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Informativo 888-STF

DIREITO CONSTITUCIONAL

PODER EXECUTIVO
Imunidade do art. 51, I, e art. 86 da CF/88 não se estende para codenunciados
que não sejam Presidente da República, Vice ou Ministro de Estado
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende
para os codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da
República, Vice- Presidente da República e Ministro de Estado.
A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão
pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais
funções.
STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson
Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).
As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa
de execução via precatório.
STF. 1ª Turma. RE 851711 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/12/2017
(Info 888).
Em regra, as empresas estatais estão submetidas ao regime das pessoas jurídicas de
direito privado (execução comum).
No entanto, é possível sim aplicar o regime de precatórios para empresas públicas e
sociedades de economia mista que prestem serviços públicos e que não concorram
com a iniciativa privada.
Assim, é aplicável o regime dos precatórios às empresas públicas e sociedades de
economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não
concorrencial.
STF. 1ª Turma. RE 627242 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 02/05/2017.
STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info
858).
DIREITO PROCESSUAL PENAL

AÇÃO PENAL
Empate no julgamento de ação penal
Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais
favorável ao réu.
Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no julgamento dos
embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação penal.
Terminando o julgamento dos embargos empatado, aplica-se a decisão mais
favorável ao réu.
STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Dias
Toffoli, julgado em 14/12/2017 (Info 888).
HABEAS CORPUS
É cabível habeas corpus para questionar a imposição de medidas cautelares diversas
da prisão
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de
natureza criminal diversas da prisão.
STF. 2ª Turma. HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
18/12/2017 (Info 888).

Informativo 889-STF
DIREITO ADMINISTRATIVO AGÊNCIAS REGULADORAS E FUNÇÃO
NORMATIVA  É constitucional a previsão de que a ANVISA pode proibir produtos e
insumos em caso de violação da legislação ou de risco iminente à saúde, inclusive cigarros
com sabor e aroma.
É constitucional o art. 7º, III e XV, da Lei nº 9.782/99, que preveem que compete à
ANVISA: III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as
diretrizes e as ações de vigilância sanitária; XV - proibir a fabricação, a importação, o
armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e insumos, em caso de
violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; Entendeu-se que tais
normas consagram o poder normativo desta agência reguladora, sendo importante
instrumento para a implementação das diretrizes, finalidades, objetivos e princípios
expressos na Constituição e na legislação setorial. Além disso, o STF, após empate na
votação, manteve a validade da Resolução RDC 14/2012- ANVISA, que proíbe a
comercialização no Brasil de cigarros com sabor e aroma. Esta parte do dispositivo não
possui eficácia erga omnes e efeito vinculante. Significa dizer que, provavelmente, as
empresas continuarão ingressando com ações judiciais, em 1ª instância, alegando que a
Resolução é inconstitucional e pedindo a liberação da comercialização dos cigarros com
aroma. Os juízes e Tribunais estarão livres para, se assim entenderem, declararem
inconstitucional a Resolução e autorizar a venda. Existem, inclusive, algumas decisões
nesse sentido e que continuam valendo. STF. Plenário. ADI 4874/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 1º/2/2018 (Info 889).
Informativo 890-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Alteração da Lei impugnada antes do
julgamento da ADI
O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da
ação? Neste caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova
redação do dispositivo impugnado apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que
existia na redação original. A revogação, ou substancial alteração, do complexo
normativo impõe ao autor o ônus de apresentar eventual pedido de aditamento, caso
considere subsistir a inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou
revogação. Se o autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI, julgando prejudicado
o pedido em razão da perda superveniente do objeto. STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018 (Info 890)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA É constitucional lei estadual que obrigue plano de
saúde a justificar recusa de tratamento
É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos
consumidores informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa
de algum procedimento, tratamento ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei
estadual prevendo que, se o plano de saúde recusar algum procedimento, tratamento ou
internação, ele deverá fornecer, por escrito, ao usuário, um comprovante fundamentado
expondo as razões da negativa. O STF entendeu que essa norma não viola competência
privativa da União, considerando que ela trata sobre proteção ao consumidor, matéria
inserida na competência concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4512/MS,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/2/2018 (Info 890).
SAÚDE Constitucionalidade do ressarcimento ao SUS previsto no art. 32 da Lei 9.656/98
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei nº 9.656/98, o qual é aplicável
aos procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e
posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no âmbito
administrativo, em todos os marcos jurídicos. O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se
um cliente do plano de saúde utilizar-se dos serviços do SUS, o Poder Público poderá
cobrar do referido plano o ressarcimento que ele teve com essas despesas. Assim, o
chamado “ressarcimento ao SUS”, criado pelo art. 32, é uma obrigação legal das
operadoras de planos privados de assistência à saúde de restituir as despesas que o SUS
teve ao atender uma pessoa que seja cliente e que esteja coberta por esses planos. STF.
Plenário. RE 597064/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/2/2018 (repercussão
geral) (Info 890).
COMUNIDADES QUILOMBOLAS Constitucionalidade do Decreto 4.887/2003, que
regulamenta o procedimento para titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos
O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o
Estado emitir-lhes os títulos respectivos.” Em 2003, foi editado o Decreto nº 4.887, com
o objetivo de regulamentar o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos. O STF entendeu que este Decreto não invadiu esfera
reservada à lei. O objetivo do Decreto foi tão somente o de regular o comportamento do
Estado na implementação do comando constitucional previsto no art. 68 do ADCT.
Houve o mero exercício do poder regulamentar da Administração, nos limites
estabelecidos pelo art. 84, VI, da Constituição. O art. 2º, caput e § 1º do Decreto nº
4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo Poder Público para a
identificação dos quilombolas. O critério escolhido foi o da autoatribuição
(autodefinição). O STF entendeu que a escolha do critério desse critério não foi arbitrária,
não sendo contrária à Constituição. O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que, na
identificação, medição e demarcação das terras dos quilombolas devem ser levados em
consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades
dos quilombos. O STF afirmou que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o
Decreto está garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam ouvidas, não
significando que a demarcação será feita exclusivamente com base nos critérios indicados
pelos quilombolas. O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá
realizar a desapropriação de determinadas áreas caso os territórios ocupados por
remanescentes das comunidades dos quilombos estejam situados em locais pertencentes
a particulares. O STF reputou válida essa previsão tendo em vista que, em nenhum
momento a Constituição afirma que são nulos ou extintos os títulos eventualmente
incidentes sobre as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.
Assim, o art. 68 do ADCT, apesar de reconhecer um direito aos quilombolas, não invalida
os títulos de propriedade eventualmente existentes, de modo que, para que haja a
regularização do registro em favor das comunidades quilombolas, exige-se a realização
do procedimento de desapropriação. Por fim, o STF não acolheu a tese de que somente
poderiam ser consideradas terras de quilombolas aqueles que estivessem sendo ocupadas
por essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988). Em outras
palavras, mesmo que, na data da promulgação da CF/88, a terra não mais estivesse sendo
ocupada pelas comunidades quilombolas, é possível, em tese, que seja garantido o direito
previsto no art. 68 do ADCT.
STF. Plenário. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.p/ o ac. Min. Rosa Weber,
julgado em 8/2/2018 (Info 890).
DIREITO PENAL
PRESCRIÇÃO Interpretação do art. 112 do CP
Se o Ministério Público não recorreu contra a sentença condenatória, tendo havido apenas
recurso da defesa, qual deverá ser o termo inicial da prescrição da pretensão executiva?
O início do prazo da prescrição executória deve ser o momento em que ocorre o trânsito
em julgado para o MP? Ou o início do prazo deverá ser o instante em que se dá o trânsito
em julgado para ambas as partes, ou seja, tanto para a acusação como para a defesa? •
Posicionamento pacífico do STJ: o termo inicial da prescrição da pretensão executória é
a data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, ainda que a defesa
tenha recorrido e que se esteja aguardando o julgamento desse recurso. Aplica-se a
interpretação literal do art. 112, I, do CP, considerando que ela é mais benéfica ao
condenado. • Entendimento da 1ª Turma do STF: o início da contagem do prazo de
prescrição somente se dá quando a pretensão executória pode ser exercida. Se o Estado
não pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo prescricional já está correndo.
