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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

ria ou o emprego dos recursos arrecadados. Alguns tribu-


ÉTICA: CONCEITO, ÉTICA NA SOCIEDADE, tos, criados com determinado fim, mudam de destinação
ÉTICA NO TRABALHO; ao longo dos anos; outros, temporários na sua implanta-
ção, eternizam-se inexplicavelmente; certos impostos inci-
dem sobre outros, punindo desnecessariamente a popu-
lação. Por tudo isso, um cidadão responsável: mantém-se
Ética e Cidadania sempre vigilante; fiscaliza o poder executivo diretamente
As instituições sociais e políticas têm uma história. É ou por intermédio do seu representante na Câmara, As-
impossível não reconhecer o seu desenvolvimento e o seu sembleia ou Congresso; nega o voto aos políticos ineficien-
progresso em muitos aspectos, pelo menos do ponto de tes ou corruptos, nas eleições.
vista formal.
Solidariedade
A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. As organizações empregam grande parte dos tributos
As mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar recolhidos para minimizar problemas sociais, os quais, por
apenas há 60 anos e os analfabetos apenas há alguns anos. sua vez, não são tão graves quanto os dos povos subde-
Chamamos isso de ampliação da cidadania (MARTINS, senvolvidos. Em países emergentes, como o Brasil, o Es-
2008). tado deve atender a tantas necessidades e os problemas
Existem direitos formais (civis, políticos e sociais) que são tão numerosos que sempre ficam enormes lacunas por
nem sempre se realizam como direitos reais. A cidadania preencher. Cabe aos cidadãos esclarecidos desdobrar-se
nem sempre é uma realidade efetiva e nem sempre é para para ajudar os marginalizados do sistema. Além dos tribu-
todos. A efetivação da cidadania e a consciência coletiva tos obrigatórios, tais organizações - como ONGs, hospitais,
dessa condição são indicadores do desenvolvimento moral instituições civis e religiosas, orfanatos, escolas especiais,
e ético de uma sociedade. creches, movimentos ou associações de pessoas portado-
Para a ética, não basta que exista um elenco de prin- ras de deficiência - tentam diversas fórmulas para canalizar
cípios fundamentais e direitos definidos nas Constituições. ajuda.
O desafio ético para uma nação é o de universalizar os di- Elas não só ajudam, mas fiscalizam as despesas, con-
reitos reais, permitido a todos cidadania plena, cotidiana e trolam contas e decidem, na medida do possível, sobre
ativa. aplicações de recursos arrecadados.
É preciso fundar a responsabilidade individual numa
ética construída e instituída tendo em mira o bem comum, Meio Ambiente
visando à formação do sujeito ético. Desse modo, será Encontramos enormes problemas em nossa sociedade
possível a síntese entre ética e cidadania, na qual possa que devem ser resolvidos, porém o homem nunca viveu
prevalecer muito mais uma ética de princípios do que uma tanto, nem teve tanta saúde como agora.
ética do dever. A responsabilidade individual deverá ser O principal problema do meio ambiente é que a po-
portadora de princípios e não de interesses particulares. pulação da Terra aumenta, mas os recursos naturais conti-
nuam os mesmos, com a ressalva de que, cada vez, produ-
Componentes Éticos e Cidadania zimos mais alimentos. Em contrapartida, também consumi-
A tendência da maioria é pensar que o funcionamen- mos mais, gerando enormes quantidades de detritos que
to da cidadania depende dos outros: prefeitos, vereadores, se voltam contra nós.
deputados, enfim, do governo. Uma pessoa exemplar com- Como seres humanos responsáveis, é necessário difun-
porta-se como se tudo dependesse do seu procedimento dir o hábito de poupar água, energia, reciclar o lixo, usar
pessoal e não do próximo. fontes alternativas de energia e controlar a natalidade.
Por outro lado, é preciso admitir que nenhum país é
subdesenvolvido por acaso, devido a uma série de coin- Transportes
cidências nefastas que acabaram prejudicando a nação ao O automóvel, por seu avanço tecnológico, impulsionou
longo do tempo, sem culpa de ninguém. A miséria é fruto o desenvolvimento da indústria automobilística e outros
da omissão e do descaso sistemáticos, da cobiça e da ga- setores ligados direta ou indiretamente a ela. As grandes
nância de alguns, durante séculos. cidades renderam-se aos carros, gerando o transporte indi-
A recuperação do tempo perdido exige uma mudança vidual e, com isso, reformaram-se as ruas, criaram-se aveni-
radical, a partir da consideração dos seguintes itens: das, tudo em função da sua circulação commaior rapidez.
O pedestre foi esquecido e também o ciclista. O trans-
Impostos porte público passou a um segundo plano. Resultado: o
O primeiro dever do cidadão responsável é colaborar mundo ficou refém do automóvel.
financeiramente no custeio das despesas comuns, como Em um engarrafamento qualquer, os motoristas perce-
por exemplo: pagar o Imposto Territorial Urbano, a Segu- bem que estão parados, a maioria deles a sós, espremidos
ridade Social e todos os tributos embutidos em serviços e entre quatro latas, querendo ir todos ao mesmo lugar, mas
alimentos. Pedir a nota fiscal ao efetuar qualquer compra. sem sucesso. Além de inviabilizar ou complicar os deslo-
Infelizmente, nem sempre os governantes se compor- camentos, o trânsito rodado enerva as pessoas, produz
tam de modo isento na hora de estabelecer a carga tributá- inúmeros acidentes, polui o ambiente e empobrece muitos

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usuários, que perdem grandes somas de dinheiro cada vez Já Srour diz que a ética estuda as morais e as morali-
que decidem trocar de carro - tudo isso em nome do pres- dades, analisando as escolhas que os agentes fazem em
tígio, da privacidade e de um ilusório conforto individual. situações concretas e se as opções escolhidas estão dentro
O homem esclarecido prefere o transporte público, só de padrões sociais. (1998, p.270-271). As definições cita-
se senta ao volante sóbrio, partilha sua condução com ami- das pelos dois autores atrelam a ética à moral. De acordo
gos, conhecidos ou colegas de trabalho. com Vazquez, a moral seria constituída dos atos humanos
conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam outros
Segurança indivíduos, grupos sociais ou a sociedade como um todo
(1993, p. 14).
No mundo em que vivemos, ninguém está livre de as-
Srour afirma que não devemos falar de uma “ética em
saltos. Pedestres, usuários de transportes coletivos e pro-
geral”, mas de morais claramente definidas.
prietários de veículos correm perigos semelhantes. Os la-
“As morais têm caráter exclusivamente social, não se
drões são, via de regra, inteligentes e preguiçosos. Alguns aplicam a atos pessoais que não afetem os outros ou que
escolhem suas vítimas pacientemente após um período de não produzam consequências sobre outrem. Expressam re-
observação. Alguns são mais rápidos e agem intuitivamen- lações de força e formam os núcleos de ideologias. Assim,
te. Mulheres e pessoas idosas correm mais riscos. A pes- para conhecer a moralidade de uma organização é preciso
soa circunspecta (que denota seriedade) toma distância de antes de tudo saber como se imbricam suas ideologias po-
pessoas envolvidas com drogas, veste-se de modo discre- lítica e econômica, porque toda ideologia comporta uma
to, evita lugares isolados, estacionamentos vazios ou terre- moral particular”. (SROUR, 1998, p.270).
nos baldios. Antes de estacionar ou parar, dá uma olhada As moralidades seriam as morais praticadas por orga-
em volta do carro. nizações e públicos que se aplicam os problemas do coti-
diano. Srour diz que a ética não se confunde com a moral.
Saúde Pública Na verdade, ela rege a conduta de indivíduos e organiza-
O zelo pela saúde individual tem sua dimensão social, ções dentro de padrões e princípios moralmente aceitáveis.
pois, cada vez que um cidadão adoece, a sociedade como A responsabilidade social é o comportamento que as
um todo fica prejudicada. empresas têm perante a sociedade, a postura que adotam
O cidadão ético evita que a água se acumule em qual- ao lidar com as questões e demandas do cotidiano, obe-
quer tipo de recipiente, para combater doenças parasitá- decendo a critérios e pressupostos éticos. De acordo com
Ferrell, Fraedrich e Ferrell, a “ética empresarial diz respeito a
rias, dá passagem imediata a veículos de emergência (am-
regras e princípios que pautam decisões de indivíduos e
bulância, polícia, bombeiros), dentre outras atitudes.
grupos de trabalho; a responsabilidade social refere-se ao
efeito das decisões de empresas sobre a sociedade”. (2001,
Serviços Públicos p. 08).
Delegacias, hospitais, escolas públicas e telefones so- Essa definição reforça a ideia de que a responsabilidade
frem terríveis desgastes nas mãos da população. Paredes, social nas empresas só poderá ser incorporada ao processo
objetos e móveis são arranhados, riscados, pichados, quan- diário de tomada de decisão se as organizações incluírem
do não arrancados do seu devido lugar, como é o caso do em sua filosofia e sua estratégia de ação, preocupações de
telefone público. natureza ética.
Um cidadão que se preza usa com cuidado os bens A conduta ética nas organizações também é defini-
comuns; colabora com as escolas públicas; ao sair com o da na transparência das empresas, nas relações com seus
animal de estimação para passear, limpa os detritos e ex- públicos e na preocupação que possuem com o impacto
crementos deixados por este no percorrer do passeio. das suas atividades na sociedade. Essa relação de confian-
Texto adaptado de: http://ftp.comprasnet.se.gov. ça contribui para o sucesso das empresas, sucesso que se
br/ sead/ licitacoes/ Pregoes2011/ PE 091/ Anexos/ reverte de forma financeira, graças à imagem que se tem
servi%E7o_publico_modulo_I/Apostila%20Etica%20no%20 das empresas e está relacionada à responsabilidade social.
Servi%E7o%20P%FAblico/Etica%20e%20Cidadania%20 Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/enferma-
no%20Setor%20P%FAblico.pdf gem/artigos/32818/a-etica-nas-organizacoes-e-a-respon-
sabilidade-social
“Ética empresarial compreende princípios e padrões Ética e Postura Profissional
que orientam o comportamento no mundo dos negócios”. Em um mundo empresarial onde a competição é cada
(Ferrell, Fraedrich e Ferrell, 2001, p. 07). vez mais acirrada, termos como ética e moral são cada vez
A responsabilidade social e a ética estão intrinseca- menos valorizados. Mas os bons profissionais de qualquer
mente ligadas. A ética é à base da responsabilidade social ramo de atividade devem manter uma postura ética para
e se expressa por meio dos princípios e valores adotados que possam ter sucesso em suas carreiras. O comporta-
pela organização na condução dos seus negócios. mento ético do bom profissional traz a garantia do respeito e
Vazquez define ética como “teoria ou ciência do com- da estabilidade no emprego. A atuação de acordo com os
portamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é valores morais da sociedade e da organização valoriza o
ciência de uma forma específica de comportamento huma- profissional e o transforma em um elemento importante
no”. (1993, p.12). dentro da estrutura da empresa.

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Porém, o que são a ética e a moral? Como podemos Um comportamento sempre ético não dá margens a
aplicá-las no dia a dia do trabalho? Como pensar em ser dúvidas com relação ao nosso caráter e à nossa integridade e
ético em uma sociedade onde a ética é cada vez menos nos confere o status de bom cidadão e bom profissional. O
valorizada? A resposta a estas perguntas nos mostrará nosso comportamento ético tem o poder de mudar o
como é importante o comportamento ético no ambiente meio em que vivemos. Por mais corrompido e difícil que
empresarial. Muitas vezes, confundimos ética com moral seja o ambiente externo (seja ele profissional ou não) cada
e, por isso, vamos definir cada um desses termos, para que um de nós possui a capacidade da alterá-lo por meio de
possamos compreender a diferença e a relação existente nossa postura individual.
entre eles. Se o meu comportamento é sempre ético, eu passo
Ética vem do grego ethos, que significa morada, lugar a ter a capacidade de exigir que o comportamento das
certo. São princípios universalizantes, perenes. Ética é a outras pessoas para comigo seja da mesma forma ético.
parte da filosofia que se preocupa com a reflexão a respei- O relacionamento com todos se altera a partir da minha
to das noções e princípios que fundamentam a vida moral. mudança individual. O meu comportamento ético fará com
Moral vem do latim mos, moris, que significa o modo de que as pessoas passem a me tratar de forma mais respeito-
proceder regulado pelo uso ou costume. Moral é o conjun- sa e justa. Dessa maneira, a minha opinião passa a ter mais
to de normas livres e conscientemente adotadas que visam
valor, minhas ações passam a ter mais peso e por fim minha
organizar as relações das pessoas na sociedade, tendo em
influência positiva na sociedade passa a ser sentida e me
vista o certo e o errado.
traz retornos positivos.
A Ética é a teoria e a Moral é a prática. A ética tem a ver
com os princípios mais abrangentes e universais, enquanto Por mais que meu comportamento ético não consiga
a moral se refere à conduta humana. A primeira aparece alterar a situação global do meio social onde estou inse-
como um horizonte que inspira, atrai e define o ser huma- rido, com certeza ele fará com que ocorra uma mudança
no, e a segunda seria o caminho que nos possibilita agir positiva da atitude das pessoas para comigo e isso me traz
com ética. Assim, um termo nasce do outro. efeitos muito positivos ao nível pessoal. Vale à pena ten-
Podemos então afirmar que os princípios éticos são tar! O maior beneficiado com a minha postura ética sou eu
aqueles princípios básicos que definem o comportamento mesmo e, portanto, trabalhar e viver com ética é o melhor
de todos os seres humanos. Mais abrangentes que as leis, caminho para trabalhar e viver com paz e tranquilidade e
os regulamentos e mesmo os costumes, os princípios da ser respeitado como profissional e cidadão.
ética valem para toda a sociedade e devem ser respeitados O comportamento ético é traduzido no ambiente de
por todos. Existem atos como o homicídio, o preconceito e trabalho por uma postura profissional adequada. Entende-
a discriminação que são vistos de forma negativa por toda -se por postura o modo como nos apresentamos junto aos
a sociedade e esta noção do que é certo e do que é errado nossos colegas profissionais e clientes. É a forma como po-
nos é transmitida por meio das gerações e se transforma demos externalizar o nosso profissionalismo interior por
no padrão ético de uma sociedade. intermédio de atitudes, gestos e dizeres. Logo, é impor-
A moral representa a interpretação e consolidação tante que nosso comportamento seja adequado para que
dos princípios éticos para a sua aplicação na sociedade. As possamos transmitir uma boa imagem pessoal em nosso
leis de um país ou o regulamento de uma empresa repre- ambiente de trabalho.
sentam o código moral que deve ser seguido por todos e O depoimento de um funcionário do restaurante de
representam de forma prática os preceitos éticos que são um hotel de alto padrão, em Belo Horizonte nos mostra
aceitos por todos os membros daquele grupo. Portanto, como o setor de alimentos e bebidas valoriza a boa postura
todos sabem o que é ou não é ético. Todos sabem distin- profissional:
guir o certo do errado em nossa sociedade. Todos devem [...] o mais difícil são as atitudes, os aspectos comporta-
conhecer as regras e normas de conduta que regem os có-
mentais. O comportamento é que faz a diferença no aten-
digos morais de nosso grupo social.
dimento. (...) Pode saber fazer, mas se não quiser, não faz.
Todos também têm a opção de agir ou não de forma
(...) Depois do comportamento é que vem o saber fazer,
ética. Cada ser humano, independente da sua origem, da
sua história e de seus antecedentes pode escolher o seu para manter o padrão do hotel. (AUTOR, ano, p.).
caminho. Os atos de cada um são uma escolha pessoal e a Muitos bons profissionais não são valorizados, pois
forma como cada um age depende de si próprio. transmitem uma imagem ruim de si, ou seja, não têm uma
E por que vale a pena ser ético? postura adequada. A busca por um profissional capaz de
Para que possamos agir de modo que as consequên- realizar um bom atendimento representa hoje uma grande
cias de nossas ações possibilitem a aceitação e aprovação preocupação dos estabelecimentos de alimentos e bebi-
de nosso comportamento pelo grupo social que nos cer- das, sejam estes de qualquer perfil ou porte.
ca e ao mesmo tempo para garantir a nossa qualidade de Os desafios do mercado são muitos, mas a postura
vida. Quando agimos de forma ética (de acordo com os como encaramos estes desafios faz toda a diferença. Se
princípios básicos de convivência e civilidade difundidos nos posicionarmos de forma ética, dinâmica, colaborativa
em nossa sociedade) e respeitamos a moral (as regras es- e hospitaleira estaremos de fato contribuindo para o nos-
critas e não escritas que determinam o comportamento de so crescimento profissional e para o sucesso da empresa
todos os membros de uma sociedade) somos respeitados como um todo. O bom profissional deve combinar um co-
por nossos atos e passamos a ser mais valorizados no jul- nhecimento técnico adequado com um comportamento
gamento de todos que nos cercam. desejável. Nenhum desses dois ingredientes sozinho pode

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construir um bom profissional. Somente a boa postura de Para que o ruído seja reduzido e o processo de comu-
um profissional sem conhecimento técnico não conduz ao nicação ocorra sem problemas deve haver a colaboração
sucesso, ao mesmo tempo em que os conhecimentos téc- do emissor e do receptor. As principais formas de cada um
nicos de um profissional não bastam se este não souber se destes elementos colaborar no bom processo de comuni-
comportar da maneira correta. cação são.
Algumas ferramentas comportamentais podem ser de No ato da comunicação cada pessoa sempre atua
grande auxílio na formação de um profissional com pos- como emissor e receptor simultaneamente, daí a necessi-
tura mais adequada. A comunicação interpessoal é um dade da atenção constante para que o processo se efetive
aspecto básico muito importante e pode auxiliar muito o com eficácia. Outro elemento da comunicação que é mui-
profissional a melhorar seus aspectos comportamentais. to importante para seu sucesso é o feedback, que pode
Deve ser entendida como uma das principais ferramentas
ser definido como retorno dado pelo receptor ao emissor,
de trabalho no restaurante. Independente do cargo e da
após ter recebido uma mensagem.
função exercida por cada um, todos têm que se comunicar
durante todo o tempo, seja com os clientes, com os cole- Um bom feedback dá fluidez à comunicação a
gas, ou com os outros setores. partir do momento em que auxilia emissor e receptor
Se cada funcionário souber a melhor forma de se co- a certificarem-se de que as informações estão sendo
municar o trabalho fica muito mais fácil e os problemas são transmitidas e entendidas de forma adequada. No processo
evitados, tornando o ambiente mais agradável e produti- de comunicação do restaurante é muito importante
vo. A boa comunicação deve partir de cada um de nós. É recebermos e valorizarmos o feedback de nossos clientes.
muito comum encontrarmos excelentes profissionais que Se levarmos em consideração tudo àquilo que o cliente nos
não conseguem mostrar todo o seu potencial no trabalho transmite saberemos de forma mais exata o que ele deseja,
devido a dificuldades de comunicação. A forma de se ex- necessita, pensa, sente e teremos melhores condições de
pressar é muito importante e pode ser a diferença entre um satisfazê-lo.
profissional medíocre de um funcionário eficiente e com Escutar sempre nossos clientes e procurar sempre dar
condições de progredir na carreira. um feedback positivo é uma ótima maneira de aprimorar o
Algumas regras básicas devem ser entendidas e apli- processo de comunicação e melhorar a qualidade do servi-
cadas para que cada um consiga se comunicar da melhor ço prestado. Além da comunicação outras pequenas atitu-
maneira possível. Isso não significa que existe um modo des podem fazer a diferença no momento do atendimento
único de nos comunicarmos. Na verdade cada um tem seu ao cliente.
próprio estilo de comunicação e isso deve ser respeitado.
FONTE: http://www.portaleducacao.com.br/ini-
Porém todos os tipos de pessoa (os tímidos, os extroverti-
dos, os falantes, os calados, etc.) podem aprimorar a forma ciacao-profissional/artigos/17750/etica-e-postura-
como se comunicam com os outros e utilizar a boa comu- -profissional#!4#ixzz4DqBCNcjy
nicação como ferramenta de trabalho.
O termo comunicação vem do latim communicatione
e significa tornar comum, transmitir. A comunicação não
inclui apenas mensagens que as pessoas trocam de for- NOÇÕES DE CIDADANIA: CONCEITO,
ma voluntária entre si. As mensagens podem ser trocadas DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAISDO
consciente ou inconscientemente. A comunicação é uma CIDADÃO BRASILEIRO, DIREITOS SOCIAIS
transmissão e recepção de ideias, de informações e de sen- E POLÍTICOS (CONSTITUIÇÃO FEDERAL);
timentos e tem como principais componentes o emissor, o CIDADANIA E MEIO AMBIENTE;
receptor, a mensagem e o código (veículo em que a infor-
mação é transmitida).
Neste processo o emissor (pessoa que tem uma infor-
mação para repassar), utilizará algum tipo de código (ou O que é Cidadania:
linguagem) para que o receptor (pessoa ou grupo de pes- Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, po-
soas a que se destina a informação) a compreenda. Após líticos e sociais estabelecidos na Constituição de um país.
a sua codificação, a informação transforma-se em mensa- A cidadania também pode ser definida como a con-
gem que será transmitida do emissor para o receptor (ou
dição do cidadão, indivíduo que vive de acordo com um
receptores) por meio de um meio específico.
conjunto de estatutos pertencentes a uma comunidade
O processo de comunicação é bem-sucedido quando
politicamente e socialmente articulada.
o receptor capta a informação transmitida com o mínimo
de distorção (ou diferenças) em relação à informação ori- Uma boa cidadania implica que os direitos e deveres
ginal. É um processo que parece simples, mas que pode estão interligados, e o respeito e cumprimento de ambos
ser prejudicado por vários fatores, que são chamados de contribuem para uma sociedade mais equilibrada e justa.
ruídos de comunicação. Os ruídos podem partir do emis- Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e
sor, do receptor ou do meio ambiente onde se desenvolve obrigações, garantindo que estes sejam colocados em prá-
o processo de comunicação. Quanto menor a quantidade tica. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das dispo-
de ruído presente na comunicação maior às chances de se sições constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício
obter um bom resultado. da cidadania é um dos objetivos da educação de um país.

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O conceito de cidadania também está relacionado com II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
o país onde a pessoa exerce os seus direitos e deveres. As- alguma coisa senão em virtude de lei;
sim, a cidadania brasileira está relacionada com o indivíduo III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
que está ligado aos direitos e deveres que estão definidos mento desumano ou degradante;
na Constituição do Brasil. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
Para ter cidadania brasileira, a pessoa deve ter nascido dado o anonimato;
em território brasileiro ou solicitar a sua naturalização, em V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
caso de estrangeiros. No entanto, os cidadãos de outros agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
países que desejam adquirir a cidadania brasileira devem imagem;
obedecer todas as etapas requeridas para este processo. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
Uma pessoa pode ter direito a dupla cidadania, isso sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
significa de deve obedecer os diretos e deveres dos países garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
em que foi naturalizada. suas liturgias;
A Constituição da República Federativa do Brasil, pro- VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
mulgada em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia Nacio- assistência religiosa nas entidades civis e militares de inter-
nal Constituinte, composta por 559 congressistas (deputa- nação coletiva;
dos e senadores), consolidou a democracia, após longos VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
anos da ditadura militar no Brasil. crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal-
vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
Deveres do cidadão imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada
- Votar para escolher os governantes; em lei;
- Cumprir as leis; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
- Educar e proteger seus semelhantes; tica, científica e de comunicação, independentemente de
- Proteger a natureza; censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
- Proteger o patrimônio público e social do País.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza-
Direitos do cidadão ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-
ção;
- Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previ-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
dência social, lazer, entre outros;
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
- O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
mas precisa assinar o que disse e escreveu; socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
- Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
e na sua ação na sociedade; municações telegráficas, de dados e das comunicações
- O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofí- telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
cio ou profissão, mas a lei pode pedir estudo e diploma hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de in-
para isso; vestigação criminal ou instrução processual penal;
- Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, pu- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
blicá-la e tirar cópia, e esse direito passa para os seus her- profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
deiros; estabelecer;
- Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
para seus herdeiros; resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer-
- Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cício profissional;
cidade para outra, ficar ou sair do país, obedecendo a lei XV - é livre a locomoção no território nacional em tem-
feita para isso. po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
Fonte: http://www.significados.com.br/cidadania/ nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
TÍTULO II mas, em locais abertos ao público, independentemente de
Dos Direitos e Garantias Fundamentais autorização, desde que não frustrem outra reunião ante-
CAPÍTULO I riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de vedada a de caráter paramilitar;
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, interferência estatal em seu funcionamento;
nos termos seguintes: XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão ju-
ções, nos termos destaConstituição; dicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

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XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
permanecer associado; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a or-
XXI - as entidades associativas, quando expressamente ganização que lhe der a lei, assegurados:
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filia- a) a plenitude de defesa;
dos judicial ou extrajudicialmente; b) o sigilo das votações;
XXII - é garantido o direito de propriedade; c) a soberania dos veredictos;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- sos contra a vida;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou por XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
interesse social, mediante justa e prévia indenização em nem pena sem prévia cominação legal;
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
-XnXoVcaso de iminente perigo público, a autoridade réu;
competente poderá usar de propriedade particular, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dos direitos e liberdades fundamentais;
dano;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
- XaLIIIlei considerará crimes inafiançáveis e
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de fi- insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
nanciar o seu desenvolvimento; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de uti- os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
lização, publicação ou reprodução de suas obras, transmis- os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
sível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; se omitirem; (Regulamento)
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
a) a proteção às participações individuais em obras co- ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive constitucional e o Estado Democrático;
nas atividades desportivas; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
mico das obras que criarem ou de que participarem aos perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
sindicais e associativas; do patrimônio transferido;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adota-
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como rá, entre outras, as seguintes:
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, a) privação ou restrição da liberdade;
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo b) perda de bens;
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológi- c) multa;
co e econômico do País; d) prestação social alternativa;
XXX - é garantido o direito de herança; e) suspensão ou interdição de direitos;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no XLVII - não haverá penas:
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônju- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
ge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais termos do art. 84, XIX;
favorável a lei pessoal do “de cujus”; b) de caráter perpétuo;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa c) de trabalhos forçados;
do consumidor;
d) de banimento;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
e) cruéis;
cos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos dis-
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo tintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; do apenado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
do pagamento de taxas: física e moral;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa L - às presidiárias serão asseguradas condições para
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; que possam permanecer com seus filhos durante o período
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, de amamentação;
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o na-
interesse pessoal; turalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi- naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ciário lesão ou ameaça a direito; ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
jurídico perfeito e a coisa julgada; crime político ou de opinião;

6
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que
pela autoridade competente; a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogati-
bens sem o devido processo legal; vas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- LXXII - conceder-se-á habeas data:
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o con- a) para assegurar o conhecimento de informações re-
traditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
inerentes; bancos de dados de entidades governamentais ou de ca-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas ráter público;
por meios ilícitos; b) para a retificação de dados, quando não se prefira
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
em julgado de sentença penal condenatória; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
LVIII - o civilmente identificado não será submetido ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à mo-
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
ralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
lei; (Regulamento).
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação -fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
pública, se esta não for intentada no prazo legal; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judi-
social o exigirem; ciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou na sentença;
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou cri- bres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
me propriamente militar, definidos emlei; a) o registro civil de nascimento;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se b) a certidão de óbito;
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha-
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; beas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercí-
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre cio da cidadania.
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assistência da família e de advogado; assegurados a razoável duração do processo e os meios
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsá- que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído
veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
autoridade judiciária; fundamentais têm aplicação imediata.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
fiança; por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do República Federativa do Brasil seja parte.
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma
abuso de poder; deste parágrafo)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro- § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
teger direito líquido e certo, não amparado por habeas cor- Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
pus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de 2004)
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Pú-
blico; CAPÍTULO II
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im- DOS DIREITOS SOCIAIS
petrado por:
a) partido político com representação no Congresso Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
Nacional; mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional
ou associados; nº 90, de 2015)

7
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XXIV - aposentadoria;


além de outros que visem à melhoria de sua condição so- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
cial: desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e
I - relação de emprego protegida contra despedida ar- pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
bitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complemen- 53, de 2006)
tar, que preverá indenização compensatória, dentre outros XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
direitos; letivos de trabalho;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in- XXVII - proteção em face da automação, na forma da
voluntário; lei;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente uni- do empregador, sem excluir a indenização a que este está
ficado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
e às de sua família com moradia, alimentação, educação, XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das rela-
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; anos após a extinção do contrato de trabalho;(Redação
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexi- dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
dade do trabalho; a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitu-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em cional nº 28, de 25/05/2000)
convenção ou acordo coletivo; b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitu-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para cional nº 28, de 25/05/2000)
os que percebem remuneração variável; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
integral ou no valor da aposentadoria; idade, cor ou estado civil;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
diurno; salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo deficiência;
crime sua retenção dolosa; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincula- técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
da da remuneração, e, excepcionalmente, participação na XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
gestão da empresa, conforme definido em lei; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
XII - salário-família pago em razão do dependente do menores de dezesseis anos, salvo na condição de apren-
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação diz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
compensação de horários e a redução da jornada, median- Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
te acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decre- balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV,
to-Lei nº 5.452, de 1943) VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabe-
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação lecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
coletiva; das obrigações tributárias, principais e acessórias, decor-
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os pre-
aos domingos; vistos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, sua integração à previdência social. (Redação dada pela
no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
5.452, art. 59 § 1º) Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo servado o seguinte:
menos, um terço a mais do que o salário normal; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
do salário, com a duração de cento e vinte dias; competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; intervenção na organização sindical;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- II - é vedada a criação de mais de uma organização
diante incentivos específicos, nos termos da lei; sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; será definida pelos trabalhadores ou empregadores inte-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por ressados, não podendo ser inferior à área de um Município;
meio de normas de saúde, higiene e segurança; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
XXIII - adicional de remuneração para as atividades pe- coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
nosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; judiciais ou administrativas;

8
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública
se tratando de categoria profissional, será descontada em Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias,
folha, para custeio do sistema confederativo da represen- as providências necessárias à plena vigência do Código de
tação sindical respectiva, independentemente da contribui- Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Co-
ção prevista em lei; missão de Ética, integrada por três servidores ou empre-
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.
filiado a sindicato; Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne- será comunicada à Secretaria da Administração Federal da
gociações coletivas de trabalho; Presidência da República, com a indicação dos respectivos
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- membros titulares e suplentes.
tado nas organizações sindicais; Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado blicação.
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até 106° da República.
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
grave nos termos da lei. ANEXO
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
Código de Ética Profissional do Servidor Público
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
Civil do Poder Executivo Federal
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
CAPÍTULO I
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
Seção I
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-
-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defen- Das Regras Deontológicas
der.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciên-
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis cia dos princípios morais são primados maiores que devem
da comunidade. nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação
penas da lei. do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e ati-
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores tudes serão direcionados para a preservação da honra e da
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em tradição dos serviços públicos.
que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
objeto de discussão e deliberação. elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que de-
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, cidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto,
é assegurada a eleição de um representante destes com a o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inopor-
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento tuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
direto com os empregadores. consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
Constituição Federal.
III - A moralidade da Administração Pública não se limi-
ta à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida
CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
(DECRETO FEDERAL Nº 1.171/94); entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato ad-
ministrativo.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pe-
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 los tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até
por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida,
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú- que a moralidade administrativa se integre no Direito,
blico Civil do Poder Executivo Federal. como elemento indissociável de sua aplicação e de sua
finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribui- legalidade.
ções que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante
1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado
de 1992, como seu maior patrimônio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício pro-
DECRETA:
fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con-
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com
duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
este baixa.
diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

9
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investiga- c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
ções policiais ou interesse superior do Estado e da Admi- integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
nistração Pública, a serem preservados em processo previa- estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa
mente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade para o bem comum;
de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficá- d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
cia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimen- dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
to ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. coletividade a seu cargo;
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos inte- aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o
resses da própria pessoa interessada ou da Administração público;
Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se so- f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
bre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou princípios éticos que se materializam na adequada presta-
da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade ção dos serviços públicos;
humana quanto mais a de uma Nação. g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo ção, respeitando a capacidade e as limitações individuais
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela de todos os usuários do serviço público, sem qualquer es-
disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos pécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, naciona-
direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da lidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social,
mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral;
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento de representar contra qualquer comprometimento indevi-
e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de do da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-
suas esperanças e seus esforços para construí-los. cos, de contratantes, interessados e outros que visem obter
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em
de solução que compete ao setor em que exerça suas fun- decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denun-
ções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer ciá-las;
outra espécie de atraso na prestação do serviço, não carac- j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-
teriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanida- cias específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
de, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
serviços públicos. sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletin-
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or- do negativamente em todo o sistema;
dens legais de seus superiores, velando atentamente por m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligen- qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigin-
te. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios do as providências cabíveis;
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-
mesmo imprudência no desempenho da função pública. lho, seguindo os métodos mais adequados à sua organiza-
ção e distribuição;
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo-
o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço públi-
nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo
co, o que quase sempre conduz à desordem nas relações
por escopo a realização do bem comum;
humanas.
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a es-
das ao exercício da função;
trutura organizacional, respeitando seus colegas e cada
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas
concidadão, colabora e de todos pode receber colabora-
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce
ção, pois sua atividade pública é a grande oportunidade
suas funções;
para o crescimento e o engrandecimento da Nação. r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função,
Seção II
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez,
Dos Principais Deveres do Servidor Público mantendo tudo sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: quem de direito;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, fun- t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun-
ção ou emprego público de que seja titular; cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente serviço público e dos jurisdicionados administrativos;
resolver situações procrastinatórias, principalmente diante u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na presta- poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse
ção dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, público, mesmo que observando as formalidades legais e
com o fim de evitar dano moral ao usuário; não cometendo qualquer violação expressa à lei;

10
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar
classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulan- sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com
do o seu integral cumprimento. as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe
conhecer concretamente de imputação ou de procedimen-
Seção III to susceptível de censura.
Das Vedações ao Servidor Público XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
ganismos encarregados da execução do quadro de carreira
XV - E vedado ao servidor público; dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos
tempo, posição e influências, para obter qualquer favoreci- os demais procedimentos próprios da carreira do servidor
mento, para si ou para outrem; público.
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comis-
servidores ou de cidadãos que deles dependam; são de Ética é a de censura e sua fundamentação constará
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co- do respectivo parecer, assinado por todos os seus integran-
nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao tes, com ciência do faltoso.
Código de Ética de sua profissão; XXIV - Para fins de apuração do comprometimento éti-
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o co, entende-se por servidor público todo aquele que, por
exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando- força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste
-lhe dano moral ou material; serviços de natureza permanente, temporária ou excepcio-
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao nal, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal,
seu mister; como as autarquias, as fundações públicas, as entidades
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca- paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de eco-
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram nomia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o inte-
no trato com o público, com os jurisdicionados adminis- resse do Estado.
trativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou
inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis-
são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, fa-
miliares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo
fim;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
encaminhar para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
do atendimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse
particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente
ao patrimônio público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de pa-
rentes, de amigos ou de terceiros;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
habitualmente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa
humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE ÉTICA

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administra-


ção Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacio-
nal, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribui-
ções delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma

11
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Na formação cultural brasileira distinguem-se duas


vertentes principais. Na primeira delas incluímos a «Cul-
tura Negra”, de procedrncia africana, e a “Cultura Índia”,
autóctone. Na segunda, a “Cultura Europeia Latina”.
Agrupamos a “Cultura Negra” e a “Cultura Índia”
numa mesma vertente pelo fato de se encontrarem num
mesmo nível de desenvolvimento: o pré-lógico ou eco-
lógico. Nestas culturas a problemática central de sobre-
vivência gira em torno da adaptação ao meio físico. São
sociedades sem destino, sem significação (numa acepção
estritamente técnica) e sem “projeto”. Vivenciam assim um
tempo cósmico, a-histórico, circular da revolução dos as-
tros e da recorrrncia das estações do “ano”.
Dada a proeminência da adaptação à natureza, seus
deuses são o resultado da absolutização dos próprios fe-
nômenos e forças naturais, onde a fertilidade - tanto a hu-
mana quanto a da natureza - ganha um papel de relevo.
Sociedades sem escrita. Sua macro organização não vai
CONHECIMENTOS BÁSICOS DA POLÍTICA além da tribo ou de uma eventual e frágil aliança intertri-
BRASILEIRA; CULTURA E SOCIEDADE bal. A liberdade individual não é exercida pois a sociedade
BRASILEIRA; absorve inteiramente a individualidade. Não há justifica-
tiva para a iniciativa individual pois, em última instância,
são os seus deuses que lançam os dados do destino. Mais
valem as «ações» propiciatórias da fortuna do que ações
Trataremos neste texto, de modo sumário, das carac- decorrentes e consequentes de um «projeto».
terísticas básicas da sociedade brasileira e dos “projetos” É uma cultura muito pouco afeita à abstração. Com
sociais ora em curso. grande dificuldades de compreensão dos conceitos que
A seguir faremos uma breve avaliação das perspectivas não possuem um referente visível. O plano verbal conser-
da sociedade brasileira a partir do confronto de suas carac- va-se muito próximo do plano das coisas, o que facilita so-
terísticas e dos referidos “projetos” sociais. bremaneira a confusão de planos. As dificuldades da vida
Finalmente descreveremos, suscintamente, os esforços concreta são transpostas para o plano verbal e verbalmente
desenvolvidos pelo Governo Sarney, seguidos de uma ava- resolvidas na expectativa de que esta solução se transporte
liação crítica e de um ensaio de suas perspectivas de maior de volta à vida concreta. Para resolver problemas apelam
ou menor êxito. para a magia, trocam nomes, expurgam índices e assim por
diante.
Características Básicas A segunda vertente da formação de nossa cultura - a
Ainda por efeito da influência das doutrinas sociais de contribuição propriamente ocidental - nos vem de Portu-
cunho materialista surgidas em meados do Século XIX, ge- gal: a “Cultura Européia Latina” que a muitos parece ser
neralizou-se o uso das análises e explicações exclusiva- uma mera versão, em contraposição à “Cultura Anglo-Sa-
mente técnico-econômicas dos fenômenos sociais. Ma- xônica”, de uma só “Cultura Ocidental Cristã”.
terialismo usado, atualmente, tanto à direita quanto à Em verdade, entretanto, a “Cultura Europeia Latina”
esquerda. não passa de mera estratificação de uma cultura de tran-
Embora os aspectos econômicos da sociedade tenham sição que surge da passagem da «Cultura Cristã Medie-
o seu peso específico, nunca desprezível, somos da opinião val” para a “Cultura Ocidental Moderna” ou “Anglo-Sa-
que as análises de cunho cultural tem um maior poder xônica”.
explicativo, em especial nas análises de longo prazo. Mais Este período de transição tem suas balisas. De um lado,
especialmente quando nossos objetos de análise são os com a imposição do aristotelismo tomista como doutrina
povos que se encontram fora do núcleo dinâmico do capi- exclusiva e oficial da Igreja Romana em meados do sécu-
talismo moderno: Europa e Estados Unidos. lo XIII. De outro lado, com a vitória dos liberais burgueses
Este é precisamente o nosso problema neste item contra o absolutismo real nas revoluções que varreram a
deste trabalho. Por isso começaremos a caracterização Europa nos fins do século XVI. Portugal é uma das na-
da sociedade brasileira por seus traços culturais básicos. ções onde veio dominar a versão aristotélico tomista do
Posteriormente passaremos pelos traços econômicos e cristianismo. Uma das nações onde a revolução liberal
políticos. perdeu a parada para a realeza aliada à hierarquia re-
Traços Culturais Básicos ligiosa.
Podemos sintetizar a condição cultural brasileira com Ficou pois como traço fundamental destas estratifica-
uma única expressão: “Fragilidade Cultural”. Senão veja- ções culturais o “sistema” e a “hierarquia”. A realidade
mos. social são os “papéis” que o sistema define e hierarquiza;
que o sistema estrutura: estática e definitivamente.

