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ARLINDO ANASTÁCIO DE CAMPOS

DAVÍ LOPES ALVARENGA


HELOÍSA CÂMARA SANTOS
NATHALIA JUAN RODRIGUES FERNANDES
PALOMA SILVA NEIVA
RODRIGO VIANA SILVANO
TIAGO MEDEIROS RODOVALHO
WESLEY VIEIRA BRANDÃO

SEMINÁRIODE BIOTECNOLOGIA

CÉLULAS-TRONCO

Uberaba
2018
RESUMO

O uso de células tronco tem despertado muito interesse em pesquisadores da área de


medicina. O aumento dessa necessidade cresceu a partir da demanda de transplantes de
órgãos, que cresce a cada dia, e do fato de a disponibilidade de órgãos não crescer na
mesma velocidade. Outro fator importante é que nem todos os órgãos podem ser
transplantados, e com isso fica a necessidade de cura de muitas doenças. Neste cenário,
as células-tronco tem um espaço promissor para diversas demandas, inclusive a cura de
doenças medicina regenerativa, que consiste em reparar ou substituir tecidos que sofreram
lesões ou degeneração por doenças e acidentes. As células-tronco proporcionam a
restauração de tecidos e traz a possibilidade de recriação dos mesmos através de células
do próprio paciente, facilitando na adaptação do organismo. Existem três tipos de células-
tronco: Totipotentes ou embrionárias que são as primeiras células do ser vivo que iniciam
a divisão celular e podem originar qualquer célula de um organismo (zigoto); Pluripotente
que são originadas da divisão celular das Totipotentes e tem a capacidade de se
transformar na maioria das células, com exceção das células embrionárias tendo como
exemplo a massa interna do blastocisto; e as Multipotentes que tem capacidade mais
restrita, sendo capazes de gerar apenas células de mesma linhagem e o exemplo mais
representativo são as células-tronco do adulto. Há diversas pesquisas relacionadas à área,
mas as pesquisas com células-tronco são direcionadas principalmente para tratamento de
doenças, testes de medicamentos e terapias que consistem em trocar as células doentes
por células saudáveis. Com isso cada tipo célula-tronco pode ser utilizado em mais de um
tipo de tratamento. A obtenção de células-tronco pode ser feita através de coleta direta de
um embrião, placenta ou cordão umbilical, através de coleta em órgãos específicos no
próprio indivíduo, e ainda através da clonagem terapêutica que consiste na substituição
do núcleo de um óvulo por uma célula somática, e ao invés de ser implantada no útero,
permanece no laboratório para que haja a divisão destas células e, posteriormente, possam
ser utilizadas para composição de diferentes tecidos. Dentre os desafios para a utilização
de células tronco estão: os problemas éticos envolvidos na utilização de células
embrionárias; as barreiras legais que cercam os procedimentos de pesquisa com estas
células; a dificuldade de controle no cultivo das células-tronco, uma vez que existe a
possibilidade de se diferenciarem durante o cultivo; a dificuldade no controle de implante
de células-tronco para garantir que fixem e proliferem apenas no local desejado e para
que não ocorra divisão descontrolado de células não diferenciadas levando a geração de
tumores. Mesmo diante do quadro desafiador, as terapias com células-tronco têm sido
consideradas a vanguarda para diversos tratamentos, especialmente de doenças
autoimunes e neurodegenerativas.

Palavras-chave: Células-tronco; Células-tronco embrionárias; Células-tronco


pluripotentes induzidas.
1. INTRODUÇÃO

As células-tronco são células com capacidade de auto renovação e de se


diferenciarem em outros tipos de células. São encontradas em quase toda parte do corpo
humano desde o zigoto até na pele. Existem diferentes tipos de célula-tronco, cada um
com sua particularidade: algumas dão origem apenas à alguns tipos de células e outras
geram qualquer tipo de célula.
O uso das células-tronco tem despertado cada vez mais interesse em estudiosos e
na medicina atual. Isso advém da necessidade de transplantar órgãos e de curar doenças.
Sabe-se que a necessidade de transplante de órgãos cresce demasiadamente e que a
disponibilidade de doadores não atende à demanda. Outro fato preocupante é que alguns
órgãos não podem ser transplantados e fica a necessidade de cura de doenças (EITELVEN
et al, 2017).
Diante deste cenário de necessidade da medicina em curar doenças, as células-
tronco tem espaço promissor para diversas aplicações, inclusive de cura. A medicina
regenerativa baseia-se em reparar ou substituir tecidos que sofreram lesões ou
degeneração por doenças ou acidentes. As células-tronco proporcionam a restauração de
tecidos e traz a possibilidade de recriação dos mesmos através de células do próprio
paciente, facilitando na adaptação do organismo.
O presente trabalho tem por objeto apresentar um breve estudo sobre as definições
e tipos de células-tronco existentes, bem como suas aplicações no âmbito da medicina, e
ainda, apresentar os avanços alcançados nesta área mostrando o quão promissora este
ramo da biotecnológica pode ser.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Células-Tronco

