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ISSN 2182-9535
Resumo: A atividade profissional acarreta riscos diversos e consequências para a saúde ocupacional
das trabalhadoras e dos trabalhadores. As perturbações psicossomáticas do sono são um exemplo
concreto desses efeitos negativos. É sobre esta temática que o artigo se focaliza. Foi realizado um
estudo de revisão sistemática da literatura, conforme a metodologia PRISMA. O intuito foi o de (i)
avaliar se existia literatura científica sobre as perturbações do sono relacionadas com o trabalho; (ii)
clarificar o conceito de perturbações do sono e a sua génese; (iii) avaliar em que medida a população
é afetada por perturbações do sono; (iv) determinar em que medida diferentes grupos profissionais
são afetados por perturbações do sono e a sua relação com o trabalho; (v) e, especificar quais os
fatores laborais que potenciam as perturbações do sono nas/os trabalhadoras/es. Concluiu-se que,
entre outros aspetos, as perturbações do sono afetam cerca de um terço da população mundial e que
a insónia é a perturbação do sono mais reportada. Também se verificou que estas perturbações
decorrem de fatores como, por exemplo, o trabalho por turnos, o stresse derivado dos ritmos intensos
de trabalho e o desgaste emocional decorrente de atividades com forte desgaste/envolvimento
emotivo.
Abstract: The professional activity carries diverse risks and consequences for the workers occupational
health. Psychosomatic sleep disorders are a concrete example of these negative effects. It is on this
theme that the article focuses. A systematic review of the literature was carried out, according to the
PRISMA methodology. The aim was to (i) assess whether there was scientific literature on work-related
sleep disorders; (Ii) clarify the concept of sleep disorders and their genesis; (Iii) assess to what extent
the population is affected by sleep disorders; (Iv) determine to what extent different occupational
groups are affected by sleep disorders and their relation to work; (V), and specify the labor factors that
potentiate the sleep disorders in the workers. It was concluded that, among other aspects, sleep
disorders affect about one-third of the world population and that insomnia is the most reported sleep
disorder. It has also been found that these disorders are due to factors such as shift work, stress
resulting from intense work rhythms and emotional exhaustion resulting from activities with strong
emotional demand.
1. Introdução
emocional. Todavia, tal como refere Lee (2011, citado por Kim et al., 2016), muitas vezes
as perturbações do sono, cefaleias e depressões são assumidas como tendo uma única
origem em características individuais, não sendo considerados problemas que podem
estar relacionados com o trabalho (Kim et al., 2016). Mas, a investigação aplicada tem
vindo a demonstrar o contrário, aliás, Sun-Hee e Jong (2013, citados por Kim et al., 2016),
relativamente às perturbações do sono, indicam que a Classificação Internacional de
Distúrbios do Sono nomeia outro fator, que não as características individuais, como a
principal causa desse problema.
As perturbações do sono têm sob a pessoa diversas repercussões a nível da saúde,
tais como o burnout, a depressão, os transtornos de ansiedade e o suicídio (Sun et al.,
2012). Åkerstedt e colegas (2009, citados por Pereira & Elfering, 2014) defendem que o
sono empobrecido está relacionado com acidentes mortais no trabalho e com
desempenho reduzido. Na mesma linha, Brosschot e Van Der Doef (2006, citados por
Pereira & Elfering, 2014) indicam que as queixas psicossomáticas de saúde têm elevados
custos, considerando as intervenções médicas necessárias, a compensação por baixa
médica e a perda de produtividade.
