Você está na página 1de 25

CONTABILIDADE GERENCIAL

1 – Contextualização de Contabilidade Gerencial

1.1 – A informação e o processo de Gestão

A captação e organização das informações internas e externas às empresa permitem


por parte do gestor na alta administração seja no nível gerencial, um processo de tomada de
decisão mais eficaz. Entenda e aprenda a aplicar as técnicas e processos de gestão da
informação, que permite dar apoio a um processo de decisão eficaz.

A informação penetra atualmente de forma intensa em nossas vidas. O mundo se


transforma em uma economia global e interdependente onde observamos grandes fluxos de
informação. A informação e a gestão eficaz de seus processos não tem sido levado em conta de
maneira adequada pela maioria das empresas.

Abordagens e processos de captação, tratamento e análise de informações tanto


quantitativas quanto qualitativas, apresentam-se como facilitadores da compreensão do
ambiente de negócios. Através da evolução dos processos de modelagem, simulações, gestão
com base em indicadores e pesquisas estruturadas em bases de dados e de conhecimento.

1.2 - A contabilidade no processo de gestão

A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões.


Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente,
registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem
sobremaneira para a tomada de decisões estratégicas.

Chiavenato (1999, p.285) conceitua Tomada de Decisões como a identificação e


seleção de um curso de ação para lidar com problema específico ou extrair vantagens em uma
oportunidade. Em suma, decidir é uma parte importante do trabalho de administrar. A tomada
de decisão é o processo de escolher uma estratégia para se defrontar com um problema ou
oportunidade.

Existem relatórios contábeis que são necessários para tomar decisões, como a DRE,
Balanço Patrimonial, Fluxo de Caixa, uma empresa necessita tomar certas decisões para melhor
definir o curso ou a melhor estratégia para se obter resultados satisfatórios, que são necessários
para a sustentabilidade econômica e financeira.

1
2– Contabilidade Gerencial, Contabilidade Financeira e Contabilidade de Custos

2.1 Contabilidade Gerencial

2.1.1 - Definição:

Contabilidade Gerencial é o ramo da Contabilidade que, servindo-se dos próprios


instrumentos de levantamento e interpretação dos dados quantitativos da empresa, pode
informar, orientar e guiar a administração para que possa efetuar as alternativas de gestão e
tomar as decisões de modo mais conveniente”.

2.1.2 - Objetivo:

O aumento do leque dos usuários potenciais da contabilidade se dá em


função da necessidade de uma empresa demonstrar suas realizações para a
sociedade em sua totalidade.

No passado, a contabilidade tinha por objetivo informar ao dono qual foi o


lucro obtido numa transação comercial. No capitalismo moderno, isso somente
não é suficiente. Os sindicatos precisam saber qual a capacidade de pagamento
de salários, o governo busca a agregação de riqueza à economia e a capacidade
de pagamento de impostos, os ambientalistas precisam saber qual a
contribuição para o meio ambiente, os credores querem calcular o nível de
endividamento e a possibilidade de pagamento das dívidas, os gerentes das
empresas necessitam de informações que os auxiliem no processo decisório e a
reduzir as incertezas, e assim por diante. Desta forma, pode-se afirmar que o
grande objetivo da contabilidade é planejar e colocar em prática um sistema de
informação para uma organização, com ou sem fins lucrativo.

2
2.2 - Contabilidade Financeira

2.2.1 - Definição:

É uma ciência ou o conjunto de técnicas que tem o objetivo de registrar o


patrimônio de uma entidade. Por registrar entende-se que ela deve oficializar,
transcrever os fatos acontecidos e que alterem de qualquer forma o patrimônio
– que, por sua vez, é representado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações
da entidade.

1.3.2 - Objetivo

O objetivo principal da contabilidade financeira, portanto, conforme a


Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade é o de permitir a cada principal de
usuários a avaliação econômica e financeira da entidade, num sentido estático,
bem como fazer inferências sobre suas tendências futura.

2.3 – Contabilidade de Custos

2.3.1 - Definição :

É uma técnica contábil utilizada para identificar, mensurar, registrar e


informar os Custos dos Produtos Vendidos, com a finalidade de se apurar
resultados e valorizar os estoques..

