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Primeira Finalização

Vocabulário:
5 Aqui:
“Ambiente” é algo estimado por limites arbitrariamente definidos e
percebidos dentro de alguma rede de influências, à exceção daquele que
engloba tudo: o Universo.
“Influir” é provocar ou induzir mudança.
10 Ocorre uma “mudança” quando algo ganha ou perde propriedades.
É “coisa”, “objeto”, tudo aquilo que pode ser percebido ou referido
individualmente.
É “ente” não só qualquer instância reconhecida de qualquer
propriedade, mas também aquilo que ainda não está reconhecido. Pois se:
15 nos processos macroscópicos as mudanças ocorrem progressivamente;
mudanças, movimentos são interessantes para nós;
o ente natural, para o começo do processo de percepção ( previamente
conhecido ou não) é “influído por algo” que motiva para “enfoque de atenção”,
ou para “novo enfoque de atenção”;
20 no momento em que o ente foi motivado a sair de algum estado, e/ou
provocado a conduzir a sua atenção até “algo”, e/ou impelido a deslocar a
atenção de “algo anterior” a “algo posterior”, e/ou instigado a transferir a
atenção de “algo em processo” para “algo novo” (“algo” que recém começa a
ser percebido), nesse momento o estado anterior já vai deixando de ser, mas
25 o posterior ainda não prepondera;
quando um estado anterior ainda não deixou de ser, o posterior ainda não
prepondera e não há estado intermediário relevante, aquilo que leva para o
estado posterior já é uma presença: é “algo”;
há vezes em que as coisas parecem mudar de forma contínua ( em
30 gradiente), mas, em outras, em forma discreta (de 'A' para 'B', sem
intermediários);
há uma noção que informa que se de algo é dito “anterior”, então
necessariamente ele deve poder ser sem a coisa posterior, ao menos por um
instante, ao menos até que alguma consequência sua seja percebida ou
35 imaginada.
Então:
“O anterior” deve poder ser pensado como causa do posterior, mas sem o
posterior, com autonomia e independência dele.
“Uma presença” cuja “coisa que introduz” ainda não foi identificada, da qual
40 sequer é sabido se é ou não é ilusória, já “é algo”.

1
“Esse algo ainda não reconhecido” é já um ente, ainda que indeterminado,
pois nele está instanciada a propriedade “interessante”.
É “estável” o que não varia em ausência de perturbações, bem como o
que regressa a certa condição após um distúrbio.
5 “Existe” o que tem atualizada(s) a(s) sua(s) potência(s).
“Controlar” é determinar as consequências de uma ação, de uma
influência.
É “eficiente” a ação, o autor da ação ou o que transforma algo no menor
tempo e usando o mínimo de ingredientes e/ou de energia.
10 É “sensível” um sistema que pode perceber que é excitado por alguma
influência e, de outra forma; é “sensível” um estímulo que pode ser percebido
por um sistema perceptor.
Quando é dito “algo foi percebido” se informa que algum ente teve
influído um aparelho sensor seu e apropriado para ser excitado por certo
15 estímulo, que chegou ali com intensidade suficiente para provocar alguma
reação padronizada e de intensidade suficiente. Reação que poderia ser
transmitida até uma estrutura de resposta (neste ente ou em outro). Se esta
estrutura fosse de centralização de controle, como um cérebro, esta
transmissão se daria com o fim de comunicar que tal aparelho foi excitado
20 para que, ao fazer participar “este algo” da atenção deste ente, se fizesse
possível que “este algo” fosse ou não, concomitantemente ou não, usado,
evitado, consumido, neutralizado ou investigado por este ente.
“Conceito” é uma abstração de um conjunto de objetos, propriedades ou
eventos, com que se procura capturar e registrar “algo percebido” (uma
25 experiência, um pensamento, uma imaginação), nomeável ou não, de modo
a tornar possível ou a facilitar a descrição, a classificação e a previsão de
relações no contexto do ambiente em que ele é referido.
“Atenção” é o que condiciona a observação para a detecção de
parâmetros considerados típicos do que se quer do ambiente.
30 “Expectativa” pode ser:
Expectativa1) a confiada espera de que um evento decorra
conforme certa previsão; a inconformidade provocará estranheza, ou;
Expectativa2) a angustiada atenção conferida ao que é imprevisível
(não existe expectativa de passado, mas só de futuro).
35 “Sensibilidade” é a capacidade de perceber influências; pode ser
medida.
“Medir” é quantificar qualidades.
“Observar” é tomar alguma das excitações percebidas pelo sistema
nervoso central em submissão a um simultâneo processamento
40 discriminatório (atento) daquilo que ali influi.

2
“Cotejar” é confrontar algo com outra ou outras coisas, tendo ambas à
vista, ou tendo de uma ou de ambas os registros que o possibilitem,
normalmente tendo em conta alguma diretriz.
“Força” é entendida como “vigor”, “potência” empregada (ou disponível)
5 para empreender alguma ação; os juízos sobre uma força refletem a
percepção do esforço e/ou da quantidade de energia que se observa sendo
aplicada, ou que se supõe que será investida para empreender essa ação.
“Habilidade” é entendida como “aptidão”, “qualificação”, “eficiência” em
atuar; os juízos sobre uma habilidade correspondem à percepção da
10 eficiência ou a presunção de eficiência de um agente, ou de alguma sua
extensão pertinente (como um robô). Um agente pode ser reconhecido como
mais ou menos “habilidoso”, para uma ou muitas tarefas, simultâneas ou
não.
“Curiosidade” é a busca de um ente racional, dirigida ou não, por
15 relações significativas e compreensíveis entre manifestações, entre coisas
e/ou entre ambas.
Num sistema, é “propriedade emergente” a consequência que não pode
ser antecipada (induzida) do conhecimento das propriedades dos
componentes desse sistema.
20 É “tolerante” quem admite que é normal ser influído pelo alheio.
Consequentemente, “tolerância” é a habilidade de atuar de forma
independente e condescendente frente ao(s) desconforto(s) sugerido(s) por
alguma(s) previsão(ões) que não se atualiza(m), ou que não pode(m) ser
verificadas.
25
-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-

Existem coisas.
Estas coisas existem agora.
30 A existência de coisas concretas independe de observação: os estados
físicos já existiam antes de serem constatados.
Existentes concretos estão necessariamente sujeitos às mudanças.
Diz-se, ou, se pode dizer “tem existência” (sem mais) daquilo que existe
sem ter a sua existência determinada por observação.
35 Diz-se, ou, se pode dizer “tem existência abstrata” daquilo que não é
concreto e tem a sua existência determinada por algum observador.
Algo que tem “existência exterior” a um observador pode ser de
“existência interior” (mental, como informação) a outro.

3
Algo que tem “existência exterior a X” e “existência interior a Y”
pode ser interiorizado por “X”.
Diz-se, ou, se pode dizer “tem existência natural” daquilo que não tem
existência determinada pelos entes racionais.
5 Diz-se, ou, se pode dizer “tem existência artificial” daquilo que vêm a
existência por arte e/ou indústria de ente racional.
Entender que da existência de objeto de indústria e/ou arte
animal se pode deduzir que tal animal raciocina é coerente.
Há existentes artificiais imateriais: os que são objetos mentais.
10
A influência de umas coisas sobre outras é necessária.
Ao existir se influi sobre algo, necessariamente.
Ambientes interagem em eventos que lhes são próprios,
estando insensíveis aos que lhes são impróprios.
15 Os entes racionais catalogam os ambientes em
conformidade com as interações observadas.
Influências podem ser imperceptíveis aos sentidos,
imensuráveis ou difíceis de medir.

20 Tudo o que existe, existe em algum ambiente. (← Tese)


Tudo o que existe, existe como ambiente. (← Tese)
A influência de uns ambientes sobre outros é necessária.
As influências entre os ambientes estão condicionadas pelas
constituições de uns e outros.
25 Os ambientes naturais que interagem, bem como essas
interações, são matéria de investigação das Ciências
Naturais.

O que é percebido o é como um ambiente. (← Tese)


30 São configurados os ambientes porque entendemos,
simultaneamente, que há coisas e que elas se relacionam.
Para o ente racional, “um ambiente” é reconhecido por limites
dados por alguma homogeneidade na cadeia de influências.
O que existe e é percebido, o é em certo ambiente.
35 Coisas, objetos, entes, estados de coisas, et cetera: todos
são percebidos como ambientes.

4
Um ambiente compõe em outros ambientes, exceto o Universo.
Conforme se considere, é ambiente: nada (como tema), tudo, certa
porção do todo, cada coisa dentre o que existe.
Qualquer conjunto, limitado por qualquer regra, é um ambiente.
5 Um observador é um ambiente.

A ação de um ente racional pode causar que algo entre a existir.