Estes elementos reforçam a importância de se aprofundar o conhecimento
relativamente a estas problemáticas, no sentido de se puderem avaliar riscos e
implementar intervenções com carácter positivo, tanto a nível da saúde das/os
trabalhadoras/es como a nível da promoção das organizações e dos contextos de
trabalho. Posto isto, o presente artigo considera um estudo de revisão sistemática da
literatura acerca das perturbações do sono relacionadas com o trabalho com o intuito de:
(i) avaliar se existe ou não literatura científica sobre as perturbações do sono relacionadas
com o trabalho; (ii) clarificar o conceito de perturbações do sono e a sua génese; (iii)
avaliar em que medida a população é afetada por perturbações do sono; (iv) determinar
em que medida diferentes grupos profissionais são afetados por perturbações do sono e a
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sua relação com o trabalho; (v) e, especificar quais os fatores laborais que potenciam as
2. Abordagem metodológica
O presente artigo considera um estudo de revisão sistemática da literatura, realizado
conforme a metodologia PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
Meta-Analyses (Liberati et al., 2009). Por forma a identificar os artigos sobre a temática
em estudo, foi concretizada pesquisa nas bases de dados SCOPUS, integrando a 100% a
base de dados MEDLINE e PubMed, de outubro a novembro de 2016. Para a pesquisa foi
Perturbações do Sono Relacionadas com o Trabalho: Revisão Sistemática da Literatura
apenas feito uso de termos em inglês: sleep disturbances, sleep disorders, work-related
sleep problems, work conditions, working conditions, job conditions, job and occupational
conditions.
Para a exclusão dos artigos, foram empregues os seguintes critérios: data de
publicação anterior a 2012, considerando a conclusão da revisão em Janeiro de 2017 e
tendo a pesquisa sido desenvolvida no final de 2016, pretendendo-se filtrar a literatura
publicada nos últimos cinco anos; tipos de documentos que não fossem artigos e artigos
em impressão; língua de publicação que não fosse o inglês; e artigos que não
abordassem, em título, a temática em estudo.
Para a inclusão dos artigos foram empregues os seguintes critérios: estudos
transversais (cross-sectional); estudos longitudinais, neste caso de coorte prospetivo, com
método de colheita de dados por questionário ou entrevista; e estudos cujo o desfecho
fosse a avaliação de saúde em termos de perturbações do sono na população em geral
e/ou na população em idade ativa, nos quais os objetivos incluíssem a prevalência do
desfecho e/ou os fatores associados à presente problemática, com metodologia e
população-alvo claramente descrita.
Após a consulta às bases de dados e a aplicação das estratégias de pesquisa, foram
identificados estudos que apresentavam duplicidade entre as bases. Foram, então,
analisados todos os resumos de artigos resultantes. Nos casos em que a análise do
resumo não foi suficiente para estabelecer se o artigo deveria ser incluído, considerando-
se os critérios de inclusão definidos, o artigo foi lido na íntegra para determinar a sua
elegibilidade. Quando a análise do resumo foi suficiente, os artigos foram selecionados e,
assim, obtida a versão integral para confirmação de elegibilidade e inclusão no estudo.
Na Figura 1, apresenta-se a síntese do processo de seleção dos artigos para a
revisão sistemática da literatura acerca do tema enunciado.
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Estudos excluídos
(n = 8)
Estudos excluídos por duplicata (n = 64)
- Documentos sem resumo disponível (n = 2)
- Parâmetro estudado sem evidência científica
- Amostra não representativa
Triagem
Estudos excluídos por não obtenção - População em fase de vida não ativa laboralmente
Estudos incluídos
na análise (n = 37)
3. Sistematização de resultados
3.1 Perturbações do sono: conceito e características proeminentes
O sono apresenta-se, segundo Graeff e Guimarães (2005, citados por Vargas de
Barros et al., 2013), como um complexo estado neurofisiológico, envolvendo muitos
neurotransmissores, particularmente a serotonina e a noradrenalina, e um estado
eletrofisiológico, sendo responsável pela reposição de energia para as atividades da vida
diária, o equilíbrio metabólico e o desenvolvimento físico e mental (De Martino, 2009,
citado por Sonati et al., 2015). Existem vários quadros de sono perturbado. Do ponto de
vista clínico, segundo a American Psychiatric Association (2000), as perturbações do sono
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insónia e 24% referia que não dormia bem. A insónia é uma anormalidade do sono que
persiste, sendo a mais comum das perturbações do sono. Aliás Kim e colegas (2016),
com base em estudos como os de Yeo et al. (1996), Simon e VonKorff (1997), Kim et al.