Assim, mesmo que tenha havido trânsito em julgado para a acusação, se o Estado ainda
não pode executar a pena (ex: está pendente uma apelação da defesa), não teve ainda
início a contagem do prazo para a prescrição executória. É preciso fazer uma interpretação
sistemática do art. 112, I, do CP. Vale ressaltar que, com o novo entendimento do STF
admitindo a execução provisória da pena, para essa segunda corrente (Min. Roberto
Barroso) o termo inicial da prescrição executória será a data do julgamento do processo
em 2ª instância. Isso porque se estiver pendente apenas recurso especial ou extraordinário,
será possível a execução provisória da pena. Logo, já poderia ser iniciada a contagem do
prazo prescricional. STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018 (Info 890).
DIREITO PROCESSUAL PENAL FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Haverá mudança de competência para julgar o recurso se, após a interposição, houve a
diplomação do réu como Deputado Federal
Se, após a interposição de recurso especial contra a condenação criminal, o réu foi
diplomado Deputado Federal, a competência para julgar este recurso passa a ser do STF.
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 6/2/2018 (Info 890).
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA “Denúncia anônima”, quebra de sigilo e renovação
das interceptações
“Denúncia anônima” e quebra de sigilo Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não
há ilegalidade em iniciar investigações preliminares com base em "denúncia anônima" a
fim de se verificar a plausibilidade das alegações contidas no documento apócrifo. A
Polícia, com base em diligências preliminares para atestar a veracidade dessas
“denúncias” e também lastreada em informações recebidas pelo Ministério da Justiça e
pela CGU, requereu ao juízo a decretação da interceptação telefônica do investigado. O
STF entendeu que a decisão do magistrado foi correta considerando que a decretação da
interceptação telefônica não foi feita com base unicamente na "denúncia anônima" e sim
após a realização de diligências investigativas e também com base nas informações
recebidas dos órgãos públicos de fiscalização. Renovação das interceptações A Lei nº
9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias,
renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova."
(art. 5º). A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada
por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se
comprovada a sua necessidade. STF. 2ª Turma. RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli,
julgado em 6/2/2018 (Info 890).
Informativo 891-STF
DIREITO PENAL
CRIME DO ART. 89 DA LEI DE LICITAÇÕES Elemento subjetivo Exige-se
descumprimento de formalidades mais violação aos princípios da Administração Pública
Decisão amparada em pareceres técnicos e jurídicos
Elemento subjetivo Para a configuração da tipicidade subjetiva do crime previsto no art.
89 da Lei 8.666/93, exigese o especial fim de agir, consistente na intenção específica de
lesar o erário ou obter vantagem indevida. Exige-se descumprimento de formalidades
mais violação aos princípios da Administração Pública O tipo penal previsto no art. 89
não criminaliza o mero fato de o administrador público ter descumprido formalidades.
Para que haja o crime, é necessário que, além do descumprimento das formalidades,
também se verifique que ocorreu, no caso concreto, a violação de princípios cardeais
(fundamentais) da Administração Pública. Se houve apenas irregularidades pontuais
relacionadas com a burocracia estatal, isso não deve, por si só, gerar a criminalização da
conduta.
Assim, para que ocorra o crime, é necessária uma ofensa ao bem jurídico tutelado, que é
o procedimento licitatório. Sem isso, não há tipicidade material. Decisão amparada em
pareceres técnicos e jurídicos Não haverá crime se a decisão do administrador de deixar
de instaurar licitação para a contratação de determinado serviço foi amparada por
argumentos previstos em pareceres (técnicos e jurídicos) que atenderam aos requisitos
legais, fornecendo justificativas plausíveis sobre a escolha do executante e do preço
cobrado e não houver indícios de conluio entre o gestor e os pareceristas com o objetivo
de fraudar o procedimento de contratação direta. STF. 1ª Turma. Inq 3962/DF, Rel. Min
Rosa Weber, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRISÃO PREVENTIVA Prisão domiciliar para gestantes, puérperas, mães de crianças e
mães de pessoas com deficiência
O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que
estavam cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados
médicos prénatais e pós-parto. Além disso, não havia berçários e creches para seus filhos.
Também se reconheceu a existência, no Poder Judiciário, de uma “cultura do
encarceramento”, que significa a imposição exagerada e irrazoável de prisões provisórias
a mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação
da lei penal e processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter
humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico vigente. A Corte admitiu que o Estado
brasileiro não tem condições de garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até
mesmo às mulheres que não estão em situação prisional. Diversos documentos
internacionais preveem que devem ser adotadas alternativas penais ao encarceramento,
principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada
em julgado. É o caso, por exemplo, das Regras de Bangkok. Os cuidados com a mulher
presa não se direcionam apenas a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais sofrem
injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da
Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos
direitos das crianças e adolescentes. Diante da existência desse quadro, deve-se dar estrito
cumprimento do Estatuto da Primeira Infância (Lei 13.257/2016), em especial da nova
redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do CPP, que prevê: Art. 318. Poderá o juiz
substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: IV - gestante; V -
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; Os critérios para a
substituição de que tratam esses incisos devem ser os seguintes: REGRA. Em regra, deve
ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam - gestantes -
puérperas (que deram à luz há pouco tempo) - mães de crianças (isto é, mães de menores
até 12 anos incompletos) ou - mães de pessoas com deficiência. EXCEÇÕES: Não deve
ser autorizada a prisão domiciliar se: 1) a mulher tiver praticado crime mediante violência
ou grave ameaça; 2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou
netos); 3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente
fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício.
Obs1: o raciocínio acima explicado vale também para adolescentes que tenham praticado
atos infracionais. Obs2: a regra e as exceções acima explicadas também valem para a
reincidente. O simples fato de que a mulher ser reincidente não faz com que ela perca o
direito à prisão domiciliar. STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
HABEAS CORPUS COLETIVO É cabível a impetração de habeas corpus coletivo? SIM.
A ação coletiva é um dos únicos instrumentos capazes de garantir o acesso à justiça dos
grupos mais vulneráveis socioeconomicamente. Nesse sentido, o STF tem admitido com
maior amplitude a utilização da ADPF e do mandado de injunção coletivo. O habeas
corpus, por sua vez, se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico
ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas,
o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo. Para
o STF, apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois
dispositivos legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo.
Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. O art. 654, § 2º estabelece que
compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 580 do
CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja
estendida para todos que se encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os
juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a
ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa. Pode-se
aplicar, por analogia, a regra do mandado de segurança coletivo A CF/88 prevê que o
mandado de segurança é cabível quando não for o caso de habeas corpus (art. 5º, LXIX).
Existe, portanto, uma equivalência entre esses dois remédios constitucionais. A
Constituição prevê a existência do mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX). Por
dedução, pode-se reconhecer a possibilidade do habeas corpus coletivo.
Quem é legitimado para impetrar habeas corpus coletivo? Diante da inexistência de
regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei nº
13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo.
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o Ministério
Público; 2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 3) a organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública. Posicionamento em sentido contrário do
STJ Vale ressaltar que, apesar de já ter admitido no passado, o entendimento atual do STJ
era no sentido da impossibilidade de habeas corpus coletivo. Nesse sentido: STJ. 5ª
Turma. AgRg no RHC 41.675/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/10/2017.
Vejamos como o STJ vai se portar depois desta decisão do STF. Para fins de concurso,
deve-se adotar o entendimento do STF de que é cabível habeas corpus coletivo.