2.3.2 - Objetivos:

Conclui-se, genericamente, que a contabilidade de custos tem por objetivos


principais:

- Fornecimento de dados para apuração de Custos e avaliação dos Estoques.


3
- Fornecimento de informações à administração para controle das operações e
atividades da empresa, visando o controle dos custos de produção.

- Fornecimento de informações para planejamentos, orçamentos e tomadas de


decisões.

- Atendimento à exigências fiscais e legais.”

2.4 - Diferença entre Contabilidade Financeira e Contabilidade


Gerencial

A contabilidade financeira refere-se à informação contábil desenvolvida


para o uso de pessoas e entidades fora da organização, tais como acionistas,
investidores, bancos, governo, clientes e fornecedores e a sociedade. É o
processo de produzir relatórios financeiros para constituintes externos,
delimitado por padrões, convenções, autoridades fiscais e exigências dos
auditores independentes.

Em contraste, as informações da contabilidade gerencial são voltadas


exclusivamente ao público interno da organização, porque a contabilidade
gerencial é desenvolvida para atender às necessidades de planejamento,
controle e avaliação de desempenho. O público externo não iria compreender
tais informações, pois não há uniformidade de comparação entre empresas e
não são seguidas regras definidas.

A seguir são apresentadas de forma resumidas tais diferenças:

Diferenças entre contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial

4
Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial
Primordialmente o Pessoas dentro da
Usuários público externo organização
Somente medidas Medidas financeiras mais
Tipo de informação financeiras informações operacionais e
físicas
Avaliação de desempenho O que ocorre no momento
Foco do tempo voltado ao passado e orientada para o futuro
Natureza da Objetividade dos dados, Ênfase na relevância dos
informação confiável e auditável dados, subjetiva e flexível
Regras definidas por Sistemas e informações
Restrição princípios contábeis e para atender às
autoridades necessidades dos usuários
governamentais
Informações agregadas e Informações desagregadas,
Escopo resumidas sobre a relatórios sobre produtos,
organização como um clientes e em qualquer nível
todo
Preocupado com o modo Preocupação com o modo
Comportamento como os números da como as medidas e os
empresa irão afetar o relatórios irão influenciar o
comportamento externo comportamento dos
gerentes.

3- MÉTODOS DE CUSTEIO

A seguir são apresentados dois métodos de apuração do custo do


produto, suas características e principais diferenças.

5
Os métodos em questão são o de custeio direto (ou variável) e o de
custeio por absorção.

3.1 - Custeio Direto ( ou Variável )

O custeio direto está voltado para tomada de decisão. Este método leva
em consideração apenas os custos variáveis de produção e de comercialização
do produto ou serviço, sejam eles diretos ou indiretos. Estão incluídos neste
caso:

Custos diretos

- Matéria-prima;

- Mão-de-obra direta;

- Serviços de terceiros aplicados ao produto etc.

Custos indiretos

- Energia elétrica;

Despesas Variáveis

- Comissões de venda;

- Fretes.

Todos os outros gastos são transferidos para a apuração do resultado,


como, por exemplo, as despesas do período, sem serem apropriados aos
produtos fabricados.

3.1.2 - Custeio por Absorção

6
Este tipo de custeio é o que deve ser adotado pelas empresas,
obedecendo assim à legislação. Por este método de custeio, todos os custos
diretos e indiretos de fabricação são apropriados ao produto, sejam eles
variáveis ou fixos.

Custos diretos

- Matéria-prima;

- Mão-de-obra direta

Custos indiretos

- Depreciação dos equipamentos da produção;

- Manutenção;

- Energia elétrica etc.

1.6.3 -Vantagens e Desvantagens

Segue a exposição, de forma resumida, das principais características e da


utilização desses métodos.

Custeio direto (ou variável)

- É orientado, normalmente, para o aspecto gerencial por permitir a


apuração da lucratividade real de cada produto, não levando em
consideração as exigências legais;

- Seu cálculo é bem simples por não envolver rateios e critérios


complexos de distribuição de gastos entre departamentos;

- Por outro lado, requer a separação dos custos e despesas em fixas e


variáveis, o que exige uma estrutura de classificação dos gastos
adequados para tal fim;
7
- Vale, ainda, observar que seu uso deve ser analisado com maior
rigor em empresa com ativo elevado (companhias aéreas, refinarias,
tecnologia avançada etc.), pois, nestes casos, deve haver a
preocupação com a “absorção” dos custos fixos, especialmente no
que diz respeito à depreciação.

