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PROGRAMA DE LEITURA

COLETÂNEA PRODUZIDA POR:

Carlos André Bogéa Pereira


Cláudia de Jesus Abreu Feitoza
Juliana Bacan Zani
Luzia Bueno
Milena Moretto
Thiago Hayakawa

2015
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PROGRAMA DE LEITURA

COLETÂNEA 1:

DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA

2015

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PROGRAMA DE LEITURA

Texto 1

Belo Horizonte, 29 dezembro de 2006.

Cidadania & Ética


O que é ser cidadão

Desenvolvido por Luiz Roberto Bendia, editor do Jornal dos Amigos.

O que é cidadania
Segundo o Aurélio, cidadão é aquele indivíduo no gozo dos direitos civis e
políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. Habitante da
cidade. Indivíduo, homem, sujeito.
Do ponto de vista da filosofia, o objetivo deste trabalho é alcançarmos algo
muito além da mera descrição do Aurélio. No nosso entendimento ser cidadão é ser
chamado às responsabilidades para lutar pela defesa da vida com qualidade e do bem-
estar geral.

O que é ética
Segundo o dicionário Aurélio, "é o estudo dos juízos de apreciação referentes à
conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto".
O Aurélio qualifica Ética diferente de Moral, que é o conjunto de regras de
conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou

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lugar, quer para grupo ou pessoa determinada. Pode ser ainda o conjunto das nossas
faculdades morais; brio, vergonha, que tem bons costumes. E de uma outra forma,
relativo ao domínio espiritual (em oposição a físico ou material).
A palavra Ética tem sua origem na palavra grega Ethos, que significa o lugar
onde o animal se esconde. Morada, morada espiritual, por conseguinte, uma referência.
Sua evolução passou para o sentido de referência de valor, caráter.
Já a palavra Moral vem de origem latina: Mos, mores, significando costumes.
Alguns pensadores já definem ética e moral com o mesmo sentido.
Definido então o que é ser cidadão, ser ético e ter moral, vamos fazer
abordagens de conduta da sociedade para que você se autoavalie. A nossa intenção é
fazer você pensar, com ajuda da filosofia, e interagir no seu ambiente de trabalho, com
os seus amigos e em sua casa, para que o mundo seja melhor.

A vida cotidiana e a arte


As pichações
Vamos então iniciar por um assunto que incomoda a sociedade: as pichações.
Essa mesma sociedade que critica, tem o direito de ficar indignada, mas fica inerte, sem
nenhuma ação para mudar o quadro.
Vós sabeis que, nas cidades grandes, é raro um muro onde não há pichações. O
efeito estético às vezes é terrível e devassador, sem contar que a propriedade alheia é
invadida. Se o proprietário repinta, prejuízo na certa, o muro no dia seguinte está
pichado. Pior ainda se pintar de branco, pois rapidamente será batizado.
Mas existe uma outra forma de ver o mesmo fato. Vamos a um caso prático.

Geraldo e André estudam à noite juntos em um colégio no bairro do Padre


Eustáquio, em Belo Horizonte-MG. Ambos trabalham. Geraldo numa loja de
calçados e André em uma gráfica. Os dois são líderes de uma turma e sempre que
podem, após as aulas, vão fazer um servicinho nas altas horas da noite. Equipados
com algumas latas de tinta spray, vão loucos para encontrar um muro branquinho,
onde possam fazer uma bela pichação. No começo a coisa começou de brincadeira:
"Era gostoso sentir aquele medo de ser pego enquanto nós expressávamos o
que queríamos", disse um deles.

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PROGRAMA DE LEITURA

Rua Rio Pomba c/ Rua Progresso, no bairro do


Padre Eustáquio, Belo Horizonte- MG. Aqui
estamos diante de dois atos de agressão ao
patrimônio: um, dos pichadores e outro, do
dentista oferecendo seus serviços. Ambos não
pediram autorização para suas comunicações

Mas com o tempo a brincadeira foi ficando mais séria. As pichações ficaram
cada vez mais elaboradas, com desenhos complexos e coloridos. Quando terminavam,
ficavam admirando a obra...
Também, em momento algum, imaginavam que nada mais estavam fazendo do
que expressar um dos sentimentos mais humanos: o gosto pela beleza e a vontade de
criá-la com as próprias mãos.

Extraído de: http://www.jornaldosamigos.com.br/cidadania_etica.htm. Acesso: em 15


de jun. 2015

Texto 2

Cidadania Então

Banda Enigmas
Compositor: Luciano Rodrigues

Às vezes finjo não saber, para aprender de novo


Se acaso não conhecer, limitado é o poder da busca
Preciso buscar o entendimento, preciso exercer a cidadania
Quero ir a escola todos os dias, quero aprender
Quero concordar ou discordar, cumprir meu dever

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PROGRAMA DE LEITURA
Quero acreditar na legislação, sem ter que rasgar a constituição
De dentro do meu coração

Quero trabalhar, me alimentar, quero andar, sentir-me seguro


Quero morar, quero contribuir para uma nova sociedade
Entendida, ilimitada, determinada

Quero assumir minha posição, não vou discutir religião


Sem demagogia, sou cristão
Quero cantar o hino nacional, pedir a Deus pela nação
Buscar o auge, sobretudo então, ser cidadão, ser cristão
Ser um cristão cidadão, ser cidadão, cidadão.

