I ! nenh"! astro, e! nenh"! soM s e aMteia
J rosa ideaM da eterna Uri!avera!
O Uaraeso e o te!pMo da Verdade,
6 !"ndos, astrosU sóis, consaeMações!
Nenh"! de vós o te! na i!ensidade b . .
J mdeia, o s"!o Be!, o Verbo, a Issência,
Só se reveMa aos ho!ens e às nações
No c." incorr"pteveM da Consciência!
LOGOS

Ao Sr. D. Nico/as Sa/merol

T", q"e e" não veVo, e estás ao ;. de !i!


I, o q"e . !ais, dentro e! !i! n q"e !e rodeias
Co! "! ni!bo de afectos e de ideiasU
Q"e são o !e" ;rincí;io, !eio e fi! . b .
Q"e estranho ser .s t" (se . s ser) q"e assi!
Me arrebatas contigo e !e ;asseias
I! regiões ino!inadas, cheias
:e eĴcanto e de ;avor. . b de não e si! . . b
ós " ! relexo a;enas d a !inha al!a,
I, e! vez de te encarar co!o fronte cal!a,
Sobressalto-!e ao ver-te e tre!o e exoro-te . . b
FaMo-te, calas . . . calo, e vens atento . . i
ó s " ! ;ai, " ! ir!ão, e . " ! tor!ento
Ter-te a !e" lado . b . .s "! tirano, e adoro-te!

1 18
D IÁLOGO

J cr"z dizia à terra onde assentava.


Jo vale obsc"ro. ao !onte áspero e !"dom
n oQ"e .s a". abis!o e V a"Ma. aonde t"do
Vive na dor e e! l"ta cega e bravaj
Se!pre e! trabaMho. condenada escrava.
Q"e fazes t" de grande e bo!. cont"dou
Resignada. .s só lodo infor!e e r"do;
Revoltosa. .s só fogo e hórrida lava . . .
e as a !i! não h á alta e livre serra
Q"e !e possa ig"alar!Ú . . a!or. fir!eza.
So" e" só: so" a paz. t" .s a g"erra!
So" o esperiao. a l"z! . . . t" .s tristeza.
6 Modo esc"ro e vil!» Ï Uor.! a terra
Responde"m oCr"z. e" so" a Tat"reza!»

1 19
HOMO

Tenh"! de vós ao certo !e conhece,


Jstros do es;aço, ra!os do arvoredo,
Tenh"! adivinho" o !e" segredo,
Tenh"! inter;reto" a !inha ;rece . b .
Ting".! sabe q"e! so" . . . e !ais, ;arece
Q"e há dez !il anos já, neste degredo,
ee vê ;assar o !ar, vê-!e o rochedo
I !e conte!;la a a"rora q"e alvorece . . b
So" "! ;arto d a Terra !onstr"oso;
:o hú!"s ;ri!itivo e tenebroso
Geração cas"al, se! ;ai ne! !ãe . i .
eisto infeliz de trevas e d e brilho,
So" talvez Satanás - talvez "! fĜlho
Bastardo de Jeová - talvez ning".!!

1 20
METEMPSICOSE

Ardentes filhas d- ;razer< dizei-me!


V-ss-s s-nh-s q"ais sã-. de;-is da -rgiaj
Acas- n"nca a imagem f"gidia
:- q"e f-ste em vós se agita e fremej
T-"tra vida e -"tra esfera, a-nde geme
O"tr- vent-< e se acende "m -"tr- dia<
Q"e c-r;- tínheisj q"e mat.ria fria
Ā-ssa alma incendi-"< c-m f-g- estremej
Vós f-stes< nas hl-restas. bravas feras<
Arrastand-. le-as -" ;anteras.
:e dentadas de am-r "m c-r;- exang"e b b b
e-rdei ;-is esta carne ;al;itante<
Feras feitas de gaze hl"t"ante r p .
L-bas! le-as! sim. bebei me" sang"e!