E se a mulher for reincidente? Quando a detida for tecnicamente reincidente, o juiz deverá
decidir de acordo com as circunstâncias do caso concreto, mas sempre tendo por norte os
princípios e as regras acima enunciadas, observando, ademais, a diretriz de
excepcionalidade da prisão. Em outras palavras, a regra e as exceções acima explicadas
também valem para a reincidente. O simples fato de a mulher ser reincidente não faz com
que ela perca o direito à prisão domiciliar. Outras medidas cautelares Se o juiz entender
que a prisão domiciliar se mostra inviável ou inadequada em determinadas situações,
poderá substituí-la por medidas alternativas arroladas no art. 319 do CPP. Como saber se
a mulher presa possui a guarda efetiva do(a) filho(a)? Deve-se dar credibilidade à palavra
da mãe. Assim, em regra, basta a palavra da mãe. Excepcionalmente, em caso de dúvida,
o juiz poderá requisitar a elaboração de laudo social. A prisão domiciliar já deverá ser
imediatamente implementada enquanto se aguarda a elaboração do laudo. Caso se
constate a suspensão ou destituição do poder familiar por outros motivos que não a prisão,
a mulher não terá direito à prisão domiciliar com base no art. 318, IV e V, do CPP.
Audiências de custódia Os juízes, durante a realização das audiências de custódia, já
deverão adotar as diretrizes acima explicadas, concedendo, em regra, a prisão domiciliar.
Concessão de ofício Embora a provocação por meio de advogado não seja vedada para o
cumprimento desta decisão, ela é dispensável, pois o que se almeja é, justamente, suprir
falhas estruturais de acesso à Justiça da população presa. Cabe ao Judiciário adotar
postura ativa ao dar pleno cumprimento a esta ordem judicial. Em outras palavras, os
juízes e Tribunais deverão, de ofício, conceder a prisão domiciliar às mulheres que se
enquadrem nos incisos IV e V do art. 318 do CPP. Cabe reclamação caso algum juiz ou
Tribunal descumpra essa decisão do STF no HC coletivo? NÃO. O STF, com o objetivo
de se proteger do grande número de reclamações que receberia, afirmou expressamente
que, “nas hipóteses de descumprimento da presente decisão, a ferramenta a ser utilizada
é o recurso, e não a reclamação”. Essa informação é muito importante, tanto na prática,
como nas provas de concurso público.
CUSTOS VULNERABILIS Como vimos acima, a DPU estava patrocinando, como
impetrante, um habeas corpus coletivo no STF pedindo que a Corte reconhecesse, de
forma ampla e geral, que as presas grávidas ou com filhos menores de 12 anos possuem
direito à prisão preventiva. Várias Defensorias Públicas estaduais pediram para intervir
no caso na condição de custos vulnerabilis.
Em que consiste o custos vulnerabilis? Custos vulnerabilis significa “guardiã dos
vulneráveis”. Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião
da ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis. Assim,
segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos
vulneráveis seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de
haver ou não advogado particular constituído. Quando a Defensoria Pública atua como
custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como representante da parte
em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em geral. No âmbito das
execuções penais, a Defensoria Pública argumenta que, desde 2010, existe previsão
expressa na Lei nº 7.210/84 autorizando a intervenção da Instituição como custos
vulnerabilis: Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da
medida de segurança, oficiando, no processo executivo e nos incidentes da execução, para
a defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva.
(Incluído pela Lei nº 12.313/2010).
Como é a atuação do custos vulnerabilis? A intervenção defensorial custos vulnerabilis
tem o objetivo de trazer para os autos argumentos, documentos e outras informações que
reflitam o ponto de vista das pessoas vulneráveis, permitindo que o juiz ou tribunal tenha
mais subsídios para decidir a causa. É uma atuação da Defensoria Pública para que a voz
dos vulneráveis seja amplificada. E

HABEAS CORPUS É possível a impetração de habeas corpus coletivo


O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a
salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer
pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-
lo é o habeas corpus, individual ou coletivo. A ideia de admitir a existência de habeas
corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de conferir a maior
amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de
não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos
legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do
art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. O art. 654, § 2º estabelece que compete aos
juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 580 do CPP, por sua
vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para
todos que se encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais
podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a ordem de habeas
corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa. Existem mais de 100 milhões
de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo do
STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar
a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao
princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional. Diante da inexistência de
regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei nº
13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo.
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o Ministério
Público; 2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 3) a organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891)
Informativo 892-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL ADPF É possível celebrar acordo em ADPF
É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de
preceito fundamental (ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de
índole objetiva, como a ADPF, desde que fique demonstrado que há no feito um conflito
intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta solução por meio de autocomposição.
Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar
nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas
homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do
âmbito da disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um
incidente processual, com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional.
STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018
(Info 892).
DIREITO ELEITORAL
LEI DA FICHA LIMPA É aplicável a alínea “d” do inciso I do art. 1º da LC 64/90, com
a redação dada pela LC 135/2010, a fatos anteriores a sua publicação
A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação de investigação judicial
eleitoral, transitada em julgado, “ex vi” do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar
64/90, em sua redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade do artigo
1º, inciso I, alínea "d", na redação dada pela Lei Complementar 135/2010, aplicando-se a
todos os processos de registros de candidatura em trâmite. STF. Plenário. RE 929670/DF,
rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/3/2018
(repercussão geral) (Info 892).
DIREITO AMBIENTAL
CÓDIGO FLORESTAL Análise da constitucionalidade do novo Código Florestal (Lei
12.651/2012)
mportante!!! O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº
12.651/2012) e decidiu: 1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de
resíduos” e “instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais,
nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012; 2) dar
interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se
condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública,
à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta; 3) deve-se dar
interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a
interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes
configuram área de preservação permanente; 4) declarar a inconstitucionalidade das
expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único;
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir
compensação apenas entre áreas com identidade ecológica; 6) deve-se dar interpretação
conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no decurso da execução
dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, o
risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de
22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no
§ 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida
durante o período de suspensão da pretensão punitiva”. Todos os demais dispositivos da
Lei foram considerados constitucionais. STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI
4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 28/2/2018
(Info 892).
DIREITO CIVIL
TRANSGÊNERO Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil
mesmo sem fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes,
possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).
Transgênero Transgênero é o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas
das características psíquicas.
É uma pessoa que não se identifica com o seu gênero biológico. A pessoa sente que ela
nasceu no corpo errado. Ex: o menino nasceu fisicamente como menino, mas ele se sente
como uma menina. Assim, o transgênero tem um sexo biológico, mas se sente como se
fosse do sexo oposto e espera ser reconhecido e aceito como tal.
DIREITO PENAL
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Em caso de estupro praticado mediante
violência real, a ação penal é pública incondicionada
A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009.
Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada mesmo após a Lei nº 12.015/2009. STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018 (Info
892)
DIREITO PROCESSUAL PENAL
HABEAS CORPUS Em regra, não cabe habeas corpus contra decisão transitada em
julgado
É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. Foi o que
decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018
(Info 892). 2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se
houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá conceder a ordem de ofício. STF.
2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
Informativo 893-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
LIBERDADE DE EXPRESSÃO Cabe reclamação contra decisão judicial que determina
retirada de matéria jornalística de site
O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de
expressão, em razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive
por via judicial.
No julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações
jornalísticas, bem como tornou excepcional qualquer tipo de intervenção estatal na
divulgação de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão desfruta de uma posição
preferencial no Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o exercício
esclarecido dos demais direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura
censura em qualquer hipótese, o que se admite apenas em situações extremas. Assim, em
regra, a colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve ser
resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. Diante disso,
se uma decisão judicial determina que se retire do site de uma revista determinada matéria
jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, cabendo reclamação. STF. 1ª Turma.
Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
LIBERDADE DE EXPRESSÃO A incitação de ódio público feita por líder religioso
contra outras religiões pode configurar o crime de racismo
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores
não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão.
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,
julgado em 6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
DIREITO PENAL
RACISMO A incitação de ódio público feita por líder religioso contra outras religiões
pode configurar o crime de racismo
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores
não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão.
Assim, é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado
pelo crime de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/81) por ter proferido discursos de ódio
público contra outras denominações religiosas e seus seguidores. STF. 2ª Turma. RHC
146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018
(Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 29/11/2016 (Info 849).
