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ANPOF
2017
Capital e Política no
Pensamento de Marx e
no Marxismo
RESUMOS
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ISSN: 2358-9914 | Encontros do Eixo Temático de Pesquisa Marxismo, Teoria Crítica e Filosofia da Educação
II ENCONTRO NACIONAL DOS GT'S MARX DA
ANPOF
Coordenação Geral:
Eduardo Chagas (UFC/CNPq)
Comissão Científica:
Antonio Marcondes dos Santos Pereira
Maria Artemis Ribeiro Martins
Maria Socorro Gomes
Natália Ayres da Silva
2018
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SUMÁRIO
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GT
O PENSAMENTO DE MARX E
MARXISMOS
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As classes em Marx não são uma coisa, mas uma relação social a qual é marcada pelas relações
sociais de produção, propriedade e distribuição que mediam relações de conflito entre as
classes. A luta de classes, como parte da estrutura relacional entre as classes, é a base objetiva
pela qual as mesmas geram suas instituições como sindicatos, partidos, movimentos, federações
como fundamento de sua organicidade coletiva, como a base pela qual as classes se constituem
classe, enquanto um coletivo político. A classe seria, portanto, síntese de múltiplas relações
particulares na sociedade capitalista, como relações de produção por meio do trabalho
assalariado, relações de propriedade com a expropriação dos produtores reais, relação de
distribuição sobre as formas salário e lucro, as quais convergem para relações de antagonismos
que concretizam nas condições contraditórias de existência, e se sintetizam na efetivação de
uma coletividade surgida das contradições e do conflito nas formas orgânicas gestadas pelas
classes e que acabam por gerar a classe, assim a classe cria o sindicato, o partido, assim como os
partidos e o sindicatos são parte do processo de constituição da classe como classe, assim, para
além de um produto econômicos a classe é uma relação social e histórica produto das relações
de reprodução social gestadas na sociedade capitalista.
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Empreender uma análise sobre a construção marxista de seu método histórico equivale à
apreensão da base material da própria história. Isto porque, para o filósofo, esta disciplina não
deve ser entendida pelo viés idealista, tal como assinalavam Hegel e outros de seus
antecessores, mas pela capacidade ativa do homem, de construir o mundo e a si mesmo a partir
dos meios de produção de que dispõe. De fato, as Revoluções do século XVIII e o
desenvolvimento do capitalismo não mais permitiam que história fosse tomada através de
conceitos abstratos e com escopo desvinculado da realidade, alienando os sujeitos de seu papel
na construção do modo de produção vigente, desligando-os do status exploratório que compõe o
sistema baseado no acúmulo do capital. Tampouco tais desdobramentos não mais possibilitam
que a apreciação e a construção histórica contemplem apenas a consideração do ponto de vista
daqueles que detém o capital e os meios de fabricação. Portanto, são as circunstâncias e o modo
de produção e de trabalho que tornam os indivíduos o que eles de fato são. Diante disso, o
desenvolvimento da propriedade, dos modos de troca e do próprio capital se desvelam como o
fio condutor através do qual a história, na perspectiva do materialismo histórico-dialético, se
apresenta. Por esse motivo, nossa análise se desdobrará sobre a crítica do materialismo histórico
à propriedade concebida pelo modo de produção capitalista, a partir do livro A ideologia alemã,
considerada como a obra que fundamenta essa perspectiva. Sopesando que esta temática nos
fornece uma chave de leitura abrangente pela teoria marxista, é conditio per quam desse exame
o aprofundamento de algumas temáticas, tais como a luta de classes, a ideologia, a revolução, o
capital e a propriedade privada. Seguindo a conclusão de Marx, o comunismo seria a
consolidação desse processo materialista-histórico. Diante disso, o último estágio do
desenvolvimento da história assinalaria a importância da comunidade para a existência da real
liberdade dos indivíduos, inclusive diante da administração do comum e da superação da
propriedade privada dos meios de produção.
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Está longe a época em que as questões referentes às classes sociais, aos seus estratos diversos e
às suas lutas representavam um ponto pacífico como uma das linhas de força entre as temáticas
que galvanizavam o interesse dos pesquisadores, acadêmicos e não acadêmicos. De feito, a
avalanche neoliberal, marcada pela noção de pensamento único (there is no alternative), que
marcou (sobremaneira) os anos 1990, favoreceu imensamente o processo de estreitamento do
estoque de temários interpelado pelos estudiosos, dentro e fora das instituições universitárias, a
pretexto de ampliá-lo em direções outras. Nestes últimos anos, contudo, a crise capitalista
trouxe à tona, uma vez mais, a possibilidade de atração dos “velhos temas”, dentre eles os que
se reportam à luta de classes em suas diversas modalidades, inclusive no que concerne aos
embates operários. Aos nossos olhos, o texto ora apresentado se coaduna a esse último aspecto
relacionado à questão operária. A característica marcante do presente trabalho, portanto, é que a
classe operária brota como protagonista de uma história em que os processos de luta e educação
(em um sentido abrangente) se interconectam e se definem a partir desse amplo diálogo.
Conflitos que geram aprendizado e aprendizado que reorienta a natureza dos conflitos, eis a
síntese dialética que preside as relações de classe que aqui são examinadas. A consciência
operária de que a mobilização é um instrumento imprescindível para fazer valer os direitos,
antigos e novos, é uma conquista de longos anos de enfrentamento que, de um lado, colocaram
os trabalhadores da construção civil da região metropolitana de Fortaleza e as suas organizações
e, de outro, os empresários, as suas entidades representativas e as instituições estatais. Esse
cenário é por nós visitado em cada lauda em que se espalham os resultados de uma pesquisa que
conosco se fundiu e que, em seu desenvolvimento, adicionou elementos essenciais à nossa
trajetória de estudiosas do problema de classe. Neste escrito, pautando-nos por uma cultura
marxista, recuperamos categorias que, a nosso ver, são essenciais para a desenvolução de todo
estudo. Nesses termos, entre as reflexões que o sedimentam, sobressaem os conceitos de classe
social, consciência de classe, ideologia e educação; construtos teóricos que, em última análise,
alicerçam todo trabalho, em seu sentido mais amplo e significativo. Nenhuma mudança
intelectual, no entanto, parte de uma soma zero. Assim sendo, as nossas conclusões arrancam de
muitas etapas de estudos e investigações que, partindo de Marx, vão desaguar em diligências
mais recentes. Esse é o signo mais emblemático e definitivo desse trabalho preliminar. Que as
personagens que se vejam no espelho dessa história não se olhem sem se reconhecer.
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Karl Marx critica a economia política, porque a riqueza nas sociedades em que domina o modo
de produção capitalista aparece um imenso acúmulo de mercadorias. Essas mercadorias
expressam o excesso de riqueza duma minoria, fato que vem a expurgar uma enorme parcela de
indivíduos das condições materiais necessárias à sobrevivência. Vamos baseado nisso discorrer
sobre o acúmulo desenfreado de riquezas nas sociedades de economia capitalista, bem como as
consequências disso, como a divisão em classes, as desigualdades sociais, a formação do
proletariado e a exploração do homem pelo homem. Iremos também discorrer a respeito desse
afastamento das condições materiais de muitos indivíduos da sociedade. Nós teremos por base a
visão marxista de que não há sociedade sem trabalho, pois este é o que traz as condições
materiais de sobrevivência. Através do trabalho o indivíduo é livre, pois adquire condições
materiais (sociais) para poder viver na sociedade. Baseado nisso vamos refletir no que diz
respeito à exploração do trabalho da classe pobre em prol do acúmulo de riqueza da classe rica.
Enfim, vamos focar no crucial resultado do acúmulo de riqueza dentro da sociedade, as
desigualdades e mazelas sociais gerados por esse acúmulo excessivo de bens, mercadorias,
enfim, de capital financeiro.
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No seu livro “17 contradições e o fim do capitalismo” (2014) o geógrafo e teórico social David
Harvey desenvolve uma série de afirmações e propostas que dariam conta, tanto da profunda
crise capitalista atual, como das tarefas necessárias para terminar com o capital. Propõe-se, em
função da concepção marxiana fundada na crítica à economia política, realizar uma análise
crítica do texto e deter-se em analisar sua particular proposta metodológica, sua concepção do
capital, da crise e do fim do capitalismo. O texto em questão divide-se em três grandes partes,
além de uma conclusão com suas propostas de ação política. A primeira delas analisa o que
considera como as contradições fundamentais, a segunda as mutáveis e por último, as perigosas.
Antes de começar a definir as ditas contradições, o autor propõe uma distinção entre capital e
capitalismo para fins simplificadores. Também assume que as contradições do capital não foram
bem estudadas por Marx e, desse modo, inicia a análise inovadora do sistema de contradições
por ele descobertas. Se bem o livro assume-se como uma continuação metodológica do trabalho
científico iniciado por Marx, Harvey enfoca a questão das tarefas revolucionárias a partir de um
particular sistema conceitual de modo tal que seus preceitos ficam afastados do caminho que ele
mesmo diz percorrer.
