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Nova Série de Mensagens

“VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR”


O PRIMEIRO AMOR LEMBRADO
SALMO 137:1-9
INTRODUÇÃO:
Ao lermos um salmo como este ficamos maravilhados pela forma como o salmista
descreve a sua situação atual e a maneira como Deus age em seu favor para liberta-
lo, trazendo vitória sobre o inimigo.
Mas um fato interessante é que para compreender o livro de Salmos é indispensável
conhecer a bíblia panoramicamente, pois precisamos nos situar em que momento
histórico o texto está inserido.
Um dos grandes problemas de muitos pregadores é que eles não têm um domínio,
ou conhecem muito pouco, ou quase nada do contexto histórico da bíblia e acabam
apenas aplicando o texto sem levar em consideração o seu contexto.
Por exemplo, estamos diante de um salmo bastante significativo para nossas vidas
como cristãos que somos, e podemos apenas aplicar o texto sem levar em
consideração o seu contexto, mas deixaremos o texto pobre.
CONTEXTO:
Por que aquele povo estava naquela situação de escravidão?
O que levou o povo de Israel para o cativeiro, fora os seus pecados, a desobediência,
a idolatria, e por não ter dado ouvido a mensagem de Deus através dos seus profetas,
ou seja, o pecado sempre tem o seu preço.
Qual momento o povo estava vivendo quando o texto foi escrito?
O povo estava vivendo um período muito difícil, pois estavam escravos na
Babilônia, onde não podia cultuar ao seu Deus, além de terem seu Deus zombado o
tempo todo, escravidão além de privar nossa liberdade, tira nossa alegria.
Por que o salmista escreveu o texto, qual era o seu propósito?
Para lembrar o povo de Israel que a desobediência sempre será punida, e que o
caminho da obediência por mais que seja difícil, é mais certo para o homem seguir.
Para lembrar o povo de Deus que viver longe dele não vale, não faz sentido, pois a
realização humana não será alcançada sem Deus.
Para lembrar o povo que a vingança, ou a justiça pertence ao Senhor, pois somente
alguém justo pode exercer a verdadeira justiça.