121
EVOLUÇÃO

A San/os Valm/e

F"i r-cha, e! te!p-, e f"i, n- !"nd- antig-,


Tr-nc- -" ra!- na incógnita hl-resta b i i
Onda, esp"!ei, q"ebrand--!e n a aresta
:- granit-, antiq"íssi!- ini!ig- b . .
R"gi, fera taTvez, b"scand- abrig-
Ta caverna q"e ens-!bra "rze e giesta;
O", !-nstr- pri!itiv-, erg"i a testa
T- Ti!-s- pa"l, gTa"c- pascig-. . .
H-Ve s-" h-!e! n e n a s-!bra en-r!e
VeV-, a !e" p.s, a escada !"Ttif-r!e,
Q"e desce, e! espirais, na i!ensidade . . b
m nterr-g- - infinit- e às vezes ch-r- i . i
Mas, estendend- as !ã-s n- vác"-, ad-r-
I aspir- "nica!ente à Tiberdadei

1 22
ESPIRITUALISMO

Co!o "! vento de !orte e de r"ena<


J dúvida so;ro" sobre o Universo.
Fez-se noite de súbito< i!erso
O M"ndo e! densa e áMgida nebMina.
Te! astro Vá rel"z< neĭ ave trina<
Te! hlor sorri no se" a.reo berço.
U! veneno s"btil< vago< dis;erso<
I!;eçonho" a criação divina.
I< no !eio da noite !onstr"osa<
:o siMêncio gMaciaM< q"e ;aira e estende
O se" s"dário< donde a !orte ;ende<
Só "!a hlor h"!iMde< !isteriosa<
Co!o "! vago ;rotesto da existência<
:esabrocha no f"ndo da Consciência.

II

:or!e entre o s geMos< hlor i!ac"Mada!


L"ta< ;edindo "! últi!o cMarão
Jos sóis q"e r"e! ;eMa i!ensidão<
Jrrastando "!a a"r.ola a;agada . . .
I! vão! :o abis!o a boca escancarada
Cha!a ;or ti na g.Mida a!;Midão . . .
Sobe d o ;oço eterno< e ! t"rbiMhão<
J treva ;ri!itiva conglobada . . .

1 23
û" !orrerás ta!bé!. U! ai s";re!o,
Ta noiae "niversal q"e envolve o M"ndo.
Há-de ecoarU e te" ;erf"!e extre!o
To vác"o eaerno se esvairá dis;erso,
Co!o o alento inal d"! !orib"ndoU
Co!o o últi!o s"s;iro do Universos
OCEANO NOX

A A. de A:evedo Castelo Brallco

J"nt- d- !arU q"e erg"ia grave!ente


J trágica v-z r-"éaU enq"ant- - vent-
Uassava Ċ-!- - v-- d"! ;ensa!ent-
Q"e b"sca e hesitaU inq"iet- e inter!itenteU
J"nt- d- !ar sentei-!e triste!enteU
Olhand- - C." ;esad- e nev-ent-U
f interr-g"eiU cis!and-U esse la!ent-
Q"e saía das c-isasU vaga!ente . . .
Q"e inq"iet- deseV- v-s t-rt"raU
Seres ele!entaresU f-rça -bsc"raj
f! v-lta de q"e ideia gravitaisj n
Mas na i!ensa extensã-U -nde se esc-nde
O inc-nsciente i!-rtalU só !e res;-nde
U! bra!id-U "! q"eix"!eU e nada !ais . . .

1 25
CONTEMPLAÇÃO

A Fralcisco Machado de Faria e Maia

Sonho de olhos abertos, ca!inhando


Tão entre as for!as Vá e as a;arênciasS
Mas vendo a face i!óvel das essênciasS
Intre ideiaŋ e es;eritos ;airando . . .
Q"e . o M"ndo ante !i!j f"!o ondeando,
Visões se! ser, frag!entos de existências . . .
U!a n.voa d e enganos e i!;otências
Sobre vác"o insondável rasteV ando . . .
I dentre a n.voa e a so!bra "niversais
Só !e chega "! !"r!úrio, feito de ais . . .

