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ALEXANDRE ASSAF NETO MERCADO FINANCEIRO 6 Edicao SAO PAULO EDITORA ATLAS S.A, ~ 2005 1 Intermediacao Financeira © capitulo trata da atividade econdmica como essencial a um melhor ntendimento do funcionamento e funcSes dos mercados financeiros. A com- preensio da economia permite que se estabelecam relacées entre seus resul tados agregados e 0 desempenho dos varios agentes econémicos que a com- Gem. Por agentes econdmicos entendem-se todas as pessoas e formas de orga+ nizagio (individuos, empresas e governo) com capacidade de tomar decisdes. esse contexto, ¢ dado especial destaque aos intermeditios financeiros. Os instrumentos de movimentagdo de fundos sao os ativos financeiros que se constituem, em esséncia, em direlto que um agente possuidor apresenta em relagao a outro. 1.1 ESCASSEZ E RENDIMENTOS DECRESCENTES f por meio do conhecimento da economia que se forma uma visto mais ampla e erica de todo funcionamento do mercado financeiro, permitindo que se tesponda as diversas questdes que envolvem poupanca, investimentos, de- senvolvimento, avaliagio ete. A Economia estuda a riqueza, as transacGes de troca que se verificam entre 1s pessoas. Procura compreender a decisio de utilizag&o de recursos produti- vvos escassos (terra, trabalho e capital), que carregam tim custo de oportunida- de, no processo de transformagao ¢ produgio de diversos bens eservigos, ¢ sua distribuigdo para consumo. 2 encano rnaNceRo Toda sociedade econdmica, qualquer que seja sua forma de trabalho, en- frenta trés problemas fundamentais e determinados pela lei da escassez: 0 que © em que quantidade produzir; eomo produzir, com que recursos tecnolégicos, financeiros ete.; para quem produzir, ou seja, para quem deverdo ser distri- Duldos os diversos bens produzidos. Essa trade de problemas ¢ comum a todas as sociedades econd rémrespondida de maneira diferente segundo sejam suas condigoe: ‘Algumas economias menos desenvotvidas, e com recursos tecnolégicos limita- .gulam essas quest6es de forma menos eficiente que outras mais evolul- tras sociedades seguem préticas culturais e religiosas prépriag, impondo por idedrios que vinculam as decisbes econdmicas a um planejamento centrali- zado; e, finalmente, as sociedades econ6micas mais liberais costumam delegar a0 mercado a solugao de seus problemas econdmicos basicos, por meio de um sistema de pregos e de livre comércio. Se os recursos existissem em abundancia na natureza ¢ a economia pudes- se distribuir de form: ida seus bens produzidos, os problemas bisicos deseritos deixariam de existir. Nesse ambiente, as necessidades humanas esta- riam plenamente satisfeitas e néo faria qualquer diferenca a curva de oferta de qualquer produto em particular, assim como a eficiéncia na produc, ea distri- buigdo dos bens e servigos &s virias pessoas e familias, No entanto, os denominados bens livres, como o ar puro, por exemplo, 20 cada vez menos freqiientes, dando lugar aos bens econdmicos, que apresentam algum nivel de ecaseze valor econdmic, Pore destes bens, ox padres de vida so regulados, cabendo a toda a sociedade a decisdo sobre os produtos a serem constmidos, pois nem todos os desejos e necessidades poderdo ser satis- feitos. Aalternativa que cabe a toda decisio econdmica é a melhor selecéo dos produtos relativamente escas io mais dinheiro se gasta em moradia, ‘menos se consome em vestudrio; quanto mais os governos aplicarem em es- tradas, menos recursos restam para a eduucacéo, e assim por diante, Em outras palavras, quanto mais a sociedade consumir hoje, menor sua capacidade de poupanca &, em conseqiiéncia, menor sua capacidade futura de produsao e ge- racdo de riqueza. ‘Toda sociedade econ6mica deve indicar como os recursos devem ser aloca- dos para a produgao de um produto, esua transferéncia para a fabricagao de al- gum outro bem. A economia de pleno emprego assume, 20 decidir produzir de- terminado produto, renunciar a producao de outro. Essa € a lei da substituicio, estabelecida segundo as orientagies e preferéncias da sociedade econdmica. Toda vez que se deseja obter quantidades adicionais de um bem, é necessério sactificar quantidades de outro. nirenvenAgiormcERA 23 A economia alerta, ainda, para a conhecida lei dos rendimentos deerescentes, extraida da relacdo verificada entre um fator de producéio (mao-de-obra, por exemplo) eo bem produzido, Essa lei descreve que unidades adicionais de fatores de produgao promovem incrementos na produco, porém a taxas decrescentes. Os acréscimos de produgao vao-se reduzindo a medida que se incorporem ao processo mais fatores de produclo, ou sea a parte fixa toma-se cada vez. menor por fator de produgéo introduzido: Por exemplo, a producio (sacos) de gros agricolas néo acompartha pro- mente o erescimento do niimero de trabathadores (fator de produglo na terra (fator de producao fixo), conforme é ilustrado a seguir. LE] D0 RENDIMENTOS DEGRESCENTES ProdugaoTotal © Produga/Unidade Produc Incremental/ lavradores __(sacos) do Mio-de-obra Unidad de Mdo-de-obra 7.000 a is 1 40.000 0.000 3.000, 2 42.000 6.000 2.000 3 43.500 4.500 1.600 4 14.000 3.500 500 Conforme se eleva o ntimero de trabalhadores na produeio de sacos de gros na terra, a quantidade elaborada também é incrementada, porém a um volume continuamente decrescente. A producao incremental por unidade de mo-de-obraird apresentar-se cada vez menor, ressaltando os rendimentos de- crescentes do fator de produgio terra, © comportamento da lei dos rendimentos decrescentes nao apresenta sem- pre a mesma regularidade. Algumas vezes, as taxas de variagéo decrescentes somente comegam a ocorrer apés a incluso de uma quantidade maior de fator varidvel de producéo, restando cada vez. menos recursos para se trabalhar. Essa Jeié de fundamental importéncia para a Economia ea avaliagdo tecnolégica, per- mitindo melhor entendimento entre as variagdes e as quantidades produzidas. E interessante ressaltar, ainda, algumas situagSes de comportamento posi- tivo da produgdo, em que todos os fatores se elevam conjuntamente na mesma proporgéo ou, em certos casos, em proporgdes maiores, como &o caso deescalas de fabricaglo. Esse Fendmeno se veriica em casos de produgio em dronizacio e especializacio da produgio; rebetizagio; alm de varios outros de- senvolvimentos tecnolégicos.

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