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2016
11635 km: Dias de Amor e Morte
Um forte abraço,
Juliano Schiavo
Jornalista, escritor e biólogo
Palavras do autor
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Capitulo 1
Amor: O Nigredo
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Caçando Estrelas
Durante a noite,
enquanto o espero,
fico à espreita,
caçando estrelas;
E em sua ausência,
nada me contenta;
e sua ausência,
é o que me esquenta;
Durante a noite,
enquanto o espero,
eu apenas espero,
que não tenha mais que esperar,
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Dois Grãos em um Trilhão
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Nuvens
Se todos os suspiros, Mas seu coração foi tomado
me levassem até você, e minha música não o toca,
morreria sem ar, pois seu medo o abraça,
pra te ver; e meu canto não basta.
Como quem nada sem rumo, Mas seu coração foi ferido,
encontrei sua ilha, não consigo curá-lo,
e sem armas, e por mais forte que seja o
encarei seus demônios. sentir,
meu canto é fraco;
Canto, canto,
na esperança de apaziguá-los, Mas continuo cantando
e toco sua alma, a esperança em curar,
em ato inquestionável; mas continuo cantando
esperando-o amar.
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Ponte invisível
O amor é a melhor ponte sonho e sorte;
entre duas almas, Entre a potencia e realidade,
dois vazios, entre desejo e saudade,
dois olhares, entre ter e ser.
dois calores. O amor é
É a menor distancia, todas as exclamações
entre dúvida e certeza, que se impõe,
contentamento e beleza, e todas as virgulas,
festa e avareza. que insistem em reaparecer;
É o único destino Todos os “adeus”,
dos soldados de chumbo, acompanhados de “olá”,
feitos de carne; e todos os finais,
e o maior temor, que acabaram de começar.
dos falsamente corajosos; É, no fim,
Pois o amor é, a única coisa que persiste,
e sempre será, e resiste,
o melhor atalho ao tempo.
entre a vida e a morte,
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Caronte
Suprimindo,
como quem segura o vento,
ele escapa,
e se instala;
Quando noto,
o coração
que dizia estar vazio,
está amando;
E quando sigo
estou voltando,
porque no fim,
não há enganos.
Conheço o Hades
e, como poucos,
sei por onde ir,
para não sucumbir;
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Sigo pelo rio da morte, e eu brilho em você,
e com uma dose de sorte, e se houver um inferno
hei de chegar, entre nós,
até você; serei o rei do Hades;
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Corrida sob a Chuva
Esperança é persistir,
naquilo que sinto que está por vir,
mas que a razão nega,
e a fé completa.
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Ser Sintético
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Não consigo ser sintético
sabendo os detalhes da vida,
pois sou supernova de sentimentos,
e é impossível controlar aqui dentro.
Não serei o primeiro nem o último,
Serei único.
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Sobre Pétalas que morrem
Persisti,
resisti,
fugi,
reagi;
Violentamente,
nadei contra o rio,
que sem permissão,
se impôs entre nós;
Derramei
muitas lágrimas,
e muitas pétalas,
com minhas juras escritas;
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E acabei
acabando com quem fui,
construindo quem me tornei,
e espalhando;
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Nós do Tempo
Há um lugar em mim,
onde nunca dissemos adeus,
onde não há dor,
e nossas mãos ainda estão dadas;
Há um lugar intocado,
onde você ainda põe sua música favorita,
e me acorda com café na cama,
lendo, para que sinta sua voz bonita;
Há um lugar em mim,
onde nem eu,
nem você,
morremos pelo tempo e distância;
Há um lugar,
em algum lugar,
que nada, nem ninguém, pode abalar,
onde o protejo como o tesouro que eras;
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que jamais passará,
pois nesse lugar,
ainda somos "nós";
E os nós do tempo,
não podem nos sufocar,
porque nesse lugar,
nada mudará.
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Verbo Haver
Ha um tanto de beleza
na amargura,
Um tanto de dor
na despedida,
Um tanto de dúvida
na ferida.
Há um tanto de indiferença
no olhar,
Um tanto de desejo
em ficar,
Um tanto de liberdade
na busca.
