Você está na página 1de 4

Nome: Reinaldo Leandro Gomes de Aquino

Psicologia Comunitária

Elabore uma produção textual que articulando os quatro textos propostos até o momento
sinalizem o conceito de comunidade e como a Psicologia Comunitária se estabeleceu no
Brasil.

 Texto 01: Introdução: a psicologia comunitária.

No Brasil, o surgimento da Psicologia comunitária data dos anos 1960, quando


psicólogos adentraram em comunidades carentes e utilizaram métodos e técnicas da
Psicologia com o objetivo de levar a profissão a um campo onde não estava presente.
Dava início a um processo de abrangência da Psicologia, que antes atendia apenas a classe
mais favorecida, e também buscavam a melhoria da qualidade de vida dessas áreas.
O início do trabalho do Psicólogo na comunidade aconteceu concomitantemente
a ampliação dos sistemas de saúde e educação pública no país. Inicialmente, buscam
levantar questões relacionadas às condições de saúde, educação e saneamento básico
para, posteriormente, trabalhar com os grupos da comunidade utilizando métodos e
processos de conscientização para que eles tenham conhecimento do seu papel enquanto
sujeito da sua própria história. Esse exercício de autoconhecimento proporciona o
desenvolvimento de uma consciência mais crítica, ética e solidária.
A psicologia comunitária possui perspectivas no campo teórico, metodológico e
nos valores, que visam orientar o trabalho dessa área dentro do campo da Psicologia
enquanto ciência e profissão. As três perspectivas valorizam o trabalho interativo entre o
profissional e o sujeito que habita o espaço comunitário, o trabalho em conjunto na busca
de problemas e soluções para sanar os problemas daquele contexto e a valorização da
ética da solidariedade, os direitos humanos e a melhoria da qualidade de vida da
população daquele espaço. Segundo Góis (1993), a Psicologia comunitária estuda a
atividade do psiquismo humano na busca de transformar o indivíduo em sujeito.

 Texto 02: Histórico e fundamentos da Psicologia Comunitária do Brasil

O golpe militar de 1964 causou grande tensão no Brasil. Nessa época a Psicologia
Comunitária surgia com o questionamento de como trabalhar junto à população os
processos de conscientização e organização. Em 1968, essa preocupação atinge a
universidade, e a partir disso, surge uma reflexão crítica sobre a atuação do psicólogo no
mesmo período em que a antipsiquiatria revoluciona o campo da saúde mental e direciona
o problema para uma ação de intervenção junto a uma população carente.

A expressão “Psicologia comunitária” nasce nos Estados Unidos e em vários


países da América Latina durante esse período de questionamentos e revoluções no
âmbito da saúde mental, porém, a sua proposta inicial tinha um perfil assistencial e
manipulativo, obtendo resultados não satisfatórios em suas intervenções.

Na década de 60 e 70, surgiram grandes projetos em benefício da população. A


educação popular de Paulo Freire e outros, tinha como objetivo principal a alfabetização
como instrumento de conscientização, e esse projeto tinha a participação de psicólogos e
outros profissionais, o que mais tarde levou os profissionais da psicologia a realizarem
atividades de educação popular visando a conscientização da população. Na década de
70, os centros comunitários de saúde mental foram criados por médicos e psiquiatras
como um modelo que tinha como propósito superar os hospitais psiquiátricos. No entanto,
as mudanças não foram tão significativas.

Diante desses acontecimentos, a Psicologia comunitária volta a sua prática para a


prevenção da saúde mental e educação popular, onde envolve uma equipe multidisciplinar
com psicólogos, psiquiatras, pedagogos e assistentes sociais, porém, essas duas linhas se
confundem no 1º encontro Regional de Psicologia comunitária, realizado em São Paulo
no ano de 1981. Na ocasião, foi discutida o conceito de comunidade e sua existência numa
sociedade capitalista e competitiva, como também a procura de compreender a psicologia
comunitária no campo de atuação. Essa busca pela compreensão da prática do psicólogo
na comunidade, teve como propósito fazer a população superar o individualismo e mudar
o seu cotidiano com trabalhos cooperativos e a promoção do conhecimento sobre a sua
própria realidade, através de atividades como prestação de serviços na área da saúde e
educação e psicodrama. Em Belo Horizonte, o 2º Encontro Regional realizado em 1988
teve como objetivo a busca pela sistematização da Psicologia comunitária. Em sua
conclusão, pode-se perceber um avanço na ideia de como seria o trabalho do Psicólogo
na comunidade, promovendo atividades cooperativas e organizadas e o resgate da
subjetividade dos membros daquele espaço.
Na zona rural, a psicologia comunitária visava organizar a população,
promovendo a autonomia e a discussão de problemas relacionados a exploração no
trabalho e o capital. Dentro desse contexto, o psicólogo começou com o papel
especificamente clínico, atendendo os pacientes de forma individualizada e sem ter o
papel ativo nas discussões acerca dos problemas existentes naquele espaço.

. Texto 03: Comunidade: A apropriação científica de um conceito tão antigo


quanto a humanidade

Comunidade é um conceito que surgiu na psicologia nos anos 70, porém, a sua
descoberta não foi graças a Psicologia Social. Seu surgimento se deu através de
movimentos de avaliação crítica nos anos 60, 70 e 80, quando este conceito invadiu o
campo das ciências sociais.

Na área da psicologia, o trabalho na comunidade teve como base um arcabouço


teórico que valorizasse a subjetividade na tradição psicanalítica, institucional e
sociométrica. Antes, o psicólogo era confundido como educador, mas após os avanços do
seu trabalho nas comunidades, ele passou a ter um papel de militância, promovendo a
consciência de classe para combater a exploração no trabalho e a alienação da população.

Conclui-se que, a comunidade é um espaço onde o relacionamento social é de


grande intimidade, onde as vontades individuais se fundem e a coletividade se faz
presente, na busca do bem-estar, da consciência dos direitos e do combate à exploração
no trabalho.

 Texto 04: Psicologia na comunidade, psicologia da comunidade e psicologia


(social) comunitária: Práticas da Psicologia em comunidades nas décadas de
60 a 90 no Brasil.

A Psicologia comunitária no Brasil deu início nos anos 60, sendo uma área
clandestina até os anos 70, devido ao regime militar que se fez presente no país até os
anos 80. Com o fim da ditadura, os trabalhos em comunidades ganharam mais
acessibilidade e desenvolveram reflexões e análises sobre essa prática, dando a
universidade a responsabilidade de desenvolver essas discussões. Também houve um
apelo do estado para que o psicólogo trabalhasse junto à sociedade para juntos buscarem
soluções para as problemáticas que assolavam cada contexto.
O papel do psicólogo, que antes era somente clínico, passou a inserir-se em outros
campos de atuação, utilizando seus métodos e referenciais teóricos nesses campos para
promover saúde. Esse referencial teórico utilizado pelo Psicólogo nas comunidades tinha
um caráter crítico, buscando a compreensão de fenômenos psicossociais e de intervenções
aos problemas presentes no cotidiano.

Por conseguinte, esses trabalhos diminuíram na década de 90 em relação ao


período ditatorial vivido no país nos anos 60, 70 e 80. As intervenções e práticas na
comunidade perderam relevância, porém, por mais que a presença na comunidade nas
décadas anteriores fosse mais assídua, os problemas populacionais não diminuíram ou
foram resolvidos, mas ofereceram subsídios para discussões acerca da problemática que
atinge, principalmente, a esfera menos favorecida.

Você também pode gostar