Custeio por absorção

- Atende à legislação fiscal e deve ser utilizado quando a empresa


busca o uso do “sistema de custos integrado à contabilidade”;

- Os critérios de rateio usados para alocar os gastos entre os


departamentos nem sempre são objetivos e podem distorcer os
resultados, penalizando alguns produtos em benefício de outros;

- Por outro lado, permite a apuração do custo por centro de custo,


visto que sua aplicação exige a organização contábil nesse sentido;
tal recurso, quando os custos são distribuídos aos departamentos
de forma adequada, possibilita o acompanhamento do desempenho
de cada área.

- Por absorver todos os custos de produção, permite a apuração do


custo de cada produto, a qual, entretanto, nem sempre reflete o
resultado mais apropriado, devido à distribuição dos custos fixos
por critérios, por vezes, subjetivos.

1.6.4 - Diferença Contábil

A adoção de um dos dois métodos de custeio implica formas diferentes


de contabilização, apresentando, dessa forma, diferentes resultados.

8
Observe a situação abaixo identificada para a empresa Beta, num dado
período, que ilustra essa diferença:

- Matéria - prima (MP) 1.150,00

- Mão - de- obra direta (MOD) 800,00

- Custos indiretos de produção (CIP)

- CIP fixos 420,00

- CIP variáveis 220,00 640,00

- Total 2.590,00

- Produção do mês 10 unidades

- Vendas do mês 5 unidades

- Preço unitário de venda


380,00

- Outras despesas

- Fixas 210,00

- Variáveis 120,00

- Total 330,00

Apuração do Resultado pelo Método de Custeio por ABSORÇÃO:

- Custo unitário de produção = R$ 2.590,00 = R$ 259,00


10 unidades

Demonstração do Resultado do Período

R$

9
Vendas (5 unidades a R$ 380,00) 1.900,00

(-) CPV (5 unidades a R$ 259,00) (1.295,00)

= Lucro bruto 605,00

(-) Outras despesas 330,00

= Lucro operacional 275,00

Estoque final (5 unidades a R$ 259,00) 1.295,00

Apuração do Resultado pelo Método de Custeio DIRETO

(Custo unitário médio) CUP = R$ 2.290,00 = R$ 229,00


10 unidades

Demonstração do Resultado do Período

R$

Vendas (5 unidades a R$ 380,00) 1.900,00

(-) Custos diretos (5 unidades a R$ 229,00) (1.145,00)

Margem de contribuição 755,00

(-) Custos fixos (630,00)

= Lucro operacional 125,00

Estoque final (5 unidades a R$ 229,00) 1.145,00

Comparando-se os dois métodos, observa-se no lucro operacional que


houve uma diferença de R$ 150,00 (275,00 – 125,00). No caso do método por

10
absorção, o lucro operacional foi maior, conseqüentemente, também resultou
em um imposto de renda maior a pagar.

A diferença refere-se, basicamente, ao fato de o custeio direto (ou


variável) ter sido levado diretamente ao resultado gastos de produção; ainda
que indiretos, estes gastos no custeio por absorção seriam levados à conta de
produtos em elaboração e, conseqüentemente, no final do exercício estariam
ainda em estoque.

Por esse motivo, o custeio direto não é aceito para fins legais, a não ser
que se faça os ajustes necessários. Nesse exemplo, teria que ajustar R$ 150,00 a
débito do estoque, e R$150,00 a crédito de despesas, portanto, apurando um
lucro final de R$ 275,00 ( igual ao obtido no custeio por absorção). Caso,
entretanto, a empresa não opere com estoque de produtos acabados (vende tudo o
que produz), o resultado final será igual.