A existência de algo deixa marcas que podem ser perceptíveis ou não,
mas é só o ente racional que introduz no registro histórico a uma existência.
10
Há entes vivos e os há inanimados.
A relação dos entes inanimados com o mundo é passiva.
Um ente vivo é um ambiente.
Um ente vivo pode controlar parte de sua influência sobre o mundo,
15 assim como parte da influência do mundo sobre ele.
Os entes vivos têm capacidade de alimentação, reprodução e
autorreparação.
Um ente vivo é um sistema químico cuja descendência evolui em
consequência da interação ambiental.
20 É característico dos entes vivos influir sobre o mundo para a
obtenção dos elementos que os constituem, dos que os mantêm
vivos, bem como dos necessários para a reprodução.
A inter-relação entre ente e elementos pode mudar.
O ente vivo está condicionado a produzir uma situação que lhe
25 seja favorável em sua relação com o ambiente, e/ou ocupar
uma posição favorável para a observação das relações que as
coisas mantêm entre si.
Os entes vivos, aqui tratados, estão condicionados a buscar sobreviver
e procriar.
30
Os entes vivos, ao se reproduzirem, buscam produzir outros entes vivos
similares a si.
A similaridade do descendente de cada ente vivo a si é provocada
por via do repasse da totalidade (reprodução assexuada) ou de
35 parte (reprodução sexuada) de seu código genético.
Existe a possibilidade de captura da informação genética de
outro ente vivo.
5
Não está claro se o condicionamento para perdurar é
determinado por algum(ns) gene(s) específico(s), por cada
um deles, ou pelo ente vivo inteiro, como uma sua
propriedade emergente.
5
Os entes vivos devem trabalhar para extrair e incorporar os elementos
que eles buscam no ambiente.
Os elementos que os entes vivos buscam podem ser objetos de disputa
com outros entes vivos.
10 Cada ente vivo é uma reserva de elementos cuja administração ele
e outros entes vivos disputam.
São mais comuns as estratégias que conduzem os entes vivos ao
aumento das capturas dos elementos que eles necessitam.
Cada coisa que um ente vivo percebe o é como um ambiente.
15 Os entes vivos se relacionam como todas as coisas se relacionam:
ambientes dentro de ambientes.

Todo ente vivo manifesta comportamentos determinados em sua


genética.
20 Na competição natural, podem perecer os entes vivos menos eficientes
em crescer, sobreviver e procriar e é isso, em geral, o que acontece.
O aumento da eficiência em crescer, sobreviver e procriar aumenta
a possibilidade de deixar descendência similar a si.
Cada ente vivo é impelido a buscar eficiência nas ações que
25 empreende, para melhor crescer, sobreviver e procriar.
É conveniente privilegiar, direcionar os esforços para a
obtenção dos elementos que interessam sobre o que é
indefeso, vulnerável ou menos concorrido.
É conveniente resguardar a própria integridade.
30
O código genético dos entes vivos muda de forma imprevisível.
São as mutações genéticas que os entes vivos mutantes passam a
seus descendentes as que podem perdurar.
As genéticas expressadas – os entes vivos – que promovam uma
35 melhor relação com o ambiente terão mais chances de produzir
descendência e perdurar.

6
Os entes vivos podem se atuar de diversas formas para melhor competir
e obter os insumos que lhes são vitais.
Para competir no ambiente há estratégias de ação em coletivos, bem
como de atuação individual.
5 Coletivos e/ou indivíduos disputam comparando força e/ou habilidade.
Coletivos podem agir ou passar a agir como indivíduos.
A condição de viver sob competição natural pode compatibilizar
entes vivos para a formação de coletivos em diferentes
complexidades.
10 A condição para a vida coletiva pode ser determinada por
informação genética ou não.
Ao conformar coletivos os entes vivos podem passar a
viver em contato físico ou não.
A condição para a vida coletiva pode gerar interdependência
15 entre os indivíduos que nele participam.
Os coletivos podem ser organizados em estratos de
características homogêneas.
Alguns coletivos podem evoluir de forma a constituir o
que denominamos, usualmente, como “tecidos”.
20
Há entes vivos que não constituem tecidos diferenciados, aos que não
convém estruturas de centralização de controle.
Há entes vivos com vários tecidos diferentes em associação funcional,
sem necessidade de determinação unificada e sem estruturas de
25 centralização de controle.
Há entes vivos com diferentes tecidos em associação funcional, com
capacidade de determinar alguns de seus movimentos mediante estruturas
de centralização de controle corporal.
A função das estruturas de centralização de controle é administrar a
30 complexidade do organismo em que elas são constituintes.
A principal função das estruturas de centralização de controle
de um organismo é a administração de seu movimento.
Através do movimento o organismo busca se afastar de
adversários, da carência de recursos, de ambientes
35 nocivos, e/ou se aproximar de recursos, de ambientes
propícios e/ou de companhia sexual.
Nos sistemas de centralização de controle é consumida,
proporcionalmente, mais energia que a da média dos corpos que
eles controlam.
7
Nos animais ditos “superiores”, a estrutura de centralização de controle
do corpo é chamada de cérebro.

Cérebros desenvolvidos são capazes de memorizar.


5 “Memória” é a capacidade de adquirir, armazenar, e evocar
(recuperar) informações sobre estímulos vividos.
Também se diz “memória” para cada unidade informacional
guardada, conjuntos de impressões que emulam ambientes,
experiências e sínteses de comparações de memórias anteriores.
10 Cada memória corresponde a algum ambiente.
Cada memória é um ambiente.

Em adiante, estratégias serão memórias guardadas.


Cada memória de alguma relação com o mundo é fixada mediante
15 sinapses neuronais.
São necessárias muitas sinapses para memorizar um registro
complexo (e não posso imaginar um registro que não o seja).
A capacidade de memorizar perdura porque é útil.
Memórias, para serem úteis, devem poder ser evocadas.
20 Evocar uma memória é provocar que pulsos elétricos
convenientes percorram o caminho eletroquímico encarregado
de sua fixação, para que, assim, seja causada a recordação.
Como?
Memórias podem ser evocadas inteiras ou por partes.
25
Pensar é cotejar memórias. (← Tese)
Assim como o olho não se vê quando enxerga, o cérebro não se
pensa ao pensar.
Há entes com capacidade de comparar memórias para a solução de
30 problemas imediatos.
Há entes com capacidade de antecipar problemas, visando antecipar
soluções para eles.
É inteligente o ente capaz de solucionar problemas novos.
Ao 'solucionar um problema novo', em geral se faz uso da
35 capacidade metafórica (entender que um método usado para a solução de
um problema pode ser 'adaptado' para a solução de outro).

8
Ser capaz de metáforas pressupõe ser capaz de identificar
algum padrão em memórias distintas.
É racional o ente que é capaz de se observar comparando memórias,
bem como de solucionar problemas imediatos e imaginar problemas novos
5 ou futuros, e as suas soluções.
Os entes racionais usam de seu cérebro biológico para a
racionalidade.
Entes racionais biológicos se tornam racionais ao viver: não nascem
racionais.
10 Os entes vivos e racionais têm a possibilidade de se relacionar com o
mundo de forma ativa e intencionada.

Nos caminhos eletroquímicos, que são as memórias, não é possível


preservar movimento ou variação, testemunhada ou não, porque a memória
15 usa de sinapses e estas existem em estabilidade. (← Tese)
Etiquetar ou reconhecer em algo o “rótulo de vário” não é suficiente
para que seja evocada “memória animada”.
Assim sendo, “movimento” ou “mudança” não pode ser um tipo
de memória que, após ser resgatada, pudesse ser usada para
20 animar alguma cena no ambiente de um sistema de crenças.
Para as vivências, é provável que o conceito “movimento” ou
“mudança” seja apenas remissivo à memória de haver vivenciado
antes o movimento ou a mudança.
É provável que a aplicação do “conceito de movimento” e a do “de
25 mudança” necessitem constante atualização, ou seja: para usá-los
em alguma evocação atual devem ser buscados na vida atual.
Dita “atualização” poderia se dar através de qualquer
movimento, mesmo o pulsar do coração.
A evocação de uma memória se dá de forma análoga à “animação por
30 células” (uma das técnicas para as animações cinematográficas). (← Tese)
Assim, das experiências complexas vivenciadas por um ente
racional (como a visualização de uma cena de movimento) são gravadas
algumas “partes icônicas” (memórias análogas a instantâneos, seletivas,
para o objeto considerado nelas, na função de “marcos” ), para que quando
35 da “evocação da experiência” que nessa memória está guardada
(por intermédio da evocação das “partes icônicas” ) haja o “preenchimento”
com outras memórias importadas desde o “sistema de crenças” ( de
utilização comum a muitos eventos) daquele que as têm e evoca. (←
Tese)

9
Cada sistema de crenças é, também, um conjunto composto de
memórias, que tampouco pode ter movimento.

O reconhecimento de crenças mostra a racionalidade do observador e,


5 se fosse o caso, do observado.

Recapitulando: somos coisas animadas racionais – ambientes


denominados como “humanos” – que existem em relação com
muitas coisas e cada humano (típico) existe fisicamente nalgum
10 ambiente, com sentidos e capaz de movimento.

Menciono processos e características de humanos reconhecidos como típicos, normais,


mas sem impedir que se o estenda a 'não humanos', não típicos, não normais
É esclarecedor usar, em lugar de “mente”, o termo “sistema de crenças operacionalizado”.
15
Dos ambientes procedem estímulos que podem impressionar algum dos
sentidos.
Um “estímulo” reflete, comunica alguma mudança nalgum estado de
coisas.
20 Reconhecer “essas coisas que se relacionam” consiste em constatar
como e quanto “essas coisas” se afetam mutuamente.
Reconhecer a necessidade de que as coisas se relacionem é
reconhecer que coisas são ambientes.
Algo pode ser percebido quando produz suficiente efeito sobre algum
25 dos sentidos.
Um estímulo pode estar fora do rango de percepção de um
observador.
Desde cada um dos órgãos dos sentidos, a reação que o estímulo
coerente com esse órgão nele provoca é transmitida ao cérebro.
30
Os humanos têm a habilidade de reconhecer relações que se dão entre
coisas/ambientes.
Os humanos se tornam racionais através da estimulação de seu
cérebro.
35 Tomar consciência de que algum sentido foi estimulado leva ao estímulo
o foco da atenção.
É depois da captura da atenção que é percebida a existência da coisa.

10
É a percepção da mudança da relação do observador com as
coisas e das relações entre elas o que permite individualizar cada uma delas.
Cada coisa se relaciona com outra de alguma forma.

