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O Pensamento de DEUS:
A) DEUS é incognoscível, inescrutável, insondável, infinito, transcendente (Jó 11:17).
B) Ao mesmo tempo, DEUS deve ser conhecido (João 17:3; Os.6:3).
Buscando a DEUS pelos próprios métodos não é possível conhecer a DEUS, Is. 55:8, 9.
Conclusões finais, absolutas, não podem ser alcançadas a partir de métodos humanos (I
Cor.2:11 e Rom.11:33 e 34).
O homem pela sua própria iniciativa não pode alcançar a DEUS. Há um abismo profundo entre
DEUS e o homem.
Paradoxo Resolvido
1. DEUS não pode ser conhecido;
2. A Bíblia afirma que DEUS deve ser conhecido (João 17:3; Os.6:3). 1
3. O paradoxo é resolvido através da Revelação: DEUS não pode ser conhecido pelos métodos
humano. Sim. Mas DEUS resolve isso revelando-se ao homem. Aquele que é transcendente
cruzou o abismo, invadiu a história humana e deu-Se a conhecer.
O homem deixado a sim mesmo, desajudado, não pode conhecer a DEUS; DEUS só pode ser
conhecido na proporção em que Ele Se revela - “Self-Revelation” - a única maneira de conhecer a
DEUS. Única maneira de conhecer Sua personalidade.
Se DEUS declara Sua mente, Seus propósitos por alguma forma, o homem só pode se aproximar de
DEUS pela maneira em que Ele Se revelou.
4- REVELAR -
A) Definido pelo dicionário - expor, abrir, manifestar, descobrir...
B) Etmologicamente - deriva do verbo latino “VELO” - cobrir, pôr um véu.
Então revelar significa descobrir, “remover o véu”.
C) Revelação, pelo conceito bíblico, é algo que vem de fora, um dom divino que nos livra da
ignorância, da morte, etc.
1
OBS: Conhecimento, no pensamento hebraico, não apresen-
ta dicotomia entre teoria e prática. Esta separação é produto
do pensamento grego. Da perspectiva bíblica, o conhecimento
conduz à prática.
O verbo lembrar no hebraico, não é um simples exercício
da memória; não é abstrato. mas concreto. Quando DEUS lembra,
algo acontece (I João 5:20).
Revelação e Inspiração
Revelação não é conhecimento perdido ou adquirido por processos mentais lógicos, por indução ou
dedução ; não nasce de dentro, vem de fora.
No Cristianismo, Revelação é um dom divino, é a manifestação da graça divina, da divina vontade de
DEUS em ser conhecido.
Tanto no hebr. quanto no grego, é a manifestação daquilo que está escondido, oculto à mente ou
nossa compreensão.
MISTÉRIO - na Bíblia é algo que pode ser conhecido se revelado, e nunca algo que pode ser
conhecido por investigação ou esforço diligente.
Não há caminho do homem para DEUS - ascendente - mas sim, de DEUS para o homem -
descendente.
A razão pela qual o homem com sua própria razão não pode alcançar a DEUS, é que o pecado
obstacula este caminho.
A menos que DEUS Se mova em direção ao homem, este permanece em trevas. Assim, a única
maneira de conhecer a DEUS, é pela revelação que Ele faz de Si.
Mat. 16:16 - “carne e sangue” - símbolo de fraqueza e fragilidade humana - não pode alcançar o
conhecimento de DEUS; só a revelação pode fazer-nos conhecer a DEUS. Revelação cristã é a auto-
manifestação de DEUS sem a qual não o conheceríamos.
6- A Tradição Desafiada
O conceito tradicional de Revelação, como comunicação objetiva de verdades em forma
proposicional, tem sido desafiado recentemente por outra noção qualificada de Revelação
Existencial.
Quais as acusações com Tradicional ?
6.1 - Primeiro argumento contra a noção tradicional:
A identificação da revelação divina com as palavras humanas da Bíblia é degradante para DEUS,
porque torna DEUS responsável pelo que está escrito na Bíblia, inclusive seus eventuais erros e
enganos.
6.2 - Conceitual tradicional é objetável porque tal conceito oferece ao homem algo menos
que um encontro e comunhão pessoal com DEUS; DEUS é reduzido a uma fria doutrina.