Unidade 2 - Relação Custo x Volume x Lucro

A análise de Custo-Volume-Lucro(CVL) propicia uma ampla visão


financeira do processo de planejamento. Ela examina o comportamento das
receitas totais, dos custos totais e do lucro à medida que ocorre uma mudança
no nível de atividade, no preço de venda ou nos custos fixos. Normalmente, os
gerentes utilizam o CVL como uma ferramenta para auxiliá-los a solucionar
questões do tipo: Em quanto seriam afetados os custos e as receitas se
vendêssemos 1.000 unidades a mais? Se aumentássemos ou diminuíssemos o
preço de venda? Se expandíssemos o negócio para mercados no exterior? O CVL
foi desenvolvido com o intuito de simplificar as hipóteses sobre os padrões de
comportamento do custo e da receita. Este capítulo examina a análise de CVL e

11
explica o quanto suas suposições fundamentais afetam a confiabilidade de seus
resultados.

2.1 - Suposições da Análise de CVL:

A análise de CVL que discutiremos agora está baseada nas seguintes suposições:

1 – Os custos totais podem ser divididos em uma parte fixa e em outra parte
que é variável com relação ao nível de atividade.

2 – O comportamento das receitas e dos custos totais é linear dentro de uma


determinada faixa de atividade.

3 – O preço de venda unitário, os custos variáveis unitários e os custos fixos são


conhecidos.

4 – A análise abrange tanto um único produto quanto supõe que um dado mix
de receita de produtos permanecerá constante mesmo quando a quantidade
total de unidades vendidas se alterar.

5 – Todas as receitas e custos podem ser adicionados e comparados sem levar


em consideração o valor do dinheiro no tempo.

Obs.: Por exemplo, as condições que dão suporte à suposição 2 são as seguinte:
Os preços de venda são constantes dentro de uma determinada faixa de
atividade; a produtividade é constante; e os custos dos insumos de produção
também são constantes dentro da faixa de atividade considerada. Quando
poderia se caracterizar a não-linearidade? No caso das receitas, reduções no
preço de venda podem ser necessárias para elevar o volume das vendas a um
nível mais alto da mesma forma, os custos variáveis unitários podem diminuir
quando o nível de atividade aumentar. Isto ocorre à medida que os empregados
vão aprendendo a manipular os processos mais eficientes.

12
2.2 - PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL, ECONÔMICO E FINANCEIRO

A análise do Ponto de Equilíbrio é fundamental nas obrigações referentes a


investimentos, nos planejamentos de controle do lucro, no lançamento ou corte de
produtos e para análise das alterações do preço de venda, conforme o
comportamento do mercado.

2.2.1 - Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC)

È obtido quando há volume (monetário ou físico) suficiente para cobrir todos os


custos e despesas fixas, ou seja, o ponto em que não há lucro ou prejuízo contábil. É
o ponto de igualdade entre a Receita Total e o Custo Total.

Exemplo:

CVu = R$ 2,50/unidade MCu = PV - CVu

CFT = R$ 2.000,00/mês MCu= R$ 5,00 – R$ 2,50

PV = R$ 5,00/unidade MCu = R$ 2,50

PECq = CFT / MCu

PECq = R$ 2.000,00 / R$ 2,50 = 800 unidades/mês

Comprovação:

DRE R$
Vendas 800 un. X R$ 5,00 4.000,00

( - ) GVT

CVT 800 x R$ 2,50 2.000,00

Margem de Contribuição 2.000,00

( - ) CFT 2.000,00

Lucro 0

Interpretação: No ponto de equilíbrio contábil, a empresas não tem lucro nem


prejuízo, ou seja, o resultado é igual a zero.

13
2.2.2 - Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE)

Ocorre quando existe lucro na empresa e esta busca comparar e demonstrar o


lucro da empresa em relação à taxa de atratividade que o mercado financeiro oferece
ao capital investido.

Exemplo:

CVu = R$ 2,50/unidade

CFT = R$ 2.000,00/mês

PV = R$ 5,00/unidade

Patrimônio Líquido = R$ 25.000,00

Taxa de atratividade = 2% a.m.

PEE = CFT + Custo de Oportunidade/Mcu

PEE = R$ 2.000,00 + R$ 500,00 / R$ 2,50 = 1.000 unidades/mês

Comprovação:

DRE R$
Vendas 1.000 un. X R$ 5,00 5.000,00

( - ) CVT

CVT 1.000 x R$ 2,50 2.500,00

Margem de Contribuição 2.500,00

( - ) CFT 2.000,00

( - ) Custo do Capital 500,00

Lucro 0

Interpretação: a empresa, para cobrir o retorno que o mercado daria ao capital


investido, necessita vender 800 unidades/mês para estar no PEC mais 200 unidades
para chegar ao PEE, ou seja, 1.000 unidades/mês.