5 Os entes racionais guardam memórias de suas experiências no mundo.


Racionalmente, a relação com a coisa se dá por via da evocação da
memória d“o ser da coisa”.
Da percepção “todas as coisas em relações” dizemos “o mundo”.
Percebemos que as coisas existem em relação a nós, às outras
10 coisas e ao mundo.

O humano em formação, fetal e depois infantil, produz em si um sistema


de crenças, que começa rudimentar, biológico e para os instintos.
Um “sistema de crenças” passa a ser uma construção a que se
15 destina o resumo e a síntese das informações provenientes de
sentidos naturais estimulados por ocorrências no ambiente.
Num ente humano, para seu sistema de crenças em operação
costumamos dizer “mente”.
Entes humanos reconhecem a mente de outros entes
20 humanos.
Este sistema de crenças inicia elementar, mera coleção inservível para
orientar para a administração do ambiente extracorpóreo, condição biológica
para o registro de experiências no cérebro.
Simultaneamente ao aumento do “aparelho denominado como cérebro”,
25 a quantidade e a qualidade das informações ( os entes racionais e seus sentidos
também vão em desenvolvimento ), o sistema de crenças se faz mais complexo e
mais útil para perceber e para influir.
Há um aumento e uma aceleração na oferta de informações, uma
melhoria da interpretação, da qualidade e da disponibilidade pela
30 educação numa cultura.

Nos entes racionais, das memórias de experiências condicionadas pelos


instintos são apreendidas umas regularidades que geram um “catálogo”.
Este catálogo é também memória.
35 As informações entrantes ao sistema de crenças são
catalogadas/processadas segundo afinidades com memórias
anteriores, alterando-as e gerando novas memórias.

11
A capacidade de focar a atenção é o necessário para que haja “um ser”,
que é algo que surge da relação entre algo e aquilo que tem a sua atenção.
Ao dizer de algo “ser”, ou que “tem ser”, se reconhece que aquilo de
que se fala tem (ou tem e teve) a atenção, que aquilo significa algo
5 para si, que influi sobre si.
Ao dizer de algo “ser” ou “tem ser” se lhe reconhece individualmente
a capacidade de influir.
Para dizer “ser” não é determinante que o reconhecimento da
influência seja voluntário ou involuntário.
10 Dito de outra forma: quem predica algo de algo, identifica algo ou
anuncia a existência de algo, reporta que percebeu haver
conformado um ambiente com esse algo, também catalogado como
“ambiente".
Só pela atenção do ente racional (individual ou social) se pode retirar a
15 coisa do anonimato, do caos, do todo, da dúvida, do mistério, reconhecer-lhe
a existência, a continuidade, a consistência.

De posse do anterior, então, o ente racional se inclina à abstração.


É dito “abstrair” da concentração focada nos próprios pensamentos,
20 desobrigada daquilo que é imediato, urgente, buscando encontrar
naquilo que é tratado o que é relevante para aquele que abstrai.
O ente racional usa de sua razão para definir, precisar, ordenar,
catalogar, situar o que a sua atenção individua.

25 Da natureza pode ser conhecida a influência que se repete ou perdura.


Um ambiente não pode ser conhecido, mas sim reconhecido.
Para reconhecer algo há que o haver contatado anteriormente.
O “anterior” de um reconhecimento pode ser imediato,
vindo da mesma aproximação com o objeto que o
30 oportunizou.
Só se qualifica o que se contata repetidamente.
Só se quantifica àquilo que antes se qualificou.
Faz-se ciência sobre o que é quantificável.
Nas memórias podem ser percebidos parâmetros recorrentes.
35 Ao cotejar estímulos provenientes da experiência atual com
memórias já existentes são evidenciados padrões, normalidades,
universais…

12
Cada padrão, normalidade, universal... é um parâmetro a ser
memorizado.
Como qualquer memória, eles são também tratados como
ambientes.
5 Compreender que há parâmetros motiva a buscar
regularidades na memória por via da abstração.
Após a verificação de que há parâmetros, estes são catalogados e
agrupados conforme modelos gerais sugeridos pela conveniência e pela
cultura em que o observador participa.
10 Por exemplo, a observação de “recorrências” na
contabilidade deu o tema identificado e tratado na aritmética.

Na vida social, cada conivente, quando pensa ou se comunica, tem


referência nos que lhe são tema.
15
É ao abstrair o que se memorizou que aparece “a pauta do eu”.
Cada observador é parâmetro seu, por ser recorrente em suas
memórias.
Ao evocar o registro mnemônico das ocasiões em que cada
20 coisa é pensada – tratada como especial –, em cada sistema
de crenças é percebido algo reiteradamente flagrado no
pensamento, reportado como presente em cada evocação de
memória, sempre encontrado quando focada a própria atenção
nela: é “o eu”.
25 “O eu” sempre “está” no pensar o pensamento: eu penso!
O que é especial em cada tema pensado é, justamente, isso.
(← Tese).
“Este eu” é especial para o operador d“este sistema de crenças”.
Para cada estimulação dos sentidos, uma dor, um prazer, um conforto,
30 um sofrimento, etc, será consequente à percepção do estímulo.
Esta sensação será memorizada e atribuída a este estado de
coisas, a este ambiente, a um “eu em relação com ‘este estímulo’”.
O reconhecimento de padrões permite antecipar a sensação
consequente a cada estímulo, imediato ou imaginado.
35 Para cada nova estimulação dos sentidos haverá expectativa 2 pela
emoção que será constatada.
Por estar o fundamento do “eu” na memória deixada pelas vivências sob
o instinto animal, se faz que eu queira me aproximar do que vejo como

13
conveniente e que queira me afastar do que vejo como inconveniente,
associando isso com sensações primitivas “até sem querer”.
Testemunha de quanto o estimule, destino de suas memórias,
processador de suas informações, presença esperada para a
5 próxima coleta de informações, para a próxima coleta de
sensações, o “eu” é a coisa mais importante para quem o pensa, a
de maior status.
Para bem estudar “o tema eu” (que interessa aqui) há que notar os
seguintes distintivos (opções não excludentes):
10 a) o “eu” é estabelecido num organismo com suficiente
capacidade cerebral;
b) o “eu” tem fundamento no instinto memorizado em empiria;
c) o “eu” surge em animais sociais (haveria que analisar
quantas “propostas de 'eu'” surgissem, retendo de cada uma o
15 que fosse conveniente, para evoluir na conceituação).

Para a comunicação e para inteligir são conferidos nomes aos


conceitos, aos seres e aos entes.
Os nomes estão pelas coisas e/ou conceitos reconhecidos.
20 Cada nome toma sentido no contexto onde é tratado.
Nas proposições, os nomes das coisas e/ou conceitos são
mencionados buscando simular o contexto em que está ou
estaria a coisa e/ou conceito mencionada.
No ambiente de um sistema de crenças, a cada nominado
25 se reconhece a possibilidade de participar em diferentes
contextos.
No ambiente de um sistema de crenças, passar de um nome ou
contexto a outro contexto ou nome, e deste a outro nome ou
contexto, e assim sucessivamente, comparando, cotejando
30 memórias e, a partir dessas, criando outras, novas, para serem
usadas dessa mesma forma, se diz “inteligir”.

Recordando: pensar é cotejar memórias.


É ao inteligir que é percebido o que há de comum entre os entes.
35 Observam-se as relações entre os diferentes objetos/ambientes
exteriores e se diz “isso [é para] aquilo” de forma análoga a usada
para “eu [sou para] isto”, ou “isto [é para] mim” ([ser para] é uma
variação de [influi sobre]).

14
Ou seja: o que antes foi “isto – significa para – mim”, pode
passar a “’eu, ou isso/isto, ou esse(a)/este(a), ou
aquilo/aquele(a)’ – significa para – ‘eu, ou isso/isto, ou
esse(a)/este(a), ou aquilo/aquele(a)’” (“significa para” é uma
5 variação de “influi sobre”).

Eventos geram consequências.


Ações são eventos.
Atividades são ações continuadas.
10 Para um determinado evento são antecipadas e aguardadas
determinadas consequências.
Principiamos supondo que os eventos futuros engendrarão
memórias conformes às prévias, as estabelecidas no âmbito
particular ou no social (cultural), as habituais, padrão.
15 A previsão para as consequências de evento futuro pode
agradar ou não.
Ao prever as consequências para um evento futuro
também se considera a situação presente.
Assumir que se pode prever todas as consequências para
20 uma ação é uma convicção ficcional.
“Eventos” podem ser catalogados dentro de “famílias de
eventos”.
Eventos presentes ou futuros, intuídos ou reconhecidos como
partícipes de alguma família de eventos, são antecipados e/ou
25 aguardados conforme as características dessa família.
Pela razão pode ser gerado o desejo de que o contato com o mundo se
dê em consonância ou diferentemente do acostumado.
Podem ser “objetos de desejo” os ambientes e/ou os processos.
“Preferir X” é notar que o “ambiente com X”, ou a “expectativa
30 de ambiente com X” é mais agradável ou mais conveniente que o “ambiente
sem X”, ou a “expectativa de ambiente sem X” e/ou o “ambiente sem a
totalidade (ou “com traços”) de X”, ou a “expectativa de ambiente sem a
totalidade (ou “com traços”) de X”.
“Gostar” é preferir o “ambiente com X”, ou a “expectativa de
35 ambiente com X”.
“Desejar” é a excitação ao pensar o “ambiente com X”:
excitação agradável (desejo de que aconteça) ou desagradável (desejo de
que não aconteça).
“Querer” é estar disposto a influir sobre o mundo para que o
15
“ambiente com X” seja atualizado.
“Vontade” é capacidade de estabelecer que certo parâmetro
orientará a conduta; é a intensidade relativa dedicada a cada parâmetro
define qual prepondera.
5 Aqui, “X” pode ser “a carência de Y”.
Quem prefere, gosta, deseja, ou quer, sempre prefere, gosta,
deseja, ou quer “algo”.
A preferência, o gosto, o desejo, a querência ou a vontade de (ou
‘por’) “X” influi sobre a conduta de quem prefere, gosta, deseja, quer
10 ou tem vontade de (ou 'por') “X”, tendendo-o a empreender esforços
para que “X” se faça presente em sua vida.