CONTEXTUALIZADO:
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 Você já sentiu uma saudade que doe?
 Você tem lembranças que doem em você?
 Você entende que sua relação com Deus é uma relação boa?
 Você está satisfeito com sua vida espiritual?
 Você está desanimado na sua caminhada cristã?
 Você está desanimado como líder, supervisor?
Em nossos dias muitos crentes vivem o que chamamos de “saudade de Deus”, pois
vivem muito distante dele, apesar de ter uma vida religiosa (igreja, célula, liderança,
ritos), mas que não tem um relacionamento com ele.
Outros vivem apenas no saudosismo religioso (porque no passado era assim, no
meu tempo era assim), eles vivem das experiências passadas, do maná de ontem, dos
feitos de ontem, da espiritualidade de ontem.
O desanimo tem pegado muita gente nos últimos tempos, onde temos visto muita
gente sem expectativa, sem esperança, são pessimistas, são críticas, pois é
exatamente isso com o desânimo faz com as pessoas, eles os tornam em pessoas
inapta, ele desqualifica a pessoa.
Mas o que é o desânimo? O desânimo é um estado de espirito onde a pessoa perde
sua vontade, perde seu animus... perde seu estimulo, perde sua visão e perde suas
forças, pois quando alguém desanimado, não tem desejo, não consegue enxergar, e
ele consegue fazer.
Quando nós olhamos para o texto do Salmo 137, nós estamos diante de um povo
bastante desanimado, um povo que perdeu o animus, perdeu o estimulo, perdeu a
visão e a força, eles se encontravam no estado de total abandono, e por essa razão
eles não tinha animus.
E, talvez você se encontre na mesma situação, em que esse povo estavam, e que por
alguma razão o desanimo se instalou em seu coração, e você está apenas
sobrevivendo na sua vida, na sua liderança. E se pergunta como vencer o desanimo?
Eu te respondo! Somente pela bíblia.
Para nossa melhor compreensão do texto bíblico podemos dividi-lo em três partes
principais: 1) LEMBRANÇAS DO CATIVEIRO (vv. 1-3); 2) DEVOÇÃO
AO SENHOR (vv. 4-6); 3) APELO POR RETRIBUIÇÃO (vv. 7-9):
1. LEMBRANÇAS DO CATIVEIRO – vv.1-3
(1) Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos,
lembrando-nos de Sião. (2) Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas
harpas, (3) pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos
opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião.
(1) Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos,
lembrando-nos de Sião.
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Em primeiro lugar, a desolação – Note que sempre que tinham
algum tempo livre, talvez aos sábados, os judeus se reuniam às
margens dos rios da Babilônia para orar, apesar de não ter a
torah, e o culto, eles podiam orar, pois os babilônicos permitiam.
(i) Primeiro, esse salmo pode ter sido escrito, (a) após
o regresso do cativeiro na Babilônia lembra a tristeza
do exílio longe de Sião, (b) ou talvez tenha sido
escrito enquanto eles ainda estavam cativos na
babilônia, mas o certo é que o salmo retrata um
momento histórico da vida desse povo.
(ii) Segundo, as memórias voltavam com plena
força, acompanhadas de choro copioso. Lembravam-
se de Sião que, para eles, era o centro espiritual de
toda a terra e de sua vida. Lembravam-se da alegria
espiritual e da empolgação de estar em Jerusalém na
época das santas convocações.
(iii) Terceiro, como cativos, não podiam mais subir a
Jerusalém a fim de adorar, e os lugares sagrados
haviam caído nas mãos impuras de pagãos
incircuncisos. E o olharem para os rios da Babilônia,
viam-nos como retratos de seus próprios rios de
lágrimas e angústia.
 Nas palavras de Jeremias, “Dos meus olhos se
derramam torrentes de águas, por causa da
destruição da filha do meu povo” (Lm 3:48).

 E também: Prouvera a Deus a minha cabeça se


tomasse em águas, e os meus olhos, em fonte de
lágrimas! Então, choraria de dia e de noite os
mortos da filha do meu povo (Jr 9:1).
Diante da calamidade que a nação de Israel/Judá se
encontrava era muito difícil, podemos ver nas
seguintes maneiras:
(i) Primeiro, assentávamos – O assentar-se no chão é
uma postura que indica pranto e angústia profunda,
ou seja, eles estavam desolados, sem chão, com
profunda decepção de um povo que fracassou com
seu Deus.

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 O profeta Isaías, que prediz a respeito do
cativeiro dos judeus em Babilônia: “As suas
portas chorarão e estarão de luto; Sião,
desolada, se assentará em terra” (3:26).

 O profeta Jeremias, ao retratar a dor que afligia


seus compatriotas piedosos por causa da
desolação de seu país, disse: “Sentados em
terra se acham, silenciosos, os anciãos da filha
de Sião; lançam pó no ar sobre a cabeça,
cingidos de cilício; as virgens de Jerusalém
abaixam a cabeça até ao chão” (Lm 2:10).
(ii) Segundo, chorávamos – O choro aqui é uma
demonstração da sua grande tristeza, é um ato de
exteriorizar a mais profunda dor, de manifestar
publicamente sua alma ferida, ou seja, na vida
daquele povo não havia motivo para se alegrarem,
pois a dor da lembrança, da saudade era por demais
grande.
(iii) Terceiro, lembrávamos – A lembrança aqui se
refere é quando eles estavam diante de Deus em
Jerusalém, ou seja, quando eles estavam diante de
Deus, quando estavam na sua presença,
(2) Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas,
Em segundo lugar, alegria suspensa – Note que eles haviam
pendurado suas harpas nos salgueiros, ou, como diríamos, eles
as tinham aposentados em caráter definitivo. Que uso poderiam
ter seus instrumentos musicais? Do ponto de vista humano, não
havia motivo para cantar. E, sem um cântico para entoar, não
havia necessidade de acompanhamento.
(i) Primeiro, quando eles penduraram suas harpas eles
perduraram também sua alegria, pois a harpa era um
instrumento que denotavam alegria do povo de Deus,
e quantas estava pressas nos seus cativeiros, e que
penduraram suas harpas, sua alegria.