12
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Nesta cultura uns poucos ousam subtrair-se ao “sis- O que se pode considerar de verdadeiramente co-
tema”, mas para, certamente, a ele retornar. Não são ino- mum na cultura brasileira é um pequeno e pouco
vadores, nem inventores, muito menos contestadores do complexo conjunto de regras sintáticas e um vocabulário
sistema. São apenas aventureiros. Não saem ao encontro que se situa entre 3.000 e 5.000 palavras. Algo de tão pobre
do próprio futuro, o que no íntimo seria pecado mortal que mais que justifica a expressão correntemente utilizada
contra o sistema que justamente veio para abolir: o futu- de «milagre» da integridade nacional.
ro. Saem para uma aventura no caos e à barbárie, carac- A partir da Segunda Guerra Mundial vem se introdu-
terísticas do que está fora dos limites do sistema. O que zindo uma nova componente na delicada estrutura cul-
almejam é a reinserção no mesmo sistema, apenas num tural brasileira. Trata-se da penetração da “Cultura Oci-
“papel” de maior relevo e/ou hierarquia. Esta saída tempo- dental Anglo-Saxônica”, seja através da importação da
rária do sistema é apenas para dar oportunidade à fortuna técnica, seja pela importação de vocábulos, da música, de
para escolhê-lo. No fundo, esta saída é apenas uma ventu- filmes, de padrões valorativos, etc. Não se deve desconsi-
ra propiciatória. derar ainda a larga penetração das confissões protestantes,
Na cultura do sistema não há lugar para o projeto. em especial nas camadas de mais baixa renda.
O futuro não se faz ou se quer. Ele é resultado do jogo de Com tudo isso não diremos que irá piorar a nossa situa-
permutação de Deus. O sistema apenas funciona e nada ção mas tão somente complicar ainda mais a problemática
mais. cultural brasileira.
A cultura do sistema é uma cultura sem identida- Resumindo, diríamos que a “Fragilidade Cultural Bra-
de. Sem retrospectiva histórica e, consequentemente, sem sileira” decorre do dualismo cultural nacional. Este dualis-
prospectiva. Uma cultura que só pode sobreviver numa mo facilita a dominação cultural. Esta dominação, por sua
condição de dependência política e econômica de uma vez, se torna a base para os demais modos de dominação: a
cultura que se assume “projeto”, como a “Cultura Oci- econômica e a política.
dental Anglo-Saxônica”, como era a Inglaterra. E ela Portu- Traços Econômicos Básicos
gal se acomodou. A situação brasileira, sob o prisma econômico, pode
Estas duas componentes da formação cultural brasilei- ser, sinteticamente, caracterizada pela expressão “Depen-
ra são o bastante para caracterizá-la no que ela tem de dência”.
essencial. Este tem sido um tema exaustivamente estudado por
O desnível lógico entre estas culturas - as culturas economistas e sociólogos fato que nos dispensa de tecer
negra e índia são pré-lógicas e a cultura europeia latina maiores explicações de ordem geral.
é lógico formald-á ensejo a que se instaure uma domi- No entanto, se recordarmos as três fases por que pas-
nação cultural fácil e sem riscos porque é uma dominação sou a economia moderna veremos que nenhuma delas se
quase-imperceptível, com base na qual pode-se exercer consumou no Brasil.
uma duradoura dominação política e econômica. Na primeira delas estabeleceu-se a conjugação do
É importante notar que não se trata, em absoluto, de processo de acumulação de capital com o processo de
qualquer fenômeno de natureza racial, mas tão somente geração interna de ganhos de produtividade. Esta con-
de natureza cultural. Tanto é assim que o que original- jugação se sustenta numa infraestrutura educacional bá-
mente poder-se-ia denominar cultura negra hoje é cultura sica universalizada e nos centros de excelência técni-
do “povão”, não importando a origem étnica dos que a as- co- científica. Tal fenômeno social ainda não veio a ocorrer
sumem. De igual modo, a cultura europeia latina tornou- no Brasil, onde há um processo de acumulação de capital
-se hoje a cultura da “elite”, nela incluindo-se a cultura da porém sem a condição essencial de sua continuidade, que
classe média, sem distinção racial. ainda não foi internalizada.
O Brasil não possui uma cultura mas um “empilha- Na segunda fase o sistema moderno se estende à
do cultural hierarquizado”. área rural permitindo que o processo de desenvolvimento
Do ponto de vista externo prevalece, como seria natural, urbano encontre no interior da nação as condições de sua
o aspecto cultural latino. Aparecemos como uma cultura continuidade em termos de fornecimento de alimentos
dependente, sempre em busca dos modelos externos, e matérias primas a custos progressivamente reduzidos.
desvalorizando toda eventual criação cultural interna Além disso, esta modernização libera mão de obra do
ou só a valorizando quando previamente aprovada no campo a ser incorporada à economia urbana. No Brasil
exterior. Não é necessário dar exemplos pois trata-se de este processo também não se realizou: permanece ainda,
fenômeno corriqueiro, de todos os dias, de todas as horas. em grande escala, o dualismo econômico cidade/campo.
A dominação interna e a dependência externa se Na terceira fase o Estado assume um papel de coor-
realimentam. A elite cultural - que mais ou menos coinci- denador econômico promovendo a estabilidade de cur-
de com a elite econômica e com a elite política - na medida to prazo e o fomento do desenvolvimento tecnológi-
que se submete aos modelos externos vê-se compelida a co que a longo prazo viabiliza o funcionamento do proces-
compensar esta submissão reforçando sua dominação in- so global de desenvolvimento. No Brasil, só na aparência
terna. E na medida que permanece fácil e pouco onerosa este processo veio a ocorrer.
a dominação interna, menos capacidade mobilizatória ela O Estado, na verdade, tem um baixo poder de coor-
tem para reagir à dominação externa, o que alimenta a es- denação e é justamente por isso que se vale das empre-
tabilidade desta configuração cultural patológica. sas estatais. O poder regulador do estado não decorre do

13
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

número de suas instituições e do volume de seu pessoal, Entrementes, não está ainda aí a causa fundamental de
mas sim da outorga de um poder pela sociedade civil, nossas dificuldades, mas sim na dependência tecnológi-
em particular pelos grandes grupos empresariais, o que até ca. E sobre isso a sensibilidade política nacional conti-
hoje não ocorreu no Brasil. nua a ser quase nenhuma.
Ademais, a problemática “estatal x privado” não é Dos cinco elementos estruturais que caracterizam
uma questão objetiva mas sim psicológica. Em essência, a economia moderna (a iniciativa econômica, o mercado
o que aí se contrapõe é a perspectiva do interesse coleti- de trabalho, o mercado de bens e serviços, o mercado
vodcoom a interesse individual. A solução não é menos financeiro e o mercado de conhecimentos), não são poucos
individual nem menos coletivo, mas sim mais de ambos. É em nossa elite dirigente que propõe como solução:
um problema de natureza cultural. para a iniciativa econômica: a “joint-
É fundamental que aprendamos a cada vez mais venture”;
preservar o interesse coletivo sem nada subtrair do para o mercado financeiro: a entrada do capital
espaço do interesse individual e, ao mesmo tempo, que estrangeiro;
aprendamos a ampliar o espaço da iniciativa individual para o mercado de conhecimentos: a aquisição de
sem nada subtrair do interesse coletivo. patentes.
Quanto mais elevado o “produto” de ambos maior o De nacional teríamos apenas o mercado e o trabalho.
grau de desenvolvimento cultural de um povo. Com uma Enfim uma proposta que traduz uma atitude em nada
metáfora “eletrônica” é possível dizer que o importante é diferente das que tiveram os sobas das tribos da África em
melhorar a “figura de mérito”, possibilitando, ao mesmo relação ao seu povo ante os mercadores de escravos euro-
tempo, maior ganho e maior largura de faixa. E isto é pos- peus do século XVI ao século XIX. Atitude diametralmente
sível, neste caso, com a promoção do desenvolvimento oposta a dos mandarins japoneses ante as mesmas pres-
tecnológico propiciatório de ganhos crescentes de produ- sões: ao invés de venderem os de seu próprio povo, prefe-
tividade. riram reformar a escrita e alfabetizá-lo.
Traços Políticos Básicos
Recapitulando: o Brasil não completou nenhuma das
três revoluções que marcaram o curso das economias A dimensão política da sociedade, como já dissemos,
modernas. é fundamentalmente tributária de sua dimensão cultural.
Como terá sido então possível alcançar o nível de pro- A solidez cultural é justamente aquilo que mais con-
tribui em favor da integridade, da unidade, de uma nação,
dução que ora possuímos? Não há outra resposta: chega-
enquanto que o econômico, inexoravelmente, trabalha no
mos a este nível pelo atrelamento às economias desenvol-
sentido de sua fragmentação e de sua diferenciação.
vidas. Pela aceitação da condição de dependência. Não se
O corolário, quase que imediato, da “fragilidade cultu-
caminha de moto próprio. Se é simplesmente arrastado
ral” da sociedade brasileira é o “primarismo político”.
pelo “projeto”, pelo desenvolvimento e pelas necessi-
Primarismo que se caracteriza pelo fato de que, dei-
dades de outras nações.
xados à sua sorte, os agentes políticos se estruturam e
Acrescente-se ainda que a estabilidade desta situação
funcionam como num “jogo de soma negativa”. Definem,
patológica resulta da realimentação que a dependência implícita e inconscientemente, as regras do jogo político
externa mantém com o dualismo econômico interno: seja de modo tal que, embora alguns possam eventualmente
social, seja regional, seja ainda aquele de cidade/campo. ganhar, a soma total dos ganhos é sempre menor que a
Uma imagem especular da configuração cultural do país. soma total das perdas de cada um. Nestas condições o
O dualismo interno leva a que a economia volte-se livre jogo de interesses só encontra seu ponto de equilíbrio
para o exterior. No entanto, como dois dos mais importan- numa situação em que, coletivamente, ocorre a perda.
tes fatores de produção da economia moderna - “o capital” Nas sociedades com maior solidez cultural os conflitos
e a “tecnologia” - são relativamente caros em relação aos não são abolidos. Mas esta solidez cultural leva a que pon-
dos países desenvolvidos o único meio de viabilizar a ex- to de vista coletivo seja, explícita ou implicitamente, con-
portação é o aviltamento do custo do trabalho. siderado no estabelecimento e no comprometimento com
A relação de troca nos últimos seis anos cai quase 50% as regras do jogo político. Este comprometimento se tra-
(cinquenta por cento). Tivemos que exportar quase o do- duz na garantia de que, em princípio, todos ganharão:
bro do que exportávamos no fim da última década para uns mais outros menos. Ou, se a perda é inexorável para
conseguir a mesma receita. alguns, a perda global éminimizada.
Se atentarmos, ainda, para o fato que o setor exporta- Ocorre, entretanto, que as perdas coletivas frequentes
dor valeu-se, em muitos casos, de empréstimos externos, e continuadas são intoleráveis quando efetivamente rea-
a variação da relação de troca faz com que o juro real (em lizadas. Tais perdas leva a todos, senão a maioria, a mais
termos de quantum de mercadorias) destes empréstimos cedo ou mais tarde, a abrirem mão de sua liberdade indivi-
hoje, sem contar com o aumento de taxas nominais de juro, dual de escolha em proveito de um personagem social que
situe-se acima de 30% (trinta por cento) ao ano. habilmente se apresenta como restaurador da integridade
O grave da dívida externa não é o seu montante social.
mas sim o juro real que pagamos por ela, o que exige do As frequentes intervenções militares no Brasil, como de
Governo uma corajosa postura para enfrentar este proble- resto na maioria das nações subdesenvolvidas, não são um
ma frente aos nossos credores. Para isso é preciso que ele mero acidente, mas algo que decorre da própria estrutura
conte com amplo e sólido apoio da sociedade civil. social brasileira. Decorre do primarismo político brasileiro,
fruto de sua fragilidade cultural.

14
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Na nossa sociedade, o modo como se dá o processo O País na Encruzilhada


de abertura política, concomitantemente, planta as semen- Se esta caracterização é válida para todas as nações
tes de um futuro fechamento. Como a nova intervenção periféricas, aqui no Brasil ela se apresenta com uma carac-
de força, evidentemente, não pode dar solução a um pro- terística suplementar que, de certo modo, nos coloca numa
blema eminentemente cultural, a configuração fechada, situação de excepcionalidade.
progressivamente, se desgasta abrindo espaço a uma nova Pelo volume dos nossos recursos naturais, pela exten-
abertura. E assim sucessivamente. Este fenômeno foi des- são territorial e pela população relativamente grande o
crito por Golbery através do seu modelo das “Sístoles e volume global da produção começa a atingir níveis com-
Diástoles”. paráveis e até mesmo superiores aos de alguns países do
A representatividade é frequentemente fraudada, centro. O Brasil, hoje, é a oitava economia do Ocidente.
sem que a traição da confiança pague qualquer preço. O
eleitor brasileiro, em sua grande maioria, não tem a menor Esta convivência da dependência com o gigantismo
compreensão do que seja o compromisso representativo e, econômico é o grande paradoxo do Brasil atual.
praticamente, não tem memória. O Brasil deixou de ser, pelo seu porte, uma nação eco-
No estrato econômico inferior de nossa sociedade, que nomicamente subdesenvolvida. Pela sua dependência tec-
é aquela onde predomina a componente cultural ecológica nológica não é ainda uma nação desenvolvida.
ou pré-lógica, a distância que separa a dimensão emocio-
Bem ou mal, mesmo na ausência de um claro projeto
nal (analógico) da dimensão cognitiva (simbólico conven-
nacional, acabamos chegando a uma encruzilhada.
cional) é mínima. Em consequência se torna extremamen-
te fácil o processo de manipulação ideológica por parte Não se irá muito longe se, do lado da produção, man-
da elite (política, econômica e cultural). tivemo-nos:
Como contrapartida a esta manipulação ideológica, a em estado de dependência tecnológica;
nação como um todo se submete facilmente às pressões no descaso com a formação de recursos humanos
políticas externas. O interesse nacional é permanente- de boa qualificação;
mente alvo de negociação. Se bem que temos notado com baixo nível de formação interna de capital;
alguns sinais de mudança, ainda que tênues, neste com- com baixa iniciativa empresarial;
portamento. com baixa integração entre os setores público e
Desta forma, a estrutura interna reforça a externa e vi- privado.
ce-versa, dando-lhes, no conjunto, uma grande estabilida- No lado da distribuição teremos que rever as
de. E, em tudo e por tudo, podemos caracterizar a socieda- estruturas iníquas de distribuição de renda e tirar da
de brasileira por um elevado nível de “primarismo” político. marginalidade socioeconômica grandes parcelas de nossa
Um segundo traço básico é o total descompromis- população.
so entre o desenvolvimento econômico e o desenvol- Já existe uma parte de nossas elites sensíveis a es-
vimento cultural que deveria estar sendo promovido tes problemas. Estão dispostas a promover uma correção
pelo político. estrutural de nossa economia. Infelizmente, na sua gran-
A dependência econômica não é sinônimo de estag- de maioria, estão reduzindo a complexidade deste pro-
nação econômica. As necessidades de matéria prima, de blemaao sensapsectos quantitativos da distribuição
produtos semielaborados e de mercados suplementares de renda, que nada mais é que a combinação do velho
que regulem sua atividade econômica levam a que os paí- paternalismo com um certo temor que a situação possa
ses desenvolvidos, de centro, induzam, através do capital e provocar uma reação violenta das parcelas marginalizadas
principalmente da tecnologia, um certo grau de desenvol- de nossa população.
vimento econômico nos países periféricos. Deste último perigo, a nosso ver, pouco se precisa te-
O mesmo fenômeno não ocorre a nível cultural, onde mer, pois os meios de dominação cultural são quase que
o contato com o centro não induz qualquer tipo de de- absolutos. É justamente isso que se deveria ser mudada.
senvolvimento. Pelo contrário: produz a desagregação Dizemos deveria porque, no fundo, o problema apresen-
dos já frágeis esquemas interpretativos da realidade e
tado é essencialmente de natureza ética. Mais do que
das estruturas de valores das nações periféricas. E a es-
qualquer outra coisa.
trutura política brasileira nada faz para reduzir esta de-
A elite nacional deveria “renunciar” ou, pelo menos,
sagregação.
O resultado desta situação é um flagrante descompas- “abrandar” os mecanismos de dominação cultural de que
so entre o desenvolvimento econômico, mesmo induzido, hoje se vale - o estrito controle dos meios educacionais e
e o desenvolvimento político- cultural. dos meios de comunicação de massa - para permitir que a
Esta situação é universalmente válida nos países peri- maioria de nossa população pudesse afluir aos esquemas
féricos e, podemos dizer, se constitui em um de seus traços interpretativos e aos valores culturais de nossa época. Desta
políticos característicos. forma, a maioria da população poderia, por conta própria,
Eventualmente consegue-se algum grau de mobiliza- construir a sua própria dignidade e, com consequência,
ção social no sentido de superar o mal estar que esta si- seus próprios meios de subsistência econômica.
tuação provoca. Porém, na grande maioria das vezes, esta
mobilização vai na direção de se tentar acelerar o desen-
volvimento econômico o que, no fundo, só vem agravar o
problema.

15
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Esta é a situação que caracteriza o nosso Brasil Nestas circunstâncias a mobilização política é assu-
como sendo um País na Encruzilhada. mida como a tarefa a ser realizada. No entanto, dadas as
O caminho a ser seguido dependerá, em grande parte, condições culturais vigentes na maioria da população - bai-
da sensibilidade política da nova geração da elite nacional xo grau de compreensão política, instabilidade emocional,
que, acreditamos, deverá emergir neste período de traves- memória curta - uma mobilização consciente é bastante
sia para o regime democrático. difícil. Esta dificuldade leva a uma concepção elitista da
condução do processo social.
Os Projetos Sociais em Curso A consequência deste fato é que os propugnadores
O termo “projeto” deverá ser aqui tomado numa acep- deste “projeto” pseudo-revolucionário partem para uma
ção bastante larga, não implicando que os grupos a quem mobilização popular francamente manipulativa, sem qual-
ele possa ser atribuído tenham, necessariamente, uma clara quer profundidade e que, se possibilita êxitos a curto pra-
consciência do mesmo. zo, compromete o verdadeiro processo de transforma-
O “projeto” como aqui considerado, entretanto, aparece ção social, mais profundo e duradouro.
com nitidez a um observador externo capaz de visá-lo de É bastante fácil para os oponentes deste «projeto»
modo oblíquo através dos comportamentos mais ou menos cortar a ligação das bases com a vanguarda pseudo-revo-
invariantes dos grupossociais. lucionária, provocando o seu isolamento. Estas vanguardas,
Entre uma pluralidade de outros de menor força e con- uma vez isoladas, descambam, normalmente, para o terro-
sistrncia, daremos destaque a trrs grandes “Projetos So- rismo, criando, desta forma, as pré-condições para a sua
ciais” em curso na atual cena brasileira: o modernizador, o eliminação.
pseudo-revolucionário e o conservador. Aqui se incluem todos os movimentos de esquerda
O ProjetoModernizador no Brasil. Cumpre destacar que a eles se irá juntar todo o
O que é típico do projeto modernizador é o enfoque esforço da Igreja da Libertação se esta vier a optar pela
fundamentalmente econômico/materialista que dá à pro- pura ação política mobilizadora e não pela ação pastoral
blemática brasileira. É uma espécie de resposta ao marxis- educacional. A nosso ver esta pastoral educacional deve
mo dentro dos próprios termos do marxismo. Dado que as ser universal. Deve ser companhia inseparável de todas as
explicações são de cunho econômico as propostas de solu- outras pastorais por mais angustiantes e dramáticas que
ção também o são. estas possam se lhesapresentar.
Existem múltiplas versões do projeto modernizador O Projeto Conservador
desde o da cooptação implícita da classe média até o da É aqui que mais impropriamente se aplica a palavra
sedução demagógica do proletariado urbano. «projeto», o que não excluem, entretanto, a existência de
Podemos citar, numa sucessão, o industrialismo de Var- uma clara intenção, de estratégias bem construídas e de
gas (51), o desenvolvimentismo de Juscelino (59), o Brasil uma melhor aplicação destas estratégias.
Potência (69) e a Nova República (86). Uma visão teórica e De todos, é o «projeto» conservador que melhor
atual deste projeto modernizador nos é dado pelo profes- apreende os fundamentos da problemática social
sor Jaguaribe com o seu “Brasil 2000” . brasileira, o que justifica seus reiterados êxitos.
Os sucessivos fracassos, ou melhor, as descontinuidades O peculiar do “projeto” conservador é que ele parte
deste “projeto” contam pouco. Contam pouco pela simples da pressuposição, mesmo que implícita, mesmo que intui-
razão que eles são também parte da estratégia do “projeto” tivamente determinada, que a problemática social brasi-
conservador. Para este último, o “projeto” modernizador tem leira é essencialmente cultural e não política ou econô-
o mérito de desviar a atenção e renovar as esperanças da mica como pretendem os demais projetos.
sociedade. As sucessivas versões do “projeto” modernizador Possui uma sólida intuição de que os privilégios eco-
tem impedido, desta forma, que a sociedade enverede por nômicos e a facilidade com que consegue defendê-los
caminhos que possam levar efetivamente à compreensão politicamente se baseia não num predomínio econômico
das raízes de sua própria problemática. Compreensão que ou político mas sim na dominação cultural que mantém
deixaria a descoberto o “projeto” conservador. sobre a ampla maioria da população.
A aceleração do desenvolvimento econômico não Assim sendo, o fundamental para o “projeto” con-
se sustenta por muito mais que cinco anos, pois este servador é o desenvolvimento de uma ação cultural.
processo é acompanhado do acirramento dos conflitos Esta ação se manifesta, por exemplo, pelo modo que
distributivos e por um mal estar difuso provocado pela au- os grupos conservadores manejam os mecanismos de con-
sência de um processo paralelo de desenvolvimento trole social:
cultural que forneceria as bases para a recomposição da controle rígido das concessões de rádio e de TV;
integridade da nação a nível político. controle econômico, direto ou indireto, através
O ProjetoPseudo-Revolucionário das verbas de propaganda, dos meios de comunicação de
Este projeto também parte de uma visão de que a pro- massa;
blemática brasileira é essencialmente econômica: depen- abertura de canais de importação cultural que
dência externa, externa desigualdade na apropriação da agridem e enfraquecem as fontes de criação de cultura na-
renda e da propriedade, etc. No entanto acha que a ação cional;
para mudar esta situação deve ter cunho eminentemente neutralização da “inteligrncia” brasileira abrindo-
político. -lhes o caminho do “sucesso”;

16
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

cultivo das lideranças religiosas tradicionais, tanto Os Projetos Sociais em Perspectiva


cristãs como não cristãs, em especial as de herança africa- Do que vimos nos itens precedentes podemos concluir
na; que a problemática social brasileira é bastante delicada.
manutenção de um sistema educacional discrimi- Em primeiro lugar, achamos que os grupos sociais que
nativo. estão animados a promover as transformações sociais re-
Este último mecanismo é o que é mais importante. queridas pela maioria de nossa sociedade, na quase totali-
Aparentemente, a educação brasileira sempre esteve, dade de seus membros, estão impedidos de agir pela sua
se não entregue, pelo menos sujeito a uma bastante gran- própria miopia conceitual.
de penetração de pessoas de pensamentos mais à esquer- Em segundo lugar, achamos também que os que con-
da. E é justamente aí mesmo que o “projeto” conservador seguem ver e compreender a nossa realidade social não
se mostra mais perspicaz: ninguém melhor que a “esquerda estão, na sua grande maioria, interessados em promover
tradicional” na direção da educação dado que ela não acre- qualquer transformação social ou, pelo menos, as conside-
dita na educação como instrumento de transformação ram intempestivas.
social e, em consequência, não a usa como tal. Em terceiro lugar, o “projeto” da tecnocracia, como dis-
Vale neste ponto citar o caso de um ex-ministro da semos, perdeu o passo e o compasso. Temos alguma dúvi-
educação que teve a coragem de afirmar que a cultura era da se ele ressurgirá na cena brasileira.
tão importante quanto a educação. Vale dizer, que a pro- O único fator positivo em toda a situação relata-
blemática educacional era, a rigor, uma problemática es- da é a própria conjuntura paradoxal. Conjuntura onde
sencialmente cultural. Por isso acabou ficando mal situado se associam a debilidade estrutural, tanto cultural quan-
pois passou a não caber em nenhum dos trrs “projetos” to econômica e política, com um “acidental” gigantismo
nacionais. Ele estava mas não era. Acabou saindo. econômico, construído, na surdina, pelo então emergente
Já notamos que o “projeto” conservador, por se cons- “projeto” tecnocrático.
tituir num “projeto” de muitos poucos e por ser de todos Neste ponto é da maior importância que consideremos a
o mais radicalmente excludente, não pode mostrar a sua visão prospectiva esboçada no texto “A Sociedade Aberta
verdadeira face. Daí ser-lhe da maior utilidade estratégica (Tele)Informatizada”, que vem colocar o Brasil ante a pers-
o “projeto” modernizador. O que parece na “boca de cena” pectiva de uma radical transformação social do mundo
brasileira são as diferentes versões do “projeto” moderni- Ocidental por força do processo de (tele)informatiza-
zador. As crises brasileiras, no fundo, se resumem nas pe- ção sistematizada com seus profundos desdobramentos
ripécias de substituição, na “boca de cena”, de uma versão socioculturais e sócio-políticos.
Sem dúvida alguma o Brasil será arrastado neste
desgastada por outra, aparentemente nova, do velho e
processo de (tele)informatização. Se nosso mal, a rigor, é
provado inviável “projeto” modernizador.
tão somente funcionar sem saber para que e nem porque, o
É óbvio, pois, que ao final das contas, é sempre o
processo de (tele)informatização fará com que este mal se
«projeto» conservador que prevalece por trás da sequência
agrave ainda mais. Basta lembrar que a essência deste
espasmódica dos surtos modernizadores. A razão disso,
processo é a garantia de um melhor funcionar. Neste caso,
voltamos a enfatizar, é que ele é o único «projeto» que
funcionaremos ainda melhor, continuando a não saber
consegue enxergar o que é fundamental na problemática
para que e nem porque.
social brasileira.
O que se debate hoje no Brasil é se devemos promo-
ver uma (tele)informatização semiautônoma, com riscos
A base da dominação social é a dominação cultural
de maiores atrasos, ou mais acelerada, acentuando-se os
e desta não se pode abrir mão.
riscos de uma maior dependência tecnológica. Só que
No entanto, de 1964 para cá, um novo personagem
em nenhum dos dois casos se considera a essência da
entrou em campo. Disposto, ainda que timidamente, problemática da (tele)informatização.
a construir um novo “projeto” social: a tecnocracia es- A escolher, de forma restrita, uma dentre as duas alter-
tatal. Uma aliança tácita entre a tecnoburocracia civil e a nativas em discussão melhor seria a primeira, que apenas
militar. aumenta os riscos de uma futura dependência, enquanto
Um “projeto” que se apresentou como modernizador, que a segunda nos dá a certeza desta dependência.
mas que tinha fortes conotações culturais. “Projeto” que Mas será que devemos ficar restritos a escolher um
pretendeu vir a ocupar um importante lugar na definição dentre apenas estes dois caminhos? Novos caminhos po-
dos destinos nacionais, promovendo as transformações so- dem e devem ser abertos .
ciais reclamadas pela maioria da população. Nas atuais condições brasileiras, nada mais urgente
Não fora um acúmulo de erros crassos (alguns que preservar uma relativa autonomia tecnológica na
definitivamente inaceitáveis pela tradição social brasileira) área da (tele)informática, que sabemos ser ainda insufi-
que abalaram as bases morais deste “projeto”, ele, mui- ciente.
to provavelmente, já estaria em cena, definitivamente. No No entanto, a nosso ver, se faz também urgente e
entanto, com eles, perdeu o passo e o compasso. Ressur- necessário um vigoroso esforço complementar de edu-
girá? cação. Educação que sirva para evitar que se agrave, ainda
A Nova República é transição. Para onde não sabe- mais, o processo de marginalização social interna. Educa-
mos. ção para se evitar que se consolide, ainda mais, a moral-
O País na encruzilhada... mente injustificável estrutura de dominação interna.

17
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Os Esforços Governamentais na Atualidade A recomposição dos níveis de emprego possibili-


O esforço do Governo Sarney, na atualidade, situa-se, tada, diretamente, pela retomada do investimento e, indi-
exclusivamente, no plano econômico - a menos de um en- retamente, pela ativação da demanda - por si reflexo me-
saio do Ministro Marco Maciel quando na Educação. diato da retomada dos investimentos - e por uma peque-
Os aspectos ditos sociais dos programas governamen- na recomposição salarial real, em especial dos estratos de
tais são propostas de compensação das desigualdades his- mais baixa renda. A rápida reativação da oferta para fazer
tóricas, fruto da marginalidade produtiva ou das estruturas face à expansão da demanda, seria possível pela ocupação
perversas de apropriação de renda. Portanto, um proble- da ociosidade então existente na economia;
ma, essencialmente, de natureza econômica. A reforma agrária, associada a uma Política de
Em verdade, todo o processo que levou à Nova Re- Abastecimento, que obviamente só poderia ter efeitos a
pública começou como um problema político - eleições médio prazo;
diretas, constituinte, etc. Porém, na medida em que uma Os Programas Sociais visando melhorar as condi-
facção modernizadora é substituída, com sucesso, por ções de vida das camadas mais pobres e carentes da po-
outra, a problemática é automaticamente transladada pulação;
para o plano econômico. Plano este que comanda, como No entanto, embora bem articulada, a estratégia eco-
sempre comandou, toda a problemática política brasilei- nômica governamental apresenta algumas falhas, dentre
ra, que trata apenas das aparências, nunca da essência as quais merecem ser destacadas:
dos fenômenos sociais brasileiros. Lentidão na reativação dos investimentos, in-
No Brasil, o plano político tem estado permanentemen- clusive pela surpresa com que foram colhidos os empre-
te disponível para que nele possa se processar a inexorável sários;
substituição das facções modernizadoras. Ressalvando que Super-aquecimento da demanda, pois além dos
é fundamental para o “projeto” conservador que a substi- efeitos previstos - pequena recomposição salarial, melhoria
tuição das facções se dê, pelo menos na aparência, como do nível de emprego, reativação dos investimentos - pelo
fruto da ampla ação popular. Com isso se pode reascen- aumento da massa global de salários, veio sobrepor-se o
der a chama da eterna esperança. efeito do desvio de recursos, que normalmente se destina-
O atual esforço governamental parte de uma conjun- vam à poupança, para o consumo, isto sem contar com as
tura particularmente favorável resultante da conjugação eventuais descapitalizações provocadas pela incompreen-
de quatro importantes fatores: são da ilusão da correçãomonetária;
Baixa da taxa internacional de juros: provocando Super-aquecimento do Mercado Bursátil em
efeitos favoráveis imediatos no custo do serviço da dívida; decorrência da supressão da correção monetária e das
Baixa no preço do petróleo: provocando efeitos restrições regulamentares e fiscais à especulação financeira;
favoráveis na balança comercial do país; Diferenças de níveis de lucratividade seto-
Relativa reativação da economia internacional, em
riais ou de linhas de produtos muito mais amplas do
particular da economia americana, o que possibilitou uma
que teria sido possíveis estimar. Neste ponto se inserem as
expansão das exportações sem uma excessiva depreciação
tarifas dos serviços públicos de telecomunicações que se
dos nossos preços, com efeitos favoráveis na balança co-
encontravam, por motivos «políticos», num dos mais
mercial do país;
baixos valores de sua história;
Preços agrícolas internos relativamente elevados
Insuficiência de fundos governamentaisarpa
em função da artificiosa exploração de uma seca no sul do
financiar os Programas Sociais;
país; talvez de todos os fatores foi o mais importante para
viabilizar um eventual congelamento de preços. Desafio ao governoppaorrtes de alguns setores
Em suas grandes linhas o “Plano de Estabilização Eco- na forma de «lock-out”.
nômica” - o Plano Cruzado - conjuga uma série de me- Através de uma sequência de medidas complementares
didas político-econômicas relativamente bem articula- as autoridades econômicas buscaram corrigir as distorções
das, onde se pode destacar: acima mencionadas. Em linhas gerais as principais medi-
A minimização dos efeitos da dívida externa atra- das e as respectivas consequências foram as seguintes:
vés de um posicionamento mais independente frente aos Acelerar a reativação dos investimentos tanto pela
credores internacionais. Posicionamento este viabilizado, via das facilidades creditícias quanto buscando infundir
em grande parte, pelos três fatores conjunturais positivos maior confiabilidade à sua política junto ao meio empresa-
anteriormente apontados. O seu reflexo imediato seria a rial, enfatizando sua determinação em não se afastar dela
ampliação da taxa de formação bruta do capital interno, em horizonte previsível. O mais grave, entretanto, é que
possibilitando a retomada do nível de investimento: tanto não se percebeu a necessidade de se pré-acelerar os in-
os novos quanto os necessários à modernização do parque vestimentos do próprio governo que detém a respon-
fabril obsoleto; sabilidade de prover grande parte da infra-estrutura
O congelamento dos preços, possibilitado, inclusi- econômica - energia, comunicações, transporte - que,
ve, pelo fator conjuntural já mencionado: a exploração da num futuro mais breve do que se possa pensar irá en-
seca providencial; travar o processo de retomada do desenvolvimento. Os
A desindexação do mercado financeiro e o desen- efeitos desses retardos e das limitações de investimento no
corajamento das aplicações especulativas, seja por via nor- Setor de Telecomunicações já se fazem sentir de maneira
mativa seja por via fiscal; dramática no triângulo Rio-São Paulo-Brasília;

18
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Desaquecer a demanda através de incentivos à a nova facção modernizadora que virá substituir a atual,
poupança, de exortações ao acerto da política governa- desta vez apelando à mobilização política da classe média
mental e da imposição de empréstimos compulsórios sobre através dos mecanismos de sempre;
o consumo de combustível, veículos e viagem ao exterior. Cumpre assinalar que não queremos, em absoluto, cri-
O incentivo à poupança limitou-se a pequenas alterações ticar o “Plano Cruzado”. Pelo contrário, dificilmente encon-
no mecanismo da caderneta de poupança e a incentivos traremos na história econômica brasileira um conjunto
às aplicações de maior prazo em detrimento das de curto de medidas tão bem, estudadas, fundamentadas e coe-
prazo. Nesta questão do desaquecimento da demanda as rentes como este plano. As “falhas” teriam que acontecer
medidas foram manifestamente insuficientes para afetar a pela simples razão de que o sistema econômico brasileiro
demanda efetivas; já alcançou um nível de alta complexidade tal que impossi-
O super-aquecimneto do mercado bursátil foi en- bilita a antecipação de todos os possíveis desdobramentos
frentado com medidas de ordem normativa que limitaram das medidas tomadas.
as aplicações dos fundos de pensão e dos clube de inves- O que queremos assinalar é que, muito possivelmen-
timento. Aqui teria sido muito mais preferível que fosse te, as condições políticas que sustentaram a aplicação
ampliada a oferta de papéis novos, inclusive das em- do “Plano Cruzado” já estejam se dissociando. Desta
presas estatais. Esta oferta teria facilitado a recomposição forma as naturais correções de rumo já não estariam en-
da estrutura de capitais das estatais e, como consequência. contrando o mesmo respaldo político. Já não poderiam ser
teria permitido um melhor e mais expedito equacionamen- feitas com a profundidade e a autoridade requeridas.
to da estrutura de financiamento dos novos investimentos A rigor, é a nível político que se poderá localizar a
em infraestrutura requeridos pelo processo de retomada causa de um possível fracasso do «Plano Cruzado». Apa-
de desenvolvimento. Ademais, a intervenção do governo rentemente, como sempre, as forças políticas brasileiras
no mercado bursátil, além de quebrar um princípio antes estão agindo dentro da monótona configuração de um
mesmo que ele se consolidasse - o da intervenção gover- jogo de “soma negativa”, em que todos irão perder.
namental nas forças de mercado, desviou recursos para a Somos de parecer que muito em breve o “Plano
especulação no mercado paralelo do “dolar”, o que por Cruzado” irá sofrer uma dramática revisão. Talvez até
sua vez suscitou a intervenção policial com resultados al- mesmo antes das eleições de 15 de novembro, indepen-
tamente discutíveis. Diga-se de passagem que com a falta dentemente dos reflexos que irão provocar nos resultados
de opção de aplicações financeiras, que não seja simples- eleitorais. Este parecer é emitido em função da:
mente a caderneta de poupança, favorece o aquecimento Impossibilidade de conter os movimentos de “lo-
da demanda. A aplicação em “direitos de consumo” ou em ck-out” que estão se generalizando com extrema rapidez;
“estoques” passa a ser uma aplicação das mais rentáveis; Impossibilidade de conter as reinvidicações sa-
Os níveis de lucratividade excessivamente baixos lariais, que, em parte, já são efeitos dos movimentos de
tem sido contornados com a isenção total ou parcial de “lock-out” e, doutra parte, serão a causa do recrudescimen-
impostossquseu,ficiente e não generalizado, é, por to do “lock-out”, já agora, em muitos setores, sendo justifi-
certo, o melhor caminho; cável pela elevação dos custos além dos preços tabelados;
A insuficiência de fundos para os programas sociais Rápida deterioração da balança comercial, cujo
foi enfrentado indiretamente com a criação do fundo de saldo mensal poderá baixar, rapidamente, para menos de
desenvolvimentod aure ensejo a um remanejamento 700 milhões de dólares;
interno de recursos de modo a poder atender àquelas Elevação da taxa de juros interna trazendo dificul-
necessidades. No entanto ainda permanece alguma dúvida dades para a rolagem da dívida pública e, como decorrên-
sobre a suficiência global desses recursos; cia, para a execução do orçamento monetário;
O desafio aberto de alguns setores através do Elevação da taxa de câmbio no mercado parale-
“lock-out”. A resposta do governo foi a importação dos lo com efeitos negativos, mais ou menos dissimulados, no
bens sonegados. Porém não seria difícil perceber que os saldo da balança comercial: subfaturamento das exporta-
autores do “lock-out” não se intimidariam com esta ação ções e sobre-preço nas importações.
governamental. A clara contestação à esta política gover- Toda a questão se prende ao fato de que se tal revisão
namental faria aumentar o número de adeptos desse “lock- poderá ou não ser postergada para depois das eleições de
-out” o que viria a inviabilizar a resposta governamental via novembro. Se realizadas antes, as consequências políticas
importações. Ademais, como ficaria a posição do governo podem se bastante profundas.
frente aos movimentos grevistas se estes, ante as even- Nas circunstâncias atuais, em grandes traços, são duas
tuais pressões governamentais, surgissem a importação as alternativas que descortinamos num horizonte bem
de bancários franceses, de metalúrgicos alemães e assim próximo, ambas pintadas com alguma radicalidade; quais
por diante? Isonomia de tratamento, alegariam. O fato das sejam:
autoridades econômicas não terem dado resposta pronta Guinada de 180 graus ou a volta à ortodoxia
e radical ao “lock-out” faz pressupor que não tiveram con- com:
dições políticas para tal, pois o preço de não fazê-lo é a Corte do orçamento público, atingindo principal-
generalização da contestação ao “Plano Cruzado”. Muito mente os investimentos governamentais o que determina-
provavelmente os que não deram o seu apoio para esta rá a reversão do processo de retomada do desenvolvimen-
resposta radical ao “lock-out” já devem estar preparando to em curto prazo;

19
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Redução do crédito; Particularmente, no Paraná, a ocupação européia acon-


Maxi-desvalorização do cruzado de 30 a 50%; teceu por duas vias: uma espanhola e a outra portuguesa.
Aumento dos combustíveis de 30 a 50%; Desde o início do século XVI, exploradores europeus
Aumento das tarifas de energia elétrica e dos ser- atravessaram de norte a sul e de leste a oeste, o territó-
viços públicos de telecomunicações na mesma ordem de rio paranaense tendo sempre como ponto de partida foi
grandeza que os demais aumentos; o litoral atlântico. O primeiro europeu a percorrer toda a
Manutenção da orientação básica do “Plano extensão deste território foi o bandeirante Aleixo Garcia.
Cruzado” com forte correção de rumos, com a equipe Em 1541 Dom Alvarez Nuñes Cabeza de Vaca, partindo da
econômica assumindo o aumento do risco político, Ilha de Santa Catarina seguiu por terra em direção a oeste
principalmente com: tomando posse simbólica deste território em nome da Es-
Tabelamento dos juros bancários; panha. Nesta fase a Coroa Espanhola cria cidades e algu-
Taxação dos Ganhos Patrimoniais e/ou aumento mas reduções para assegurar o seu território determinado
das taxas de imposto de renda; pelo Tratado de Tordesilhas - acordo bilateral entre os rei-
Limitação das Reinvidicações Salariais;
Correção artificiosa da taxa de câmbio; nos ibéricos de Portugal e Espanha.
No ano de 1554 é criada a primeira povoação européia
Ação radical contra o “lock-out”, inclusive através
em território paranaense, a vila de Ontiveros, às margens
das restrições ao crédito e das devassas fiscais. Quanto ao
confisco, achamos pouco provável que venha a ocorrer, a do rio Paraná, perto da foz do rio Ivaí. Dois anos depois, o
não ser para “fins de demonstração” da autoridade gover- povoamento se transfere para perto da foz do rio Piquiri,
namental; recebendo o nome de Cuidad Real del Guairá - hoje muni-
Correção de custos via fiscal e expedientes que cípio de Terra Roxa - , que juntamente com Vila Rica do Es-
tais; pírito Santo - nas margens do rio Ivaí - formou a província
Forçamento de um acordo de médio prazo com de Vera ou do Guairá.
os credores internacionais, se possível com a redução do No início do século XVI os portugueses criaram duas
“spread”; capitanias sobre o nosso litoral. A primeira, a Capitania de
Dependendo do grau de percepção de médio São Vicente, na região compreendida entre a Barra de Para-
prazo das autoridades econômicas: ativação seletiva dos naguá e a de Bertioga. A segunda, a Capitania de Sant’Ana,
investimentos governamentais nas áreas de energia elétri- desde a Barra de Paranaguá até onde fosse legítima pelo
ca, telecomunicações e transporte. Se essa percepção não Tratado de Tordesilhas; mas, referências históricas, datadas
houver, tais investimentos só se farão quando os proble- de 1540, nos dão conta da existência de moradores na baía
mas de infraestrutura já tiverem alcançado tal gravidade de Paranaguá vindos de Cananéia e São Vicente.
que seus efeitos paralizantes sobre o crescimento econô- Em meados de 1600 intensifica-se a presença dos vi-
mico serão intoleráveis. centinos (moradores da capitânia de São Vicente) em todo
Fonte: http://www.wisetel.com.br/cr_papers/socieda- o litoral e nos Campos de Curitiba, em 1648 o povoado de
de_aberta/sab_02.htm Paranaguá é elevado a categoria de Vila com a denomina-
ção de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá.
Diogo de Unhate foi o primeiro português a requerer
ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO terras em solo paranaense; em 1614 obteve uma Sesmaria
ESTADO DO PARANÁ. na região de Paranaguá, localizada entre os rios Ararapira
ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO ESTADO DO e Superagüi. Na seqüência, em 1617 Gabriel de Lara funda
uma povoação na Ilha da Cotinga, que depois transferiu
PARANÁ: POPULAÇÃO, CLIMA, VEGETAÇÃO,
para a margem esquerda do rio Taquaré (hoje Itiberê).
ECONOMIA E SÍMBOLOS;
O POVOAMENTO DO TERRITÓRIO PARANAENSE

Três foram as ondas povoadoras que em conjunturas


HISTÓRIA DO PARANÁ
diversas e com motivações distintas realizaram a ocupação
Segundo o professor Francisco Filipak a palavra Paraná e formaram as comunidades regionais que constituem o
tem um significado Tupi e quer dizer: Paraná. Sm. (PR) [Do atual Estado do Paraná. Quais sejam:
G. pará: mar + anã: semelhante, parecido] Paraná: seme- A primeira se esboçou no século XVII, com a procura
lhante ao mar, grande como o mar. (108-p.110). do ouro, e estruturou-se no século XVIII sobretudo no lati-
fúndio campeiro dos Campos Gerais ,com base na criação e
A história do Estado do Paraná remonta há cerca de no comércio do gado e, mais tarde, no século XIX, nas ati-
9000 anos. As provas materiais dessa história são encon- vidades extrativas e no comércio exportador da erva-mate
tradas em todo o território paranaense nos vários sítios ar- e da madeira.
queológicos já pesquisados como: os sambaquis no litoral O Paraná foi a primeira região do Brasil a ingressar no
e as pinturas rupestres, nos Campos Gerais. Nesses locais sistema colonial mercantil. Os motivos para esta inserção
encontramos vestígios materiais importantes que revelam foram a descoberta de ouro de aluvião no litoral na primei-
como viviam os habitantes desta terra antes da vinda dos ra metade do século XVII e a sua proximidade geográfica
primeiros europeus para a América. com o eixo São Vicente, Rio de Janeiro, Bahia.

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

A evidência do ouro foi manifestada por Gabriel de Ivaí, colonizada entre 1920 e 1950; e a terceira e última no
Lara em Paranaguá (1646) e Heliodoro Ébano Pereira nos Norte Novíssimo, entre os rios Ivaí e Piquiri, colonizada de
campos de Curitiba (1651). Nesta época muitos moradores 1940 até 1960. Esta última chegando às barrancas do rio
abandonaram a lida com a terra para procurar ouro. Isso Paraná, fronteira com o Estado do Mato Grosso.
provocou uma situação de extrema pobreza em toda a re- A terceira e última a partir o final da década de 1930
gião persistindo apenas a lavoura de subsistência. Como o inicia um processo novo de ocupação territorial no Paraná
ouro era pouco logo acabou. nas regiões Sudoeste e Extremo Oeste por parte migrantes
O gênero de subsistência manteve um fraco comér- vindos do Rio Grande do Sul e, principalmente de Santa
cio em Paranaguá. A produção e o comércio de farinha de Catarina que implantam o regime de pequenas proprieda-
mandioca possibilitou a importação de produtos básicos des e a policultura, predominantemente de cereais e olea-
como o sal, ferragens e peças de algodão vindos da sede ginosas. Também se dedicavam a criação de suínos. Deste
da Capitania. Ainda no século XVII iniciou-se no litoral ou- modo nos anos de 1960, toda a região estava ocupada.
tra atividade produtiva como o plantio de arroz e cana-de-
-açúcar; este último com a finalidade de produzir a aguar- HISTÓRIA DO PARANÁ POR SÉCULO
dente e o açúcar.
Com a abertura do caminho do Viamão, em 1731, a 1500 (Século XVI)
criação e a invernagem de gado dá o início a principal ativi- - O Território paranaense se encontra dividido pelo Tra-
dade econômica paranaense do século XVIII, o tropeirismo. tado de Tordesilhas.
Ao longo do caminho do Viamão, ou caminho das tro- - 1536: criadas sobre o litoral paranaense as capitanias
pas organizaram-se pousos, invernadas e freguesias, como de São Vicente e a de Sant’Ana.
as de Sant’Ana do Iapó, de Santo Antônio da Lapa originan- - 154l: uma expedição comandada pelo espanhol Dom
do vilas e futuras cidades do Paraná Tradicional. Com base Álvaro Cabeza de Vaca, a partir da ilha de Santa Catarina
nessa atividade foram ocupados os Campos de Curitiba, passando por terras paranaenses, chega a Assunção, Pa-
os Campos Gerais, bem como, no século XIX, os Campos raguai.
de Guarapuava e Palmas. O Tropeirismo irá se esgotar na - 1549: o alemão Hans Staden naufraga na altura da
década de 1870 pelo aparecimento das estradas de ferro as barra do Superagüi. Em 1557 publica as primeiras notícias
quais fizeram com que os animais de carga perdessem sua sobre a baía de Paranaguá, bem como o seu primeiro mapa.
função econômica. - Moradores de São Vicente, Cananéia, intensificaram
No início do século XIX a erva mate abriu o comércio sua presença na baía de Paranaguá, procurando comércio
de exportação para os mercados do Rio da Prata e do Chi- com indígenas. Alguns se estabelecem na ilha da Cotinga.
le. Transformou-se no esteio econômico paranaense até os 1600 (Século XVII
anos de 1930 quando a concorrência argentina encerrará a - 1608: é criada Província del Guairá, território a oeste
predominância da erva-mate paranaense. do Tratado de Tordesilhas. Nesta região foram implantadas
A partir das primeiras décadas do século XIX o qua- 13 reduções jesuíticas.
dro demográfico paranaense é substancialmente alterado - 1614: é concedida a Diogo Unhate a primeira sesma-
pela introdução de contingentes de imigrantes europeus. ria em terras do Paraná, no litoral do atual município de
Estes imigrantes vieram para o Paraná especialmente para Guaraqueçaba.
trabalhar com a agricultura de abastecimento em colônias Inúmeras bandeiras percorrem o território paranaense.
agrícolas nos arredores dos centros urbanos. A bandeira de Fernão Dias Paes destrói as reduções jesuí-
A segunda resulta da ocupação das grandes florestas ticas forçando o êxodo de parte da população indígena
dos vales do Paranapanema, Paraná, Ivaí e Iguaçu. Dois mo- em direção ao Tape, no Rio Grande do Sul.Essa destruição
vimentos populacionais extraordinários ocorreram parale- determinou, por mais de cinqüenta, o abandono de toda
lamente, resultando na sua formação. O primeiro impulsio- região.
nado pela lavoura do café que ocupou a região Norte e o - Intensifica-se a penetração dos vicentinos no litoral
segundo pela ocupação das regiões Sudoeste e Extremo de Paranaguá e nos Campos de Curitiba a procura de ouro.
Oeste. - 1646: Gabriel de Lara manifesta ter encontrado ouro
Desde o final do século XVIII, mesmo sem expressão em Paranaguá junto à Câmara Municipal de São Paulo.
econômica, o café do litoral do Paraná se encontra nas lis- - 1648: a descoberta de ouro possibilita a elevação do
tas de exportações pelo porto de Paranaguá. Em meados povoado de Paranaguá à categoria de Vila de Nossa Se-
do século XIX já se produzia café para consumo, interno, nhora do Rosário.
nos aldeamentos indígenas de São Pedro de Alcântara e de - Como autoridade portuguesa Gabriel de Lara toma
São Jerônimo, e na colônia militar de Jataí. Porém, o café de posse da região de Curitiba e ergue um pelourinho.
fato entrou no Paraná no final do século XIX pelas mãos de - 29 de março de 1693: Curitiba é elevada a Vila, pelo
migrantes mineiros e paulistas. A ocupação acontece em então Capitão-povoador Mateus Martins Leme.
três zonas sucessivas. A primeira no Norte Velho, desde a 1700 (Século XVIII)
divisa Nordeste com São Paulo até Cornélio Procópio, co- - 1708: os padres jesuítas Antônio Cruz e Thomaz de
lonizada entre 1860 e 1925. Em 1950 esta região estava Aquino instalam-se em Paranaguá.
praticamente ocupada; a Segunda no Norte Novo, desde - 1710: Paranaguá torna-se a 2ª Comarca da Capitania
Cornélio Procópio até Londrina, prolongando-se até o rio de São Paulo.