A observação de ocorrência de efeito imprevisto ou incompreendido


para uma causa já classificada, bem como de um efeito desconforme com o
15 esperado para uma ação, provoca no observador o sentimento de
estranheza.
Após reconhecer que algo está desconforme com alguma previsão,
um observador normal ajusta o trato que dá ao ambiente que
identifica como não submisso a sua preferência, gosto, desejo,
20 querência ou vontade.
Num observador, o desconforto provocado pelo relacionamento
com algo (identificado ou não) desconforme com alguma
normalidade memorizada, ou com alguma previsão,
demarcadas ou não, pode incentivar a investigar tal estímulo
25 como curiosidade, como dúvida, como problema, ou todas elas.
“Curiosidade” é uma reação para o conhecimento daquilo
que chama a atenção ou o interesse, por diferente, mal
conhecido ou peculiar.
“Dúvida” é a constatação de haver alguma confusão sobre
30 o ser do observado; solucionada se torna crença ou
descrença.
“Problema” é uma situação observada fora de alguma
norma ou previsão; pode demandar solução ou não.

35 Um observador pode se sentir estimulado a modificar algo que não


corresponda com as suas previsões.
Neste contexto, a motivação para uma ação empreendida é
modificar algum ambiente.
Atua quem é causa para alguma mudança ambiental.

16
Quem modifica é agente.
Uma modificação pode ser sobre o ambiente interno ou externo ao
agente.
É da decisão exclusiva do agente a modificação interna a ele.
5 Toda modificação sobre o ambiente externo ao agente é social.
Toda modificação social é regrada pelo corpo social sobre o
qual ela influi.
O corpo social pode determinar a retroação na iniciativa
não permitida a alguma de suas partes.
10 É a conveniência do ambiente mais geral que determina o
cabimento último das ações: todos os subambientes devem estar
adequados a ele.
Atualmente, esse ambiente é o planeta Terra.
Cada ação acarreta alguma consequência que lhe seja própria.
15 Ao admitir que ações geram consequências, se aceita que
estas são pretendidas por quem atua.
A consequência de uma ação pode ser a prevista ou outra.
Um agente é causa do imponderável a partir de seu
ato.
20 Buscam-se opções para modificar algo após reconhecer que isso está
desconforme com as previsões para o ambiente sob consideração.
Tais opções podem ser para a mudança no observador, no
observado, na relação do observador com o ambiente, na relação
do observado com o ambiente, ou na relação do observador com o
25 observado.
Decide-se mudar algo quando se supõe que é viável a mudança
intencionada.
É viável a mudança intencionada quando, ao tomar como referência
as memórias pertinentes, se delibera que transformar o que há no
30 que se quer justifica o esforço.
Um agente considera justificado empreender um esforço se ele
considera que a opção:
- aparenta ter uma boa relação custo/benefício;
- não contraria as suas experiências anteriores;
35 - não contradiz as suas preferências (subjetivas);
- etc.

Um sistema de crenças é um ambiente. (← Tese)

17
Toda observação pode gerar memórias.
Toda atividade mental pode gerar memórias.
De “recordar ambientes” e de “pensar que se pensa” é dito
“consciência”.
5 Outra vez: a capacidade de recordar ambientes memorizados
e, no ambiente de um sistema de crenças, cotejar, e/ou
investigar, e/ou experimentar e/ou combinar uns ambientes
memorizados com outros é pensar.
Outra vez: ao recordar um ambiente não há como não perceber
10 outro ambiente – esse que recorda – observando: o “eu”.
“Significar” é atribuir ou reconhecer o(os) “pedaço(s) do sistema de
crenças” em conformidade com o objeto ou pelo objeto, mas que não é(são)
o(s) objeto(s): cada memoria está 'por algo' ('em lugar de algo') num sistema
de crenças.
15
Recordando: o sistema de crenças começa por e para os
instintos.
Aos objetos (ambientes) e suas representações (ambientes)
também é atribuído o que se acredita haver na relação ‘sistema de
20 crenças’ ↔ ‘objeto material’, ou ‘sistema de crenças’ ↔ ‘objeto
mental’, conforme o caso.
Para que isso se dê proveitosa e eficientemente, é necessário
que as relações entre as representações no sistema de
crenças sejam, ao máximo, equiparáveis com as relações
25 correspondentes observadas nele mesmo e no mundo.
Pode-se atribuir algo abstrato a algo que representa algo abstrato
ou material porque cada elemento considerado é tratado como um
ambiente: semelhantes a semelhantes.
Pois toda coisa ou construto pensado o é com status de
30 ambiente.
Pois toda coisa ou construto referido no discurso o é com
status de ambiente.

Cada conceito é um ambiente num sistema de crenças.


35 Cada conceito é, também, uma “imagem sedimentada na memória”
– uma memória – e reconhecido como equivalente daquele
ambiente que se quer ou se aceita que lhe corresponde.
“Sistema de crenças” é um conceito.

18
Algo que foi conceituado teve consideradas e/ou aceitas as
“relações internas” nesse conceito/ambiente/crença, bem como as
dele com o corpo do sistema de crenças todo, como assunções
válidas das relações testemunhadas no ambiente em que ele foi
5 obtido, de que ele significa ou representa.
As incompatibilidades internas dos conceitos, bem como as
incompatibilidades entre eles e o sistema de crenças, podem
estar ocultas, ser negadas ou ser incompreensíveis para um
ente racional.
10
A sensação de contradição é uma das que podem ocorrer em entes
racionais que, ao investigar suas crenças ou propostas, verificam haver tido
suas previsões frustradas.
A sensação de contradição é capturada da memória de
15 experiências de verificações de crenças e proposições.
A sensação de contradição é um desconforto.
A sensação de contradição é avaliada qualitativa e
quantitativamente.
Os relacionamentos com contradições suscitam recordar o que é
20 reiterado em memórias obtidas de enfrentamentos com previsões
desatendidas anteriores, permitindo reconhecer padrões típicos desses
relacionamentos.
A sensação de contradição é depurada de uma sensação maior,
com frustração, com surpresa, com repulsa, heterogênea de
25 significados e em diversas possibilidades de intensidade.
Os variados matizes para a consideração de diferentes relações
com contradições são significativos e apropriados a cada situação
contraditória.
Isso permite supor várias lógicas.
30 O trato de um ente racional com a contradição é fortemente
determinado pelo seu sistema de crenças.
A aplicação de diferentes valorizações para diferentes relações com
contradições pode se dar por diluição, por constrangimento, por
tolerância, por esquecimento, por apego a uma opinião, et cetera.
35 Aqui:
- ‘Diluição’ é não conferir valor absoluto ou determinante à
contradição, por considerar que ela significa pouco num
contexto maior.
- ‘Constrangimento’ é admitir a pressão por desconsiderar o
40 valor absoluto ou determinante de uma contradição.

19
- ‘Tolerância’ é desdenhar o valor de alguma contradição.
- ‘Esquecimento’ é perder da memória haver testemunhado
alguma contradição o de algo que a revelasse.
- ‘Opinião’, por relativizar uma contradição observada.
5
Dizer “isso (essa relação) é contraditório(a)” é manifestar que a
intensidade de uma sensação de contrariedade provocou um tal desconforto
que fez crer oportuna a denúncia da situação como uma anormalidade.
“Contradição” começa como “um ambiente dentro de um sistema de
10 crenças” – uma sensação – que é também a referente última para
as avaliações de contradições.
A definição de “contradição” é necessariamente circular.

Ao afirmar que alguma estimulação provoca, ou não, alguma sensação,


15 se usa de uma estrutura proposicional que permite dela dizer que é
verdadeira ou falsa.
Ao dizer de algo “contraditório”, ou “não-contraditório”, se evidencia
uma maneira de referir com fórmula análoga àquela usada ao dizer
do Polo Norte “Ártico” (que tem ursos) e do Sul “Antártico” (que não
20 tem ursos).
Toda predicação se dá sobre ambientes e sempre poderá ser analisada
logicamente.
Num juízo se menciona um ambiente: e ele é um ambiente.
Existe um predicado de juízos nominado “contraditório”.
25 Diz-se que uma proposição é contraditória quando há
discrepância entre o que ela assegura e o que se verifica no
mundo ('quase sinônimo' de verdade), ou entre seus elementos
internos, ou entre ela e outra.

30 Nas contradições semânticas podem ser verificados gradientes de


verdade.
O falar, o coloquial, convive com contradições.
“Contradições” podem ser usadas como recursos de
linguagem.
35 Constatar contradições epistemológicas é útil, por obrigarem o
desenvolvimento desta disciplina.
O princípio ontológico de não-contradição é um dos elementos
que mais contribuíram para o desenvolvimento de todas as
disciplinas.
20
O conceito de “contradição pura” – a contradição lógica – é retirada e
sintetizada a partir do que há de comum a todas as possibilidades que levam
a sensações de contradição.
Uma fórmula é uma verdade lógica se ela é verdadeira em toda
5 interpretação.
Uma fórmula é uma contradição lógica se ela é falsa para toda
interpretação.

