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Quando incluir um aditivo

de contrato de obras
públicas
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Um aditivo de contrato é uma alteração ou ajuste no que foi acordado
entre o contratante do serviço – no caso de obras públicas, são órgãos
ou entidades municipais, estaduais ou mesmo o Governo Federal – e a
empresa executora (contratada). Os aditivos podem ser requisitados
por ambas as partes, quando, durante a execução, é constatado algum
problema ou dificuldade em relação ao projeto ou cronograma inicial.

Apenas para explicar, quando há contratação de uma empresa para


execução de uma obra pública, esta pode ser realizada, de acordo com
a Lei nº 8.883, de 1994 por:

1. empreitada por preço global – quando se contrata a


execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
2. empreitada por preço unitário – quando se contrata a
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades
determinadas;
3. tarefa – quando se ajusta mão-de-obra para pequenos
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de
materiais;
4. empreitada integral – quando se contrata um
empreendimento em sua integralidade, compreendendo
todas as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até
a sua entrega.

De forma geral, um aditivo de contrato pode ser utilizado para pror-


rogar o prazo de execução de uma obra, acrescentar ou reduzir as
quantidades dos serviços contratados, ou ainda acrescentar novos ser-
viços ao contrato, necessários à execução da obra e que não estavam
previstos no início do projeto.

Entre os pontos mais polêmicos sobre os aditivos de contrato estão as


alterações em empreitadas por preço global, especialmente quando
são decorrentes de erros nos orçamentos, projetos ou quantitativos.

Outras ocorrências durante a execução contratual – como greves,


eventos climáticos, alterações tributárias, atrasos de pagamento por
parte do contratante, atrasos em desapropriações e licenças, dissídios
coletivos, reajustes de preços de materiais e insumos também são
fonte de discussões, seja para solicitar mais verbas ou para prorrogar
o prazo de execução da obra.

Exatamente devido à estas possibilidades envolvendo o tema, neste


artigo, vamos mostrar, de acordo com a Lei 8.666, de 1993, de Licita-
ções e Contratos (LLC), quando e por quais razões é permitido incluir
um aditivo de contrato em uma obra pública.

Aditivo de contrato para prorrogação de


prazo
O aditivo de prazo para o contrato se faz necessário quando as partes
identificam ou preveem atrasos na execução da obra em função de
fatores que alterem as condições de execução dos serviços do con-
trato, como por exemplo, fatores climáticos e ambientais, interferên-
cia de tráfego, atrasos no fornecimento de materiais, alterações no
projeto depois de iniciada a obra, entre outros.

A prorrogação no prazo dos contratos está justificada na LLC, desde


que ocorra alguns desses motivos:

• Alteração do projeto ou especificações, pela Administração;


• Superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
estranho à vontade das partes, que altere
fundamentalmente as condições de execução do contrato;
• Interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
• Aumento das quantidades inicialmente previstas no
contrato, nos limites permitidos pela lei de licitações e
contratos.
Aditivo de contrato para
acrescentar/suprimir quantidades ou
incluir novos serviços
Um aditivo de valor para o contrato é necessário a partir do momento
em que fiscais e gestores identificam que as quantidades dos serviços
previstas originalmente no contrato não serão suficientes para a con-
clusão da obra. Essa situação pode ocorrer por diversos motivos,
como os exemplos a seguir:

• Na terraplanagem, por exemplo, podem ser descobertas


quantidades significativas de rocha a ser escavada, onde
originalmente havia sido previsto solo-mole. Sendo assim
será necessário substituir os serviços de escavação e
transporte previstos inicialmente no contrato;
• Ao realizar os serviços de drenagem, a execução da obra
pode revelar um volume de água maior que o volume
previsto no projeto, exigindo adequações na obra: mais
bueiros ou bueiros com maior capacidade.
• Na pavimentação, para executar especificamente o CBUQ
(concreto betuminoso usinado a quente) é necessário
executar primeiro a pintura de ligação. Dependendo do
tempo decorrido entre a execução de um e outro, ou
ocorrência de chuva entre eles, pode ser necessário refazer
o primeiro serviço.

Normalmente, estes aditivos de quantidade têm reflexo financeiro no


contrato. Existem casos em que pode ser feita uma readequação da
planilha de serviços, sem reflexos no valor total – as quantidades de
certos serviços são suprimidas e permitem o acréscimo de quantida-
des em outros serviços, ou até mesmo novos serviços, por exemplo.

Vale destacar que a necessidade de refazer um serviço por falta de


qualidade da empresa ou má gestão não é motivo para a solicitação de
um aditivo de contrato.
Teto máximo para aditivos de contrato
A Lei de Licitações, no seu art. 65, §1º, prevê um teto máximo para as
alterações que envolvem novos valores nos contratos de obras públi-
cas. Pela legislação, os acréscimos e supressões podem ser de até 25%
do valor inicial do contrato, e, no caso particular de reformas e manu-
tenções, até o limite de 50%. Vale ressaltar que atualmente a Lei
prevê que tanto os limites inferiores (supressão) e superiores (adi-
ção) não podem ser ultrapassados, ou seja, é possível suprimir quan-
tidades até o limite percentual do valor original do contrato
(negativo) e adicionar quantidades até esse mesmo limite positivo.

Mesmo com essa previsão legal para o aporte de mais valores, há


obras que não conseguem ser terminadas. Por isso, para alguns casos
especiais, o Tribunal de Contas da União (TCU) tem um entendi-
mento excepcionalíssimo que permite à Administração Pública alte-
rar os seus contratos acima do limite legal, desde que de forma
bilateral e limitados a itens qualitativos, respeitando elementos dire-
cionados pela jurisprudência da Corte de Contas.

Assim, para evitar aditivos ao longo do contrato que sejam prejudici-


ais ou interfiram negativamente na finalização da obra, é necessário
que o projeto seja bem estruturado, considerando todas as variáveis
orçamentárias e de cronograma, para que a licitação dos prestadores
de serviço também seja eficiente.

Também deve-se considerar que a execução da obra seja acompa-


nhada de perto por uma equipe de fiscalização atuante e que esta rea-
lize análise detalhada de cada etapa e se realmente é preciso realizar
os aditamentos solicitados pela empreiteira. Por isso, é importante
sempre buscar trabalhar com fornecedores e executores que possuam
qualidade na entrega de seus serviços. É uma forma de tentar minimi-
zar possíveis problemas ao longo da obra.

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