21
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

- 1714: criada a freguesia de Nossa Senhora do Pilar, - 1880: início da construção da estrada de ferro entre
hoje Antonina. Paranaguá e Curitiba.
- 1731: Cristóvão Pereira de Abreu abre o trânsito do - 1885: inauguração da estrada de ferro Paranaguá-
caminho entre Viamão, Rio Grande do Sul, a Sorocaba, São -Curitiba.
Paulo. - 1894: registra-se a invasão do Paraná pelos revolucio-
- 1750: Portugal e Espanha firmam o Tratado de Madri nários federalistas vindos do Rio Grande do Sul.
com a finalidade de legitimar os territórios conquistados 1900 (Século XX)
além do meridiano de Tordesilhas. Seis anos após o novo - Concessões a companhias colonizadoras situadas no
tratado Ângelo Pedroso explora o sertão do Tibagi. Norte do Paraná.
- 1767: Afonso Botelho inicia as obras da construção - 1916: criação da primeira universidade do Brasil; a
da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, Ilha do Mel. Universidade do Paraná. O Paraná perde o território Con-
Foram concluídas a 23 de abril de 1769. testado para Santa Catarina. Chegam os primeiros colonos
- 1770: início da plantação de cana de açúcar no litoral holandeses ejaponeses.
para produção de açúcar e aguardente. - 1924: passagem da Coluna Prestes pelo território pa-
- 1797: erigida a Vila de Antonina. ranaense.
1800 (Século XIX) - 1927: o Governo do Estado concede à Paraná Planta-
- 1808: com a chegada da Família Real ao Brasil inicia tions Limited grande quantidade de terras (sucedida pela
o um novo processo de divisão político-administrativa das Cia. de Terras Norte do Paraná e posteriormente pela Cia.
Capitanias. Curitiba torna-se sede da 5ª Comarca de São Melhoramentos Norte do Paraná).
Paulo. A mando do Príncipe Regente os curitibanos da 5ª - Entrada de corrente migratória povoadora vinda dos
Comarca fazem expedição povoadora nos Campos de Gua- estados do Sul para as regiões do Estremo Oeste e Sudoes-
rapuava. te do Paraná.
- 1811: acontecem as primeiras manifestações para a - O governo prossegue os planos de colonização de
emancipação política. suas terras devolutas e divide o Paraná entre as compa-
- 1818: introdução de imigrantes açorianos no Registro nhias colonizadoras, entre outras a MARIPÁ, Mate Laran-
do Rio Negro. jeira, etc.
- Estabelece o comércio regular de erva-mate para- - 1943 -1946: é criado o Território do Iguaçu resultando
naense com o Rio do Prata e com o Chile. na perca de grande extensão de terras por parte do Paraná
- 1829: chegam os alemães e são instalados na Lapa e e, também Santa Catarina.
Rio Negro.
- 1957: problemas de questões de posse da terra resul-
- 1839: inicia-se o povoamento dos Campos de Palmas.
tam na “Revolta dos Posseiros” na região Sudoeste.
- 19 de dezembro de 1853: data da emancipação polí- - Período do auge do café no Paraná. Londrina torna-
tica do Paraná da Província de São Paulo.
-se a capital mundial do café. A monocultura do café rege
- 16 de julho de 1854: Curitiba é confirmada como a
a economia e a sociedade.
capital da nova província.
- 1964: golpe militar retira o presidente João Gulart do
- Período marcado pelo apogeu do comércio de tropas
poder.
que passam e invernam nos campos do Paraná.
- 1966: eleição do último governador eleito por voto
- Surgem outras colônias de imigrantes europeus (Co-
direto.
lônia do Assungüi, Colônia Thereza e Colônia do Supera-
- Introdução de agro-indústrias para proveito da pro-
güi).
- É criado o “O Dezenove de Dezembro”, o primeiro dução agrícola paranaense.
jornal do Paraná. - 1968: movimento estudantil invade a Reitoria da Uni-
- 1860 a 1880: foram estabelecidas 27 colônias, com versidade do Paraná.
- O território paranaense está totalmente ocupado.
imigrantes alemães, poloneses, italianos nos arredores de
Curitiba, Paranaguá , São José dos Pinhais, Antonina, Lapa, - 1975: a grande geada determina o desaparecimento
Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa e Araucária. da monocultura do café e a introdução da monocultura da
- 1862: surgem núcleos de migrantes mineiros e paulis- soja.
tas no Norte (velho) do Paraná para plantarem café. - Todo processo de transformação do meio rural refle-
- 1865: surge o núcleo da Colônia Mineira, hoje Toma- tirá no meio urbano, principalmente dos grandes centros.
zina. O êxodo rural provoca o inchaço das grandes cidades e o
- 1866: surge Santo Antônio da Platina. seu favelamento em busca do “El Dourado” em Curitiba.
- 1872: primeiras tentativas de exploração do pinho - A construção de Itaipú, a maior hidroelétrica do mun-
paranaense empreendida pela Companhia Florestal Para- do, através de um consórcio entre o Brasil e o Paraguai.
naense, fundada por Antônio Pereira Rebouças Filho, em - 1980: o Papa João Paulo II visita Curitiba.
Piraquara. - 1982: acontece a primeira eleição democrática para
- Neste período foram estabelecidas 34 colônias em governador pós golpe militar.
Campo Largo, Araucária, Curitiba, São Mateus do Sul, Rio - 1984: acontece em Curitiba o primeiro comício em
Negro, Paranaguá, Contenda, Palmeira, São João do Triun- prol das “Diretas Já”.
fo, União da Vitória, Guarapuava, Prudentópolis e Marechal - 1985: ano do Tombamento da porção paranaense da
Mallet. Serra do Mar.

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

LOCALIZAÇÃO - Rupestre: Gravado ou traçado na rocha.


- Tropeirismo: Atividade econômica ligada ao comércio
O Paraná esta localizado na Região Sul do Brasil. Com de tropas de gado.
399 municípios, tem área de 199,554 Km2, o que eqüivale a - Sambaqui: Designação dada a antiquíssimos depósi-
2,3% da superfície do Brasil. tos, situados ora na costa, ora em lagoas ou rios do litoral,
De acordo com o Censo realizado no ano de 2000 pelo e formados de montões de conchas, restos de cozinha e de
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a po- esqueletos amontoados por tribos selvagens que habita-
pulação era de 9.706.000 habitantes. ram o litoral americano em época pré-histórica.
- Vicentinos: Moradores pertencentes à Capitania de
CLIMA São Vicente.

Três tipos de clima são identificados no Paraná, que REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


são definidos principalmente pela localização do Estado, as
temperaturas e os ciclos de chuva. No litoral predomina ARANTES, Aimoré et all. O Paraná de todas as cores.
o clima tropical super-úmido, sem estação seca. Nas re- Curitiba: Base, 2001.
giões norte, oeste e sudoeste predomina o clima subtropi- CARDOSO, Jaime. A. Atlas Histórico do Paraná. Curitiba:
cal úmido mesotérmico, com verões quentes, sem estação Ind. Gráfica Projeto, 1982.
seca, com poucas geadas. Na região de Curitiba, nos cam- FILIPAK, Francisco. Dicionário sociolingüistico para-
pos gerais e sul, o verão é brando, sem estações secas e naense. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002.
ocorrem geadas severas. A temperatura média do Estado MOTA, Lúcio Tadeu. As guerras dos índios Kaingang: a
é de 18,5ºC. história épica dos índios Kaingang no Paraná (1769-1924).
Maringá: EDUEM, 1994.
HIDROGRAFIA WACHOWICZ, Ruy C. História do Paraná. Curitiba: Im-
prensa Oficial, 2002.
O Paraná é subdividido em duas bacias de desa-
guamento: os rios que pertencem ao grande sistema de Fonte: http://www.cultura.pr.gov.br/
captação do rio Paraná e o complexo de rios que
pertencem à bacia de drenagem do Oceano Atlântico.

Os principais rios da bacia hidrográfica do Paraná


são o Paranapanema, o Tibagi, o Piquiri e o Iguaçu, que
formam um complexo hidrográfico com enorme po- Aspectos Geográficos do Paraná
tencial energético. Somente a bacia do rio Iguaçu, que
nasce ao lado de Curitiba e deságua no extremo oes- te
do Estado, no rio Paraná, na fronteira com o Para- guai,
tem potencial hidroelétrico para 11,3 megawatts.

A bacia hidrográfica do Atlântico abrange os sistemas


hidrográficos do rio Ribeira, da baía das Laranjeiras, da baía
de Antonina, do rio Nhundiaquara, da baía de Paranaguá e
da baía de Guaratuba.

GLOSSÁRIO

- Aluvião: Depósito de cascalho, areia e argila que se


forma junto às margens ou à foz dos rios, proveniente do
trabalho de erosão.
- Campeiro: Aquele que trabalha no campo. Emprega-
do a quem incumbe o trato do gado, e que vive habitual-
A capital do estado do Paraná é Curitiba, a cidade mais
mente nos campos gerais. Vaqueiro.
populosa, com cerca de 1,7 milhões de habitantes. A uni-
- Capitanias: Cada uma das primeiras divisões adminis-
dade federativa possui cerca de 10,4 milhões de habitantes,
trativas do Brasil, das quais se originaram as províncias e os
distribuídos em cerca de 199.880 km². O Paraná faz fron-
estados de hoje, e cujos chefes tinha o título de capitão-
teiras com o Paraguai, a oeste. A noroeste, está o Mato
-mor.
Grosso do Sul; ao norte, encontra-se São Paulo; ao sul, está
- Ibéricos: Relativo ou pertencentes à Península Ibérica,
localizada SantaCatarina.
constituída da Espanha e Portugal.
Na parte leste e oeste, são encontradas as regiões de
- Invernagem: Designação comum de certas pasta-
planalto. No centro, as depressões são mais comuns. As
gens rodeadas de obstáculos naturais ou artificiais onde se
formas de relevo da região são: as baixadas litorâneas, a
guardam eqüídeos, muares e bovinos, para repousarem e
serra do mar, o planalto cristalino, o planalto paleozóico e
recobrarem as forças durante as longas viagens.
o planalto basáltico.

23
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

O clima do Paraná é o subtropical, com a presença de A partir de 1850, o governo paulista instituiu um pro-
geadas em partes da região. A mata atlântica e a mata dos grama para a imigração no Paraná. Diversos imigrantes ale-
pinhais (araucárias) são as vegetações que cobrem o terri- mães, italianos, poloneses e da Ucrânia, passaram a habitar
tório paranaense. Os campos limpos se formam nas regiões a província. Eles contribuíram para a estruturação social e
de planalto. principalmente econômica.
No Paraná, existem diversos rios; porém, os principais Três anos depois, a província do Paraná, ligada à Pro-
são: o Paranapanema, o mais extenso rio da região e o víncia de São Paulo, se desmembrou, formando uma nova.
Iguaçu. Outro fluvial é o rio Paraná, fazendo divisa com o O Paraná passou por um conflito marcante na história bra-
Mato Grosso do Sul e Paraguai. As bacias encontradas na sileira, a Guerra do Contestado. Essa guerra aconteceu de
região são: a bacia do rio Paraná, a bacia do Paranapanema, 1912 até 1916, e aconteceu no limite entre Paraná e Santa
a do Iguaçu, do Ribeira do Iguape, do Litoral Paranaense e Catarina.
a bacia do Rio Tibagi. No decorrer dos anos, o Paraná cresceu muito devi-
O Paraná, na área da agricultura, é o recordista nas sa- do à grande quantidade de estrangeiros e seu capital. As
fras da soja. É um dos maiores produtores da soja transgê- fazendas impulsionaram a economia de forma que os pa-
nica, possuindo também plantações, essas convencionais, ranaenses se destacaram no Brasil. Na agricultura, cresceu
de milho e trigo. O algodão, o feijão e o café são cultivados a produção do café em larga escala. A região movimentou
em lavouras. A Pecuária, o extrativismo animal, vegetal e bastante dinheiro e desenvolveu diversas indústrias, tendo
mineral são adicionais da economia. destaque nas agrícolas.
As indústrias paranaenses cresceram bastante no de- Aspectos Culturais do Paraná
correr dos anos, principalmente nos setores alimentícios e O estado do Paraná possui um acervo cultural muito
de madeira. A produção de energia pelas usinas de álcool forte. É dono de um imenso patrimônio histórico - cultu-
e açúcar se destaca. A energia elétrica gerada pela usina ral. O território paranaense tem vários museus, entre eles
hidrelétrica de Itaipu do rio Paraná, construída em conjun- o Museu Coronel Davi Antônio da Silva Carneiro, tombado
to com o Paraguai, também gera reflexo na economia do pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
estado. Outro ponto é a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora
O comércio e o turismo paranaense impulsionam a da Luz, em Curitiba.
economia. As cidades e as regiões do litoral atraem turistas Entre as manifestações culturais, estão presentes a
de diversos locais do Brasil. As praias do estado possuem Congada da Lapa, influência da cultura africana, o curiti-
belas paisagens e as cidades são bastante organizadas. O bano, a dança-de-roda aos pares e a dança sapateada. Os
local é também propício ao turismo cultural, uma vez que paranaenses costumam se divertir também com a valsada,
detém grande patrimônio. o nhô-chico, na parte do litoral. No Paraná, no feriado em
Aspectos Históricos do Paraná 19 de dezembro é comemorada a emancipação política do
O Paraná, em meados do século XVI, tinha grande par- estado.
te do seu território pertencente à Coroa Espanhola. Os pri- Um prato típico da culinária paranaense é o famoso
meiros a entrar lá foram os jesuítas. Em 1554, a noroeste barreado. Ele é consumido em maior parte na região do
do estado do Paraná, o governo paraguaio, sob o domínio litoral. O barreado é composto por carne cozida em panela
de Domingos Irala, fundou a cidade de Ontiveros, a cerca de barro. No interior, o churrasco é bem característico. No
de poucos quilômetros do Salto das Sete Quedas. Depois sul também se encontram influências do cardápio alemão,
disso, estabeleceu outra cidade, chamada de Ciudad Real italiano e polonês.
del Guayrá.
Em 1576, Vila Rica do Espírito Santo se tornava a mais Fonte: http://estados-brasileiros.info/regiao-sul/
nova cidade. Um século depois, os bandeirantes paulistas estado-do-parana.html
faziam suas expedições pelo Brasil. Os paulistas procura-
vam mão-de-obra escrava, assim, capturavam os indígenas. ECONOMIA DO PARANÁ
Destruíram diversas comunidades dos jesuítas espanhóis,
deixando apenas duas. Em 1632, liderados por Antonio A economia do Paraná é bastante diversificada e seu
Raposo Tavares, os bandeirantes tinham domínio sobre as alicerce está na agricultura, pecuária, mineração, extrativis-
demais vilas espanholas. mo vegetal e indústria.
A região do Paraná foi povoada rapidamente após a As atividades econômicas do Estado do Paraná são
descoberta do ouro, antes mesmo de descobrirem o mes- bastante variadas, por causa disso esse consegue se en-
mo em Minas Gerais. O Paraná estava ligado à Província de quadrar entre os Estados de melhores economias, ou seja,
São Paulo. Porém após a descoberta do ouro das Minas, os mais ricos. A economia paranaense está alicerçada na
o ouro paranaense foi perdendo a importância e, assim, a agricultura, pecuária, mineração, extrativismo vegetal e in-
criação de gado se desenvolveu com o trabalho de fazen- dústria.
deiros depois do século XIX.
No mesmo século, a região sul teve um superávit na Agricultura
economia. Construíram uma estrada de ferro, fazendo co- O solo paranaense é fértil, favorecendo a atividade
nexão entre Paraná e São Paulo. Os países colonizados pe- agrícola. O Estado produz uma grande variedade de cultu-
los espanhóis se interessavam pela erva-mate paranaense, ras, se destaca como importante produtor de trigo, milho,
o que também impulsionou o mercado da região. soja, algodão e café.

24
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Pecuária
Na atividade pastoril a criação de bovinos se destaca,
contendo um numeroso rebanho, além de ser um grande
produtor de suínos, destaca-se também na produção
leiteira, de ovos, de bicho-da-seda, entre outros.

Mineração
O solo paranaense abriga enormes e diversificadas ja-
zidas de minérios, os principais são: ouro, cobre, minerais
nobres, além de outros como a areia, argila, calcário, cau- É termo de origem geográfica e refere-se ao Rio
lim, dolomita, talco, granitos, mármore, chumbo e ferro. Paraná, o maior curso d’água em território paranaense, que
divisa o Estado do Paraná da República do Paraguai e do
Extrativismo vegetal Estado do Mato Grosso do Sul. Originalmente a pronúncia
Esse tipo de atividade consiste em retirar da natureza correta do termo era Paranã, porém, com o tempo alterou-
itens vegetais com fins econômicos, com isso, as principais se a acentuação da última vogal. Em se tratando de estudo
árvores exploradas são os pinheiros paranaenses (Araucá- toponímico, deve-se levar em conta que o topônimo
ria Angustifólia). Paraná, aparece, dentre várias citações, em três outras
importantes denominações no território paranaense, a
Indústria saber: “Rio Paranapanema”, que divide, a norte e noroeste
Curitiba concentra uma cidade industrial que atua na os Estados do Paraná e de São Paulo; “Paranaguá”, primeiro
indústria automobilística, metalmecânica, cimento, cerâmi- município criado no estado; “Rio Paraná”, situado na porção
ca, montagem de máquinas, tecidos, frigoríficos, além das oeste paranaense.
agroindústrias que transformam produtos primários, como A denominação Paraná, dada ao Estado da Federação,
soja, milho, carne suína e madeira. surgiu a partir de 1853, no período da elevação da então
O parque industrial paranaense reúne, aproximada- Comarca de Curitiba, que era jurisdicionada à Província de
mente, 24 mil empresas, que geram resultados que supe- São Paulo, à categoria de Província.
ram a média nacional no ramo.

Informações da economia do Paraná


Participação no PIB nacional: 6,2%.
Composição do PIB estadual:
- agropecuário: 18,4%.
- indústria: 40%.
- prestação de serviços: 41,6%.
- Volume de exportação: 10 bilhões de dólares.

Produtos de exportação
- soja e derivados: 34,2%.
- veículos e peças: 21,4%.
- Madeira: 10%. Símbolos
- Carne congelada: 8,2%.
- Outros alimentos, como milho, açúcar e café: 8,8%. Bandeira

Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/econo-
mia-parana.htm

Origem do nome e criação da Província

A denominação “Paraná” vem da língua guarani e quer


dizer: “para” ... mar + “anã” ... parecido, parente, semelhan-
te, significando rio grande, rio como mar, rio semelhante
ao mar.

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

A Bandeira do Estado do Paraná foi adotada pelo De- Como timbre, um gavião de prata, estendido com a ca-
creto Estadual nº 8, de 9 de janeiro de 1892. Passou por beça de perfil e voltada para a esquerda.
modificações em março de 1947 e, novamente, em setem- Como suporte, à dextra, um ramo de mate, ao natural,
bro de 1990. frutificado de preto e à sinistra, um ramo de pinheiro, ao
A atual Bandeira é a estabelecida pelo Decreto-Lei nº natural, passados em aspa na ponta.
2.457, de 31 de março de 1947. Compõe-se de um qua-
drilátero verde, atravessado no ângulo superior esquerdo Observação: as três leituras são heráldicas, sendo que
para o inferior direito por uma larga faixa branca conten- a terceira é descritiva. O lado direito (dextra) corresponde
do a representação da esfera celeste em azul e as cinco ao lado direito do brasão, ou esquerdo do observador, o
estrelas da Constelação do Cruzeiro do Sul em branco. mesmo acontecendo com o lado esquerdo (sinistra)

A esfera é atravessada, abaixo da estrela superior do Cru- Fonte: “Símbolos do Paraná - Evolução Histórica -
zeiro, por uma faixa branca com a inscrição “PARANÁ”, em 1853 a 1984”, do Prof. Ernani Costa Straube, Curitiba, Im-
verde. Circundam a esfera um ramo de pinheiro à direita e prensa Oficial do Estado, 1987.
outro de mate à esquerda.
Descrição das peças, metais e esmaltes do Brasão
Brasão de Armas
Escudo, era o complemento da armadura do cava-
leiro medieval e dos guerreiros e se destinava a protegê-
-lo da investida das armas e instrumentos do inimigo.
Recebeu, em determinada época, cores e desenhos em-
blemáticos de famílias, Estados e grupos sociais, pas-
sando a representá-los. O escudo dotado de cores e
desenhos, denomina-se brasão ou escudo de armas.
Escudo cortado, é aquele que foi dividido por uma linha
horizontal. A parte superior é denominada de Chefe e ocu-
pa uma terça parte do escudo.
Goles, também denominado de vermelho ou sangue é
O Brasão de Armas foi instituído pela Lei nº 904, de esmalte, expresso no desenho monocromático por linhas
21 de março de 1910. Sua última modificação ocorreu em verticais. Indica audácia, valor, galhardia, nobreza e domí-
setembro de 1990. nio (segundo Ginanni); caridade, magnanimidade, valor,
O atual Brasão de Armas do Estado do Paraná é o es- atrevimento, alegria, vitória, honra (segundo Asencio).
tabelecido pelo Decreto-Lei nº 2.457, de 31 de março de O lavrador, armado de alfanje, em atitude de trabalho,
1947. voltado para a direita (do brasão), representa a destinação
da atividade agrícola do Estado. A semivestimenta que o
Leituras Heráldicas cobre (calça, sapatos e chapéu) é o tipo de vestimenta do
homem do campo. O alfanje simboliza o trabalho frutífero
São apresentadas três leituras heráldicas do Brasão de e as colheitas.
Armas: Prata, ou branco, é o segundo metal, sendo represen-
tado deixando em branco o espaço que cobre. Significa
1ª) Em campo de goles, a figura de um lavrador de inocência, felicidade, pureza, humildade, limpeza, integri-
prata em posição de trabalho, armado com um alfanje do dade (Asencio) e amizade, eqüidade, justiça (Guelfi).
mesmo metal. Chefe, é a primeira das peças honrosas de 1ª ordem, é
Em chefe de blau, três montes de prata acompanhados a parte superior do escudo e corresponde ao seu terço. Re-
de um sol nascente de ouro. presenta o elmo do cavaleiro. Antigamente era peça con-
Como timbre, um gavião de prata, estendido. cedida ao cavaleiro que saía da batalha ferido na cabeça e
Suporte, dois ramos de mate e pinho, em aspa. assim era enobrecido na guerra com o sangue derramado
a serviço de seu rei.
2ª) De goles, um lavrador de prata, armado de alfanje Blau ou azul, é expresso por linhas horizontais. É o se-
desse metal, chefe de blau, carregado de três montes de gundo dos esmaltes, representa justiça, formosura, nobre-
prata e de um sol nascente de ouro. za, perseverança, zelo, lealdade (Asencio) e firmeza incor-
Timbre: um gavião de prata, estendido. ruptível, glória e virtude (Guelfi).
Suporte: dois ramos de mate e pinho. Montes ou montanhas, representam possessões mon-
tanhosas e também grandeza, sabedoria, nobreza. São os
3ª) Escudo português cortado, trazendo em campo três terraços do planalto paranaense: o Oriental ou de Curi-
de goles, a figura de um lavrador em atitude de trabalho, tiba, o Central ou dos Campos Gerais e o Ocidental ou de
voltado para a direita, com cobertura e armado de alfanje Guarapuava. Como as altitudes são próximas a 900, 1215 e
tudo em prata, tendo em chefe de blau, três montes de 1365 respectivamente, a representação dos tamanhos será
prata, de alturas sucessivas, acompanhados de um sol nas- em ordem ligeiramente crescente, do primeiro ao segundo
cente de ouro, com 9 raios do mesmo metal. e deste ao terceiro.

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Sol, representado nascente, com raios retilíneos e on- Hino


dulados alternadamente, é o símbolo da glória, eternidade,
fama, unidade, verdade (Ronchetti). Gravação da Execução
Ouro, ou amarelo, é o primeiro dos metais e é repre-
sentado por pontos. Indica nobreza, riqueza, esplendor, O Hino do Estado do Paraná foi instituído através do
glória, poder, força (Guelfi). O ouro aplicado no sol repre- Decreto-Lei nº 2.457, de 31 de março de 1947, tendo por
senta poder, nobreza (Ronchetti). autores Domingos Nascimento (letra) e Bento Mossurunga
Timbre é o ornamento exterior do escudo, represen- (música). Veja neste site uma breve biografia dos autores.
tado pelo Gavião real, nhapecani, uiraçu (do tupi guirá - Download do Hino do Paraná (Hino_do_Paraná.mp3) -
ave, açu - grande), da família Accipitridae - nome científico gravação executada pela Banda de Música da Polícia Militar
Harpia harpyja, anteriormente denominada por Lineu, em do Paraná, com vozes do Coral dos Cadetes da Academia
1758, como Vultur harpyja e posteriormente Thrasaetus Policial do Guatupê, sob patrocínio da Associação da Vila
harpyia. É o maior dos acipitridas do mundo, atingindo Militar - AVM (CD Banda da Polícia Militar,1999).
quase 1 metro de comprimento e 2 metros de enverga-
dura. Vive preferencialmente nas matas mais densas e al- Letra
tas, especialmente no cinturão nebuloso verde da porção
oriental Sul do Brasil - a Floresta Atlântica. O cientista Ro- Letra de Domingos Nascimento e música de Bento
dolpho von Ihering, em sua obra “Dicionários dos Animais Mossurunga.
do Brasil”, considera a harpia como ave majestosa, digna de
figurar nas armas nacionais. Atualmente é desconhecida a Estribilho:
sua situação no território paranaense, pois há mais de 10 Entre os astros do Cruzeiro,
anos não existe constatação de sua presença, acreditando- És o mais belo a fulgir
-se achar extinta no Estado. O gavião é representado pou- Paraná! Serás luzeiro!
sado no escudo, com as asas abertas (estendido) e com a Avante! Para o porvir!
cabeça de perfil e voltada para a esquerda (do brasão).
Suportes são ornamentos colocados ao lado do escu- I.O teu fulgor de mocidade,
do de armas, como destinados à sua guarda, sustentação e Terra! Tem brilhos de alvorada
apoio. Estão representados por ramos de mate - Ilex para- Rumores de felicidade!
guariensis (Saint Hilaire) - à direita, e de pinho - Araucaria Canções e flores pela estrada.
angustifolia (Bertoloni) - à esquerda, nas cores naturais, es-
tando o mate frutificado, com frutos de cor parda escura ou II. Outrora apenas panorama
preta. Os dois ramos são postos em aspa, isto é, cruzantes De campos ermos e floresta
na ponta. Vibras agora a tua fama
O mate e o pinho representam as riquezas naturais do Pelos clarins das grandes festas!
Estado.
O mate, conhecido pelos guaranis pela denominação III. A glória... A glória... Santuário!
de Caá, é vegetal existente desde tempos imemoriais. Já Que o povo aspire e que idolatre-a
antes da dominação espanhola, as zonas banhadas pelos E brilharás com brilho vário,
rios Paraná, Uruguai e Paraguai apresentavam, dele, exten- Estrela rútila da Pátria!
sa e soberba vegetação que os índios guaranis utilizavam
como bebida ordinária, pois lhe conheciam as proprieda- IV. Pela vitória do mais forte,
des estimulantes e estomacais. Era vegetal desconhecido Lutar! Lutar! Chegada é a hora.
na Europa e foi por muitos anos a grande riqueza do Esta- Para o Zenith! Eis o teu norte!
do que o exportava para os países do Prata, especialmente. Terra! Já vem rompendo a aurora!
O pinho é ainda o vegetal símbolo e característico do
Paraná. É vegetal alto, com 20 a 30 metros de altura, 1 ou
2 metros de diâmetro, bastante ramado, com redução gra-
dual até o ápice, com folhas coriáceas de ponta aguda, for-
mando matas secas do planalto, especialmente do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Sinople ou verde, como terceira cor é expresso por li-
nhas diagonais, da direita para a esquerda do escudo. Sim-
boliza vitória, honra, cortesia, abundância, amizade (Ginan-
ni); esperança, posse (Asencio).

Fonte: “Símbolos do Paraná - Evolução Histórica -


1853 a 1984”, do Prof. Ernani Costa Straube, Curitiba, Im-
prensa Oficial do Estado, 1987.

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Musicou peças de Luís Peixoto, Cardoso de Meneses, Vi-


riato Correia, Gastão Tojeiro, etc. Desempenhou depois
a função de regente em diversos teatros cariocas, como
o Lírico, o Apolo, o Carlos Gomes e o Recreio Dramático.
Bento Mossurunga A 21 de setembro de 1924 casou com Belosina Lima. Em
1930, de volta a Curitiba, passou a dirigir um curso de mú-
Bento João de Albuquerque Mossurunga sica e a trabalhar na Sociedade Musical Renascença, além
de haver fundado a Sociedade Orquestral Paranaense.

Sempre produzindo para o teatro musicado e compon-


do hinos, canções e obras para orquestra, em 1946 organi-
(HCastro - PR, 06/05/1879; V Curitiba - PR, 23/10/1970) zou, com um grupo de estudantes e músicos, a Orquestra
Estudantil de Concertos, que em 1958 se transformaria na
Filho do tabelião João Bernardes de Albuquerque Mos- Orquestra Sinfônica da Universidade do Paraná.
surunga e de Graciliana Reis de Albuquerque Mossurunga,
nasceu entre músicos (o pai e o irmão tocavam violão e viola, Em 1947, seu Hino do Paraná (1903) tornou-se o hino
e as irmãs, órgão) e desde pequeno aprendeu a tocar violi- oficial do Estado. Professor, lecionou canto orfeônico no
nha sertaneja. Cresceu em contato com violeiros populares, Colégio Estadual do Paraná e instrumentação na Escola de
com a música produzida numa colônia de negros libertos Música e Belas Artes do Paraná.
que ficava perto de sua casa e com a música de bandas.
Tendo-se iniciado no piano com o ourives Manuel Cris- Sua obra popular, que inclui numerosos sambas, tan-
tino dos Santos, e em violino, teoria e solfejo com o gos, choros, marchas carnavalescas, valsas, mazurcas, etc.,
italiano Augusto Mainardi, em 1895 foi para Curiti- perdeu-se em grande parte. Musicou, entre outras, as se-
ba, onde continuou os estudos com Adolfo Corradi, guintes peças: Reco-reco, de Carlos Bittencourt e Cardo-
no Conservatório de Belas Artes. Na capital paranaen- so de Meneses, 1921; Olelê olalá, de Carlos Bittencourt e
se, além de trabalhar numa loja de chapéus e de estu- Cardoso de Meneses (em colaboração com Freire Júnior),
dar, freqüentava o Grêmio Musical Carlos Gomes, tendo 1922; Segura o boi, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Me-
convivido com os compositores e músicos da época. neses, 1921; Meu bem, não chora!, de Carlos Bittencourt e
Depois de haver voltado a Castro em 1897, retornou a Curi- Cardoso de Meneses (em colaboração com Assis Pacheco),
tiba em 1902, para retomar os estudos musicais; durante 1922; Florzinha, opereta de Ivete Ribeiro (em colaboração
esse período lecionou piano e apresentou-se num café- com Henrique Vogeler), 1927; Gato, baeta, carapicu, revista
-concerto. de Cardoso de Meneses (em colaboração com Bernardo
Vivas), 1920; Boas falas, revista de Bastos Tigre, 1927.
Em 1905, sua valsa Bela morena foi publicada pela re-
vista carioca O Malho. Transferiu-se então para o Rio de OBRAS
Janeiro RJ, onde a princípio atuou como violinista no teatro
de variedades Guarda Velha. Em 1907 ingressou no I.N.M. Música orquestral: Bucólica paranaense, s.d.; Dezeno-
tendo estudado com Frederico Nascimento (harmonia), ve de Dezembro, hino militar, 1904; Guaicará, s.d.; Hino do
Francisco Braga (contraponto, composição e fuga) e Ernes- Paraná, 1903; Ingrata, mazurca, 1904; Marcha da cidade de
to Ronchini (violino). Nessa época integrou, como primeiro Curitiba, s.d.; Ondas do Iapó, s.d.; Pintassilgo dos pinheirais,
violino, a orquestra do Centro Musical, regida por Francisco s.d.; Rincão, s.d.; Sapecada, s.d.
Braga.
Música instrumental: Doce reminiscência, para piano,
Iniciou carreira de regente ao ingressar, em 1916, na s.d.; Fantasia romântica, para violino e piano, s.d.; Serenata,
companhia do Teatro São José, inicialmente como auxiliar para piano, s.d.; Serenata rústica, para celo e piano, s.d.
do maestro José Nunes e, depois, com a morte deste, como
diretor do teatro, a convite da Empresa Pascoal Segreto. De Música vocal: Bandeira do Brasil, para quatro vozes,
1918 a 1922, supervisionou ensaios, fez instrumentações s.d.; Berceuse, para canto e piano, s.d.; Canções paranaen-
e musicou operetas, revistas e burletas, embora algumas ses, para canto e piano, s.d.; Luar no mato, para canto e
passassem como de autoria de compositores conhecidos. piano, s.d.; Nosso Brasil, para canto e piano, s.d.; Só, para
canto e piano, s.d.

FONTE: Verbete publicado na Enciclopédia da Música


Brasileira: Popular, Erudita e Folclórica, 2ª edição revista e
atualizada, página 524, São Paulo - SP, Art Editora e Publi-
folha, 1998.

28
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

onde a mocidade paladina do estudo encontrava poderoso


incentivo ao desenvolvimento de seu espírito e adestrava a
pena; as nossas relações aproximada aí, estreitando-se com a
Revista Azul” (1893).

Assim, Domingos Nascimento que já participava das


Domingos Nascimento reuniões no Karoim de Dario Vellozo, seria um dos cola-
boradores ativos da primeira revista criada pelo grupo e,
Domingos Virgílio Nascimento desde logo, marcou sua presença.
Sobre ele, ainda referir-se-ia Silveira Neto, ao nar-
rar a retomada de reuniões após a Revolução Federalista:
“Domingos Nascimento, que atravessou a passada gera-
ção literária paranaense e veio colocar-se em lugar saliente
na geração moderna (...) autor de dois volumes de verso,
Revoadas e Trenos e arruídos; tem a publicar Contos de
(Guaraqueçaba - PR, 31/05/1863, Curitiba - PR, caserna e a Mística, livro decadente, por certo melancólico;
30/08/1905) mesmo nas poesias em que trabalha a aleluia do gozo, por-
que o decadismo é a melancolia da frase”.
Aluno da Escola Militar do Rio de Janeiro e Porto Ale-
gre, Domingos Nascimento participou da propaganda re- Se Contos de caserna foi publicada em 1901, Mística é
publicana ao lado de Júlio de Castilhos por ocasião de sua um livro sequer arrolado em sua bibliografia, e talvez a re-
passagem pelo Rio Grande do Sul. Aliás, esta região está ferência de Silveira Neto, ao decadismo do poeta, permitis-
presente em algumas alusões temáticas e relaciona-se com se imaginar que deste livro fizesse parte a famosa “Canção
um de seus primeiros livros de poesia Trenos e arruídos de um decadente”, texto que ao lado de outros que explo-
(1887) que foi publicado naquele Estado, enquanto o pri- ram a temática das brumas e da medievalização, justificara
meiro, Revoadas (1883), foi publicado no Rio de Janeiro, a inclusão de Domingos Nascimento como um dos precur-
onde chegou a ser major. sores do simbolismo, ao lado de Medeiros e Albuquerque.

De volta ao Paraná já gozava do prestígio de haver pu- Domingos Nascimento participou ainda de outras re-
blicado dois livros e da fama de ser um jornalista polêmico vistas simbolistas como Club Curitibano, O Cenáculo, Turris
e independente. Eburnea, Breviário, A Pena, Victrix, Stellario, o que demons-
tra que apesar de haver se fixado na prosa, colaborou nos
Fundou o jornal Folha Nova cujo primeiro número saiu periódicos que cobrem o movimento de 1893 a 1907, com
em 13 de janeiro de 1893 e trazia um editorial que torna- textos de poesia.
va claro os propósitos republicanos de Domingos Nasci-
mento: “O diretor da redação da Folha Nova entrega esse Exerceu mandato de deputado federal, mas sempre
novo órgão de publicidade ao critério e ao apoio de seus continuou atuando como jornalista, em alguns casos com o
compatrícios, e cujo programa é o de todos os jornais que pseudônimo de Leo-Lino e Gastão de Luc.
trabalham para o bem público.
Apesar de haver iniciado sua carreira como poeta e ha-
Reserva, porém, para o seu governo este lema que é ver deixado vários poemas esparsos, suas obras publicadas
todo o seu intuito presentemente: ‘Conservar a Rep~blica após 1887 são em prosa. É o caso de Sul (1895), Pelo dever
para melhorá-la’ (...) (1902), Pela fronteira (impressões de viagem - 1903), O ho-
mem forte (1905), Flora têxtil do Paraná (1908) e A hulha
Com este pensamento comecei a minha propaganda branca (1914).
republicana, há alguns anos, e com ele prosseguirei reen-
cetando com mais ardor e mesma propaganda.” FONTE: Texto de autoria da Profª Cassiana Lacerda
Carollo, publicado no Dicionário Histórico-Biográfico do
O jornal logo atraiu os “novos” e os fundadores do Estado do Paraná, Curitiba - PR, Livraria Editora do Chain
Cenáculo. Silveira Neto no longo estudo sobre o grupo e Banco do Estado do Paraná S/A, 1991.
deixou registrada a relação do Cenáculo com o diretor da
Folha Nova: “O primeiro jornal de novos moldes adianta-
dos, no seu gênero, que se publicou em nossa Capital, e

29
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Gralha Azul Pinheiro do Paraná


Características Botânicas
Não existe no Brasil uma ligação tão estreita de uma
ave com um Estado, como a da Gralha-azul com o Paraná.

O pinhão, semente da araucária, árvore-símbolo do Es-


tado do Paraná, é o principal alimento da Gralha-azul no Pinho, pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro, pinhei-
inverno. Graças a essa feliz interação, a Gralha-azul e o pi- ro-caiová, pinheiro-das-missões, pinheiro-são-josé, são
nheiro têm conseguido se perpetuar através dos tempos, algumas das denominações pelas quais o pinheiro é co-
não só na natureza mas também no coração dos paranaen- nhecido, sendo seu nome científico Araucaria Angustifolia,
ses. pertence a família Araucariaceae.
A Gralha-azul é uma espécie relativamente grande
(39cm) de um azul reluzente, cabeça, pescoço e peito ne- Seu habitat natural é em florestas subtropicais, a uma
gros, penas da fronte arrepiadas formando uma espécie de altitude entre 500 e 1800 m, ocorrendo na parte leste e
topete, bico forte e cauda comprida. Vive na mata, gosta central do Planalto Sul - brasileiro, abrangendo Paraná,
de se reunir em bandos nos pinheiros, que ajudam a disse- Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e em manchas esparsas
minar, pelo ato de desmanchar a pinha no galho, comendo em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
somente um ou outro pinhão, enquanto a maioria das se- No Paraná a área de distribuição do pinheiro é bem
mentes, cai no solo e germina. definida. Limita-se a leste pela Serra do Mar e a oeste, avi-
A Gralha-azul tem o hábito de enterrar pinhões. No ví- zinha-se das florestas latifoliadas tropicais e subtropicais
deo anexo (clique aqui para ver a Gralha-azul enterrando da bacia do rio Paraná e seus afluentes Iguaçu, Piquiri e
um pinhão) pode-se ver que ela segura o pinhão no bico Ivaí, até aproximadamente 54° W. Ao norte, limita-se pelas
de modo que a parte mais pontiaguda seja introduzida no formações tropicais mais quentes (23° 30’S) ocorrendo em
solo. Encontrado o local correto, ela pressiona-o a entrar, todo o sul do Estado.
conferindo-lhe golpes com o bico, até a completa introdu-
ção. E conclui seu trabalho colocando algum material das Nestes habitats cresce associado a árvores como: o ce-
redondezas (folha, pedra, galho) em cima do local remexi- dro, a erva-mate, a canela, a imbuia e a palmeira-jerivá.
do, de forma a camuflar ou disfarçar o feito realizado.
Além de contribuir na tarefa de reflorestar o Paraná,
a Gralha-azul, é um símbolo protegido por lei. Diz a Lei
Estadual Nº. 7957 de 12 de novembro de 1984, no Arti-
go 1º: “É declarada ave-símbolo do Paraná o passeriforme
denominado Gralha-azul, Cyanocorax caeruleus, cuja festa
será comemorada anualmente durante a semana do meio
ambiente, quando a Secretaria da Educação promoverá
campanha elucidativa sobre a relevância daquela espécie
avícola no desenvolvimento florestal do Estado, bem como
no seu equilíbrio ecológico”.
Comparado com o crescimento de outras coníferas
exóticas, o desenvolvimento do pinheiro-do-paraná, se
processa de modo relativamente lento, podendo atingir até
500 anos de idade.
A árvore de porte altivo, com altura entre 24 e 35 m,
excepcionalmente chega a 50 m. Com tronco reto e cilín-
drico possui 1 a 2 m de diâmetro, apresentando casca gros-
sa, resinosa, acinzentada, rugosa e fendilhada.

30
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

“... serra acima, onde os olhos dos viandantes


descortinam matas sem fim de pinheiros, por hora só
aproveitados no limitadíssimo consumo desta parte da
Província... “ (Zacarias de Góes e Vasconcelos -
Presidente da Província do Paraná... 1854)

No Brasil a exploração florestal, teve início oficialmente


em 1511, feita por Fernando de Noronha, o primeiro ar-
rendatário de pau-brasil. Várias cartas régias foram baixa-
Os galhos são longos levemente recurvados para cima, das no sentido de reservar as florestas da costa brasileira,
com densos tufos de folhas verde-escuras, lanceoladas e como patrimônio real, sendo o corte somente permitido ao
muito agudas. Reino, atendendo dessa maneira o suprimento de matéria-
Quando jovem, a planta possui copa cônica e a medi- -prima para a construção de caravelas. Esta atividade extra-
da que atinge a idade adulta, toma o formato de taça ou tiva, notadamente de pau-brasil, constituiu-se até o século
candelabro, pela queda natural dos ramos inferiores que XVII, a principal fonte de divisas da Coroa, saída de terras
secam. brasileiras.

Sendo uma espécie dióica, o pinheiro apresenta exem- Na verdade, também a madeira de boa qualidade e o
plares machos que produzem flores masculinas popular- tronco reto da araucária, não demoraram muito a serem
mente chamadas mingote, pinheco, pichote, dedo, além notados pela Metrópole. Em 1765, um decreto do rei D.
de outras denominações e, flores femininas, as pinhas, João V de Portugal autorizou o corte de pinheiros em Curi-
com aproximadamente 20 cm de diâmetro, que pesando tiba, para construir a nau São Sebastião, que navegou entre o
1 kg, contém em média 120 sementes ou pinhões, sendo Brasil e o Reino por mais de cinqüenta anos, indo em se-
sua disseminação feita pelo homem; por aves como gra- guida para a África onde fez o transporte por outros tantos
lhas, maitacas, papagaios, tirivas, além de mamíferos como anos, ainda em bom estado de conservação.
cutias, ratos, preás, ouriços, serelepes e macacos, garantin-
do a perpetuação da espécie.

Dos 7.500.000 hectares de primitivas florestas de arau-


cária, no Paraná existem ainda 400.000 hectares, sendo que
as maiores reservas se localizam na região de General Car- No mesmo século XVIII, Afonso Botelho de Sampaio
neiro e Bituruna, em uma linha que vai de União da Vitória e Souza, achou por bem solicitar a decretação, para que
a Palmas. fossem considerados propriedade real, os pinheiros cujo
diâmetro, permitisse seu aproveitamento na mastreação
O Ciclo do Pinho dos navios da armada lusitana. A idéia porém, ainda que
aplaudida no Reino, nunca se efetivou através de legislação
adequada.

