Você está na página 1de 2

TIMIDEZ E FOBIA SOCIAL:

QUANDO A TIMIDEZ PODE TORNAR-SE UMA


DOENÇA?

Psicólogo Maier Augusto dos Santos


maier@conhecereagir.com.br
Proponho uma reflexão acerca do comportamento tímido de algumas
pessoas, será que ser tímido é ruim? Pode ser considerado uma doença
ou um desajuste?
Provavelmente herdamos a partir da cultura e das regras da nossa
sociedade características da personalidade dos nossos ancestrais, como
os italianos, espanhóis e portugueses, que apresentam uma forma mais
expansiva de se expressar, por exemplo, gesticular enquanto fala, falar
alto, tocar as pessoas (abraços e etc) e com isso é possível entender que
haja uma valorização do comportamento extrovertido.
No entanto, quando uso as categorias ”introvertido” e “extrovertido”,
limito a expressão individual a esses dois rótulos, não levando em conta
que existem diferenças importantes a serem consideradas. Digo isso, pois
quem se rotula tímido, o é talvez não em todas as situações, em algumas
tem realmente mais dificuldade em se expressar e em outras não. Por
exemplo, alguém que fica ansioso e retraído para falar em público e na
roda de amigos consegue contar piadas e se expressa com fluidez. Ou
seja, a pessoa mostra-se tímida em algumas situações e em outras
consegue desempenho razoável.
No Japão, por exemplo, é valorizada a discrição, modos mais contidos e
menos extravagantes. Quando o japonês fala alto no metrô, esse
comportamento é visto como falta de educação. Se fosse no Brasil esse
comportamento seria aceito sem grandes problemas. Já o que acontece
na nossa cultura é uma supervalorização do extrovertido, aquele que se
comunica com todos, tem muitos amigos, “ligado no 220v”, esse é o
correto e aceito. Existe como conseqüência disso preconceito com quem é
mais reservado e menos expansivo, rotulando o de tímido, fechado e
muitas vezes de doente.

Timidez e Fobia Social não são a mesma coisa! Timidez, apesar de ser um
rótulo, serve para descrever uma categoria de comportamentos, como a
discrição, certo incômodo em algumas situações sociais, com o famoso rubor
das faces, apesar desse incômodo a pessoa não deixa de se relacionar com os
outros, se precisar falar em público conseguirá, terá amigos e etc.

A Fobia Social faz parte dos Transtornos de Ansiedade segundo o DSM-IV-


TR (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), traz sofrimento
e prejuízo funcional significativo. Se o transtorno não for tratado a tendência é
que se torne crônico e cada vez mais incapacitante.

Caracteriza-se por medo de expor-se a outras pessoas, tendo como


conseqüência o afastamento e evitamento sociais. Pode ser específica a uma
situação, por exemplo, comer em público, falar em público ou generalizada,
envolvendo quase todas as situações sociais. A pessoa com esse transtorno
preocupa-se em demasia com a avaliação do outro, quando está exposta à
situação temida sente uma resposta imediata de ansiedade, em alguns casos
pode ocorrer um ataque de pânico, tal é a intensidade da ansiedade.

Diferentemente da timidez, o fóbico social evita e se afasta das situações


sociais a ponto de interferir em áreas importantes de sua vida, deixando muitas
vezes de ter amigos, trabalhar, pedir informações, comer em público, iniciar e
manter uma conversa. Acaba isolando-se do mundo e sofrendo pois ele tem
consciência de quão desproporcional é o seu medo.

Existe tratamento e o quanto antes procurar tratamento melhor será seu


prognóstico. O tratamento indicado é a Psicoterapia e em alguns casos em
função da ansiedade haverá a necessidade de trabalho conjunto com Psiquiatra.
O tratamento consiste em avaliar com o paciente seus medos, desenvolver
formas de enfrentar a ansiedade e melhorar seu desempenho social. O terapeuta
será um parceiro que o ajudará a enfrentar seus medos, não haverá julgamentos
e o ritmo do tratamento será ajustado de acordo com o conforto do paciente.

Você também pode gostar