A um sistema de crenças operando é o que chamamos de mente.


10 Para cada pessoa, o alcance de seu sistema de crenças, incluídas as
consequências de sua operacionalização, é o real.
Para cada pessoa, o alcance do sistema de crenças do outro,
incluídas as consequências de sua operacionalização, é “o real para
o outro”.
15 Para além do que é provável e/ou concretamente possível, acreditamos
que uma pessoa é capaz, por iniciativa própria, das coisas que a
operacionalização de seu sistema de crenças permite.
Acreditamos que é parte da identidade de uma pessoa o seu
sistema de crenças, porque sabemos que cada pessoa só pode
20 memorizar àquilo que ela experiencia ou contata.
Acreditamos que há compatibilidade entre certas ações e certos
sistemas de crenças.
Acreditamos que é pertinente suspeitar que uma pessoa foi
responsável por ações identificadas com o sistema de crenças
25 identificado ou suposto para ela.
Acreditamos que a compatibilidade entre certas ações e certos
sistemas de crenças é suficiente para responsabilizar quem for
inferido como seu autor pelas consequências destas ações.
Caso uma ação seja entendida como consequência típica de
30 certa(s) crença(s), tendemos a aceitar que se atribua a
responsabilidade por tal ação, bem como por suas
consequências, àquela pessoa que se suponha que porte esta
crença, sem mais.

35 -x0x-x0x-x0x-x0x-

Para ter em conta:

21
Os organismos vivos solucionam problemas.
Os organismos vivos com memória tendem a registrar as soluções de
problemas que vivenciaram.
Não somos os primeiros organismos que surgiram.
5 Absorvemos do mundo o que os nossos sentidos possibilitam.
Podemos absorver do mundo métodos (scripts) para a obtenção de
agrados e/ou para evitar eventos desagradáveis.
Esses métodos podem ser obtidos de si mesmos (adaptações
comportamentais e metáforas), de outros elementos da mesma
10 espécie e/ou de elementos de outras espécies.
Tão importante como saber de qual método se deve lançar
mão é saber de qual método não se deve lançar mão, de como
e quando abandonar um método e passar a usar outro
(constatação ou intuição de que um método usado é pouco
15 conveniente) ou nenhum (tarefa finda, ou que se tornou
inoportuna, etc).

Os fatos são coerentes: eles compõe com teorias sistemáticas sobre


aquilo de que derivam: o mundo.
20 Não podemos compreender, lembrar ou utilizar fatos isolados que não
possamos relacionar de maneira sistemática a um corpo de conhecimento
mais abrangente.
A expressão da inteligência depende do conhecimento metamórfico e
real.
25 Os humanos são diferentes dos animais, mas não pela maneira de
adquirir conhecimento, nem pela forma desse conhecimento, senão que pelo
seu conteúdo (pelo que sabem e pelo que precisam saber).
Os humanos são diferentes das máquinas, mas não pelos
conteúdos de seus conhecimentos, senão que pelas maneiras de adquirir
30 esses conhecimentos.

Uma combinação de elementos memorizados é uma simulação


representacional de um, assim dito, mundo possível, e vice-versa.
Para simular uma situação se deve compreender o que importa para
35 que tal situação se dê.

Uma informação de vivência, ou que pode ser aplicada a vivências (ou


uma memória), é melhor catalogada e, em consequência, melhor evocada.

22
Quando não pode ser presenciar o que se há de informar, quando não
se pode apontar, se disserta.

5 Quando um ambiente não está eficientemente referido, se aprimora ao


que se lhe refere.

Especialistas são arquivos de casos.

10 A característica que leva a um dos problemas concernentes à


consciência – a impossibilidade de saber se o outro a tem – é causa similar
da crença de que animais não tem consciência: a humildade sugere que se
suspenda o juízo; o conhecimento biológico faz acreditar que muitos deles a
tem.
15
O Universo é um contínuo e se dá como “mundo”, não como
“possibilidade de mundo”.
Todas as atualizações estão no Universo.
O homem é um ente do mundo e se relaciona com ele sendo o que é e
20 como é: um ambiente.
O homem é uma das atualizações possíveis para o mundo.
É no mundo que estão os assuntos do homem, do ente racional.

O mundo “para alguém” sempre será conforme a algum ponto de vista


25 (um “ambiente” não pode saber o que é ser “outro ambiente”) e é isso o que
se observa no que vai sendo dito por “indivíduos” sobre o mundo.
O mundo é o que e como ele é, sem permitir ser integralmente
compreendido e/ou resumido mediante artimanha alguma.

30 O homem, o ser racional se potencializa e lhe vai bem a vida social na


combinação de pontos de vista através da comunicação linguística.
A combinação de pontos de vista dá ao homem, ao ser racional, uma
vantagem estratégica sobre todas as outras espécies: as que não podem
integrar ao seu o ponto de vista alheio.
35 Aliado a isso, os homens aprenderam a perdurar seus pontos de vista
em registros comunicacionais extra corporais, intercambiáveis,
extremamente precisos e compreensíveis.

23
Desde que sejam dadas as circunstâncias, isso permite aos homens
agregar ao seu ponto de vista infinidades de pontos de vista mais, tanto
ingênuos como treinados, os convencionados como particulares, de seu
lugar ou de outro, de seu tempo ou do passado.
5 É assim que, quanto mais o homem vive (como indivíduo e como
espécie), mais ele sabe do mundo e mais e melhores maneiras encontra de
entender ao que observa e a prever.
É assim que, “um homem” nunca é um self-made man, pois ele nunca é
“só ele”, mas muitos.
10

Ao aceitar que a noção de que o “pilotar o ponto de vista de 'X'”, pelo


contingente “nascer como 'X'”, é fundamento suficiente para justificar que as
consequências de “existir como X” sejam usufruídas por “X” em separado da
15 cultura que, antes, o muniu daquilo que foi necessário para que ele anexasse
“algo”, jamais se deve esquecer que também se admite que a parte não está
comprometida com o todo.
Ao negar que a parte é debitária do todo se admite que o mundo é
descontínuo, discreto: que ele pode ser segmentado no tempo e no espaço.
20
Ao aceitar que a parte é debitária do todo se aceita que o ponto de vista
de cada um é particular a ele (exatamente como efetivamente é), mas que
ele termina por se tornar uma contribuição ao todo.
Que as contribuições das partes que deixaram de existir pertencem ao
25 todo, a todos os entes existentes.
Aceitar que a parte é debitária do todo não impede a compreensão de
que o mundo é contínuo.
Ao aceitar isso, talvez fosse coerente aceitar também que as
consequências das atualizações dos pontos de vista incorporados ao todo
30 são concernentes ao todo.

A sugestão de que se pode segmentar o mundo vem da comunicação


linguística.
Para melhor entendimento, observe-se que através da fotografia, de
35 forma análoga ao que se faz através da linguagem, são criados registros de
“um mundo detido”, objetos fora do “tempo do mundo”, de objetos em “seu
próprio tempo”.
Mediante o que elas proporcionam, evocamos e investigamos fatos
como “fenômenos fora do tempo do mundo”, “em seu próprio tempo”.

24
Mas “o mundo” não é apenas uma sugestão da comunicação linguística,
senão que um contínuo, um Universo.

Aceitar a segmentação do mundo é aceitar a sugestão de que o mundo


5 é como e o que ele não é.

-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-x0x-

De https://culturacientifica. com/2017/05/23/el-balance-energetico/ por


10 Juan Ignacio Pérez, de la Cátedra de Cultura Científica de la Universidad del
Pais Vasco / Euskal Herriko Universitatea.
La aptitud biológica de un animal depende, en última instancia, de su
capacidad para dejar tras de sí nuevos individuos cuyo genoma sea, en
parte, copia del propio. Esa capacidad depende, en una primera
15 aproximación, de la cantidad de recursos que él es capaz de adquirir y
destinar a la línea germinal, pues esa es la línea que da lugar a la gestación
de nuevos individuos. La forma más sencilla de abordar esta cuestión de
forma analítica es recurrir al balance energético que resulta de la ingestión
del alimento, su posterior aprovechamiento y la utilización de la fracción que
20 ha podido aprovecharse para proveer la energía que necesitan las
actividades que cada animal ha de desarrollar. (No quiere decirse que la
energía sea el único término a tener en cuenta si se quiere valorar con rigor
el uso de los recursos que requiere y ha de conseguir un animal.)
Casi todos los elementos que necesita están sometidos a procesos de
25 adquisición y de pérdida, como el nitrógeno, por ejemplo, o los nutrientes
minerales, vitaminas, y demás; y con cada uno de ellos podría elaborarse un
balance. (Un animal puede tener excedentes de carbono o de energía, pero
ser deficitario en nitrógeno, o en calcio, por ejemplo, pero la energía
constituye el limitante principal de la mayoría de animales para generar
30 nueva biomasa.) Se incluyen en ese capítulo energía y componentes
estructurales.
Todos los animales han de alimentarse para conseguir los recursos que
necesitan. Se alimentan consumiendo alimento. El alimento ha de ser
digerido (fragmentación mecánica y química mediante el concurso de
35 enzimas específicos) para que sus componentes básicos se puedan
absorber. Como consecuencia de esos procesos, una parte de lo ingerido es
absorbido, y otra parte no es absorbida, para ser eliminada en forma de
heces (la egestión).
La mayor parte del alimento absorbido es asimilado. La asimilación
40 consiste en su incorporación al conjunto de procesos celulares que pueden