A exemplo do que aconteceu inicialmente em todo o


Brasil, a madeira exportada era retirada do litoral pois a fal-
ta de ligação desse, com o planalto, constituía-se no maior
empecilho, para a exploração dos pinheiros, que eram uti-
lizados apenas nos limites de serra acima.

31
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Utilizando boa parte da mão-de-obra excedente do


ciclo ervateiro, já em crise, foi ainda pela necessidade de
acondicionar a erva-mate, anteriormente transportada
em surrões de couro, que nasceu uma nova profissão: a
dos barriqueiros, que confeccionavam barricas utilizando
o pinho como matéria-prima. Foi ainda no bojo deste ci-
clo, que se instalaram no Paraná, diversas indústrias como
fábricas de fósforos, de caixas e de móveis.

Em um determinado espaço de tempo, durante a Se-


gunda Guerra Mundial, a madeira de pinho liderou a pauta
das exportações do Paraná. Findo o período de conflito,
o ciclo madeireiro foi declinando, sendo substituído pelo
A iniciativa do primeiro grande investimento madeirei- café que já despontava como uma das forças econômicas
ro no Paraná se deve ao arrojo dos irmãos André e An- no Estado.
tônio Rebouças, na organização da Companhia Florestal
Paranaense, instalada em 1871, na localidade de Borda do Assim, o ciclo econômico do pinho terminou por volta
Campo, próxima ao traçado da futura ferrovia Curitiba-Pa- de 1940, sendo que da primitiva floresta de pinheiro-do-
ranaguá. Porém, a concorrência estrangeira, notadamente -paraná, resta aproximadamente 5%. Mas é inegável tam-
a do Pinho de Riga, e a dificuldade de vias de comunicação bém a importância que a araucária exerce ainda hoje na
que possibilitassem o escoamento da madeira, acabaram história, cultura, hábitos e artes do paranaense.
fazendo fracassar o empreendimento. “Coré-etuba”, isto é, ‘’muito pinhão’’ “aqui”, segundo a
lenda, teria dito o cacique Tingui, ao ajudar a escolher o
Mas foi somente após a abertura da Estrada da Gra- novo local transferindo a primitiva povoação das margens
ciosa, ligando Curitiba a Antonina, em 1873, da construção do rio Atuba, para a atual Praça Tiradentes. Da expressão
da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, em 1885 e do ra- indígena nasceu o nome e a cidade, que seria a futura Ca-
mal Morretes-Antonina em 1891, que a extensa floresta de pital do Paraná: Curitiba.
Araucária Angustifolia existente nos planaltos paranaenses,
permitiu que a exploração da madeira tivesse início como Outros municípios têm seu nome ligado ao pinheiro:
uma das atividades econômicas mais importantes do Es- Araucária, Pinhão, Pinhalão, Ribeirão do Pinhal, São José
tado. dos Pinhais e localidades como: Pinhais, Pinhalzinho, Pi-
nheiral, Três Pinheiros, etc.
O grande propulsor da exportação do pinheiro para-
naense foi, sem dúvida, a Primeira Guerra Mundial, pois com Grande foi também a influência que o pinheiro exer-
a impossibilidade de importação do similar estrangeiro, o ceu sobre o imigrante que, quando aqui chegou, o utilizou
pinho-do-paraná passou a abastecer o mercado interno e para construir suas primeiras habitações. A importância
o argentino. Multiplicaram-se as serrarias, concentrando- de tal uso está evidenciada através das casas de troncos,
-se no centro-sul e deslocando-se para o oeste e sudoeste sem pregos, sendo usada apenas a técnica do encaixe, hoje
do Estado, à medida em que se esgotavam as reservas de conservadas no memorial da imigração polonesa do Bos-
pinheiros, mais próximas das ferrovias, transformando-se que João Paulo II, um dos mais bonitos e atrativos pontos
assim, a exportação de pinho, na nova atividade econômi- turísticos de Curitiba.
ca paranaense, ultrapassando a importância da erva-mate
como fonte de arrecadação de divisas para o Estado.

O desenvolvimento do transporte feito por caminhão Casa de Troncos - Bosque João Paulo II - Curitiba
após a década de 30, libertou a indústria madeireira da de-
pendência exclusiva da estrada de ferro, penetrando desta
forma, cada vez mais para o interior.

32
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

‡ devido à sua elegância e nobreza de porte, é utili-


zado no paisagismo, principalmente em jardins, praças e
parques;
‡ servem também para demarcar divisas em
propriedades rurais;
‡ sua madeira é geralmente branca, leve e de múltiplas
aplicações como na construção civil, movelaria, pasta me-
cânica, laminado, compensados, caixaria, palitos, cabos de
vassouras, brinquedos, instrumentos musicais, tacos, além
de lãs e sedas artificiais;
‡ os galhos e refugos servem para lenha e combustíveis
de caldeiras;
‡ os nós formados pela inserção dos galhos ao tronco,
são usados como fonte de energia e como matéria-prima
para confecção de peças artesanais, pela sua durabilidade,
coloração e formas atraentes;
‡ usa-se a resina para fabricação de acetona,
terebentina, vernizes e outros produtos químicos;
‡ os pinhões, são consumidos pelo homem, além de
animais domésticos e silvestres, podendo ser utilizados
também no fabrico de álcool;
‡ as mudas, são usadas em reflorestamentos.

O Índio e o Pinheiro

O pinheiro, símbolo do Paraná, aparece, ainda repre-


sentado na bandeira do Estado e nos brasões de aproxima-
damente oitenta municípios paranaenses, além de desig-
nar estádios, clubes, estabelecimentos comerciais, indús-
trias e de estar imortalizado nas calçadas das praças e ruas
de Curitiba.

Utilização do Pinheiro

Grande e variada é a utilização do pinheiro, podendo


mesmo afirmar que dele tudo se aproveita: Os índios paranaenses, coletores de alimentos, tinham o
pinhão, como o fruto por excelência, atuando assim como
propagadores das florestas de pinheiros. Para isto, os
índios botucudos tinham flechas especialmente adapta-
das para derrubar as pinhas ainda presas. Tal equipamento
chamava-se virola.

O inglês Thomas Bigg-Wither que no século passado,


passou pelos campos do Paraná nos descreve:

“O pinhão fruta oblonga, de cerca de uma polegada


e meia de comprimento, com um diâmetro de meia a três
quartos de polegada na parte mais grossa, tem uma casca
coriácea, como a da castanha espanhola. O paladar é, en-
‡ os pinheiros novos são utilizados como árvores na- tretanto, superior ao desta última e, como produto alimen-
talinas; tício, basta dizer que os índios muitas vezes só se alimen-

33
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

tavam dele, durante muitas semanas. Pode ser comido cru, ‡ Se caem folhas verdes quando se passa sob as rama-
mas os índios habitualmente os assam na brasa até partir, gens do pinheiro, é alguém que nos estima ocultamente;
quando fica em condições. O sabor ainda melhora quando mas se as folhas forem secas, é sinal de ódio, que alguém
cozido, mas este é um sistema que os índios não praticam. nos devota.
O estágio mais delicado do pinhão é quando ele começa ‡ Quando o sol esponta e as ramagens do pinheiro
a germinar, fazendo aparecer um pequenino grelo verde inclinam-se para o astro que surge, é sinal de bom tempo;
numa extremidade. Nada excede á guloseima desse fruto mas se elas se conservam sem vivacidade, é aviso certo de
em tal estado”. temporais.

E continua ainda: “Os coroados costumam guardar Fonte: http://www.cidadao.pr.gov.br


esse fruto para comê-lo mais tarde: Isto eles fazem enchen-
do diversos cestos de pinhão, colocados dentro da água
corrente durante quarenta e oito horas. No fim desse tem-
po os cestos são tirados fora e o conteúdo é espalhado
para secar ao sol. Assim conservados, os frutos ficam secos
e sem gosto, perdendo sem dúvida grande parte de suas
propriedades nutritivas’’.

O Pinheiro no Folclore

Fogueiras, quadrilhas, quentão e pinhão, são tradições


indiscutivelmente associadas aos festejos juninos nas co-
memorações de Santo Antônio, São João e São Pedro.
Pinheiro ... pinha ... pinhão ... são coisas definitivamente
ligadas à vida do caboclo paranaense, que criou uma série
de vaticínios e de interpretações fantasiosas, sobre a arau-
cária e a gralha-azul, nossa ave símbolo, que se alimentan-
do de pinhões, entrou para o folclore, como a plantadora
dos pinheirais do Paraná.

Crendices Populares

Alberico Figueira fez um detalhado trabalho de coleta


sobre o assunto:
‡ Quando o pinheiro deixa cair as folhas no silêncio
da noite, prenuncia seca dos campos e conseqüentemente
sensível diminuição da produção da seara.
‡ Quando as pinhas são desenvolvidas e os frutos se
apresentam crescidos, é um sinal de fartura. Todos os ou-
tros frutos se desenvolvem na terra.
‡ Quando os galhos do pinheiro “rangem” à noite com
o impulso dos ventos, é mau augúrio. Alguém está para
morrer e o pinheiro está oferecendo madeira para o caixão.
‡ Se o pinheiro “canta” quando embalado pelas brisas
da madrugada, indica noivado na vizinhança.
‡ Se repentinamente, caem ramos do pinheiro, produ-
zindo forte “zoada”, é porque as águas dos rios vão trans-
bordar, em breve.
‡ Quando se derruba o pinheiro e o machado apre-
senta a lâmina virada, é indício de lutas renhidas nas tribos
indígenas ou de discussão entre a vizinhança.
‡ Se pela manhã desprendem-se gotas cristalinas das
ramagens do pinheiro, é noiva que chora ao deixar o lar
paterno.
‡ Quando o pinheiro cai, alguém tombou varado por
bala, em sangrenta luta.
‡ Quando as pinhas caem sem nenhum contato, é au-
gúrio de paz e felicidade.

34
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

B) Seu sistema de governo não é o parlamentarista.


C) Um de seus poderes é o Legislativo.
D) Em sua atividade administrativa observa o princípio
da descentralização.
E) Sua Constituição adota a forma de Estado Federado
e Unitário.

2. A organização político-administrativa da República


Federativa do Brasil compreende

A) a União e os Estados, somente.


B) a União, os Estados e o Distrito Federal, somente.
C) a União e o Distrito Federal, somente.
D) os Estado, o Distrito Federal e os Municípios, so-
mente.
E) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios.
3. O representante maior do poder executivo é:
A) Governador
B) Senador
C) Presidente
D) Deputados Federais
E) Depurados estaduais

4. Em 1934, foi criado o de Cascavel. Posterior-


mente, instalou-se o, todos integrantes do município de
Foz do Iguaçu. Na medida em que as áreas de mata nativa
eram esgotadas, a extração madeireira cedia lugar ao se-
tor agropecuário, base econômica do município até os dias
atuais. Este ano marcou a criação:
A) Prefeitura
B) Distrito
C) Policia Florestal
D) Albergues para imigrantes
E) Hospital regional

5. O termo “cascavel” origina-se de uma variação do


latim clássico “caccabus”, cujo significado é:
A) borbulhar dӇgua fervendo
B) borbulhar d’agua latejando
C) borbulhar d’agua quente
D) borbulhar d’agua em chamas
E) borbulhar d’agua pelando

6. Seu tipo climático é:


A) subtropical mesotérmico superúmido
B) subtropical úmido
C) atlântico
D) polar continental
E) subtropical mesotérmico glacial
QUESTÕES
GABARITO
1. E
1.Assinale a assertiva INCORRETA, quanto à organiza-
2. E
ção do Estado Brasileiro:
3. C
A) Seus estados membros têm autonomia de organiza-
4. B
ção, respeitada a Constituição da República.
5. A
6. A

35
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

Bibliografia: 4. (PC/PI - Delegado de Polícia - UESPI/2014) Entre


os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Cons-
ALMEIDA, Luiz Fernando de. O Brasil e os Desafios do tituição, existe um que realiza a distinção entre Constituição
Patrimônio. Portal do Ministério da Cultura, 13 de Janeiro e lei constitucional. Assinale a alternativa que o contempla.
de 2007. (A) Sentido político
(B) Sentido sociológico.
História de Cascavel - PR. Dísponivel em http://www. (C) Sentido jurídico.
cascavel.pr.gov.br/historia.php. Acesso em 07 de janeiro de (D) Sentido culturalista.
2015. (E) Sentido simbólico.

Politica brasileira. Dísponivel em http://www.brasil. 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú-


gov.br/pais/estrutura_uniao/poder_judiciario/stf. Acesso blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em 07 de janeiro de 2015.
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF).
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex-
SODRÉ, Nelson Werneck; Síntese de História da Cultura
ceto:
Brasileira; São Paulo: Bertrand Brasil, 2003; (A) são objetivos fundamentais da república federati-
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES zir as desigualdades sociais e regionais.
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
não são fundamentos da república federativa do brasil.
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Constituição, assinale a alternativa CORRETA. alguma coisa senão em virtude de lei.
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados (D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve-
soberanos. dado o anonimato.
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e (E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
deveres de um povo. um dos objetivos fundamentais da república federativa do
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que Brasil.
contém normas referentes à estruturação, à formação dos
poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cida- 6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons-
dãos. tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin-
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os di- cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de
reitos e deveres de um povo nas suasrelações. todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde-
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas os mais importantes valores que informam a elaboração da
de classificação das Constituições, uma delas é quanto à Constituição da República Federativa do Brasil.
origem. Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e
Em relação às características de uma Constituição assinale a alternativa correta.
quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA. I - Nas relações internacionais, a República brasileira
(A) Dogmáticas ou históricas. rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode-
(B) Materiais ou formais. terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os
(C) Analíticas ou sintéticas. Estados, concessão de asilo político.
(D) Promulgadas ou outorgadas. II - Os princípios não são dotados de normatividade,
ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia jurídicas efetivas.
da Constituição da República, assinale a alternativa COR- III - Violar um princípio é muito mais grave que trans-
RETA. gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o
(A) A supremacia está no fato de o controle da cons- sistema de comandos.
titucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tri- IV - São princípios que norteiam a atividade econômica
bunal Federal. no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie-
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submis- dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro-
são das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela priedade privada.
instituído. V - A diferença de salários, de critério de admissão por
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos
constituição não depender da observância dos princípios trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda-
que a norteiam. de do caput do art. 5º da Constituição Federal.
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e (A) Apenas I, II, III estão corretas.
fundamentos da constituição se resumam na declaração de (B) Apenas II e IV estão corretas.
soberania. (C) Apenas III e V estão corretas.

36
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
(E) Todas as afirmações estão corretas. rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente
exemplificativo.
7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro- III - Os direitos e garantias expressos na Constituição
pósito dos princípios fundamentais da República Federati- Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos
va do Brasil, reconhece-se que: princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob- em que o Brasil seja parte.
jetivos. IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza-
contrapõe ao valor social do trabalho. ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-
(C) a dignidade é também do nascituro, o que desau- ção.
toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan- V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
do decorrente de estupro. sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
(D) a promoção do bem de todos, sem preconceito garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de suas liturgias.
discriminação, é um de seus objetivos. (A) Apenas I, II e III estão corretas.
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen- (B) Apenas II, III e IV estão corretas.
tes e harmônicos entre si, são poderes daunião. (C) Apenas III e V estão corretas.
(D) Apenas IV e V estão corretas.
8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - (E) Todas as questões estão corretas.
FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, 10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os
é INCORRETO afirmar que: remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda- Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e essenciais e indisponíveis do ser humano.
o pluralismo político. Assim, é correto afirmar, exceto:
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje- (A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo-
tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro-
solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades (B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon- sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
formas de discriminação. de poder.
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica- (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
mente por meio de representantes eleitos. recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
(D) entre outros, são princípios adotados pela Repú- se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e
blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos (D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis-
direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo. ciplinares militares.
(E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção (E) O habeas corpus será preventivo quando alguém
e a defesa da paz são princípios regedores das relações se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quan-
internacionais da República Federativa do Brasil. do for concreta a lesão.

9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in- em relação aos outros remédios constitucionais analise as
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan- questões a seguir e assinale a alternativa correta.
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, I - O habeas data assegura o conhecimento de infor-
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di- registros ou banco de dados de entidades governamentais
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, ou de caráter público.
2009,13ª. ed., p. 671). II - Será concedido habeas data para a retificação de
Com base na afirmação acima, analise as questões a dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
seguir e assinale a alternativa correta. judicial ou administrativo.
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di- beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
reitos. tração direta e indireta do Estado.

37
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

IV - O mandado de injunção serve para requerer à au- 15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no
exercício dos direitos e liberdades constitucionais. artigo 5º da Constituição Federal:
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a (A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
demora legislativa que impede um direito de ser efetivado (B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró-
pela falta de complementação de uma lei. prio.
(A) Todas as afirmações estão corretas. (C) o respeito à integridade física dos presos, garanti-
(B) Apenas I, II e III estão corretas. do pela lei de execução penal.
(C) Apenas II, III e IV estão corretas. (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao
(D) Apenas II, III e V estão corretas. diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis-
(E) Apenas IV e V estão corretas. ta.

12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de- 16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
vido processo legal estabelecido como direito do cidadão MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po-
na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi- dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO
víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito (A) em caso de desastre.
de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade (B) em caso de flagrante delito.
de condições com o Estado para defender-se. (C) para prestar socorro.
Com base na afirmação acima, analise as questões a (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
seguir e assinale a alternativa correta.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão 17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador
pela autoridade competente. - FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen-
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse que é:
social o exigirem. (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo-
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por mentado o anonimato;
meios ilícitos. (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem terial, moral ou à imagem;
fiança. (C) assegurado a todos o acesso à informação e res-
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
depositário infiel. profissional;
(A) Apenas I, II e IV estão corretas. (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
(B) Apenas I, III e V estão corretas. científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen-
(C) Apenas III e IV estão corretas. sura ou licença;
(D) Apenas IV e V estão corretas. (E) direito de todos receber dos órgãos públicos in-
(E) Todas as questões estão corretas. formações de seu interesse particular, sendo vedada a ale-
gação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da so-
13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- ciedade e do Estado.
MARC/2014) Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. 18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária -
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004,
for conhecido. os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. manos:
(D) retroage, se ainda não houver processo penal ins- (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a
taurado. sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação,
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo;
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- (B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons-
MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci- titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo
das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa. o voto favorável de dois terços dos respectivos membros;
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
imprescritível. cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável
tância. de três quintos dos respectivos membros;
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de (D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
com observância do processo legislativo ordinário;

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito 21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à da reserva do possível
ordem jurídica interna. (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais.
19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) (B) gira em torno da legitimidade constitucional do
Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi- controle e da intervenção do poder judiciário em tema de
do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci- implementação de políticas públicas, quando caracterizada
dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interpos- hipótese de omissão governamental.
to. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que (C) considera que as políticas públicas são reservadas
foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro. discricionariamente à análise e intervenção do poder judi-
Após a publicação da referida lei, a Administração Pública ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso
federal notificou Pedro para devolver os valores recebidos, concreto.
comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos fu- (D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
turos, em decorrência da norma em foco. mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi-
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o
correta direito à saúde e à educação básica.
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa (E) defende a integridade e a intangibilidade dos di-
sobre direitos indisponíveis de Pedro reitos fundamentais, independentemente das possibilida-
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul- des financeiras e orçamentárias do estado.
gada formada em favor de Pedro.
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido 22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador -
de Pedro diante de nova legislação. FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a
perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden- igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e
tes. os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de
suas disposições, a Emenda
20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju- (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun- dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. mediante incentivos específicos.
O pleito de João (A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
(A) não encontra previsão expressa como direito fun- tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser relação aos trabalhadores urbanos e rurais.
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a (B) não determinou a extensão ao trabalhador do-
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
ameaça a direito automação e à proteção do mercado de trabalho da mu-
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse- lher, mediante incentivos específicos.
gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilega- dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
lidade ou abuso de poder ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez xidade do trabalho.
que a obtenção de certidões em repartições públicas será (D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser-
direitos ou para esclarecimento de situações de interesse viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
pessoal. cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm são e à complexidade do trabalho.
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili- Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen-
dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à tais, à organização político-administrativa, à administração
segurança da sociedade e do Estado. pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
(E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res- A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá- essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
vel duração do processo e os meios que garantam a celeri- inadiáveis da comunidade.
dade de sua tramitação. Certo ( )
Errado ( )

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida-
alternativa correta. tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá
seguintes é exaustivo. candidatar-se ao cargo de prefeito.
(B) É vedada a redução proporcional do salário do tra- (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço,
balhador sob qualquer hipótese. mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias militares, poderá candidatar-se ao cargo deprefeito.
anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
que o salário normal. 29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna-
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e tiva correta a respeito dos partidos políticos.
do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é (A) É vedado a eles o recebimento de recursos finan-
determinada pela CLT. ceiros por parte de empresas transnacionais.
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do (B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propagan-
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs- da no rádio e na televisão, exceto aqueles que não pos-
to, mas é determinado pela CLT. suam representação no Congresso Nacional.
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - nacional.
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei- (D) Os partidos devem, após cada campanha, apre-
ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come- sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
para aprovação.
no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
(E) Em razão de sua importante função institucional,
nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito
Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
público.
de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
pela Constituição federal, Pietro 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan- CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. ganização político-administrativa da República Federativa
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come- do Brasil.
tido antes da sua naturalização. O poder constituinte dos estados, dada a sua condição
(C) poderá ser extraditado. de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri- Certo ( )
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Errado ( )
gas afim.
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con- 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
denatória transitou em julgado após a naturalização. CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
ganização político-administrativa da República Federativa
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É do Brasil.
privativo de brasileiro nato o cargo de A despeito de serem entes federativos, os territórios
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. federais carecem de autonomia.
(B) Senador. Certo ( )
(C) Juiz de Direito. Errado ( )
(D) Delegado de Polícia.
(E) Deputado Federal. 32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) ternativa INCORRETA:
No caso de condenação criminal transitada em julgado, (A) A administração pública direta e indireta de qual-
enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di- quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
reitos políticos: dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
(A) mantidos.
(B) cassados. moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
(C) perdidos. (B) É garantido ao servidor público civil o direito à li-
vre associação sindical.
(D) suspensos.
(C) A administração fazendária e seus servidores fis-
28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
concerne às condições de elegibilidade para o cargo de ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta. na forma da lei.
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
de prefeito. do, pois, sociedades de economia mista.

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em atos normativos que compõem o denominado bloco de
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em nais e tratados internacionais de direitos humanos apro-
lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e vados com quórum especial após a Emenda Constitucional
assessoramento. nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es-
33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
ministração pública pode ser definida objetivamente como Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei-
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve tam a controle de constitucionalidade.
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional. decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen-
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) do assim, o conceito de Constituição será estruturado por
Com base no que determina a Constituição Federal a fatores como o regime de governo e a forma de Estado
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
(A) A investidura em cargo ou emprego público de- tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro- forme o modelo político à época de sua elaboração.
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. 5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
(B) A Administração pública direta e indireta obede- racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
dade, publicidade e eficiência.
radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
(C) O prazo de validade do concurso público será de
tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
(artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
munerada de cargos públicos.
de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas e pluralismo político não são fundamentos da República
ações de ressarcimento. Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com um Estado Democrático de Direito.
relação à competência privativa da União para legislar, é
INCORRETO afirmar que compete privativamente à União 6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin-
legislar sobre cípios que regem as relações internacionais brasileiras,
(A) registros públicos. enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II”
(B) comércio exterior e interestadual. afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto,
(C) organização do sistema nacional de emprego e pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po-
condições para o exercício de profissões. dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu- descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre-
meio ambiente e controle da poluição. ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido
RESPOSTAS em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo,
apenas o item “II” está incorreto.
1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
um documento escrito que fica no ápice do ordenamen- 7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios
to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e fundamentais (fundamentos) da República Federativa do
organização do Estado, mas tem um significado intrínseco Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da
sociológico, político, cultural e econômico. Independente pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da
do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es- livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
tado e a limitação de seu poder.
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no
2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a
pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre
agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada, dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que
sendo também conhecida como democrática ou popular. “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de in-
da República Federativa brasileira - previsto no artigo 3º, formações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim registros ou bancos de dados de entidades governamentais
com os objetivos. ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quan-
do não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente da previsão
pular direta no poder por intermédio de processos como dos direitos fundamentais como limitadores da atuação do
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são Estado, logo, as informações requeridas serão contra uma
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- entidade governamental da administração direta ou indi-
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do reta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- qual decorre logicamente o item “V”, posto que a demora
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- do legislador em regulamentar uma norma constitucional
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). de aplicabilidade mediata, que necessita do preenchimento
de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos funda-
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di- mentais garantidos pela Constituição Federal.
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem
para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas 12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF,
são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li- “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
berdade de locomoção - garantia do habeas corpus). “II” autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo
está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade
que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios o interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II”
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a está correto; e prevr o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém
República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando o
traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevr que “são inviolá- item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são
veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilí-
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- citos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque
terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam- a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor
bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que de alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tan-
“é inviolável a liberdade de conscirncia e de crença, sendo to esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - a
liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas. lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. As-
sim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de
10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre- crimes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuin-
vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus do a pena ou alterando o regime de cumprimento, notada-
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer mente), ela seráaplicada.
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus- 14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana. çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo- mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei
situra não depende de advogado; o que propõe a ação é penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é aceita a pena de morte para os crimes militares pratica-
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), dos em tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas não
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade possuem inviolabilidade domiciliar.
coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal 15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
relação a punições disciplinares militares”. individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque noturno superior à do diurno”).
para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor- 16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo

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ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe-
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
qualquer hora, mas somente durante o dia. exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso senciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos su-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício jeitam os responsáveis às penas da lei”.
profissional”.
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- dos direitos humanos internacionais e das convenções e
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
determinados requisitos para a incorporação.
constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E”
também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim,
19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
“C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere 25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
segurança jurídica. caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos trm direito a ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res- 26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, §
salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança 3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de
da sociedade e do Estado”. Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden-
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus- Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V
ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu- VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do
impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo- Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente
cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente a Presidência da República.
que o Estado não tem condições de arcar com as despesas,
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão. 27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus-
22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo
72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará-
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - con-
grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi- denação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos seus efeitos”.
trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI 28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con-
e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade
observada a simplificação do cumprimento das obrigações mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De-
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a
I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida
previdrncia social”. Os direitos descritos na alternativa “C” para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por-
estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons- que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF);
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela “D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
emenda. (artigo 14, §8º, I, CF).

43
ÉTICA, CIDADANIA E POLÍTICA

29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
nal como preceito que deva necessariamente se observado: princípios da Administração Pública previstos no caput do
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ao servidor p~blico está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação regulamentadas”.
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- 34. Resposta: “E”. A competrncia descrita em “E” é
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis-
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior lar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca,
Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos re-
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, cursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos poluição”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI e
políticos de organização paramilitar”. I competências privativas da União que constam, nesta
ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,
por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
e não possuem soberania.

31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não


existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
distrito Federal e os Municípios.

32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição


Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
tiva “A” como de necessária observância na Administração
Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
artigo 37, V, CF.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor
do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-
se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
mente, pelo poder p~blico”. Com efeito, as sociedades de
economia mista não estão excluídas da proibição de acu-
mulação remunerada de cargos, razão pela qual a alterna-
tiva é incorreta.

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Constituição Federal de 1988 e suas alterações (arts. 1º a 14; arts. 37 a 43 e arts. 196 a 200); ..................................................
...........................................................................................................................................................................................................................................01
Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8069/1990: Das disposições preliminares; Dos Direitos Fundamentais; Do
direito à vida e à saúde; Das medidas de proteção; Da Prevenção; Da Política de Atendimento; Das Medidas de Proteção;
Da Prática do Ato Infracional; Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis; Do Conselho Tutelar; Do Acesso à
Justiça; Dos Crimes e das Infrações Administrativas; Disposições finais e transitórias................................................................. 13
Estatuto do Idoso: Disposições preliminares; Do direito à vida; Do direito à saúde; Das medidas de proteção; Da Política
de atendimento ao idoso ....................................................................................................................................................................................... 39
Ética, direitos humanos, cidadania e relacionamento com a comunidade à luz das concepções de políticas de segurança
pública ............................................................................................................................................................................................................................ 43
Segurança patrimonial, prevenção e combate a incêndios - Conceituação, normas, técnicas ................................................. 44
Apropriação do espaço público .......................................................................................................................................................................... 49
Segurança pública nas Constituições Federal e Estadual e na Lei Orgânica Municipal ............................................................... 51
Estatuto do desarmamento e sua regulamentação; .................................................................................................................................. 53
Noções de Direito Penal (artigos 1º a 7º; artigos 13 a 31; artigos 91 e 92; artigo 129; artigos 135 e 136; artigos 138 a 145;
artigo 151; artigos 153 a 174; artigos 180 a 183; artigos 286 a 288; artigos 312 a 327 e artigos 328 a 337C.................... 59

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E SUAS cará a integração econômica, política, social e cultural dos
ALTERAÇÕES (ARTS. 1º A 14; ARTS. 37 A 43 E povos da América Latina, visando à formação de uma co-
ARTS. 196 A 200); munidade latino-americana de nações.

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
PREÂMBULO CAPÍTULO I
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado E COLETIVOS
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direi-
tos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es-
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
sem preconceitos, fundada na harmonia social e compro- vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprieda-
metida, na ordem interna e internacional, com a solução de, nos termos seguintes:
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção I - homens e mulheres são iguais em direitos e obri-
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDE- gações, nos termos desta Constituição;
RATIVA DO BRASIL. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
TÍTULO I III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
Dos Princípios Fundamentais mento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela dado o anonimato;
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e ao agravo, além da indenização por dano material, moral
tem como fundamentos: ou à imagem;
I - a soberania; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de cren-
II - a cidadania ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
III - a dignidade da pessoa humana; sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; culto e a suas liturgias;
V - o pluralismo político. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o assistência religiosa nas entidades civis e militares de in-
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen- ternação coletiva;
te, nos termos desta Constituição. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
Art. 2º São Poderes da União, independentes e har- crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal-
mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú- imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fi-
blica Federativa do Brasil: xada em lei;
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
II - garantir o desenvolvimento nacional; tica, científica e de comunicação, independentemente de
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as censura ou licença;
desigualdades sociais e regionais; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas nização pelo dano material ou moral decorrente de sua
de discriminação. violação;
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
I - independência nacional; salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
II - prevalência dos direitos humanos; prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação ju-
III - autodeterminação dos povos; IV - dicial;
não-intervenção; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
V - igualdade entre os Estados; comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
VI - defesa da paz; telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
VII - solução pacífica dos conflitos; hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; investigação criminal ou instrução processual penal;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da -XéIIIlivre o exercício de qualquer trabalho, ofício
humanidade; ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
X - concessão de asilo político. lei estabelecer;

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer- País será regulada pela lei brasileira em benefício do côn-
cício profissional; juge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
XV - é livre a locomoção no território nacional em mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; do consumidor;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
mas, em locais abertos ao público, independentemente cos informações de seu interesse particular, ou de interesse
de autorização, desde que não frustrem outra reunião an- coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
teriormente convocada para o mesmo local, sendo ape- pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
nas exigido prévio aviso à autoridade competente; seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
tos, vedada a de caráter paramilitar; do pagamento de taxas:
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
interferência estatal em seu funcionamento; b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamen- para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
te dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- interesse pessoal;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
julgado; ciário lesão ou ameaça a direito;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
a permanecer associado; jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXI - as entidades associativas, quando expressamen- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus fi- XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a or-
liados judicial ou extrajudicialmente; ganização que lhe der a lei, assegurados:
XXII - é garantido o direito de propriedade; a) a plenitude de defesa;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; b) o sigilo das votações;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- c) a soberania dos veredictos;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou por d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
interesse social, mediante justa e prévia indenização em sos contra a vida;
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui- XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
ção; nem pena sem prévia cominação legal;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autori- XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
dade competente poderá usar de propriedade particular, réu;
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se hou- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
ver dano; dos direitos e liberdades fundamentais;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de -XaLIII i considerará crimes inafiançáveis e insus -
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de cetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico
financiar o seu desenvolvimento; ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, trans- os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
missível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; se omitirem; (Regulamento)
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
a) a proteção às participações individuais em obras ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- constitucional e o Estado Democrático;
clusive nas atividades desportivas; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
mico das obras que criarem ou de que participarem aos perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
sindicais e associativas; do patrimônio transferido;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como tará, entre outras, as seguintes:
proteção às criações industriais, à propriedade das mar- a) privação ou restrição da liberdade;
cas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, b) perda de bens;
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento c) multa;
tecnológico e econômico do País; d) prestação social alternativa;
XXX - é garantido o direito de herança; e) suspensão ou interdição de direitos;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
XLVII - não haverá penas: LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusá-
termos do art. 84, XIX; vel de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
b) de caráter perpétuo; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
c) de trabalhos forçados; guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
d) de banimento; coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
e) cruéis; ou abuso de poder;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o proteger direito líquido e certo, não amparado por ha-
sexo do apenado; beas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
de física e moral; agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
L - às presidiárias serão asseguradas condições para Poder Público;
que possam permanecer com seus filhos durante o perío- LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
do de amamentação; petrado por:
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o na- a) partido político com representação no Congresso
turalizado, em caso de crime comum, praticado antes da Nacional;
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfi- b) organização sindical, entidade de classe ou asso-
co ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; ciação legalmente constituída e em funcionamento há
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
crime político ou de opinião; membros ou associados;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado se- LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
não pela autoridade competente; que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
bens sem o devido processo legal; prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- cidadania;
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o con- LXXII - conceder-se-á habeas data:
traditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela a) para assegurar o conhecimento de informações re-
inerentes; lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas bancos de dados de entidades governamentais ou de
por meios ilícitos; caráter público;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsi- b) para a retificação de dados, quando não se prefira
to em julgado de sentença penal condenatória; fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
(Regulamento). público ou de entidade de que o Estado participe, à mo-
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação ralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
pública, se esta não for intentada no prazo legal; nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbên-
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse cia;
social o exigirem; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciá- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
ria competente, salvo nos casos de transgressão militar ou diciário, assim como o que ficar preso além do tempo fi-
crime propriamente militar, definidos em lei; xado na sentença;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com- bres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; a) o registro civil de nascimento;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre b) a certidão de óbito;
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha-
assistência da família e de advogado; beas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exer-
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- cício da cidadania.
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo,
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela são assegurados a razoável duração do processo e os
autoridade judiciária; meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (In-
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fiança; fundamentais têm aplicação imediata.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti- XII - duração do trabalho normal não superior a oito
tuição não excluem outros decorrentes do regime e dos horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio- compensação de horários e a redução da jornada, me-
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. diante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negocia-
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes ção coletiva;
às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Cons- XV - repouso semanal remunerado, preferencialmen-
titucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste te aos domingos;
parágrafo) XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Pe- no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide
nal Internacional a cuja criação tenha manifestado ade- Del 5.452, art. 59 § 1º)
são. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) XVI - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal;
CAPÍTULO II XVII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
DOS DIREITOS SOCIAIS do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
segurança, a previdência social, a proteção à maternida- XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
de e à infância, a assistência aos desamparados, na forma sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitu- XXI - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
cional nº 90, de 2015) meio de normas de saúde, higiene e segurança;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e ru- XXII - adicional de remuneração para as atividades
rais, além de outros que visem à melhoria de sua condição penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
social: XXIV - aposentadoria;
I - relação de emprego protegida contra despedida XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple- desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em cre-
mentar, que preverá indenização compensatória, dentre ches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitu-
outros direitos; cional nº 53, de 2006)
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
voluntário; letivos de trabalho;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXVI - proteção em face da automação, na forma da lei;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente XXVII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais do empregador, sem excluir a indenização a que este está
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das rela-
previdência social, com reajustes periódicos que lhe pre- ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
servem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
para qualquer fim; anos após a extinção do contrato de trabalho;(Redação
V - piso salarial proporcional à extensão e à comple- dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
xidade do trabalho; a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitu-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em cional nº 28, de 25/05/2000)
convenção ou acordo coletivo; b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitu-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, cional nº 28, de 25/05/2000)
para os que percebem remuneração variável; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera- de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
ção integral ou no valor da aposentadoria; idade, cor ou estado civil;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocan-
diurno; te a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo dor de deficiência;
crime sua retenção dolosa; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu- técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participação XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
na gestão da empresa, conforme definido em lei; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
XI - salário-família pago em razão do dependente do menores de dezesseis anos, salvo na condição de apren-
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação diz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emen-
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) da Constitucional nº 20, de 1998)

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
XXXIV - igualdade de direitos entre otrabalhador com Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. dos, é assegurada a eleição de um representante destes
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendi-
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos mento direto com os empregadores.
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições CAPÍTULO III
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- DA NACIONALIDADE
primento das obrigações tributárias, principais e acessó-
rias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari- Art. 12. São brasileiros: I
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, - natos:
bem como a sua integração à previdência social. (Redação a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013) que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob- serviço de seu país;
servado o seguinte: b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão da República Federativa do Brasil;
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
intervenção na organização sindical; mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
II - é vedada a criação de mais de uma organização brasileira competente ou venham a residir na República
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasilei-
será definida pelos trabalhadores ou empregadores inte-
ra; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de
ressados, não podendo ser inferior à área de um Municí-
2007)
pio;
II - naturalizados:
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
resses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
se tratando de categoria profissional, será descontada em idoneidade moral;
folha, para custeio do sistema confederativo da represen- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
tação sindical respectiva, independentemente da contri- dentes na República Federativa do Brasil há mais de quin-
buição prevista em lei; ze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela
filiado a sindicato; Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas § 1º Aos portugueses com residência permanente no
negociações coletivas de trabalho; País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, se-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser rão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
votado nas organizações sindicais; casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicaliza- Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
do a partir do registro da candidatura a cargo de direção § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre bra-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, sileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer nesta Constituição.
falta grave nos termos da lei. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- - de Presidente e Vice-Presidente da República; II
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- - de Presidente da Câmara dos Deputados;
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. III - de Presidente do Senado Federal;
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exer- V - da carreira diplomática;
cê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele de- VI - de oficial das Forças Armadas.
fender. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá- § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
veis da comunidade. brasileiro que:
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
penas da lei. dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacio-
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores nal;
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Re-
que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
objeto de discussão e deliberação. de 1994)

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
a) de reconhecimento de nacionalidade originária § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional lar, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
de Revisão nº 3, de 1994) segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
b) de imposição de naturalização, pela norma estran- de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
condição para permanência em seu território ou para o meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Consti- eletivo e candidato à reeleição.
tucional de Revisão nº 3, de 1994) § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re- condições:
pública Federativa do Brasil. I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a tar-se daatividade;
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica-
poderão ter símbolos próprios. mente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de ine-
CAPÍTULO IV legibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger
DOS DIREITOS POLÍTICOS a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a nor-
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- malidade e legitimidade das eleições contra a influência do
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo
para todos, e, nos termos da lei, mediante: ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação
I - plebiscito; dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
II - referendo; § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
III - iniciativa popular. Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplo-
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: mação, instruída a ação com provas de abuso do poder eco-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; nômico, corrupção ou fraude.
II - facultativos para: § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
a) os analfabetos; segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
b) os maiores de setenta anos; temerária ou de manifestamá-fé.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
CAPÍTULO VII
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estran-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
geiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
os conscritos. Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
III - o alistamento eleitoral;
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
V - a filiação partidária; Regulamento também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Cons-
VI - a idade mínima de: titucional nº 19, de 1998)
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden- I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
te da República e Senador; aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Reda-
Estado e do Distrito Federal; ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado II - a investidura em cargo ou emprego público depende
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
d) dezoito anos para Vereador. provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
§ 5º O Presidente da República, os Governadores as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos Constitucional nº 19, de 1998)
poderão ser reeleitos para um único período subsequen- III - o prazo de validade do concurso público será de até
te.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
1997) IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente convocação, aquele aprovado em concurso público de pro-
da República, os Governadores de Estado e do Distrito vas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos sobre novos concursados para assumir cargo ou empre-
mandatos até seis meses antes do pleito. go, na carreira;

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela
lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitu- XVI - é vedada a acumulação remunerada de car-
cional nº 19, de 1998) gos públicos, exceto, quando houver compatibilidade
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à de horários, observado em qualquer caso o disposto no
livre associação sindical; inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos 19, de 1998)
limites definidos em lei específica; (Redação dada pela a) a de dois cargos de professor; (Redação dada
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e defi- científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
nirá os critérios de sua admissão; 19, de 1998)
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por c) a de dois cargos ou empregos privativos de
tempo determinado para atender a necessidade tempo- profissionais de saúde, com profissões regulamenta-
rária de excepcional interesse público; das; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34,
X - a remuneração dos servidores públicos e o sub- de 2001)
sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser XVII - a proibição de acumular estende-se a empre-
fixados ou alterados por lei específica, observada a ini- gos e funções e abrange autarquias, fundações, empre-
ciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral sas públicas, sociedades de economia mista, suas sub-
anual, sempre na mesma data e sem distinção de índi- sidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
ces; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de mente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda
1998) (Regulamento) Constitucional nº 19, de 1998)
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- XVIII - a administração fazendária e seus servidores
gos, funções e empregos públicos da administração dire- fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
ta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer jurisdição, precedência sobre os demais setores admi-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal nistrativos, na forma da lei;
e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e XIX - somente por lei específica poderá ser criada
dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou autarquia e autorizada a instituição de empresa públi-
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamen- ca, de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
te ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer bendo à lei complementar, neste último caso, definir
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, Constitucional nº 19, de 1998)
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do XX - depende de autorização legislativa, em cada
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio-
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o nadas no inciso anterior, assim como a participação de
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito qualquer delas em empresa privada;
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargado- XXI - ressalvados os casos especificados na legis-
res do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e lação, as obras, serviços, compras e alienações serão
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, contratados mediante processo de licitação pública que
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, assegure igualdade de condições a todos os concorren-
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos tes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa-
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos gamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Consti- nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên-
tucional nº 41, 19.12.2003) cias de qualificação técnica e econômica indispensáveis
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e à garantia do cumprimento das obrigações. (Regula-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos mento)
pelo Poder Executivo; XXII - as administrações tributárias da União, dos
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ativida-
quer espécies remuneratórias para o efeito de remune- des essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
ração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela por servidores de carreiras específicas, terão recursos
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) prioritários para a realização de suas atividades e atua-
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por ser- rão de forma integrada, inclusive com o compartilha-
vidor público não serão computados nem acumulados mento de cadastros e de informações fiscais, na forma
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação da lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucio-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nal nº 42, de 19.12.2003)