(ii) Segundo, na presença do Senhor há fartura de


alegria, e alegria do Senhor é a força do seu povo,
quando povo perde a presença, ou alegria da
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presença, tudo isso perde o sentido, a vida cristã perde
o sentido, os cânticos, a adoração, o serviço ao Senhor
– tudo mesmo.
(3) pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos
opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de
Sião.
Em terceiro lugar, o pedido absurdo do inimigo/ a zombaria
dos inimigos – Note meus amados irmãos que os captores
babilônios costumavam pedir que os hebreus cantassem
músicas de sua terra natal. Como quem esfrega sal numa ferida,
diziam: “Entoai-nos alguns cânticos alegres de Sião”!
(i) Primeiro, quando mundo nos atrai e nos seduz, e
ao caímos nas suas ciladas, ao nos tornamos
prisioneiro dele, o que ele faz conosco, é zombar da
nossa fé, zombar do nosso Deus.
(ii) Segundo, nos últimos tempos temos visto tanta
gente presas na babilônia atual, no mundo, nos
prazeres desta vida, e ao ser influenciado por este
mundo, os crentes são motivos de zombaria.
2. DEVOÇÃO AO SENHOR – vv.4-6
(4) Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha? (5)
Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. (6) Apegue-
se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à
minha maior alegria.
a. (4) Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra
estranha?
Em primeiro lugar, a recusa do povo de Deus – Note que diante
do perdido dos babilônicos, os judeus se recusavam a cantar.
Além de estarem abatidos, parecia lhes incoerente entoar o
canto do Senhor em terra estranha de idólatras pagãos. Seria
como se esquecer de Jerusalém. Para eles, era moralmente
inapropriado misturar as coisas do Senhor com as coisas do
mundo. Nas palavras de F. B. Meyer, “A terra dos estrangeiros
e o canto do Senhor eram incompatíveis”
b. (5) Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha
mão direita. (6) Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar
de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria.

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Em segundo lugar, a firmeza do povo – Note que o salmista
expressa a determinação de seu povo de colocar Jerusalém no
centro da vida, lembrando que a cidade representava o Senhor
que ali habitava. Depois que mundo assola o crente, ele cai na
real, e tem uma nova postura, diante da situação que lhe seca.
(i) Primeiro, caso perdesse algum dia essa ligação
instintiva inexplicável com Sião, seria apropriado
que, como castigo, sua mão direita ressecasse para ele
nunca mais poder tanger a harpa.
(ii) Segundo, se Jerusalém deixasse de ocupar o
primeiro lugar em sua vida, nada mais justo que sua
língua se apegasse ao paladar, para ele não mais poder
entoar os doces cânticos de Sião.
3. APELO POR RETRIBUIÇÃO – vv.7-9
(7) Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR, do dia de Jerusalém, pois diziam:
Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos. (8) Filha da Babilônia, que hás de ser
destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste. (9) Feliz aquele que
pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.
Em primeiro lugar, 137:7 Depois de pronunciar maldições
condicionais sobre si mesmo, parece-lhe natural fazer a
transição para aqueles que participaram da destruição da Cidade
Santa.

Considere, por exemplo, os filhos de Edom. Constituíam uma


espécie de torcida organizada que havia incentivado os
invasores a devastar a cidade completamente. “Arrasai-a,
despedaçai-a até aos fundamentos!”, gritavam. Que o Senhor se
lembre da satisfação maldosa desse povo ao ver a cidade ser
demolida!

137:8 O salmista não poderia deixar de mencionar os


babilônios, os devastadores cruéis de Jerusalém. Apesar de
terem sido instrumentos do Senhor para castigar seu povo, Deus
não os havia desculpado por suas atrocidades.

 Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha


herança e a entreguei na tua mão, porém não usaste com
ela de misericórdia e até sobre os velhos fizeste mui pesado
o teu jugo (Is 47:6).

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 E, com grande indignação, estou irado contra as nações
que vivem confiantes; porque eu estava um pouco
indignado, e elas agravaram o mal (Zc 1:15).

O salmista não tem dúvidas acerca da destruição da Babilônia,


prevista pelos profetas (Is 13:1-22; Jr 50:15,28; 51:6,36). Quem
a executasse teria a satisfação de saber que havia sido usado por
Deus como instrumento de julgamento.

137:9 O último versículo do salmo é o mais difícil de


interpretar: “Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los
contra a pedra”.

Para quem foi educado segundo os ensinamentos do NT, tão


contrários à violência, as palavras do salmista parecem
extremamente severas, vingativas e desprovidas de amor. Por
que crianças indefesas deviam ser tratadas com tamanha
crueldade? Em resposta a essa pergunta, sugerimos as seguintes
considerações:

Em primeiro lugar, devemos levar em conta que o versículo faz


parte da Palavra de Deus, verbal e plenamente inspirada. Os
problemas com os quais deparamos, portanto, dizem respeito a
nossa compreensão, não à Escritura em si.

Segundo, a destruição das crianças babilônias é predita de forma


clara pelo profeta Isaías: “Suas crianças serão esmagadas
perante eles; a sua casa será saqueada, e sua mulher, violada”
(Is 13:16).

O salmista está apenas reafirmando aquilo que Deus já havia


predito (com exceção da bem-aventurança daqueles que
executariam a sentença divina).

Sabemos, também, que os filhos inocentes muitas vezes sofrem


as consequências dos pecados de seus pais (cf. Êx 20:5; 34:7;
Nm 14:18; Dt 5:9). Ninguém é uma ilha. Aquilo que um
indivíduo faz afeta outros, seja para o bem, seja para o mal. Um
dos dissabores do pecado é que ele arrasta outros consigo em
sua retribuição trágica.

Nessas passagens imprecatórias, voltamos sempre ao fato de


que a conduta e as atitudes apropriadas para quem vivia sob a
lei de Moisés não são necessariamente apropriadas para um

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cristão sob a graça. O Senhor Jesus deixou isso claro no Sermão
do Monte (cf. Mt 5:21-48).

Não obstante a interpretação adotada para esse versículo, sua


aplicação espiritual é inequívoca. Devemos tratar de forma
radical os pequenos pecados de nossa vida. Se não forem
destruídos, esses males aparentemente inofensivos acabarão
conosco.

CONSIDERAÇÃO FINAL:

Este salmo tem se tornado um dos mais controvertidos do


Saltério por causa da nota imprecatória amarga no final do
salmo. Sem tentar explicar ou maquiar o caráter pré-cristão
desse aspecto vingativo, podemos perceber sabedoria no
comentário de Morgan:

“A oração por vingança deve ser interpretada pela primeira


parte do cântico, com sua revelação do tratamento que eles
receberam. Ela deve, é claro, ser interpretada levando em conta
a época na qual eles viviam. Nosso tempo na história é diferente.
Dispomos de mais luz. E, mesmo assim, é bom lembrar que o
sentido mais profundo de justiça torna o castigo uma parte
necessária da economia de Deus. A concepção de que Deus
nega a equidade da retribuição é falsa”.

Oesterley afirma: “O choque das emoções expressas no salmo


revela o que há de melhor e de pior na natureza humana. O
sentimento de tristeza pelo fato de estar impedido de cantar
louvores a Deus no santuário onde sua presença era manifesta
seria resultado de uma profunda devoção a Ele e revela um
coração impregnado de tudo que existe de melhor [...] A nota
predominante [...] do salmo é uma nota verdadeiramente
religiosa, e testifica da lealdade daqueles que, na terra do seu
cativeiro, foram envolvidos por tentações sutis, mas que
resistiram a elas no poder dessa lealdade”.

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