ó a q"eixaS o ;rof"ndessi!o ge!ido


:as coisas, q"e ;roc"ra! cega!ente
Ta s"a noite e dolorosa!ente
O"tra l"zS o"tro tl! só ;ressentido . . .

1 26
REDENÇÃO

À Ex.' Sr.' D. Ce/este C. B. R.

m
V-zes d- !arS das árv-resS d- vent-!
Quand- ţs vezesS nu! s-nh- d-l-r-s-S
Me e!bala - v-ss- cant- ;-der-s-S
Iu Vulg- iguaM a- !eu v-ss- t-r!ent- . . .
Verb- cre;uscular e enti!- alent-
:as c-isas !udas; sal!- !isteri-s-;
Tã- serás tu, queixu!e va;-r-s-S
O sus;ir- d- Mund- e - seu la!ent-À
U! es;erit- habita a i!ensidadem
U !a ânsia cruel de Miberdade
Jgiaa e abala as f-r!as fugitivas.
I eu c-!;reend- a v-ssa lengua esaranhaS
V-zes d- !arS da selvaS da !-ntanha . . .
Jl!as ir!ãs d a !inha, al!as cativas!

mm
Tã- ch-reisS vent-sS árv-res e !aresS
C-r- antig- de v-zes ru!-r-sasS
:as v-zes ;ri!iaivasS d-l-r-sas
C-!- u! ;rant- de larvas tu!ulares . . .
: a s-!bra das visões cre;usculares
R-!;end-S u! dia, surgireis radi-sas
:esse s-nh- e essas ânsias afr-nt-sasS
Que ex;ri!e! v-ssas queixas singulares . . .

127
Jl!/s n- li!b- /ind/ d/ existênci/<
Jc-rd/reis "! di/ n/ C-nsciênci/S
I ;/ir/nd-S Vá ;"r- ;ens/!ent-S
Vereis /s F-r!/sS ilh/s d/ Il"sã-S
C/ir desfeit/s< c-!- "! s-nh- vã- . . .

I /c/b/rá ;-r hl! v-ss- a-r!ent-.


VOZ I NTERIOR

A João de Deus

I!bebido n"! sonho dolorosoc


Q"e atravessa! fantásticos clarõesc
Tro;eçando n"! ;ovo de visõesc
Se agita !e" ;ensar t"!"lt"oso . s s
Co! " ! bra!ir d e !ar te!;est"oso
Q"e at. aos c."s arroja os se"s cachõesc
Jtrav.s d"!a l"z de exalaçõesc
Rodeia-!e o "niverso !onstr"oso . s s
ý ! a i se! ter!oc "! trágico ge!idoc
Icoa se! cessar ao !e" o"vidoc
Co! horrívelc !onótono vaiv.! . s .
S ó n o !e" coraçãoc q"e sondo e !eço,
Tão sei q"e vozc q"e e" !es!o desconheçoc
I! segredo ;rotesta e atir!a o Be! !

1 29
AD AMICOS

I! vão l"ta!os. Co!o n.voa baça,


A incerteza das coisas nos envolve.
Tossa al!a, e! q"anto cria, e! q"anto volve,
Tas s"as ;ró;rias redes se e!baraça.
O ;ensa!ento, - q"e !il ;lanos traça,
É va;or q"e se esvai e se dissolve;
I a vontade a!biciosa, q"e resolve,
Co!o onda entre rochedos se es;edaçab
Filhos do A!or, nossa aM!a . co!o "! hino
À l"z, à liberdade, ao be! fec"ndo,
Urece e cla!or d"! ;ressentir divino;
Mas n"! deserto só, árido e f"ndo,
Icoa! nossas vozes, q"e o :estino
Uaira !"do e i!;assevel sobre o M"ndo.