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Nos Manuscritos Econômico-filosóficos de 1844, ao afirmar que "a valorização do mundo das
coisas aumenta em proporção direta com a desvalorização do mundo dos homens", Marx (1818
- 1883) já havia anunciado a essência de sua crítica ao modo de produção capitalista, no qual o
trabalhador, ao reproduzir a lógica do trabalho estranhado, acaba produzindo um mundo alheio
a ele mesmo e produzindo a si mesmo como um ser estranho, cuja utilidade resume-se à
fabricação de mercadorias e fornecimento de mão-de-obra. O estudo das categorias de
alienação, reificação e fetichismo da mercadoria serviu como fundamento para Guy Debord
(1931 - 1994) elaborar sua incisiva e perturbadora crítica ao capitalismo tardio da sociedade
contemporânea, ao qual denominou de "sociedade do espetáculo". Para ele, a desvalorização do
mundo dos homens prevista pelo filósofo alemão atingira seu ápice em meados do século XX,
com o advento dos meios de comunicação de massa, da globalização, do domínio das imagens e
do reino das aparências sobre a vida social concreta, tornando a população espectadora passiva
do automovimento das mercadorias e dos acontecimentos em geral. Tendo isso em vista, o
presente trabalho tem como objetivo ressaltar a importância do pensamento de Marx e das
categorias trabalhadas por ele na fundamentação do pensamento de Debord e demonstrar como
este se apropriou do pensamento marxiano para entender as contradições da sociedade
capitalista de sua época, "atualizando" as ideias do filósofo alemão.
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O presente artigo tem como objetivo expor as conclusões de Marcuse sobre os fatores que
alteraram o ser e a consciência social da classe trabalhadora do capitalismo tardio e tentar
demonstrar o quanto as teses marxistas de Marcuse permanecem atuais diante da proletarização
cada vez mais crescente de amplos setores das sociedades avançadas e quais suas implicações
nas relações de dominação entre capital e trabalho no capitalismo tardio. Concluiremos que
Marcuse consegue situar-se a meio caminho entre um dogmatismo que reduz a categoria
trabalho ao trabalho industrial e os apologistas da sociedade do fim do trabalho ao afirmar que a
categoria trabalho ultrapassou os limites das fábricas e que os amplos setores de trabalhadores
do setor de serviços longe de significarem o fim do trabalho significa a ampliação social da
categoria trabalho, como uma necessidade imanente do capital de extrair mais-valia como
condição de sua existência. Justificamos nossa pesquisa, pelo fato de que determinadas
correntes teóricas, assim como determinados autores de significativa influência contemporânea
alardeiam publicamente a insuficiência teórica do marxismo e sua superação por outras
metodologias, do fim da centralidade do trabalho e por novas propostas de sociabilidade. Com
isso pretendemos demonstrar que Marcuse permanece um autor atual apesar do silêncio
proposital em torno de sua obra.
Palavras-chave: Produção. Automação. Terciarização. Marcuse.
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GT
PENSAMENTO SOCIAL E
POLÍTICO
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O debate acerca do pensamento social marxista nas diversas áreas do conhecimento ainda é
incipiente no Brasil, senão em áreas acadêmicas específicas. Diante disso, o objetivo dessa
comunicação é apresentar o debate marxista hoje em curso no campo jurídico a partir da
vertente da Criminologia Crítica abordada pelo jurista italiano Alessandro Baratta, que foi um
dos seus precursores na Europa. O pressuposto fundamental adotado pela teoria da Criminologia
Crítica é a divisão de classes sociais antagônicas em estreita relação com a criminalização da
pobreza. Trata-se, portanto, de uma teoria materialista de âmbito econômico-político que abarca
a concepção macrossociológica na análise das contradições sociais geradas pela luta de classes,
permitindo a compreensão das múltiplas determinações que enredam o fenômeno da
criminalidade, contrapondo-se à concepção microssociológica das análises positivistas, que
consideram a criminalidade uma realidade ontológica. A criminologia positivista trabalha com a
noção de “desvio” em relação aos crimes cometidos contra os bens protegidos (propriedade
privada) por leis que geram a persecução penal como forma de controle social. No sistema
capitalista, a criminalidade é um “bem negativo” promovido pela desigualdade na distribuição
de bens entre as classes sociais. A criminalização da pobreza se fundamenta nessa noção de
“desvio” e gera um estigma contra as condições sociais de classe como se houvesse
precondições naturais para a criminalidade. Dessa forma, a rotulagem e o etiquetamento do
comportamento se cristalizou em preconceito de classe contra grupos pela sua origem social,
etnia, crenças, etc. O debate gira em torno dos Direitos Humanos e da violência das agências
estatais, dos processos de exclusão social do aparato seletivo de marginalização em curso na
sociedade brasileira, que tem enfrentado o discurso de tolerância zero pela cultura punitivista
dos atores que compõe o cenário jurídico. O resultado é o encarceramento massivo da
juventude, como mostra a pesquisa com base nos dados do INFOPEN (2014). Considera-se que
as condições objetivas, estruturais e funcionais da própria sociedade capitalista fortaleceram o
sistema penal como forma de reproduzir a realidade social. O caráter do aparato seletivo de
marginalização tem início no próprio sistema escolar e continua nas diversas instituições sociais
ao longo da vida dos indivíduos.
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O trabalho parte da ideia de que o pensamento marxiano formula uma contundente crítica ao
modo de produção capitalista e sustenta que a superação do capitalismo é condição para a
autoemancipação do proletariado. A partir desse contexto, problematiza a relação entre
economia e política para buscar um papel possível para o direito que não seja exclusivamente o
da corroboração com o processo de dominação de classe. O objetivo é afirmar a importância da
política como campo de luta por emancipação real e, nesse movimento, analisar as
possibilidades e limites do direito como campo também emancipatório. Conclui que muito
embora a luta pela autoemancipação do proletariado passe pela superação da exploração
capitalista, o direito pode ter relevante papel emancipatório em certas situações.
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A questão ambiental vem se apresentando como um dos principais desafios neste século. Foi a
partir dos inúmeros desastres ambientais que o movimento ambientalista ganhou força e
amplitude, conseguindo impor suas questões no cotidiano social e tornando a sustentabilidade
uma causa global. Contudo, o principal objetivo deste artigo é compreender as principais razões
que pautam este movimento, definindo suas limitações e incertezas, o que acaba por dificultar a
solução do problema por eles exposto. A questão ambiental não é tão simples como se apresenta
através do desenvolvimento sustentável, por isso se transformou em um dilema. Ao final, a
sustentabilidade acaba apenas por reproduzir a ideologia dominante, sem resolver a questão
ambiental justamente por não tocar nas estruturas que mantém o sistema funcionando. Seria
realmente possível um desenvolvimento sustentável no capitalismo? Como objetivos
específicos, o estudo busca compreender a própria relação homem/natureza, principalmente na
modernidade, além de como essa relação condicionou as questões levantadas pelos
ambientalistas. Para tanto, a pesquisa utilizou como metodologia o materialismo histórico e
dialético, através dos conceitos de alienação e ideologia de Marx. Finalmente, se percebeu que,
a partir da alienação causada pela divisão do trabalho, desenvolveu-se uma ideologia da
natureza, separada do ser humano, exterior e universal ao mesmo tempo, funcionando como
uma falsa consciência que afasta o homem de sua verdadeira ecologia. Sem essa restauração do
homem com a natureza não há como resolver a questão ambiental, mesmo porque esta ideologia
condiciona o pensamento sobre o tema, incluindo aqueles que se apresentam como alternativa
ao capitalismo.
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Raquel Vasconcelos
O objetivo deste ensaio é discutir poder e biopolítica como instância que delimitam a vida nua
(mera vida) da população em situação de rua. O poder atravessa o mundo dos direitos e a
biopolítica define o mundo das 'exceções' afirmando o cálculo que o poder faz sobre a vida. O
poder delineia um jogo de forças que não está restrito a um único ponto de origem cujo campo
de forças são desiguais e móveis. O poder é produtivo quando as relações de poder são
imanentes a outras formas de relação que os indivíduos, os grupos e as instituições mantêm
entre si apontando que seus efeitos são imediatos das partilhas, desigualdades e desequilíbrios
produzidos nas relações econômicas, de gêneros e nas que atravessam as tramas complexas do
tecido social. As investidas da biopolítica sobre a população reduzida ao estatuto de “vida nua”
(agrupamento sem direito, mas apenas corpos vivos) delineia espaços habitados por indivíduos
como pura e nua corporeidade, ocupando lugares politicamente perigosos e ambíguos de uma
'vida nua' - mera vida. A vida nua reafirma a existência de estados de 'dominação' resultantes de
“relações de poder fixas, perpetuamente assimétricas onde a margem de liberdade é
extremamente limitada” (FOUCAULT, 1996). A população em situação de rua atua como os
protagonistas invisíveis dos centros urbanos das cidades, demonstrando a lógica colonialista
contemporânea de enunciação e justificação da existência de dois mundos: o dos direitos e o das
'exceções'. A população de rua atravessa a linha tênue entre o mundo dos corpos que devem ser
cuidados e o mundo habitado por aqueles que têm o estatuto de vida nua, de vidas que foram
postas fora da jurisdição humana de modo tal que a violência cometida contra eles não constitui
nenhum sacrilégio (AGAMBEN, 2002).
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Este artigo tem como objetivo realizar uma breve investigação da teoria de Sigmund Freud por
Herbert Marcuse, a partir de uma análise crítica da primeira parte do livro, Eros & Civilização,
escrita por Marcuse em 1956, mais especificamente, capitulo IV cujo título é: Dialética da
Civilização. Neste capitulo, Marcuse se apropria da teoria Freudiana para elucidar a
possibilidade de criação de uma sociedade menos repressiva, isto é, a possibilidade de mudança
rumo ao progresso humanitário. Com base na sua influência marxista, Marcuse defende que a
aporética civilização freudiana, pode ser mudada se o sentimento de culpa for superado.