(2000), Ohayon e Smirne (2002), Morin et al. (2006) e Ahn (2013), concluem que as
insónias têm uma forte prevalência no mundo contemporâneo, com incidências entre os
10% a 30% nos países ocidentais e entre 15% a 21% nos países asiáticos.
Ohayon e Reynolds (2009), citados por Chazelle, Chastang e Niedhammer, (2016),
defendem que a insónia é uma das perturbações mais prevalente, sendo uma doença
muito comum nos países ocidentais. Esses autores referem que na Europa a prevalência
de pessoas que reportam, no mínimo, um sintoma de insónia foi estimada em 34,5%. Mas
Lee e colegas (2013), tendo por base estudos como os de Ford e Kamerow (1989),
Partinen (1994), Ohayon e Smirne (2002) e Ohayon e Pavia (2005), reforçam que a
prevalência severa de insónia na população adulta pode chegar mesmo a 48%.
As pessoas que estão totalmente privados de sono tendem a recuperar grande parte
da perda do sono profundo na primeira noite a seguir à privação e recuperam o sono fora
de sincronia na segunda noite a seguir à privação de sono (Cipolla-Neto et al., 1996,
citados por Sonati et al., 2015). Se estes tentarem dormir durante o dia, não são capazes
de recuperar o sono profundo e a sincronização de sono perdidos (Sonati et al., 2015).
Estas perturbações do sono convergem para consequências negativas nas esferas
sociais e individuais e interferem na qualidade de vida, no relacionamento social e na
produtividade no local de trabalho, podendo, inclusivamente, dar a origem a lesões, a
fadiga, a comprometimento cognitivo e dificuldade de concentração, a acidentes e ao
aumento do recurso a cuidados médicos e farmacológicos (Rajaratnam et al., 2011,
citados por Vargas de Barros et al., 2013).
Também Park e colegas (2013), com base nos estudos mencionados a seguir,
referem como consequências das perturbações do sono a reduzida produtividade (Nena
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et al., 2010; Rosekind et al., 2010), o aumento de lesões e acidentes no trabalho (Vahtera
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referem que 51% da amostra estudada apresentava perturbações do sono, sendo essa
queixas de saúde mais prevalentes numa amostra de tripulantes das três maiores
companhias aéreas da Noruega. Concluíram que a queixa mais reportada foi a fadiga
(entre 81% a 88%), seguindo-se as perturbações de sono (entre 68% e 79%). Os autores,
tendo por base outros estudos como o de Indregard e colegas (2013, citados por Omholt,
Tveito & Ihlebaek, 2016), defendem que apesar de estas queixas serem comuns na
generalidade da população, a amostra de classe profissional estudada apresentou taxas
de prevalência mais elevadas (Omholt, Tveito & Ihlebaek, 2016).
Tutenges e colegas (2015) fizeram uma avaliação de prevalência numa amostra
porteiros de estabelecimentos noturnos na Dinamarca, concluindo que 50,4% reportavam
perturbações do sono. Já Gouttebarge e colegas (2016) ao investigarem a incidência de
sintomas comuns de desordens mentais entre futebolistas profissionais europeus durante
um período de acompanhamento de 12 meses, evidenciaram que 18,5% apresentavam
sintomas de perturbações do sono.
Em suma, as perturbações tanto podem existir na população com ou sem atividade
profissional, contudo, nas/os trabalhadoras/es tende a ter incidências muito superiores.