Hate speech (discurso de ódio) O tema acima exposto está ligado ao que a doutrina chama
de hate speech (discurso de ódio). Discurso de ódio (hate speech) são “manifestações de
pensamento que ofendam, ameacem ou insultem determinado grupo de pessoas com base
na raça, cor, religião, nacionalidade, orientação sexual, ancestralidade, deficiência ou
outras características próprias.
No Brasil, ao contrário dos EUA, prevalece que o hate speech não é protegido pela ordem
constitucional. Isso porque o direito à liberdade de expressão não é absoluto, podendo a
pessoa que proferiu o discurso de ódio ser punida, inclusive criminalmente, em caso de
abuso.
Situação deve ser analisada com base no caso concreto Assim, podemos concluir que é
possível a condenação de um líder religioso pelo crime de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº
7.716/81) em caso de discursos de ódio público contra outras denominações religiosas e
seus seguidores. Vale ressaltar, no entanto, que essa condenação dependerá do caso
concreto, ou seja, das palavras que foram proferidas e da intenção do líder religioso de
suprimir ou reduzir a dignidade daquele que é diferente de si. Desse modo, não é qualquer
crítica de um líder religioso a outras religiões que configurará o crime de racismo. Nesse
sentido, recentemente o STF absolveu um líder religioso dessa imputação por falta de
dolo. Relembre: Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da Igreja
Católica, no qual ele faz críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a
umbanda e o candomblé. O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela
prática do art. 20, § 2º da Lei nº 7.716/89 (Lei do racismo). No caso concreto, o STF
entendeu que não houve o crime. A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos
aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não apenas escolher
qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso. Proselitismo
religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também se
converterem à sua religião.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
DENÚNCIA Promotor de Justiça que passa a atuar no processo decorrente de
desmembramento oriundo do TJ está livre para alterar a denúncia anteriormente oferecida
pelo PGJ
A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal
desmembrou o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ,
declinando da competência para que o TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ)
ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar o feito e ficou com o
processo apenas da autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o
juízo de 1ª instância julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro
privativo, foi remetido para a 1ª instância. O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância
decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive,
novos réus. A defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF
entendeu que o membro do MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste
caso. É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final,
garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente
quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo
competente, como ocorreu no caso concreto. O membro do MP possui total liberdade na
formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser
restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou,
mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras, o Promotor de
Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões do
Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no processo. Desse
modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para atuar
em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, anteriormente,
oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme ficou
reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª
instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de Justiça que atua na
1ª instância. Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar
na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento
jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da
peça acusatória oferecida contra o réu Paulo. STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
Informativo 894-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
MEDIDA PROVISÓRIA O § 11 do art. 62 da CF/88 deve ser interpretado com cautela,
não se podendo protrair indefinidamente a vigência de medidas provisórias rejeitadas ou
não apreciadas
Determinada medida provisória foi editada criando a possibilidade de que empresas
instalassem Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros (CLIA), desde que autorizados
pela Receita Federal. Diversas empresas fizeram o requerimento pedindo a instalação
desses Centros. Ocorre que, antes que a Receita examinasse todos os pedidos, a MP foi
rejeitada pelo Senado. O Congresso Nacional não editou decreto legislativo disciplinando
as situações ocorridas durante o período em que a MP vigorou (§ 3º do art. 62 da CF/88).
Diante disso, as empresas defendiam a tese de que os requerimentos formulados deveriam
ser apreciados pela Receita Federal com base no § 11 do art. 62: “§ 11. Não editado o
decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de
eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.” O STF não concordou
e afirmou que os pedidos formulados pelos interessados durante a vigência da MP
320/2006 não foram sequer examinados. Logo, não se pode dizer que havia ato jurídico
perfeito. O simples fato de ter sido feito o requerimento não significa “relação jurídica
constituída”, de sorte que não se pode invocar o § 11 para justificar a aplicação da medida
provisória rejeitada. O mero protocolo do pedido não constitui uma “relação jurídica
constituída” de que trata o § 11. STF. Plenário. ADPF 216/DF, Rel. Min. Cámen Lúcia,
julgado em 14/3/2018 (Info 894).
DIREITO PENAL
DESACATO Desacato continua sendo crime
O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e com o Pacto de São José
da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão,
não retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites
de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma. HC
141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info 894). Desacatar
funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime,
conforme previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro,
julgado em 24/5/2017 (Info 607).
Informativo 895-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
CNJ CNJ pode anular decisão do TJ que, em concurso de cartório, conferiu, na fase de
títulos, pontuação com base em interpretação contrária à Resolução do Conselho
O CNJ não pode substituir a banca examinadora do concurso na escolha das questões, na
correção de provas e nas atribuições de notas. Assim, ao Conselho é defeso (proibido)
substituir o critério valorativo para escolha e correção das questões pela Banca
Examinadora nos concursos públicos. O CNJ pode, no entanto, substituir, anular ou
reformar decisões da banca do concurso que firam os princípios da razoabilidade, da
igualdade, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade. Isso porque
a discricionariedade da banca de concurso não se confunde com arbitrariedade. Se houver
desrespeito aos princípios constitucionais da administração pública, será possível a plena
revisão da decisão pelo Conselho. Ex: o CNJ pode anular decisão do Tribunal de Justiça
que, em concurso de cartório, deu interpretação equivocada a determinado item do edital,
e conferiu pontuação indevida a certos candidatos na fase de títulos. A pontuação
conferida pela Comissão no TJ violava à Resolução do CNJ que regulamenta os concursos
de cartório. Neste caso, o CNJ atuou dentro dos limites constitucionais do controle
administrativo. STF. 1ª Turma. MS 33527/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/3/2018 (Info 895).
DIREITO ELEITORAL
FINANCIAMENTO DE CAMPANHA ELEITORAL Inconstitucionalidade da norma
que permitia doações anônimas a candidatos
DIREITO PROCESSUAL PENAL
COMPETÊNCIA Competência para julgar caixa 2 conexo com corrupção passiva e
lavagem de dinheiro
A doação eleitoral por meio de “caixa 2” é uma conduta que configura crime eleitoral de
falsidade ideológica (art. 350 do Código Eleitoral). A competência para processar e julgar
este delito é da Justiça Eleitoral. A existência de crimes conexos de competência da
Justiça Comum, como corrupção passiva e lavagem de capitais, não afasta a competência
da Justiça Eleitoral, por força do art. 35, II, do CE e do art. 78, IV, do CPP. STF. 2ª Turma.
PET 7319/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
COLABORAÇÃO PREMIADA Competência para homologação do acordo de
colaboração premiada se o delatado tiver foro por prerrogativa de função Análise da
legitimidade do delatado para impugnar o acordo de colaboração premiada
Competência para homologação do acordo de colaboração premiada se o delatado tiver
foro por prerrogativa de função Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos
que teriam sido praticados por autoridade (ex: Governador) e que teriam que ser julgados
por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração deverá, obrigatoriamente, ser
celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal
competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente
por um Tribunal (foro por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração
premiada deverá ser homologado por este respectivo Tribunal, mesmo que o delator não
tenha foro privilegiado. A delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a
competência do respectivo Tribunal para a respectiva homologação e, em consequência,
do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte. Se o delator ou se o delatado
tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração premiada será de
competência do respectivo Tribunal. Análise da legitimidade do delatado para impugnar
o acordo de colaboração premiada Em regra, o delatado não tem legitimidade para
impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim, em regra, a pessoa que foi delatada
não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo possui algum vício. Isso
porque se trata de negócio jurídico personalíssimo. Esse entendimento, contudo, não se
aplica em caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro. Desse modo, é
possível que o delatado questione o acordo se a impugnação estiver relacionada com as
regras constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras palavras, se o delatado for uma
autoridade com foro por prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver sido
homologado em 1ª instância, será permitido que ele impugne essa homologação alegando
usurpação de competência. STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 20/3/2018 (Info 895).