14
2.2.3 - Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF)

É representado pelo volume de vendas necessárias para que a empresa possa


cumprir com seus compromissos financeiros.

Nem todos os custos de produção representam desembolsos. Desta forma, os


resultados contábeis e econômicos não são iguais aos financeiros.

Exemplo:

CVu = R$ 2,50/unidade

CFT = R$ 2.000,00/mês

PV = R$ 5,00/unidade

Depreciação = 20% dos CFT, ou seja: ( 20% de R$ 2.000,00 ) = R$ 400,00

PEF = CFT - Depreciação / Mcu

PEF = $ 2.000,00 - R$ 400,00 / $ 2,50 = 640 unidades/mês

Comprovação:

DRE R$
Vendas 640 un. X R$ 5,00 3.200,00

( - ) CVT

CVT 640 x R$ 2,50 1.600,00

Margem de Contribuição 1.600,00

( - ) CFT (Desembolsáveis) 1.600,00

( - )Depreciação 400,00

Prejuízo (400,00)

Interpretação: Mesmo operando com prejuízo, ou seja, abaixo do Ponto de Equilíbrio


Contábil, a empresa pode apresentar condições de liquidar suas obrigações
financeiras.

15
2.2.4 – Representação Gráfica do Ponto de Equilíbrio

Abaixo estão as representações gráficas dos Pontos de Equilíbrios


Contábeis em quantidades ( PECq ) e em Unidades Monetárias ( PEC$ ), através
das empresas A e B.

EMPRESA A EMPRESA B

Receitas Totais
Receitas Totais $ mil
$ mil Custos Totais
Custos Totais
240 240 Ponto de Equilíbrio

200
Ponto de Equilíbrio 200

160 160

120 120 Custos Fixos

80 Custos Fixos 80

40 40

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Unidades (Milhares) Unidades (Milhares)

2.2.5 – Análise de Sensibilidade e Incerteza

A análise de sensibilidade é uma técnica de simulação que examina o


quanto um resultado será alterado se os dados da previsão inicial não forem
obtidos ou se alguma suposição fundamental for alterada. Num contexto de CVL,
a análise de sensibilidade responde a questões do tipo: Qual será o lucro
operacional se o nível de atividade for 5% menor que o previsto? e: Qual será o
lucro operacional se os custos variáveis por unidade aumentarem 10%? A
sensibilidade para diversos possíveis resultados amplia as perspectivas dos
gerentes para o que poderia de fato ocorrer, apesar de seus planos terem sido
bem estabelecidos.

16
O uso corrente das planilhas eletrônicas promoveu a utilização da análise
de CVL em muitas organizações. Usando planilhas, os gestores podem
facilmente acompanhar o CVL baseados nas análises de sensibilidade a fim de
examinar o efeito e a interação das mudanças no preço de venda, nos custos
variáveis unitários, nos custos fixos e no lucro operacional desejado

2.2.6 - MARGEM DE SEGURANÇA

Um aspecto da análise de sensibilidade é a margem de segurança, que

corresponde um indicador de risco que aponta a quantidade a que as vendas

podem cair antes de se ter prejuízo. A margem de segurança é a resposta para

questões do tipo: Se as receitas orçadas estiverem acima de ponto de equilíbrio

e caírem, o quanto elas podem ficar abaixo do orçado antes de atingir o ponto

de equilíbrio?

Margem de segurança = vendas orçamentárias – equilíbrio das vendas

Vendas orçamentárias

Quanto menor a razão, maior o risco de se atingir o ponto de equilíbrio.

Exemplo:

Se as vendas orçamentárias são R$ 40.000,00 e o equilíbrio das vendas é


de R$ 34.000,00, qual é a sua margem de segurança ?