Parece igualar a Revelação a um livro ou uma série de doutrinas.
E. BRUNNER diz que o protestantismo tem um novo Papa - a “Bibliolatria”.
Os críticos dizem que o conceito tradicional é um novo tipo de deísmo, um DEUS distante do
homem, e a comunicação é feita através de um velho livro.
Em contraste com o ponto de vista tradicional, teólogos contemporâneos afirmam que devemos
conceber a natureza da revelação divina de outra maneira, não como um corpo de verdades,
doutrinas contidas na Bíblia, ao contrário, a Revelação divina tem como seu propósito a DEUS em Si
mesmo como uma pessoa.
JOHN BAILLIE sumariza assim:
“O que é revelado não é um corpo de informações ou doutrinas; DEUS não nos dá informações por
comunicação; Ele dá-nos a Si mesmo em comunicação.” The Idea of Revelation in Recent Thought.
KITEL endossa BAILLIE.
ALBRECHT OEPKE - art. “APOKALUPTW” Vol. 3, pp.563-592.
DEUS revela Sua presença ao homem, o que é a verdade é a revelação subjetiva no homem, não
num livro confinado.
Neste caso, a revelação ocorre num encontro pessoal com DEUS; o apelo não é feito a uma
norma objetiva e sim subjetiva.
Revelação toma lugar na experiência subjetiva do homem, não em um livro.
A Bíblia não é verdade objetiva em si mesma.
A revelação media a presença de DEUS, não doutrinas.
Além do mais, revelação não foi algo completo no passado com o encerramento do cânon; ela
ocorre continuamente na Igreja nos atos de DEUS.
Revelação e Inspiração
Pontos Principais:
1. Revelação não vem de fora e sim de dentro.
2. O centro da religião muda da Bíblia para o coração do homem.
3. Revelação não envolve conteúdo dado por Deus. As doutrinas são humanas em forma e
conteúdo e devem ser descartadas quando se tornam muito importantes.
Esta é uma mudança radical, um desvio do Cristianismo histórico, uma mudança para um
conceito de Revelação como sendo experiência interior.
Revelação e Inspiração
BARTH acusa Schleiermacher de ser Panteísta.
Schleiermacher deixou algumas marcas da Teologia Protestante. Negou o conceito Paulino da
queda e universal pecaminosidade do homem.
O principal impacto; nenhuma autoridade externa (Bíblia, Igreja, credos) tem precedência
sobre a experiência imediata do crente. Com Schleiermacher o Cristianismo foi reduzido ao
status de uma religião entre as outras (porque este mesmo sentimento é experimentado nas
outras religiões.
GEORGE HEGEL - 1770-1830 - No reino da filosofia afirmou mais ou menos a mesma coisa, ou
seja, que o Cristianismo é uma religião entre as outras e revelação nasce de dentro do homem.
Revelação e Inspiração
I - IT - EU - COISA
I - THOU - EU - TU
O homem não vive em isolamento, mas em relações. O homem ocidental envolveu-se com
o método científico e empírico, olhando o mundo como uma coleção de coisas (IT). Nós
abstraímos, medimos, identificamos, caracterizamos, tudo ao nível do cérebro.
Temos a tendência de fazer a mesma coisa com as pessoas - coisificar as pessoas.
I - IT e I - THOU é a dicotomia básica do mundo ocidental.
Neste processo, o EU permanece como um observador distante, um expectador não
envolvido, tudo pode ser analisado a nível de uma atividade cerebral.
A atitude I - THOU encontra sua mais alta intensidade no relacionamento com DEUS -
DEUS é o eterno THOU, o outro, e este relacionamento não deve ser a nível de coisa.
DEUS nos convida a um relacionamento em termos de OUTRO, sem o elemento coisa. Neste caso, o
OUTRO nos convida a um relacionamento profundo. Neste encontro com DEUS, o elemento IT não
pode existir, segundo BUBER, está completamente ausente.