EMENDATIO LIBELLI Caso de emendatio libelli em 2ª instância
O réu foi condenado a 4 anos de reclusão pela prática do crime previsto no art. 4º, caput,
da Lei nº 7.492/86. O Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, reclassificou a conduta
para os art. 16 e 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86, mantendo, contudo, a pena em
4 anos de reclusão. Não há qualquer nulidade no acórdão do Tribunal.
Houve, no presente caso, emendatio libelli. É possível a realização de emendatio libelli
em segunda instância no julgamento de recurso exclusivo da defesa, desde que não gere
reformatio in pejus, nos termos do art. 617 do CPP. Como a pena foi mantida pelo
Tribunal, não houve prejuízo ao réu. STF. 2ª Turma. HC 134.872/PR, Rel. Min. Dias
Tóffoli, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
PRISÃO DOMICILIAR Prisão domiciliar humanitária
O art. 318, II, do CPP é chamado de prisão domiciliar humanitária. Em um caso concreto,
o STF entendeu que deveria conceder prisão humanitária ao réu tendo em vista o alto
risco de saúde, a grande possibilidade de desenvolver infecções no cárcere e a
impossibilidade de tratamento médico adequado na unidade prisional ou em
estabelecimento hospitalar — tudo demostrado satisfatoriamente no laudo pericial.
Considerou-se que a concessão da medida era necessária para preservar a integridade
física e moral do paciente, em respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF).
STF. 2ª Turma. HC 153961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2018 (Info 895).
Informativo 896-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE O Estado-membro não possui
legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em sede de controle concentrado de
constitucionalidade
O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em
sede de controle concentrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada
pelo respectivo Governador. A legitimidade para recorrer, nestes casos, é do próprio
Governador (previsto como legitimado pelo art. 103 da CF/88). Os Estados-membros não
se incluem no rol dos legitimados a agir como sujeitos processuais em sede de controle
concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 4420 ED-AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 05/04/2018.
CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO Decisão que deixa de aplicar o art. 25, §
1º, da Lei 8.987/95
O art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/95 prevê o seguinte: “(...) a concessionária poderá contratar
com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares
ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos associados.” Se o órgão
fracionário de um Tribunal (ex: uma das Turmas do TRT) julga ilegal a terceirização
contratada por uma concessionária do serviço público, afastando a aplicação do art. 25, §
1º, da Lei nº 8.987/95, esta decisão viola a súmula vinculante 10? • SIM. O art. 25, § 1º,
da Lei nº 8.987/95 permite a terceirização da atividade-fim das empresas concessionárias
do serviço público. Logo, se um órgão fracionário do TRT afasta a aplicação deste
dispositivo, haverá afronta à súmula vinculante 10 por violação à cláusula da reserva de
plenário. STF. 1ª Turma. Rcl 27.068/MG, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min.
Luís Roberto, julgado em 5/3/2018 (Info 896). • NÃO. O ato reclamado, ao considerar
ilegal a contratação de empregado, por empresa interposta, para prestar serviços
essenciais à atividade fim da tomadora, nos termos da Súmula 331, I, do TST, não
declarou expressamente, nem implicitamente, a inconstitucionalidade de qualquer norma
especial de regência aplicável ao caso. É firme a jurisprudência do STF no sentido de que
não se exige reserva de plenário para a mera interpretação e aplicação das normas
jurídicas que emerge do próprio exercício da jurisdição, sendo necessário, para
caracterizar violação à cláusula de reserva de plenário, que a decisão de órgão fracionário
fundamente-se na incompatibilidade entre a norma legal e o Texto Constitucional. STF.
1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848). STF.
2ª Turma. Rcl 26408 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 07/11/2017.
MEDIDAS PROVISÓRIAS É possível editar medidas provisórias sobre meio ambiente?
É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sempre
veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que importem diminuição da
proteção ao meio ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei formal, com
amplo debate parlamentar e participação da sociedade civil e dos órgão e instituições de
proteção ambiental, como forma de assegurar o direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de MP que importe
em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando
de diminuição ou supressão de unidades de conservação, com consequências
potencialmente danosas e graves ao ecossistema protegido. A proteção ao meio ambiente
é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste
expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF.
Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).
DIREITO AMBIENTAL
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO É inconstitucional a redução de unidade de
conservação por meio de MP
É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente
protegidos, como é o caso das unidades de conservação, por meio de medida provisória.
Isso viola o art. 225, § 1º, III, da CF/88. Assim, a redução ou supressão de unidade de
conservação somente é permitida mediante lei em sentido formal. A medida provisória
possui força de lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito. A
proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória,
ainda que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º,
da CF/88. STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018
(Info 896).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA STF mantém seu entendimento de que é possível
a execução provisória da pena
O STF, ao julgar habeas corpus impetrado pelo ex-Presidente Lula, decidiu manter o seu
entendimento e reafirmar que é possível a execução provisória de acórdão penal
condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário. A execução provisória da pena não ofende o princípio constitucional da
presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88). STF. Plenário. HC 152752/PR, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 4/4/2018 (Info 896).
PROGRESSÃO DE REGIME Súmula 715 do STF continua sendo válida
O art. 75 do Código Penal prevê que o tempo de cumprimento das penas privativas de
liberdade não pode ser superior a 30 anos. Isso significa que, se o réu for condenado a
uma pena de 100 anos de reclusão, o limite máximo de cumprimento da pena será 30
anos. Vale ressaltar, no entanto, que, no cálculo dos benefícios da execução penal, deverá
ser considerada a pena total aplicada. Assim, ao se calcular o requisito objetivo da
progressão de regime, o juiz deverá considerar o total da pena imposta (e não o limite do
art. 75 do CP). Ex: 1/6 de 100 anos (pena total) e não 1/6 de 30 anos. Existe um enunciado
que espelha essa conclusão: Súmula 715-STF: A pena unificada para atender ao limite de
trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada
para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais
favorável de execução. STF. 1ª Turma. HC 112182, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/
Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 03/04/2018 (Info 896).
Informativo 897-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
TRIBUNAL DE CONTAS Competência do TCU para fiscalizar a Fundação Banco do
Brasil somente quanto aos recursos oriundos do Banco do Brasil
Não compete ao TCU adotar procedimento de fiscalização que alcance a Fundação Banco
do Brasil quanto aos recursos próprios, de natureza eminentemente privada, repassados
por aquela entidade a terceiros, eis que a FBB não integra o rol de entidades obrigadas a
prestar contas àquela Corte de Contas, nos termos do art. 71, II, da CF.
A FBB é uma pessoa jurídica de direito privado não integrante da Administração Pública.
Assim, a FBB não necessita se submeter aos ditames da gestão pública quando repassar
recursos próprios a terceiros por meio de convênios. Por outro lado, quando a FBB recebe
recursos provenientes do Banco do Brasil — sociedade de economia mista que sofre a
incidência dos princípios da Administração Pública previstos no art. 37, caput, da
Constituição Federal, — ficará sujeita à fiscalização do TCU. Isso porque, neste caso, tais
recursos, como são provenientes do BB, têm caráter público. STF. 2ª Turma. MS
32703/DF, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
ORDEM ECONÔMICA Lei estadual pode conceder meia-entrada em eventos culturais
e desportivos para menores de 21 anos
É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no valor dos ingressos em
casas de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade.
STF. Plenário. ADI 2163/RJ, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 12/4/2018 (Info 897).
DIREITO PENAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL
RECURSOS Tempestividade do recurso interposto antes da decisão recorrida ter sido
publicada
Não é extemporâneo recurso interposto antes da publicação do acórdão. Sob o ângulo da
oportunidade, a publicação do acórdão impugnado é elemento neutro, podendo a parte,
ciente da decisão proferida, protocolar o recurso. Assim por exemplo, admite-se a
interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da publicação do acórdão
embargado e dentro do prazo recursal. STF. 1ª Turma. HC 113826, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
HABEAS CORPUS Relator pode determinar, de forma discricionária, que HC seja
julgado pelo Plenário do STF (e não pela Turma)
A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas do
STF (e não do Plenário). Ex: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de
uma das Turmas do STF. O Ministro Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à
Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo Plenário? SIM. Essa possibilidade encontra-se
prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator precisa
fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma justificativa para
que o caso seja levado ao Plenário? NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao
Plenário do STF, pelo relator, de forma discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c”
e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897).