Extraído de: http://www.vagalume.com.br/banda-enigmas/cidadania-entao.html.Acesso: em 15


de jun. 2015

Texto 3

Extraído de: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br. Acesso: em 15 de jun. 2015

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PROGRAMA DE LEITURA

Texto 4

ADVOGADA E PROMOTOR DIVERGEM DE OPINIÕES SOBRE


REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Por: Luis Antonio Hangai

O tema da maioridade penal divide opiniões na sociedade e, em especial, no


meio jurídico. Nas entrevistas abaixo, a advogada e presidente da Comissão de Defesa
da Criança e do Adolescente da OAB-SC, Reti Jane Popelier, e o promotor criminal
Giovani Tramontin, do Ministério Público de SC, divergem sobre o tema. Uma acredita
que o Estado já negligencia os direitos dos adolescentes, enquanto o outro acredita que
quanto mais cedo forem presos, menos chances eles têm de cometerem crimes mais
graves.

Entrevista com Reti Jane Popelier

Quais os motivos para manter a maioridade penal como está?


A juventude que hoje pode ser afetada pela redução da maioridade penal é uma
juventude filha e fruto de uma sociedade que criou uma infância abandonada. Moços e
moças que se envolvem em delitos são, antes de tudo, as maiores vítimas de um Estado
que abandonou essa infância. Não temos escolas de qualidade nesse país e apoio às
famílias mais carentes. Essa população, com raríssimas exceções, vai se aproximar
muito do ambiente da delinquência. O próprio Estado produz uma juventude com
tendência a delinquir. Aí este Estado mascarado vem através de um projeto politiqueiro,
com propósito de alavancar candidaturas de alguns medíocres. Outro motivo: não temos
dados seguros sobre a participação destes jovens em crimes. Se nós não temos dados
que nos oriente a respeito da proposta, com que ousadia nós estamos fazendo isso? O
que se precisa é de uma estrutura da qual o jovem saia sem vontade de delinquir.

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PROGRAMA DE LEITURA

Você acha que as penitenciárias têm condições de receber jovens menores de 18


anos?
Nós já temos uma das maiores populações carcerárias do mundo. Nós vamos
colocar ali um número a mais de jovens para conviver com um ambiente totalmente
falido. Há hoje propostas de privatização dos presídios e isso é uma fonte de renda,
então tem que ter clientela para isso. Trata-se de uma proposta que não vai alterar em
nada os índices de criminalidade que nós temos nas grandes cidades e apoiando
interesses escusos em fonte de enriquecimento de um ou outro grupo econômico. Se
nosso sistema carcerário, cuja lei que rege é a de execução penal, que é uma lei muito
boa e que até hoje não foi implementada, nós só vamos acrescentar gente a um sistema
falido que devolve à população pessoas com tendência a retornar à criminalidade. O que
deveríamos estar exigindo é que nossos governantes dessem condições para as escolas
acolherem as crianças em tempo integral e ofereçam pra elas educação de qualidade.

Mas jovens menores de 18 não possuem consciência do crime que estão


cometendo?
Com certeza, mas o adolescente que comete esse crime já tem uma lei que o
pune, que está contido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Já há previsão
na legislação que a partir de 12 anos até quase 18 ele responde por crimes cometidos.
Conforme o crime, ele seria preso pela polícia em uma unidade socioeducativa. Este
adolescente acaba sendo confundido como um criminoso que é tratado de um jeito
diferenciado. Não é isso. Ele vai pra um presídio infanto-juvenil. Eles não ficam
impunes.

E quanto ao aliciamento de menores por criminosos adultos?


Mas aí estaríamos somente oferecendo para os criminosos adultos uma parcela
mais jovem, de 16 para baixo. Daí vai aparecer um político inexpressivo que vai reeditar
a proposta para reduzir a maioridade penal par 14 anos, e assim por diante. Enquanto
isso nossas escolas estão apodrecendo. E não estamos botando prefeito, governador e
presidente por não estarem cumprindo o que a Constituição manda, que é dar educação
de qualidade à criança e ao adolescente. Antes eles pensam em construir ponte que liga

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nada a nada, ou recapagem de rodovias e não se perguntam se alguma das nossas
crianças está fora das escolas ou das creches ou na marginalidade.

Entrevista com Giovani Tramontin, promotor criminal do Ministério Público de


Santa Catarina

Quais motivos para reduzir a maioridade penal?