25
incluir su degradación para obtener energía metabólica (en forma de ATP,
principalmente), o su participación en vías de síntesis de otras sustancias.
En términos de balance energético se suele diferenciar entre los
términos “absorción” (tal y como se ha presentado en el párrafo anterior) y
5 “asimilación”. La distinción se basa en la existencia de procesos de
desaminación de moléculas que dan lugar a la aparición de restos
nitrogenados (NH4+ en primera instancia) que, debido a su toxicidad, han de
ser eliminados directamente o tras su conversión en otras sustancias (urea y
ácido úrico, principalmente). A efectos de balance energético no se establece
10 distinción entre los restos nitrogenados que resultan de la desaminación de
sustancias recién absorbidas y los que proceden del permanente recambio
(procesos de síntesis y degradación) de macromoléculas nitrogenadas. La
energía asimilada tiene, por último, dos posibles destinos:
1) una parte se disipa en forma de calor: el gasto metabólico o, de forma
15 más simple, metabolismo;
2) la otra parte es la que se deposita en forma de biomasa propia: la
producción.
Y, vistas de formas diferentes, la energía que se pierde por el simple
hecho de que en todos los procesos que ocurren en las células animales una
20 parte de la energía química se transforma en calor y se pierde de esa forma,
y, al ser esa disipación de calor consecuencia de las actividades biológicas,
constituye un indicador del nivel de actividad del organismo.
Así pues, la energía asimilada puede entrar en las vías catabólicas que
conducen a la producción de ATP (Trifosfato de Adenosina) o,
25 alternativamente, dirigirse a:
1) la síntesis de nuevas estructuras (somáticas y reproductivas);
2) la reparación y renovación de las ya existentes;
3) el almacenamiento de sustancias de reserva.
Por su parte, el ATP producido en las vías metabólicas correspondientes
30 es utilizado para proporcionar la energía que necesitan las actividades
biológicas, como son:
1) los procesos de biosíntesis para la producción de nuevas estructuras
(nuevos tejidos somáticos y gametos) y la reparación o renovación de las
existentes (enzimas, estructuras, neurotransmisores, hormonas, etc. );
35 2) las actividades de regulación (transporte de iones, secreción
activa…);
3) otras actividades internas, (contracciones musculares, movimientos
ciliares, etc);
4) las actividades hacia el exterior (contracciones musculares,
40 movimientos ciliares, etc).
Todas las actividades anteriores conllevan un cierto gasto metabólico
pues, como se ha visto, es a su desarrollo a lo que se destina el ATP que se

26
obtiene de las vías catabólicas. Por ello, también podemos categorizar el
gasto metabólico de la forma siguiente:
1) costes de mantenimiento del organismo, que son los derivados de las
actividades de renovación y reparación de estructuras, las de regulación, y
5 los movimientos internos;
2) costes del crecimiento y de la reproducción, que son los asociados a
los procesos biosintéticos de producción de biomasa; y
3) costes de la actividad, que son los ligados al desarrollo de actividades
hacia el exterior.
10 En teoría, y suponiendo que la energía es la unidad relevante a efectos
de producción animal, mediante la determinación experimental de los
términos se puede calcular la producción de un individuo bajo las
condiciones experimentales establecidas, y analizar la forma en que
diferentes factores ambientales (cantidad de alimento disponible,
15 temperatura, etc. ) afectan al balance y, por lo tanto, a la aptitud biológica del
individuo. Pero la medida de la producción real en condiciones naturales, y la
proporción que cada individuo o grupo de individuos destina al crecimiento
somático o a la reproducción, están también sometidas a control fisiológico
(endocrino). Además, esas magnitudes son, en parte, el resultado de la
20 historia evolutiva de cada linaje, pues son variables características del ciclo
de vida, y en su definición intervienen elementos ambientales y
demográficos.

“Heurística” es un arte, una técnica o un procedimiento, práctico o


25 informal, para resolver problemas.

De forma análoga a fotografia, a linguagem permite a observação e a


investigação de registros do mundo. Ambas são tecnologias que criaram uma
classe inteiramente nova de objetos para a contemplação. Mediante a
30 investigação do que elas proporcionam, podemos estudar ou evocar
fenômenos fora do tempo real, em seu próprio tempo, no tempo da coisa, do
evento, do fenômeno. Apenas por existir, da linguagem vem a sugestão de
fracionar o mundo.

35 No ambiente natural, onde sempre “há algo” observando (esse “ente


ideal”, abstrato, – o mundo – é onisciente), onde o vivente (racional ou não)
'gostaria' que a sua vida fosse um segredo seu, o ente racional recebe uma
sugestão ambiental: o espírito (animismo).
Um ambiente em conjunção com uma população racional que o habite,
40 apenas por serem o que são, dão num tipo de interação que origina certos
usos e, entre eles, certo tipo de vocabulário.

27
A “atividade comunicacional linguística” é expressão do exercício de
uma tecnologia e é uma tecnologia ela mesma.

Toda língua natural havida evoluiu desde a oralidade para o uso em


5 atividades que visavam satisfazer necessidades durante as que se usavam
certas ferramentas tecnológicas, com um poder de previsão e uns resultados
totais que já não são considerados bons.
A “incapacidade de prever certos resultados” permite supor que certa
tenologia é ruim ali e que ali o vocabulário oral para essa tecnologia é
10 deficiente.
Um vocabulário deficiente para certo uso faz supor que a população que
pratica essa língua oral não é especialista e/ou não pratica esse uso.
Campos das possibilidades do mundo exclusivamente oral que são
menos “praticados” tendem a ser relatados num vocabulário menor e menos
15 preciso.
O ente racional, por ser o que é, busca tecer relatos que o auxiliem na
previsão de acontecimentos no seu ambiente.
Nas populações exclusivamente orais, se observa que as dificuldades
(materiais e psicológicas), originadas em previsões que falham devido à
20 aplicação de más tecnologias sobre o mundo, é diminuída pelo animismo
lendário (ou mitologia) e vice-versa.
Em conformidade com uma informação deficiente, são arranjadas e
habilitadas umas definições que tendem a ser menos restritivas, ou
mais abrangentes, e com importação de significados, que poderiam
25 admitir em seu escopo a particulares definidos, conflitivamente,
também através de outras definições.
Uma provável consequência para uma maior variedade de
dificuldades é a tendência a melhorar holisticamente as
definições.
30 Um estoque de definições mais geral permite se relacionar com
mais ambientes.
Um estoque de definições mais precisas permite se relacionar
melhor com os ambientes.
Um estoque de definições mais geral e mais preciso permite se
35 relacionar melhor com mais ambientes.
Algumas definições são para recordar em situações das quais não
se deseja participar.
Nas sociedades orais, se certas dificuldades não ocorrerem, se perdem
definições.

28
Em períodos de estabilidade demorados, as sociedades de tradição
oral que, simultaneamente, ainda não sistematizaram a manutenção
do seu conhecimento, tendem a perder vocabulário.

5 Uma cultura e a sua população se condicionam entre si.


A vida sob certa dificuldade induz uma população a desenvolver
certa cultura de melhor resposta a essa dificuldade.
Uma cultura de melhor resposta a certa dificuldade condiciona essa
população a ter em mente a essa dificuldade.
10 Ter em mente certa dificuldade condiciona a esperar por ela.
“Esperar por certa dificuldade” emula “viver sob certa
dificuldade”.
Esperar por certa dificuldade condiciona a desenvolver certa cultura
de melhor resposta a essa dificuldade.
15
A perda de algum vocabulário é a perda do ponto de vista que lhe
deu origem.
A identidade pode ser explicada como, entre outras coisas, ponto de
vista.
20 A dificuldade é um elemento identitário obrigatório para uma população.
As línguas forjadas em ambientes com pouca tecnologia, se forem
usadas em ambientes mais tecnológicos, ou com a prevalência de
tecnologias 'melhores', e vice-versa, poderão ensejar incompreensões.
A habilidade de usar a violência constitui uma tecnologia.
25 A não ser por algo atípico, populações que passam por alguma
dificuldade tendem a desenvolver alguma tecnologia correspondente.
A não ser por algo atípico, populações com alguma tecnologia tendem a
demonstrar um vocabulário correspondente melhor e maior.
A não ser por algo atípico, populações que desenvolvem mais e
30 melhores tecnologias tendem a usar suas vantagens competitivas para
prevalecer sobre as que o fizeram pior, mas não o contrário.

Dentro das possibilidades da vida humana, tudo muda por gradiente.


35 A probabilidade de, ao azar, extrair o “elemento X” de algum ambiente,
será diferente para diferentes concentrações dele nesse ambiente.

29
É fácil perceber que, se for encontrado um ambiente com uma
concentração maior de “elementos X”, mais fácil será suprir a carência de
“elementos X” (ou evitar “X”, se “X” for nocivo).
Também é fácil perceber que, se puder ser induzida uma concentração
5 de “elementos X” nalgum ambiente, mais fácil será suprir a carência de
“elementos X” (ou eliminar “X”, se “X” for nefasto).
Começa-se a buscar padrões no mundo respondendo a
condicionamentos naturais.
A percepção inata de padrões não existe para a busca de certezas ou
10 definições, mas para a busca de melhores estratégias de sobrevivência.
O que fazemos ao buscar padrões é aumentar nossas chances de êxito.
Encontrar padrões no mundo facilita para a busca da satisfação onde
ela seja mais provável, mais segura, mais econômica.

15
Cada coisa está em alguma rede de influências.
Denomina-se como 'Universo' ao coletivo de todas as redes de
influências.
'Ambientes' são abstraídos de redes de influências, mediante limites
20 definidos arbitrariamente.
Ambientes se relacionam com ambientes, interinfluenciando-se todos
necessariamente.
Palavras e gestos remetem a ambientes.