Portanto, pretende-se aqui abordar o papel do sentimento de culpa na civilização e apontar a sua
importância como um elemento contrário à hipótese marcuseana de uma sociedade não
repressiva. No mesmo trabalho confrontaremos as duas concepções: O "pessimismo" de Freud,
isto é, a sua posição irredutível na impossibilidade de uma Civilização diferente da que temos
contra o "otimismo" de Filosofo Alemão, Herbert Marcuse, que apresenta várias propostas que
rompem com as premissas repressivas que atuam na sociedade. O berlinense, historicizando as
categorias freudianas, mostra que a felicidade pode ser posta no atual estágio do
desenvolvimento técnico atingido pela sociedade.
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O Projeto Ético Político do Serviço Social esta baseado em dimensões éticas marxistas que se
diferenciam dos demais projetos profissionais. Nos anos 1980 no Brasil com as lutas pelo fim
da ditadura militar de 64, o Serviço Social juntamente com as entidades organizativas da época
questionam a atuação profissional dos Assistentes Sociais baseada em dogmas religiosos e
morais. Nesse ínterim, o Serviço Social ainda irá percorrer alguns caminhos até a tradição
marxista. O marco inicial de rompimento com o conservadorismo ocorre no III Congresso
Brasileiro de Assistentes Sociais em 1979, e em 1986 é revisto o Código de Ética da profissão
com alguns avanços do ponto de vista ético tradicional. Com a construção dos cursos de pós
graduação na área referendada em 1990 e o desenvolvimento das pesquisas a aproximação e
estudos dos intelectuais marxistas como Lukács, Gramsci e a produção de obras com base
marxistas vão situando a profissão as teorias de Marx. Destarte, a adoção de um currículo
mínimo no Serviço Social aprovado pelo Ministério da Educação – MEC corroboram com
pressupostos marxistas. E em 1993 o Código de ética dos Assistentes Sociais afirma seus
posicionamentos atrelados a princípios societários, com vinculação clara a classe trabalhadora,
compreendendo que o ser social se constitui em determinadas condições objetivas, materiais,
ideológicas e políticas. Para tanto, com o avanço do neoliberalismo e em consequência de
movimentos conservadores, anistóricos e acríticos, a profissão também se encontra atingida em
suas concepções, visto que as escolhas dos sujeitos estão reguladas pelo sistema capitalista e
elas refletem de forma coletiva. Destarte, o objetivo desse artigo é analisar os desafios
encontrados pelo projeto ético político Profissional na conjuntura neoliberal diante do avanço
do neoconservadorismo. Diante desses retrocessos é necessário encontrar formas que apontem
para o horizonte emancipador, assim, discutimos sobre as reflexões teóricas das autoras que
elencam essas estratégias.
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GT
FILOSOFIA POLÍTICA E
PENSAMENTO FILOSÓFICO
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O presente trabalho tem por objetivo analisar a reflexão político-filosófica de Hannah Arendt,
que num tom de crítica ao modelo solipsista de fundamentação surgido na modernidade, vai
buscar inspiração na tradição política que tinha como fundamento a coletividade. Daí é que
Arendt traz a tona o conceito de pluralidade como essencial ao estabelecimento de uma
verdadeira experiência política. Alicerçado na obra A Condição Humana, este trabalho traz
elementos fundamentais à nossa reflexão sobre a política na perspectiva de Hannah Arendt. Tal
obra nos lega o conceito de ação, atividade que entre outras apresenta como a única
propriamente política. Nesse sentido a ação é concebida por Arendt como sem interesse, sem
vontade e sem finalidade, isso equivale a dizer que sua essência está em ser sempre
possibilidade de um novo início, tendo como campo primordial para a sua inserção no espaço
público, que possibilita o relacionamento entre iguais e, sobretudo, a manifestação da
humanidade. O ser para se afirmar no espaço político é auxiliado pela palavra e pela ação,
forjado o debate público que constitui o próprio fundamento da vida política, confirmando a
existência de uma legítima comunidade política. A pesquisa realizada possibilitou ampliar os
campos de compreensão acerca da filosofia política, lançando um olhar às suas origens na
tradição clássica, e perpassando pelas demais formas de sua abordagem com ênfase na
modernidade, aonde Arendt estabelece o foco de sua crítica. Adentrar a reflexão política
arendtiana nos possibilita perceber elementos que irão nos ajudar no estabelecimento de uma
legitima comunidade política.
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Em seu grande livro dedicado ao estudo da obra de Marx, Michel Henry afirma que o marxismo
é a soma dos contrassensos cometidos a partir da obra do próprio - Une philosophie de realité,
sendo o maior deles a consideração de O Capital como um livro de “economia política”. Tal é,
por exemplo, a posição de Rosa Luxemburgo quando afirma que "na teoria de Marx, a
economia política encontrou o seu acabamento e sua conclusão", constituindo-se
verdadeiramente como ciência. De fato, o subtítulo do Capital é: Crítica da economia política.
Porém o termo “crítica” pode ser tomado em dois sentidos. No primeiro deles designa o
processo de aperfeiçoamento interno das ciências em que uma teoria é refutada sempre em favor
de outra mais adequada. Tal é o caso da crítica econômica da economia cujo fundamento reside
na formulação de outra teoria que vem substituir a primeira, conforme a teleologia imanente ao
desenvolvimento do pensamento científico. Ao contrário, a crítica da economia política em “O
Capital” é de cunho eminentemente filosófico. O pensamento de Marx constitui uma “teoria
transcendental dos fundamentos ontológicos da história e não simples ciência histórica - teoria
dos fundamentos das formações sociais - e não simples socio-logia - teoria do fundamento
transcendental e da possibi-lidade interna da economia mercantil e da economia em ge-ral - e
não simples doutrina econômica entre outras, vol-tada, por isso, à verdade relativa de uma fase
transitó-ria do desenvolvimento científico" afirma Henry (1979, p.18). Ou seja, a crítica de
Marx não visa a continuidade da economia política, representando, ao contrário, a ruptura do
pensamento filosófico com ela. Em Kant “crítica” designa a análise das condições do
conhecimento não derivadas da experiência empírica, as suas formas puras, sensíveis e
conceituais, presentes na sensibilidade e no entendimento. A ‘Crítica transcendental” estabelece
as formas puras, conceituais e estéticas, que tornam possível o conhecimento dos objetos. Ao
contrário, a análise ontológica da possibilidade da economia política efetuada no Capital
estabelece as condições de existência dos fenômenos econômicos, isto é, a sua genealogia
histórica. Para Marx as relações sociais não são originariamente econômicas, ou seja, as
determinações econômicas da existência humana não são naturais, de modo que se torna
necessário explicar o surgimento dos fenômenos econômicos bem como a história do seu
predomínio social, de como se tornaram absolutamente determinantes da quase totalidade dos
aspectos das sociedades capitalistas. Como as relações sociais entre pessoas adquirem um
estatuto econômico passando a depender das leis do desenvolvimento do capital, isto é, do
desenvolvimento da produção de mercadorias e da acumulação de valores de troca? Como o
trabalho, atividade originariamente destinada a produzir os bens requeridos para satisfazer as
necessidades humanas, transforma-se em meio de produção de valores de troca? São estas as
questões principais que pretendemos desenvolver a partir da interpretação fenomenológica a
obra de Marx empreendida por Michel Henry.
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Albertino Servulo
Eduardo Ferreira Chagas
Este ensaio é parte integrante de nossa pesquisa de doutorado que tem como núcleo central a
defesa de que há uma aproximação convergente, a qual denominamos de diálogo, entre a
concepção marxiana de natureza e a crítica do ecossocialismo à degradação ambiental. A
justificativa desta investigação está ancorada na importância vital que a questão da natureza
adquiriu na sociedade contemporânea. Pesquisando nas próprias obras dos interlocutores, a
hipótese que se confirma é a defesa de uma ‘dialética da natureza’; teoria que refuta as ressalvas
dos setores ecossocialistas que concebem o marxismo como ‘esquematismo demasiado’. Além
disso, se constata nesse referencial a crítica à economia política, o que significa que antes do
ecossocialismo apresentar a crítica contra o capitalismo; Marx já havia denunciado a
racionalidade econômica do capital. Nossa apresentação se restringe a exposição da pesquisa
inicial, que em seu exórdio apresenta um delineamento do surgimento, desenvolvimento e
ascensão do ecossocialismo como movimento social; expondo em seguida a crítica ecologista a
degradação ambiental. No entremeio é exposta a teoria social do ecossocialismo e as ressalvas
ao marxismo, dentre as quais a crítica contemporânea ao programa baconiano. E na peroração
retomamos as pretensas lacunas do marxismo, que pelas lentes do ecossocialismo é caudatário
do ideal baconiano, utopismo e industrialismo; e ainda os limites do marxismo na política
ecológica, tendo sua superação, o antropocentrismo, no ecocentrismo. Em suma, às
considerações precedentes nos levam a primeira conclusão, isto é, de que as restrições do
ecossocialismo contemporâneo em relação ao pensamento marxiano são ressalvas
insubsistentes, porque desconsideram a dialética marxiana da natureza.