Há um tanto de amor
em tudo,
Um vazio
maior que o mundo,
Há um tanto de você
em mim.
Há um tanto de escuridão
no brilho,
Um tanto de tudo
no vácuo,
Um tanto de querer
em negar.
Há um tanto de hesitação
em recomeçar.
Há a vontade de vencer,
em tentar.
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Capítulo 2
Morte: O Albedo
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Desafio
A distância conspirou,
e assoprou,
em minha face
tomada por lágrimas.
Acreditei em minha força,
como quem acredita no amor jovem,
e lutei, lutei,
contra o oceano que aumentava.
Os dias passavam,
e o sentimento se instaurava
mas, cada vez mais,
via que sozinho estava;
E o oceano afastava,
tudo que não importava.
Abruptamente notei,
que seu amor dissipava,
e a distância que fora inimiga,
passou a ser amiga,
porque foi ela quem ensinou
uma grande lição de vida:
Não se pode forçar
o que a natureza está a criar,
e não se pode obrigar,
alguém a te amar;
pois, se amor é fogo,
distância é vento,
e o verdadeiro sentimento,
há de tornar-se firmamento.
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Correr
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Revisitei memórias, Deixo meus restos na praia,
ressenti sentimentos, e aguardo pacientemente
agradeci o aprendizado, alguém,
continuei correndo; para derrubar meu castelo de
areia,
Não sei o fim dos e permitir que a grama
apaixonados, cresça;
tampouco sei o fim do
caminho, Porque eu corri
apenas continuo a correr, o mais longe que pude,
esperando um novo destino. e desmoronei,
por trás das paredes de
Minhas pegadas ficaram na areia;
areia
mas, logo serei apagado, E não há oceano mais
importante mesmo é ser profundo,
lembrado, nem muros mais altos,
por aqueles por quem fui que aqueles construídos,
amado. para um coração desolado.
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Despedida
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Ilusões
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Inconstância
De tanto me empurrar,
aprendi a voar,
e o amor que jurei não matar,
foi jogado ao mar.
E o maior deles,
foi acreditar,
que você algum dia,
poderia ficar;
E quando recordar
do amor que cansei de dar,
deixe-se mergulhar,
em seu próprio rio de lágrimas;
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não é saída: é armadilha,
e deixar de te amar não é possibilidade,
é liberdade;
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Assassino Passional
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vou cortá-lo e arrancá-lo de
Me marca, mim,
me mancha, adeus amor,
mas não dissipa, Adeus.
minha vida;
Sangrarei até a morte por
Estou coagulado, sua ausência,
rastejando pela escuridão, mas olhando as estrelas,
segurando-me nos erros, sorrio à liberdade e à dor,
como quem sangra até a por estar vazio de sentir.
morte.
Prefiro a hemorragia do não
Matá-lo foi um tiro em meu sentir,
peito, a dor do sentir muito,
mas sou um assassino, por te entregar o mundo
e se pra matá-lo eu tiver e receber o luto;
que morrer,
você não terá para onde Porque por amor não se
correr. morre,
por amor não se sofre,
Segure minha mão com pois se você estiver
sangue, sentindo isso,
já se tornou um assassino.
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Sobre Melancolia
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Sobre o Amor
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Piano Mudo
Desejei longamente,
que me entregasse sua mente,
mas agora tudo que desejo,
é que fiques contente;
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Então aprendi a tocar sua música,
porém seus ouvidos não a escutam,
então não faz diferença o amor ou desprezo,
se não há por quem ter desejo;
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Dívidas e Dúvidas
O amor é mentira
e é incerteza,
porque aqueles que dizem amar,
ainda estão cobertos de dúvidas;
E aqueles que dizem não sentir,
estão cobertos de mentiras.
E tamanha convicção em sentir,
nada mais é que estaca em lama,
e a luta em negar
é batalhar pela derrota;
Porque amor é mentira
quando se promete o futuro,
sem conhecer o presente,
e é incerteza,
quando prometemos
que tudo será para sempre;
Mas aspiramos seu cheiro,
e inspiramos os desejos,
de que o amor seja eterno,
e que sempre bata em nosso peito;
E por mais que prometamos
que não mais o alimentaremos,
lembramos rapidamente,
dos erros que cometemos;
Quando dizemos que é o fim,
começa,
e quando dizemos que é para sempre,
cessa.