25 Cada percepção se dá sempre desde um ponto de vista.


Não se pode sentir ou inteligir o mundo, seus fragmentos, os seus
constituintes, desde o (hipotético) 'ponto de vista deles'.
Não se pode perceber 'tudo o que há' de 'algo'.
Uma intelecção sobre 'algo' é sempre deficiente.
30 O produto de uma percepção deficiente também é 'algo'.
Ao se relacionar 'alguém' com 'algo' se conforma 'o ambiente alguém
com algo'.
Assim como se percebe 'algo', se percebe 'o ambiente com algo'.
É ao falar de ambientes que se faz relevante o termo 'ser'.
35 Ao inteligir sobre o que se percebe, se pode emitir juízos diferenciados
para 'algo' e para 'o ambiente com algo'.

30
'O ambiente com algo' está influído por outros ambientes.
É sabido, simultaneamente, que se percebe 'algo', que se percebe 'o
ambiente com algo' e que 'algo' que se percebe é constituinte no 'ambiente
com algo'.
5 É natural pensar assim, mas se esquece que 'pensamentos' são
'algo': são ambientes.
Os pensamentos influenciam sobre a percepção do 'ambiente com algo'.
Então, se o dito anteriormente vale, a percepção de 'algo' está
contextualizada pelo ambiente em que ele compõe.
10 E é impossível aceder ao ponto de vista 'existir como algo'.
E é impossível aceder a totalidade do que seja 'existir como algo'.

Nos processos macroscópicos as mudanças ocorrem progressivamente.


O ente natural em processo de percepção de algo, previamente
15 conhecido ou não, no começo é apenas “influído por algo” que motiva para
“enfoque de atenção”, ou para “novo enfoque de atenção”.
No momento em que o ente foi motivado a sair de algum estado, e/ou
provocado a conduzir a sua atenção até “algo”, e/ou impelido a deslocar a
atenção de “algo anterior” a “algo posterior”, e/ou instigado a transferir a
20 atenção de “algo em processo” para “algo novo”, “algo” que recém começa a
ser percebido, nesse momento o estado anterior ainda não deixou de ser e o
posterior ainda não é preponderante.
Quando um estado anterior ainda não deixou de ser, o posterior ainda
não é preponderante e não há estado intermediário relevante, aquilo que
25 leva para o estado posterior já é uma presença: é “algo”.
Para o ente linguístico as coisas às vezes mudam de forma discreta (de
'A' para 'B', sem intermediários) ou, em outras, de forma contínua (em
gradiente).
Há uma noção que informa que se algo é anterior, então
30 necessariamente ele deve poder ser sem a coisa posterior, ao menos por um
instante, ao menos até que alguma consequência sua seja percebida ou
imaginada.
O anterior pode ser pensado como causa do posterior, mas sem o
posterior, com autonomia e independência dele.
35 Esse “algo” que ainda não está reconhecido é já um ente, pois instancia
o “há que ver”.

31
Retrodição é o antônimo de predição, sendo ambas equivalentes na
não-atualidade, o que estimula a suspeitar se, para a razão, o resumo da
especulação se pareceria com o resumo da memória.

5 -x0x-x0x-x0x-x0x-

Bônus

32
33
O QUE É A CONSCIÊNCIA?

Há momentos em que dizemos que 'estamos conscientes' ou que


'estamos conscientes de nossos pensamentos', coisa que supõe a
5 possibilidade contrária, a de 'estar inconscientes'. O quê estaríamos
querendo dizer com isso?
Podemos dizer que, quando vamos pelo mundo vivendo as nossas
vidas, percebemos dele aquilo que os nossos sentidos nos possibilitam,
entregam, e desse estado dizemos 'estar consciente', sem mais.
10 Caminhando pelas ruas poderíamos, ao ouvir um estrondo, olhar em direção
de sua origem buscando o que o causou com tempo suficiente para
testemunhar as consequências imediatas de um desastre automobilístico. É
normal que algo assim nos ponha em alerta e, se for o caso, nos inspire a
ajudar para a melhor solução ou a curiosear, ou ao afastamento.
15 Perguntados sobre um caso como esse, diríamos que estivemos conscientes
do que se passava e que, por havermos assistido ao que ali assistimos, que
guardamos o evento, ou algo dele, em nossa memória. Ao evocarmos essa
memória diríamos que trouxemos o tema à consciência, sem maiores
discussões. Poderíamos, talvez, discutir a qualidade, a fidelidade com que o
20 evento foi memorizado, mas não nos pareceria inapropriado dizer que
podemos trazer essa recordação à consciência. E diríamos, com a mesma
tranquilidade, que estivemos conscientes de nós no momento em que
memorizávamos aquela cena, na evocação da memória originada dali, assim
como quando alguém nos perguntasse “Quem és tu?”.
25 Assim que, a palavra 'consciente' vale para um estado metal que é
comum tanto para a observação como para a evocação da memória. O quê é
comum a tudo isso?
O imageamento por ressonância magnética do cérebro em atividade, em
busca de evidenciar as áreas dele que estão operando quando as seguintes
30 condições se dão, mostra que quando evocamos memórias visuais os
mesmos setores envolvidos no discernimento da estimulação ocular são
ativados. Coisa semelhante acontece quando evocamos memórias auditivas,
com as áreas envolvidas no processamento de sons. Memórias de odores,
táteis, corporais, gustativas... : com todas acontece assim. Poder-se-ia dizer
35 que quando se é consciente de algo (toda consciência é a consciência de
algo), isso acontece porque “este pensamento do qual se é consciente” está
sendo repassado pelos órgãos no encéfalo para este tipo de situação
considerada (a de que se é consciente neste momento).
O quê isso mostra? Que 'ser consciente' ou 'estar consciente' é 'um jeito
40 de dizer' do sistema límbico estimulado, ativado por 'algo de que se é
consciente neste momento', vindo dos sentidos ao cérebro, ou do cérebro a

34
si mesmo. Se é consciente disso quando é disso que se ocupa o sistema
límbico. Apenas isso.
“Consciência”, então, no sentido filosófico, seria, no sentido
neurofisiológico, fazer o sistema límbico participar da percepção de si, da
5 investigação mental, da investigação sobre o passado e sobre as
expectativas.

Nicolas Abagnano → CONSCIÊNCIA:


O uso filosófico desse termo tem pouco ou nada a ver com o significado
10 comum, de estar ciente dos próprios estados, percepções, ideias,
sentimentos, volições, etc. Quando se diz que um homem "está consciente"
ou "tem consciêcia", se não está dormindo, desmaiado, nem afastado, por
outros acontecimentos, da atenção a seus modos de ser e a suas ações. O
significado que esse termo tem na filosofia moderna e contemporânea,
15 embora pressuponha genericamente essa acepção comum, é muito mais
complexo: é o de uma relação da alma consigo mesma, de uma relação
intrínseca ao homem, "interior" ou "espiritual", pela qual ele pode conhecer-
se de modo imediato e privilegiado e, por isso, julgar-se de forma segura e
infalível. Trata-se, portanto, de uma noção em que o aspecto moral – a
20 possibilidade de autojulgar-se – tem conexões estreitas com o aspecto
teórico, a possibilidade de conhecer-se de modo direto e infalível.
COSCIENTE:
Esse adjetivo é comumente empregado no sentido de consciência; seu
uso filosófico, porém, corresponde ao do termo "consciência": daí, p. ex. ,
25 "espírito consciente" significar a atitude de auto-reflexão de busca interior.

Japiassu → CONSCIÊNCIA:
1. A percepção imediata mais ou menos clara, pelo sujeito, daquilo que
se passa nele mesmo ou fora dele (sinônimo de consciência psicológica). A
30 consciência espontânea é a impressão primeira que o sujeito tem de seus
estados psíquicos. Difere da consciência reflexiva, ou seja, do retorno do
sujeito a sua impressão primeira, permitindo-lhe distinguir o seu Eu de seus
estados psíquicos. Campo de consciência é o conjunto dos fatos psíquicos
presentes na consciência do individuo.
35 6. A tomada de consciência é o ato pelo qual a consciência intelectual do
sujeito se apodera de um dado da experiência ou de seu próprio conteúdo.
CONSCIENTE:
1. Em seu sentido objetivo, o termo "consciente" se aplica aos atos ou
estados pessoais percebidos pelo sujeito, quer de modo espontâneo, quer de
40 modo reflexivo (ex. : estar consciente de um erro); em seu sentido subjetivo,

35
aplica-se ao próprio sujeito que percebe (ex. : estou consciente do
movimento de meu braço).
2. Em seu sentido moral, designa a qualidade de alguém que assume,
com conhecimento de causa, a responsabilidade por seus atos, avaliando-os
5 relativamente aos atos dos outros.