HABEAS CORPUS A superveniência da sentença condenatória faz com que o habeas
corpus impetrado anteriormente fique prejudicado
A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão preventiva prejudica a
análise do habeas corpus que havia sido impetrado contra o título originário da custódia.
Se, após o habeas corpus ser impetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal
prolata sentença/acórdão condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá
uma alteração do título prisional e, portanto, o habeas corpus impetrado contra prisão
antes do julgamento não deverá ser conhecido. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897).
EXECUÇÃO PENAL Impossibilidade de transferência do apenado para outro Estado da
Federação sob a alegação de que estaria recebendo tratamento privilegiado
É inviável a remoção de apenado para outro Estado com fundamento em suposto
tratamento privilegiado. Apenas razões excepcionalíssimas e devidamente
fundamentadas poderiam legitimar essa medida. STF. 2ª Turma. HC 152.720/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
Informativo 898-STF
DIREITO PROCESSUAL PENAL
DENÚNCIA Princípio do in dubio pro societate
No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª Turma.
Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
17/04/2018 (Info 898).
RECURSOS Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão
condenatória proferida em ação penal de competência originária das Turmas do STF se 2
Ministros votaram pela absolvição
Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão condenatória
proferida em sede de ação penal de competência originária das Turmas do STF. O
requisito de cabimento desse recurso é a existência de dois votos minoritários absolutórios
em sentido próprio. Voto absolutório em sentido próprio: significa que o Ministro deve
ter expressado juízo de improcedência da pretensão executória. STF. Plenário. AP 863
EI-AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18 e 19/4/2018; HC 152707/DF, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 18 e 19/4/2018 (Info 898).
Informativo 899-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Cabe ADI contra Resolução do CNMP
A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado
pelo Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui
ato normativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no
Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 25/4/2018 (Info 899)
SIGILO BANCÁRIO Dados obtidos com a quebra de sigilo bancário não podem ser
divulgados abertamente em site oficial
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser
mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar
os dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de
inquérito (CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
26/4/2018 (Info 899).
PODER LEGISLATIVO Parlamentar, mesmo sem a aprovação da Mesa Diretora, pode,
na condição de cidadão, ter acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo dos
órgãos públicos
O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito fundamental
de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso
XXXIII, da Constituição Federal e das normas de regência desse direito. O parlamentar,
na qualidade de cidadão, não pode ter cerceado o exercício do seu direito de acesso, via
requerimento administrativo ou judicial, a documentos e informações sobre a gestão
pública, desde que não estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à
aprovação de CPI. O fato de as casas legislativas, em determinadas situações, agirem de
forma colegiada, por intermédio de seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os
direitos inerentes ao parlamentar como indivíduo. STF. Plenário. RE 865401/MG, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2018 (repercussão geral) (Info 899).
PODER JUDICIÁRIO Constitucionalidade do art. 6º, I, da Resolução 146/2012-CNJ
A Resolução 146/2012 do CNJ dispõe sobre o instituto da redistribuição de cargos
efetivos dos quadros de pessoal dos órgãos do Poder Judiciário da União. O STF entendeu
que é constitucional o art. 6º, I, da referida Resolução, que prevê o seguinte: “Art. 6º O
cargo ocupado somente poderá ser redistribuído se o servidor preencher cumulativamente
os seguintes requisitos: I – tempo mínimo de 36 meses de exercício no cargo a ser
redistribuído;” O instituto da redistribuição de cargos efetivos tem função de resguardar
o interesse da Administração Pública e não visa a atender às necessidades do servidor. O
prazo de 36 meses previsto no referido dispositivo coincide com o prazo estabelecido no
art. 41 da CF/88 relativo à estabilidade do servidor público, de modo a evidenciar a
razoabilidade e a proporcionalidade da resolução. STF. Plenário. ADI 4938/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o
juiz de prorrogar a interceptação telefônica durante o plantão judiciário ou durante o
recesso do fim de ano
A Resolução 59/2008 do CNJ disciplina e uniformiza o procedimento de
interceptação de comunicações telefônicas e de sistemas de informática e telemática nos
órgãos jurisdicionais do Poder Judiciário. Foi proposta uma ADI contra esse ato
normativo. O STF decidiu que essa Resolução é constitucional, com exceção do § 1º do
art. 13, que prevê o seguinte: “§ 1º Não será admitido pedido de prorrogação de prazo de
medida cautelar de interceptação de comunicação telefônica, telemática ou de informática
durante o plantão
judiciário, ressalvada a hipótese de risco iminente e grave à integridade ou à vida de
terceiros, bem como durante o Plantão de Recesso previsto artigo 62 da Lei nº 5.010/66”.
Em relação ao § 1º do art. 13 da Resolução 59/2008, o CNJ extrapolou sua competência
normativa, adentrando em seara que lhe é imprópria. Essa previsão violou: a) a
competência dos Estados para editar suas leis de organização judiciária (art. 125, § 1º, da
CF/88); b) a competência legislativa na União para a edição de normas processuais (art.
22, I); c) a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF, no que respeita à inafastabilidade
da jurisdição. STF. Plenário. ADI 4145/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA Constitucionalidade da Resolução 36/2009-CNMP
É constitucional a Resolução 36/2009 do CNMP, que dispõe sobre o pedido e a utilização
de interceptações telefônicas, no âmbito do Ministério Público, nos termos da Lei nº
9.296/96. A norma foi editada no exercício das atribuições previstas diretamente no art.
130-A, § 2º, I e II, da CF/88. A Resolução apenas regulamentou questões administrativas
e disciplinares relacionadas ao procedimento de interceptação telefônica, sem adentrar
em matéria de direito penal, processual ou relativa a nulidades. Não foram criados novos
“requisitos formais de validade” das interceptações. Tanto isso é verdade que a
inobservância dos preceitos contidos na resolução não constitui causa de nulidade, mas
sim motivo para a instauração de procedimento administrativo disciplinar contra o agente
público infrator, pois consistem em regras ligadas aos deveres funcionais de sigilo na
atuação ministerial. A independência funcional do MP foi preservada. A resolução não
impõe uma linha de atuação ministerial, apenas promove a padronização formal mínima
dos ritos adotados nos procedimentos relacionados a interceptações telefônicas, em
consonância com as regras previstas na Lei nº 9.296/96. STF. Plenário. ADI 4263/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899).
Informativo 900-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Cabimento de ADI contra Resolução do
TSE
É cabível ADI contra Resolução do TSE que tenha, em seu conteúdo material, “norma de
decisão” de caráter abstrato, geral e autônomo, apta a ser apreciada pelo STF em sede de
controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900).
DIREITO ELEITORAL
PROPAGANDA ELEITORAL É legítima a Resolução do TSE que proíbe propaganda
eleitoral por meio de telemarketing
É constitucional o art. 25, § 2º, da Resolução 23.404/2014 do TSE, que proíbe a realização
de propaganda eleitoral via “telemarketing", em qualquer horário. STF. Plenário. ADI
5122, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Restrição ao foro por prerrogativa de
função Marco para o fim do foro: término da instrução
Restrição ao foro por prerrogativa de função As normas da Constituição de 1988 que
estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas
restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o
exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes
de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do
STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar
federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no
mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não
haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de
função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados
às funções desempenhadas.
Marco para o fim do foro: término da instrução Após o final da instrução processual, com
a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a
competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o
agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja
o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018 (Info 900).