Ele dizia que frequentemente o homem tem coisificado a DEUS, procurando igualar a DEUS a nível
de assentimento intelectual, a um certo número de doutrinas concernentes a DEUS. Com isto o
homem tem tentado manipular a DEUS, tornando DEUS como ele próprio homem, moldá-Lo a sua
imagem. Em outras palavras, este DEUS é uma projeção do próprio homem e, por isto mesmo, um
DEUS muito pequeno.
Mas o eterno THOU está convidando o homem não para um relacionamento EU - COISA, mas para
um genuíno encontro EU - TU, no qual todo elemento impessoal deve desaparecer.
BRUNNER tomou esta idéia e aplicou à Teologia escrevendo 2 livros nesta área:
IV - REVELAÇÃO GERAL
1- Duas revelações: a Teologia tradicionalmente tem feito referência a duas formas de Revelação,
ou revelação que encontra duas formas de expressão:
A- GERAL 1. Natureza
2. Consciência Humana
B- ESPECIAL1. Jesus Cristo - Revelação Máxima (Heb.1:1)
2. Bíblia - Palavra Escrita, originalmente confiada a um grupo
especial de pessoas.
Revelação e Inspiração
V - REVELAÇÃO ESPECIAL
1. Sua Necessidade - A necessidade especial tem sido descartada, como pertencendo a uma era de
ignorância, credulidade.
O homem moderno, com sua quase reverência pelo método científico, tem concluído que se a
ele fossem dados os instrumento e o tempo necessários, resolveria os problemas da
humanidade. 94% dos cientistas conhecidos vivem hoje e os problemas básicos da humanidade
não têm sido resolvidos.
Problema básico: sob que autoridade vivemos hoje? Sob que autoridade o sentido da vida se torna
claro: interior ou exterior? O homem é uma autoridade inadequada, a esta inadequação humana para
a solução de seus problemas, acrescenta-se um profundo sentimento de culpa que acompanha cada
pessoa que invoca a necessidade de Deus.
Então, chegamos a que tipo de Deus é este com que temos que tratar? Como Ele é conhecido?
Embora a revelação geral possa dar alguma informação sobre Deus, o universo não pode ser
mais preciso em suas informações do que um objeto criado informar algo sobre seu fabricante
(mesa falar do carpinteiro).
Podemos conhecer personalidade até certa medida por observação, mas nossa avaliação pode
ser errada, nossos motivos podem ser mascarados, e o EU real daquela pessoa pode ficar
escondido. Daí, personalidade só se conhece através de auto-revelação.
Então, se o homem não pode compreender o próprio homem, como poderia ele conhecer a Deus?
Personalidade só se conhece por auto-revelação. Então Deus só pode ser conhecido
adequadamente à proporção em que Ele Se revela, comunica a Sua mensagem, e esta
revelação não é apenas importante, é CRUCIAL, VITAL.
Gen. 1:1 - Respostas a quatro perguntas básicas da EPISTEMOLOGIA:
1. QUANDO? No princípio
2. COMO? Criação
3. QUEM? Deus
Revelação e Inspiração
4. QUEM? Céus e terra
As questões finais da vida podem ser respondidas apenas pelo Autor da vida. Apenas a revelação
especial provê uma chave adequada para interpretar os propósitos e destino do homem (PROTO-
LOGIA).
As descobertas científicas, conquanto importantes, não nos podem dar certeza quanto ao
propósito da vida, nem razão pela qual a vida deva ser vivida.
É apenas conhecendo a DEUS na Sua revelação que podemos ter a resposta.
Este conhecimento, adaptado aos dilemas da existência humana, pode ser encontrado na
Bíblia. A Bíblia é o meio ou conduto da Revelação Divina: “Veio a mim a Palavra do
SENHOR...” 130 X; “Assim diz o SENHOR...” 359 X.
A Bíblia reclama para si este Status.
Heb.1:1 - DEUS falou de muitas formas, estágios de comunicação. Sobre estas agências se baseia
a autoridade e conteúdo da Teologia.
1. A Glória da Bíblia é que ela apresenta um DEUS pessoal, que torna-Se a Si mesmo conhecido,
um DEUS que entra em concerto (BERIT), comunga conosco, parte o pão convida os
pecadores para a paz.
