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RESUMO
Os temas transversais foram inseridos na grade curricular nacional visando o atendimento e
entendimento das temáticas sociais atuais, as quais norteiam a construção da cidadania e da
democracia. No momento da escolha das temáticas os critérios elegidos para definir os mesmos
foram, a urgência social, a abrangência nacional, a possibilidade de ensino e aprendizagem no
ensino fundamental e favorecer a compreensão da realidade e a participação social, com isso
espera-se que a apropriação dos conteúdos por parte dos alunos reflita-se em seu comportamento
positivo na comunidade. O tema transversal saúde na educação tem uma amplitude textual imensa
à disposição do educador, juntos professores e profissionais de saúde trabalhando de forma
intersetorial integram o programa saúde nas escolas (PSE) uma das ferramentas utilizadas na
manutenção da saúde dos discentes, o educador participante das ações deste programa pode
programar os conteúdos do tema transversal saúde reforçando as áreas circunscritas pelo trabalho
dos profissionais de saúde e ou ampliando o assunto nas lacunas do PSE, estimulando a
comunidade estudantil no debate produtivo do tema. O ambiente escolar é propício para evolução
e desenvolvimento do programa saúde nas escolas, a apropriação dos conhecimentos sanitários e
de todos os saberes cientificamente comprovados pela área de saúde, adaptados à realidade da
escola, transformam o ambiente escolar em centro irradiador destes conhecimentos, o
envolvimento de toda comunidade nesta empreitada pela busca da qualidade de vida faz da escola
uma promotora de saúde.
Palavras – chave: Temas transversais. Programa saúde na escola. Escolas promotoras de saúde.
1 INTRODUÇÃO
Os temas transversais foram incluídos nos parâmetros curriculares nacionais, por não
pertencerem a nenhuma disciplina especifica, a proposta do MEC é que os temas sejam
disseminados na comunidade escolar fortalecendo a consciência cidadã, os debates destes temas
devem aguçar a inteligência e a experiência vivida por cada elemento formador da comunidade
escolar, a consolidação dos conhecimentos adquiridos na escola será transmutada no espaço
geográfico em ações que desenvolvam produtos e serviços, atitudes e pensamentos.
O sistema único de saúde no Brasil é idealizado para que todo cidadão possa acessar o
sistema de forma integral, universal e gratuita, assim os trabalhadores contribuem para a
manutenção do mesmo através de desconto em folha de pagamento, algumas pessoas referem-se ao
SUS como o plano de saúde do trabalhador, mas ele está disponível a todas as classes sociais do
país, assim percebemos que a saúde é uma preocupação do Estado e ele não negligencia nenhum de
seus integrantes, os alunos, por exemplo, desde sua tenra idade são atendidos pelo SUS e não
contribuem para o sistema, seus pais contribuintes ou não, além de serem atendidos também, recebe
do Estado este auxílio na manutenção da vida dos seus filhos. O acesso aos serviços atualmente é
maior na recuperação da saúde, porém existem programas de promoção e proteção da saúde, dentre
estes programas existe o PSE, o programa saúde na escola é uma ferramenta do SUS que através de
ações dentro a comunidade escolar colhe informações e conscientiza os alunos desde hábitos de
higiene até boas praticas de alimentação.
2 TEMAS TRANSVERSAIS
Os temas transversais são parte dos parâmetros curriculares nacionais (PCN), oriundos do
plano nacional de educação (PNE) no ano de 1999, a proposta é incrementar os planos de ensino
com assuntos atuais complementando os conteúdos educacionais tradicionais, os docentes precisam
resgatar os valores e disseminá-los na comunidade escolar, conforme Subirats (2000, p. 201):
“[...], até agora, os discursos sobre valores ocupam um espaço relativamente marginal entre
as [SIC] preparação dos professores: o predomínio dos currículos tradicionais e a própria
preocupação dos professores, focalizada mais nos conteúdos do que nos valores e nas
exigências derivadas da função de seleção, tornam muito difícil a introdução de outro tipo
de metas que representem uma mudança de 180° em relação à orientação educativa dos
últimos 50 anos.