1 30
A FLÓRIDO TELES

Se com;aro ;oder o" o"ro o" famaÃ


Vent"ras q"e em si têm oc"lto o dano,
Com aq"ele o"tro afecto soberano,
Q"e amor se diz e . l"z de ;"ra chama,
VeVo q"e são bem como arteira dama,
Q"e sob honesto riso esconde o engano,
I o q"e as seg"e, como homem leviano
Q"e ;or "m vão ;razer deixa q"em o ama.
Nasce do org"lho aq"ele est.ril gozo
I a glória dele . coisa fra"d"lenta,
Como q"em na vaidade tem a ;alma:
Tem na ;aixão se" brilho mais formoso
I das ;aixões tamb.m some-o a tormenta . . .
eas a glória do amor. . . essa vem d'alma!

131
A ALBERTO SAMPAIO

Tão me f/les de glóri/; . outro o /lt/r


Onde queimo piedoso o meu incenso.
I /nim/do de fogo m/is intenso.
:e f. m/is viv/, vou s/crific/r.
J glóri/! pois que há nel/ que /dor/ru
Fumo, que sobre o /bismo /nd/ suspenso . b b
Que vislumbre nos dá do /mor imensou
Isse /mor que ventur/ f/z goz/ru
Há outro m/is perfeito. único eterno.
F/rol entre ond/s tormentos/s irme.
:e imoto brilho, poderoso e terno . . .
SŰ esse hei-de busc/r, e confundir-me
T/ essênci/ do /mor puro, sempiterno . . .
Quero só nesse fogo consumir-me!

1 32
COM OS MORTOS

Os q"e a!ei< onde estãoj idos< dis;ersos<


Jrrastados no giro dos t"hões<
Levados< co!o e! sonho< entre visões<
Ta f"ga< no r"ir dos "niversos . . .
I e " !es!o< co! os ;.s i!ersos
Ta corrente e à !ercê dos t"rbiMhões<
Só vejo es;"!a Mívida< e! cachões<
I entre ela< aq"i e ali< v"ltos s"b!ersos . . .
Mas s e ;aro " ! !o!ento< se consigo
Fechar os olhos< sinto-os a !e" lado
:e novo< esses q"e ameim vive! co!igo<
Vejo-osU o"ço-os e o"ve!-!e ta!b.!<
J"ntos no antigo a!or< no a!or sagrado<
Ta co!"nhão ideal do eterno Be!.

1 33
SOLEMNIA VERBA

:isse Lo !e" corLção: OThL ;or q"Lntos


CL!inhos vãos Lndá!os! ConsiderL
JgorL, destL LTt"rL friL e L"sterL,
Os er!os q"e regLrL! nossos ;rLntos . . .
Uó e cinzLs, onde ho"ver flor e encLntos!
I noite, onde foi T"z de Uri!LverL!
OThL L te"s ;.s o M"ndo e deses;erL,
Se!eLdor de so!brLs e q"ebrLntos!
Uoré! o corLção, feito vLTente
T L escoTL dL œort"rL re;etidL,
I no "so do ;enLr tornLdo crente<
Res;onde": :estL LTt"rL veVo o J!or!
Viver não foi e! vão, se é isto L vidL,
Te! foi de !Lis o desengLno e L dor.