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Este trabalho consiste em uma pesquisa imanente da obra de Karl Marx no que diz respeito à
política. Nela pretendemos demonstrar que há, no pensamento de Marx, um aspecto positivo da
política. Essa é uma questão que ainda abriga debates, pois há uma tradição de pesquisadores
que afirmam existir somente o aspecto negativo da política nas obras marxianas. É certo afirmar
que há o aspecto negativo da política em Marx e que ele nega a política. Mas que tipo de
política? Sabemos que no geral, política é uma ação que é praticada por homens e para homens
no seio da sociedade, e que tal ação visa o bem comum de determinado grupo ou da sociedade
como sua finalidade. A política, nas obras de Marx, praticada pelo burguês capitalista surge
como política negativa, pois ele não está interessado com o bem social como um todo e como
finalidade da sua ação política. O que ele visa é o bem próprio ou, quando muito, o bem de
determinado grupo de interesses iguais aos seus. Nesse caso, a política beneficia mais aqueles
que possuem mais bens, e o poder se fundamenta na riqueza. Dessa forma, os demais indivíduos
– que, vale ressaltar, são a maioria da sociedade – são subjugados pelos que detêm poder. O
guardião maior dessa forma política é o Estado, que é usado não para realizar sua finalidade
última, que é estabelecer um patamar de igualdade e liberdade a todos os cidadãos, mas para
garantir a existência de mecanismos que protejam as riquezas de um pequeno grupo. É nessa
perspectiva que podemos afirmar o aspecto negativo da política em Marx. É esse tipo de política
que ele nega. Ela se caracteriza no que ele chamou de emancipação política, onde os indivíduos,
no Estado, ganham direitos comuns. Mas o Estado, porém, não garante esses direitos a todos.
Para Marx, se faz necessária uma emancipação para além da emancipação política, que ele
chamou de emancipação humana. Essa garantiria a todos os indivíduos a plena liberdade,
igualdade, o direito de usufruir dos bens produzidos da terra segundo suas reais necessidades,
em suma, realizar o ser abstrato do cidadão no mundo mesmo. Na obra do filósofo, o elemento
principal da realização da emancipação humana é o trabalhador, pois ele é um indivíduo de
sofrimento e miséria universal. O ônus da política voltada para reprodução da riqueza da classe
burguesa – ou na nomenclatura de hoje, classe alta – recai todo na classe trabalhadora, que vive
em condição de miséria, falta de educação, de saúde etc. Somente a classe trabalhadora poderá
realizar a emancipação humana que, segundo Marx, se dará com uma revolução social. É nesse
tipo de ação que afirmamos existir um aspecto positivo da política em Marx, pois ela agora visa
o bem de toda a sociedade. É a partir disso que pretendemos fundamentar nossa pesquisa.
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A partir da obra Hegel e o estado de Eric Weil tratando em sua grande parte da recepção da obra
de Hegel: Filosofia do Direito, nos adentaremos à temática trabalhada por Weil no final de sua
obra, da qual desenvolve um apêndice que debate Marx e a Filosofia do Direito. Em cima do
recorte realizado, analisaremos a crítica de Marx a Hegel proposta por Weil, da qual em sua
pesquisa realizada a partir do contexto hegeliano, ele faz a retomada dos textos de Hegel,
trazendo a Perspectiva real de “Hegel o ultimo filosofo”. Neste diálogo com os três autores,
Weil faz uma análise da crítica que Marx e Engels realizam, pois, a mesma se torna
incompreensível no desenvolvimento do argumento que se agrava, devido a reprodução
realizada pelos marxistas da mesma sem uma verificação. Desse modo, analisaremos e
reproduziremos o percurso realizado por Weil perguntando-nos “qual era o seu alcance, essa
crítica deixava de pé do sistema hegeliano, o que elas estabeleciam mesmo como princípio de
toda crítica que pudesse pretender estar à altura?” Com isso buscaremos a compreensão da
consistência da crítica de Marx, a diferença no pensamento de Marx e Hegel, e entender por que
motivos Weil mostra-nos Hegel como precursor de Marx.
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O traço marcante do discurso estabelecido pela sociedade industrial avançada é o de que, é esta
uma sociedade racional e livre. Razão e liberdade aparecem como sendo os princípios
fundadores dessa sociedade. Para garantir à validação de seu discurso, a nova sociedade
industrial conta com a ideia de progresso tecnológico, que atua como elemento garantidor da
coesão social e da manutenção do status quo nesta sociedade. Para isso, o “ordenamento
tecnológico” recebe o apoio de uma “coordenação política e intelectual”, que de uma maneira
articulada garantem a eficácia das diversas formas de controle existentes na civilização
industrial moderna. Este artigo tem como objetivo analisar e explicar a relação entre o progresso
tecnológico e a formação do pensamento e comportamento unidimensional em Herbert
Marcuse. Para tanto, debateremos a partir do método dialético do autor, temas como, a
contenção do pensamento crítico e o condicionamento das necessidades humanas. No intercurso
de nossa exposição mostraremos que por trás do discurso da liberdade, a nova sociedade
industrial e tecnológica, impõe suas formas de controle sobre os indivíduos tendo como
resultado a formação de um sistema social unidimensional, onde o pensamento crítico é tido
como inútil, pois, não só ameaça a ideia de progresso tecnológico da referida sociedade, como
também é capaz de inverter a ordem do discurso estabelecido e desmontar toda e qualquer
convivência social baseada no status quo.
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GT
CAPITALISMO E O CAPITAL NO
SÉCULO XXI
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As regiões do Baixo e Médio Jaguaribe, Estado do Ceará, passaram por um intenso processo de
reestruturação espacial nas últimas décadas do século XX, transformações que tem afetado de
forma prejudicial diversas comunidades camponesas e as populações pobres dos municípios da
região. Nesse sentido, à luz das categorias de “Acumulação Primitiva” de Karl Marx (2013) e
“Acumulação via Espoliação” de David Harvey (2004), o objeto de estudo aqui analisado é o
lugar ocupado pelos recursos naturais, terra e água, assim como pelas populações camponesas
na dinâmica de atual de reprodução do capital. Os objetivos à que se pretende a presente
pesquisa tratam do processo de privatização dos recursos naturais nos municípios do baixo
Jaguaribe e de sua relação com as demandas do contexto recente de acumulação de capital.
Grandes projetos de infraestrutura hídrica como o açude Castanhão e Eixão das Águas, assim
como a expansão de perímetros públicos de irrigação foram reesposáveis por fornecer uma
oferta de água e de terra necessárias à expansão da agroindústria na região do Baixo Jaguaribe.
O resultado desse processo de expansão da atividade agroindustrial na região tem sido a
crescente apropriação de das reservas de água e de terras em diversos municípios como
Limoeiro do Norte, Russas, Jaguaruana, Itaiçaba e Aracati, levando ao surgimento de diversas
organizações coletivas que lutam e resistem à apropriação privada da natureza. As fontes
consultadas na presente pesquisa foram agrupadas em três grupos determinados: fontes
documentais, onde foram consultados dentre outros documentos as atas de reuniões do Comitê
da Sub-Bacia Hidrográfica do Baixo Jaguaribe, onde se encontra inúmeros relatos dos conflitos
que existem na região, entre populações camponesas e agroindústria; fontes bibliográficas como
trabalhos científicos e planos de ação do estado cearense na promoção de uma política de apoio
à expansão da atividade agroindustrial; fontes orais, o relato de depoentes acerca da
expropriação sofrida por sua família e comunidade. Ao fim, conclui-se que o processo de
privatização da terra e da água e o consequente cerceamento imposto às populações camponesas
ao acesso aos recursos naturais fazem parte do modus operandi da atual dinâmica de reprodução
do capital. A partir das contribuições de Marx e Harvey foi possível compreender o duplo
caráter do processo de apropriação dos recursos naturais na região, pois se de um lado ela
permite a aquisição de novos ativos que permitam a realocação de capitais ociosos, ela permite
também a criação de uma massa de trabalhadores expropriados, os quais podem ser inseridos
forçosamente às relações capitalistas de produção. Ambos os fenômenos integram a totalidade
do processo de reprodução do capital.
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O século XXI constitui um novo paradigma urbanístico, qual seja, a postulação de uma cidade
de nível global preparada para as exigências do mercado. No entanto, para se adequar aos
ditames impostos pelo grande capital, a periferia capitalista produz uma violência destinada à
intervenção militar no espaço urbano. Nessa perspectiva, Barreira e Botelho (2013) resgatam o
histórico do uso das forças militares na cidade do Rio de Janeiro, desde a intervenção militar na
greve da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1988, passando pela operação Rio,
ocorrida na década de 1990, e chegando à instalação das Unidades de Política Pacificadora, em
2008. Centrado nessa discussão, o objetivo deste trabalho é observar que, com o processo de
financeirização capitalista, há uma nova política de intervenção urbana, com base no uso
preventivo da força, não mais no intuito de reprimir os tradicionais movimentos operários, mas
com o fim de forjar um novo contexto político ausente, inclusive desta condição jurídica de
trabalhador, produzindo uma massa amorfa cuja sua morte não constitui crime ou comoção
coletiva. Assim, demonstra-se aqui que o intento de configuração de uma nova política de
intervenção urbana tem como um dos seus objetivos a violência contra estes excluídos de toda
categorização jurídica.
Palavras-chave: Cidade. Capitalismo. Violência.