E mesmo escondendo as bússolas,
nosso coração pulsa
para seguir o velho,
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destino chamado amor;
Porque é mentira
que um coração não se cura,
e é incerteza
não mais amar outra criatura;
Porque, às vezes, o que dizemos ser fim
é apenas ínterim,
e, às vezes, o ódio jurado
é amor camuflado;
Pois, é tudo mentira
quando dizemos que,
jamais o teríamos amado
se soubéssemos sobre o fim,
antes de ter começado;
Porque sabemos,
sempre sabemos,
que amor é incerteza,
de alegria,
ou de tristeza.
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Névoa congelante
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Versos e apertos
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Sobre corações que secam
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Todo início é o fim da busca, Mas o coração está seco,
todo término é o adeus eterno, e a alma está cheia,
e quando a flecha fere, então tentamos mais uma vez,
sempre prometo que será a pela última vez.
última;
Isso é ser humano.
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Capítulo 3
Transcendência: O Rubedo
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Desilusão
Os dias passam,
e ainda aguardam,
pelo amor que há de chegar,
quase sempre, falho;
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Poeira galáctica
Às vezes, paro
e sinto – me,
toco minha própria pele,
encaro meu próprio reflexo,
procuro rugas,
encontro novas marcas,
vejo meus olhos,
mudarem de cor.
Algumas vezes
memorizo sorrisos,
analiso expressões,
aperto mãos,
abraço e,
sempre,
tenho a consciência,
de que em algum momento,
serei pó,
e que antes disso,
terei sangrado,
e morrido,
inúmeras vezes.
Às vezes sinto
a mudança que não vejo,
as marcas que não mostro,
as lágrimas,
que nunca mais,
hão de escorrer
em demasia;
sigo,
reluto,
contra a força,
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contra o tempo,
Contra tudo que me levou,
a ser,
quem sou.
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Abismo
Sinta as raízes,
vindas de seu submundo,
e sinta-se,
consumir pelo Todo;
Ajoelhe-se,
ante a soberania,
entregue sua vida:
existência é poder,
e Morrer é escolher,
Entre todas as portas,
Uma contém a luz
e a saída,
mas não a verá,
enquanto não for consumido,
pelo submundo;
Pois, somente os que perdem
podem ganhar,
e somente os que sacrificam
sabem valorizar,
sentimentos arcaicos,
impronunciáveis.
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Transcendência
Mergulhe, Sentir,
até a árvore da vida, é a única maneira,
e encontre, de ser você;
sua fonte de ilusões; E olhe,
Crescer nunca foi fácil, o sol e a lua,
transcender, em perfeita harmonia,
não é palpável. Transcender,
Siga a intuição, todos os dias.
abra-se para a escuridão, Grite,
transcender, quebre,
supera qualquer razão; jogue-se,
Ouça os sons entregue-se,
de suas batidas, E quando ser você,
esmague todos os não o saciar,
sentimentos, transcenda
de sua vida, e seja,
beba seu sangue, Tudo.
afogue-se nele;
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Estiagem
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Self
Eu sou
todo o amor que poderia ter desejado,
todas as limitações que proclamei,
todas as dores que chorei,
todos os deuses que cultuei.
Sou o centro do meu próprio mundo,
e aquele na beira do precipício;
Sou as flores que secaram
e as sementes que semearam;
Sou todas as coisas que poderia ter sido,
todas as coisas que gostaria de ter vivido,
todos os amores
pelos quais teria morrido.
Sou o início e o infinito.
Sou mar,
de possibilidades,
a luta do profano
com a divindade;
O desejo,
e a saudade.
Sou o que gostaria de ter dito,
e silenciei,
sou todos os sentimentos
que gritei.
Sou todas as crises,
pelas quais passei.
Sou o que gostariam
que tivesse sido,
e a rebeldia,
descabida.
Sou o nada, buscando,
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aprendendo,
vivendo,
sofrendo,
Amando.
Sou o Todo.
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