17
Margem de segurança = R $ 40.000,00 - R$ 34.000,00 = 15%

R$ 40.000,00

2.2.7 – Planejamento de Custo e CVL

2.2.7.1 - Opções de Estrutura de Custo Fixo e de Custo Variável

A análise de sensibilidade evidencia os riscos a que uma estrutura de


custo expõe uma organização. Isto pode levar os gestores a considerar diversas
estruturas de custo. A análise de CVL auxilia os gestores nesta tarefa. Considere
o seguinte exemplo: Uma empresa necessita alugar um espaço numa exposição
para apresentar seu produto (Software). Levando em consideração que o preço
de venda é igual R$ 200,00 e que o custo variável unitário é de R$ 120,00. Logo,
a margem de contribuição unitária da empresa corresponde a R$ 80,00 e que, a
seguinte proposta de aluguel foi colocada:

Opção1: R$ 2000,00 como uma taxa fixa.

Opção 2: R$ 1.400,00 fixos mais 5% das receitas de venda obtida na exposição

Opção 3: 20% das receitas de venda obtida na exposição sem nenhuma parte
fixa.

A empresa está interessada em saber como sua escolha de aluguel


afetará o risco que ela tem de enfrentar.

A Opção 1 apresenta um custo fixo de R$ 2.000,00 e um ponto de equilíbrio de


25 unidades ( R$ 2.000,00 / R$80,00 = 25 unidades ). Esta opção propicia R$
80,00 adicionais ao lucro por cada unidade vendida acima de 25 unidades.

A opção 2 apresenta um menor custo fixo, ou seja: de R$ 1.400,00 e ponto de


equilíbrio de 20 unidades (R$ 1.400,00 / R$ 70,00 = 20 unidades ). Há no
entanto, somente R$ 70,00 adicionais ao lucro para cada unidade vendida acima
das 20 unidades.

Obs.: A margem de contribuição passou de R$ 80,00 para R$ 70,00 da seguinte


forma: houve alteração no custo variável unitário, conforme a seguir: CVu=
18
R$120,00 + 0,05(R$ 200,00) = R$ 120,00 +R $ 10,00 = R$ 130,00. Como o custo
variável unitário se alterou, a margem de contribuição unitária também sofreu
alteração, passando para R$ 70,00 ( R$ 200,00 - R$ 130,00).

A opção 3 não acarreta custos fixos. A empresa obtém R$ 40,00 adicionais de


lucro a cada unidade vendida. Estes R$ 40,00 adicionais de lucro operacional
iniciam-se desde a primeira unidade vendida. Esta opção possibilita a empresa
não ter lucro nem prejuízo se nenhuma unidade for vendida.

A análise de CVL evidencia os diversos riscos e diferentes retornos


relacionados com cada opção. Por exemplo, enquanto a opção 1 possui um
maior risco ( um pagamento fixo e antecipado de R$ 2.000,00 ), ela também
possui a maior margem de contribuição por unidade. Esta margem de
contribuição de R$ 80,00 por unidade se transforma em alto potencial se a
empresa for capaz de realizar vendas acima de 25 unidades. Mudando da opção
1 para a opção 2, a empresa se depara com menos riscos (menor custo fixo) se a
demanda for baixa. Por outro lado, ela será obrigada a aceitar um potencial de
lucro menor se a demanda for alta(por causa dos elevados custos variáveis). A
escolha entre as opções 1, 2 e 3 será influenciada por sua confiança no nível de
demanda pelo software e por sua disposição em ariscar.

2.2.8 – O Papel do Imposto de Renda

Quando a empresa projeta o lucro desejado e que é tributada pelo lucro,


ela necessita saber quanta unidade precisa produzir e vender para cobrir seus
custos ( fixos e variáveis), pagar o imposto de renda e obter o lucro desejado.
Para tanto, vejamos o seguinte exemplo:

Uma empresa planeja produzir capacetes para motociclista. Espera-se


que o custo fixo anual para o processo de produção seja de R$ 185.000,00.
Espera-se também, que o custo variável por capacete seja de R$ 74,00. A
empresa pretende vender cada capacete por R$ 99,00. Para tanto, almeja um
lucro líquido de R$ 150.000,00. Quantos capacetes precisa produzir e vender,
sabendo-se que a alíquota do Imposto de Renda (IR) corresponde a 25%.