Informativo 901-STF
DIREITO CONSTITUCIONAL
CNJ CNJ pode avocar PAD que tramita no Tribunal se não há quórum suficiente para se
atingir maioria absoluta
O TRF condenou juiz federal à pena de aposentadoria compulsória. Ocorre que, em
virtude de alguns Desembargadores terem se averbado suspeitos, este juiz foi condenado
com um quórum de maioria simples. O CNJ reconheceu a irregularidade da proclamação
do resultado e anulou o julgamento de mérito realizado pelo TRF. Isso porque o art. 93,
VIII e X, da CF/88 exige quórum de maioria absoluta do tribunal. Ocorre que o CNJ, após
anular o julgamento de mérito realizado pelo TRF, decidiu avocar o processo
administrativo para que o magistrado fosse julgado diretamente pelo Conselho. O juiz
impetrou MS contra essa avocação, mas o STF afirmou que o CNJ agiu corretamente. A
Constituição, expressamente, confere ao CNJ competência para, a qualquer tempo, avocar
processos de natureza disciplinar em curso contra membros do Poder Judiciário. Assim,
não há óbice para que o CNJ anule o julgamento do Tribunal e inicie lá um outro
procedimento. Uma das causas legítimas de avocação de procedimentos administrativos
pelo CNJ é justamente a falta do quórum para proferir decisão administrativa por maioria
absoluta em razão de suspeição, impedimento ou falta de magistrados. O CNJ poderia ter
devolvido o processo ao TRF2, mas optou por exercer sua competência concorrente,
dentro da discricionariedade conferida pela Constituição, para julgar o processo e evitar
novas questões de suspeição e impedimento. STF. 1ª Turma. MS 35100/DF, rel. orig.
Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL Responsabilidade civil da concessionária que administra
a rodovia por furto ocorrido em seu pátio
A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade
civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos
termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa
transportadora foi parado na balança de pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando
se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária determinaram que o condutor
estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida, conduziram-no até o
escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação
para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou
a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária responsável pela
rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da
prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de vigilância e
falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Ação de improbidade administrativa: ministro de
estado e foro competente
Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a
duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil
pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. O foro especial por prerrogativa de função
previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais comuns não é extensível
às ações de improbidade administrativa. STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901).
DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (In) aplicabilidade do princípio no caso do crime
previsto no art. 34 da Lei 9.605/98
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo
único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou
multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas
quem: II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de
aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; Caso concreto: realização de
pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não permitido. STF.
1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
Obs: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O
princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único,
II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando,
excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-se
ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
PROVA Indeferimento de todas as testemunhas da defesa sob o argumento de que seriam
protelatórias: constrangimento ilegal
Na fase de defesa prévia, o réu arrolou uma série de testemunhas, mas o juiz negou a
oitiva afirmando que o requerimento seria protelatório, haja vista que as testemunhas não
teriam, em tese, vinculação com os fatos criminosos imputados. O STF entendeu que
houve constrangimento ilegal. O direito à prova é expressão de uma inderrogável
prerrogativa jurídica, que não pode ser, arbitrariamente, negada ao réu. O princípio do
livre convencimento motivado (art. 400, § 1º, do CPP) faculta ao juiz o indeferimento das
provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. No entanto, no caso
concreto houve o indeferimento de todas as testemunhas de defesa. Dessa forma, houve
ofensa ao devido processo legal, visto que frustrou a possibilidade de o acusado produzir
as provas que reputava necessárias à demonstração de suas alegações. STF. 2ª Turma. HC
155363/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
Informativos nos 904 a 907
DIREITO CIVIL
Direito de Família
Impenhorabilidade do bem de família e contratos de locação comercial
Não é penhorável o bem de família do fiador, no caso de contratos de locação comercial.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Aposentadoria
Guardas municipais e aposentadoria especial
Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder Judiciário garantir
aposentadoria especial [CF; art. 40, § 4º, II (1) ] a guarda municipal.
Controle de Constitucionalidade ADI e providências diante de greve de servidores
públicos O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em duas ações
diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra o Decreto 4.264/1995, da Bahia, que
dispõe sobre as providências a serem adotadas, em caso de paralisação de servidores
públicos estaduais, a título de greve.
O Tribunal considerou tratar-se de decreto de caráter autônomo, que disciplina, nos
termos da competência reservada ao chefe do Poder Executivo pelo art. 84, IV (4) , da
CF, as consequências — estritamente administrativas — do ato de greve dos servidores
públicos e as providências a serem adotadas pelos agentes públicos no sentido de dar
continuidade aos serviços públicos.
ADI e vinculação de receitas de impostos
São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de parcelas das receitas
tributárias a órgãos, fundos ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art.
167, IV1, da Constituição Federal (CF).
Garantias eleitorais
ADI e sigilo do voto
O Plenário, por maioria, deferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade
para suspender, com eficácia “ex tunc”, o art. 59-A (1) da Lei 9.504/1997, incluído pela
Lei 13.165/2015 (Lei da Minirreforma Eleitoral), o qual determina que, na votação
eletrônica, o registro de cada voto deverá ser impresso e depositado, de forma automática
e sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado.
Tributos
Imunidade tributária e maquinário para impressão de livros
A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d” (1), da Constituição Federal (CF), não
abarca o maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos.
DIREITO ELEITORAL
Eleições
Período eleitoral e liberdade de expressão
O Plenário confirmou os termos da medida cautelar (Informativo 598) e julgou
procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do
inciso II, da segunda parte do inciso III e, por arrastamento, dos §§ 4º e 5º, todos do art.
45 da Lei 9.504/1997. Os dispositivos impugnados da “Lei das Eleições” estabeleceram
ser vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário, a
partir de 1º de julho do ano da eleição: a) “usar trucagem, montagem ou outro recurso de
áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou
coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito” (inciso II) e b) “difundir
opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou
representantes” (segunda parte do inciso III). Os §§ 4º e 5º explicam o que se entende,
respectivamente, por trucagem e por montagem.
DIREITO PENAL
Aplicação da Pena
Acordo de colaboração premiada e delegado de polícia
O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta para
assentar a constitucionalidade dos §§ 2º e 6º do art. 4º (1) da Lei 12.850/2013, a qual
define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. A ação
impugnava as expressões “e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a
manifestação do Ministério Público” e “entre o delegado de polícia, o investigado e o
defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso”, contidas nos
referidos dispositivos, que conferem legitimidade ao delegado de polícia para conduzir e
firmar acordos de colaboração premiada (Informativo 888). Prevaleceu o voto do ministro
Marco Aurélio (relator), no sentido de que o delegado de polícia pode formalizar acordos
de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do
Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à
decisão judicial.
No que se refere ao § 2º do art. 4º da Lei 12.850/2013, o relator esclareceu que o texto
confere ao delegado de polícia, no decorrer das investigações, exclusivamente no curso
do inquérito policial, a faculdade de representar ao juiz, ouvido o Ministério Público, pela
concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não haja sido
previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 (2) do Código de
Processo Penal (CPP). O perdão judicial é instituto que possibilita ao juiz deixar de impor
sanção diante da existência de determinadas circunstâncias expressamente previstas em
lei. Considerou que o dispositivo, portanto, traz nova causa de perdão judicial, admitido
a depender da efetividade da colaboração. Não se trata de questão afeta ao modelo
acusatório, deixando de caracterizar ofensa ao art. 129, I (3), da Constituição Federal
(CF), relacionada, apenas, ao direito de punir do Estado, que se manifesta por intermédio
do Poder Judiciário.
A representação pelo perdão judicial, proposta pelo delegado de polícia, ante colaboração
premiada, ouvido o Ministério Público, não é causa impeditiva do oferecimento da
denúncia pelo órgão acusador. Uma vez comprovada a eficácia do acordo, será extinta
pelo juiz, a punibilidade do delator. Quanto ao § 6º do art. 4º da mesma lei, asseverou que
o ato normativo em nenhum ponto afasta a participação do Ministério Público em acordo
de colaboração premiada, ainda que ocorrido entre o delegado de polícia, o investigado e
o defensor. Não há, portanto, afronta à titularidade da ação penal. Ao contrário, a
legitimidade da autoridade policial para realizar as tratativas de colaboração premiada
desburocratiza o instituto, sem importar ofensa a regras atinentes ao Estado Democrático
de Direito, uma vez submetido o acordo à apreciação do Ministério Público e à
homologação pelo Judiciário. Embora o Ministério Público seja o titular da ação penal de
iniciativa pública, não o é do direito de punir. A delação premiada não retira do órgão a
exclusividade da ação penal.