As células-tronco são as primeiras células de um ser vivo, ocorrendo na fase


embrionária, com a característica de serem indiferenciadas, podendo se transformar em
qualquer outra célula. Diferente da maioria das outras células do corpo, estas conseguem
se reproduzir através de divisão celular, originando diversas outras células idênticas. Com
o desenvolvimento do organismo, estas células vão se diferenciando e agrupando,
formando órgãos e estabelecendo funções específicas. Ao longo da vida, estas células
promovem a manutenção e reparação dos tecidos do organismo (NARDI, 2007).
As células-tronco podem ser classificadas quanto à plasticidade, ou capacidade de
diferenciação em três tipos:
 Totipotentes ou embrionárias: São células capazes de gerar todos os tipos
celulares embrionários e extraembrionários, como o zigoto e blastômero;
 Pluripotentes: Têm capacidade de gerar todas as células do embrião
(propriamente dito) e são provenientes da massa interna do Blastocisto;
 Multipotentes: Originam apenas um subgrupo de linhagens celulares, como as
neurais por exemplo; (SCHWINDT, 2005).
Por não ter nenhuma (ou pouca) especificidade, estas células podem ser
manipuladas para desenvolver quaisquer funções, podendo ser utilizadas na regeneração
de tecidos em caso de doenças.

2.2 Células-tronco embrionárias

As células-tronco embrionárias são aquelas provenientes de embriões, também


chamadas de totipotentes. Estas células tem a capacidade de dar origem a qualquer tipo
de organismo e, até mesmo um indivíduo completo (EITELVEN et al, 2017).
Entre os anos de 2005 a 2008 o Brasil começou seus estudos com estas células.
O Instituto de Biociências da USP em parceria com o Programa de Oncobiologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizaram pesquisas com células-tronco
embrionárias humanas, oriundas de laboratórios norte-americanos, com o intuito de
estudar os aspectos básicos da morfofisiológica. Os estudos permitiram verificar a
formação de estruturas tridimensionais esféricas denominadas corpos embrióides, que são
agregados de células diferenciadas que simulam o desenvolvimento de embriões Porém
foi após a validação da Lei de Biossegurança do Brasil, em março de 2015, que os estudos
se tornaram mais intensos onde obtiveram a primeira linhagem de células-tronco
embrionárias, denominada BR-1 (CARLO et al., 2009).
Este foi um avanço importante para o desenvolvimento de novas pesquisas
brasileiras, uma vez que o Brasil se tornou independente da importação de culturas de
células-tronco embrionárias. Há diferentes pesquisas visando à aplicação das células-
tronco, desde tratamento de doenças como também na multiplicação destas células.
Destacam-se os tratamentos na área da cardiologia, neurologia, na substituição de tecidos
e enfermidades do sistema hematológico.
Um estudo realizado pelo professor Nelson Hossne, da Escola Paulista de
Medicina/UNIFESP, indica que o tratamento com as células-tronco oriundas da medula
óssea pode melhorar q qualidade de vida de pacientes que sofreram problemas cardíacos,
diminuindo sintomas de cansaço, dores e limitações físicas (CRYOPRAXIS, 2015).
Outra vertente a ser estudada é a utilização das células-tronco na geração de
células beta pancreáticas produtoras de insulina no tratamento de diabetes, que pode
impedir a destruição das células e auxiliar no tratamento desta doença, substituindo o
transplante de pâncreas (BATISTA, 2017).
Ainda assim, os desafios continuam, pois, mesmo sabendo do amplo potencial
das células-tronco embrionárias, os pesquisadores ainda não conseguem assegurar a
produção de tecidos das células-tronco in vivo havendo o risco de desenvolvimento de
cânceres (Eitelven, et al, 2017). E, o melhor caminho para seguir com as pesquisas está
na pesquisa in vitro para fornecer o conhecimento e a segurança para o caminho da cultura
in vivo (CARLO et al., 2009).
Outro impasse que gera discussões é quanto à ética e religiosidade. Muito ainda
se discute sobre o momento em que a vida começa, pois, muitas culturas acreditam que a
vida começa a partir da fecundação do óvulo.