Aos 16 anos mais ou menos o pai perde o controle do adolescente. E aí ele
simplesmente fica refém do crime. Tem um caso bárbaro de estupro recente que o
adolescente tinha 70 atos infracionais. O problema é a impunidade. Não é o tamanho da
pena que demove o criminoso de cometer crime, o que faz com que isso aconteça é a
certeza da punidade. Porque se você arromba um carro e sabe que vai ser pego, você
não vai cometer o delito. O problema aí vira uma bola de neve. O adolescente começa
com um pequeno crime, de desacato, de pequeno furto, e vai acumulando crimes no seu
meio social. Em São José, por exemplo, tem um menino que tinha oito (penas) de
tráfico e três de assalto e nunca tinha sido internado. Imagina um adolescente nessa
condição? Aí quando for preso, ele só vai entender os rigores da lei quando se tornou
um grande vagabundo.

As penitenciárias já estão com déficit. Acredita que é a melhor solução colocar


adolescentes lá?
Não tem lugar pra botar adolescente também. O Estado deveria construir mais
cadeia e locais de internação de jovens. Não tem lugar em nenhum dos lados. Os dois
sistemas estão estrangulados. Não é qualquer adolescente que vai se corromper nesses
lugares, pois pra ele ir pra lá já tem que estar corrompido. Agora, o Estado detendo ele
precocemente, ele vai perceber que existe lei e ordem. Até os 14 os pais ainda têm um
certo domínio sobre os adolescentes, mas aos 16 ele começa a perder vínculos
familiares, desrespeitar os pais e o crime o arregimenta de tal forma que ele não
consegue mais sair. Aí tirá-lo deste contexto de narcotráfico, mesmo que seja
colocando-o numa prisão, é importante pra ele. Às vezes é benéfico pra ele sair desta
situação. Daqui a pouco a polícia começa a matá-los, sobretudo casos que possuem alto
número de atos infracionais, jovens soltos e rindo da cara da polícia.

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Você acha que as punições socioeducativas já existentes dão conta?


Elas são absolutamente ineficazes. O artigo 122 do ECA diz que em caso de
reincidência em crimes graves, o adolescente tem que ser internado. Mas hoje crime
grave é uma coisa muito subjetiva. Quando não há violência não há internação, aí o
adolescente começa a traficar, furtar. Daqui a pouco está com arma. A delinquência vai
crescendo e aos 16 anos está roubando e matando a mão armada. Então é normal que
eles assumam crimes cometidos por maiores, por que a pena máxima é só de três anos,
isso se chegar a ser internado. E esse internamento é reavaliado dentro de seis meses,
quando ele pode acabar sendo solto pelo juiz. Independente da idade, se o sujeito é
perigoso, ele precisa ser retirado da sociedade. E quanto mais cedo ele entenda a
repressão do Estado, é mais provável que ele não decida voltar à delinquência.

Diminuir a maioridade penal não seria uma forma de revanchismo?


Não é revanchismo porque hoje nós promotores, que em tese acusam os
adolescentes, somos os maiores defensores daqueles (inclusive maiores) que quando o
crime não se justifica, que sejam soltos. Hoje todos os instrumentos de liberdade são
aplicados pelo promotor. O que nós precisamos é estar conscientes é que existem
pessoas de 16 ou 17 anos que são criminosos muito piores do que muitos presos. Temos
que aplicar a razoabilidade. Os dois princípios da execução penal precisam ser
cumpridos, que são dois: a retribuição do mal causado ao criminoso e a ressocialização.
Então vamos aprimorar o sistema de execução penal, que não pode ser um depósito de
preso. A função do Estado também é ressocializá-los, inclusive adultos.

Extraído de: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br. Acesso: em 15 de jun. 2015

Texto 5

TENHO VERGONHA DE SER JUIZ

João Batista Damasceno

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PROGRAMA DE LEITURA

Tenho vergonha de dizer que sou juiz. E não preciso dizê-lo. No fórum, o lugar
que ocupo diz quem eu sou; fora dele seria exploração de prestígio. Tenho vergonha de
dizer que sou juiz, porque não o sou. Apenas ocupo um cargo com este nome e busco
desempenhar responsavelmente suas
atribuições.
Tenho vergonha de dizer que sou
juiz, pois podem me perguntar sobre bolso
nas togas.
Tenho vergonha de dizer que sou
juiz e demonstrar minha incompetência
em melhorar o mundo no qual vivo, apesar de sempre ter batalhado pela justiça, de ter-
me cercado de gente séria e de ter primado pela ética.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz e ter que confessar minha incompetência
na luta pela democracia e ter que testemunhar a derrocada dos valores republicanos, a
ascensão do carreirismo e do patrimonialismo que confunde o público com o privado e
se apropria do que deveria ser comum.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz e ter que responder porque — apesar de
ter sempre lutado pela liberdade — o fascismo bate à nossa porta, desdenha do Direito,
da cidadania e da justiça e encarcera e mata livremente.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, porque posso ser lembrado da ausência de
sensatez nos julgamentos, da negligência com os direitos dos excluídos, na demasiada
preocupação com os auxílios moradia, transporte, alimentação, aperfeiçoamento e
educação, em prejuízo dos valores que poderiam reforçar os laços sociais.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz porque posso ser confrontado com a
indiferença com os que clamam por justiça, com a falta de racionalidade que deveria
orientar os julgamentos e com a vingança mesquinha e rasteira de quem usurpa a toga
que veste sem merecimento.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz porque posso ser lembrado da passividade
diante da injustiça, das desculpas para os descasos cotidianos, da falta de humanidade
para reconhecer os erros que se cometem em nome da justiça e de todos os “floreios”,
sinônimos e figuras de linguagem para justificar atos abomináveis.