A norma fixa as balizas a serem observadas na realização do acordo. Estas, porque
decorrem de lei, vinculam tanto a polícia quanto o Ministério Público, tendo em vista que
a nenhum outro órgão senão ao Judiciário é conferido o direito de punir. O acordo
originado da delação não fixa pena ou regime de cumprimento da sanção. Ao Poder
Judiciário, com exclusividade, compete, nos termos do § 1º do art. 4º (4) da Lei
12.850/2013, para fins de concessão de vantagens, levar em conta a personalidade do
delator, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso
e a eficácia da colaboração. Os benefícios que tenham sido ajustados não obrigam o órgão
julgador, devendo ser reconhecida, na cláusula que os retrata, inspiração, presente a
eficácia da delação no esclarecimento da prática delituosa, para o juiz atuar, mantendo a
higidez desse instituto que, na quadra atual, tem-se mostrado importantíssimo. Longe fica
o julgador de estar atrelado à dicção do Ministério Público, como se concentrasse a arte
de proceder na persecução criminal, na titularidade da ação penal e, também, o
julgamento, embora parte nessa mesma ação penal. A norma legal prevê que, na prolação
da sentença, serão estipulados os benefícios. Não se confunde essa definição, que só cabe
a órgão julgador, com a propositura ou não da ação penal. No campo, é soberano o
Ministério Público. Mas, quanto ao julgamento e à observância do que se contém na
legislação em termos de vantagens, surge o primado do Judiciário. Para redução da pena,
adoção de regime de cumprimento menos gravoso ou concessão do perdão judicial, há de
ter-se instaurado o processo, garantindo-se a ampla defesa e o contraditório. Na sentença
o juiz, ao verificar a eficácia da colaboração, fixa, em gradação adequada, os benefícios
a que tem direito o delator.
Legitimidade ativa
Legitimidade ativa do Ministério Público e crime de estupro sem lesão corporal
Trata-se de recurso ordinário em “habeas corpus”, interposto contra acórdão do Superior
Tribunal de Justiça, em que se discute a nulidade do processo por ilegitimidade do
Ministério Público (MP) para propor ação penal nos casos de crime de estupro sem lesão
corporal [art. 213(1), Código Penal]. A defesa alegou que, de acordo com o Enunciado
608(2) da Súmula do Supremo Tribunal Federal, a violência real praticada no crime de
estupro estaria vinculada à existência de lesão corporal, a qual não ficou comprovada no
exame de corpo de delito. O MP não teria, assim, legitimidade para ajuizar a ação penal,
pois, nos crimes contra a liberdade sexual sem violência real, a ação penal pública está
condicionada à representação. O processo seria, portanto, nulo desde o início. Com base
nas especificidades do caso, a Segunda Turma negou provimento ao recurso.
Tipicidade
Descaminho e crédito tributário
É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior
constituição do crédito tributário para a configuração do crime de descaminho (CP, art.
334), tendo em conta sua natureza formal. Com base nessa orientação, a Primeira Turma
denegou a ordem em “habeas corpus” no qual se pleiteava o trancamento de ação penal
ante a alegada ausência de condição objetiva de punibilidade.
Homicídio na direção de veículo automotor e competência do tribunal do júri
A Primeira Turma, por maioria, denegou a ordem de “habeas corpus” em que se pleiteava
a reforma da decisão que reconheceu a ocorrência de dolo eventual em relação a
homicídio cometido por motorista embriagado na direção de veículo automotor, firmada
a competência do tribunal do júri. O impetrante apontava equívoco no enquadramento
legal realizado na origem. Pleiteava a desclassificação da conduta para o crime previsto
no art. 302(1) do Código de Trânsito Brasileiro. O Colegiado considerou legítima a
tipificação da conduta como crime doloso, de competência do tribunal do júri, ante o
reconhecimento da evolução jurisprudencial na análise do que vem a ser dolo eventual e
culpa consciente.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
Corrupção passiva e lavagem de dinheiro
A Segunda Turma, em conclusão de julgamento, condenou parlamentar pela prática dos
crimes de corrupção passiva [Código Penal (CP), art. 317(1) ] e lavagem de dinheiro [Lei
9.613/1998, art. 1º, § 4º (2)], e seus filhos pelo segundo delito (Informativos 902 e 903).
Na denúncia, o parlamentar, na qualidade de integrante de cúpula partidária, foi acusado
de ter concorrido para desvios de recursos realizados na estatal, por meio de apoio político
à indicação e manutenção de diretor naquela entidade, o qual lhe teria repassado valores
ilícitos, como contraprestação. Para o Colegiado, os acusados efetivamente cometeram
os crimes cuja prática lhes foi atribuída, embora em extensão menor do que a descrita na
denúncia. O juízo condenatório se impõe, considerada a existência de provas da autoria e
da materialidade dos fatos delituosos, bem como do nexo de causalidade entre a conduta
desses acusados e os resultados.
Condução coercitiva
Condução coercitiva para interrogatório e recepção pela Constituição Federal de 1988
O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em arguições de
descumprimento de preceito fundamental para declarar a não recepção da expressão "para
o interrogatório" constante do art. 260 (1) do CPP, e a incompatibilidade com a
Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para
interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado (Informativo 905).
O Tribunal destacou que a decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data
desse julgamento, ainda que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos
para o referido ato processual. Prevaleceu o voto do ministro Gilmar Mendes (relator).
De início, o relator esclareceu que a hipótese de condução coercitiva objeto das arguições
restringe-se, tão somente, àquela destinada à condução de investigados e réus à presença
da autoridade policial ou judicial para serem interrogados. Assim, não foi analisada a
condução de outras pessoas como testemunhas, ou mesmo de investigados ou réus para
atos diversos do interrogatório, como o reconhecimento.
Fixado o objeto da controvérsia, afirmou que a condução coercitiva no curso da ação
penal tornou-se obsoleta. Isso porque, a partir da Constituição Federal de 1988, foi
consagrado o direito do réu de deixar de responder às perguntas, sem ser prejudicado
(direito ao silêncio). A condução coercitiva para o interrogatório foi substituída pelo
simples prosseguimento da marcha processual, à revelia do acusado [CPP, art. 367 (2)].
A condução coercitiva representa uma supressão absoluta, ainda que temporária, da
liberdade de locomoção. O investigado ou réu é capturado e levado sob custódia ao local
da inquirição. Portanto, há uma clara interferência na liberdade de locomoção, ainda que
por um período determinado e limitado no tempo.
Ademais, a expressão “para o interrogatório”, constante do art. 260 do CPP, tampouco
foi recepcionada pela Constituição Federal, na medida em que representa restrição
desproporcional da liberdade, visto que busca finalidade não adequada ao sistema
processual em vigor.
Por fim, em relação à manutenção dos interrogatórios realizados até a data desse
julgamento, mesmo que o interrogado tenha sido coercitivamente conduzido para o ato,
o relator consignou ser necessário reconhecer a inadequação do tratamento dado ao
imputado, não do interrogatório em si. Argumentos internos ao processo, como a violação
ao direito ao silêncio, devem ser refutados.
Referido ato processual é qualificável como meio de defesa do acusado, especialmente
em face do novo tratamento normativo que lhe conferiu a Lei 10.792/2003. Essa particular
qualificação do interrogatório como meio de defesa permite que nele se reconheça a
condição de instrumento viabilizador do exercício das prerrogativas constitucionais do
contraditório e da plenitude de defesa.
Execução Penal
Remição ficta e omissão do Estado
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem de
“habeas corpus” em que se discutia a possibilidade de remição ficta da pena, na hipótese
em que o Estado não proporciona atividade laboral ou educacional aos internos do sistema
penitenciário a fim de obterem a remição da pena (Informativo 902) O Colegiado
enfatizou que, embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem
laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas
do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na
política pública do sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo.
Destacou que o instituto da remição exige, necessariamente, a prática de atividade laboral
ou educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena
em virtude de trabalho efetuado pelo detento.

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