RAE → > CONSCIENCIA:


f. Propiedad del espíritu humano de reconocerse en sus atributos
esenciales y en todas las modificaciones que en sí mismo experimenta.
10 f. Conocimiento reflexivo de las cosas.
f. Actividad mental a la que solo puede tener acceso el propio sujeto.
f. Psicol. Acto psíquico por el que un sujeto se percibe a sí mismo en el
mundo.
loc. verb. Darse cuenta, percatarse de ello.
15
Jose Ortega y Gasset: «Ahora bien; resulta que el hombre no tiene
naturaleza: nada en él es invariable. En vez de naturaleza tiene historia, que
es lo que no tiene ninguna otra criatura. La historia es el modo de ser propio
a una realidad, cuya sustancia es, precisamente, la variación; por lo tanto, lo
20 contrario de toda sustancia. El hombre es insustancial. ¡Qué le vamos a
hacer! En ello estriba su miseria y su esplendor. Al no estar adscrito a una
consistencia fija e inmutable – a una "naturaleza" –, está en franquía para
ser, por lo menos para intentar ser, lo que quiera. Por eso el hombre es libre
y. . . no por casualidad. Es libre, porque no poseyendo un ser dado y
25 perpetuo no tiene más remedio que írselo buscando. Y esto – lo que va a ser
en todo futuro inmediato o remoto – tiene que elegirlo y decidirlo él mismo.
De suerte que es libre el hombre. . . a la fuerza. No es libre de no ser libre.
De otro modo, al dar un paso se quedaría paralítico, porque nadie le ha
resuelto en qué dirección va a dar el próximo, como le es dado resuelto a la
30 piedra lo que va a hacer si la soltamos en el aire» ("Pasado y porvenir para el
hombre actual", en «Obras completas. Tomo IX»; Madrid: Revista de
Occidente, 1965 [1952], páginas 646-647).

Todas as culturas têm obrigações a cumprir, como deveres específicos e


35 pormenorizados. Numa cultura oral, a maioria das regras abstratas usadas
na solução de “problemas típicos” são aceitas ou convencionadas sem a
devida conceitualização. Aqueles que vão sendo incorporados ao ambiente
dessa cultura absorvem essas normas pela observação direta, de forma
implícita, numa auto formação (antes que nada) identitária. Ou seja: não
40 costuma ser a declaração da norma o que provoca a adesão a ela, mas a
vivência, a contemplação em coexistência dos que já nela convivem: “somos
assim”. Assim sendo, os conceitos que eventualmente são definidos em

36
culturas iletradas, para serem transmitidos de uma geração para a próxima
devem ser evocados pelos mais velhos diante dos mais novos. De forma
similar ao que acontece para dar a conhecer da coisa o seu nome, a norma e
a sua conceitualização devem ser evocadas simultaneamente para a
5 observação daquele que poderia vir a transmitir, anos depois, essa norma
conceitualizada. Nas culturas iletradas, a teoria e o seu pertinente
vocabulário técnico são transmitidos quando os que conhecem os conceitos
percebem inconveniências nos procedimentos – quando 'quem sabe' é
testemunhado detectando, corrigindo algum equívoco –, sendo que a sua
10 aquisição se faz mediante um procedimento dedutivo. O que é implícito
permanece latente enquanto falhas e equívocos não ocorrem e essa é a
principal razão das culturas orais terem escasso vocabulário técnico.
Entretanto, uma boa mitologia pode amenizar esta carência.

15 A fotografia, de forma análoga a linguagem, permite a observação e a


investigação de registros do mundo. Ambas são tecnologias que criaram uma
classe inteiramente nova de objetos para a contemplação. Mediante a
investigação do que elas proporcionam, podemos estudar ou evocar
fenômenos fora do tempo real, em seu próprio tempo, no tempo da coisa, do
20 evento, do fenômeno.

A intenção informativa é a intenção que o falante tem de informar e é uma


metarrepresentação de primeira ordem.
Uma intenção de comunicar, ou uma “intenção comunicativa”, ou a intenção de
25 tornar conhecida uma intenção informativa de primeira ordem, é uma intenção
informativa de segunda ordem.
Saber que alguém tem uma intenção informativa é possuir uma
metarrepresentação de segunda ordem.
Possuir uma intenção comunicativa, isto é, pretender que alguém saiba que se tem
30 uma intenção informativa, é possuir uma metarrepresentação de terceira ordem.
Atribuir uma intenção comunicativa a alguém é, portanto, possuir uma
metarrepresentação de quarta ordem.
Ela quer
que eu saiba
35 que ela pretende
fazer-me acreditar
que está na hora de ir.

40 A postura defensiva perante a novidade é natural, pois há que antecipar


a possibilidade de contato inconveniente. Simultaneamente, queremos que
37
novos eventos sejam conforme o que foi memorizado e nos produz
estranheza quando não é assim.

Há uma “expectativa” que não é um construto: estamos aparelhados e


5 condicionados pela natureza (genética, instintos, essas coisas) para notar
constâncias, normalidades, padrões e intuir que 'a dinâmica' acontecida se
repetirá.
Há “expectativa” que é construto:
- Positiva: esperamos que 'coisas' aconteçam assim como pensamos ser
10 'o normal' e, para isso, buscamos normalidades, padrões, constâncias, para
estarmos informados daquilo que se repete;
- Negativa: a 'expectativa' de que algumas coisas se deem fora do
normal: quando essas coisas nos são desagradáveis e queremos que elas
aconteçam de forma diferente.
15 A “expectativa” joga papel importante na atenção, no desejo, na
intenção, na vontade, mas nunca soube de alguém que a tratasse com
categoria: não senhor!

Expectativa: Atitude da mente, Antecipação com confiança de


20 comprimento, Crença sobre o futuro,

Consequências da expectativa: Acreditar, Aguardamento, Antecipação,


Anseio, Ansiedade, Atenção, Confiança, Considerar algo, Contar com algo ou
com alguém, Credibilidade, Crença, Demanda, Demora, Desejo, Escala de
25 tempo na que se mostram os eventos, Esforço, Esperança de realizar o
conseguir algo, Esperar, Expectação, Fé, Futuro e depois, Hipótese, Imagem
mental do futuro, Indício, Intenção, Obrigatório, Paciência, Pensamento,
Pensar no futuro, Perspectiva, Poder, Possibilidade, Praticabilidade, Prever,
Probabilidade, Reação à aparência, Sensação de que algo está a ponto de
30 suceder, Sonho, Tardança, Tendência a pensar algo, Tempo de espera,
Tocaia,

A razão e a memória são ferramentas desenvolvidas em ambiente


evolutivo e, para entendê-las, é necessário entender porque elas são
35 vantajosas. Para tanto, tenha-se em conta que:
- Ao tomar contato com algo, a primeira expectativa é, através do
resgate dalguma memória pertinente, a informação de se aquilo é
nocivo ou favorável e, apenas depois, do que é.
- Quando se assiste a um evento ele é memorizado, ou partes dele,
40 porque é possível que essas informações sejam úteis, adiante.

38
- Não sempre se reconhece ao que se vê, mas na maior parte das
vezes se reconhece “algo nele” que fornece indicativos da
necessidade de se resguardar, ou não.
Afirmo que a prioridade para a razão não é a de conhecer ao mundo,
5 mas a de resguardar o ente racional.
A filosofia só pode surgir em liberdade das tarefas de sobrevivência: só
uma razão liberta da necessidade pode abstrair.

O ‘reiterado’, a ‘regularidade’, o ‘padrão’, o ‘universal’: ‘algo’ observado


10 em ambientes, metodicamente memorizado para a oportuna evocação.
Adiante, os “entre aspas” são universais:
- “Caninos” e “garras” podem ser observados em mais de um “animal”;
- Um “globo” pendurado numa “árvore” será “fruta”; se dentro de um
“animal”, “víscera”; se num “ninho”, “ovo”;
15 - É mais provável que esteja “maduro” o que é “amarelo” que o que o
que é “verde”;
- “Maduro” parece “perto da decomposição” e “perto da morte”;
- “Perto” demanda atenção prioritária sobre “longe”.

20 Quando se diz “o planeta Terra”, ou “o universo”, não se diz o mesmo


que ao dizer “o mundo”, ainda que, algumas vezes, um vá pelo outro.
Quando se diz “o mundo” se diz algo abreviado de “o mundo conforme meu
sistema de crenças”, ou “o mundo conforme a minha comunidade o assume”.
A confiança que temos em nossas memórias mostra isso. A extensão de
25 nosso sistema de crenças é o mundo. Quando se diz “o planeta Terra” a Lua
não está incluída, mas em “o mundo” ela está. Quando se diz “o universo”,
sem mais, a cultura não está incluída, mas em “o mundo” ela está. Quando
se diz “o universo” buscando significar tudo o que existe, físico ou não, se
está usando este termo como “o mundo”.
30
O quê acontece na relação com alguns problemas que faz com que eles
só possam ser tratados conscientemente, enquanto outros permitem que se
os trate de forma subconsciente?
Essa impossibilidade se dá com problemas linguísticos em contrapartida
35 dos não-linguísticos?
Abstrato – material?
Simbólico – material?

39
É estável o que não varia na ausência de perturbações, bem como o
que regressa a certa condição após um distúrbio.

O fato de a atividade sonambúlica se dar em fases não REM do sono


5 parece apontar para a “compreensão evolutiva” de ser necessário que o
sistema decisório para o movimento do corpo independa da vontade racional,
o que poderia sinalizar para a necessidade que é poder pular mesmo antes
da certificação de que um estímulo vem de agente perigoso.

10 Na observação atenta se manifesta uma condição – a atenção – que


começa inata, mas que é aperfeiçoada para incrementar detecções, com
melhoria da acuidade simultânea a diminuição do tempo e da energia
consumidos, possibilitando uma reação mais rápida.

15 Diferença categorial: modo de ser.


Diferença contingente: modo de predicar.

Diferentemente dos fatos objetivos, as aparências dependem do


contexto.
20
Num ente racional, um estímulo sensorial desata alguns processos que
resultam em algumas marcas – memórias – que só são possíveis porque ele
existiu, mas assim como no produto de reações mediadas por enzimas não
se pode encontrar sequer 'algo' dessas enzimas, o estímulo não está na
25 memória. Assim como é estranho afirmar que o forno é anterior ao pão onde
ele foi assado (não há traço de forno no pão), na “memória em si” nada há de
anterior a ela, pois aquilo que lhe dá origem lhe é separado.

40

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