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PROGRAMA DE LEITURA
Tenho vergonha de dizer que sou juiz porque faço parte de um Poder do Estado
que nem sempre reconheço como aquele que trilha pelos caminhos que idealizei quando
iniciei o estudo do Direito.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, porque tenho vergonha por ser fraco, por
não conhecer os caminhos pelos quais poderia andar com meus companheiros para
construir uma justiça substancial e não apenas formal.
Tenho vergonha de dizer que sou juiz, mas não perco a garra, não abandono
minhas ilusões e nem me dobro ao cansaço. Não me aparto da justiça que se encontra no
horizonte, ainda que ela se distancie de mim a cada passo que dou em sua direção,
porque eu a amo e vibro ao vê-la em cada despertar dos meus concidadãos para a labuta
diária e porque o caminhar em direção a ela é que me põe em movimento.
Acredito na humanidade e na sua capacidade de se reinventar, assim como na
transitoriedade do triunfo da injustiça. Apesar de testemunhar o triunfo das nulidades,
de ver prosperar a mediocridade, de ver crescer a iniquidade e de agigantaram-se os
poderes nas mãos dos inescrupulosos, não desanimo da virtude, não rio da honra e não
tenho vergonha de ser honesto.
Tenho vergonha de ser juiz em razão das minhas fraquezas diante da grandeza
dos que atravancam o caminho da justiça que eu gostaria de ver plena. Mas, eles
passarão!

João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política e juiz de Direito do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro. Membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD).

Extraído de: http://www.ariquemesonline.com.br/noticia.asp?cod=295813&codDep=33. Acesso: em 15


de jun. 2015.

Texto 6

Responsabilidade social corporativa como ação política


Mario Aquino Alves*

A cultura empresarial brasileira é profundamente marcada pela aversão à


política, entendida no seu sentido mais restrito, qual seja, das negociações partidárias,

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PROGRAMA DE LEITURA
dos conchavos e acordos com parlamentares e membros do executivo. Aproximar-se,
portanto, da política, significaria entrar nos campos tortuosos do clientelismo e
do patrimonialismo que são potencialmente a porta de entrada para malfeitos e
atividades criminosas. Assim, o estereótipo do envolvimento de empresas e política é
o lobby e a corrupção.
Todavia, a política deve ser entendida de forma mais ampla. A atuação política
também diz respeito a todas as ações que afetam o público. Essa atuação pode ou não
estar vinculada a um governo e pode ou não ser realizada por ele. Assim, a criação de
normas profissionais, a certificação ambiental de empresas, a formação de uma
associação de moradores, os protestos, os boicotes, a compra de um produto eticamente
responsável, a negociação interna de um executivo para que seu projeto relacionado
a stakeholders seja aprovado, e tantas outras práticas, também podem ser consideradas
atividades políticas. Assim, a política é realizada também pela sociedade civil e pelas
empresas.
Uma das formas de ação política das empresas está na atuação por meio da
Responsabilidade Social Corporativa (RSC), quer seja diretamente pelas empresas, ou
indiretamente, por meio de seus institutos ou fundações. As mudanças estruturais e
tecnológicas dos últimos trinta anos expandiram o escopo e o ambiente de atuação das
empresas. Neste novo contexto global, as empresas, atualmente, possuem um papel
político e social que vai muito além dos requisitos legais mínimos.
O crescente envolvimento de empresas em inúmeras áreas de interesse público
se justifica por pressões de natureza coercitiva ou econômica. Por um lado, muitos dos
incentivos para a atuação social das empresas são resultado das pressões de
consumidores conscientes, de investidores responsáveis, de acionistas movidos por
novos imperativos morais, das ameaças de ONGs e movimentos sociais, que
compreendem os potenciais riscos que podem infligir para a reputação da empresas. Por
outro lado, há incentivos às atividades de responsabilidade social que vêm do próprio
mercado. Agir de forma responsável se tornou um nicho de mercado que pode ser
atraente para algumas empresas, mas não para todas.
Por meio de ações de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), por exemplo,
as empresas vão muito além de apenas cumprir as expectativas da sociedade,
envolvendo-se diretamente em ações de regulação e na produção de bens públicos. Isso
significa que está surgindo um novo conceito de Responsabilidade Social Corporativa