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GT
POLÍTICA E GESTÃO
EDUCACIONAL
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Este texto tem o intuito de analisar um recorte sobre a temática da cidadania inserida nos
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), direcionado ao ensino de
História (1998). O trabalho aqui empreendido teve como objetivo compreender e refletir acerca
da concepção de cidadania que o documento apregoa, em um contexto social que se tornou
comum e sobretudo oficial ser cidadão ou buscar formar para a prática da cidadania. Vivemos
numa realidade social em que todas as classes sociais, partidos com ideologias diversificadas,
grupos sociais distintos, fazem apologia à formação para o exercício da cidadania como um eixo
em comum, tornando ainda mais urgente esclarecer a diversidade dessa compreensão no interior
de uma democracia republicana. Assim, o texto aqui apresentado busca fazer uma análise dos
PCNEM direcionados ao ensino de História com finalidade de destrinchar os elementos
constitutivo da formação cidadã, bem como, que concepção de cidadania o documento apregoa
no contexto social do neoliberalismo. Utilizamos a metodologia qualitativa de análise desse
documento oficial vinculada ao referencial teórico materialista que faz a crítica radical ao limite
da liberdade humana focalizado apenas emancipação política, esta vista na sociedade
contemporânea como o meandro para a plena realização do ser social. Com a análise dos
PCNEM foi possível compreender que a sua concepção de formação cidadã está associado ao
âmbito da luta pela plena dignidade humana “possível” dentro dos limitas da forma jurídica do
Estado moderno.
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O presente trabalho trata da contrarreforma do ensino médio implementada pela Lei 13.415/17
no governo de Michel Temer e se insere no debate acerca da relação trabalho e educação. Para
tanto, assumiu como objetivo geral analisar referida contrarreforma nos marcos da ofensiva do
capital e da expansão do empresariamento da educação, identificando as principais mudanças no
intuito de avaliar as suas consequências para a formação dos jovens estudantes da classe
trabalhadora. Apesar de ser apresentada como uma reforma, optamos por usar a terminologia de
“contrarreforma” e não reforma do ensino médio por entendermos que reforma é uma mudança
favorável, ainda que limitada, no capitalismo. A investigação partiu de uma análise mais geral
sobre a relação das reformas educacionais com as mudanças no mundo do trabalho e as
exigências do mercado para a formação do trabalhador. Nosso método de análise é o
materialismo dialético, por ser o único que permite analisar historicamente as mudanças da
legislação educacional, em especial, aquelas relativas ao ensino médio, na sua relação com as
exigências da reprodução do capital no contexto da economia brasileira após o golpe
parlamentar. Nesse aspecto, lançamos mão das contribuições de autores clássicos e também
contemporâneos para compreender as especificidades do momento atual, tais como, Marx
(1983, 1993), Mészáros (2005), Saviani (1994, 1999), Rocha (2011), Souza Junior (2014),
Kuenzer (1989), dentre outros. A questão central que nos orienta na investigação do objeto é
saber se a implantação dessa contrarreforma seria apenas uma incapacidade administrativa da
equipe ministerial do governo golpista ou essa política educativa segue um método
encomendado pelas exigências do mercado, oriunda de uma situação de enorme ofensiva do
capital? A chamada reforma do ensino médio consiste em uma mudança estrutural em todo o
nível por modificar as bases curriculares, pedagógicas e organizativas do ensino médio nacional,
a carga horária, a língua estrangeira obrigatória oferecida, dentre outros aspectos. Essa
contrarreforma se insere em um conjunto de medidas de expropriação dos direitos da população
trabalhadora, há muito desejadas pelas classes dominantes. Nem mesmo a ditadura militar ou os
governos neoliberais das décadas passadas ousaram eliminar tantos direitos e garantias
conquistados pela população quanto o governo de Michel Temer, nascido do golpe parlamentar
de 2016. A contrarreforma contribui para atrofiar a consciência histórica das jovens gerações,
cada vez mais intoxicadas por uma educação alienante, politicamente domesticada, justificadora
do status quo. Sob qualquer ponto de vista, o regime golpista compromete o futuro.
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O artigo analisa o PRONATEC Brasil Sem Miséria, a partir de um estudo de dados obtidos
numa pesquisa de mestrado realizado em Fortaleza- CE. Discute-se o PRONATEC BSM como
uma estratégia de inserção e/ou reinserção da população pobre e extremamente pobre no
mercado de trabalho via qualificação profissional. Conclui-se que o Programa não tem suprido
efetivamente as deficiências de escolarização da população à qual se destina, nem garantido sua
inserção ou reinserção no mercado formal de trabalho, devido à ausência de articulação com
outras políticas públicas, como a de educação e a de emprego e renda.
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A partir das diversas mudanças ocorridas nos países centrais, causadas pela crise do capitalismo,
reestruturação produtiva, da mundialização do capital que consiste na mundialização das
operações do capital, tanto industriais como financeiras, que só foi possível devido ao acúmulo
de capital no período de hegemonia fordista (CHESNAIS, 1995), o Brasil também passou por
ajustes em sua política econômica e social implantadas, inicialmente, pelo governo Fernando
Collor de Melo e dada a sua continuidade nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Luís
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Pretendemos, neste trabalho, demonstrar como a
contrarreforma do ensino superior está em sintonia com o movimento de contrarreforma do
Estado brasileiro, iniciado nos anos de 1990 e em curso até hoje e quais os elementos que
constituem a contrarreforma do ensino superior, materializados em programas, documentos
oficiais e aparatos legais. Concluímos esse trabalho advogando que no atual cenário de
contrarreforma, o modelo alemão humboldtiano, centrado no ensino, pesquisa e extensão, vem
sendo deixado de lado em troca das graduações em curtos períodos, oferecidas a qualquer custo
ou até mesmo à distância, com padrões questionáveis de ensino. As IES privadas tornaram-se
verdadeiros escolões, nos quais é dada a importância máxima ao lucro e deixando a desejar em
relação aos conhecimentos científicos úteis a toda sociedade.
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GT
ARTE, CULTURA E ESTÉTICA NO
MARXISMO
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Leonardo Coutinho
Vilson Aparecido da Mata
Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior que visa compreender as relações entre o corpo
humano e a literatura a partir do Materialismo Histórico Dialético. A parte da pesquisa que
engloba este trabalho é a caracterização do romance como gênero literário singular e a
compreensão de suas particularidades. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise do
romance distópico 1984, de George Orwell, através da crítica de György Lukács aos elementos
descritivos presentes nos romances modernos. Em sua análise, Lukács percebe que a descrição
passa, de um dos elementos do texto literário, a ser fundamento da composição. O autor
relaciona esta virada ao momento de decadência ideológica burguesa, período em que a
burguesia rompe seus laços com o movimento revolucionário. Os grandes autores deste período
tornam-se críticos da sociedade e a divisão social do trabalho chega na literatura. Isso, segundo
Lukács, transforma o escritor em vendedor de livros. Sabemos que George Orwell foi
influenciado pelos escritores do Novo Realismo, que viam na descrição o elemento principal da
obra literária, como Émile Zola. Buscaremos relacionar os elementos descritivos da obra de
Orwell aos aspectos observados por Lukács na análise dos livros do Novo Realismo. Desta
forma, pretendemos demonstrar que a escolha do método faz parte de um movimento mais
amplo, que vai além da técnica utilizada.
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A jornalista e escritora Margarida Saboia de Carvalho (1905-1975) foi uma autora muito lida no
Ceará, durante a segunda metade do século XX. Contudo, atualmente, a sua obra literária e
jornalística está esquecida e, os poucos livros que publicou, A vida em contos (1964) e Crônicas
(1976), estão esgotados. Ela colaborou com o poeta Jader de Carvalho na fundação do Diário do
Povo, de orientação marxista, em 1947. Jader nos afirma que “enfrentou os mesmos perigos que
eu enfrentei dos 15 anos de existência do Diário do Povo, onde ela se fez cronista, onde ela se
fez jornalista” (Carvalho, 1987, p. 58). Ela viveu no século XX, em Fortaleza, onde atuar como
uma mulher intelectual, que possuía a própria voz, era algo impensado para muitos setores da
sociedade. Margarida Saboia teve que romper muitas barreiras para adquirir sua autonomia
social, política e intelectual. Além das crônicas e textos jornalísticos, Margarida Saboia se
notabilizou como contista. A sua estreia como contista ocorre com a publicação de A Vida em
contos, de 1964. O cenário principal de suas narrativas é a cidade de Fortaleza. A metrópole
cearense é representada como um microcosmo, uma metonímia do mundo capitalista, no
período entre guerras e, posteriormente, durante a Guerra Fria. Muito são os contos onde o
cotidiano da cidade é tratado pela narradora com o objetivo de mostrar a perspectiva de variados
personagens, de classes sociais distintas. Percebemos um contraste social e econômico radical
entre bairros ‘pobres’, como o Pirambu e o Arraial Moura Brasil, e o rico, a Aldeota,
representação da ostentação material da cidade. Há um tema que desencadeia a maioria das
ações das narrativas: o das relações humanas (Hanna Arendt) pautadas pelas relações
econômicas. O objetivo do nosso trabalho é estudar, a partir da análise de alguns contos de
Margarida Saboia de Carvalho, as representações estéticas da cidade de Fortaleza governada
pelo poder do capital. Enfatizando a análise do discurso da narradora e das ações e do discurso
das personagens, esquadrinharemos o conceito de ideologia, tendo como escopo reflexão sobre
uma “visão mercantil” (Fromm, 1978), que orienta a conduta e a visão de mundo dessas
personagens. Sobre o conceito de ideologia e alienação, consultamos de Marx e Engels,
Manuscritos econômico-filosóficos (1844), A ideologia alemã (1846), Contribuição à Crítica da
Economia Política (1859), com apoio de Marilena Chauí, O que é ideologia (1980), de Hanna
Arendt, A condição humana (2004) e Erick Fromm, Análise do Homem (1978). Para nosso
estudo literário de A vida em contos (1964), lemos Sânzio de Azevedo (1976), Braga
Montenegro (1965), Nádia Batella Gotlib (2006) e Julio Cortázar (2006). Após o estudo dos
contos de selecionados, observamos que a cidade de Fortaleza é representada como um
comércio, no qual as personagens orientadas por uma ideologia mercantil são percebidas como,
ao mesmo tempo, vendedores e mercadorias. O dinheiro é tido por muitos personagens como
sinônimo de prestígio social, o que desencadeia a sua alienação em direção a uma vida fútil e
mesquinha.