Fórmula: (1) Q = Custo Fixo + LAIR /MCu

19
(2) LAIR (Lucro antes do Imposto de Renda) = Lucro Líquido do
Exercício / 1 – Alíquota do Imposto de Renda

Logo, o primeiro passo é acharmos o LAIR (2) e posteriormente incluí-lo


na fórmula das quantidades (1): LAIR = R$ 150.000,00 / 1 – 0,25 =

R $ 150.000,00 / 0,75 = R$ 200.000,00.

Vamos achar agora as quantidades: Q = R$ 185.000,00 + R$ 200.000,00/


R$ 25,00 = 15.400 unidades.

Obs.: MCu = R$ 99,00 - R$ 74,00 = R$ 25,00

Prova real:

DRE R$

Receita ( 15.400 x R$ 99,00)......................................... 1.524.600

( - ) Custos Variáveis ( 15.400 x R$ 74,00 )...................... 1.139.600

Margem de contribuição................................................ 385.000

( - ) Custos Fixos............................................................ 185.000

Lucro Operacional( LAIR )............................................... 200.000

( - ) Imposto de Renda( 25%)........................................ 50.000

Lucro Líquido de Exercício.............................................. 150.000

3 - O CÁLCULO DO PREÇO

20
3.1 - DO PONTO DE VISTA TEÓRICO

Para determinação do preço de venda, precisa-se determinar as bases de


distribuição dos

CUSTOS - DESPESAS - LUCRO

Pré determinar o volume de produção de cada produto.

3.2 - NA PRÁTICA A SITUAÇÃO MUDA

Considerando-se uma economia de mercado, onde os preços são fixados pela


lei da oferta e procura, observa-se que:

- O mercado é o grande responsável pela fixação do preço e não os custos.

- A análise dos custos e despesas servirá para verificar a viabilidade em se


trabalhar um determinado produto.

Desta forma conclui-se que:

A decisão na fixação do preço de venda deve ser tomada com base na análise
das informações do departamento de custos, aliadas aos objetivos pré –
determinados pela empresa.

3.3 - FÓRMULA PARA FIXAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

21
VALORES $ p/ UNIDADE (valores monetários)

PV =

MARK-UP (índices percentuais)

MARK-UP = Remuneração do risco

Taxa de marcação

O MARK-UP é um índice aplicado sobre o custo de um bem ou serviço para a


formação do preço de venda.

EXEMPLO

Janeiro/200x

Produção e vendas 1.000 unidades ICMS 17,0 %

Custos Totais R$ 6.000,00 Pis/Cofins 3,65 %

Despesas Totais R$ 3.000,00 Desp. Distrib. 3,0 %

Lucro 10,0 %

RESOLUÇÃO:

1º PASSO: cálculo dos valores unitários

22
Custos 6.000,00 : 1.000 = R$ 6,00 p/ un.

Despesas 3.000,00 : 1.000 = R$ 3,00 p/ un.

Total Unitário R$ 9,00

2º PASSO: cálculo do MARK-UP

MARK-UP 17,0% ICMS

3,65% Pis/Cofins

3,0% Despesas Distribuição

10,0% Margem de Lucro

33,65%

MARK-UP DECIMAL 100% - 33,65% = 66,35% : 100 = 0,6635

MARK UP = 0,6635

3º PASSO: fixação do preço de venda

valor R$ 9,00

23
PV = = = R$ 13,5644

Índice % 0,6635

4º PASSO: fazer a consistência

Preço de Venda 13,5644

RBV 1000 13.564,40


(-) DAI 20,65% 2.801,05

RL 10.763,35
(-) CPV 6,00 6.000,00

LB 4.763,35
(-) DO - fixa 3,00 3.000,00
- variável 3% 406,93

LO 1.356,42

E O PREÇO DO CONCORRENTE?:

CONCORRENTE vendendo o mesmo produto a R$ 11,50 – fazer consistência


para ver a viabilidade de praticar o preço do concorrente.

NOVA CONSISTÊNCIA:
24
Preço de Venda 11,50

RBV 1000 11.500,00


(-) DAI 20,65% 2.374,75

RL 9.125,25
(-) CPV 6,00 6.000,00

LB 3.125,25
(-) DO - fixa 3,00 3.000,00
- variável 3% 345,00
LO (219,75)

25

Você também pode gostar