2.3 Células-tronco somáticas

São também conhecidas como células-tronco adultas. Elas estão presentes em


todos os tecidos adultos e são células não diferenciadas com poder de auto renovação,
reparação e manutenção de todos os tecidos do organismo (CARLO et al., 2009).
No passado acreditava-se que estas células possuíam o potencial apenas de
diferenciação aos tecidos aos quais elas foram retiradas. Porém, pesquisas realizadas com
animais já demonstram que as células-tronco somáticas conseguem originar tecidos
diferentes de sua formação embrionária (EITELVEN et al, 2017). No Brasil, diversos
estudos são realizados no uso terapêutico em diferentes doenças como as autoimunes,
trauma de medula espinhal e na cardiologia. A cardiologia tem sido uma área bastante
explorada no Brasil que, inclusive, já possui resultados iniciais de melhora significativa
em pacientes com tratamento terapêutico do uso das células-tronco adultas (CARLO et
al., 2009).
Dentro das células-tronco adultas é importante destacar as duas linhagens:
 Células-tronco Hematopoiéticas: segundo o Centro de Criogenia Brasil, estas
células são responsáveis pela manutenção da produção dos diversos tipos de
células sanguíneas, hemácias, linfócitos, megacariócitos (de onde se originam
as plaquetas). Sua maior utilização está no tratamento de leucemias e anemias
falciforme;
 Célula-Tronco Mesenquimal: o Centro de Criogenia Brasil afirma que estas
células são encontradas em pequenas quantidades nos tecidos e são
responsáveis originalmente pelo suporte a produção de células do sangue. E,
são capazes de se transformar primordialmente em osso, gordura, tendão,
cartilagem e músculo. São muito utilizadas na terapia para restaurações de
medula óssea.
Mas, mesmo estas pesquisas sendo promissoras e sugerindo vantagens no uso
destas células, ainda deve-se levar em consideração estudos mais aprofundados antes do
uso em seres humanos, uma vez que são necessários estudos clínicos para verificar a
influência destas células sobre a biologia complexa do ser humano.

2.4 Células-tronco pluripotentes induzidas

São células-tronco adultas modificadas e reprogramadas com o intuito de


ampliar o potencial de diferenciação (OKAMOTO & YARAK, 2010). Estas células
modificadas permitem gerar exemplares similares às células embrionárias (CARLO et
al., 2009).
As células somáticas são reprogramadas por meio da transdução retroviral onde
são introduzidos fatores transcripicionais que são expressos em células tronco
embrionárias (CARLO et al., 2009). A partir daí ocorre à ativação e produção de genes,
o que gera células com morfologia e funcionalidades semelhantes às células-tronco
embrionárias.
Para o Brasil este avanço biotecnológico foi de grande importância, pois,
proporciona obter exemplares similares às células tronco embrionárias diretamente de
pacientes, sem a necessidade de embriões (CARLO et al., 2009). Porém, ainda é cedo
para o uso em seres humanos, como estas células tem similaridade com as células-tronco
embrionárias, carregam os mesmos problemas de risco da produção de tumores e, ainda,
por sua modificação ser feita através de um vírus.
2.5 Aplicação

A pesquisa com as células-tronco é direcionada para o tratamento de doenças,


teste de medicamentos e terapias que melhorem os tratamentos e consiste em trocar
células doentes por células saudáveis e cada tipo célula-tronco precisa ser observada, pois
pode ser utilizada mais de um tipo em um tratamento (IPTC, 2013).
Para obtenção células-tronco pode-se utilizar a clonagem terapêutica, que
consiste na substituição do núcleo de um óvulo por uma célula somática, que ao invés de
ser implantada no útero, permanece no laboratório para que haja a divisão destas células,
e posteriormente podem ser utilizadas para fabricação de diferentes tecidos, ou coletar as
células no próprio organismo. As fontes de células-tronco são:
 Indivíduos adultos: Apesar de serem encontradas em menores quantidades, as
células-tronco podem ser encontradas em vários tecidos, como sangue, medula
óssea, cordão umbilical, fígado, entre outros. Porém, estas podem ter uma
limitação na transformação de tecidos, pois não se sabe em quais elas podem
diferenciar-se;
 Cordão umbilical e placenta: Com uma grande quantidade de células-tronco, é
uma boa fonte de células, além de não envolver tantas questões éticas. Os
problemas encontrados são a compatibilidade entre doador e receptor a
capacidade de diferenciação destas células;
 Células embrionárias: As células encontradas no embrião são totipotentes ou
pluripotentes, que tem grande capacidade de diferenciação. Esta técnica de
obtenção de células-tronco encontra obstáculos pois consiste em utilizar
embriões descartados de clínicas de fertilização, o que esbarra nas questões
éticas, encontrando dificuldade na aceitação pela população (ZATZ, 2004).