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GT
TRABALHO, EDUCAÇÃO E
FORMAÇÃO HUMANA
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O presente estudo tem como objetivo geral compreender o conceito de Pensamento Crítico
construído pelo trabalhador docente - professor de Sociologia - atuante no ensino médio público
que está subsumido à lógica do capitalismo contemporâneo. Partiu-se do pressuposto de que tal
conceito é tomado e elaborado pelo trabalhador docente, em sua formação inicial, adquirida no
ensino superior, a partir do estudo reflexivo do aparato político-pedagógico, fornecido pela Lei
9394/96, enquanto marco legal, em seu Capítulo II, da Educação Básica, Seção IV, em seu
Artigo 35, Inciso III, que versa da formação ética e do desenvolvimento da autonomia
intelectual e do Pensamento Crítico. Os resultados auferidos preliminarmente apontam para uma
forma, que, mesmo considerando o Pensamento Crítico uma condição para a melhoria da
educação, encontra-se ligado a um modelo reprodutor do metabolismo do capital, (in)capaz de
proporcionar uma alteração substantiva das relações entre os homens.
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Péricles Ariza
Para Marx e Engels, a medida que a divisão do trabalho se desenvolve em uma sociedade
dividida em classes, toda a produção humana, entre elas a própria educação, o ensino, o saber, a
ciência, a arte, a cultura, acabam separando-se de seus produtores, ou seja, de sua base ou
fundação, alienando-se desta, dando origem a uma superestrutura cada vez mais controladora e
monopolizada pelas classes dominantes. A crescente divisão do trabalho não só permitiu o
aumento da produção e do desenvolvimento das forças produtivas das diferentes sociedades em
épocas distintas, do capitalismo em especial, como também, paradoxalmente, devido a divisão
da sociedade em classes, formou paralelamente à um grande número de trabalhadores
produtivos uma classe liberta do trabalho diretamente produtivo. A divisão da sociedade em
classes sociais deu origem, também, a divisão entre trabalho manual e intelectual, onde à uma
classe se destina os trabalhos braçais ou manuais e à algumas outras os trabalhos intelectuais e
considerados “nobres” ou “espirituais”. É pois, afinal, a divisão entre trabalho manual e
intelectual, entre trabalho e saber, o principal responsável pelo processo de alienação e
fetichização da educação, da arte, do ensino, da ciência, do saber. Este “fetichismo do saber”, ou
seja, esta “vida autônoma” do trabalho intelectual, separada e alienada do trabalho manual,
apenas garante a manutenção da desigual divisão do trabalho e do tempo livre e, portanto, da
sociedade em classes sociais, entre exploradores e explorados, opressores e oprimidos.
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Na observância do fato de que não existe aprendizagem efetiva sem um indivíduo que se sinta
capaz para tal ação - a baixa autoestima dos alunos e ambiente hostil que se instala - são
questões que influenciam nos resultados diretos da aprendizagem como aprovação e notas em
provas internas e externas. Partindo da necessidade de mudança do cenário posto, nasce o
Núcleo de Empatia Prática. Segundo o Dicionário online Priberam, empatia é uma forma de
identificação. Entendemos que a ausência de identificação com o outro é fonte de todo conflito.
Com base nesta constatação, o NEP (Núcleo de Empatia Prática) surge com a grande missão de
sensibilizar pessoas - dentro e, consequentemente, fora do âmbito escolar - da importância da
prática constante da empatia em todos os aspectos da vida do indivíduo. Como desdobramento
deste objetivo geral, cremos que seja possível também: 1) demonstrar uma nova possibilidade
de vivenciar e relacionar com o entorno; moldar condutas que influenciarão positivamente o
ambiente escolar e estimulando novas práticas na relação indivíduo-comunidade. A
sensibilização, para alcance dos objetivos propostos, dar-se-á por meio de reuniões de leitura e
discussão; elaboração de materiais que propaguem a ideia da empatia; atividades que fomentem
atitudes positivas no espaço escolar. Confiamos em ações simples que promovam a
aproximação das pessoas de maneira sadia e pacífica. Acreditamos que tais ações alcancem seus
objetivos a médio e longo prazo. As reuniões começaram em junho de 2017. Inicialmente em
edição mensal mas atualmente conta com encontros semanais (em cada mês, um dia da semana
e horário diferentes). As reuniões têm duração de 1 (uma) hora e acontecem na EEM Professor
José Maria Campos de Oliveira, na Biblioteca. Por meio de ações diárias como “Correio
Elegante” (entrega de recadinhos do coração); ações semanais como “Inspire-se” (bate-papo
entre de ex-alunos - atualmente universitários - e alunos do turno da noite); ações mensais
conforme “Desafios, Direitos e Deveres” (palestras educativas sobre temas atuais por exemplo
homofobia, doença celíaca, doação de órgãos etc.), incitamos a empatia não só como conceito
mas também como práxis. Cremos que o envolvimento dos funcionários, professores, pais e
alunos é essencial.
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Na história do movimento dos trabalhadores tivemos grandes embates entre as suas duas
principais tendências, sendo estas o comunismo e o anarquismo. As figuras de grande referência
das duas correntes trabalhadas aqui são, respectivamente, Karl Marx e Mikhail Bakunin. A
educação não fugiu das debates político-econômicos, visto que ambas tendências acreditam no
seu potencial revolucionário e, a partir disso, surge a discussão em torno da formação integral
dos trabalhadores, perspectiva que propõe a formação intelectual, física e moral como meio de
emancipação. Tanto os anarquistas, como comunistas, compartilham dessa perspectiva, por
terem o trabalho como fundamento da sociedade humana e defendem sua libertação frente à
exploração pelo capital. Por isso, objetivo deste trabalho é analisar as concepções e propostas
de educação em Marx e Bakunin, comparando-os e apontando suas divergências e
aproximações, levando em consideração o contexto histórico das teses dos autores. A
importância desse estudo bibliográfico deixa claro perspectivas de luta político-educacional em
que a instrução dos indivíduos deva se fundamentar na unificação entre trabalho manual e
intelectual, diferindo da atual dualidade educacional capitalista que fragmenta o conhecimento
teórico e prático, gerando o seu caráter alienado. Dessa forma, a formação integral serve como
meio de emancipação dos trabalhadores, pois os preparam para o processo revolucionário. Para
tanto, as obras de MARX; ENGELS (1983), MARX (2015), ABRUNHOSA (2015; 2013) e
BAKUNIN (2003) basearão nosso estudo que imbrica contribuições fundamentais para o
resgate do caráter revolucionário da educação socialista.
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Temos como objetivo nesta pesquisa investigar os Conselhos Municipais de Educação no seu
viés da luta de classes, sendo assim, pressupomos que os CMEs são Órgãos colegiados que
podem e devem participar dos processos decisórios sobre a educação municipal,
desempenhando de atividades de caráter normativa, consultiva, propositiva, e de controle,
promovendo a participação social e a democracia na gestão e acompanhamento das políticas
educacionais locais. É nos aparelhos ideológicos de poder que se dá a construção e
sistematização dos Conselhos, pois é a partir da estruturação das políticas públicas presentes,
moldando e dando forma a realidade presente dentro de uma configuração de poder construído a
partir de diversas ideologias presentes na sociedade em questão. Sendo assim, o CME pode
configurar-se em uma perspectiva social, onde as políticas públicas evidenciam a prática de
ações, incluindo a melhoria da Educação socialmente referenciada, levando para a escola a
prática da democracia através dos Conselhos escolares e na construção do Projeto Político
Pedagógico com a participação da sociedade. Para Marx (1983), os movimentos sociais se dão
nas lutas de classe, sendo assim, o Conselho é um Órgão criado para a luta de direitos, da
educação, do trabalho do educador e melhorias econômicas e estruturas físicas da realidade
escolar. A metodologia utilizada configura-se em uma pesquisa qualitativa através do
Materialismo Histórico Dialético. É por meio deste ideário marxista que observamos a
estruturação do real, da história concreta de fatos políticos, culturais e educacionais e de
movimentos sociais que impulsionam a revolução da sociedade para sua participação social
dentro de uma dialética, uma relação de transformação e contradição. No entanto podemos dizer
que são estes órgãos que podem modificar a estrutura da sociedade através de uma prática
educativa mobilizadora. A democratização da educação brasileira ainda está se estabelecendo
como um saber fixo com a população que atua no processo educativo, as mudanças são de suma
importância, a força do estado e do governo sobre o processo educativo amplifica o
questionamento dos Conselhos Municipais de Educação e o discurso da gestão democrática, é
preciso que esse discurso alie-se a prática, no sentido de que a educação é um direito de todos,
sendo assim, esse questionamento vem de encontro com os CMEs, um espaço importante para
refletir diversas ações.
Palavras-chave: Conselhos Municipais de Educação. Gestão educacional. Crítica marxista.