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, ser- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
viços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter ca- públicas e às sociedades de economia mista, e suas sub-
ráter educativo, informativo ou de orientação social, dela sidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servi- despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela
dores públicos. Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e
responsável, nos termos da lei. 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
usuário na administração pública direta e indireta, regu- Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
lando especialmente: (Redação dada pela Emenda Cons- declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluí-
titucional nº 19, de 1998) do pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
públicos em geral, asseguradas a manutenção de servi-
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em
ços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
externa e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído 1§2.Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede- ral
II - o acesso dos usuários a registros administrati- fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
vos e a informações sobre atos de governo, observado Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o sub-
o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda sídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribu-
Constitucional nº 19, de 1998) nal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
III - a disciplina da representação contra o exercício centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto
administração pública. (Incluído pela Emenda Constitu- neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e
cional nº 19, de 1998) Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Consti-
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa im- tucional nº 47, de 2005)
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
sem prejuízo da ação penal cabível.
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respecti- cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
vas ações de ressarcimento. sua remuneração;
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
direito privado prestadoras de serviços públicos respon- patibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. aplicada a norma do inciso anterior;
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
ao ocupante de cargo ou emprego da administração di- exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
reta e indireta que possibilite o acesso a informações contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº ção por merecimento;
19, de 1998) V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira afastamento, os valores serão determinados como se no
dos órgãos e entidades da administração direta e indire- exercício estivesse.
ta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado
Seção II
entre seus administradores e o poder público, que tenha DOS SERVIDORES PÚBLICOS
por objeto a fixação de metas de desempenho para o (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído
de 1998)
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato; Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
II - os controles e critérios de avaliação de desem- nicípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos di- jurídico único e planos de carreira para os servidores da
rigentes; administração pública direta, das autarquias e das funda-
III - a remuneração do pessoal.” ções públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
Municípios instituirão conselho de política de administra- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado re-
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada gime de previdência de caráter contributivo e solidário,
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN mediante contribuição do respectivo ente público, dos
nº 2.135-4) servidores ativos e inativos e dos pensionistas, obser-
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de- vados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
mais componentes do sistema remuneratório observa- atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela
rá: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
1998) § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-
xidade dos cargos componentes de cada carreira; (Incluí-
culados os seus proventos a partir dos valores fixados
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Constitucional nº 41, 19.12.2003)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emen- I - por invalidez permanente, sendo os proventos
da Constitucional nº 19, de 1998) proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se de-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão corrente de acidente em serviço, moléstia profissional
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamen- ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da
to dos servidores públicos, constituindo-se a participação lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, 19.12.2003)
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contra- II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
tos entre os entes federados. (Redação dada pela Emenda ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de ida-
Constitucional nº 19, de 1998) de, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú- de lei complementar; (Redação dada pela Emenda Cons-
blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, titucional nº 88, de 2015)
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposen-
nº 19, de 1998) tadoria, observadas as seguintes condições: (Redação
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contri-
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsí-
dio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qual- buição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
quer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de re- e trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela
presentação ou outra espécie remuneratória, obedecido, Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) senta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e cionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
e a menor remuneração dos servidores públicos, obede- § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões,
cido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.(Incluído por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- que se deu a aposentadoria ou que serviu de refe- rência
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remu- para a concessão da pensão. (Redação dada pela Emenda
neração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re-
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos orça-
munerações utilizadas como base para as contribuições do
mentários provenientes da economia com despesas cor-
servidor aos regimes de previdência de que tratam este
rentes em cada órgão, autarquia e fundação, para apli-
cação no desenvolvimento de programas de qualidade artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de renciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados,
19, de 1998) nos termos definidos em leis complementares, os casos de
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- servidores: (Redação dada pela Emenda Constitucio- nal
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (In- nº 47, de 2005)
cluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
Constitucional nº 47, de 2005) vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
Emenda Constitucional nº 47, de 2005) para o regime geral de previdência social. (Incluído pela
III cujas atividades sejam exercidas sob condições es- Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade físi- § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de car-
ca. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) go em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contri- exoneração bem como de outro cargo temporário ou de
emprego público, aplica-se o regime geral de previdên-
buição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao dis-
cia social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
posto no § 1º, III, «a», para o professor que comprove
15/12/98)
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
magistério na educação infantil e no ensino fundamental nicípios, desde que instituam regime de previdência com-
e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº plementar para os seus respectivos servidores titulares de
20, de 15/12/98) cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposenta-
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos dorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é veda- trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os
da a percepção de mais de uma aposentadoria à conta benefícios do regime geral de previdência social de que
do regime de previdência previsto neste artigo. (Redação trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) 20, de 15/12/98)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de § 15. O regime de previdência complementar de que
pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respec-
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) tivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor seus parágrafos, no que couber, por intermédio de enti-
falecido, até o limite máximo estabelecido para os bene- dades fechadas de previdência complementar, de nature-
za pública, que oferecerão aos respectivos participantes
fícios do regime geral de previdência social de que trata
planos de benefícios somente na modalidade de contri-
o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela ex-
buição definida. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
cedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; nal nº 41, 19.12.2003)
ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi-
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite dor que tiver ingressado no serviço público até a data da
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral publicação do ato de instituição do correspondente regi-
de previdência social de que trata o art. 201, acrescido me de previdência complementar. (Incluído pela Emenda
de setenta por cento da parcela excedente a este limite, Constitucional nº 20, de 15/12/98)
caso em atividade na data do óbito. (Incluído pela Emen- § 17. Todos os valores de remuneração considerados
da Constitucional nº 41, 19.12.2003) para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios mente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, Constitucional nº 41, 19.12.2003)
conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra-
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido
municipal será contado para efeito de aposentadoria e o para os benefícios do regime geral de previdência social
tempo de serviço correspondente para efeito de disponi- de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabe-
bilidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de lecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
15/12/98)
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma
completado as exigências para aposentadoria voluntária
de contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) em atividade fará jus a um abono de permanência equi-
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma valente ao valor da sua contribuição previdenciária até
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de- completar as exigências para aposentadoria compulsória
correntes da acumulação de cargos ou empregos públi- contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional
cos, bem como de outras atividades sujeitas a contribui- nº 41, 19.12.2003)
ção para o regime geral de previdência social, e ao mon- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
tante resultante da adição de proventos de inatividade próprio de previdência social para os servidores titulares
com remuneração de cargo acumulável na forma desta de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o dis-
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela posto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela Emenda Constitu-
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) cional nº 41, 19.12.2003)

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo inci- § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do
dirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta- Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixa-
doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo do em lei específica do respectivo ente estatal. (Redação
estabelecido para os benefícios do regime geral de pre- dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
vidência social de que trata o art. 201 desta Constituição,
quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de Seção IV
doença incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucio- DAS REGIÕES
nal nº 47, de 2005)
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exer- Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá
cício os servidores nomeados para cargo de provimento articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômi-
efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada co e social, visando a seu desenvolvimento e à redução
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) das desigualdades regionais.
§ 1º O servidor público estável só perderá o car- § 1º - Lei complementar disporá sobre:
go: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de I - as condições para integração de regiões em desen-
1998) volvimento;
I - em virtude de sentença judicial transitada em julga- II - a composição dos organismos regionais que exe-
do; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) cutarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes
II - mediante processo administrativo em que lhe seja dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e
assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Consti- social, aprovados juntamente com estes.
tucional nº 19, de 1998) § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além
III - mediante procedimento de avaliação periódica de de outros, na forma da lei:
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens
ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
de 1998) II - juros favorecidos para financiamento de atividades
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do prioritárias;
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocu- III - isenções, reduções ou diferimento temporário de
pante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori- tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro IV - prioridade para o aproveitamento econômico e
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração social dos rios e das massas de água represadas ou re-
proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela presáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas pe-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) riódicas.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União in-
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com centivará a recuperação de terras áridas e cooperará com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu os pequenos e médios proprietários rurais para o estabe-
adequado aproveitamento em outro cargo. (Redação lecimento, em suas glebas, de fontes de água e de peque-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) na irrigação.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
de, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por Seção II
comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela DA SAÚDE
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
Seção III garantido mediante políticas sociais e econômicas que vi-
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FE- sem à redução do risco de doença e de outros agravos e
DERAL E DOS TERRITÓRIOS ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, sua promoção, proteção e recuperação.
de 1998) Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços
de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
de Bombeiros Militares, instituições organizadas com devendo sua execução ser feita diretamente ou através
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de
do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela direito privado.
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde in-
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito tegram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons-
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado tituem um sistema único, organizado de acordo com as
em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e seguintes diretrizes:
do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica I - descentralização, com direção única em cada esfe-
dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo ra de governo;
as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos go- II - atendimento integral, com prioridade para as ativi-
vernadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional dades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
nº 20, de 15/12/98) III - participação da comunidade.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e
termos do art. 195, com recursos do orçamento da segu- no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
ridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e exerça funções equivalentes às de agente comunitário de
dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único saúde ou de agente de combate às endemias poderá per-
renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, der o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
de 2000) específicos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
nicípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços pú- Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri-
blicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação vada.
de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda § 1º As instituições privadas poderão participar de
Constitucional nº 29, de 2000) forma complementar do sistema único de saúde, segun-
I - no caso da União, a receita corrente líquida do do diretrizes deste, mediante contrato de direito público
respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas
15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda e as sem fins lucrativos.
Constitucional nº 86, de 2015) § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o pro- auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. lucrativos.
155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de
I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela no País, salvo nos casos previstos em lei.
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
produto da arrecadação dos impostos a que se refere o humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento,
art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, bem como a coleta, processamento e transfusão de san-
inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitucio- gue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comer-
nal nº 29, de 2000) cialização.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo me- Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
nos a cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela Emen- outras atribuições, nos termos da lei:
da Constitucional nº 29, de 2000) I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § substâncias de interesse para a saúde e participar da pro-
2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de dução de medicamentos, equipamentos, imunobiológi-
2015) cos, hemoderivados e outros insumos;
II - os critérios de rateio dos recursos da União vincu- II - executar as ações de vigilância sanitária e epide-
lados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal miológica, bem como as de saúde do trabalhador;
e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respec- III - ordenar a formação de recursos humanos na área
tivos Municípios, objetivando a progressiva redução das de saúde;
disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitu- IV - participar da formulação da política e da execu-
cional nº 29, de 2000) ção das ações de saneamento básico;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol-
das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, dis- vimento científico e tecnológico e a inovação; (Redação
trital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
29, de 2000) VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Consti- controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
tucional nº 86, de 2015) águas para consumo humano;
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po- VII - participar do controle e fiscalização da produção,
derão admitir agentes comunitários de saúde e agentes transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
de combate às endemias por meio de processo seletivo psicoativos, tóxicos e radioativos;
público, de acordo com a natureza e complexidade de VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. compreendido o do trabalho.
.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente
comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso
salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63,
de 2010) Regulamento

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Parágrafo único. A garantia de prioridade com-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO preende:
a) primazia de receber proteção e socorro em
ADOLESCENTE - LEI Nº 8069/1990: DAS
quaisquer circunstâncias;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES; DOS
b) precedência de atendimento nos serviços públi-
DIREITOS FUNDAMENTAIS; DO DIREITO cos ou de relevância pública;
À VIDA E À SAÚDE; DAS MEDIDAS c) preferência na formulação e na execução das po-
DE PROTEÇÃO; DA PREVENÇÃO; DA líticas sociais públicas;
POLÍTICA DE ATENDIMENTO; DAS d) destinação privilegiada de recursos públicos nas
MEDIDAS DE PROTEÇÃO; DA PRÁTICA áreas relacionadas com a proteção à infância e à juven-
DO ATO INFRACIONAL; DAS MEDIDAS tude.
PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS; Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto
DO CONSELHO TUTELAR; DO ACESSO À de qualquer forma de negligência, discriminação, explo-
JUSTIÇA; DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ração, violência, crueldade e opressão, punido na forma
ADMINISTRATIVAS; DISPOSIÇÕES FINAIS E da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
TRANSITÓRIAS. direitos fundamentais.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em
conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do
bem comum, os direitos e deveres individuais e coleti-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o vos, e a condição peculiar da criança e do adolescente
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: como pessoas em desenvolvimento.
Título I Título II
Das Disposições Preliminares Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à Do Direito à Vida e à Saúde
criança e ao adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos des- ta Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a pro-
Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e teção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. sociais públicas que permitam o nascimento e o desen-
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, apli- volvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de
ca-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre existência.
dezoito e vinte e um anos de idade. Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os aos programas e às políticas de saúde da mulher e de
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição ade-
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse- quada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
gurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o de- integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação
senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
condições de liberdade e de dignidade. § 1o O atendimento pré-natal será realizado por pro-
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei fissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem 13.257, de 2016)
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, § 2o Os profissionais de saúde de referência da ges-
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, tante garantirão sua vinculação, no último trimestre da
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, gestação, ao estabelecimento em que será realizado o
condição econômica, ambiente social, região e local de parto, garantido o direito de opção da mulher. (Redação
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado
nº 13.257, de 2016) assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nas-
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie- cidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na
dade em geral e do poder público assegurar, com ab- atenção primária, bem como o acesso a outros serviços
soluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao Lei nº 13.257, de 2016)
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao res- § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assis-
peito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. tência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 5o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá III - proceder a exames visando ao diagnóstico e te-
ser prestada também a gestantes e mães que manifestem rapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como nascido, bem como prestar orientação aos pais;
a gestantes e mães que se encontrem em situação de pri- IV - fornecer declaração de nascimento onde cons-
vação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de tem necessariamente as intercorrências do parto e do de-
2016) senvolvimento do neonato;
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao
acompanhante de sua preferência durante o período do neonato a permanência junto à mãe.
pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui-
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre alei- intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o prin-
tamento materno, alimentação complementar saudável e cípio da equidade no acesso a ações e serviços para pro-
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre moção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de pela Lei nº 13.257, de 2016)
estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão
pela Lei nº 13.257, de 2016) atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne-
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento sau- cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e
dável durante toda a gestação e a parto natural cuidado- reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
so, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras in- § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamen-
tervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela te, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,
Lei nº 13.257, de 2016) próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tra-
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da tamento, habilitação ou reabilitação para crianças e ado-
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas lescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às
de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer suas necessidades específicas. (Redação dada pela Lei nº
às consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 13.257, de 2016)
2016) § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e frequente de crianças na primeira infância receberão for-
à mulher com filho na primeira infância que se encontrem mação específica e permanente para a detecção de sinais
sob custódia em unidade de privação de liberdade, am- de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o
biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei
Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em nº 13.257, de 2016)
articulação com o sistema de ensino competente, visando Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
nº 13.257, de 2016) cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
Art. 9º O poder público, as instituições e os empre- para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento responsável, nos casos de internação de criança ou ado-
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medi- lescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
da privativa de liberdade. Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de cas-
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoria-
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coleti-
mente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
vas, visando ao planejamento, à implementação e à ava-
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
liação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleita-
(Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
mento materno e à alimentação complementar saudável,
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse
de forma contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoria-
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neo-
mente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da
natal deverão dispor de banco de leite humano ou unida- Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
de de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, 2016)
de 2016) § 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de entrada, os serviços de assistência social em seu compo-
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são nente especializado, o Centro de Referência Especializado
obrigados a: de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Siste-
I - manter registro das atividades desenvolvidas, ma de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das
anos; crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita
II - identificar o recém-nascido mediante o registro ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
de sua impressão plantar e digital e da impressão digital lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.
autoridade administrativa competente; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá pro- III - responsabilidade primária e solidária do poder
gramas de assistência médica e odontológica para a pre- público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
venção das enfermidades que ordinariamente afetam a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição
população infantil, e campanhas de educação sanitária Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalva-
para pais, educadores e alunos. dos, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três)
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado atendimento e da possibilidade da execução de progra-
do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) mas por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à nº 12.010, de 2009) Vigência
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans- IV - interesse superior da criança e do adolescente:
versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui- a intervenção deve atender prioritariamente aos interes-
dado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei ses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo
nº 13.257, de 2016) da consideração que for devida a outros interesses legí-
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função timos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes
educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, Vigência
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção
vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito
Lei nº 13.257, de 2016) pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida
§ 4o A criança com necessidade de cuidados odon- privada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de VI - intervenção precoce: a intervenção das autorida-
Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) des competentes deve ser efetuada logo que a situação de
perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Título II 2009) Vigência
Das Medidas de Proteção VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-
Capítulo I cida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja
Disposições Gerais ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e
à proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao ado- nº 12.010, de 2009) Vigência
lescente são aplicáveis sempre que os direitos reconheci- VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção
dos nesta Lei forem ameaçados ou violados: deve ser a necessária e adequada à situação de perigo
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; em que a criança ou o adolescente se encontram no mo-
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon- mento em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº
sável; 12.010, de 2009) Vigência
III - em razão de sua conduta. IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres
Capítulo II para com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº
Das Medidas Específicas de Proteção 12.010, de 2009) Vigência
X - prevalência da família: na promoção de direitos e
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo pode- na proteção da criança e do adolescente deve ser dada
rão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem
substituídas a qualquer tempo. na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possí-
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em vel, que promovam a sua integração em família substituta;
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aque- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
las que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
comunitários. adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento
Parágrafo único. São também princípios que regem e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável
a aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que
2009) Vigência determinaram a intervenção e da forma como esta se pro-
I - condição da criança e do adolescente como su- cessa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
jeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de
na Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os
2009) Vigência seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a
II - proteção integral e prioritária: a interpretação participar nos atos e na definição da medida de promo-
e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei ção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devida-
deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direi- mente considerada pela autoridade judiciária competen-
tos de que crianças e adolescentes são titulares; (Incluído te, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, ou do adolescente, a entidade responsável pelo progra-
dentre outras, as seguintes medidas: ma de acolhimento institucional ou familiar elaborará
I - encaminhamento aos pais ou responsável, me- um plano individual de atendimento, visando à reinte-
diante termo de responsabilidade; gração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita
II - orientação, apoio e acompanhamento temporá- e fundamentada em contrário de autoridade judiciária
rios; competente, caso em que também deverá contemplar
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabele- sua colocação em família substituta, observadas as re-
cimento oficial de ensino fundamental; gras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou de 2009) Vigência
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, § 5o O plano individual será elaborado sob a res-
da criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº ponsabilidade da equipe técnica do respectivo programa
13.257, de 2016) de atendimento e levará em consideração a opinião da
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do res-
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; ponsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de § 6o Constarão do plano individual, dentre outros:
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nos; I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluí-
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - os compromissos assumidos pelos pais ou res-
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; ponsável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cia
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei III - a previsão das atividades a serem desenvolvi-
nº 12.010, de 2009) Vigência das com a criança ou com o adolescente acolhido e seus
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento fa- pais ou responsável, com vista na reintegração familiar
miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada
como forma de transição para reintegração familiar ou, determinação judicial, as providências a serem tomadas
não sendo esta possível, para colocação em família subs- para sua colocação em família substituta, sob direta su-
tituta, não implicando privação de liberdade. (Incluído pervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergen- § 7o O acolhimento familiar ou institucional ocor-
ciais para proteção de vítimas de violência ou abuso se-
rerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
xual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o
responsável e, como parte do processo de reintegração
afastamento da criança ou adolescente do convívio fami-
familiar, sempre que identificada a necessidade, a família
liar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e
de origem será incluída em programas oficiais de orien-
importará na deflagração, a pedido do Ministério Público
tação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado
ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento
e estimulado o contato com a criança ou com o ado-
judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao
lescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla
Vigência
defesa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração fa-
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser
encaminhados às instituições que executam programas miliar, o responsável pelo programa de acolhimento fa-
de acolhimento institucional, governamentais ou não, por miliar ou institucional fará imediata comunicação à au-
meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori- toridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público,
dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - sua identificação e a qualificação completa de seus § 9o Em sendo constatada a impossibilidade de re-
pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela integração da criança ou do adolescente à família de
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência origem, após seu encaminhamento a programas oficiais
II - o endereço de residência dos pais ou do res- ou comunitários de orientação, apoio e promoção so- cial,
ponsável, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº será enviado relatório fundamentado ao Ministério
12.010, de 2009) Vigência Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessa- providências tomadas e a expressa recomendação, subs-
dos em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, crita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela
de 2009) Vigência execução da política municipal de garantia do direito à
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração convivência familiar, para a destituição do poder fami- liar,
ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº
Vigência 12.010, de 2009) Vigência

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá Título III
o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de Da Prevenção
destituição do poder familiar, salvo se entender neces- Capítulo I
sária a realização de estudos complementares ou outras Disposições Gerais
providências que entender indispensáveis ao ajuizamen-
to da demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de
gência ameaça ou violação dos direitos da criança e do adoles-
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada co- cente.
marca ou foro regional, um cadastro contendo informa- Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ções atualizadas sobre as crianças e adolescentes em re- Municípios deverão atuar de forma articulada na elabora-
gime de acolhimento familiar e institucional sob sua res- ção de políticas públicas e na execução de ações destina-
ponsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a das a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
situação jurídica de cada um, bem como as providências ou degradante e difundir formas não violentas de educa-
tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em ção de crianças e de adolescentes, tendo como principais
família substituta, em qualquer das modalidades previstas ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) I - a promoção de campanhas educativas permanen-
Vigência tes para a divulgação do direito da criança e do adoles-
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, cente de serem educados e cuidados sem o uso de cas-
o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e tigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos
os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do instrumentos de proteção aos direitos humanos; (Incluído
Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe pela Lei nº 13.010, de 2014)
deliberar sobre a implementação de políticas públicas II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário,
que permitam reduzir o número de crianças e adolescen- do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Con-
tes afastados do convívio familiar e abreviar o período de selho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e
permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela do Adolescente e com as entidades não governamentais
que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010,
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
de 2014)
Capítulo serão acompanhadas da regularização do regis-
III - a formação continuada e a capacitação dos profis-
tro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sionais de saúde, educação e assistência social e dos de-
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
mais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa
assento de nascimento da criança ou adolescente será fei-
dos direitos da criança e do adolescente para o desen-
to à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição
volvimento das competências necessárias à prevenção, à
da autoridade judiciária.
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrenta-
§ 2º Os registros e certidões necessários à regulariza- mento de todas as formas de violência contra a criança e
ção de que trata este artigo são isentos de multas, custas o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pa-
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade, será de- cífica de conflitos que envolvam violência contra a criança
flagrado procedimento específico destinado à sua ave- e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
riguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) visem a garantir os direitos da criança e do adolescente,
Vigência desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é e responsáveis com o objetivo de promover a informação,
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao
paternidade pelo Ministério Público se, após o não com- uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degra-
parecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a pa- dante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010,
ternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para de 2014)
adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, articulação de ações e a elaboração de planos de atuação
a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nasci- conjunta focados nas famílias em situação de violência,
mento são isentos de multas, custas e emolumentos, go- com participação de profissionais de saúde, de assistência
zando de absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº social e de educação e de órgãos de promoção, proteção
13.257, de 2016) e defesa dos direitos da criança e do adolescente. (Incluí-
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação do pela Lei nº 13.010, de 2014)
requerida do reconhecimento de paternidade no assen- Parágrafo único. As famílias com crianças e adoles-
to de nascimento e a certidão correspondente. (Incluído centes com deficiência terão prioridade de atendimento
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção.
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo de-
atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, verão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da
devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas obra e a faixa etária a que se destinam.
a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas Art. 78. As revistas e publicações contendo material
ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e ado- impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes de-
lescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) verão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela advertência de seu conteúdo.
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarre- Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca-
gadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, pro- pas que contenham mensagens pornográficas ou obsce-
fissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de nas sejam protegidas com embalagem opaca.
crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao pú-
o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou do- blico infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, foto-
losos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) grafias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoó-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor- licas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e valores éticos e sociais da pessoa e da família.
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
de pessoa em desenvolvimento. explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não
por ela adotados. seja permitida a entrada e a permanência de crianças e
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídi-
público.
ca, nos termos desta Lei.
Seção II
Capítulo II
Dos Produtos e Serviços
Da Prevenção Especial
Seção I
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adoles-
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
cente de:
e Espetáculos
I - armas, munições e explosivos;
Art. 74. O poder público, através do órgão compe- II - bebidas alcoólicas;
tente, regulará as diversões e espetáculos públicos, infor- III - produtos cujos componentes possam causar de-
mando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não pendência física ou psíquica ainda que por utilização in-
se recomendem, locais e horários em que sua apresenta- devida;
ção se mostre inadequada. IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro-
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
especificada no certificado de classificação. Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
diversões e espetáculos públicos classificados como ade- congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
quados à sua faixa etária. pais ou responsável.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos
somente poderão ingressar e permanecer nos locais de Seção III
apresentação ou exibição quando acompanhadas dos Da Autorização para Viajar
pais ou responsável.
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
exibirão, no horário recomendado para o público infanto comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou res-
juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, ponsável, sem expressa autorização judicial.
culturais e informativas. § 1º A autorização não será exigida quando:
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresenta- a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
do ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída
sua transmissão, apresentação ou exibição. na mesma região metropolitana;
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e fun- b) a criança estiver acompanhada:
cionários de empresas que explorem a venda ou aluguel 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não grau, comprovado documentalmente o parentesco;
haja venda ou locação em desacordo com a classificação 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo
atribuída pelo órgão competente. pai, mãe ou responsável.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais III - criação e manutenção de programas específicos,
ou responsável, conceder autorização válida por dois anos. observada a descentralização político-administrativa;
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a au- IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e mu-
torização é dispensável, se a criança ou adolescente: nicipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon- da criança e do adolescente;
sável; V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assis-
expressamente pelo outro através de documento com fir- tência Social, preferencialmente em um mesmo local, para
ma reconhecida. efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, quem se atribua autoria de ato infracional;
nenhuma criança ou adolescente nascido em território na- VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encar-
residente ou domiciliado no exterior. regados da execução das políticas sociais básicas e de as-
sistência social, para efeito de agilização do atendimento
Parte Especial de crianças e de adolescentes inseridos em programas de
Título I
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rá-
Da Política de
pida reintegração à família de origem ou, se tal solução
Atendimento Capítulo I
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em
Disposições Gerais
família substituta, em quaisquer das modalidades previs-
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da tas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010,
criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto de 2009) Vigência
articulado de ações governamentais e não-governamen- VII - mobilização da opinião pública para a indispen-
tais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos mu- sável participação dos diversos segmentos da sociedade.
nicípios. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: VIII - especialização e formação continuada dos pro-
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
I - políticas sociais básicas; primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direi-
II - serviços, programas, projetos e benefícios de as- tos da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído
sistência social de garantia de proteção social e de preven- pela Lei nº 13.257, de 2016)
ção e redução de violações de direitos, seus agravamen- IX - formação profissional com abrangência dos di-
tos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de versos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
2016) intersetorialidade no atendimento da criança e do ado-
III - serviços especiais de prevenção e atendimento lescente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra- nº 13.257, de 2016)
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão; X - realização e divulgação de pesquisas sobre desen-
IV - serviço de identificação e localização de pais, res- volvimento infantil e sobre prevenção da violência. (In-
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos; cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
dos direitos da criança e do adolescente. dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou criança e do adolescente é considerada de interesse pú-
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a blico relevante e não será remunerada.
garantir o efetivo exercício do direito à convivência fami-
liar de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, Capítulo II
de 2009) Vigência
Das Entidades de Atendimento
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for-
ma de guarda de crianças e adolescentes afastados do Seção I
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, Disposições Gerais
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessida-
des específicas de saúde ou com deficiências e de grupos Art. 90. As entidades de atendimento são responsá-
de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência veis pela manutenção das próprias unidades, assim como
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: pelo planejamento e execução de programas de proteção
I - municipalização do atendimento; e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes,
II - criação de conselhos municipais, estaduais e na- em regime de:
cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos de- I - orientação e apoio sócio-familiar;
liberativos e controladores das ações em todos os níveis, II - apoio socioeducativo em meio aberto;
assegurada a participação popular paritária por meio de III - colocação familiar;
organizações representativas, segundo leis federal, esta- IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei
duais e municipais; nº 12.010, de 2009) igência

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) e deliberações relativas à modalidade de atendimento
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Crian-
12.594, de 2012) (Vide) ça e do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº nº 12.010, de 2009) Vigência
12.594, de 2012) (Vide) § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
(Vide) do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de
§ 1o As entidades governamentais e não governa- sua renovação, observado o disposto no § 1odeste artigo.
mentais deverão proceder à inscrição de seus programas, (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
especificando os regimes de atendimento, na forma de- Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
finida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os
da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação 2009) Vigência
ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
§ 2o Os recursos destinados à implementação e ma- 2009) Vigência
nutenção dos programas relacionados neste artigo serão II - integração em família substituta, quando esgota-
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públi- dos os recursos de manutenção na família natural ou ex-
cos encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assis- tensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tência Social, dentre outros, observando-se o princípio da III - atendimento personalizado e em pequenos gru-
prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconiza- pos;
do pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo IV - desenvolvimento de atividades em regime de co
caput e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído pela -educação;
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - não desmembramento de grupos de irmãos;
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados VI - evitar, sempre que possível, a transferência para
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituin- VII - participação na vida da comunidade local;
do-se critérios para renovação da autorização de funcio- VIII - preparação gradativa para o desligamento;
namento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IX - participação de pessoas da comunidade no pro-
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, cesso educativo.
bem como às resoluções relativas à modalidade de aten- § 1o O dirigente de entidade que desenvolve progra-
dimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos ma de acolhimento institucional é equiparado ao guar-
da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído dião, para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro-
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e gramas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à
pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses,
nº 12.010, de 2009) Vigência relatório circunstanciado acerca da situação de cada crian-
III - em se tratando de programas de acolhimento ça ou adolescente acolhido e sua família, para fins da rea-
institucional ou familiar, serão considerados os índices valiação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela
de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
família substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº § 3o Os entes federados, por intermédio dos Pode-
12.010, de 2009) Vigência res Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
Art. 91. As entidades não-governamentais somente permanente qualificação dos profissionais que atuam di-
poderão funcionar depois de registradas no Conselho reta ou indiretamente em programas de acolhimento ins-
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o titucional e destinados à colocação familiar de crianças e
qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à auto- adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Mi-
ridade judiciária da respectiva localidade. nistério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº
§ 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4o Salvo determinação em contrário da autorida-
a) não ofereça instalações físicas em condições de judiciária competente, as entidades que desenvolvem
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne-
segurança; cessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos
b) não apresente plano de trabalho compatível com de assistência social, estimularão o contato da criança ou
os princípios desta Lei; adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento
c) esteja irregularmente constituída; ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (In-
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de
acolhimento familiar ou institucional somente poderão lazer;
receber recursos públicos se comprovado o atendimento XII - propiciar assistência religiosa àqueles que dese-
dos princípios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído jarem, de acordo com suas crenças;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com inter- valo
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de máximo de seis meses, dando ciência dos resultados
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desti- à autoridade competente;
tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade XV - informar, periodicamente, o adolescente inter-
administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, nado sobre sua situação processual;
de 2009) Vigência XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
§ 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) casos de adolescentes portadores de moléstias infec-
anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial tocontagiosas;
atenção à atuação de educadores de referência estáveis XVII - fornecer comprovante de depósito dos perten-
e qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ces dos adolescentes;
ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de XVIII - manter programas destinados ao apoio e
afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de acompanhamento de egressos;
2016) XIX - providenciar os documentos necessários ao
Art. 93. As entidades que mantenham programa de exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcio- XX - manter arquivo de anotações onde constem
nal e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem data e circunstâncias do atendimento, nome do adoles-
prévia determinação da autoridade competente, fazendo cente, seus pais ou responsável, parentes, endereços,
comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação
Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabili- de seus pertences e demais dados que possibilitem sua
dade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência identificação e a individualização do atendimento.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autori- dade § 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons-
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessá- rio tantes deste artigo às entidades que mantêm programas
com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as me- de acolhimento institucional e familiar. (Redação dada
didas necessárias para promover a imediata reintegração pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
familiar da criança ou do adolescente ou, se por qualquer § 2º No cumprimento das obrigações a que alude
razão não for isso possível ou recomendável, para seu en- este artigo as entidades utilizarão preferencialmente os
caminhamento a programa de acolhimento familiar, insti- recursos da comunidade.
tucional ou a família substituta, observado o disposto no Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que
§ 2o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda
2009) Vigência que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros,
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Con-
de internação têm as seguintes obrigações, entre outras: selho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.
I - observar os direitos e garantias de que são titula- (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
res os adolescentes;
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido Seção II
objeto de restrição na decisão de internação; Da Fiscalização das Entidades
III - oferecer atendimento personalizado, em peque-
nas unidades e grupos reduzidos; Art. 95. As entidades governamentais e não-governa-
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de mentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciá-
respeito e dignidade ao adolescente; rio, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de
preservação dos vínculos familiares; contas serão apresentados ao estado ou ao município,
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamen- conforme a origem das dotações orçamentárias.
te, os casos em que se mostre inviável ou impossível o Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de aten-
reatamento dos vínculos familiares; dimento que descumprirem obrigação constante do art.
VII - oferecer instalações físicas em condições ade- 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e seguran- seus dirigentes ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de
ça e os objetos necessários à higiene pessoal; 2009) Vigência
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e I - às entidades governamentais:
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; a) advertência;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odon- b) afastamento provisório de seus dirigentes;
tológicos e farmacêuticos; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
X - propiciar escolarização e profissionalização; d) fechamento de unidade ou interdição de programa.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
II - às entidades não-governamentais: Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
a) advertência; será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de con-
públicas; frontação, havendo dúvida fundada.
c) interdição de unidades ou suspensão de progra-
ma; Capítulo III
d) cassação do registro. Das Garantias Processuais
§ 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por
entidades de atendimento, que coloquem em risco os Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comu- liberdade sem o devido processo legal.
nicado ao Ministério Público ou representado perante Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre ou-
autoridade judiciária competente para as providências tras, as seguintes garantias:
cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolu- I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
ção da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de infracional, mediante citação ou meio equivalente;
2009) Vigência
II - igualdade na relação processual, podendo con-
§ 2o As pessoas jurídicas de direito público e as orga-
frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
nizações não governamentais responderão pelos danos
provas necessárias à sua defesa;
que seus agentes causarem às crianças e aos adolescen-
III - defesa técnica por advogado;
tes, caracterizado o descumprimento dos princípios nor-
teadores das atividades de proteção específica. (Redação IV - assistência judiciária gratuita e integral aos ne-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autori-
Título III dade competente;
Da Prática de Ato Infracional VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
Capítulo I responsável em qualquer fase do procedimento.
Disposições Gerais
Capítulo IV
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta des- Das Medidas Sócio-Educativas
crita como crime ou contravenção penal. Seção I
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores Disposições Gerais
de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au-
considerada a idade do adolescente à data do fato. toridade competente poderá aplicar ao adolescente as
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor- seguintes medidas:
responderão as medidas previstas no art. 101. I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
Capítulo II III - prestação de serviços à comunidade;
Dos Direitos Individuais IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua VI - internação em estabelecimento educacional;
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em
competente.
conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
a gravidade da infração.
cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
informado acerca de seus direitos. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o admitida a prestação de trabalho forçado.
local onde se encontra recolhido serão incontinenti co- § 3º Os adolescentes portadores de doença ou de-
municados à autoridade judiciária competente e à família ficiência mental receberão tratamento individual e espe-
do apreendido ou à pessoa por ele indicada. cializado, em local adequado às suas condições.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos
pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação arts. 99 e 100.
imediata. Art. 114. A imposição das medidas previstas nos in-
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser cisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco suficientes da autoria e da materialidade da infração, res-
dias. salvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
e basear-se em indícios suficientes de autoria e materia- sempre que houver prova da materialidade e indícios su-
lidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. ficientes da autoria.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Seção II Seção VI
Da Advertência Do Regime de Semiliberdade

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser deter-
verbal, que será reduzida a termo e assinada. minado desde o início, ou como forma de transição para o
meio aberto, possibilitada a realização de atividades exter-
Seção III nas, independentemente de autorização judicial.
Da Obrigação de Reparar o Dano § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissiona-
lização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re- recursos existentes na comunidade.
flexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se § 2º A medida não comporta prazo determinado apli-
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o cando-se, no que couber, as disposições relativas à inter-
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o nação.
prejuízo da vítima. Seção VII
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, Da Internação
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
Art. 121. A internação constitui medida privativa da
Seção IV liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcio-
Da Prestação de Serviços à Comunidade nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de-
senvolvimento.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consis- § 1º Será permitida a realização de atividades exter-
te na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por nas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expres-
período não excedente a seis meses, junto a entidades sa determinação judicial em contrário.
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos § 2º A medida não comporta prazo determinado, de-
congêneres, bem como em programas comunitários ou vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
governamentais. fundamentada, no máximo a cada seis meses.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas confor- § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de in-
me as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas ternação excederá a três anos.
durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sá- § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante-
bados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regi-
não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal me de semiliberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos
de trabalho.
de idade.
Seção V § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será pre-
cedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
Da Liberdade Assistida
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1 o po-
derá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciá-
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
ria. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
Art. 122. A medida de internação só poderá ser apli-
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
cada quando:
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante gra-
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
ve ameaça ou violência a pessoa;
entidade ou programa de atendimento.
II - por reiteração no cometimento de outras infrações
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni- graves;
mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro- III - por descumprimento reiterado e injustificável da
gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o medida anteriormente imposta.
orientador, o Ministério Público e o defensor. § 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, de-
supervisão da autoridade competente, a realização dos vendo ser decretada judicialmente após o devido processo
seguintes encargos, entre outros: legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - promover socialmente o adolescente e sua família, § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, havendo outra medida adequada.
em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistên- Art. 123. A internação deverá ser cumprida em en-
cia social; tidade exclusiva para adolescentes, em local distinto da-
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento quele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação
escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua ma- por critérios de idade, compleição física e gravidade da
trícula; infração.
III - diligenciar no sentido da profissionalização do Parágrafo único. Durante o período de internação,
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; inclusive provisória, serão obrigatórias atividades peda-
IV - apresentar relatório do caso. gógicas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 124. São direitos do adolescente privado de li- Título III
berdade, entre outros, os seguintes: Da Prática de Ato Infracional
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante Capítulo I
do Ministério Público; Disposições Gerais
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta des-
IV - ser informado de sua situação processual, sem- crita como crime ou contravenção penal.
pre que solicitada; Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores
V - ser tratado com respeito e dignidade; de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
VI - permanecer internado na mesma localidade ou Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou res- considerada a idade do adolescente à data do fato.
ponsável; Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor-
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; responderão as medidas previstas no art. 101.
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; Capítulo II
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e Dos Direitos Individuais
asseio pessoal; Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
X - habitar alojamento em condições adequadas de liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
higiene e salubridade; ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
XI - receber escolarização e profissionalização; competente.
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua informado acerca de seus direitos.
crença, e desde que assim o deseje; Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor local onde se encontra recolhido serão incontinenti co-
de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante municados à autoridade judiciária competente e à família
daqueles porventura depositados em poder da entidade; do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
XVI - receber, quando de sua desinternação, os do- Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob
cumentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
imediata.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tem-
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
porariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialida-
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada
de aos interesses do adolescente.
e basear-se em indícios suficientes de autoria e materia-
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade físi-
lidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
ca e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
adequadas de contenção e segurança.
será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
Capítulo V policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de con-
Da Remissão frontação, havendo dúvida fundada.

Capítulo III
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
para apuração de ato infracional, o representante do Mi- Das Garantias Processuais
nistério Público poderá conceder a remissão, como forma
de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
consequências do fato, ao contexto social, bem como à liberdade sem o devido processo legal.
personalidade do adolescente e sua maior ou menor par- Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre ou-
ticipação no ato infracional. tras, as seguintes garantias:
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a conces- I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
são da remissão pela autoridade judiciária importará na infracional, mediante citação ou meio equivalente;
suspensão ou extinção do processo. II - igualdade na relação processual, podendo con-
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, provas necessárias à sua defesa;
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo in- III - defesa técnica por advogado;
cluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas IV - assistência judiciária gratuita e integral aos ne-
previstas em lei, exceto a colocação em regime de semili- cessitados, na forma da lei;
berdade e a internação. V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autori-
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão dade competente;
poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, me- VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
diante pedido expresso do adolescente ou de seu repre- responsável em qualquer fase do procedimento.
sentante legal, ou do Ministério Público.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Capítulo IV Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas confor-
Das Medidas Sócio-Educativas me as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas
Seção I durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sá-
Disposições Gerais bados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a
não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au- de trabalho.
toridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas: Seção V
I - advertência; Da Liberdade Assistida
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
IV - liberdade assistida; que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
V - inserção em regime de semi-liberdade; acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
VI - internação em estabelecimento educacional; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em entidade ou programa de atendimento.
conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni-
gravidade da infração. mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
admitida a prestação de trabalho forçado.
orientador, o Ministério Público e o defensor.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defi- Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a
ciência mental receberão tratamento individual e especia-
supervisão da autoridade competente, a realização dos
lizado, em local adequado às suas condições.
seguintes encargos, entre outros:
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts.
99 e 100. I - promover socialmente o adolescente e sua família,
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos in-
em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistên-
cisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
cia social;
suficientes da autoria e da materialidade da infração, res-
salvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. II - supervisionar a frequência e o aproveitamento
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua ma-
sempre que houver prova da materialidade e indícios su- trícula;
ficientes da autoria. III - diligenciar no sentido da profissionalização do
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
Seção II IV - apresentar relatório do caso.
Da Advertência
Seção VI
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação Do Regime de Semi-liberdade
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser deter-
Seção III minado desde o início, ou como forma de transição para o
Da Obrigação de Reparar o Dano meio aberto, possibilitada a realização de atividades ex-
ternas, independentemente de autorização judicial.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re- § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissiona-
flexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se lização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o recursos existentes na comunidade.
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o § 2º A medida não comporta prazo determinado apli-
prejuízo da vítima. cando-se, no que couber, as disposições relativas à inter-
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, nação.
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
Seção VII
Seção IV Da Internação
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 121. A internação constitui medida privativa da
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consis- liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcio-
te na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de-
período não excedente a seis meses, junto a entidades senvolvimento.
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos § 1º Será permitida a realização de atividades exter-
congêneres, bem como em programas comunitários ou nas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expres-
governamentais. sa determinação judicial em contrário.