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PROGRAMA DE LEITURA
(RSC), que transcende àquelas ações assistencialistas ou de caráter publicitário, capaz
de agregar estes novos papéis assumidos pelas empresas. Este um conceito político que
transcende uma visão econômica, para a qual as ações de Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) são puramente voltadas à criação de valor para as empresas, ou seja,
que as empresas só assumirão atividades de responsabilidade social se estas
maximizarem o valor da empresa no longo prazo.
É, portanto, a partir deste conceito político de Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) que se deve entender o seu papel no processo de fortalecimento da
esfera cívica brasileira.
Em que pese o processo de democratização já entrar na sua terceira década,
podemos afirmar que a sociedade civil brasileira é um espaço ainda em formação. O
início dos anos 1990 trouxe um grande paradoxo: simultaneamente ao processo de
democratização das instituições, com uma nova constituição que instituía a participação
e a descentralização de políticas públicas, o Brasil vivia uma crise econômica sem
precedentes, elevando ainda mais as distâncias entre pobres e ricos. Neste período de
aumento das demandas sociais, prevaleceu a hegemonia de um discurso neoliberal, que
pedia uma redução do tamanho e das atividades do Estado, proclamando o “império do
mercado”. Diante deste fato, programas estatais de caráter social, que já funcionavam
precariamente, podiam desaparecer. Esgotados os limites, com uma demanda social
enorme e vivendo uma crise de ruptura de paradigmas, os movimentos sociais e as
ONGs passaram a abrir o diálogo e até mesmo estabelecer parcerias com o governo (nos
três níveis da federação), com empresas e até mesmo com as tradicionais associações de
ajuda mútua e assistência.
Porém, nos últimos anos, o declínio da cooperação internacional, a dificuldade
de operação com os contratos governamentais, a “criminalização dos movimentos
sociais” e a longa tradição de baixo associativismo e cultura cívica no Brasil marcou a
necessidade de novos impulsos para o desenvolvimento de uma forte sociedade civil,
sobretudo no âmbito do engajamento cívico e do desenvolvimento local.
Em 2010, existiam 290 mil organizações sem fins lucrativos no Brasil, de acordo
com a FASFIL 2010 (IBGE, 2012). Destas, 42.463 organizações estão envolvidas com
a defesa de direitos, sendo que 33.172 associações de moradores ou de desenvolvimento
comunitário. A imensa maioria destas organizações tem extrema dificuldade para
sobreviver, mostrando uma fragilidade local no desenvolvimento da sociedade civil.

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PROGRAMA DE LEITURA
Entre 2012 e 2013, o Centro de Estudos em Administração Pública e Governo
(CEAPG) da FGV-EAESP, com o apoio da Aliança D3, desenvolveu um estudo sobre
a Arquitetura Institucional de Apoio às Organizações da Sociedade Civil no Brasil, que
não apenas apontava estas dificuldades de sobrevivência, mas também, as
possibilidades para o fortalecimento da sociedade civil. Dentre estas possibilidades,
ressalta que o setor privado, em especial as grandes empresas e seus braços
de investimento social privado pode aportar recursos para organizações da sociedade
civil. Mas, aqui também há problemas.
O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), que congrega uma
centena dos mais importantes investidores privados do Brasil, mostrou que estes
mesmos investidores aportaram 2 bilhões de reais em investimento social privado em
2011(GIFE, 2013). No entanto, deve-se considerar que estes recursos foram
majoritariamente destinados a projetos próprios e, deste montante, somente uma
parcela bem pequena foi destinado às organizações de engajamento cívico, como
aquelas de defesa de direitos e de desenvolvimento comunitário.
Tendo como meta o desenvolvimento de engajamento cívico, as empresas
podem dar uma contribuição significativa em dois campos de atuação, quais sejam: a
formação e capacitação de lideranças comunitárias e o desenvolvimento da capacidade
institucional das organizações de desenvolvimento comunitário.
A formação e capacitação de lideranças é fundamental para que a sociedade
civil e suas organizações ganhem maior credibilidade junto à sociedade local. Tornar
as organizações mais eficientes não significa que elas possam perder o seu ideal de
luta. Em vez disso, significa que os seus líderes possam conduzir com maior plenitude
suas organizações para os programas de transformação das pessoas e da
sociedade. Significa menor preocupação com os problemas internos de gestão e uma
maior atenção para a atividade cívica.
Não é uma tarefa fácil, pois os valores e a cultura das organizações devem
ser preservados, ao mesmo tempo que deve haver melhoria de gestão. A combinação
destes dois objetivos é o grande desafio de articulação entre a sociedade civil e as ações
de Responsabilidade Social Corporativa.

*Mario Aquino Alves - Administrador Público e professor do Departamento de Gestão Pública


da EAESP-FGV.