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O presente artigo tem como objetivo analisar a cultura de paz e o seu projeto de educação e de
formação humana no contexto da ordem social neoliberal. Embora não haja no interior da obra
de Marx e Engels um lugar de centralidade acerca do tema (ou mesmo sobre a temática da
violência), a dimensão, a complexidade e a atualidade da questão ficam evidentes diante do
mais curto giro em observação à história da humanidade e da atual conjuntura, em que
assistimos a ascensão de discursos de ódio, da evocação às ideologias neofascistas e
neonazistas, do cerceamento das liberdades democráticas e da retirada de direitos sociais.
Assim, essa discussão se torna um fértil e pertinente debate não apenas no interior da teoria
marxista, mas para compreendermos e intervirmos na realidade de nossos dias. Como
pressuposto e continuidade da implantação e perpetuação do projeto societário do capital, a
violência aparece sob a expressão do embrutecimento, da constituição estranhada dos seres
humanos e por meio da lógica da competição, do aniquilamento, do extermínio do outro e dos
elementos da natureza. A cultura de paz e seu projeto educacional e formativo aparecem, nesse
cenário, como uma ideologia que visa o apaziguamento e amortização das mazelas e distorções
causadas pelo capital, bem como dos conflitos internacionais e locais que impeçam o
desenvolvimento harmônico dos interesses burgueses e que ponham em risco a segurança do
sistema de nações. Para essa elaboração, partiremos dos vestígios históricos e teóricos
fornecidos por Marx e Engels, em suas críticas à sociabilidade capitalista e aos seus
contemporâneos neo-hegelianos, além de autores que tratam da cultura de paz, como Xesús
Jares e Miriam Abromovay. A presente análise, de caráter bibliográfico e documental, tem o
materialismo histórico-dialético como aporte teórico-metodológico e pretende contribuir para o
debate crítico contrapondo os fundamentos da cultura de paz, bem como estabelecer outra
perspectiva além da que tem se configurado por ela, que coloca a não-violência como tática de
consolidação da paz mundial.
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O atual aprofundamento da ontológica relação orgânica entre o capital e o estado tem como base
material a intensificação do trabalho, a ampliação da precarização e um definhamento imediato
e mais grotesco das condições básicas dos trabalhadores e das trabalhadoras. O tempo desses
sujeitos sociais que trabalham se torna mais expropriado, mesmo quando este trabalhador se
encontra em ambiente fora do local de trabalho. As implicações das relações laborais
acompanham estes sujeitos, mesmo quando se encontram fora da empresa ou fábrica, o que
torna cada vez mais desafiante debater qual o papel que cumpre a luta pela expropriação do
tempo livre pelos produtores de riqueza. Desde o tempo de Marx que a luta pela redução da
jornada de trabalho estava sustentada numa premissa central, isto é, mais tempo fora da fábrica
possibilitava mais tempo de lazer, entretanto, também, mais tempo dos operários na realização
das suas demandas sociais e coletivas. Qualquer luta em torno da emancipação social deve
considerar essencialmente a luta pela expropriação do tempo livre por parte do proletariado,
pois possibilita uma relação de autonomia relativa, abrindo perspectivas no seio da luta de
classe. Logicamente, sabe-se, que os tempos atuais de ampliação do fetichismo temporal e
espacialmente, que o tempo livre tem sido ocupado com mais capitalismo¸ confirmando o
caráter expansivo do capital. A tarefa radical assim deve se contrapor a este processo,
apropriando-se das mais diversas escalas de luta, e sem dúvida, a luta em torno do tempo livre
se forja como uma mediação concreta e necessária. A perspectiva filosófica de outra
sociabilidade, rompida com a exploração, opressão, dominação e humilhação, não pode e não
deve desconsiderar esta urgentíssima demanda social.
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O nosso objetivo neste artigo é de explicitar que com o advento do modo de produção
capitalista, associado à racionalidade técnico-científica, a cultura se converteu em semicultura e
a formação em semiformação. Com isso, a cultura se constitui como algo sagrado,
objetivamente determinado, que subjuga a subjetividade humana aos interesses do grupo
dominante da sociedade burguesa (Cf. Adorno, 1996), transformando os indivíduos em peça de
engrenagem social para exercer funções pensadas pelo sistema produtivo, alheio as possíveis
implicações na vida da humanidade. Neste aspecto, a técnica passa a ocupar um lugar decisivo
na vida das pessoas, que, por um lado, pode contribuir de forma relevante para a vida em geral,
mas por outro lado, o que prevaleceu na sociedade capitalista, o que é considerado como
racionalidade boa, converte-se em irracionalidade, na medida em que a técnica passa a ser vista
como tendo um fim em si mesmo, deixando de ser uma extensão do braço do homem que
realiza ações que contribuem para a autoconservação da espécie humana, para ser fetichisada na
noção de vida digna, porém desconectada da consciência das pessoas no seio da sociedade. Este
é o império do homem tecnológico, afinado com a técnica, que se instrumentaliza pela razão
para conservar o sistema capitalista, em detrimento de sua autoconservação e da humanidade
(Cf. Adorno, 1995). Tudo que ele faz se converte em mercadorias. A sua formação é para fazer
coisas. O homem se constitui como coisa, faz a si mesmo como mercadoria. A formação
cultural que se fundamenta na concepção de uma humanidade sem exploração e injustiça social,
migra para um modelo educacional – semiformação – que se põe a serviço daquela sociedade,
padronizando o comportamento humano a partir de interesses do grupo dominante, tendo a
economia como o critério principal a ser atendido. Se assim o for, no modelo de produção
capitalista, há uma incompatibilidade entre educação e a formação autônoma do sujeito. Esse é
formado para conservar o sistema capitalista, que pressupõe a exploração do homem pelo outro
e a desigualdade social. Por essa razão, investigamos, nesta pesquisa, a hipótese de que a
autonomia do sujeito e a emancipação humana não se efetivam por reformas educacionais, mas
por um modelo de racionalidade que se confunde com a própria educação. A sua principal
preocupação é com a formação cultural dos indivíduos em sua totalidade e não apenas com a
instrução formal propiciada pelas instituições de ensino – escolas.
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Gessica Paulino
Vilson Aparecido da Mata
O trabalho aqui apresentado é parte de um projeto de pesquisa que trata das Contribuições da
Pedagogia Histórico Crítica e da Psicologia Histórico-Cultural para a Educação Física Escolar.
Aqui se apresenta parte da pesquisa de Iniciação Científica cujo objetivo é analisar as relações
entre a Pedagogia Histórico Crítica partindo de Demerval Saviani e o texto sobre a dialética
materialista de Karel Kosik. Nosso objeto de estudo é a formação do educador com base no
Materialismo Histórico Dialético. Diante de uma realidade desafiadora e em constante mudança,
é preciso que o educador se aproprie do seu objeto de trabalho e estudo. De acordo com Saviani
(1996), na formação do educador é necessário se compreender essência e fenômeno, para buscar
respostas e soluções. O senso comum norteia com facilidade problemas como semelhantes à
questão, e mesmo não sendo necessariamente errôneo é vacante no sentido científico. As
argumentações sobre o senso comum que aparecem em Saviani, são também abordadas por
Kosik em Dialética do Concreto (2010). Estas questões abordadas pelos autores constituem o
núcleo do trabalho aqui apresentado. Na análise feita desses autores, percebe-se que o senso
comum deve ser superado em busca de uma consciência filosófica, permitindo entender mais
profundamente a realidade. Desta forma, procura-se aqui estabelecer relações com a formação
do educador.
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O presente trabalho é parte de uma pesquisa maior, cujo título é “Contribuições da Psicologia
Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico Crítica para a Educação Física Escolar”. Como
Iniciação Científica, esta pesquisa, que está em sua fase inicial, pretende analisar as principais
obras e autores da Psicologia Histórico-Cultural que tratam do desenvolvimento e da
aprendizagem infantil, identificando contribuições para a Educação Física escolar. Para essa
abordagem, a aprendizagem e o desenvolvimento infantis só se realizam a partir da apropriação
da cultura, isto é, das relações sociais historicamente produzidas pelas gerações mais velhas. É
assim que se pretende, aqui, desvendar as contribuições da Psicologia Histórico-Cultural para a
Educação Física escolar em relação ao processo de desenvolvimento infantil e o processo de
aprendizagem a partir da educação do corpo. Assim, entendendo que a formação humana não se
restringe somente à educação formal, mas reconhecendo que sem ela não é possível o
desenvolvimento integral do indivíduo, procuramos também examinar de que forma o professor
tem uma interferência importante no desenvolvimento do indivíduo e como isso pode contribuir
para a Educação Física escolar. Esta é uma pesquisa bibliográfica, que, conforme Marconi e
Lakatos (2011), refere-e à análise e à reflexão sobre o conjunto de contribuições já publicadas
por outros estudiosos. Ainda segundo as autoras, a finalidade deste tipo de pesquisa é servir de
base para o pesquisador, pois oferece suporte teórico para que novas proposições sejam
encaminhadas.
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Esta pesquisa é parte do Projeto cujo título é: Contribuição da Pedagogia Histórico Crítica e da
Psicologia Histórico-Cultural para a Educação Física Escolar e representa parte do estudo
realizado na Iniciação Científica, o objetivo é a análise das relações existentes entre a Pedagogia
Histórico Crítica e a abordagem Crítico-Superadora em Educação Física. A Pedagogia Histórico
Crítica, pensa a educação e a formação humana como parte da totalidade social de nossa época.