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, de- XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
fundamentada, no máximo a cada seis meses. XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de in- crença, e desde que assim o deseje;
ternação excederá a três anos. XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo an- de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
terior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em re- daqueles porventura depositados em poder da entidade;
gime de semiliberdade ou de liberdade assistida. XVI - receber, quando de sua desinternação, os do-
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos cumentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
de idade. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será pre- § 2º A autoridade judiciária poderá suspender tem-
cedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Públi- porariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
co. existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialida-
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1 o po- de aos interesses do adolescente.
derá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciá- Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade físi-
ria. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ca e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
Art. 122. A medida de internação só poderá ser apli- adequadas de contenção e segurança.
cada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante Capítulo V
grave ameaça ou violência a pessoa; Da Remissão
II - por reiteração no cometimento de outras infra-
ções graves; Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
III - por descumprimento reiterado e injustificável da para apuração de ato infracional, o representante do Mi-
medida anteriormente imposta. nistério Público poderá conceder a remissão, como forma
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, de- consequências do fato, ao contexto social, bem como à
vendo ser decretada judicialmente após o devido proces- personalidade do adolescente e sua maior ou menor par-
so legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ticipação no ato infracional.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a interna- Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a conces-
ção, havendo outra medida adequada. são da remissão pela autoridade judiciária importará na
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em en- suspensão ou extinção do processo.
tidade exclusiva para adolescentes, em local distinto da- Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
quele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
por critérios de idade, compleição física e gravidade da nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo in-
infração. cluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
Parágrafo único. Durante o período de internação, previstas em lei, exceto a colocação em regime de semili-
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades peda- berdade e a internação.
gógicas. Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
Art. 124. São direitos do adolescente privado de li- poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, me-
berdade, entre outros, os seguintes: diante pedido expresso do adolescente ou de seu repre-
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante sentante legal, ou do Ministério Público.
do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; Título IV
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
IV - ser informado de sua situação processual, sem-
pre que solicitada; Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon-
V - ser tratado com respeito e dignidade; sável:
VI - permanecer internado na mesma localidade ou I - encaminhamento a serviços e programas oficiais
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou res- ou comunitários de proteção, apoio e promoção da famí-
ponsável; lia; (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma-
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e nos;
asseio pessoal; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
X - habitar alojamento em condições adequadas de psiquiátrico;
higiene e salubridade; IV - encaminhamento a cursos ou programas de
XI - receber escolarização e profissionalização; orientação;

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom- Parágrafo único. Constará da lei orçamentária mu-
panhar sua frequência e aproveitamento escolar; nicipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adoles- necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
cente a tratamento especializado; remuneração e formação continuada dos conselheiros
VII - advertência; tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
VIII - perda da guarda; Art. 135. O exercício efetivo da função de conselhei-
IX - destituição da tutela; ro constituirá serviço público relevante e estabelecerá
X - suspensão ou destituição do poder familiar. (Ex- presunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto Capítulo II
nos arts. 23 e 24. Das Atribuições do Conselho
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opres-
são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
a autoridade judiciária poderá determinar, como medida I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre-
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, vistas no art. 101, I a VII;
a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a II - atender e aconselhar os pais ou responsável,
criança ou o adolescente dependentes do agressor. (In- aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
cluído pela Lei nº 12.415, de 2011) III - promover a execução de suas decisões, poden-
do para tanto:
Título V a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
Do Conselho Tutelar educação, serviço social, previdência, trabalho e segu-
Capítulo I rança;
Disposições Gerais b) representar junto à autoridade judiciária nos ca-
sos de descumprimento injustificado de suas delibera-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e ções.
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do fato que constitua infração administrativa ou penal con-
adolescente, definidos nesta Lei. tra os direitos da criança ou adolescente;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) sua competência;
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração VI - providenciar a medida estabelecida pela autori-
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos dade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI,
pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, para o adolescente autor de ato infracional;
permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo VII - expedir notificações;
de escolha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho de criança ou adolescente quando necessário;
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: IX - assessorar o Poder Executivo local na elabora-
I - reconhecida idoneidade moral; II - ção da proposta orçamentária para planos e programas
idade superior a vinte e um anos; III - de atendimento dos direitos da criança e do adolescen-
residir no município. te;
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o lo- X - representar, em nome da pessoa e da família,
cal, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
inclusive quanto à remuneração dos respectivos mem- inciso II, da Constituição Federal;
bros, aos quais é assegurado o direito a: (Redação dada XI - representar ao Ministério Público para efeito
pela Lei nº 12.696, de 2012) das ações de perda ou suspensão do poder familiar,
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº após esgotadas as possibilidades de manutenção da
12.696, de 2012) criança ou do adolescente junto à família natural. (Re-
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído XII - promover e incentivar, na comunidade e nos
pela Lei nº 12.696, de 2012) grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em
de 2012) crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, 2014)
de 2012) Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribui-
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, ções, o Conselho Tutelar entender necessário o afas-
de 2012) tamento do convívio familiar, comunicará incontinenti

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada
sobre os motivos de tal entendimento e as providências aos que dela necessitarem, através de defensor público
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social ou advogado nomeado.
da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente Infância e da Juventude são isentas de custas e emolu-
poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido mentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
de quem tenha legítimo interesse. Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre-
sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e
Capítulo III um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na
Da Competência forma da legislação civil ou processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de especial à criança ou adolescente, sempre que os interes-
competência constante do art. 147. ses destes colidirem com os de seus pais ou responsável,
ou quando carecer de representação ou assistência legal
Capítulo IV ainda que eventual.
Da Escolha dos Conselheiros Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, po-
liciais e administrativos que digam respeito a crianças e
Art. 139. O processo para a escolha dos membros adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-
dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, paren-
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de tesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobreno-
12.10.1991) me. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do
autoridade judiciária competente, se demonstrado o
mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presi-
interesse e justificada a finalidade.
dencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no Capítulo II
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de es-
Da Justiça da Infância e da Juventude
colha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Seção I
§ 3o No processo de escolha dos membros do Con-
Disposições Gerais
selho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, pro-
meter ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno va-
varas especializadas e exclusivas da infância e da juven-
lor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
tude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua pro-
Capítulo V Dos porcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
Impedimentos infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em
plantões.
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conse-
lho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro Seção II
e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, Do Juiz
tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do con- Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
selheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa fun-
judiciária e ao representante do Ministério Público com ção, na forma da lei de organização judiciária local.
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercí- Art. 147. A competência será determinada:
cio na comarca, foro regional ou distrital. I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adoles-
Título VI cente, à falta dos pais ou responsável.
Do Acesso à Justiça § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
Capítulo I autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
Disposições Gerais regras de conexão, continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou autoridade competente da residência dos pais ou respon-
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e sável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a
ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. criança ou adolescente.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 3º Em caso de infração cometida através de trans- II - a participação de criança e adolescente em:
missão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais a) espetáculos públicos e seus ensaios;
de uma comarca, será competente, para aplicação da pe- b) certames de beleza.
nalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autorida-
da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas de judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado. a) os princípios desta Lei;
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é com- b) as peculiaridades locais;
petente para: c) a existência de instalações adequadas;
I - conhecer de representações promovidas pelo Mi- d) o tipo de frequência habitual ao local;
nistério Público, para apuração de ato infracional atribuí- e) a adequação do ambiente a eventual participação
do a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; ou frequência de crianças e adolescentes;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão f) a natureza do espetáculo.
ou extinção do processo; § 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar-
III - conhecer de pedidos de adoção e seus inciden-
tigo deverão ser
tes;
fundamentadas, caso a caso, vedadas as determina-
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
ções de caráter geral.
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao ado-
lescente, observado o disposto no art. 209;
Seção III
V - conhecer de ações decorrentes de irregularida-
des em entidades de atendimento, aplicando as medidas Dos Serviços Auxiliares
cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de
infrações contra norma de proteção à criança ou adoles- sua proposta orçamentária, prever recursos para manu-
cente; tenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho a Justiça da Infância e da Juventude.
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado- outras atribuições que lhe forem reservadas pela legisla-
lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a ção local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos,
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminha-
b) conhecer de ações de destituição do poder fami- mento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordi-
liar, perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão nação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifes-
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tação do ponto de vista técnico.
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
casamento; Capítulo III
d) conhecer de pedidos baseados em discordância Dos Procedimentos
paterna ou materna, em relação ao exercício do poder fa- Seção I
miliar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Disposições Gerais
Vigência
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
quando faltarem os pais; cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
f) designar curador especial em casos de apresenta- legislação processual pertinente.
ção de queixa ou representação, ou de outros procedi-
Parágrafo único. É assegurada, sob pena de respon-
mentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses
sabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos proces-
de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos; sos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na
execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri-
mento dos registros de nascimento e óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
I - a entrada e permanência de criança ou adolescen- a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e orde-
te, desacompanhado dos pais ou responsável, em: nar de ofício as providências necessárias, ouvido o Minis-
a) estádio, ginásio e campo desportivo; tério Público.
b) bailes ou promoções dançantes; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
c) boate ou congêneres; para o fim de afastamento da criança ou do adolescente
d) casa que explore comercialmente diversões ele- de sua família de origem e em outros procedimentos ne-
trônicas; cessariamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010,
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e te- de 2009) Vigência
levisão. Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Seção II testemunhas que comprovem a presença de uma das
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar causas de suspensão ou destituição do poder familiar
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de
Vigência janeiro de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspen- § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades in-
são do poder familiar terá início por provocação do Mi- dígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
nistério Público ou de quem tenha legítimo interesse. (Ex- profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste arti-
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência go, de representantes do órgão federal responsável pela
Art. 156. A petição inicial indicará: política indigenista, observado o disposto no § 6o do art.
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência Vigência
do requerente e do requerido, dispensada a qualificação § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda,
em se tratando de pedido formulado por representante será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
do Ministério Público; criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen-
III - a exposição sumária do fato e o pedido; volvimento e grau de compreensão sobre as implicações
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
desde logo, o rol de testemunhas e documentos. § 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autori- forem identificados e estiverem em local conhecido. (In-
dade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente,
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberda-
até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
de, a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo
oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
de responsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judi-
12.010, de 2009) Vigência
ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cin-
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de
co dias, salvo quando este for o requerente, designando,
dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a
desde logo, audiência de instrução e julgamento.
serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de tes-
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Mi-
temunhas e documentos.
§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos nistério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária po-
os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, derá determinar a realização de estudo social ou, se pos-
de 2014) sível, de perícia por equipe interprofissional.
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser ci- § 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério
tado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oral-
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de mente o parecer técnico, salvo quando apresentado por
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte mi-
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de nutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será
resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária,
despacho de nomeação. excepcionalmente, designar data para sua leitura no pra-
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado zo máximo de cinco dias.
de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no Art. 163. O prazo máximo para conclusão do proce-
momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja no- dimento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada
meado defensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a a suspensão do poder familiar será averbada à margem
apresentação de documento que interesse à causa, de do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Pú- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
blico.
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autori- Seção III
dade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, Da Destituição da Tutela
por cinco dias, salvo quando este for o requerente, deci-
dindo em igual prazo. Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
§ 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri- procedimento para a remoção de tutor previsto na lei
mento das partes ou do Ministério Público, determinará processual civil e, no que couber, o disposto na seção an-
a realização de estudo social ou perícia por equipe in- terior.
terprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Seção IV § 7o A família substituta receberá a devida orienta-
Da Colocação em Família Substituta ção por intermédio de equipe técnica interprofissional
a serviço do Poder Judiciário, preferencialmente com
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos apoio dos técnicos responsáveis pela execução da polí-
de colocação em família substituta: tica municipal de garantia do direito à convivência fami-
I - qualificação completa do requerente e de seu liar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuên- Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a re-
cia deste; querimento das partes ou do Ministério Público, determi-
II - indicação de eventual parentesco do requeren- nará a realização de estudo social ou, se possível, perícia
te e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou por equipe interprofissional, decidindo sobre a conces-
adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; são de guarda provisória, bem como, no caso de adoção,
III - qualificação completa da criança ou adolescente sobre o estágio de convivência.
e de seus pais, se conhecidos; Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nasci- provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
mento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva adolescente será entregue ao interessado, mediante ter-
certidão; mo de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
V - declaração sobre a existência de bens, direitos 2009) Vigência
ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, obser- pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o
var-se-ão também os requisitos específicos. adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Pú-
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido blico, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houve- judiciária em igual prazo.
rem aderido expressamente ao pedido de colocação em Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tu-
família substituta, este poderá ser formulado diretamen- tela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir
te em cartório, em petição assinada pelos próprios re- pressuposto lógico da medida principal de colocação em
querentes, dispensada a assistência de advogado. (Reda- família substituta, será observado o procedimento con-
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência traditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Ex-
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo repre-
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimen-
sentante do Ministério Público, tomando-se por termo
to, observado o disposto no art. 35.
as declarações. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-
gência
se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar
no art. 47.
será precedido de orientações e esclarecimentos presta-
Parágrafo único. A colocação de criança ou adoles-
dos pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e
cente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de
da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a
acolhimento familiar será comunicada pela autoridade
irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010,
judiciária à entidade por este responsável no prazo má-
de 2009) Vigência
ximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
§ 3o O consentimento dos titulares do poder fami- 2009) Vigência
liar será colhido pela autoridade judiciária competente
em audiência, presente o Ministério Público, garantida Seção V
a livre manifestação de vontade e esgotados os esfor- Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Ado-
ços para manutenção da criança ou do adolescente na lescente
família natural ou extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência Art. 171. O adolescente apreendido por força de or-
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá dem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
validade se não for ratificado na audiência a que se re- judiciária.
fere o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de
2009) Vigência ato infracional será, desde logo, encaminhado à autori-
§ 5o O consentimento é retratável até a data da pu- dade policial competente.
blicação da sentença constitutiva da adoção. (Incluído Parágrafo único. Havendo repartição policial espe-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cializada para atendimento de adolescente e em se tra-
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado tando de ato infracional praticado em coautoria com
após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializa-
de 2009) Vigência da, que, após as providências necessárias e conforme o
caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional co- Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
metido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a representante do Ministério Público notificará os pais ou
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. responsável para apresentação do adolescente, podendo
106, parágrafo único, e 107, deverá: requisitar o concurso das polícias civil e militar.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas Art. 180. Adotadas as providências a que alude o arti-
e o adolescente; go anterior, o representante do Ministério Público poderá:
II - apreender o produto e os instrumentos da infra- I - promover o arquivamento dos autos;
ção; II - conceder a remissão;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à III - representar à autoridade judiciária para aplicação
comprovação da materialidade e autoria da infração. de medida socioeducativa.
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de concedida a remissão pelo representante do Ministério
ocorrência circunstanciada. Público, mediante termo fundamentado, que conterá o
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou res- resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade
ponsável, o adolescente será prontamente liberado pela judiciária para homologação.
autoridade policial, sob termo de compromisso e res- § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
ponsabilidade de sua apresentação ao representante do autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, cumprimento da medida.
no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravi- § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remes-
dade do ato infracional e sua repercussão social, deva o sa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
adolescente permanecer sob internação para garantia de despacho fundamentado, e este oferecerá representação,
sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. designará outro membro do Ministério Público para apre-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade po- licial sentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que
encaminhará, desde logo, o adolescente ao repre- só então estará a autoridade judiciária obrigada a homo-
sentante do Ministério Público, juntamente com cópia do logar.
auto de apreensão ou boletim de ocorrência. Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a au- Ministério Público não promover o arquivamento ou con-
toridade policial encaminhará o adolescente à entidade ceder a remissão, oferecerá representação à autoridade
de atendimento, que fará a apresentação ao representan- judiciária, propondo a instauração de procedimento para
te do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de mais adequada.
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade § 1º A representação será oferecida por petição, que
policial. À falta de repartição policial especializada, o conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
adolescente aguardará a apresentação em dependên- infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
cia separada da destinada a maiores, não podendo, em podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária insta-
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo lada pela autoridade judiciária.
anterior. § 2º A representação independe de prova pré-consti-
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade tuída da autoria e materialidade.
policial encaminhará imediatamente ao representante do Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou bole- conclusão do procedimento, estando o adolescente inter-
tim de ocorrência. nado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
indícios de participação de adolescente na prática de ato judiciária designará audiência de apresentação do ado-
infracional, a autoridade policial encaminhará ao repre- lescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
sentante do Ministério Público relatório das investiga- manutenção da internação, observado o disposto no art.
ções e demais documentos. 108 e parágrafo.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria § 1º O adolescente e seus pais ou responsável se-
de ato infracional não poderá ser conduzido ou trans- rão cientificados do teor da representação, e notificados
portado em compartimento fechado de veículo policial, a comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impli- § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados,
quem risco à sua integridade física ou mental, sob pena a autoridade judiciária dará curador especial ao adoles-
de responsabilidade. cente.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representan- § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autori-
te do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto dade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
devidamente autuados pelo cartório judicial e com infor- apresentação.
mação sobre os antecedentes do adolescente, procederá § 4º Estando o adolescente internado, será requisi-
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo pos- tada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos
sível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. pais ou responsável.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au- § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-
toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabe- se-á unicamente na pessoa do defensor.
lecimento prisional. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescen-
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac- te, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da
terísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser sentença.
imediatamente transferido para a localidade mais próxi-
ma. Seção V-A
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o ado- (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
lescente aguardará sua remoção em repartição policial, Da Infiltração de Agentes de Polícia para a In-
desde que em seção isolada dos adultos e com instala- vestigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de
ções apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máxi- Criança e de Adolescente”
mo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos internet com o fim de investigar os crimes previstos
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional quali- nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta
ficado. Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do De-
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, Penal), obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei
proferindo decisão. nº 13.441, de 2017)
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de I - será precedida de autorização judicial devidamen-
medida de internação ou colocação em regime de se- mi-
te circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os
liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o
limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o
adolescente não possui advogado constituído, nomeará
Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
defensor, designando, desde logo, audiência em conti-
II - dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público
nuação, podendo determinar a realização de diligências
ou representação de delegado de polícia e con- terá a
e estudo do caso.
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomea-
do, no prazo de três dias contado da audiência de apre- dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
sentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as teste- cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas;
munhas arroladas na representação e na defesa prévia, (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe III - não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
interprofissional, será dada a palavra ao representante do sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demons-
tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por trada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade ju-
mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em se- dicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
guida proferirá decisão. § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público po-
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, derão requisitar relatórios parciais da operação de infil-
não comparecer, injustificadamente à audiência de apre- tração antes do término do prazo de que trata o inciso II
sentação, a autoridade judiciária designará nova data, de- do § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
terminando sua condução coercitiva. § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º des-
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou te artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de
suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer 2017)
fase do procedimento, antes da sentença. I - dados de conexão: informações referentes a hora,
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qual- data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
quer medida, desde que reconheça na sentença: Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
I - estar provada a inexistência do fato; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
II - não haver prova da existência do fato; II - dados cadastrais: informações referentes a nome
III - não constituir o fato ato infracional; e endereço de assinante ou de usuário registrado ou au-
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido tenticado para a conexão a quem endereço de IP, iden-
para o ato infracional. tificação de usuário ou código de acesso tenha sido atri-
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o buído no momento da conexão.
adolescente internado, será imediatamente colocado em § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet
liberdade. não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
de internação ou regime de semiliberdade será feita: 1 90t-. B. As informações da operação de infiltra -
I - ao adolescente e ao seu defensor; ção serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (In-
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Pú- Ministério Público terão cinco dias para oferecer ale-
blico e ao delegado de polícia responsável pela operação, gações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual
com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. (In- prazo.
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a finitivo de dirigente de entidade governamental, a auto-
sua identidade para, por meio da internet, colher in- ridade judiciária oficiará à autoridade administrativa ime-
dícios de autoria e materialidade dos crimes previstos diatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei substituição.
e nosarts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do De- § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a auto-
creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código ridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
Penal). (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que processo será extinto, sem julgamento de mérito.
deixar de observar a estrita finalidade da investigação § 4º A multa e a advertência serão impostas ao diri-
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº gente da entidade ou programa de atendimento.
13.441, de 2017)
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro públi- Seção VII
co poderão incluir nos bancos de dados próprios, me- Da Apuração de Infração Administrativa às Nor-
diante procedimento sigiloso e requisição da autorida- mas de Proteção à Criança e ao Adolescente
de judicial, as informações necessárias à efetividade da
identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, Art. 194. O procedimento para imposição de penali-
de 2017) dade administrativa por infração às normas de proteção
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata à criança e ao adolescente terá início por representação
do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de
esta Seção será numerado e tombado em livro es-
infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário cre-
pecífico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
denciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infra-
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
ção, poderão ser usadas fórmulas impressas, especifican-
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao
do-se a natureza e as circunstâncias da infração.
juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados ci- contrário, dos motivos do retardamento.
tados no caput deste artigo serão reunidos em autos Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
apartados e apensados ao processo criminal juntamente apresentação de defesa, contado da data da intimação,
com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da que será feita:
identidade do agente policial infiltrado e a intimida- de I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído pela lavrado na presença do requerido;
Lei nº 13.441, de 2017) II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
habilitado, que entregará cópia do auto ou da represen-
Seção VI tação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de certidão;
Atendimento III - por via postal, com aviso de recebimento, se não
for encontrado o requerido ou seu representante legal;
Art. 191. O procedimento de apuração de irregulari- IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
dades em entidade governamental e não-governamen- tal não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen-
terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou tante legal.
representação do Ministério Público ou do Conselho Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fa- tos. legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Mi-
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a nistério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, de- Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judi- ciária
cretar liminarmente o afastamento provisório do diri- procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
gente da entidade, mediante decisão fundamentada. necessário, designará audiência de instrução e jul-
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no gamento. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, poden- do Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se
juntar documentos e indicar as provas a produzir. -ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciá-
instrução e julgamento, intimando as partes. ria, que em seguida proferirá sentença.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Seção VIII § 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência obrigatória da preparação referida no § 1 o deste artigo in-
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção cluirá o contato com crianças e adolescentes em regime
de acolhimento familiar ou institucional em condições de
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no serem adotados, a ser realizado sob a orientação, super-
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (In- visão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e
de 2009) Vigência pela execução da política municipal de garantia do direi-
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de to à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência 2009) Vigência
III - cópias autenticadas de certidão de nascimen- Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da par-
to ou casamento, ou declaração relativa ao período de ticipação no programa referido no art. 197-C desta Lei,
união estável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- a autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito)
gência horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo Mi-
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no nistério Público e determinará a juntada do estudo psi-
Cadastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, cossocial, designando, conforme o caso, audiência de
de 2009) Vigência instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên-
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cin-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência co) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluí- 12.010, de 2009) Vigência
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sen-
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministé- do a sua convocação para a adoção feita de acordo com
rio Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (In- ordem cronológica de habilitação e conforme a disponi-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência bilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
equipe interprofissional encarregada de elaborar o estu- § 1o A ordem cronológica das habilitações somente
do técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluí- poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quan-
II - requerer a designação de audiência para oitiva do comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
dos postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou
III - requerer a juntada de documentos comple- adolescentes indicados importará na reavaliação da ha-
mentares e a realização de outras diligências que en- bilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
tender necessárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Vigência
2009) Vigência
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equi- Capítulo IV
pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Dos Recursos
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da In-
preparo dos postulantes para o exercício de uma pater- fância e da Juventude, inclusive os relativos à execução
nidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema re-
e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de cursal da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as
2009) Vigência seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.594,
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em de 2012) (Vide)
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juven- I - os recursos serão interpostos independentemente
tude preferencialmente com apoio dos técnicos respon- de preparo;
sáveis pela execução da política municipal de garantia II - em todos os recursos, salvo nos embargos de de-
do direito à convivência familiar, que inclua preparação claração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessida- 12.594, de 2012) (Vide)
des específicas de saúde ou com deficiências e de grupos III - os recursos terão preferência de julgamento e
de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dispensarão revisor;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 201. Compete ao Ministério Público:
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - conceder a remissão como forma de exclusão do
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência processo;
VII - antes de determinar a remessa dos autos à su- II - promover e acompanhar os procedimentos rela-
perior instância, no caso de apelação, ou do instrumen- tivos às infrações atribuídas a adolescentes;
to, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá III - promover e acompanhar as ações de alimentos
despacho fundamentado, mantendo ou reformando a e os procedimentos de suspensão e destituição do po-
decisão, no prazo de cinco dias; der familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o es- e guardiães, bem como oficiar em todos os demais pro-
crivão remeterá os autos ou o instrumento à superior cedimentos da competência da Justiça da Infância e da
instância dentro de vinte e quatro horas, independen- Juventude; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
temente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a 2009) Vigência
remessa dos autos dependerá de pedido expresso da IV - promover, de ofício ou por solicitação dos inte-
parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
cinco dias, contados da intimação. a prestação de contas dos tutores, curadores e quais-
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no quer administradores de bens de crianças e adolescentes
art. 149 caberá recurso de apelação. nas hipóteses do art. 98;
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz V - promover o inquérito civil e a ação civil públi-
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será ca para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive
tratar de adoção internacional ou se houver perigo de os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição
dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. Federal;
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qual- instruí-los:
quer dos genitores do poder familiar fica sujeita a ape- a) expedir notificações para colher depoimentos ou
lação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolu- esclarecimentos e, em caso de não comparecimento in-
tivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência justificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de ado-
polícia civil ou militar;
ção e de destituição de poder familiar, em face da rele-
b) requisitar informações, exames, perícias e docu-
vância das questões, serão processados com priorida-
mentos de autoridades municipais, estaduais e federais,
de absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos,
da administração direta ou indireta, bem como promover
ficando vedado que aguardem, em qualquer situação,
inspeções e diligências investigatórias;
oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para
c) requisitar informações e documentos a particula-
julgamento sem revisão e com parecer urgente do Mi-
res e instituições privadas;
nistério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências in-
Vigência
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em vestigatórias e determinar a instauração de inquérito po-
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessen- ta) licial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
dias, contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº proteção à infância e à juventude;
12.010, de 2009) Vigência VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garan-
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado tias legais assegurados às crianças e adolescentes, pro-
da data do julgamento e poderá na sessão, se entender movendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
necessário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a defesa dos interesses sociais e individuais indisponí-
instauração de procedimento para apuração de respon- veis afetos à criança e ao adolescente;
sabilidades se constatar o descumprimento das provi- X - representar ao juízo visando à aplicação de pena-
dências e do prazo previstos nos artigos anteriores. (In- lidade por infrações cometidas contra as normas de pro-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência teção à infância e à juventude, sem prejuízo da promo-
ção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando
Capítulo V cabível;
Do Ministério Público XI - inspecionar as entidades públicas e particulares
de atendimento e os programas de que trata esta Lei,
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas adotando de pronto as medidas administrativas ou judi-
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei ciais necessárias à remoção de irregularidades porventu-
orgânica. ra verificadas;

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
XII - requisitar força policial, bem como a colabora- Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a
ção dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragi-
assistência social, públicos ou privados, para o desem- do, será processado sem defensor.
penho de suas atribuições. § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tem-
ações cíveis previstas neste artigo não impede a de ter- po, constituir outro de sua preferência.
ceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a § 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
Constituição e esta Lei. mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz no-
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não ex- mear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só
cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade efeito do ato.
do Ministério Público. § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando
§ 3º O representante do Ministério Público, no exer- se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
cício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se sido indicado por ocasião de ato formal com a presença
encontre criança ou adolescente. da autoridade judiciária.
§ 4º O representante do Ministério Público será
responsável pelo uso indevido das informações e docu- Capítulo VII
mentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o Difusos e Coletivos
inciso VIII deste artigo, poderá o representante do Mi-
nistério Público: Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ações de responsabilidade por ofensa aos direitos asse-
instaurando o competente procedimento, sob sua pre- gurados à criança e ao adolescente, referentes ao não
sidência; oferecimento ou oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de
b) entender-se diretamente com a pessoa ou auto- 2009) Vigência
ridade reclamada, em dia, local e horário previamente I - do ensino obrigatório;
notificados ou acertados; II - de atendimento educacional especializado aos
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos portadores de deficiência;
serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e III - de atendimento em creche e pré-escola às
ao adolescente, fixando prazo razoável para sua per- crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada
feita adequação. pela Lei nº 13.306, de 2016)
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que IV - de ensino noturno regular, adequado às condi-
não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Pú- ções do educando;
blico na defesa dos direitos e interesses de que cuida V - de programas suplementares de oferta de mate-
esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das rial didático-escolar, transporte e assistência à saúde do
partes, podendo juntar documentos e requerer diligên- educando do ensino fundamental;
cias, usando os recursos cabíveis. VI - de serviço de assistência social visando à prote-
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em ção à família, à maternidade, à infância e à adolescência,
qualquer caso, será feita pessoalmente. bem como ao amparo às crianças e adolescentes que
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público dele necessitem;
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. VIII - de escolarização e profissionalização dos ado-
Art. 205. As manifestações processuais do represen- lescentes privados de liberdade.
IX - de ações, serviços e programas de orientação,
tante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
apoio e promoção social de famílias e destinados ao ple-
no exercício do direito à convivência familiar por crian-
Capítulo VI
ças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Do Advogado
Vigência
X - de programas de atendimento para a execução
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo in-
proteção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
teresse na solução da lide poderão intervir nos proce-
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem
dimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o
da proteção judicial outros interesses individuais, difu- sos
qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou
ou coletivos, próprios da infância e da adolescência,
por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. protegidos pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005)
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsi-
ou adolescentes será realizada imediatamente após noti- to em julgado da sentença favorável ao autor, mas será
ficação aos órgãos competentes, que deverão comunicar devida desde o dia em que se houver configurado o des-
o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e compa- cumprimento.
nhias de transporte interestaduais e internacionais, for- Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
necendo-lhes todos os dados necessários à identificação gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Ado-
do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005) lescente do respectivo município.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão pro- § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
para processar a causa, ressalvadas a competência da autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
Justiça Federal e a competência originária dos tribunais § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
superiores. nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de
crédito, em conta com correção monetária.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concor-
recursos, para evitar dano irreparável à parte.
rentemente:
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impu-
I - o Ministério Público;
ser condenação ao poder público, o juiz determinará a re-
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Fe-
messa de peças à autoridade competente, para apuração
deral e os territórios; da responsabilidade civil e administrativa do agente a que
III - as associações legalmente constituídas há pelo se atribua a ação ou omissão.
menos um ano e que incluam entre seus fins institucio- Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em jul-
nais a defesa dos interesses e direitos protegidos por gado da sentença condenatória sem que a associação au-
esta Lei, dispensada a autorização da assembléia, se hou- tora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
ver prévia autorização estatutária. Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi-
dos interesses e direitos de que cuida esta Lei. dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação de 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro que a pretensão é manifestamente infundada.
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão associação autora e os diretores responsáveis pela propo-
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de situra da ação serão solidariamente condenados ao dé-
sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de cuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
título executivo extrajudicial. perdas e danos.
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses prote- Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não
gidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
ações pertinentes. periciais e quaisquer outras despesas.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
normas do Código de Processo Civil. deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, pres-
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade tando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto
de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos
buições do poder público, que lesem direito líquido e
e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam
certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao
se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança. Ministério Público para as providências cabíveis.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumpri- Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
mento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz conce- poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
derá a tutela específica da obrigação ou determinará pro- informações que julgar necessárias, que serão forneci-
vidências que assegurem o resultado prático equivalente das no prazo de quinze dias.
ao do adimplemento. Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
havendo justificado receio de ineficácia do provimento pessoa, organismo público ou particular, certidões, in-
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou formações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o
após justificação prévia, citando o réu. qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas to-
ou na sentença, impor multa diária ao réu, independen- das as diligências, se convencer da inexistência de fun-
temente de pedido do autor, se for suficiente ou com- damento para a propositura da ação cível, promoverá o
patível com a obrigação, fixando prazo razoável para o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
cumprimento do preceito. informativas, fazendo-o fundamentadamente.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor- § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilida-
mação arquivados serão remetidos, sob pena de se in- de da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a
correr em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de
Superior do Ministério Público. valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pes-
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promo- soais.
ção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,
do Ministério público, poderão as associações legitima- colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano,
das apresentar razões escritas ou documentos, que serão violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de
informação. CAPÍTULO III
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a Dos Alimentos
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério
Público, conforme dispuser o seu regimento. Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a forma da lei civil.
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. idoso optar entre os prestadores.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defen-
sor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de
título executivo extrajudicial nos termos da lei processual
ESTATUTO DO IDOSO: DISPOSIÇÕES civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737, de 2008)
PRELIMINARES; DO DIREITO À VIDA; Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
DO DIREITO À SAÚDE; DAS MEDIDAS DE condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-
se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assis-
PROTEÇÃO; DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
tência social.
AO IDOSO. CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde

TÍTULO II Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do


Dos Direitos Fundamentais idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS,
CAPÍTULO I garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em con-
Do Direito à Vida junto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde,
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo incluindo a atenção especial às doenças que afetam pre-
e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e ferencialmente os idosos.
da legislação vigente. § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa serão efetivadas por meio de:
a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de po- I - cadastramento da população idosa em base ter-
líticas sociais públicas que permitam um envelhecimento ritorial;
saudável e em condições de dignidade. II - atendimento geriátrico e gerontológico em am-
bulatórios;
CAPÍTULO II III - unidades geriátricas de referência, com pessoal
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
IV - atendimento domiciliar, incluindo a internação, para
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, asse- a população que dele necessitar e esteja impossibi- litada
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, de se locomover, inclusive para idosos abrigados e
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem
individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, Público, nos meios urbano e rural;
os seguintes aspectos: V - reabilitação orientada pela geriatria e geronto-
I - faculdade de ir, vir e estar nos logradouros pú- logia, para redução das sequelas decorrentes do agravo
blicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições da saúde.
legais; § 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
II - opinião e expressão; gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
III - crença e culto religioso; continuado, assim como próteses, órteses e outros recur-
IV - prática de esportes e de diversões; sos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
V - participação na vida familiar e comunitária; § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de
VI - participação na vida política, na forma da lei; saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. da idade.

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limi- § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violên-
tação incapacitante terão atendimento especializado, nos cia contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada
termos da lei. em local público ou privado que lhe cause morte, dano
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso en- ou sofrimento físico ou psicológico. (Incluído pela Lei nº
fermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será 12.461, de 2011)
admitido o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compul-
12.896, de 2013) sória prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei
I - quando de interesse do poder público, o agente no 6.259, de 30 de outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de
promoverá o contato necessário com o idoso em sua resi- 2011)
dência; ou (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará TÍTULO III
representar por procurador legalmente constituído. (In-
Das Medidas de Proteção
cluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento CAPÍTULO I
domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Das Disposições Gerais
Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou
pelo serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são apli-
que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para expe- cáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei fo-
dição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus rem ameaçados ou violados:
direitos sociais e de isenção tributária. (Incluído pela Lei I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
nº 12.896, de 2013) II - por falta, omissão ou abuso da família, curador
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é as- ou entidade de atendimento;
segurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de III - em razão de sua condição pessoal.
saúde proporcionar as condições adequadas para a sua
permanência em tempo integral, segundo o critério mé- CAPÍTULO II
dico. Das Medidas Específicas de Proteção
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde
responsável pelo tratamento conceder autorização para o Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibili- nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativa-
dade, justificá-la por escrito.
mente, e levarão em conta os fins sociais a que se desti-
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas fa-
nam e o fortalecimento dos vínculos familiares e comu-
culdades mentais é assegurado o direito de optar pelo
nitários.
tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas
de proceder à opção, esta será feita: no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a
I - pelo curador, quando o idoso for interditado; requerimento daquele, poderá determinar, dentre ou-
II - pelos familiares, quando o idoso não tiver curador tras, as seguintes medidas:
ou este não puder ser contatado em tempo hábil; I - encaminhamento à família ou curador, mediante
III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco de termo de responsabilidade;
vida e não houver tempo hábil para consulta a curador II - orientação, apoio e acompanhamento tempo-
ou familiar; rários;
IV - pelo próprio médico, quando não houver cura- III - requisição para tratamento de sua saúde, em
dor ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
o fato ao Ministério Público. IV - inclusão em programa oficial ou comunitário de
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes
critérios mínimos para o atendimento às necessidades do de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa
idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos de sua convivência que lhe cause perturbação;
profissionais, assim como orientação a cuidadores fami- V - abrigo em entidade;
liares e grupos de auto-ajuda.
VI - abrigo temporário.
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de vio-
lência praticada contra idosos serão objeto de notificação
TÍTULO IV
compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à
autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamen- Da Política de Atendimento ao Idoso
te comunicados por eles a quaisquer dos seguintes ór- CAPÍTULO I
gãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de 2011) Disposições Gerais
I - autoridade policial;
II - Ministério Público; Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á
III - Conselho Municipal do Idoso; por meio do conjunto articulado de ações governamen-
IV - Conselho Estadual do Idoso; tais e não-governamentais da União, dos Estados, do
V - Conselho Nacional do Idoso. Distrito Federal e dos Municípios.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 47. São linhas de ação da política de atendi- Art. 50. Constituem obrigações das entidades de
mento: atendimento:
I - políticas sociais básicas, previstas na Lei n o 8.842, I - celebrar contrato escrito de prestação de servi-
de 4 de janeiro de 1994;
ço com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as
II - políticas e programas de assistência social, em obrigações da entidade e prestações decorrentes do con-
caráter supletivo, para aqueles que necessitarem; trato, com os respectivos preços, se for o caso;
III - serviços especiais de prevenção e atendimento II - observar os direitos e as garantias de que são
às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abu- titulares os idosos;
II - fornecer vestuário adequado, se for pública, e
so, crueldade e opressão;
alimentação suficiente;
IV - serviço de identificação e localização de paren-
IV - oferecer instalações físicas em condições ade-
tes ou responsáveis por idosos abandonados em hospi-
quadas de habitabilidade;
tais e instituições de longa permanência;
V - oferecer atendimento personalizado;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
VI - diligenciar no sentido da preservação dos víncu-
dos direitos dos idosos; los familiares;
VI - mobilização da opinião pública no sentido da VI - oferecer acomodações apropriadas para recebi-
participação dos diversos segmentos da sociedade no mento de visitas;
atendimento do idoso. VII - proporcionar cuidados à saúde, conforme a ne-
cessidade do idoso;
CAPÍTULO II IX - promover atividades educacionais, esportivas,
Das Entidades de Atendimento ao Idoso culturais e de lazer;
X - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-
Art. 48. As entidades de atendimento são responsá- rem, de acordo com suas crenças;
veis pela manutenção das próprias unidades, observadas XI - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
as normas de planejamento e execução emanadas do ór- XII - comunicar à autoridade competente de saúde toda
gão competente da Política Nacional do Idoso, conforme ocorrência de idoso portador de doenças infecto-
a Lei no 8.842, de 1994. contagiosas;
Parágrafo único. As entidades governamentais e XIII - providenciar ou solicitar que o Ministério Pú-
não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujei- blico requisite os documentos necessários ao exercício da
tas à inscrição de seus programas, junto ao órgão com- cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
petente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da XIV - fornecer comprovante de depósito dos bens
Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual móveis que receberem dos idosos;
ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes XV - manter arquivo de anotações onde constem
de atendimento, observados os seguintes requisitos: data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso,
I - oferecer instalações físicas em condições ade- responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segu- pertences, bem como o valor de contribuições, e suas al-
rança; terações, se houver, e demais dados que possibilitem sua
II - apresentar objetivos estatutários e plano de tra- identificação e a individualização do atendimento;
XVI - comunicar ao Ministério Público, para as provi-
balho compatíveis com os princípios desta Lei;
III - estar regularmente constituída; dências cabíveis, a situação de abandono moral ou mate-
rial por parte dos familiares;
IV - demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
XVII - manter no quadro de pessoal profissionais com
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas
formação específica.
de institucionalização de longa permanência adotarão Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lu-
os seguintes princípios: crativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à
I - preservação dos vínculos familiares; assistência judiciária gratuita.
II - atendimento personalizado e em pequenos gru-
pos; CAPÍTULO III
III - manutenção do idoso na mesma instituição, sal- Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
vo em caso de força maior;
IV - participação do idoso nas atividades comunitá- Art. 52. As entidades governamentais e não-governa-
rias, de caráter interno e externo; mentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos
V - observância dos direitos e garantias dos idosos; Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitá-
VI - preservação da identidade do idoso e ofereci- ria e outros previstos em lei.
mento de ambiente de respeito e dignidade. Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
Parágrafo único. O dirigente de instituição presta- a seguinte redação:
dora de atendimento ao idoso responderá civil e crimi- “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art.
nalmente pelos atos que praticar em detrimento do ido- 6 desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscaliza-
o

so, sem prejuízo das sanções administrativas. ção e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito
das respectivas instâncias político-administrativas.” (NR)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de con- Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
tas dos recursos públicos e privados recebidos pelas enti- 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de
dades de atendimento. reincidência.
Art. 55. As entidades de atendimento que descumpri- Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei
rem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem pre- sobre a prioridade no atendimento ao idoso:
juízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigen- Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
tes ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo
devido processo legal: juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.
I - as entidades governamentais:
a) advertência; CAPÍTULO V
b) afastamento provisório de seus dirigentes; Da Apuração Administrativa de Infração às
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; Normas de Proteção ao Idoso
d) fechamento de unidade ou interdição de progra-
ma; Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo
II - as entidades não-governamentais: IV serão atualizados anualmente, na forma da lei.
a) advertência; Art. 60. O procedimento para a imposição de pena-
b) multa; lidade administrativa por infração às normas de proteção
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas ao idoso terá início com requisição do Ministério Público
públicas; ou auto de infração elaborado por servidor efetivo e assi-
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; nado, se possível, por duas testemunhas.
e) proibição de atendimento a idosos a bem do inte- § 1o No procedimento iniciado com o auto de infra-
resse público. ção poderão ser usadas fórmulas impressas, especifican-
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qual- do-se a natureza e as circunstâncias da infração.
quer tipo de fraude em relação ao programa, caberá o § 2o Sempre que possível, à verificação da infração se-
afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da guir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro
unidade e a suspensão do programa. de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de ver- Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a
bas públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação apresentação da defesa, contado da data da intimação,
ou desvio de finalidade dos recursos. que será feita:
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de aten- I - pelo autuante, no instrumento de autuação, quan-
dimento, que coloque em risco os direitos assegurados do for lavrado na presença do infrator;
nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, II - por via postal, com aviso de recebimento.
para as providências cabíveis, inclusive para promover a Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do
suspensão das atividades ou dissolução da entidade, com idoso, a autoridade competente aplicará à entidade de
a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da
público, sem prejuízo das providências a serem tomadas iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas
pela Vigilância Sanitária. pelo Ministério Público ou pelas demais instituições legi-
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão conside- timadas para a fiscalização.
radas a natureza e a gravidade da infração cometida, os Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a
danos que dela provierem para o idoso, as circunstâncias vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade
agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade. competente aplicará à entidade de atendimento as san-
ções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das
CAPÍTULO IV providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério
Das Infrações Administrativas Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
fiscalização.
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir
as determinações do art. 50 desta Lei: CAPÍTULO VI
Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ Da Apuração Judicial de Irregularidades em Enti-
3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado dade de Atendimento
como crime, podendo haver a interdição do estabeleci-
mento até que sejam cumpridas as exigências legais. Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedi-
Parágrafo único. No caso de interdição do estabeleci- mento administrativo de que trata este Capítulo as dis-
mento de longa permanência, os idosos abrigados serão posições das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de
transferidos para outra instituição, a expensas do estabe- janeiro de 1999.
lecimento interditado, enquanto durar a interdição. Art. 65. O procedimento de apuração de irregularida-
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsá- de em entidade governamental e não-governamental de
vel por estabelecimento de saúde ou instituição de longa atendimento ao idoso terá início mediante petição funda-
permanência de comunicar à autoridade competente os mentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério
casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento: Público.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade O conceito de cidadania também está relacionado
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminar- com o país onde a pessoa exerce os seus direitos e de-
mente o afastamento provisório do dirigente da entidade veres. Assim, a cidadania brasileira está relacionada com o
ou outras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão indivíduo que está ligado aos direitos e deveres que
aos direitos do idoso, mediante decisão fundamentada. estão definidos na Constituição do Brasil.
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no Para ter cidadania brasileira, a pessoa deve ter nas-
prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, poden- cido em território brasileiro ou solicitar a sua naturaliza-
do juntar documentos e indicar as provas a produzir. ção, em caso de estrangeiros. No entanto, os cidadãos de
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na outros países que desejam adquirir a cidadania brasileira
conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará au- devem obedecer todas as etapas requeridas para este
diência de instrução e julgamento, deliberando sobre a processo.
necessidade de produção de outras provas. Uma pessoa pode ter direito a dupla cidadania, isso
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o significa de deve obedecer os diretos e deveres dos paí-
Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer ale- ses em que foi naturalizada.
gações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual A Constituição da República Federativa do Brasil,
prazo. promulgada em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas
definitivo de dirigente de entidade governamental, a au- (deputados e senadores), consolidou a democracia, após
toridade judiciária oficiará a autoridade administrativa longos anos da ditadura militar no Brasil.
imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de
24 (vinte e quatro) horas para proceder à substituição. Deveres do cidadão
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a auto- - Votar para escolher os governantes;
ridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das - Cumprir as leis;
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o - Educar e proteger seus semelhantes;
processo será extinto, sem julgamento do mérito. - Proteger a natureza;
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao diri- - Proteger o patrimônio público e social do País.
gente da entidade ou ao responsável pelo programa de
atendimento. Direitos do cidadão
- Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previ-
dência social, lazer, entre outros;
- O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa,
ÉTICA, DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E mas precisa assinar o que disse e escreveu;
RELACIONAMENTO COM A COMUNIDADE À - Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamen-
LUZ DAS CONCEPÇÕES DE POLÍTICAS DE to e na sua ação na sociedade;
SEGURANÇA PÚBLICA. - O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho,
ofício ou profissão, mas a lei pode pedir estudo e diplo-
ma para isso;
- Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la,
O que é Cidadania: publicá-la e tirar cópia, e esse direito passa para os seus
herdeiros;
Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, - Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam
políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um para seus herdeiros;
país. - Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma
A cidadania também pode ser definida como a con- cidade para outra, ficar ou sair do país, obedecendo a lei
dição do cidadão, indivíduo que vive de acordo com um feita para isso.
conjunto de estatutos pertencentes a uma comunidade Fonte: http://www.significados.com.br/cidadania/
politicamente e socialmente articulada.
Uma boa cidadania implica que os direitos e deveres
estão interligados, e o respeito e cumprimento de am-
bos contribuem para uma sociedade mais equilibrada e
justa.
Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos
e obrigações, garantindo que estes sejam colocados em
prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das
disposições constitucionais. Preparar o cidadão para o
exercício da cidadania é um dos objetivos da educação
de um país.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
‡ Não sobrecarregue as instalações elétricas com a
utilização do plugue T (benjamim).
SEGURANÇA PATRIMONIAL, PREVENÇÃO E
‡ Verifique, antes de sair do trabalho, se os equipa-
COMBATE A INCÊNDIOS - CONCEITUAÇÃO, mentos elétricos estão desligados.
NORMAS, TÉCNICAS. ‡ Observe as normas de segurança ao manipular pro-
dutos inflamáveis ou explosivos.
‡ Mantenha os materiais inflamáveis em locais res-
CLASSES DE INCÊNDIO guardados e à prova de fogo.
Os incêndios são classificados de acordo com os ma-
teriais com eles envolvidos bem como a situação como Métodos de Extinção do Fogo
se encontram, essa classificação é feita para determinar Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na elimi-
o agente extintor adequado para o tipo de incêndio es- nação de um ou mais dos elementos essenciais que pro-
pecífico. vocam o fogo.
Para facilitar a maneira de se combater os incêndios, Retirada do Material
vamos dividi-los em quatro classes: É a forma mais simples de se extinguir um incêndio.
CLASSE “A”- Combustíveis sólidos; Baseia-se na retirada do material combustível, ainda não
CLASSE “B”- Combustíveis Líquidos; atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo
CLASSE “C”- Equipamentos Energizados; e a alimentação da combustão. Método também denomi-
CLASSE “D”- Materiais Pirofóricos. nado corte ou remoção do suprimento do combustível.
Ex.: fechamento de válvula ou interrupção de vaza-
Definições: mento de combustível líquido ou gasoso, retirada de ma-
CLASSE “A”- incêndios envolvendo combustíveis sóli- teriais combustíveis do ambiente em chamas, realização
dos comuns, como papel, madeira, pano, borracha; de aceiro, etc.
CLASSE “B”- incêndio envolvendo combustíveis líqui-
Resfriamento
dos inflamáveis graxas e gases combustíveis;
CLASSE “C” - incêndio envolvendo materiais energi- É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a
temperatura do material combustível que está queiman-
zados;
do, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases
CLASSE “D” - incêndio envolvendo materiais combus-
ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor mais
tíveis pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio, po-
usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser
tássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircô-
facilmente encontrada na natureza.
nio). É caracterizado pela queima em altas temperaturas e
A redução da temperatura está ligada à quantidade
por reagir com agentes extintores comuns, principalmen-
e à forma de aplicação da água (jatos), de modo que ela
te os que contém água. absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir.
É inútil o emprego de água onde queimam combus-
PREVENÇÃO DE INCÊNDIO
tíveis com baixo ponto de combustão (menos de 20ºC),
‡ Não fume 30 minutos antes do final do trabalho.
pois a água resfria até a temperatura ambiente e o mate-
‡ Não use cestos de lixo como cinzeiros.
rial continuará produzindo gases combustíveis.
‡ Não jogue pontas de cigarro pela janela, nem as dei- Abafamento
xe sobre armários, mesas, prateleiras, etc. Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigê-
‡ Respeite as proibições de fumar e acender fósforos nio com o material combustível.
em locais sinalizados. Não havendo comburente para reagir com o combus-
‡ Evite o acúmulo de lixo em locais não apropriados. tível, não haverá fogo. Como exceção estão os materiais
‡ Coloque os materiais de limpeza em recipientes pró- que têm oxigênio em sua composição e queimam sem
prios e identificados. necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgâ-
‡ Mantenha desobstruídas as áreas de escape e não nicos e o fósforo branco.
deixe, mesmo que provisoriamente, materiais nas escadas Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do
e nos corredores. oxigênio em contato com o combustível vai tornando a
‡ Não deixe os equipamentos elétricos ligados após combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio
sua utilização. Desconecte-os da tomada. chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combus-
‡ Não cubra fios elétricos com o tapete. tão. Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo
‡ Ao utilizar materiais inflamáveis, faça-o em quanti- álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca
dade mínimas, armazenando-os sempre na posição verti- para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências
cal e na embalagem original. práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se
‡ Não utilize chama ou aparelho de solda perto de esgote o oxigênio em contato com o combustível.
materiais inflamáveis. Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos,
‡ Não improvise instalações elétricas, nem efetue con- como areia, terra, cobertores, vapor d’água, espumas, pós,
sertos em tomadas e interruptores sem que esteja fami- gases especiais etc.
liarizado com isso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Quebra da Reação em Cadeia Vantagens da Ventilação
Certos agentes extintores, quando lançados sobre o Os grandes objetivos de uma Brigada de Incêndio são:
fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a área das - atingir o local sinistrado no menor tempo possível;
chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (ex- - resgatar vítimas presas; localizar focos de incêndio;
tinção química). Isso ocorre porque o oxigênio comburen- - aplicar os agentes extintores adequados, minimi-
te deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação zando os danos causados pelo fogo, pela água e pelos
só ocorre quando há chamas visíveis. produtos da combustão.
Durante o combate, a ventilação é um auxílio im-
VENTILAÇÃO prescindível na execução destes objetivos. Quando, para
É aplicada no combate a incêndios é a remoção e dis- auxiliar no controle de incêndio, é feita ventilação ade-
persão sistemática de fumaça, gases e vapores quentes quada, uma série de vantagens são obtidas, tais como:
de uns locais confinados, proporcionando a troca dos visualização do foco, retirada do calor e retirada dos
produtos da combustão por ar fresco, facilitando, assim, produtos tóxicos da combustão.
a ação dos bombeiros no ambiente sinistrado. Neste Ma-
nual, chamaremos de produto da combustão a fumaça, Visualização do Foco
os gases e os vapores quentes. São tipos de ventilação: A ventilação adequada retira do ambiente os produ-
natural e forçada. tos da combustão que impedem a visualização.
Tendo uma boa visualização o bombeiro:
Ventilação Natural ‡ entra no ambiente em segurança;
É o emprego do fluxo normal do ar com o fim de ven- ‡ localiza vítimas;
tilar o ambiente, sendo também empregado o princípio ‡ extingue o fogo com maior rapidez, sem causar da-
da convecção com o objetivo de ventilar. Como exem- nos pelo excesso de água aplicada no local.
plo, citam-se a abertura de portas, janelas, paredes, bem
como a abertura de claraboias e telhados. Retirada do Calor
Na ventilação natural, apenas se retiram as obstru- A ventilação adequada retira os produtos da com-
ções que não permitem o fluxo normal dos produtos da bustão que são os responsáveis pela propagação do ca-
combustão.
lor (através da convecção), eliminando com isto grande
quantidade de calor do ambiente.
Ventilação Forçada
Com a retirada do calor, o bombeiro:
É utilizada para retirar produtos da combustão de am-
‡ Tem maior possibilidade de entrar no ambiente. ‡
bientes em que não é possível estabelecer o fluxo natural
Diminui a propagação do incêndio.
de ar. Neste caso, força-se a renovação do ar através da
‡ Evita o “backdraft” e o “flash over”. ‡
utilização de equipamentos e outros métodos.
Evita maior dano à edificação.
Ainda com relação à edificação e à ação do bombeiro,
‡ Evita maiores riscos a possíveis vítimas.
pode-se dividir a ventilação em horizontal e vertical.