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PROGRAMA DE LEITURA
Texto disponível em: http://politica.estadao.com.br/blogs/gestao-politica-e-sociedade/responsabilidade-
social-corporativa-como-acao-politica/. Acesso em 08 jun. 2015

Texto 7

Responsabilidade social e direito pro bono

Advogados doam trabalho, tempo e esforço pessoal para ajudar entidades e transformar realidades

Texto: Luciana Juhas

A prática da responsabilidade social é o momento em que corporações decidem,


voluntariamente, contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e de um
ambiente mais limpo. O objetivo é equilibrar os impactos de suas operações e ampliá-lo
com foco nos três pilares: pessoas, planeta e lucro - ou os 3Ps em inglês: people, planet
e profit.
Nos anos 1970, com a criação dos relatórios corporativos, as grandes fortunas do
capitalismo começaram a ser cobradas por responsabilidade social e foram os pioneiros
em contabilidade social, prática adotada mundialmente. Após o fim da repressão
política e do regime militar, o Brasil teve um boom de organizações civis. Mas foi a
partir dos anos 1990 que a responsabilidade social desenvolveu-se como uma
preocupação do setor empresarial.
Essa foi a fase em que os escritórios jurídicos brasileiros deixaram de ser
pequenos negócios passados de pais para filhos, com funcionamento artesanal, e
viraram estruturas com gestão empresarial. Com um alto número de funcionários,
justamente para atender ao crescimento econômico nacional, modelar os negócios,
pautar as relações de consumo e até mesmo criar as novas relações, como as inúmeras
questões da web, as fusões, os crimes empresariais, entre outros, eles também
começaram a agir no seu entorno em ações e projetos de responsabilidade social.
"Há onze anos, numa palestra para um grupo de estudantes, Roberto Quiroga foi
questionado sobre o trabalho dos grandes escritórios em relação à evolução do direito
em nosso País. E, a partir desse fato, ele nos propôs um desafio que aceitei de imediato:

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PROGRAMA DE LEITURA
pensar num projeto que pudesse fazer algo pela sociedade e pelo acesso à Justiça", conta
Flávia Oliveira, sócia do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados.
"Mas ainda não faz parte de nossa cultura. O assunto vem ganhando importância
e relevância. É crescente o número de escritórios que praticam, mas ainda é muito
incipiente. A responsabilidade socioambiental em países ditos mais desenvolvidos é
muito mais tradicional e presente do que no Brasil, notadamente em países como
Alemanha, Canadá e países nórdicos, mas nos EUA também é muito forte.
No escritório em que trabalhei nos EUA, o Sullivan& Cromwell, por exemplo,
desde os anos 1990 já estimulava muito, investia fortemente nessa prática que era um
item importante na avaliação dos profissionais, sem contar que os próprios estudantes e
advogados exigem esse tipo de comprometimento da firma e utilizam as melhores
práticas e parâmetros para aceitar ofertas", conta Leonardo Barem Leite, advogado
especialista em Fusões e Aquisições.
Por anos ele foi sócio de um grande escritório brasileiro onde implantou ações
de responsabilidade social e as continuou mesmo depois de partir para novos desafios.
Ainda incipiente, mas crescente, percebe-se que os escritórios que praticam a
responsabilidade social fazem enorme diferença àqueles que apoiam. E são de extrema
importância para a capacidade de atendimento e apoio social das ações no universo que
estão inseridas. Os escritórios maiores estão mais organizados.
Para Marcelo Salomão, sócio do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia,
essa é uma questão relativamente recente, mas ele vê que as bancas estão se
estruturando para ações de responsabilidade social. "Vários escritórios já realizam a
advocacia pro bono para entidades assistenciais, mas nosso objetivo é demonstrar que é
possível fazer mais do que o auxílio jurídico em si", reforça Salomão. A prática da
responsabilidade social nos escritórios Mattos Filho e Brasil Salomão chama a atenção
pela organização e pelas inúmeras ações realizadas e em curso.

Estruturas de responsabilidade social dentro dos escritórios


O Brasil Salomão montou o Núcleo de Responsabilidade Social Brasil Salomão
com ações sociais, ambientais e culturais que promove a cultura no setor pelo
envolvimento de seus advogados e funcionários. "Com essa estruturação conseguimos
planejar e sistematizar as ações, gerando um impacto mais forte para as entidades e
grupos que auxiliamos”.

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PROGRAMA DE LEITURA

O escritório Martins Chamon e Franco e Costa e Waisberg


Advogados atua na Sobrapar desde 2003

“Antes da criação do Núcleo, as ações já estavam enraizadas no escritório, por


exemplo, na sede, em Ribeirão Preto, conservamos a área verde próxima à matriz,
auxiliamos financeiramente a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e o Teatro Pedro II,
e auxiliamos instituições filantrópicas, como a Casa das Mangueiras e o Projeto Bom de
Nota, Bom de Bola", conta Marcelo Salomão.
Hoje eles atendem a muitos projetos, a Casaavida, o projeto Safrater em São
Paulo, e promovem as campanhas internas de doação de sangue, campanha do agasalho,
visitas a asilos, ações nas datas comemorativas, jardinagem mensal. Desde 2007, o
escritório só usa papel reciclado, coleta e doa 2,5 toneladas de materiais reciclados por
mês, como plásticos, vidros e papéis e tem momentos que, além de as ações reunirem os
profissionais do escritório, estão também abertas a toda nossa comunidade. "Recebemos
recicláveis da comunidade, e o escritório é um ponto de coleta de baterias e celulares
também”.
“Enviamos cartas aos moradores da região de Ribeirão Preto informando-os que
eles podem entregar as pilhas aqui", relata, entusiasmado, Marcelo Salomão. Em forte
processo de expansão geográfica, o escritório possui inúmeros projetos, inclusive com a
USP de Ribeirão Preto, com o governo do estado, com hospitais e com o próprio Poder
Judiciário, pelo projeto Moradia Legal de Ribeirão Preto. O Brasil Salomão figura nos
rankings das revistas Exame, da Você S/A e da Época entre as melhores empresas do
Brasil para trabalhar.