1 34
íNDICE DOS SONETOS
PELOS
PRIMEIROS VERSOS
A cruz dizia à terra onde assentava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 19
Adornou o meu quarto a lor do cardo . . . . . . .
. .................. 44
Ali, onde o mar quebra, num cachão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . 67
Altas horas da noite, o Inconsciente . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . 99
Amar! mas dum amor que tenha vida . . . • . . . . . . • . . . . . • . . . . . • . . . 40
Amem a noite os magros crapulosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . 56
Aquela que eu adoro não é feita . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . 42
Aqueles, que eu amei, não sei que vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Ardentes filhas do prazer, dizei-me . . . . . . . . . . .................. 121
Chamei em volta d o meu frio leito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Chovam lírios e rosas no teu colo . . . . . . . . . . .
. .. . . .............. 43
Como um vento de morte e de ruína . . . . . . . . . . • . .. .. .. .. ...... 123
Conheci a Beleza q u e não morre . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • . . 79
Conquista pois sozinho o teu futuro . . . . . • . . . . . . • . . . . . • • . . . . • • . . 1 14
Deixai-os vir a mim, os que lidaram ...
. . . . . ..... ............. 98
Deixá-Ia ir, a ave, a quem roubaram . . . . . . . . .................. 59
Depois que dia a dia, aos poucos desmaiando . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Disse ao meu coração: Olha por quantos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 34
Dorme a noite encostada nas colinas . . . . . . . . .................. 1 12
Dorme entre os gelos, flor imaculada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Embebido num sonho doloroso . . . . . . . . . . . . ............. . . . . . 1 29
Empunhasse eu a espada dos valentes! . . . . . . . . . . . . . . . .... . . . . . 84
Em sonho, às vezes, se o sonhar quebranta . . . . ..... ........ . . . . . 4 1'
Em vão lutamos. Como névoa baça . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . 130
Entre os filhos dum século maldito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Erguendo os braços para o Céu distante . . . . . . . . • . . . . . • . . . . . • . .. 108
Espectros que velais, enquanto a custo . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . 78
Esperemos em Deus! Ele há tomado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Espírito que passas, quando o vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Esse negro corcel, cujas passadas . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 03
Estava a Morte ali, em pé, diante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Estreita é do prazer na vida a taça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Eu amo a vasta sombra das montanhas . . . . . . .................. 31

137
Eu bem sei que te chamam pequenina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Eu não sei quem tu és - mas não procuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 00
Eu vi o Amor - mas nos seus olhos baços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Força é pois ir buscar outro caminho! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 14
Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo . . . . . . . . . . . . _. . . . . . . . 1 22
Fumo e cismo. Os castelos do horizonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços . . . . . . . . . . . . . . 76
Há mil anos, e mais, que aqui estou morto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . III
Já não sei o que vale a nova ideia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Já sossega, depois de tanta luta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
J unto do mar, que erguia gravemente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 25
Lá! Mas onde é lá? aonde? Espera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Longo tempo ignorei - mas que cegueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 00
Mãe - que adormente este viver dorido . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . 85
Mas a Ideia quem é? quem foi que a viu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 15
Mas o velho tirano solitário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 09
Meus dias vão correndo vagarosos . . '. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
M uito longe daqui, nem eu sei quando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Na capela, perdida entre a folhagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
N a loresta dos sonhos, dia a dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Na mão de Deus, na sua mão direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Na tua mão, sombrio cavaleiro . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . • . . . . 97
Não busco nesta vida glória ou fama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Não choreis, ventos, árvores e mares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Não duvido que o Mundo no seu eixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Não me fales de glória; é outro o altar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 32
Não morreste, por mais que o brade à gente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 05
Não se perdeu teu sangue generoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Nas florestas solenes há o culto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Nenhum de vós ao certo me conhece . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 20
No Céu, se existe um céu para quem chora . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 36
No meu sonho desfilam as visões . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . • . . . . 72
Noite, irmã da Razão e irmã da Morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Noite, vão para ti meus pensamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . , . . . . . 69
Num Céu intemerato e cristalino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Num sonho todo feito de incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
O espectro familiar, que anda comigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 07
Oh! o noivado bárbaro! o noivado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 16
6 quimera, que passas embalada . . . .
', ' . . . . . . ... .. . . . . . . . . . . . 83
Onde te escondes? Eis que em vão clamamos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 06
Os que amei, onde estão? idos, dispersos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 33
Outra amante não há! não há na vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 15
Ouve tu, meu cansado coração 80
Pálido Cristo, Ó condutor divino! 1 13
Para além do Universo luminoso 74
Para tristezas, para dor nasceste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Pelas rugas da fronte que medita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Pelo caminho estreito, aonde a custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Pois que os deuses antigos e os antigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