Ventilação Horizontal Retirada dos Produtos Tóxicos da Combustão


É aquela em que os produtos da combustão cami- A ventilação adequada retira do ambiente os produ-
nham horizontalmente pelo ambiente. tos da combustão que são os responsáveis pela maioria
Este tipo de ventilação se processa pelo deslocamen- das mortes em incêndio.
to dos produtos da combustão através de corredores, ja- Com a retirada dos produtos tóxicos, o bombeiro:
nelas, portas e aberturas em paredes no mesmo plano. ‡ Tem maior possibilidade de encontrar vítimas com
vida.
Ventilação Vertical ‡ Elimina os estragos provocados pela fuligem.
É aquela em que os produtos da combustão cami- Problemas da Ventilação Inadequada
nham verticalmente pelo ambiente, através de aberturas ‡ Grande volume de fumaça com elevação da tem-
verticais existentes (poços de elevadores, caixas de es- peratura, proporcionando propagação mais rápida do
cadas), ou aberturas feitas pelo bombeiro (retirada de incêndio.
telhas). ‡ Dificuldade no controle da situação.
Para a ventilação, o bombeiro deve aproveitar as ‡ Problemas na execução das operações de salva-
aberturas existentes na edificação, como as portas, ja- mento e combate a incêndio.
nelas e alçapões, só efetuando aberturas em paredes e ‡ Aumento dos riscos de explosão ambiental, em vir-
telhados se inexistirem aberturas ou se as existentes não tude do maior volume de fumaça e alta temperatura.
puderem ser usadas para a ventilação natural ou forçada. ‡ Danos produzidos pela ação do calor, da fumaça e
Efetuar entrada forçada em paredes e telhados, quando já do emprego de água.
existem aberturas no ambiente, acarreta prejuízos ao
proprietário, além de significar perda de tempo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Técnica de Ventilação ‡ Fazer a abertura em telhados é um serviço extrema-
A decisão de ventilar e a escolha do tipo de ventila- mente perigoso. Por isso, entre outras medidas de segu-
ção a ser feita no local do sinistro competem ao Coman- rança, deve-se sempre utilizar um cabo guia, ancorando-o a
dante da Operação, cabendo ao pessoal a execução cor- um ponto firme, para evitar uma queda do brigadista no
reta. Deve-se, sempre que possível, utilizar o fluxo natural ambiente em chamas.
de ar, ou seja, deve-se observar o princípio da convecção ‡ Surpresas desagradáveis podem ocorrer ao se abrir
e a direção do vento. um telhado, tais como labaredas e produtos da combus-
tão em direção ao brigadista. Por este motivo, é essencial
Ventilação Natural Horizontal que o brigadista utilize o EPI necessário, seja armada linha
A maneira correta de se fazer ventilação natural hori- de proteção para sua segurança e trabalhe sobre escada
zontal em uma edificação é usar duas aberturas em desní- de gancho.
vel, em paredes opostas, isto é, uma, o mais alto possível, ‡ Deve-se procurar efetuar uma abertura larga e re-
e a outra, o mais baixo possível. tangular ou quadrada, o que simplifica futuros reparos.
As aberturas devem estar dispostas conforme a dire- Uma abertura larga é melhor que várias pequenas. O ta-
ção do vento. manho da abertura é determinado pelo Chefe da Brigada.
A abertura mais baixa será para a entrada de ar fresco (nunca menor que 1m2).
e limpo, e a abertura mais alta será para a saída dos pro-
dutos da combustão. Ventilação Forçada
Procede-se à ventilação natural horizontal da seguin- Em alguns locais, o bombeiro não encontra condições
te maneira: de realizar a ventilação natural (porque não há fluxo de
‡ Abre-se o ponto mais alto da parede para saída dos ar, este é insuficiente para ventilar o ambiente ou existem
produtos de combustão (janelas, por exemplo). obstruções difíceis de remover, como lajes, etc). Nesses
‡ Abre-se, lentamente, o ponto mais baixo para entra- ambientes, há necessidade da execução de ventilação for-
da do ar fresco. O ar fresco tem temperatura menor que çada, que se realiza através de exaustores ou jatos d’água.
os produtos da combustão e deposita-se nas partes mais
baixas do ambiente, expulsando os produtos da combus- Exaustores elétricos
tão, cuja tendência é permanecer nas partes mais altas. O exaustor é apropriado para locais onde há somente
‡ Observa-se o ambiente, até a visualização das cha- uma abertura. Deve ser usado da seguinte maneira:
mas. ‡ colocar na posição mais alta possível e em uma
O bombeiro poderá usar a porta para a entrada do abertura do lado de fora do incêndio;
ar. Porém, é importante que esta seja aberta lentamente, ‡ conectar o plug (quando motor elétrico) longe de
e que não provoque maior abertura para a entrada do ar atmosferas inflamáveis ou explosivas;
que para a saída dos produtos da combustão (resolve-se ‡ cuidar para que pessoas não se machuquem com o
este problema, abrindo a porta parcialmente). equipamento, por exemplo, enroscando a roupa do corpo
A ventilação natural horizontal utiliza-se da convec- nas pás do exaustor ou tropeçando no fio elétrico;
ção e direção do vento. ‡ não transportar o exaustor enquanto estiver ligado.
Partindo-se do princípio de que o objetivo é desen-
Ventilação Natural Vertical volver circulação artificial do ar, e “jogar” a fumaça para
Este tipo de ventilação está baseado no princípio da fora do ambiente, o exaustor deve ser colocado de forma
convecção. Primeiramente, deve ser feita abertura no teto, a expulsar a fumaça na mesma direção do vento natural,
para permitir que os produtos da combustão sigam seu o que alivia o esforço do exaustor, uma vez que o vento
caminho natural, subindo perpendicularmente ao foco de “arrastará” a fumaça para fora.
incêndio. Outra abertura deve ser feita para permitir a en- Durante a fase inicial de um incêndio, os produtos da
trada do ar fresco no ambiente. Uma porta é a abertura combustão sobem até o teto, lá se acumulando. Os exaus-
ideal, pois pode ser aberta parcialmente, permitindo que tores, por isso, devem ser colocados em pontos altos a fim
o ar fresco entre no ambiente, porém, não em quantida- de eliminar estes produtos da combustão.
de suficiente para provocar uma explosão ambiental. A Para evitar que se crie um círculo vicioso da fumaça
entrada do ar poderá ser controlada conforme a neces- no exaustor, isto é, a fumaça sai e retorna ao ambiente, a
sidade. abertura ao redor do exaustor pode ser coberta. Deve-se
remover todos os obstáculos que possam estar no cami-
Abertura em telhado nho do fluxo do ar, bloqueando a retirada de fumaça do
‡ Sempre que possível, o brigadista deve utilizar as ambiente.
aberturas já existentes na edificação, como claraboias, du-
tos, portinholas, etc. Cuidados
‡ Se for necessário fazer abertura no telhado, o bom- As ações de ventilação têm várias vantagens, porém,
beiro deve saber de que material ele é feito, para escolher se não forem executadas com cuidado, poderão causar
adequadamente as ferramentas de serviço. Normalmente maiores prejuízos. Ao se executar operações de ventila-
para isso basta uma rápida verificação visual. ção em um local sinistrado, o bombeiro deve tomar os
seguintes cuidados:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
‡ sempre que possível, utilizar a ventilação natural CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NO USO DE EX-
(abertura de portas, janelas, claraboias, telhados, etc.); TINTORES DE ÁGUA
‡ estar equipado com aparelho de respiração autôno- - Não tentar reparar defeitos nos extintores, encami-
ma, capa, capacete e botas; nhá-los a uma firma especializada
‡ estar amarrado a um cabo guia como segurança e - Não recolocar o extintor no suporte sem antes recar-
sempre dispor de um meio de fuga do ambiente; regá-lo.
‡ realizar uma abertura grande em lugar de várias pe- - Não utilizar em equipamentos elétricos com energia
quenas; elétrica.
‡ executar aberturas em telhados com o vento so-
prando pelas costas (visando a segurança); EXTINTOR DE ESPUMA QUÍMICA
‡ verificar se a construção suporta o peso dos equipa- Uso Indicado: Incrndio classe “A” e “B”
mentos e dos bombeiros; CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NO USO DE EXTIN-
‡ analisar onde serão as aberturas, evitando que o flu- TORES DE
xo dos produtos da combustão atinjam outras edificações. ESPUMA QUÍMICA
‡ providenciar que a guarnição que faz ventilação es- - Não inverter o extintor fora do local deuso
teja bem coordenada com a equipe de extinção de incên- - Não usa-lo em instalações elétricas com energia ligada.
dio. - Não dirigir o jato diretamente sobre o líquido em cha-
mas, pois haverá risco de espalhar o fogo
AGENTES EXTINTORES - Se após a inversão para o uso, o aparelho não funcio-
Extintores de Incêndio nar,. Abandone-o em local afastado pois o aparelho defei-
Agentes extintores são substâncias que, devido às tuoso ou entupido apresentam risco de explosão.
- Não tente reparar defeitos dos aparelhos, encaminhe
suas características, quando lançados sobre um fogo o
-os a uma firma especializada.
extinguem.
São inúmeros os agentes extintores existentes, porém - Não recoloque o aparelho no seu local costumeiro, sem
antes carrega-lo.
os mais comuns são:
ÁGUA
EXTINTOR DE GÁS CARBÔNICO (CO2)
ESPUMA (Mecânica ou Química) Uso indicado: Incrndios das Classes “B” e “C”
GÁS CARBÔNICO (C02) Nota: o uso de extintor de halon é semelhante ao de CO2
PÓ QUÍMICO SECO (PQS) CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NO USO DE EXTIN-
HALON TORES DE CO2
- Não tentar reparar aparelhos defeituosos, encaminhe
Os extintores de incêndio são aparelhos de primeiros -os à uma firma especializada
socorros, que carregam em seu interior um dos tipos de - Não recolocar no suporte os aparelhos usados, sem an-
agente extintor acima citados, que deverá ser usado em tes recarregá-los
princípios de incêndio. - Não conservar os extintores de Gás Carbônico (CO2)
O extintor receberá sempre o nome do agente extin- em locais de temperatura elevada (acima de 40º C).
tor que transporta e deverá ser construído conforme as
normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Téc- EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO (PQS)
nicas). Uso indicado: Incêndios das Classes “B” e “C”
Poderá ser: CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NO USO DE EXTIN-
Portátil - Quando seu peso total for igual ou inferior a TORES DE PÓ QUÍMICO SECO (PQS)
25kg., e operado por uma única pessoa; - Não tentar reparar os aparelhos defeituosos; encami-
Carreta - Sobre rodas e quando seu peso total passar nha-los a uma firma especializada.
de 25kg., ou sua operação exigir mais de uma pessoa. - Não recolocar o aparelho no seu local costumeiro, sem
Após instalado, um extintor nunca poderá ser remo- antes recarregá-lo.
vido, a não ser quando para uso em combate ao fogo,
recarga, teste ou instrução; estar sempre sinalizado e seu EXTINTOR DE ESPUMA MECÂNICA
acesso desobstruído. Adequado para extinção de princípios de incêndio em
EXTINTOR DE ÁGUA Classe “A” e “B”
Aparelho que carrega em seu interior o agente extin- OPERAÇÃO
tor água. Para que a água (agente extintor) seja expulsa Para extintores pressurizados:
do recipiente (extintor de incêndio) é necessário a pre- 1. Levar o extintor ao local do fogo;
sença de uma pressão interna, que será conseguida com 2. Colocar-se a uma distância segura;
a ajuda de um gás propelente não combustível (CO2, Ni- 3. Retirar o pino de segurança;
trogênio, etc.) 4. Empunhar a mangueira;
TIPOS: 5. Acionar o gatilho, aplicando o jato na base do fogo.
Pressurizado Em caso de líquido inflamável, dirigir o jato em anteparo
Pressão Injetada ou indiretamente de forma a evitar a agitação do líquido.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
OPERAÇÃO
Para extintores com pressão injetada ( com ampola externa)
1. Levar o extintor ao local do fogo;
2. Colocar-se a uma distância segura;
3. Abrir o registro da ampola;
4. Aplicar o jato na base do fogo. Em caso de fogo em líquido inflamável, dirigir o jato em anteparo ou diretamente
de forma, a evitar a agitação do líquido;
5. Manter um filme sobre o líquido inflamável, após a aplicação, evitando desta forma, a reignição.
OBSERVAÇÕES
O extintor de espuma mecânica substitui com vantagem o extintor de espuma química, tanto pela sua eficiência na
extinção do fogo, como pela duração de sua carga, de cinco anos. Possui um maior poder de penetração em materiais
sólidos comuns, comparado com a água.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Estas apropriações, em muitos casos, inesperadas,
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO. constituem-se, já, de fato, em reestruturações do espaço,
como elementos explícitos da possibilidade de flexibilida-
de de uso. Deste modo, o que Nishikawa (1984) aponta é
a importância da realização de projetos urbanísticos, que
Uma observação inicial refere-se à relação do espa-
atuem sobre a estrutura física, permitindo que cidadãos
ço público na cidade com o próprio meio urbano, sua exerçam, sobre o espaço público, suas respectivas apro-
morfologia e apropriações. Destaca-se que esta relação priações, de forma mais adequada e segura.
se encontra fortemente vinculada a aspectos físicos, na- Feitas estas considerações acerca da importância do
turais e/ou construídos, caracterizados pelo desenho de estudo das apropriações alternativas, além naturalmente
formas, que, muitas vezes, além de representarem os es- das apropriações formais, exercidas sobre o espaço pú-
paços públicos a que se destinam, passam a correspon- blico, para compreensão abrangente de suas qualidades,
der à imagem de determinado lugar, cidade, região, ou cabe conferir atenção aos conceitos atribuídos aos espa-
país. No entanto, cabe reconhecer a presença de aspectos ços públicos formalmente constituídos. Parte-se então,
socioeconômicos inerentes à construção destas formas. inicialmente, do entendimento atribuído por vários auto-
Este entendimento considera que, a forma do ambiente res à rua, à praça e ao parque.
urbano se encontra necessariamente relacionada às arti- Conforme Lamas (s/d, p. 98 e 100) a rua, considera-
culações dos interesses e esforços sociais e econômicos, da de fato como estruturadora do traçado, corresponde
envolvendo neste sentido, as pessoas, seus desejos e in- a “um dos elementos mais claramente identificáveis tanto
tenções. Estes, por sua vez, independente das relações na forma de uma cidade como no gesto de a projetar. As-
que estabeleceram na ocasião da definição e constru- senta num suporte geográfico preexistente, regula a dis-
ção do ambiente urbano, se manifestam novamente, de posição dos edifícios e quarteirões, ligas os vários espaços
maneira semelhante ou não, quando da apropriação do e partes da cidade, e confunde-se com o gesto criador”.
lugar. Deste modo, afetas às apropriações encontram- Apoiado em autores como Poète, Lavedan e Tricart,
se as possibilidades de uso indicadas diretamente pelo Lamas1 chama a atenção ainda para o “caráter de perma-
ambiente urbano construído, mas também, as possibili- nência do traçado, não totalmente modificável, que lhe
dades intuídas a partir dele, adaptadas às necessidades permite resistir às transformações urbanas”. Para o autor,
imediatas ou aos desejos e intenções não satisfeitos na “o traçado estabelece a relação mais direta de assenta-
construção do ambiente. mento entre a cidade e o território”. Calcado em Poète,
É importante salientar que as apropriações, mesmo Lamas indica que “a rua ou o traçado relaciona-se direta-
quando intuídas e adaptadas não implicam, necessaria- mente com a formação e crescimento da cidade de modo
mente, em inadequação ou indícios de marginalidade. hierarquizado, em função da importância funcional da
Podem, ao contrário, indicar criatividade, capacidade de deslocação, do percurso e da mobilidade de bens, pes-
melhor aproveitamento das infra-estruturas públicas e soas e idéias” (LAMAS, s/d, p. 100).
fornecer subsídios que alimentem o projeto e a constru- O autor atribui ainda ao traçado “importkncia vital na
ção futura de ambientes desta natureza. Santos e Vogel orientação”, sendo definidor do plano, “intervindo na or-
(1985) atribuem às apropriações dos espaços públicos a ganização da forma urbana a diferentes dimensões” (LA-
função de “mecanismos de defesa e superação da popu- MAS, s/d, p. 100).
lação aos modelos urbanísticos impostos pelos planeja- Acrescentando a esta abordagem física, morfológica,
dores”. Aponta-se aqui, então, para um especial signifi- o viés antropológico necessário ao trato da rua no âmbi-
cado no âmbito da apropriação do espaço público, como to do espaço público e respectiva apropriação, Santos e
fator propício à ampliação da compreensão dos desejos Vogel (1985), a partir de experiência realizada no bairro
e das necessidades da população e respectivo vínculo ao de Catumbi, no Rio de Janeiro, apontam a rua como uma
extensão da casa para diversas comunidades, observadas
ambiente urbano.
e vivenciadas por meio de atividades cotidianas, como as
Deste modo, no trato de procedimento empírico,
brincadeiras infantis e encontros de vizinhos, ou sazonais,
considera-se recomendável, não só o mapeamento e as
como as festas. Observa-se, portanto, que este estudo de
análises das estruturas formais que caracterizam o uso do
Santos e Vogel (1985) reafirma aspectos aqui já aborda-
espaço público, mas considera-se de especial relevância,
dos, quanto à flexibilidade do uso dos espaços públicos,
o mapeamento das apropriações alternativas do espaço
que podem sempre ser objeto de apropriações diferen-
público, independente da existência de infra-estrutura
ciadas, mesmo que formalmente constituídos para finali-
específica para tal, seja para o exercício de atividades
dade específica.
coletivas, seja para apropriação particular. Em respaldo
A praça, para Lamas (s/d, p.100) “é um elemento
a esta argumentação, além dos autores já comentados, morfológico das cidades ocidentais”, inexistentes ante-
Nishikawa (1984) considera as apropriações como even- riormente, distinguindo-se “de outros espaços, que são
tos cotidianos relacionados à própria vida urbana e de- resultado acidental de alargamento ou confluência de tra-
vem ser reconhecidas, entre outros aspectos, como re- çados - pela organização espacial e intencionalidade de
veladoras de necessidades de reestruturações físicas, de desenho. [...] A praça pressupõe a vontade e o desenho
modo a permitir flexibilidade no uso do espaço. de uma forma e de um programa”. Deste modo, o au-

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
tor caracteriza a rua como “lugar de circulação” e a praça As praças como pequenos espaços na malha urbana
como “lugar intencional do encontro, da permanrncia, deveriam ter suas funções protegidas por lei, inclusive
dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifesta- com relação à manutenção do seu entorno com edifi-
ções de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, con- cações de até um ou, no máximo, dois pavimentos, por
sequentemente, de funções estruturantes e arquiteturas questões de escala e proporção (CARNEIRO; MESQUITA,
significativas” (LAMAS, s/d, p. 102). Lamas indica ainda 2000, p. 27).
que a praça na cidade tradicional, como a rua, estabe-
lece “estreita relação do vazio (espaço de permanrncia) Ratificando o caráter de apropriação pública, cabe
com os edifícios, os seus planos marginais e as fachadas. ainda apresentar a definição de praça formulada por Ro-
Estas definem os limites da praça e caracterizam-na, or- bba e Macedo (2002, p. 17) como “espaços livres p~blicos
ganizando o cenário urbano” (LAMAS, s/d, p. 102). Para urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população,
o autor, este é um aspecto menos presente na praça da acessíveis aos cidadãos e livres de veículos”.
urbanística moderna, tendo em vista “as dificuldades de Sobre o parque, Lamas (s/d) não atribui conceitos es-
delimitação e definição provocadas pela menor incidên- pecíficos como nos casos anteriores referentes à rua e
cia dos edifícios e fachadas” (LAMAS, s/d, p. 102). à praça. O grande parque encontra-se inserido no bojo
Observa-se que, ao caracterizar a praça pela inten- dos ambientes caracterizados pelas estruturas verdes, re-
cionalidade e como resultante de um programa, Lamas a ferentes, portanto, à vegetação que apresentam, como
diferencia, de espaços como o largo e o terreiro, carac- o canteiro e o jardim. Estas estruturas verdes são reco-
terizados pelo autor como espaços acidentais: vazios ou nhecidas pelo autor como “elementos identificáveis na
alargamentos da estrutura urbana e que, com o tempo estrutura urbana. Caracterizam a imagem da cidade; têm
foram apropriados e usados ....... estes espaços nunca ad- individualidade própria; desempenham funções precisas:
quirem significação igual ao da praça porque não nasce- são elementos de composição e do desenho urbano; ser-
ram como tal. [...] o largo do mercado, o adro fronteiro vem para organizar, definir e conter espaços” (LAMAS,
à igreja, ou outros pequenos espaços vazios da cidade s/d, p. 106).
medieval não são ainda verdadeiras praças (LAMAS, s/d, Lamas (s/d, p. 194) insere ainda o parque, junto à ala-
p. 102). meda e ao jardim, na categoria denominada por “espaços
Estas teriam sua inserção definitiva na estrutura urba- verdes”, caracterizando-os “como elementos de compo-
na destas cidades, a partir do Renascimento, passando a sição da cidade”. Lamas ressalta a introdução da árvore
“fazer parte obrigatória do desenho urbano nos séculos na cidade como evolução e requinte no modo de viver,
XVIII e XIX” (LAMAS, s/d, p. 102). gerando novos ambientes, como “o recinto arborizado, o
Cabe destacar que tais distinções também podem ser parque, o jardim, o passeio e a alameda, como espaços
aplicadas a determinados espaços no Brasil, como de- de recreio e novas práticas sociais”. O autor indica ainda
monstrado pela pesquisa de Carneiro e Mesquita (2000). a estruturação da arte de jardinaria no período clássico
As autoras, ao tratar dos espaços livres do Recife, no es- barroco, “como um campo específico de arquitetura da
tado de Pernambuco, onde são comuns ambientes como paisagem e de organização territorial”. Realizam-se en-
largos e adros, estabelecem as seguintes definições: tão, segundo o autor “grandes composições de domínio
Praças são espaços livres públicos, com função de da natureza”, a partir de elementos naturais apoiados em
convívio social, inseridos na malha urbana como elemen- elementos construídos. Para ele, “esta atitude vai impri-
to organizador da circulação e de amenização pública, mir à natureza os mesmos atributos culturais e estéticos
com área equivalente à da quadra, geralmente contendo que à cidade, dando-lhe forma e conteúdo cultural e
expressiva cobertura vegetal, mobiliário lúdico, canteiros estético, e está na gênese da manipulação da paisagem
e bancos. como objeto estético”.
Pátios são espaços livres públicos definidos a partir
de uma igreja ou outro elemento arquitetônico expres- Para Carneiro e Mesquita (2000, p. 28)
sivo, além do casario antigo aos quais dá acesso, quase
sempre pavimentados e exercendo a função de respira- Parques são espaços livres públicos com função pre-
douros, de propiciadores do encontro social e eventual- dominante de recreação, ocupando na malha urbana uma
mente destinados a atividades lúdicas temporárias. área em grau de equivalência superior à da qua-
Largos são espaços livres públicos definidos a partir dra típica urbana, em geral apresentando componentes da
de um equipamento geralmente comercial, com o fim de paisagem natural - vegetação, topografia, elemento
valorizar ou complementar alguma edificação como mer- aquático - como também edificações destinadas a ativi-
cado público. Podendo também ser destinados a ativi- dades recreativas, culturais e/ou administrativas.
dades lúdicas temporárias (CARNEIRO; MESQUITA, 2000, Observa-se que referências presentes nos conceitos
p.29). de parque apreendidos de Lamas e de Carneiro e Mesqui-
Para Carneiro e Mesquita (2000, p. 27) “pátios e lar- ta também se encontram presentes na visão de Macedo e
gos são espaços consolidados a partir das necessidades Sakata (2002, p. 13), que consideram o parque “um espa-
surgidas durante o processo inicial de ocupação da cida- ço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao
de”. Estas autoras indicam ainda que: lazer da massa urbana”.

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Além dos espaços públicos caracterizados como rua, II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecen-
praça e parque aqui tratados, cabe ainda, ao final des- tes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
te item, atentar para a franca possibilidade da presença, prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos
em uma dada realidade empírica, de gama mais ampla de nas respectivas áreas de competência;
ambientes, seja quanto à configuração física, seja quanto III - exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
aos próprios usos. tuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Cons-
Neste universo estaria contido, por exemplo, o pe- titucional nº 19, de 1998)
queno canteiro, presente no ambiente urbano com a fun- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
ção formal de dividir as faixas de trânsito de veículos, e judiciária da União.
que pode receber pela população apropriações de lazer § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
ou mesmo comerciais. Há também o espaço considerado organizado e mantido pela União e estruturado em car-
residual, constituído, em geral, de pequena área, com tra- reira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento os-
tamento paisagístico e por vezes, até mesmo mobiliário tensivo das rodovias federais. (Redação dada pela Emen-
urbano (bancos ou brinquedos), remanescente de projeto da Constitucional nº 19, de 1998)
de reestruturação urbana, envolvendo a urbanização de § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
área mais ampla, na qual este espaço encontra-se inseri- organizado e mantido pela União e estruturado em car-
do. Pode-se, igualmente, citar o “campo de pelada”, um reira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento os-
campo de futebol improvisado, comum nos bairros de tensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emen-
menor renda, e o mirante, que se constitui em ambiente da Constitucional nº 19, de 1998)
localizado em áreas com relevo adequado à visualização § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de po-
de paisagens consideradas relevantes e com tratamento lícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
urbanístico que permite a permanência de um grupo de União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
pessoas. O “calçadão” da praia é outro exemplo, e vem se infrações penais, exceto as militares.
configurando fisicamente, como verdadeiro parque urba- § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
no linear à beira mar, devido ao mobiliário urbano, geral- preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
mente presente, e à atratividade que desperta no público. militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe
Fonte: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ a execução de atividades de defesa civil.
revispsi/article/view/10926/8628 § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros mili-
tares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-
se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores
SEGURANÇA PÚBLICA NAS CONSTITUIÇÕES dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-
FEDERAL E ESTADUAL E NA LEI ORGÂNICA
to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
MUNICIPAL;
maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas mu-
nicipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
CAPÍTULO III instalações, conforme dispuser a lei.
DA SEGURANÇA PÚBLICA § 9º A remuneração dos servidores policiais integran-
tes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitu-
e responsabilidade de todos, é exercida para a preserva- cional nº 19, de 1998)
ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do § 10. A segurança viária, exercida para a preservação
patrimônio, através dos seguintes órgãos: da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
I - polícia federal; seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda
II - polícia rodoviária federal; Constitucional nº 82, de 2014)
III - polícia ferroviária federal; I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
IV - polícias civis; de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82,
permanente, organizado e mantido pela União e estru- de 2014)
turado em carreira, destina-se a:” (Redação dada pela II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fe-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) deral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou enti-
I - apurar infrações penais contra a ordem política e dades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons-
União ou de suas entidades autárquicas e empresas pú- titucional nº 82, de 2014)
blicas, assim como outras infrações cuja prática tenha re-
percussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
CAPÍTULO IV Parágrafo único. As patentes, com prerrogativas, di-
DA SEGURANÇA PÚBLICA reitos e deveres a elas inerentes, são asseguradas em toda
sua plenitude aos oficiais da ativa, reserva ou reformados
Art. 46. A segurança Pública, dever do Estado, direi- da Polícia Militar, sendo-lhes privativos os títulos, unifor-
to e responsabilidade de todos é exercida, para a pre- mes militares e postos até o coronel.
servação da ordem pública e incolumidade das pessoas (Redação dada pela Emenda Constitucional 7 de
e do patrimônio, pelos seguintes órgãos: (Redação dada 24/04/2000)
pela Emenda Constitucional 10 de 16/10/2001) (vide Art. 49. A Polícia Militar, comandada por oficial da ati-
ADIN 2616-0 - Com trânsito em julgado) (vide ADIN va do último posto, força auxiliar e reserva do Exército, e a
2575-9 ) Polícia Civil subordinam-se ao Governador do Estado e
I - Polícia Civil; serão regidas por legislação especial, que definirá suas
II - Polícia Militar; estruturas, competências, bem como direitos, garantias,
III - Polícia Científica. deveres e prerrogativas de seus integrantes, de maneira a
(Incluído pela Emenda Constitucional 10 de assegurar a eficiência de suas atividades.
16/10/2001) (vide ADIN 2616-0 - Com trânsito em jul- Art. 50. A polícia científica, com estrutura própria, in-
gado) cumbida das perícias de criminalística e médico-legais, e
Parágrafo único: O Corpo de Bombeiros é integrante de outras atividades técnicas congêneres, será dirigida
da Polícia Militar. por peritos de carreira da classe mais elevada, na forma
(Revogado pela Emenda Constitucional 7 de da lei.
24/04/2000) (Revigorado pela Emenda Constitucional 10 Art. 51. A prevenção de eventos desastrosos, o so-
de 16/10/2001) corro e a assistência aos atingidos por tais eventos e a
Art. 47. A Polícia Civil, dirigida por delegado de po- recuperação dos danos causados serão coordenados pela
lícia, preferencialmente da classe mais elevada da car- Defesa Civil, que disporá de:
reira, é instituição permanente e essencial à funç ão da I - organização sistêmica, dela fazendo parte os ór-
Segurança Pública, com incumbência de exercer as fun- gãos públicos estaduais, podendo integrar suas ações os
ções de polícia judiciária e as apurações das infrações municipais e federais, os classistas, entidades assisten-
penais, exceto as militares. ciais, clubes de serviço, a imprensa, autoridades eclesiás-
§ 1o. A função policial civil fundamenta-se na hierar- ticas e a comunidade em geral;
quia e disciplina. II - coordenadoria estadual vinculada ao gabinete do
§ 2o. O Conselho da Polícia Civil é órgão consultivo,
Governador do Estado.
normativo e deliberativo, para fins de controle do in-
gresso, ascensão funcional, hierarquia e regime discipli- Capítulo XI
nar das carreir as policiais civis.
DA SEGURANÇA PÚBLICA
§ 3o. Os cargos policiais civis serão providos me-
diante concurso público de provas e título s, observado o
ART. 175 A segurança pública, também dever do mu-
disposto na legislação específica.
nicípio, direito e responsabilidade de todos, será exercida
§ 4o. O cargo de Delegado de Polícia integra, para
para a preservação da ordem pública e incolumidade das
todos os fins, as carreiras jurídicas do Estado.
pessoas e do patrimônio, no âmbito de competência do
(Incluído pela Emenda Constitucional 27 de
município, com a formação e a participação da Guarda
11/08/2010)
Municipal, definida em lei.
§ 5o. A remuneração dos delegados e policiais civis
passa a ser fixada na forma de subsídio, em parcela úni- Art. 176 A pessoa jurídica em débito com o sistema
ca, conforme dispõe o § 4o do art. 39 da Constituição de seguridade social não poderá contratar com o Poder
Federal em face do que dispõe o § 9o do art. 144 da Público Municipal, nem dele receber bens ou incentivos
Constituição Federal, observado o disposto nos incisos fiscais ou creditícios.
X, XI e XV do art. 27 e dos §§ 4o, 5o e 6o do art. 33 da
Constituição do Estado do Paraná. (Redação dada pela
Emenda Constitucional 30 de 22/05/2012)
Art. 48. À Polícia Militar, força estadual, instituição
permanente e regular, organizada com base na hierar-
quia e disciplina militares, cabe a polícia ostensiva, a
preservação da ordem pública, a execução de atividades
de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, bus- cas,
salvamentos e socorros públicos, o policiamento de
trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais,
além de outras formas e funções definidas em lei.

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
CAPÍTULO II
DO REGISTRO
ESTATUTO DO DESARMAMENTO E SUA
REGULAMENTAÇÃO;
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no
órgão competente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito
LEI Nº 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. serão registradas no Comando do Exército, na forma do
regulamento desta Lei.
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de interessado deverá, além de declarar a efetiva neces-
Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências. sidade, atender aos seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresenta-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o ção de certidões negativas de antecedentes criminais
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Elei-
toral e de não estar respondendo a inquérito policial
CAPÍTULO I ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
2008)
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas - Sinarm, insti- II - apresentação de documento comprobatório de
tuído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fede- ocupação lícita e de residência certa;
ral, tem circunscrição em todo o território nacional. III - comprovação de capacidade técnica e de apti-
Art. 2o Ao Sinarm compete: dão psicológica para o manuseio de arma de fogo, ates-
I - identificar as características e a propriedade de tadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
armas de fogo, mediante cadastro; § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de
II - cadastrar as armas de fogo produzidas, importa- arma de fogo após atendidos os requisitos anterior-
das e vendidas no País; mente estabelecidos, em nome do requerente e para a
III - cadastrar as autorizações de porte de arma de arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita
IV - cadastrar as transferências de propriedade, ex- no calibre correspondente à arma registrada e na
travio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. (Re-
alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fe- dação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
chamento de empresas de segurança privada e de trans- § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em
porte de valores; território nacional é obrigada a comunicar a venda à au-
V - identificar as modificações que alterem as carac- toridade competente, como também a manter banco de
terísticas ou o funcionamento de arma de fogo; dados com todas as características da arma e cópia dos
VI - integrar no cadastro os acervos policiais já exis- documentos previstos neste artigo.
tentes; § 4o A empresa que comercializa armas de fogo,
VII - cadastrar as apreensões de armas de fogo, in- acessórios e munições responde legalmente por essas
clusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; mercadorias, ficando registradas como de sua proprie-
VIII - cadastrar os armeiros em atividade no País, bem dade enquanto não forem vendidas.
como conceder licença para exercer a atividade; § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e
IX - cadastrar mediante registro os produtores, ata- munições entre pessoas físicas somente será efetivada
cadistas, varejistas, exportadores e importadores autori- mediante autorização do Sinarm.
zados de armas de fogo, acessórios e munições; § 6o A expedição da autorização a que se refere o §
X - cadastrar a identificação do cano da arma, as ca- 1o será concedida, ou recusada com a devida fundamen-
racterísticas das impressões de raiamento e de microes- tação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data
triamento de projétil disparado, conforme marcação e do requerimento do interessado.
testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante; § 7o O registro precário a que se refere o § 4o pres-
XI - informar às Secretarias de Segurança Pública dos cinde do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações III deste artigo.
de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, § 8o Estará dispensado das exigências constantes
bem como manter o cadastro atualizado para consulta. do inciso III do caput deste artigo, na forma do regula-
Parágrafo único. As disposições deste artigo não al- mento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso
cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxilia- permitido que comprove estar autorizado a portar arma
res, bem como as demais que constem dos seus registros com as mesmas características daquela a ser adquiri-
próprios. da. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu-
com validade em todo o território nacional, autoriza o seu nicípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamen- te no 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em servi-
interior de sua residência ou domicílio, ou depen- dência ço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja V - os agentes operacionais da Agência Brasileira de
ele o titular ou o responsável legal pelo estabe- lecimento Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança
ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será República;
expedido pela Polícia Federal e será precedido de autori- VI - os integrantes dos órgãos policiais referidos
zação do Sinarm. no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III VII - os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
do art. 4o deverão ser comprovados periodicamente, em guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do as guardas portuárias;
estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação VIII - as empresas de segurança privada e de trans-
do Certificado de Registro de Arma de Fogo. porte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados IX - para os integrantes das entidades de desporto
de registro de propriedade expedido por órgão estadual legalmente constituídas, cujas atividades esportivas de-
mandem o uso de armas de fogo, na forma do regula-
ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei
mento desta Lei, observando-se, no que couber, a legis-
que não optar pela entrega espontânea prevista no art.
lação ambiental.
32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente re-
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
gistro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, car-
a apresentação de documento de identificação pessoal
gos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada
e comprovante de residência fixa, ficando dispensado
pela Lei nº 11.501, de 2007)
do pagamento de taxas e do cumprimento das demais XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da
4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de
(Prorrogação de prazo) seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exer-
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § cício de funções de segurança, na forma de regulamento a
3 deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá
o
ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
registro provisório, expedido na rede mundial de compu- (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
tadores - internet, na forma do regulamento e obedeci- § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do
dos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo
11.706, de 2008) de propriedade particular ou fornecida pela respec-
I - emissão de certificado de registro provisório pela tiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (In- termos do regulamento desta Lei, com validade em âm-
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008) bito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e
II - revalidação pela unidade do Departamento de VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo § 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
prazo que estimar como necessário para a emissão defi- O§s 1in-tegrantes do quadro efetivo de agen -
nitiva do certificado de registro de propriedade. (Incluído tes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
pela Lei nº 11.706, de 2008) propriedade particular ou fornecida pela respectiva cor-
poração ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que
CAPÍTULO III estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
DO PORTE I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (In-
cluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu-
território nacional, salvo para os casos previstos em legis- lamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
lação própria e para: III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
I - os integrantes das Forças Armadas; controle interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos § 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.993, de
do caput do art. 144 da Constituição Federal; 2014)
III - os integrantes das guardas municipais das capi- § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos
tais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas e X do caput deste artigo está condicionada à comprova-
no regulamento desta Lei; ção do requisito a que se refere o inciso III do caputdo art.
4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das § 2o A empresa de segurança e de transporte de va-
guardas municipais está condicionada à formação funcio- lores deverá apresentar documentação comprobatória do
nal de seus integrantes em estabelecimentos de ensino preenchimento dos requisitos constantes do art. 4 o desta
de atividade policial e à existência de mecanismos de fis- Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
calização e de controle interno, nas condições estabeleci- § 3o A listagem dos empregados das empresas refe-
das no regulamento desta Lei, observada a supervisão do ridas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente
Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº 10.867, junto ao Sinarm.
de 2004) Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias das instituições descritas no inciso XI do art. 6 o serão de
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o instituições, somente podendo ser utilizadas quando em
direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumpri- serviço, devendo estas observar as condições de uso e
mento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente,
na forma do regulamento desta Lei. sendo o certificado de registro e a autorização de porte
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do empre- (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
go de arma de fogo para prover sua subsistência alimen- § 1o A autorização para o porte de arma de fogo de
tar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de que trata este artigo independe do pagamento de taxa.
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) § 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministé-
ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou infe- rio Público designará os servidores de seus quadros pes-
rior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a soais no exercício de funções de segurança que poderão
efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50%
anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela (cinquenta por cento) do número de servidores que exer-
Lei nº 11.706, de 2008) çam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694,
I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela de 2012)
Lei nº 11.706, de 2008) § 3o O porte de arma pelos servidores das instituições
II - comprovante de residência em área rural; e (In- de que trata este artigo fica condicionado à apresentação
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008) de documentação comprobatória do preenchimento dos
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei requisitos constantes do art. 4 o desta Lei, bem como à for-
nº 11.706, de 2008) mação funcional em estabelecimentos de ensino de ativi-
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à dade policial e à existência de mecanismos de fiscalização
sua arma de fogo, independentemente de outras tipi- e de controle interno, nas condições estabelecidas no re-
ficações penais, responderá, conforme o caso, por porte gulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permiti- § 4o A listagem dos servidores das instituições de que
do. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Mu- Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
nicípios que integram regiões metropolitanas será autori- § 5o As instituições de que trata este artigo são obri-
zado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polí-
pela Lei nº 11.706, de 2008) cia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que
das empresas de segurança privada e de transporte de va- estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e qua-
lores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, tro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº
responsabilidade e guarda das respectivas empresas, so- 12.694, de 2012)
mente podendo ser utilizadas quando em serviço, deven- Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades
do essas observar as condições de uso e de armazenagem desportivas legalmente constituídas devem obedecer às
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
de registro e a autorização de porte expedidos pela Polí- órgão competente, respondendo o possuidor ou o auto-
cia Federal em nome da empresa. rizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regu-
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa lamento desta Lei.
de segurança privada e de transporte de valores respon- Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização
derá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 do porte de arma para os responsáveis pela segurança
desta Lei, sem prejuízo das demais sanções administrati- de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil
vas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de
formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e de representantes estrangeiros em competição interna-
e quatro) horas depois de ocorrido o fato. cional oficial de tiro realizada no território nacional.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo CAPÍTULO IV
de uso permitido, em todo o território nacional, é de DOS CRIMES E DAS PENAS
competência da Polícia Federal e somente será concedida
após autorização do Sinarm. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
concedida com eficácia temporária e territorial limitada, acessório ou munição, de uso permitido, em desa- cordo
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o re- com determinação legal ou regulamentar, no inte- rior de
querente: sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
I - demonstrar a sua efetiva necessidade por exercí- local de trabalho, desde que seja o titular ou o respon-
cio de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua sável legal do estabelecimento ou empresa:
integridade física; Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
II - atender às exigências previstas no art. 4odesta Lei; Omissão de cautela
III - apresentar documentação de propriedade de arma Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
de fogo, bem como o seu devido registro no órgão para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
competente. portadora de deficiência mental se apodere de arma de
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, pre- fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua proprie-
vista neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia dade:
caso o portador dela seja detido ou abordado em estado Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro-
alucinógenas. prietário ou diretor responsável de empresa de segurança
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos va- e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrên-
lores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de cia policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
serviços relativos: roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, aces-
I - ao registro de arma de fogo; sório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primei-
II - à renovação de registro de arma de fogo; ras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
III - à expedição de segunda via de registro de arma Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
de fogo; Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen-
IV - à expedição de porte federal de arma de fogo;
te, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
V - à renovação de porte de arma de fogo;
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso per-
VI - à expedição de segunda via de porte federal de
mitido, sem autorização e em desacordo com determina-
arma de fogo.
ção legal ou regulamentar:
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Fede-
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
ral e do Comando do Exército, no âmbito de suas respec- inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registra-
tivas responsabilidades. da em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas Disparo de arma de fogo
neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
dada pela Lei nº 11.706, de 2008) em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma finalidade a prática de outro crime:
e as condições do credenciamento de profissionais pela Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológi- Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
ca e da capacidade técnica para o manuseio de arma de inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)
fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res-
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o va- trito
lor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao va- Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, rece-
lor médio dos honorários profissionais para realização de ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratui-
avaliação psicológica constante do item 1.16 da tabela tamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua
do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído pela Lei nº guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de
11.706, de 2008) uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor com determinação legal ou regulamentar:
cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não pode- Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
rá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
munição. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento II - modificar as características de arma de fogo, de
do profissional pela Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proi-
11.706, de 2008) bido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
III - possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato § 2o Para os órgãos referidos no art. 6 o, somente serão
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacor- expedidas autorizações de compra de munição com iden-
do com determinação legal ou regulamentar; tificação do lote e do adquirente no culote dos projéteis,
IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer na forma do regulamento desta Lei.
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro § 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; ano da data de publicação desta Lei conterão dispositi-
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- vo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, ex-
criança ou adolescente; e clusive para os órgãos previstos no art. 6o.
VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autoriza- § 4o As instituições de ensino policial e as guardas
ção legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou municipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o
explosivo. desta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e má-
Comércio ilegal de arma de fogo quinas de recarga de munição para o fim exclusivo de su-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu- primento de suas atividades, mediante autorização con-
zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remon- cedida nos termos definidos em regulamento. (Incluído
tar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer for- pela Lei nº 11.706, de 2008)
ma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército auto-
ou munição, sem autorização ou em desacordo com de- rizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, de-
terminação legal ou regulamentar: sembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. e demais produtos controlados, inclusive o registro e o
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, ati-
ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de radores e caçadores.
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabo-
clandestino, inclusive o exercido em residência. ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando
Tráfico internacional de arma de fogo não mais interessarem à persecução penal serão encami-
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou nhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no
saída do território nacional, a qualquer título, de arma de prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para des-
fogo, acessório ou munição, sem autorização da autorida- truição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às
de competente: Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Re-
Pena - reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. dação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou do Exército que receberem parecer favorável à doação,
munição forem de uso proibido ou restrito. obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios de
18, a pena é aumentada da metade se forem praticados prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ou-
por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. vido o Comando do Exército, serão arroladas em relatório
6o, 7o e 8o desta Lei. reservado trimestral a ser encaminhado àquelas institui-
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são ções, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interes-
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1) se. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação
CAPÍTULO V das armas a serem doadas ao juiz competente, que deter-
DISPOSIÇÕES GERAIS minará o seu perdimento em favor da instituição benefi-
ciada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar con- § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de
vênios com os Estados e o Distrito Federal para o cumpri- responsabilidade da instituição beneficiada, que procede-
mento do disposto nesta Lei. rá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluí-
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem do pela Lei nº 11.706, de 2008)
como a definição das armas de fogo e demais produtos § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para
obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se
do chefe do Poder Executivo Federal, mediante propos- trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, se-
ta do Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº mestralmente, da relação de armas acauteladas em juízo,
11.706, de 2008) mencionando suas características e o local onde se en-
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deve- contram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
rão estar acondicionadas em embalagens com sistema de Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a co-
código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a mercialização e a importação de brinquedos, réplicas e
identificação do fabricante e do adquirente, entre outras simulacros de armas de fogo, que com estas se possam
informações definidas pelo regulamento desta Lei. confundir.

