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JORNAL LABORATÓRIO I
ou
Embora a indústria seja responsável por cerca de 95% do PIB (Produto Interno
Bruto) de Joinville, a população da zona rural da cidade cresceu em dez anos.
São famílias que trocam a vida corrida e estressante da área urbana por um
lugar tranquilo e com muita natureza. Ou que escolhem o ferro da enxada ou
da colheitadeira ao invés do mar de ferro das fundições.
Jailson é filho de agricultor e possui três criados na área rural. Para ele, é
necessário trabalhar dia e noite para ter retorno financeiro em uma lavoura.
Além disso, questões de clima e limitações ambientais tornam o trabalho mais
difícil. “O meu sítio tem 30 mil metros, dos quais seis não podem ser
produtivos. Há um limite para o número de animais também, existe fiscalização
até na água”, ironiza.
Apesar de todas as dificuldades, Jailson deixa claro que não voltaria a trabalhar
na indústria. “Quem gosta do campo não se adapta à cidade, gosto de fazer o
que faço, especialmente a produção do queijo. Essa é uma atividade que me
agrada”, completa o agricultor.
Andrea Cristina Arriola Hubner mora na área rural, mas trabalha na cidade.
Professora, em um centro de educação infantil ela lamenta as distâncias que
percorre todos os dias. “É necessário acordar muito cedo e, pra quem depende
de ônibus, é pior ainda. Os horários dificultam muito, são de hora em hora,
alguns duas vezes por dia. Atualmente não consigo ver nenhum ponto positivo
em morar na zona rural, as coisas são complicadas em todos os aspectos,
desde comprar um pão para o café da manhã até ir trabalhar”. Andrea, que
mora há 18 anos na Estrada da Ilha, ganhou um lote do sogro e construiu uma
casa. Por opção diz que moraria mais próximo ao trabalho, no centro de
Joinville.
Este não é o caso de Vilmar Otávio Horlandi, bancário de 52 anos, que mora há
mais de cinco na Estrada Quiriri de Cima. Quando questionado sobre a opção
de morar no campo, ele responde rapidamente: “Eu poderia te listar uns 15
encantos da vida no campo: ar puro, barulho das águas correntes, peixes,
contato com a natureza, silêncio. Fazia 20 anos que eu não via os tucanos, essa
semana eu e minha filha vimos um. Ouço o som dos macacos à noite. Um sítio
é paraíso. E a melhor parte é que uma pessoa pode extrair tudo que consome
do sítio, você pode se tornar autossuficiente e ter as vantagens de viver com
bem-estar”.