1 38
Porque descrês, mulher,.do amor, da vida? . . ... .. . . .. .... ... ... . 35
Pôs-te Deus sobre a fronte a mão piedosa . . . . . . . . . . ..... . .. . ... 34
Quando nós vamos ambos, de mãos dadas . . . . . .. . . . . .... ... . ... 50
Que beleza mortal se te assemelha . . . . . . . . . . . . . . . ............. 91
Que nome te darei, austera imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Quem anda lá por fora, pela vinha . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. 39
Razão, irmã do Amor e daJustiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Reprimirei meu pranto! . . . Considera . . . . . . . . . . . . . . . .... ... .... 94
Sai das nuvens, levanta a fronte e escuta . . . . ... ... . . . ... . ... . ... 1 09
Se comparo poder, ou ouro, ou fama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
S e é lei, que rege o escuro pensamento ... . ...... . . . . ... . .. . ... 1 04
Sempre o futuro, sempre! e o presente . . . . o . . . . . . . . . . .... . .. . . .. . 61
Só! - A o ermita sozinho n a montanha .. . . ...... . . . . . . . . . . . . . . 63
Só males são reais, só dor existe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... .. . . 86
Só por ti, astro ainda e sempre oculto . . . . . . ...... . . . . . . . . . . . . . . 65
Só quem teme o Não-ser é que se assusta . . . . . . . . .. . . . . . .. . .... 101
Sonhei - nem sempre o sonho é coisa vã . . . . . . . . . . . . . . ..... ... 48
Sonho de olhos abertos, caminhando .
. . . . . . . . . . ... . . ....... ... 1 26
Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Sonho que sou um cavaleiro andante . . . . . . . . . . . ... . . ... . .. . . . . 60
Tu, que dormes, espírito sereno .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim . . . . ... ..
... . . . . ...
. . . 1 18
Tu, que não crês, nem amas, nem esperas . . . ........
. . . . . . . . . . . 70
U m dia, meu amor, e talvez cedo . . . . . . . . . . ................. ... 45
Um dilúvio de luz cai da montanha . . . . . . .
. .. ............ ... ... 62
Vai-te na asa negra da desgraça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . 37
Vozes d o mar, das árvores, d o vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 127
ÍNDICE DOS SONETOS
POR TÍTULOS
Abnegação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ ....... 43
Acordando . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
A um Crucifixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . :. . . . . . 57 e 76
A um poeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. .. ... ... . . . . . . . 52
A uma amiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . . . . . 47
A uma mulher ." .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . ... . . . . . . . 68
Ad Amicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .... . . . . . . . 1 30
Alberto Sampaio (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. .. ...... . . . . . . . 1 32
Alberto Teles (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . . . . . 63
Amaritudo .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Amor vivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . ... ... 40
Anima mea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. ..... ... . ... .. . 82
Aparição . . . ..
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 45
Aspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. ... .... ... ... 93
Beatrice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Com o s mortos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... .......... 1 33
Comunhão ..
. . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .
. . . . . . . . . . . . 94
Consulta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... .... ... . .. 71
Contemplação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ............... 1 26
Convertido (O) . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Das Unnennbare . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ............... 83
Desesperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. .. ... ..... .. ... 37
Despondency . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ............... 59
Diálogo .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 19
D �s ? uta em !a � ília . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 09
DIvina comedIa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . 1 08
Elogio da Morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . .
. . . . . . . . . . . 99
Em viagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . 96
Enquanto outros combatem .................
. . . . . .
. . . . . . . . . . . 84'
Espectros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . 78
Espiritualismo . . . . . . . .. .. . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 23
Estoicismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . ....... 70
Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... .. .. . ....... 1 22

1 43
Flórido Teles (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................... 131
Germano Meireles (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 86
Hino à razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . .
. . . ... ...
. . . . . . . . 58
Homo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................... 1 20
Ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .... ..........
. . . 42
Ideia (A) .... . ... ...... . .............
. ........ .... ....... 1 13
Idílio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . ...... ............ . 50
Ignoto Deo ... .
. . . . ,...........
. . . . . . . . . .. .. ... .. . .. . . . . . .. 91
Ignotus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. ....... . ..... .... . . 1 06
Inconsciente (O) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 1 07
J. Félix dos Santos (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... ..... ....... . . 61
João de Deus ( A ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . 1 04

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Lacrime rerum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... ..... ......
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. . 75 .