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas I - à empresa de transporte aéreo, rodoviário, fer-
e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, roviário, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberada-
ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas mente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou
pelo Comando do Exército. permita o transporte de arma ou munição sem a devida
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autori- autorização ou com inobservância das normas de segu-
zar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo rança;
de uso restrito. II - à empresa de produção ou comércio de arma-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se mentos que realize publicidade para venda, estimulando o
aplica às aquisições dos Comandos Militares. uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas pu-
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) blicações especializadas.
anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes Art. 34. Os promotores de eventos em locais fecha-
das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X dos, com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
do caput do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências
11.706, de 2008)
necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas,
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art.
concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a
5o da Constituição Federal.
publicação desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004)
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela
Parágrafo único. O detentor de autorização com
prestação dos serviços de transporte internacional e
prazo de validade superior a 90 (noventa) dias poderá
interestadual de passageiros adotarão as providências
renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos
necessárias para evitar o embarque de passageiros ar-
arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias
mados.
após sua publicação, sem ônus para o requerente.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de
CAPÍTULO VI
fogo de uso permitido ainda não registrada deverão
DISPOSIÇÕES FINAIS
solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008,
mediante apresentação de documento de identificação
pessoal e comprovante de residência fixa, acompanha- Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e
dos de nota fiscal de compra ou comprovação da ori- munição em todo o território nacional, salvo para as
gem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos entidades previstas no art. 6o desta Lei.
em direito, ou declaração firmada na qual constem as § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, depende-
características da arma e a sua condição de proprietá- rá de aprovação mediante referendo popular, a ser reali-
rio, ficando este dispensado do pagamento de taxas zado em outubro de 2005.
e do cumprimento das demais exigências constantes § 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o
dos incisos I a III do caput do art. 4 o desta Lei. (Reda- disposto neste artigo entrará em vigor na data de publi-
ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de cação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
prazo) Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do dis- Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
posto no caput deste artigo, o proprietário de arma de blicação.
fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Fe- deral, Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da Indepen-
certificado de registro provisório, expedido na forma do § dência e 115o da República.
4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas Márcio Thomaz Bastos
de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer José Viegas Filho
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo Marina Silva
e indenização, nos termos do regulamento desta Lei. Este texto não substitui o publicado no DOU de
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de 23.12.2003
fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante
recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na
forma do regulamento, ficando extinta a punibilida- de de
eventual posse irregular da referida arma. (Reda- ção dada
pela Lei nº 11.706, de 2008)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de
2008)
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem
mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), confor- me
especificar o regulamento desta Lei:

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
ANEXO
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) NOÇÕES DE DIREITO PENAL (ARTIGOS 1º
TABELA DE TAXAS A 7º; ARTIGOS 13 A 31; ARTIGOS 91 E 92;
ARTIGO 129; ARTIGOS 135 E 136; ARTIGOS
ATO ADMINISTRATIVO R$ I 138 A 145; ARTIGO 151; ARTIGOS 153 A 174;
- Registro de arma de fogo: ARTIGOS 180 A 183; ARTIGOS 286 A 288;
ARTIGOS 312 A 327 E ARTIGOS 328 A 337C.
- até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
(art. 30)
- a partir de 1 de janeiro de 2009
o
60,00 Código Penal.
II - Renovação do certificado de registro de
arma de fogo: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribui-
ção que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a
Gratuito
seguinte Lei:
(art. 5o, §
- até 31 de dezembro de 2008 3 o) PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
- a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00 (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Registro de arma de fogo para
empresa de segurança privada e de 60,00 Anterioridade da Lei
transporte Art. 1ºN-ão há crime sem lei anterior que o defina.
de valores Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - Renovação do certificado de registro Lei penal no tempo
de arma de fogo para empresa de Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
segurança privada e de transporte de posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
valores: dela a execução e os efeitos penais da sentença condena-
tória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
- até 30 de junho de 2008 30,00 modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória tran-
sitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
- de 1o de julho de 2008 a 31 de outubro Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº
45,00
de 2008 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de-
corrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
- a partir de 1o de novembro de 2008 60,00 tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
V - Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00 durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
VI - Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00 1984)
Tempo do crime
VII - Expedição de segunda via de
60,00 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
certificado de registro de arma de fogo da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
VIII - Expedição de segunda via de porte resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
de arma de fogo 60,00 Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
*
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
extensão do território nacional as embarcações e aerona-
ves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do gover-
no brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co-
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estran- metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
geiras de propriedade privada, achando-se aquelas em reunidas as condições previstas no parágrafo ante-
pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo rior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluí-
Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) do pela Lei nº 7.209, de 1984)
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído
1984) pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resulta-
do.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) TÍTULO II
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº DO CRIME
7.209, de 1984)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come- Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº
tidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 7.209, de 11.7.1984)
1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Consi-
11.7.1984) dera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú- não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
blica; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 11.7.1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Superveniência de causa independente (Incluído
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
§ 1º - A superveniência de causa relativamente in-
ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela
dependente exclui a imputação quando, por si só, pro-
Lei nº 7.209, de 1984)
duziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, impu-
c) contra a administração pública, por quem está a seu
tam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
11.7.1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209,
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de de 11.7.1984)
11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O de-
a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) ver de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, 11.7.1984)
de 1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei- vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em ter- b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de im-
ritório estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela pedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segun- ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
do a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no 11.7.1984)
estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasilei- 7.209, de 11.7.1984)
ra depende do concurso das seguintes condições: (Incluí- Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de
do pela Lei nº 7.209, de 1984) 11.7.1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela I - consumado, quando nele se reúnem todos os ele-
Lei nº 7.209, de 1984) mentos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209,
b) ser o fato punível também no país em que foi pra- de 11.7.1984)
ticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei II - tentado, quando, iniciada a execução, não se con-
brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, suma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (In-
de 1984) cluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de
não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1984) Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pu-
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, ne-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segun- consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela
do a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Desistência voluntária e arrependimento efi- Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de
caz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
prosseguir na execução ou impede que o resultado se praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (In-
Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei cluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou gra- Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ve ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coi- Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável.
sa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
de 11.7.1984) agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficá- fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
cia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada de 11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Coação irresistível e obediência hierárquica (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível
7.209, de 11.7.1984)
ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou as-
coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
sumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
11.7.1984)
Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº
Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984) Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, 11.7.1984)
senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
7.209, de 11.7.1984) exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de
Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984) Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente 11.7.1984)
a pena, só responde o agente que o houver causado ao Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóte-
menos culposamente.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de ses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou cul-
11.7.1984) poso.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Estado de necessidade
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evi-
crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei tar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circuns-
nº 7.209, de 11.7.1984) tâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, nº 7.209, de 11.7.1984)
de 11.7.1984) § 1ºN-ão pode alegar estado de necessidade quem
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamen- tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada
te justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984) Legítima defesa
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usan-
7.209, de 11.7.1984) do moderadamente dos meios necessários, repele injusta
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
TÍTULO III Circunstâncias incomunicáveis
DA IMPUTABILIDADE PENAL Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
Inimputáveis do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença Casos de impunibilidade
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retar- Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
dado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi- puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
nar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena CAPÍTULO VI
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saú-
de mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou Efeitos genéricos e específicos
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en- pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
Menores de dezoito anos causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal- 11.7.1984)
mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabeleci- II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do
das na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei
de 11.7.1984) nº 7.209, de 11.7.1984)
Emoção e paixão a) dos instrumentos do crime, desde que consistam
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Reda- em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) constitua fato ilícito;
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
7.209, de 11.7.1984) que constitua proveito auferido pelo agente com a prática
Embriaguez do fato criminoso.
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou § 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores
substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº equivalentes ao produto ou proveito do crime quando es-
7.209, de 11.7.1984) tes não forem encontrados ou quando se localizarem no
§ 1ºÉ- isento de pena o agente que, por embriaguez exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, § 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de previstas na legislação processual poderão abranger
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado
acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) 12.694, de 2012)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Reda-
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, I - a perda de cargo, função pública ou mandato ele-
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou tivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
de determinar-se a) quando aplicada pena privativa de liberdade por
de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela tempo igual ou superior a um ano, nos crimes pratica-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dos com abuso de poder ou violação de dever para com
a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de
TÍTULO IV 1º.4.1996)
DO CONCURSO DE PESSOAS b) quando for aplicada pena privativa de liberdade
por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais ca-
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o sos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder,
sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de
11.7.1984) reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utiliza-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) do como meio para a prática de crime doloso. (Redação
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido não são automáticos, devendo ser motivadamente decla-
previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei rados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)

62

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
CAPÍTULO II Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
DAS LESÕES CORPORAIS dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1 o a 3o deste artigo, se
Lesão corporal as circunstâncias são as indicadas no § 9 o deste artigo,
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº
de outrem: 10.886, de 2004)
Pena - detenção, de três meses a um ano. § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au-
Lesão corporal de natureza grave mentada de um terço se o crime for cometido contra pes-
§ 1º Se resulta: soa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340,
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por de 2006)
mais de trinta dias; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
II - perigo de vida; agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fede-
III - debilidade permanente de membro, sentido ou ral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
função; de Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
IV - aceleração de parto: corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos. parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
§ 2° Se resulta: condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (In-
I - Incapacidade permanente para o trabalho; cluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - enfermidade incurável; Omissão de socorro
III perda ou inutilização do membro, sentido ou fun- Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos-
ção; sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
IV - deformidade permanente; extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
V - aborto: ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses ca-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. sos, o socorro da autoridade pública:
Lesão corporal seguida de morte Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam Parágrafo único - A pena é aumentada de metade,
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
de produzi-lo: triplicada, se resulta a morte.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Condicionamento de atendimento médico-hospi-
Diminuição de pena talar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de ou qualquer garantia, bem como o preenchimento pré-
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação vio de formulários administrativos, como condição para o
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído
terço. pela Lei nº 12.653, de 2012).
Substituição da pena Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
mil réis a dois contos de réis: da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído
anterior; pela Lei nº 12.653, de 2012).
II - se as lesões são recíprocas. Maus-tratos
Lesão corporal culposa Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pes-
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) soa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
Pena - detenção, de dois meses a um ano. educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privan-
Aumento de pena do-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste abusando de meios de correção ou disciplina:
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) grave:
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de Pena - reclusão, de um a quatro anos.
2004) § 2º - Se resulta a morte:
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des- Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (In-
o agente das relações domésticas, de coabitação ou de cluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
CAPÍTULO V IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
DOS CRIMES CONTRA A HONRA portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
(Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Calúnia Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen- paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em
te fato definido como crime: dobro.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Exclusão do crime
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação pu-
a imputação, a propala ou divulga. nível:
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
Exceção da verdade sa, pela parte ou por seu procurador;
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: II - a opinião desfavorável da crítica literária, artísti-
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação ca ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
privada, o ofendido não foi condenado por sentença ir- injuriar ou difamar;
recorrível; III - o conceito desfavorável emitido por funcioná-
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas rio público, em apreciação ou informação que preste no
indicadas no nº I do art. 141; cumprimento de dever do ofício.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Difamação Retratação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se
ofensivo à sua reputação:
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
de pena.
Exceção da verdade
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se as- sim
relativa ao exercício de suas funções.
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se
Injúria
praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a digni-
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases,
dade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satis-
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provo-
cou diretamente a injúria; fatórias, responde pela ofensa.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo
outra injúria. somente se procede mediante queixa, salvo quando, no
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
considerem aviltantes: Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, 141 deste Código, e mediante representação do ofendido,
além da pena correspondente à violência. no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elemen- do § 3o do art. 140 deste Código. (Reda- ção dada pela Lei
tos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a nº 12.033. de 2009)
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) SEÇÃO III
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído DOS CRIMES CONTRA A
pela Lei nº 9.459, de 1997) INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo au- Violação de correspondência
mentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é co- Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
metido: correspondência fechada, dirigida a outrem:
I - contra o Presidente da República, ou contra che- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
fe de governo estrangeiro; Sonegação ou destruição de correspondência
II - contra funcionário público, em razão de suas § 1º - Na mesma pena incorre:
funções; I - quem se apossa indevidamente de correspon-
III - na presença de várias pessoas, ou por meio dência alheia, embora não fechada e, no todo ou em
que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou parte, a sonega ou destrói;
da injúria.

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Violação de comunicação telegráfica, radioelé- Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
trica ou telefônica multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
II - quem indevidamente divulga, transmite a ou- § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
trem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica computador com o intuito de permitir a prática da con-
entre outras pessoas; duta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
III - quem impede a comunicação ou a conversação 2012) Vigência
referidas no número anterior; § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho ra- invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº
dioelétrico, sem observância de disposição legal. 12.737, de 2012) Vigência
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
para outrem. comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou te- lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo
lefônico: invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
§ 4º - Somente se procede mediante representação, multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (In-
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um
SEÇÃO IV a dois terços se houver divulgação, comercialização ou
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou in-
SEGREDOS formações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Vigência
Divulgação de segredo
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteú- crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de
do de documento particular ou de correspondência con- 2012) Vigência
fidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divul-
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
gação possa produzir dano a outrem:
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
§ 1º Somente se procede mediante representa-
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
ção. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
2000)
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo-
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
nos sistemas de informações ou banco de dados da Ad- (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)Vigência
ministração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) IV - dirigente máximo da administração direta e in-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- direta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vi-
Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela gência
Lei nº 9.983, de 2000) Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so-
Violação do segredo profissional mente se procede mediante representação, salvo se o cri-
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, me é cometido contra a administração pública direta ou
de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Dis-
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a ou- trito Federal ou Municípios ou contra empresas conces-
trem: sionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737,
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. de 2012) Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
presentação. TÍTULO II
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência CAPÍTULO I
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co- DO FURTO
nectado ou não à rede de computadores, mediante vio-
lação indevida de mecanismo de segurança e com o fim Furto
de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou alheia móvel:
instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (In- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou apli- se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
car somente a pena de multa. prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
qualquer outra que tenha valor econômico. Extorsão
Furto qualificado Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
multa, se o crime é cometido: outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
subtração da coisa; Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pes-
calada ou destreza; soas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de
III - com emprego de chave falsa; um terço até metade.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante vio-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a lência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº
subtração for de veículo automotor que venha a ser trans- 8.072, de 25.7.90
portado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
pela Lei nº 9.426, de 1996) liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
se a subtração for de semovente domesticável de produ- de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta le-
ção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da são corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previs-
subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) tas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela
Furto de coisa comum Lei nº 11.923, de 2009)
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou só- Extorsão mediante sequestro
cio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
tém, a coisa comum: si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei
§ 1º - Somente se procede mediante representação. nº 10.446, de 2002)
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
o agente. § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
CAPÍTULO II de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por ban-
DO ROUBO E DA EXTORSÃO do ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação
dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Roubo
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impos- grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
sibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Re-
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
dação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concor-
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
rente que o denunciar à autoridade, facilitando a liberta-
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
ção do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Extorsão indireta
III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
res e o agente conhece tal circunstância. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dí-
IV - se a subtração for de veículo automotor que ve- vida, abusando da situação de alguém, documento que
nha a ser transportado para outro Estado ou para o exte- pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
rior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) ou contra terceiro:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res- Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
tringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
1996)

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
CAPÍTULO III Alteração de local especialmente protegido
DA USURPAÇÃO Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade compe-
tente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
Alteração de limites Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Ação penal
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. queixa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas CAPÍTULO V
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou- DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
trem, águas alheias;
Apropriação indébita
Esbulho possessório
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
tem a posse ou a detenção:
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Aumento de pena
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
na pena a esta cominada. agente recebeu a coisa:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há empre- I - em depósito necessário;
go de violência, somente se procede mediante queixa. II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida-
Supressão ou alteração de marca em animais tário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de pro- Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela
priedade: Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e for-
CAPÍTULO IV ma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
DO DANO 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
Dano ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (In-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Dano qualificado I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
Parágrafo único - Se o crime é cometido: portância destinada à previdência social que tenha sido
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-
II - com emprego de substância inflamável ou explo- ros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983,
siva, se o fato não constitui crime mais grave de 2000)
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, II - recolher contribuições devidas à previdência so-
empresa concessionária de serviços públicos ou socieda- cial que tenham integrado despesas contábeis ou custos
de de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
de 3.11.1967) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerá-
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados
vel para a vítima:
à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
9.983, de 2000)
além da pena correspondente à violência. § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
Introdução ou abandono de animais em proprie- mente, declara, confessa e efetua o pagamento das contri-
dade alheia buições, importâncias ou valores e presta as informações
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em proprieda- devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
de alheia, sem consentimento de quem de direito, desde regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela
que o fato resulte prejuízo: Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
multa. aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983,
histórico de 2000)
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom- I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
bada pela autoridade competente em virtude de valor ar- tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
tístico, arqueológico ou histórico: social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Lei nº 9.983, de 2000)

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
II - o valor das contribuições devidas, inclusive aces- Fraude no pagamento por meio de cheque
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
previdência social, administrativamente, como sendo o em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (In- § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) cometido em detrimento de entidade de direito público
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortui- ou de instituto de economia popular, assistência social ou
to ou força da natureza beneficência.
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda Estelionato contra idoso
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for co-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. metido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 2015)
Apropriação de tesouro Duplicata simulada
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o pro-
que não corresponda à mercadoria vendida, em quantida-
prietário do prédio;
Apropriação de coisa achada de ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe- ta. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
tente, dentro no prazo de quinze dias. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica- que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Re-
se o disposto no art. 155, § 2º. gistro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
Abuso de incapazes
CAPÍTULO VI Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio,
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
alienação ou debilidade mental de outrem, induzin-
Estelionato do qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio Induzimento à especulação
fraudulento: Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental
nhentos mil réis a dez contos de réis.
de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
no art. 155, § 2º. devendo saber que a operação é ruinosa:
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou CAPÍTULO VII
em garantia coisa alheia como própria; DA RECEPTAÇÃO
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa pró-
pria Receptação
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garan- Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
tia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pa- produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé,
gamento em prestações, silenciando sobre qualquer des- a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº
sas circunstâncias; 9.426, de 1996)
Defraudação de penhor Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Reda-
III - defrauda, mediante alienação não consentida ção dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº
quando tem a posse do objeto empenhado; 9.426, de 1996)
Fraude na entrega de coisa
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
de seguro próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Re-
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava dação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação
haver indenização ou valor de seguro; dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou far-
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irre- macêutica
gular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profis-
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) são de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza legal ou excedendo-lhe os limites:
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de
meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) lucro, aplica-se também multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, Charlatanismo
ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto
1996) ou infalível:
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconheci- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
do ou isento de pena o autor do crime de que proveio a Curandeirismo
coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primá- I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habi-
rio, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, tualmente, qualquer substância;
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, III - fazendo diagnósticos:
de 1996) Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimô- Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante
nio da União, Estado, Município, empresa concessionária remuneração, o agente fica também sujeito à multa.
de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a Forma qualificada
pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos cri-
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) mes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido
Receptação de animal
no art. 267.
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de TÍTULO IX
produção ou de comercialização, semovente domesticá-
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
vel de produção, ainda que abatido ou dividido em par-
tes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Incitação ao crime
Lei nº 13.330, de 2016)
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Apologia de crime ou criminoso
CAPÍTULO VIII Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato cri-
DISPOSIÇÕES GERAIS minoso ou de autor de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Associação Criminosa
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer
dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
10.741, de 2003) para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Art. 182 - Somente se procede mediante representa- Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade
ção, se o crime previsto neste título é cometido em pre- se a associação é armada ou se houver a participação
juízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 12.850, de 2013) (Vigência)
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; Constituição de milícia privada (Incluído dada pela
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Lei nº 12.720, de 2012)
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou
anteriores: custear organização paramilitar, milícia particular, grupo
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em ge- ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos
ral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº
pessoa; 12.720, de 2012)
II - ao estranho que participa do crime. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluí-
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade do dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº
10.741, de 2003)

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
TÍTULO XI Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
DOS CRIMES CONTRA A documento
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer docu-
CAPÍTULO I mento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá
DOS CRIMES PRATICADOS -lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL constitui crime mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Peculato Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- diversa da estabelecida em lei:
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou Concussão
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú- sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
Excesso de exação
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
lhe proporciona a qualidade de funcionário.
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
Peculato culposo
que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137,
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o de 27.12.1990)
crime de outrem: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e mul-
Pena - detenção, de três meses a um ano. ta. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena aos cofres públicos:
imposta. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato mediante erro de outrem Corrupção passiva
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti- Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
lidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou an-
outrem: tes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ou aceitar promessa de tal vantagem:
Inserção de dados falsos em sistema de informa- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autori- § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir inde- quência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
vidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
bancos de dados da Administração Pública com o fim de infringindo dever funcional.
obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, ce-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- dendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Facilitação de contrabando ou descaminho
Modificação ou alteração não autorizada de sis-
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
tema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de
prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
2000)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e mul-
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste-
ta. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
ma de informações ou programa de informática sem au- Prevaricação
torização ou solicitação de autoridade competente: (In- Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida-
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pes-
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) soal:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
terço até a metade se da modificação ou alteração resul- Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
ta dano para a Administração Pública ou para o adminis- agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso
trado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o am-
biente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Condescendência criminosa Funcionário público
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
responsabilizar subordinado que cometeu infração no efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
Advocacia administrativa quem trabalha para empresa prestadora de serviço con-
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes- tratada ou conveniada para a execução de atividade típica
se privado perante a administração pública, valendo-se da da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
qualidade de funcionário: 2000)
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pantes de cargos em comissão ou de função de direção
multa. ou assessoramento de órgão da administração direta, so-
Violência arbitrária ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799,
a pretexto de exercê-la: de 1980)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
pena correspondente à violência. CAPÍTULO II
Abandono de função DOS CRIMES PRATICADOS POR
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
permitidos em lei: GERAL
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Usurpação de função pública
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
faixa de fronteira: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vanta-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. gem:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
prolongado Resistência
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê violência ou ameaça a funcionário competente para exe-
-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi cutá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se exe-
Violação de sigilo funcional cuta:
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão Pena - reclusão, de um a três anos.
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí-
lhe a revelação: zo das correspondentes à violência.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, Desobediência
se o fato não constitui crime mais grave. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (In- público:
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
I - permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- Desacato
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de infor- da função ou em razão dela:
mações ou banco de dados da Administração Pública; (In- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (In- 9.127, de 1995)
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre-
tração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de texto de influir em ato praticado por funcionário público
2000) no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e mul- de 1995)
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
Violação do sigilo de proposta de concorrência ta. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor- Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se
rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de de- o agente alega ou insinua que a vantagem é também des-
vassá-lo: tinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127,
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. de 1995)

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
Corrupção ativa III - reinsere no território nacional mercadoria brasi-
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a leira destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008,
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir de 26.6.2014)
ou retardar ato de ofício: IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
Parágrafo único - A pena é aumentada de um ter- cadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº
ço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário 13.008, de 26.6.2014)
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
dever funcional. alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
Descaminho mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº
comércio irregular ou clandestino de mercadorias es-
13.008, de 26.6.2014)
trangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de con-
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) trabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de Impedimento, perturbação ou fraude de concor-
26.6.2014) rência
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) pública ou venda em hasta pública, promovida pela ad-
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, ministração federal, estadual ou municipal, ou por enti-
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, dade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente
no exercício de atividade comercial ou industrial, merca- ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude
doria de procedência estrangeira que introduziu clandes- ou oferecimento de vantagem:
tinamente no País ou importou fraudulentamente ou que Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
sabe ser produto de introdução clandestina no território ta, além da pena correspondente à violência.
nacional ou de importação fraudulenta por parte de ou- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
trem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou oferecida.
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, Inutilização de edital ou de sinal
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
de documentação legal ou acompanhada de documentos conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
de 26.6.2014) determinação legal ou por ordem de funcionário público,
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei- para identificar ou cerrar qualquer objeto:
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exer-
Subtração ou inutilização de livro ou documento
cido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmen-
26.6.2014)
te, livro oficial, processo ou documento confiado à cus-
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de des-
caminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou tódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) em serviço público:
Contrabando Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: constitui crime mais grave.
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Sonegação de contribuição previdenciária (Incluí-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído do pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguin-
nº 13.008, de 26.6.2014) tes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra- I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de
bando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) documento de informações previsto pela legislação pre-
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria videnciária segurados empregado, empresário, trabalha-
que dependa de registro, análise ou autorização de ór- dor avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipara-
gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de do que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983,
26.6.2014) de 2000)

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos pró- Exercícios
prios da contabilidade da empresa as quantias descon-
tadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou 1) Caio pratica atos de execução do crime de homicí-
pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de dio. No entanto, antes de ocorrer a morte, impede que o
2000) resultado se produza. A conduta descrita configura:
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros a) tentativa.
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais b) desistência voluntária.
fatos geradores de contribuições sociais previdenciá- c) arrependimento posterior.
rias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) d) arrependimento eficaz.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 2) Tício, imputável, inicia a execução de um crime.
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea- Antes da consumação, por deliberação própria, deixa de
mente, declara e confessa as contribuições, importâncias prosseguir os atos delituosos. A conduta descrita carac-
ou valores e presta as informações devidas à previdência teriza:
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do a) arrependimento posterior.
início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) b) arrependimento eficaz.
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou c) desistência voluntária.
aplicar somente a de multa se o agente for primário e de d) consumação.
bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000) 3) No crime de favorecimento pessoal, dispõe o §2º,
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) do art. 348, do Código Penal: “Se quem presta o auxílio é
II - o valor das contribuições devidas, inclusive aces- ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do crimino-
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela pre- so, fica isento de pena”. Tal dispositivo é causa de:
vidência social, administrativamente, como sendo o míni- a) exclusão de tipicidade.
mo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.(Incluído b) exclusão de ilicitude.
pela Lei nº 9.983, de 2000) c) exclusão de culpabilidade
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua d) exclusão de punibilidade.
folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a 4) João subtraiu um telefone celular, avaliado na
pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de quantia de R$ 800,00, pertencente à Maria, para si, me-
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) diante grave ameaça, mantendo-a em seu poder, restrin-
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será gindo sua liberdade durante 2 horas, a fim de garantir o
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do êxito da subtração. João deverá responder por:
reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído a) roubo e sequestro, em concurso formal.
pela Lei nº 9.983, de 2000) b) sequestro, já que este absorve o roubo.
c) roubo e sequestro, em concurso material.
d) roubo circunstanciado.

5) Marcos, querendo matar seu vizinho, faz um dispa-


ro em sua direção. No entanto, não chega nem a lesioná
-lo. Marcos:
a) responderá por homicídio tentado.
b) não responderá por crime nenhum, pois nem che-
gou a atingir seu vizinho.
c) responderá por tentativa de lesão corporal.
d) responderá lesão corporal consumada.

6) O roubo cometido com emprego de arma de brin-


quedo deve ser punido:
a) como roubo circunstanciado pelo uso de arma de
fogo.
b) como roubo simples.
c) como roubo em concurso formal com crime de por-
te ilegal de arma.
d) como furto qualificado pelo uso de violência.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
7) “A”, com 17 anos de idade, dispara contra a vítima GABARITO
que vem a morrer mais de um ano depois. “A”:
a) não responderá por crime algum, pois é menor de 1) D
idade. Comentário: Dispõe o art. 15, segunda parte, do Có-
b) responderá pelo crime de homicídio, de acordo digo Penal: “O agente que (...), voluntariamente, impede
com as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente. que o resultado se produza, só responde pelos atos já
c) responderá pelo crime de lesões corporais. praticados”.
d) responderá pelo crime de homicídio, de acordo
com as regras do Código Penal, tendo em vista que já 2) C
completou a maioridade. Comentário: Dispõe o art. 15, primeira parte, do Có-
digo Penal: “O agente que, voluntariamente, desiste de
8) João foi preso em flagrante por trazer consigo 10 prosseguir na execução (...) só responde pelos atos já pra-
papelotes e ter em depósito uma tonelada de cocaína, ticados”.
sem autorização ou em desacordo com determinação le-
gal ou regulamentar. João deverá responder: 3) D
a) por um único crime de tráfico de drogas (art. 33 da Comentário: Apesar de ter praticado uma conduta
Lei nº 11.343/06). típica (ilicitude), ter capacidade de ser responsabilizado
b) por dois crimes de tráfico de drogas (art. 33 da Lei (culpabilidade), por força da lei, o agente fica isento de
nº 11.343/06), em concurso formal. pena. Assim, o dispositivo em questão trata-se de causa
c) por dois crimes de tráfico de drogas (art. 33 da Lei de exclusão de punibilidade.
nº 11.343/06), em concurso material.
d) por um único crime de porte ilegal de drogas (art. 4) D
28 da Lei nº 11.343/06), uma vez que distribuiu a substân- Comentário: Dispõe o art. 157, § 2º, inciso V, do Có-
cia gratuitamente. digo Penal:
Art. 157. “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
para“A”aticar o crime de estelionato falsifica outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, (...)
vários documentos. “A” responde: §2º. A pena aumenta-se de um terço até a metade:
a) apenas pelo crime de estelionato, pois este absorve (...)
o crime de falsificação. V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
b) pelo crime de estelionato em concurso formal com tringindo sua liberdade.”
o crime de falsificação.
c) pelo crime de estelionato em concurso material 5) A
com o crime de falsificação. Comentário: Marcos responderá pelo crime de ten-
d) apenas pelo crime de falsificação, pois este absorve tativa de homicídio, tendo em vista que agiu com dolo,
o crime de estelionato. querendo realmente matar seu vizinho.

10) “A”, com 17 anos, privou Maria de sua liberda- 6) B


de, mediante sequestro, liberando-a após um ano e meio. Comentário: O roubo cometido com emprego de
“A”: arma de brinquedo deve ser punido na figura do “caput”
a) não responderá por crime algum, pois quando pri- do art. 157 do CP, vez que o uso de arma de brinquedo
vou a vítima de sua liberdade era menor de idade. já configura a “grave ameaça”, que é elemento típico do
b) não responderá por crime algum, pois liberou a ví- roubo simples, ou seja, a arma de brinquedo esgota a sua
tima. eficácia intimidativa na configuração do próprio injusto
c) responderá pelo delito (art. 148, inciso III, do CP), penal.
de acordo com as regras do ECA.
d) responderá pelo delito (art. 148, inciso III, do CP), 7) B
de acordo com as regras do CP. Comentário: O Código Penal adotou a teoria da ativi-
dade (art. 4º - Considera-se praticado o crime no momen-
to da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
do resultado). “A” responde pelo crime de homicídio, con-
forme as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente,
pois, à época da ação, ainda era menor.

8) A
Comentário: Nos chamados crimes de conteúdo múl-
tiplo ou variado, que contam com vários verbos como nú-
cleos do tipo, aplica-se o princípio da alternatividade, ou
seja, se verbos do tipo foram praticados em um mesmo
contexto fático, haverá apenas um crime.

74

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
9) A
Comentário: “A” responderá apenas pelo crime de
estelionato, pois este absorve o crime de falsificação (cri-
me-fim absorve o crime-meio). Nesse sentido, dispõe a
súmula 17 do STJ: “Quando o falso se exaure no esteliona-
to, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”.

10) D
Comentário: “A” responderá pelo delito (art. 148, in-
ciso III, do CP), de acordo com as regras do CP, tendo em
vista que se trata de crime permanente, cuja consumação
se prolonga no tempo, ou seja, a consumação se protrai
durante todo o tempo em que a vítima fica privada de
liberdade. Assim, verifica-se que “A” completou a maiori-
dade e o delito continuava a ser praticado.
Fonte: http://www.direitonet.com.br/testes/exibir/84/
resultados

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES No mesmo sentido, o § 5º, do art. 39, do CPP, estabe-


lece que o integrante do Parquet dispensará o inquérito se
(Direito Penal) forem apresentados elementos suficientes para a proposi-
tura da ação:

1. (TJ/AL - Auxiliar Judiciário - CESPE/2012) Assina- Art. 39. O direito de representação poderá ser exerci-
le a opção correta a respeito de ação penal. do, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
A) Nas hipóteses de ação penal privada, se o ofen- mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão
dido morrer ou for declarado ausente por decisão judi- do Ministério Público, ou à autoridade policial.
cial, a ação será extinta, uma vez que não haverá mais § 5º. O órgão do Ministério Público dispensará o inqué-
legitimidade processual que justifique o seu prossegui- rito, se com a representação forem oferecidos elementos
mento. que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso,
B) Em se tratando de delitos de ação penal pública oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
condicionada à representação do ofendido, o órgão do
MP dispensará o inquérito se, com a representação, fo-
Finalmente, para os adeptos da referida tese, o § 1º do
rem oferecidos elementos que o habilitem a promover
art. 46, descreve mais uma hipótese de dispensabilidade
a ação penal.
C) Tanto a ação pública incondicionada quanto a do inquérito policial:
ação condicionada devem ser promovidas por denún-
cia do MP, independentemente de representação do Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, es-
ofendido. tando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que
D) Seja qual for o crime, quando praticado em de- o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito
trimento do patrimônio da União ou de estado, a ação policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No
penal será pública condicionada à representação da au- último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade
toridade competente. policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o ór-
E) Se o MP, em vez de apresentar a denúncia, re- gão do Ministério Público receber novamente os autos.
querer o arquivamento do inquérito policial, o juiz, no § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-
deverá determinar o prosseguimento da ação penal. se-á da data em que tiver recebido as peças de informações
ou a representação.
Atualmente, a doutrina tradicional entende que o in-
quérito policial, apesar de ser uma peça importante, não é No último caso, se houver devolução do inquérito à
imprescindível. autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data
Os defensores dessa corrente sustentam que o inqué- em que o órgão do Ministério Público receber novamente
rito policial não é uma etapa obrigatória da persecução os autos.
penal, podendo ser dispensado sempre que o integrante
do Ministério Público ou o ofendido tiver elementos sufi- RESPOSTA: “B”.
cientes para promover a ação penal.
Os doutrinadores baseiam tal entendimento no fato de 2. (FEPESE/SC - Auditor Fiscal da Receita Estadual -
o art. 12, do Código de Processo Penal, utilizar a expressão
SEFAZ/2010) De acordo com o Código Penal, pode-se
“sempre que”, que significa uma condição.
afirmar:
a) A representação será irretratável depois de rece-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”. bida a denúncia.
b) O direito de queixa pode ser exercido mesmo
Da mesma forma, porque o art. 27, do CPP, que trata depois de renunciado tacitamente.
da delatio criminis postulatória, estabelece que qualquer c) O ofendido decai do direito de queixa ou de re-
um do povo poderá fornecer, por escrito, informações so- presentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
bre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os meses, contado do data em que se praticou a conduta
elementos de convicção. delituosa, ainda que outro seja o momento do resul-
Essa circunstância significa, que quando tais informa- tado.
ções forem suficientes não é necessário o inquérito policial: d) Quando a lei considera como elemento ou cir-
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a cunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a constituem crimes, cabe ação pública em relação àque-
ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre le, desde que, em relação a qualquer destes, se deva
o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elemen- proceder por iniciativa do Ministério Público.
tos de convicção. e) Para produzir efeitos, o perdão independe de
aceitação pelo querelado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
O Código Penal, em seu art. 101 dispõe sobre a ação A questão está de acordo com o disposto no Código
penal no crime complexo: Penal, art. 106, § 2º que reza que “Não é admissível o per-
dão depois que passa em julgado a sentença condenató-
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou ria”, desse modo, a questão está correta.
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, cons-
tituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde RESPOSTA: “CORRETA”.
que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por
iniciativa do Ministério Público. 6. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010)
Nos crimes de ação penal pública ou nos que se pro-
Assim, a questão está correta de acordo com disposto cede mediante queixa, o perdão do ofendido obsta o
no Código Penal. prosseguimento da ação.

RESPOSTA: “D”. A afirmativa está errada porque contraria o disposto no


Código Penal, art. 105, in verbis:
3. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) No
sistema criminal brasileiro, não se admite a renúncia Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que so-
mente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimen-
tácita ao direito de queixa.
to da ação.
A questão está errada pois contrária dispositivo de lei,
RESPOSTA: “ERRADA”.
haja vista que, de acordo com o art. 104, do Código Penal.
7. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) O
Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido prazo decadencial de representação para os sucessores
quando renunciado expressa ou tacitamente. corre a partir do momento em que eles forem notifica-
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito dos judicialmente para manifestar interesse em repre-
de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de sentar.
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofen-
dido a indenização do dano causado pelo crime. O Código Penal, art. 103, reza que o prazo decadencial
é de 6 meses contado do dia em que o ofendido ou suces-
RESPOSTA: “ERRADA”. sor veio a saber quem é o autor do crime.

4. (DPU - Agente administrativo - CESPE /2010) Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
Para oferecer queixa, o procurador deve ser necessa- ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
riamente advogado e possuir poderes gerais de repre- não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
sentação do ofendido. dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito da prazo para oferecimento da denúncia.
Ação pública e de iniciativa privada:
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei RESPOSTA: “ERRADA”.
expressamente a declara privativa do ofendido.
2º - A ação de iniciativa privada é promovida median- 8. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) A
te queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para ação penal no crime complexo será intentada, em qual-
quer hipótese, por intermédio de queixa-crime.
representá-lo.
O Código Penal, no art. 101, dispõe sobre a ação penal
Desse modo, a questão está errada, pois a represen-
no crime complexo, vejamos:
tação não necessita ser efetuada por advogado com po-
deres gerais de representação do ofendido. Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, cons-
RESPOSTA: “ERRADA”. tituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por ini-
5. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) Na ciativa do Ministério Público.
ação penal privada, a vítima poderá perdoar o agres-
sor, ainda que o processo esteja em grau de recurso e Dessa forma, a questão errada ao contrariar dispositivo
tramitando perante tribunal, contanto que o faça an- de lei quando afirma que a ação penal no crime complexo
tes do trânsito em julgado da sentença penal conde- será intentada por intermédio de queixa-crime.
natória.
RESPOSTA: “ERRADA”.

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Guarda Municipal
9. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) No 12. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) Na
caso de morte do ofendido ou quando declarado ausen- ação penal pública condicionada à representação, caso
te por decisão judicial, se comparecer mais de uma pes- a vítima, maior de idade e capaz, tenha deixado trans-
soa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, correr o prazo para representar, mesmo tendo ciência da
na ausência deste, o parente mais próximo na ordem de autoria da infração penal, vindo esta a falecer, o direito
ascendente, descendente ou irmão. Havendo divergên- de representação passará aos sucessores.
cia entre os sucessores, o juiz extinguirá a ação penal.
O Código Penal em seu art. 103, reza que:
O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que:
§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido decla- Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofen-
rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa dido decai do direito de queixa ou de representação se não o
ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, des- exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em
cendente ouirmão.
que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do §
3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo
A doutrina entende havendo divergência entre sucesso-
para oferecimento dadenúncia.
res, a ordem de preferência deverá ser respeitada.

RESPOSTA: “ERRADA”. Observamos que o prazo para a representação é deca-


dencial, de seis meses. Caso transcorra o prazo, o exercício
10. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) A do direito não passará aos sucessores.
recusa do perdão por um dos querelados não produz
efeitos jurídicos aos demais querelados que aceitarem RESPOSTA: “ERRADA”.
ser perdoados e impede, de igual modo, a extinção da
punibilidade. 13. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) Em
qualquer infração penal, o recebimento de valores pelo
O Código Penal em seu art. 106 dispõe que: ofendido ou seus sucessores, como indenização do dano
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso causado pelo crime, consiste em renúncia tácita ao direi-
ou tácito: to de queixa ou de representação.
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos apro- Resposta: errada.
veita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o De acordo com o parágrafo único, do art. 104, do Códi-
direito dos outros; go Penal, in verbis:
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato in- Parágrafo Único. Importa renúncia tácita ao direito de
compatível com a vontade de prosseguir na ação. queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exer-
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em cê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
julgado a sentença condenatória. indenização do dano causado pelo crime.
Desse modo, observamos que a questão está errada, Assim, a questão está errada.
haja vista que, se um dos querelados não aceitar o perdão,
os outros que o aceitaram terão extinta a punibilidade. RESPOSTA: “ERRADA”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
14. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) A
extinção da pessoa jurídica, titular da ação penal privada
11. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) Na
em curso, sem deixar sucessor, autoriza o MP a dar se-
sucessão do direito de queixa ou de representação, caso
o cônjuge, que possui preferência, manifeste desinteres- guimento àação.
se em propor a ação ou em ofertar a representação, isso
obstará o direito dos outros sucessores. O art. 100 do Código Penal, dispõe sobre a ação pública e
de iniciativa privada e em seu § 2º, reza que:
O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que: § 2º. A ação de iniciativa privada é promovida mediante
§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido decla- queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para repre-
rado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa sentá-lo.
ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, des- Em caso de extinção da pessoa jurídica, o Ministério Pú-
cendente ouirmão. blico não poderá dar prosseguimento à ação, portanto, a
Dessa forma, caso o cônjuge manifeste desinteresse em questão estáerrada.
propor a ação ou em ofertar a representação, não obstará o
direito dos demais sucessores. RESPOSTA: “ERRADA”.

RESPOSTA: “ERRADA”.

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