Existem ainda vários os estudos visando o crescimento de células-tronco


utilizando laser de baixa intensidade (LBI). Em um estudo publicado por Barboza et al.
(2014), chamado verificou-se que as células-tronco mesenquimais derivadas da medula
óssea e tecido ósseo tiveram uma aceleração em seu crescimento quando foi aplicado
laser de baixa intensidade. O LBI estimula o desenvolvimento de diversos tipos de
células, porém vários fatores podem interferir na observação desse fenômeno e os
fotorreceptores são sensíveis à foto estimulação, podendo sofrer inibição do metabolismo
e morte celular (BARBOZA et al., 2014).
Há diferentes pesquisas visando à aplicação das células-tronco, desde tratamento
de doenças como também na multiplicação destas células. Destacam-se os tratamentos na
área da cardiologia, neurologia, na substituição de tecidos e enfermidades do sistema
hematológico.
Um estudo realizado pelo professor Nelson Hossne, da Escola Paulista de
Medicina/UNIFESP, indica que o tratamento com as células-tronco oriundas da medula
óssea pode melhorar a qualidade de vida de pacientes que sofreram problemas cardíacos,
diminuindo sintomas de cansaço, dores e limitações físicas (CRYOPRAXIS, 2015).
Outra vertente a ser estudada é a utilização das células-tronco na geração de
células beta pancreáticas produtoras de insulina no tratamento de diabetes, que pode
impedir a destruição das células e auxiliar no tratamento desta doença, substituindo o
transplante de pâncreas (BATISTA, 2017).

3. CONCLUSÃO

As células-tronco são células com capacidade de auto replicação e diferenciação


em diversos tipos de células do organismo. Estão presentes desde o embrião até
organismos adultos, sendo classificadas em diferentes grupos, dependendo de sua
capacidade de diferenciação. Diversos estudos têm sido conduzidos para avaliação da
aplicação deste tipo de células, sendo a maioria deles voltados para tratamentos de
doenças, especialmente autoimunes e neurodegenerativas, representando em muitos casos
uma possibilidade de cura até então inexistente. Para isso, diversos investimentos, têm
sido feitos em pesquisas para obtenção, cultivo e utilização de células-tronco,
demonstrando, em muitos casos, a eficiência desta nova possiblidade terapêutica e
abrindo caminho para resultados até então inimagináveis, como a recuperação (ainda que
parcial) de paraplégicos, alívio de sintomas de doenças crônicas e até cura de doenças
autoimunes. Contudo, a utilização deste tipo de alternativa terapêutica enfrenta desafios,
como a dificuldade de controle do cultivo e do implante destas células, a possibilidade de
geração de tumores pelo crescimento desordenado de células indiferenciadas (após
implante no organismo) e ainda barreiras éticas, especialmente voltadas a células-tronco
embrionárias.
REFERÊNCIAS

BARBOZA, Carlos Augusto Galvão. et al. Laser de baixa intensidade induz à


proliferação in vitro. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/eins/v12n1/pt_1679-4508-eins-12-1-0075.pdf> Acesso em:
31 de maio de 2018.

BATISTA, Júlia Meira. O uso de células tronco para o tratamento de diabetes


mellitus tipo 1. Centro Universitário De Formiga-Unifor. Formiga, 2017

CRYOPRAXIS. Células-Tronco podem ajudar no tratamento de doenças


cardíacas. Disponível em: <http://cryopraxis.com.br/celulas-tronco-podem-ajudar-no-
tratamento-de-doencas-cardiacas> Acesso em: 04 de junho 2018.
EITELVEN, Tatiane et al.. Aplicações Biológicas de Células-tronco: Benefícios e
Restrições. Revista Interdisciplinar de Ciência Aplicada. v. 2, n. 3 mai. 2017. ISSN
2525-3824.
IPTC - Instituto de Pesquisa com Células-tronco. Células-Tronco. Disponível em:
<http://celulastroncors.org.br/celulas-tronco-2/> Acesso em: 03 de junho 2018.
NARDI, Nance Beyer. Células-tronco: fatos, ficção e futuro. Departamento de
genética, UFRGS, 2007. Disponível em < http://www.cellvet.com.br/2.pdf> Acesso em:
04 de junho de 2018.
OKAMOTO, Oswaldo Keith; YARAK, Samira. Células-tronco derivadas de tecido
adiposo humano: desafios atuais e perspectivas clínicas. Anais Brasileiros de
Dermatologia, 2010.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n5/v85n05a08.pdf> Acesso em: 02
de junho de 2018.

SCHWINDT, T. T et al. Proliferar ou diferenciar? Perspectivas de destino das


células-tronco. Jornal Brasileiro de Neurocirugia, 2005. Disponível em <
http://docente.ifsc.edu.br/rosane.aquino/MaterialDidatico/CulturaCelulas/celulas_tronco
_revisao.pdf> Acesso em: 03/06/18.

ZATZ, Mayana. Clonagem e células-tronco. Cienc. Cult., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp.
23-27.

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