Á medida que crescem estarão prontos para iniciar o convívio em sociedade e o próximo
grupo de convivência será a escola onde seu juízo de valores evolui, Barbosa 2007, p. 51, relata esta
condição:
Não é apenas na escola que construímos nosso juízo de valor, durante toda a vida,
formamos tais esquemas que nos regem e fazem com que sejamos mais ou menos humanos,
mais ou menos justos, mais ou menos preocupados com a coletividade. A escola,
certamente, faz parte desse processo; durante nossa estada nesse meio, aprendemos também
a julgar, a criticar, a avaliar e, assim, ampliamos o nosso sistema de valores. Como temos
historias diferentes e construímos nosso sistema de valores a partir de experiências
particulares, não podemos esperar que todos tenham os mesmos pensamentos, julguem da
mesma forma, ajam do mesmo modo. Por isso, precisamos conhecer varias posições e
pontos de vistas para nos identificarmos com um ou com outro, para questionarmos o
nosso, tendo em vista outras posições e avançaremos em nossa forma de abordar a realidade
ou para que fortaleçamos nossa posição. Uma das praticas que nos ajudam a atingir tal
objetivo na escola é, com certeza, a utilização de abordagens diferentes na discussão dos
temas transversais polêmicos.
A constituição brasileira, em seu artigo 205°, estabelece que “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”, o dever da família pode ser entendido como a reprodução da
educação familiar herdada de seus ancestrais para a nova geração, o Estado por sua vez tem o dever
de proporcionar um ambiente favorável para esta condição, conforme artigo 5° do mesmo
documento, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade[...]”, assim assegurado os direitos do individuo pelo Estado
o exercício da cidadania será consequência desse mutualismo. O papel do educador neste contexto é
incitar o educando a confrontar seus valores com os demais estudantes e desenvolver seu juízo de
valores, o aluno apropria-se do conteúdo exposto em sala de aula e aprimora seu conhecimento de
sociedade e cidadania, o educador tem a sua disposição uma série de artifícios didáticos para
instigar os alunos, uma destes é o questionamento, conforme Barbosa (2007, p.18):
Certamente, a pergunta inquieta quando quem a ouve tem o desejo de buscar uma resposta
para ela. Já o discurso escolhido por alguém, trazido como uma certeza, não mobiliza a
busca por ser algo pronto, que não precisa mais da participação de alguém para se
completar. A pergunta abre possibilidades de buscar; a certeza fecha tais possibilidades. No
entanto, ao ensinar, historicamente, preocupou-se em lidar mais com certezas do que com
as perguntas. Já para aprender é necessário lidar mais com as perguntas do que com as
certezas. As perguntas nos mobilizam; são os nossos questionamentos que nos levam a
levantar hipóteses e a querer testá-las. Para sermos bons professores, é necessário nos
especializarmos na arte de perguntar. Se o professor fizer a pergunta certa a seus alunos, é
possível que os ajude a se interessarem por determinados estudos.
O ensino tradicional trabalha com a ciência, os tratados científicos são respostas de
questionamentos anteriores, os quais decifrados oferecem pouca ou nenhuma hipótese de novas
contestações e consequentemente mudanças, os temas transversais estão à margem das afirmações
permitindo discussão; Barbosa (2007, p. 28) resume: “O trabalho com os temas transversais pode
ser um dos recursos pedagógicos que possuímos para contribuir com a tão esperada mudança”.
O programa saúde nas escolas foi instituído pelo Decreto N° 6.286 de 05 de Dezembro de
2007, os artigos 1º e 2° define:
II - articular as ações do Sistema Único de Saúde - SUS às ações das redes de educação
básica pública, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos
estudantes e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos
disponíveis;
VII - fortalecer a participação comunitária nas políticas de educação básica e saúde, nos três
níveis de governo.