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PROGRAMA DE LEITURA
Destaque no Núcleo de Responsabilidade Social do Brasil Salomão, o advogado
João Marcelo Aguiar diz: "Realizamos, com efetiva participação da equipe, inúmeras
atividades durante todo o ano, o que fortifica os nossos laços de amizade.
Particularmente, entendo que poder participar das ações realizadas pelo Núcleo é um
privilégio propiciado aos membros da equipe, pois nos colocam em contato direto com
aqueles que mais necessitam de auxílio. E exercemos cidadania em sua forma mais
pura, com a doação de nosso tempo e conhecimento e temos, a cada dia, mais certeza de
que aprendemos muito mais do que ensinamos, ao conhecermos lições de vida e
superação que levamos por toda nossa vida". Em geral, os projetos nascem pelos
anseios pessoais de um sócio e contamina a todos.
Flavia Oliveira, do Mattos Filho, conta que, após dez anos de programa, o
escritório já atendeu mais de 40 organizações e doou mais de R$ 5 milhões em serviços
jurídicos. Só no ano passado, foram doadas mais de 3.000 mil horas pro bono de sócios,
advogados e paralegais.
"Além do nosso programa pro bono, mantemos no Mattos Filho um programa
permanente denominado MF Sustentável. Esse programa é dividido em duas vertentes:
uma social (MF Solidário) e uma ambiental (Econsciente). O MF Sustentável
é gerenciado por um grupo interdisciplinar composto de sócios, advogados,
funcionários administrativos e estagiários.
Esse programa tem como missão "integrar os valores da Solidariedade e da
Responsabilidade Social à cultura do escritório para que seus colaboradores possam agir
como embaixadores dessa causa. Pelo MF Solidário apoiamos o Centro Social São José
desde 1999 (entidade sem fins lucrativos que atende cerca de 350 crianças entre 0 e 14
anos, localizada na região sul da cidade de São Paulo) com a realização de festas para as
crianças ao longo do ano, campanhas de arrecadação de livros e agasalhos; idealizamos
o projeto MF Cidadão (série de palestras e orientações jurídicas direcionadas aos pais
das crianças atendidas pelo Centro Social São José que visa a ampliar o atendimento ao
Centro com ações que promovam a cidadania e o acesso aos direitos fundamentais).
Ao longo desses anos, conseguimos perceber o fortalecimento da instituição e na
forma como lidam com as questões de gestão. Já pelo Econsciente foram
implementadas ações para conscientizar e sensibilizar nosso público interno para a
importância da preservação ambiental. Já implementamos os programas de redução de
resíduos, reciclagem de lâmpadas e computadores, coleta seletiva, redução de consumo

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PROGRAMA DE LEITURA
de copos plásticos e garrafas pets", explica a sócia do Mattos Filho. O escritório está
apoiando a vinda do Grameen Bank, primeiro banco do mundo especializado em
microcrédito, criado pelo prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, para o Brasil.

Vanguarda e Instituto Pro Bono


"Muito ainda precisa ser feito, mas os escritórios de advocacia já começaram a
ter consciência de que precisam ter uma postura mais ativa sobre o papel que precisam
desempenhar. Vejo que nossos colaboradores são mais envolvidos, que têm orgulho de
trabalhar num escritório que tem um compromisso social. Além disso, nossos clientes
compartilham da postura vanguardista adotada pelo escritório em relação a sua atuação
socialmente responsável, o que, consequentemente, aumenta nosso potencial
competitivo", finaliza Flavia Oliveira.
Fundado há dez anos, o Instituto Pro Bono relata que em São Paulo a iniciativa
foi muito bem recebida, mas que ainda há resistência em outros estados, onde não existe
apoio das OABs para essa prática. "Aqui somamos mais de 550 advogados individuais e
33 escritórios. Pessoas não podem receber o apoio da advocacia Pro Bono, somente
ONGs carentes. Hoje são mais de 600 entidades beneficiadas. Somos uma interface.
Recebemos a entidade e analisamos o seu problema jurídico, em outras palavras,
tentamos entender a demanda. Depois solicitamos o balanço para ver se ela é realmente
carente e não pode constituir um advogado. Após isso nós enviamos o caso para os
voluntários e eles resolvem se pegam ou não a demanda. Nos EUA, esse sistema é
conhecido como clearinghouse", afirma Marcos Fuchs, diretor do Instituto Pro Bono.
"Juro, no exercício das funções de meu grau, acreditar no Direito como a melhor
forma para a convivência humana, fazendo da justiça o meio de combater a violência e
de socorrer os que dela precisarem, servindo a todo ser humano, sem distinção de classe
social ou poder aquisitivo, buscando a paz como resultado final. E, acima de tudo, juro
defender a liberdade, pois sem ela não há Direito que sobreviva, justiça que se fortaleça
e nem paz que se concretize." Apesar do juramento que todos os graduados em Direito
fazem, no ato da formatura, a justiça brasileira ainda é um obstáculo para boa parte da
população. Seja pela burocracia, pelas custas, pela falta de entendimento ou até mesmo
pela descrença na balança da justiça equilibrada, o fato é que milhões de brasileiros não
têm acesso aos seus direitos.

