Você está na página 1de 3

MARIA APARECIDA LIMA DE FREITAS

JORNAL LABORATÓRIO I

Em dez anos cresce número de habitantes da área rural

ou

Aumenta 15% população da zona rural em dez anos

Cidade industrial tem crescimento na área rural

Embora a indústria seja responsável por cerca de 95% do PIB (Produto Interno
Bruto) de Joinville, a população da zona rural da cidade cresceu em dez anos.
São famílias que trocam a vida corrida e estressante da área urbana por um
lugar tranquilo e com muita natureza. Ou que escolhem o ferro da enxada ou
da colheitadeira ao invés do mar de ferro das fundições.

O número de pessoas que vivem na zona rural de Joinville é de 17.438,


segundo dados do censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Comparado com o censo de dez anos atrás, houve um aumento de
15%. Antes o mesmo número era de 14.632.

Enquanto muitas pessoas optam por trabalhar na cidade, outras querem


plantar e se autosustentar. Como é o caso de Jailson Araújo da Silva, 49 anos,
agricultor na Estrada Quiriri de Baixo. Ele planta mandioca, cana, banana e
produz queijo. “Tem pessoas que acham que a cidade oferece mais
oportunidades. No meu caso, acho o contrário. O sítio oferece muitas
vantagens, você pode obter toda a matéria-prima de que precisa. Estou
colocando o meu a venda para comprar outro mais produtivo”, completa.

Jailson é filho de agricultor e possui três criados na área rural. Para ele, é
necessário trabalhar dia e noite para ter retorno financeiro em uma lavoura.
Além disso, questões de clima e limitações ambientais tornam o trabalho mais
difícil. “O meu sítio tem 30 mil metros, dos quais seis não podem ser
produtivos. Há um limite para o número de animais também, existe fiscalização
até na água”, ironiza.
Apesar de todas as dificuldades, Jailson deixa claro que não voltaria a trabalhar
na indústria. “Quem gosta do campo não se adapta à cidade, gosto de fazer o
que faço, especialmente a produção do queijo. Essa é uma atividade que me
agrada”, completa o agricultor.

(Nessa parte seria interessante pedir a opinião da Valdete)

Quem apenas trabalha na produção agrícola de proprietários rurais também


tem uma rotina pesada e pensa um pouco diferente. É o que conta Luis Moacir
Freisleben, agricultor e residente do Quiriri de Baixo há 40 anos. Hoje Luis
trabalha na produção de Aristides Britzig, com plantação de chuchu, tomate,
pepino, pupunha e cana. Ele tem três filhos, os dois mais velhos optaram por
trabalhar em indústrias na cidade.

“Trabalhar na lavoura é muito difícil, é um trabalho pesado, que paga pouco. É


preciso trabalhar no Sol, calor e aguentar mosquitos. A vida no campo é boa,
mas quem tem opção vai trabalhar em empresas”, diz o agricultor.

Opções de turismo rural

Joinville é considerado exemplo para municípios agrícolas que pretendem


investir em atividades rurais. Como a Estrada Bonita, Estrada do Pico e Piraí, a
Estrada Dona Francisca tem se destacado como exemplo de turismo rural. Lá é
localizada a Lanchonete Rio da Prata, que existe desde 1985, a maior da
região. “Os clientes da lanchonete vem de outras cidades, a maioria de São
Bento, Rio Negrinho, viajantes de ônibus da região de Mafra, Canoinhas e
algumas cidades do Paraná”, conta a proprietária Marcia Merkle.

A lanchonete é lotada nos finais de semana e os principais lanches são pastéis


com opção de mais 50 sabores, lanches doces e salgados de diversos tipos.
Márcia diz que os clientes esperam de pé por lugar para sentar, e o problema é
a falta de espaço. “É muito trabalho, até dia de semana. No início não tínhamos
nenhum dia de folga, agora só na segunda-feira. Mas tivemos sorte, muitas
lanchonetes já abriram e fecharam depois de nós”.
Ser proprietário de um comércio na zona rural da cidade tem muitos pontos
positivos. Kleber Luis Lenke, proprietário do Bar e Choperia Péia, localizado em
Pirabeiraba, diz que um deles é o fato de obter matéria-prima direto dos
produtores e ter a clientela também composta por agricultores. “Como não há
opção, muitos colonos se deslocam para serem atendidos aqui. Minha família
possui uma panificadora em Pirabeiraba há 54 anos, a Lenke. Atendemos
muitos clientes do Quiriri, Estrada Palmeira, ou que moram na subida da serra
Dona Francisca. Muitos vem de bicicleta, trajeto que leva mais de uma hora.”,
afirma o comerciante.

Lar no sítio e trabalho na cidade

Andrea Cristina Arriola Hubner mora na área rural, mas trabalha na cidade.
Professora, em um centro de educação infantil ela lamenta as distâncias que
percorre todos os dias. “É necessário acordar muito cedo e, pra quem depende
de ônibus, é pior ainda. Os horários dificultam muito, são de hora em hora,
alguns duas vezes por dia. Atualmente não consigo ver nenhum ponto positivo
em morar na zona rural, as coisas são complicadas em todos os aspectos,
desde comprar um pão para o café da manhã até ir trabalhar”. Andrea, que
mora há 18 anos na Estrada da Ilha, ganhou um lote do sogro e construiu uma
casa. Por opção diz que moraria mais próximo ao trabalho, no centro de
Joinville.

Este não é o caso de Vilmar Otávio Horlandi, bancário de 52 anos, que mora há
mais de cinco na Estrada Quiriri de Cima. Quando questionado sobre a opção
de morar no campo, ele responde rapidamente: “Eu poderia te listar uns 15
encantos da vida no campo: ar puro, barulho das águas correntes, peixes,
contato com a natureza, silêncio. Fazia 20 anos que eu não via os tucanos, essa
semana eu e minha filha vimos um. Ouço o som dos macacos à noite. Um sítio
é paraíso. E a melhor parte é que uma pessoa pode extrair tudo que consome
do sítio, você pode se tornar autossuficiente e ter as vantagens de viver com
bem-estar”.

Você também pode gostar