A abordagem Crítico-Superadora em Educação Física teve sua primeira exposição no livro
Metodologia do Ensino da Educação Física (1992), tornando-se uma referência para
pesquisadores e professores da área da Educação Física. A falta de uma proposta didática para a
abordagem Crítico-Superadora em Educação Física é uma crítica recorrente, a proposição de
uma didática é a pretensão desta pesquisa, procura contribuir para a abordagem Crítico-
Superadora em Educação Física. Esta pesquisa é encaminhada como um estudo bibliográfico,
que, conforme Marconi e Lakatos (2011) refere-se à análise e à reflexão sobre o conjunto de
contribuições já publicadas por outros estudiosos. Ao nosso entendimento, o desenvolvimento
de uma proposta didática para a abordagem Crítico-Superadora passa, necessariamente, pelo
entendimento do método dialético.
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Letícia Fiorese
Vilson Aparecido da Mata
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O intuito de promover a educação na comunidade primitiva, até então tinha a intenção de inserir
os homens na comunidade social. No entanto, com a dissolução da comunidade primitiva,
surgem as divisões de classes com sua estrutura e superestrura e, a partir daí a educação passa a
ser dual, tornando-se dividida, também, entre classes, isto é, uma educação para classe
dominante e outra para a classe dominada. No especifico trabalho, tivemos como objetivo
analisar a função da educação no processo de socialização e reprodução no mundo dos homens
na perspectiva onto-marxiana e, também a finalidade da educação no modo de produção
capitalista. Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se de uma metodologia bibliográfica
dos seguintes autores: Tonet (2012), Lima (2009), os quais desenvolveram reflexões acerca do
complexo da educação na abordagem ontológica e, Freres (2008), Mendes Segundo (2008),
Rabelo (2008), Frigoto (2003), Rocha (2007), estes últimos destacaram sobre a função da
educação no capitalismo como ferramenta de manipulação e dominação dos indivíduos na
sociedade capitalista. O resultado obtido foi que a educação nas sociedades de classes, não
perdeu a sua função, a de inserir os homens na sociedade. O modo social da educação cumpre
seu papel, no entanto, de modo intencionalmente dual e diferencial, existindo dois tipos de
educação, para dois públicos distintos, uma educação integral (completa e enriquecida de
oportunidades) para os filhos das classes dominantes e, outra para classe explorada, ofertando o
mínimo de conhecimento necessário para sua sobrevivência. Conclui-se que, o capitalismo
utiliza da educação para defender seus interesses como uma grande reforçadora de suas
ideologias, para reprodução e perpetuação do capital, fazendo com que a classe trabalhadora
fique no estado passivo, sem a possibilidade de vislumbrar uma nova forma de sociabilidade
para além do capitalismo e toda a sua barbárie. Pois, a ganância do capital negligencia vidas,
sucumbi oportunidades e retém para si e para seu lucro uma justiça unilateral.
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Argumentamos, neste artigo, que o complexo social da educação, em sua particularidade formal
escolar, possui uma autonomia apenas relativa e uma dependência ontológica em relação à
categoria trabalho, não podendo, portanto modificar a realidade social de forma autônoma,
absoluta e inexorável, desrespeitando os nexos causais dos complexos sociais predominantes
que compõem as mediações que movem o metabolismo social do capital. Para esclarecer tal
posição, argumentamos que o complexo social da economia, por conter em seu interior a
categoria trabalho, goza de maior autonomia em relação aos demais complexos sociais fundados
pelo trabalho assim como os complexos do Direito e do Estado que também são possuidores de
maior autonomia relativa do que o complexo social da educação. Realizamos a pesquisa
bibliográfica na redação da ontologia do ser social escrita por Lukács, especificamente a sua
segunda parte, nos textos que versam sobre a reprodução, sobre o trabalho e sobre o complexo
social do direito para compreender a relação de dependência ontológica e autonomia relativa
que a categoria fundante imprime nos demais complexos da reprodução social. Evidenciamos,
dentro de nossos limites, algumas consequências das reverberações da inserção de novos nexos
causais reprodução social do complexo da economia, tendo por intuito esclarecer como a
educação profissional, entendida aqui como uma das particularidades formais escolares, é
expressão da reprodução da lógica de expansão do metabolismo social do capital hoje em crise
estrutural.
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O sistema capitalista toma a escola hodierna como o principal locus de formação do indivíduo
para o mercado, exigindo que a instituição escolar adeque-se ao projeto neoliberal vigente que
transforma o trabalho em uma atividade degradada, alheia e hostil ao trabalhador, fazendo com
que esta deixe de cumprir, portanto, a sua função social de ensinar aos indivíduos os conteúdos
acumulados ao longo da história da humanidade. Nesse sentido, apoiando-se no materialismo
histórico-dialético, o presente artigo tem como objetivos argumentar o trabalho como princípio
fundante do ser social e discutir os fundamentos históricos e ontológicos da relação trabalho-
educação. Trata-se, portanto, de uma pesquisa com abordagem qualitativa, de caráter
bibliográfico, cujo referencial teórico baseia-se em Marx e Engels, Dermeval Saviani, Justino de
Sousa Júnior, Gaudêncio Frigotto e Luiz Antônio Franco, dentre outros. De acordo com as
conclusões a que esta pesquisa chegou, destacam-se as seguintes: há uma relativa subordinação
da educação aos sistemas político e econômico vigentes; o projeto econômico não compreende
o indivíduo dentro de um contexto de totalidade, buscando adequá-lo cada dia mais aos moldes
do mercado; o conhecimento é articulado numa matriz diferenciada para cada classe social, de
modo que para os trabalhadores e seus filhos o conhecimento que é ofertado pelo Estado
configura-se como mínimo; tanto o processo de ensino quanto a atividade do trabalho, no
sistema capitalista, expropriam, exploram, individualizam e alienam o homem. Assim sendo, o
complexo educativo, por encontrar-se inserido em uma totalidade, dispõe de uma autonomia
relativa, estabelecendo, portanto, uma relação de interdependência com os outros elementos da
estrutura social.
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GT
HISTÓRIA, POLÍTICA E
REVOLUÇÃO
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Com Marx, entendemos que o capital é uma relação social que instaura uma forma específica de
sociabilidade na qual a dominação social ocorre primeiramente sob uma forma abstrata, semi-
material, trata-se da dominação dos produtos do trabalho humano sobre os produtores. O capital
instaura uma forma específica de constrangimento social que domina a todos os homens,
aprisionando a humanidade numa lógica de produção pela produção e impedindo a entificação
do que há de humano no homem. Necessariamente associado a essa causalidade estruturante de
sua própria sociabilidade, a lógica do capital envolve a relação entre proletário e capitalista, a
exploração do primeiro pelo segundo, as classes sociais com seus interesses antagônicos, a
propriedade privada dos meios de produção, o Estado moderno enquanto forma política
necessária à contínua auto expansão do valor, etc. No presente artigo cotejamos o entendimento
de Lênin sobre o Estado moderno e as formas de sua superação, com essa compreensão que
temos do que seja capital em Marx. Lenin constrói um modelo teórico voltado para a ação
prática que traz em si três características que marcarão o marxismo tradicional ao longo do
século XX e início do século XXI: uma adoração do Estado (estatolatria), uma fé na política
enquanto esfera resolutiva da emancipação humana (“politicismo”) e uma fé no proletário
enquanto redentor da humanidade. Com essa crítica não estamos dizendo que a política não seja
necessária para a emancipação humana. Ela é necessária, mas não suficiente. Tampouco
estamos dizendo que o proletariado não tenha destaque no processo de superação da
sociabilidade do capital, contudo, tomando simplesmente a produção capitalista, ser proletário é
ser um indivíduo mutilado, é ter sua potencialidade humana negada diariamente. Logo, não é a
função econômica que irá credenciá-lo a operar como sujeito da revolução contra o capital. O
que pode credenciá-lo é se pôr em movimento, enquanto classe, não para se realizar enquanto
proletário, mas para negar essa sua condição. Pois trabalho proletário é a contraparte necessária
do capital e dessa maneira a revolução contra o capital é também contra o trabalho proletário. E
este seria o caso da política que nega a si mesma ao ser implementada, demonstrando o limite
intrínseco e a necessidade da política para a emancipação humana.
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Nas décadas de 1960 e 1970, surge em vários países da sociedade capitalista movimentos de
contestação insatisfeitos com o modo de vida estabelecido, eles estavam dispostos a recusar as
relações sociais de dominação impostos pela classe opressora. Herbert Marcuse (1898-1979) viu
nesses movimentos uma alternativa capaz de iniciar a ruptura da estrutura da sociedade
existente. O artigo tem como objetivo apresentar as formas de resistência e luta dos
catalisadores na teoria crítica de Herbert Marcuse. Como referência principal utilizamos o livro
Um ensaio sobre a libertação, o primeiro capítulo da obra Contra-revolução e revolta, intitulado
de “A esquerda sob a contra-revolução” e o texto A obsolescência do marxismo? O problema
que esta pesquisa levanta é o seguinte: 1) O que são e quais são os catalisadores? 2) Quais são
as suas formas de resistência e luta? A conclusão a qual chegamos é que os catalisadores são
tendências de desintegração existentes na sociedade unidimensional que podem romper a
consciência administrada e reativar o pensamento e comportamento revolucionário da classe
trabalhadora. Para Marcuse, os movimentos de libertação nacional nos países subdesenvolvidos;
as novas estratégias dos trabalhadores na Europa; os estratos desprivilegiados da sociedade
unidimensional e a intelligentsia opositora são alguns dos tipos de catalisadores. Suas formas de
resistência e luta são, respectivamente: a luta armada, a reconstrução dos sovietes, a condição
miserável de sua própria vida e a educação crítica.
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