.
Lamento . . . . . . . . . . ... . . . . . .. . . . . . . . . . . . ...... .. . . . . . . . 62
. . . .

Logos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 1 18
Luta . . . . . . . .. .. ...... .... .
. . . . . . . . . . . ................... 1 12
M. C. (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. ........ ... . ..... 33 a 36
Mãe . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . 85
Mais luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................... 56
Mea culpa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................... 66
Metempsicose .... ........ ..........
. . . ... ...... ......... . 121
Mors-amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. ...... ... . ...... 1 03
Mors liberatrix . . . . .. . .. .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Na capela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Na mão de Deus .. . ... .. . .... .. .... ...
. . ........ .. ...... . . 90
Nirvana . . . . . . . . . . . • • . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
No circo . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Nocturno . . . . . . . . . . . . . . . " . . . . . . . . . . .
. . .... . ... . .. ..... .. 81
No turbilhão . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . : . . . . . . . . . 72
Nox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . ................... 69
Oceano nox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . ..... .... . . . .. .. .. . 1 25
O que diz a Morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................... 98
Palácio da ventura (O) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 60
Palavras dum certo morto . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .... ... .. . ..... III
Pequenina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . 32
Quia eternus . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 1 05
Quinze anos .........................
. . . . .. .... ... .. . ..... 31
Redenção . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . .. . . . . . . . . . .. . ... ... .. . ..... 127
Salmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .... ... .. . ..... 92
Santos Valente (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... ... ... ...... . 64
Sepultura romântica . ...............
. . . . . .... ... ........... . 67
Solemnia verba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 34
Sonho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. .................. . 48
Sonho oriental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . '. . 38
Sulamita (A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... .. ........ . . 39
Tese e antítese ............
. ... . . . . . . . . • ........... . ... 54 e 55
Tormento do ideal . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . ..... .............. . . 79

1 44
Transcendentalismo . . ..................................... . 89
Velut umbra . . . . . . . . ..................................... . 77
V ! r�em Santíssima (À) ..................................... . 87
Vlsao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Visita . . . . . . . . . . . . . . ..................................... . 44
Voz do Outono . . . • . . . . . . . . . . . . • . . . . . . • . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . 80
Voz interior 1 29
J GIRJÇÃO DI 70

Primeiro volume
oJ Geração de 70»
por Šlvaro Man"el Machado
Jntero de Q"entaT: Textos Doutrinários e Correspondência
Segundo volume
Jntero de Q"entaTá Sonetos
Terceiro volume
Teótilo Braga: História do Romantismo
em Portugal I

Quarto volume
TeótiTo Braga: História do Romantismo
em Portugal I

Quinto volume
OTiveira Martinsá Portugal Contemporâneo I
Sexto volume
OTiveira Martinsá Portugal Contemporâneo I
Sétimo volume
OTiveira Martinsá História da Civilização Ibérica
Oitavo volume
OTiveira Martins : Portugal nos Mares ôantologia)
Nono volume
Ra!alho Ortigãoá Holanda

Décimo volume
Ra!aTho Ortigão: As Farpas I ôantoTogia)
Décimo primeiro volume
Ra!aTho Ortigãoá As Farpas I ôantologia)
Décimo segundo volume
Go!es LeaTá Poemas Escolhidos ôantoTogia)
Décimo terceiro volume
Fialh- de Jl!eidat Contos

Décimo quarto volume


Fialh- de Jl!eidat Os Gatos ô ant-l-gia)

Décimo quinto volume


C-nde de Ficalh-t Uma Eleição Perdida

Décimo sexto volume


Iça de Q"eirós: Os Maias

Décimo sétimo volume


Iça de Q"eirós tCorrespondência de Fradique Mendes

Décimo oitavo volume


Iça de Q"eirósm Notas Contemporâneas

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