Além disso, também se evidencia que a natureza da atividade profissional também tem
influência nos níveis de incidência, com profissões mais expostas a este tipo de distúrbio,
em particular aquelas com ritmos de trabalho e níveis de pressão/tensão elevados e as
recorrem com frequência ao sistema de trabalho por turnos. Por isso, o conhecimento e a
compreensão da realidade das profissões e dos seus fatores intrínsecos com impacto
para a vida, saúde e o bem-estar das/os profissionais torna-se pertinente, numa lógica de
prevenir riscos e promover a segurança e saúde no trabalho.
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Kawachi e colegas (1995, citados por Lajoie et al., 2015) salientam que o risco de acidente
vascular cerebral isquémico aumenta em 4% a cada cinco anos de trabalho por turnos rotativos.
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Por sua vez, Bjorvatn e Pallesen (2009, citados por Flo et al., 2013) referem que o
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com uma amostra de trabalhadoras/es em regime de trabalho por turnos, foi evidenciado
que os cronotipos mais matutinos demonstraram redução do período de sono e redução
da qualidade do sono enquanto a realizar turnos noturnos e níveis mais elevados de
perturbações do sono, sendo que um padrão similar foi observado para cronotipos mais
vespertinos enquanto a realizar turnos diurnos (Juda, Vetter, & Roenneberg, 2013).
Contudo, interessa salientar que os cronotipos matutinos e vespertinos extremos não
convergem necessariamente para uma perturbação, quando é dada a oportunidade
às/aos trabalhadoras/es de dormir dentro da sua janela circadiana de sono, implicando, no
mínimo, uma duração adequada. Ou seja, apesar do trabalho por turnos constituir um
risco para a saúde, providenciar períodos mais adequados para os diferentes cronotipos,
permitindo dormir de acordo com o ritmo circadiano individual, pode ser uma solução
(Idem).
Knauth e Hornberger (2003, citados Costa et al., 2014) referem mesmo que para
minorar os efeitos adversos do trabalho por turnos, a contramedida principal é projetar
horários de turnos de acordo com critérios psicofisiológicos, visando evitar a perturbação
dos ritmos circadianos de funções biológicas e o acúmulo de défice de sono e fadiga. Daí
que Costa e colegas (2014) denotem que um bom sistema de gestão de turnos assuma
grande relevo, defendendo que a rotação no sentido horário é preferível ao sentido anti-
horário, uma vez que evita o "retorno rápido" e condiciona a realização de turnos de
manhã e turnos noturnos no mesmo dia ou num curto espaço de tempo. Também
defendem que deve existir debate alargado acerca da aceitação dos turnos de 12 horas
em sistemas de turnos contínuos, que são, cada vez mais, populares em muitos setores
de trabalho, em especial na saúde (Costa et al., 2014). O mesmo se poderá dizer dos
plantões ou escalas de serviço de 24 horas. Têm sido apontadas consequências
negativas tanto para o serviço prestado como para as/os profissionais. Por exemplo,
Costa e colegas (2014), com base em estudos como os de Borges e Fischer (2003), Scott
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como sejam as sestas). Assim, defendem a rotação lenta no sentido horário, já que
permite intervalos mais longos entre períodos de trabalho e melhores tempos de
descanso e lazer (Costa et al., 2014). Sendo também a visão que se defende, na medida
que acautela melhor a segurança e saúde das/os trabalhadoras/es e a necessária
conciliação entre vida profissional e vida pessoal/familiar. Contudo, esta visão não é
consensual, existem diversas/os outras/os autoras/es que pensam o contrário. Por
exemplo, Sonati e colegas (2015) evidenciam essa situação com base noutros estudos, a
saber: Signal e Gander (2007) defendem que uma rotação rápida de turnos minimiza a
dessincronização crónica quando comparada com uma rotação lenta de turnos, na
medida em que o relógio biológico torna-se menos desorientado; Nesthus e colegas
(2001) argumentam que os turnos rotativos no sentido anti-horário são aqueles que se
associam a uma menor disrupção do ritmo circadiano; e Boquet e colegas (2004)
determinam, através da análise dos efeitos de ambos os modelos sob o cortisol, a
melatonina e a temperatura corporal, que não existe diferença significativa entre os dois
modelos, defendendo não existir consenso nesta matéria (Sonati et al., 2015).