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PROGRAMA DE LEITURA
Ao lembrar seu juramento, Luiz Girotto, sócio fundador do Velloza, Girotto e
Lindenbojm Advogados Associados, explica que promover essa aproximação das leis
com a população mais carente é uma das principais atividades da banca, vista de fato
como um dever de todos. "Temos cerca de 1.100 clientes empresariais e dividimos
nossa atuação diária com as ações beneficentes”.

O Instituto Pro Bono atua há dez anos, somando mais de 550 advogados e
33 escritórios

“A mesma equipe que atende os grandes bancos, por exemplo, responde


legalmente pela principal associação sem fins lucrativos voltada aos deficientes visuais,
a Laramara. Temos diferentes casos, que vão desde reconhecimento de paternidade, até
concessão de medicamentos gratuitos. Em alguns, a causa está ligada ao Direito
Empresarial, como reconhecimento de propriedade intelectual, mas a maioria é
relacionada ao Direito Civil e de Família", conclui.
Para Patrícia Peck Pinheiro, sócia fundadora do Patrícia Peck Pinheiro
Advogados, para que a internet deixe de ser encarada como uma terra sem lei e para o
número de golpes online diminuir, é necessária a orientação contínua, principalmente de
públicos que são considerados alvos mais frágeis ou facilmente manipuláveis, como
crianças, adolescentes e idosos. "Criamos o Movimento Criança Mais Segura na
Internet justamente para levar orientação aos públicos que normalmente não se
envolvem com o tema com facilidade, às vezes por não achar que possa ser interessante
e, em outros casos, pela dificuldade no acesso às informações", avalia. De acordo com
Patrícia Peck, o projeto sem fins lucrativos leva informações de maneira didática e leva
ao público alvo por meio de palestras, cartilhas desenvolvidas com base em histórias em

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PROGRAMA DE LEITURA
quadrinhos, pequenos filmes animados exibidos nas sessões de cinema e palestras
gratuitas realizadas em escolas de todo o Brasil.
Somente em 2010, cerca de 20 mil crianças, adolescentes e professores foram
impactadas com as palestras e distribuição de cartilhas. Além disso, cerca de 120
escolas já estão cadastradas no movimento, cerca de 40 escolas foram beneficiadas com
palestras gratuitas e outras 80 estão agendando visita dos profissionais e 700 pessoas já
se cadastraram como voluntários para ministrar palestras. "Nossa iniciativa vem sendo
super bem-recebida pela sociedade em geral”.
Temos feedback de escolas e mesmo de alunos que participaram das palestras
comentando sobre mudanças no comportamento após nossas visitas. É gratificante ver
também que nosso site está fazendo sucesso no exterior. Registramos acessos
provenientes de Portugal, México, Espanha, EUA, Chile, Japão, Suíça, Argentina, entre
outros", afirma.
O escritório Martins Chamon e Franco e Costa e Waisberg Advogados,
mobilizado pela motivação de um sócio diante da necessidade de uma pessoa carente
em realizar uma cirurgia facial, iniciou um sério trabalho de responsabilidade social
com foco na saúde.
"A primeira ação de Responsabilidade Social aconteceu em 2003 quando
conhecemos a Sobrapar, que realizou a cirurgia. Em 2004, passamos a ajudar o Lar da
Benção Divina e, em 2006, começamos o trabalho no Hospital Albert Einstein,
especificamente no Projeto de Planejamento Familiar que conta com o apoio e
dedicação não somente dos sócios e funcionários engajados, mas também de algumas
esposas que se mobilizaram a participar ativamente do projeto", afirma Ana Lucia
Martins, sócia administradora do Martins Chamon e Franco e Costa, Waisberg e
Tavares Paes Sociedade de Advogados.
A missão da Sobrapar - Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência em
Reabilitação Craniofacial - além da correção estética, funcional e emocional, é de
prover uma oportunidade e um ambiente especial de trabalho, onde as pessoas com
deformidades faciais e dificuldades especiais adquiram experiência de trabalho,
confiança e autoestima para poderem enfrentar dignamente o competitivo mercado de
trabalho. (Colaborou Luciana Teles)

Texto disponível em: http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/61/


artigo219172-2.asp . Acesso em 08 jun. 2015.

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PROGRAMA DE LEITURA

TEXTO 8

Texto disponível em: http://dridalcinevcv2.blogspot.com.br/2013/05/modulo-3-convivencia-


democratica.html. Acesso em 25 maio 2015

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