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Texto narrativo Duração
Leitura e Educação Literária 30 min.
Num texto narrativo, o narrador conta uma história, a ação, que se localiza num
determinado tempo e num determinado espaço, e na qual intervêm personagens. ALGUMAS
CARACTERÍSTICAS
O Gladíolo
Ora um dia, naquele jardim, nasceu um gladíolo ainda mais mundano do que Narrador:
todos os outros gladíolos. aquele que
Quando começou a abrir a sua primeira flor, estava o jardineiro a colher gladíolos. conta ou narra
a história; pode
– Vamos para uma festa – disseram os gladíolos colhidos, que estavam em mo- ser participante
5 lho dentro de um cesto. (1.a pessoa) ou
– Que inveja! – disse o Gladíolo. não participante
Em seguida, enquanto o jardineiro se ia embora com o cesto cheio de gladíolos (3.a pessoa).
cortados, o Gladíolo olhou para si próprio e pensou: Neste texto,
o narrador é
– Sou um bonito gladíolo!
não participante.
10 Depois, olhou para as outras plantas e disse:
Ação:
– Bom dia, minhas caras amigas.
desenrolar dos
– Bom dia, bom dia – responderam as flores e as plantas. acontecimentos.
– Os gladíolos – disse a Glicínia – estão à moda. Estão sempre a ser colhidos.
Tempo: quando
Ainda são mais colhidos do que as rosas e os cravos. Nós nunca somos colhidas, decorre a ação.
15 porque somos muito difíceis de pôr numa jarra.
Espaço: onde
O Gladíolo, a partir desse momento, compreendeu que havia duas espécies de
decorre a ação.
flores: as que são colhidas e as que não são colhidas. E pensou:
Personagens:
– Que sorte eu ser um gladíolo! Que sorte eu estar à moda, que sorte eu ir ser
intervenientes
colhido! na ação; podem
20 Mas daí a dias o Gladíolo teve um desgosto: a dona da casa veio de manhã ao ser principais,
jardim e disse ao jardineiro, que estava a podar o buxo: secundárias
– Não quero que colhas mais gladíolos este ano. Estou farta de gladíolos. ou figurantes.
Em todas as festas onde vou só há gladíolos.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Rapaz de Bronze, 22.a ed.,
Porto, Porto Editora, 2014, pp. 15-16 (texto com supressões)
1. Classifica as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as afirmações falsas.
a. Quando o Gladíolo começou a florescer, o jardineiro estava a trabalhar.
b. O Gladíolo invejou os outros gladíolos, porque estes tinham sido colhidos.
c. O Gladíolo é uma flor muito modesta.
d. Os gladíolos estão na moda, porque são difíceis de colocar em jarras.
e. Segundo o Gladíolo, há dois tipos de flores: as que são colhidas e as que não são.
f. O Gladíolo sofreu quando ouviu a dona da casa a dizer que estava farta de gladíolos.
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esparvoada: apalermada; idiota.
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Feijões
Gosto muito de comer massa com feijão, mas o que mais detesto fazer no verão
é andar a apanhar feijões. Anda a gente todo o dia ali metido entre os milharais,
altos que eu sei lá, a depenicar para uma cesta as vagens secas. E sempre com
muito cuidado para que os feijões não saltem para a terra, e as canas de milho não
5 partam. E o Sol, lá no alto, a aquecer-nos o corpo, a encher-nos a pele de suor.
Hoje foi um desses dias detestáveis. Andei toda a tarde com minha mãe e os
meus irmãos Fernanda e Zé a fazer esse trabalho. O mais pequeno, o Vítor, esse
esteve dentro de uma cesta pendurada no ramo de um dos muitos castanheiros
que há à beira do campo. Castanheiros que dão um mar de sombra, ou então, pelo
10 outono, só se veem castanhas pelo chão.
A minha mãe tem medo de que andem cobras no campo e entrem na cesta.
Porque essas bichas que detesto, não sei explicar por que razão, costumam pôr-se
a apanhar sol, com aqueles olhos que nunca mexem. Por isso a mãe põe o bebé
pendurado no ramo dum castanheiro. Ai, quem me dera lá estar a balouçar-me
15 devagarinho o tempo que quisesse!
Os campos que trabalhamos não nos pertencem. O pai tomou-os de renda ao
senhor Porfírio. Mas, bem vistas as coisas, é praticamente a mãe que trata da la-
voura.
António Mota, O rapaz de Louredo, 10.a ed., Porto, Edições ASA, 2015, pp. 23-24
a. b.
Narrador c. d. e.
2. Ordena as seguintes informações de acordo com a sequência pela qual surgem no texto.
A. Descrição dos hábitos das cobras.
B. Constatação de que os campos são arrendados.
C. Lamento do narrador em relação à apanha dos feijões.
D. Desejo do narrador de se balouçar no cesto como o irmão mais novo.
E. Receio da mãe do narrador em relação a cobras.
3. O narrador do texto confessa que detesta cobras, mas não sabe explicar porquê.
3.1. Concordas com ele? Indica dois motivos que sustentem a tua opinião.
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1. Escreve um texto narrativo sobre as aventuras vividas por uma personagem que luta para
concretizar um sonho, tendo em conta a planificação dada. O teu texto deverá ter entre
140 e 200 palavras e incluir diálogo e um momento de descrição.
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