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caso ao investigar como a falta de reconhecimento, por parte das/os pacientes, para com
as/os médicas/os constitui um risco para a saúde e bem-estar das/os profissionais.
Em relação conflito trabalho-vida pessoal/familiar e corroborando a importância deste
fator psicossocial, Hämmig e Bauer (2014), ao investigar a associação entre as condições
físicas e psicossociais de trabalho e os resultados para a saúde entre trabalhadoras/es de
uma indústria metalúrgica, determinaram que foi o único fator de risco relacionado com o
trabalho que foi significativa e fortemente associado a todos os resultados de saúde
estudados (exceto a nível da saúde musculosquelética), assumindo-se, em termos das
perturbações do sono severas, como o fator de maior relevância para o seu
desenvolvimento.
Para concluir, interessa também mencionar que Hansen e colegas (2012), num
estudo com técnicas/os de ambulância na Dinamarca, concluíram que as exigências
emocionais parecem ser o fator de ambiente de trabalho mais importante para o estado
de saúde dessas/es profissionais, uma vez que estão associados à saúde mental e à
qualidade do sono. Reportaram que este grupo profissional experimenta mais exigências
emocionais que a generalidade das/os trabalhadoras/es, defendendo que quanto mais
emocionalmente exigente o trabalho se apresentar, pior será a saúde mental e pior a
qualidade do sono (Hansen et al. 2012). A prevalência de má qualidade do sono na
amostra estudada foi de aproximadamente 20%, havendo ligeiras diferenças entre
géneros e faixas etárias (Idem).
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exposição e a natureza dos eventos traumáticos, bem como as suas correlações com os
de enfermeiras/os, revelando que as/os profissionais que tinham sido expostos a ameaças
ou violência no trabalho apresentaram um aumento em 19% para o risco de sono
empobrecido, em comparação com aqueles sem tais exposições (Park et al., 2013).
Segundo Rogers e Kelloway (1997, citados por Park et al., 2013), o medo atua como
mediador, podendo a experiência de violência afetar, adversamente, a saúde mental e
física das/os trabalhadoras/es. Mesmo que as pessoas não sejam vítimas diretas do ato
de violência, serem testemunhas de uma ameaça passível de provocar efeitos negativos,
podem suscitar reações como ansiedade, sintomas de doença/mal estar e resultados
ocupacionais negativos (Hall & Spector, 1991, citados por Park et al., 2013).
Para terminar, importa referir, tal como elucidam Ziemska e colegas (2013), que os
fatores de risco psicossocial do trabalho são transversais às diferentes áreas
profissionais, logo grande parte das consequências e conexões estabelecidas ao longo do
texto podem se verificar fora do âmbito das profissões referidas. Ou seja, esses grupos
podem estar mais expostos e/ou serem mais alvo de estudos, mas isso não implica que
sejam as únicas a poder sofrer com os problemas sinalizados. Cada vez mais os riscos
psicossociais são uma realidade dos postos de trabalho contemporâneos (Areosa & Neto,
2014; Neto, 2014 e 2015), devendo as entidades patronais estarem atentas a esta
realidade e implementar medidas de forma a minimizar o risco dos seus efeitos nocivos
(Ziemska et al., 2013).
4. Conclusões
O conceito de perturbações do sono foi dado a conhecer nos seus pressupostos e
características, bem como em que medida os fatores de risco psicossociais assumem
relevância no âmbito da sua etiologia. Também ficou patente como a população, em geral,
e a classe trabalhadora, em particular, são afetadas por esta problemática. Constata-se
que não são tímidas as percentagens relativas às prevalências no que concerne às
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