Conforme Bancher (2004, p.23) a promoção da saúde “[...] está representada por ações que
visam promover a saúde e o bem estar geral, isto é, não há necessariamente uma doença especifica
para a qual se dirijam as ações.”, a promoção de saúde eleva a qualidade de vida da população e
pode ser confundida com prevenção de acordo com Tesser et al. (2011, p.6) “Houve menções
genéricas associando promoção com melhora da qualidade de vida, mas as práticas e os exemplos
de ações de promoção mencionados tendiam fortemente para a prevenção de doenças e de riscos
específicos.”, segundo os autores as condições gerais da comunidade são impactantes na vida dos
cidadãos, o trânsito, as áreas de lazer, o acesso aos serviços públicos e outras condições de
mobilidade e bem estar estão associadas à promoção da saúde.
O programa saúde nas escolas como elemento preventivo e promocional de saúde é uma
simbiose da área de educação e da saúde, o objetivo é trazer à comunidade escolar os programas de
saúde associados às praticas educativas, de acordo com o Ministério da Educação (2011, p.14) “o
PSE tem como objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de
promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que
comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino.”, em artigo
publicado na revista de políticas publicas Sanare, sobre documentação oficial disponível nos sítios
de saúde e educação, relativa ao programa saúde nas escolas, demonstra que há um grande número
de publicações normativas em relação às publicações educativas, conforme Dias (2014, p.29):
PERIDODICIDADE DA
NÍVEL DE AÇÃO COM OS
LINHA DE AÇÃO/TEMA ESSENCIAL
ENSINO MESMOS
EDUCANDOS
Creche SIM Duas vezes ao ano
PERIDODICIDADE DA
NÍVEL DE
LINHA DE AÇÃO/TEMA ESSENCIAL AÇÃO COM OS
ENSINO
MESMOS EDUCANDOS
Duas vezes ao ano (dois
Ações de segurança Creche ciclos de fortificação de dois
SIM
alimentar e promoção da meses com intervalo de
alimentação saudável quatro meses entre os ciclos)
Todos SIM Contínua
Promoção da cultura de paz EF/EM/
SIM Contínua
e Diretos Humanos EJA
Todos SIM
Creche/ Pré-
Saúde Mental NÃO Grupo Implantado
escola
EF/EM/
NÃO
EJA
Saúde e prevenção nas
COMPONENTE II
Segundo o caderno do gestor do PSE, Brasil (2015, p.7), “A escola como um espaço de
relações é ideal para o desenvolvimento do pensamento crítico e político, à medida que contribui na
construção de valores pessoais, crenças, conceitos e maneiras de conhecer o mundo e interfere
diretamente na produção social da saúde.”, a proposta é discutir o tema saúde no âmbito escolar em
todos os níveis, os alunos, funcionários, professores, diretores, círculos de pais e mestres, enfim
todos envolvidos na comunidade, o caderno do gestor ainda acrescenta:
As equipes de saúde que participam do programa saúde nas escolas realizam suas ações
conforme seu cronograma e há uma orientação para envolvimento dos professores e responsáveis
nesta programação para que tudo seja ajustado no horário escolar e tenha o menor impacto nas
atividades escolares, porém houve casos de impasse entre saúde e educação, de acordo com Brasil
(2007, p.36):
Na maioria dos casos, a escola tem sido lugar de aplicação de medidas de controle e
prevenção de doenças, porque o setor Saúde costuma ver a escola como um lugar onde os
alunos seriam um grupo passivo para a realização de ações de saúde. Os professores
freqüentemente se queixam de que o setor Saúde usa a escola e abusa do tempo disponível
com ações isoladas que poderiam ser mais proveitosas, com um programa mais
participativo e protagonista de ação integral a saúde.”
Escola e comunidade juntas somarão esforços com um único objetivo: melhorar a qualidade
de vida e a saúde de todos, não só das crianças e jovens. A relação entre as escolas e a
comunidade gera um potencial para desenvolver mais ações de promoção de saúde,
primeiramente na própria comunidade da qual fazem parte estendendo-se então, à cidade,
ao estado e ao país.
5 REFERÊNCIAS
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