Ao contrário dos deuses gregos e pagãos, que não falavam, não se revelavam, DEUS
quebra o silêncio mortal que nos envolve, invade a história e estabelece o diálogo conosco.
Interessa-nos estudar Revelação como manifestação da graça e misericórdia de DEUS,
revelação que oferece base para a fé.
As credenciais da revelação cristã, não são o apelo de uma remota e austera autoridade de
um DEUS distante e afastado.
A diferença básica entre a Bíblia e os outros livros é que eles não falam de boas novas. O
que torna diferente a revelação cristã e a Bíblia é sua mensagem de graça e perdão, que
irresistivelmente atrai os pecadores.
DEUS não Se conserva distante, Ele cruza o espaço e Se revela.
2. Caráter Dinâmico da Palavra:
A- Quando o escritores do V.T. falam da Revelação de DEUS, revelação de DEUS ao Seu povo,
frequentemente falam da Palavra de DEUS - DABAR YAHWEH (Mínimo 200 X).
Gn. 15:1 - “A palavra do Senhor veio a Abraão...”
I Sam.3:21 - “O Senhor Se revelou a Samuel pela Palavra do Senhor”.
II Sam. 7:4 - “A Palavra do Senhor veio a Natã”.
Sal.105:19 -
Sal.111 identifica a palavra com a lei.
Nos profetas literários, encontramos esta mesma fórmula. Na abertura de cada um destes livros,
todos são similares na afirmação “veio a mim a Palavra do SENHOR” (Am.3:8; Os.1:1; Isa.1:10;
40:8; Jer. 1:1 e 2).
Estes profetas entenderam a mensagem como sendo de DEUS e não deles mesmos.
Qual é o caráter da Palavra?
Caráter Criativo da palavra: Gn.1:1
Sal.33:6 - Paralelismo sinônimo: A palavra é identifica com o sopro de Sua boca, este sopro é
símbolo de vida.
Cada estágio da criação é descrito de forma similar como sendo a palavra de DEUS, a criação
é resultado da Palavra e deste modo o autor nos ensina quão poderosa é esta Palavra, diferente
das palavras humanas. Quando DEUS fala, algo acontece. Quando o homem fala, nada ocorre;
Quando DEUS fala, grandes coisas acontecem.
Revelação e Inspiração
Jer.8:9 distingue entre a palavra de seus eruditos contemporâneos e a Palavra de DEUS.
A palavra é a mais direta e clara expressão do pensamento humano. Assim o pensamento de DEUS é
expresso na Sua criação do mundo. E não é por acidente que em Gn. 1 e Sal.23 a Criação é atribuída
à Palavra e ao sopro de DEUS.
VI- INSPIRAÇÃO
BERNARD RAMM, The Evangelical Heritage, p.115:
“Devido a uma massiva reconstrução da doutrina da revelação pela nova ortodoxia e a uma igual
minimização da doutrina da inspiração, inspiração como um tema teológico tem praticamente
desaparecido; apenas alguns evangélicos fundamentalistas e alguns católicos romanos têm mantido o
conceito em sobrevivência.
O conceito de inspiração tem se extinguido dos círculos teológicos, sendo mantido por um pequeno
grupo.
1. Definições:
a) Revelação - É o ato divino pelo qual DEUS Se revela e habilita o profeta a entender alguma coisa,
quer seja doutrina, verdade, alguma coisa que o profeta não poderia por ele mesmo.
Propósito da revelação - é a comunicação de informações; é sempre teocêntrica e seu propósito
final é trazer pessoas a um relacionamento com DEUS.
b) Inspiração - Literalmente significa “espirito en” - é o ato divino pelo qual DEUS habilita o profeta
a perceber e comunicar de forma fidedigna e confiável aquilo que lhe foi revelado.
AVERY DULLES - (teólogo católico moderno - Jesuíta) - faz uma distinção “a inspiração das
Escrituras embora não sinônimos com a revelação, está intimamente relacionada com ela em
sentido atual, revelação é a comunicação inicial de informação ou entendimento ao recipiente
original (profeta, apóstolos) enquanto que a inspiração é o divino impulso, a assistência pelo qual
a revelação previamente recebida pode ser própria e acuradamente transmitida ou escrita.” - p.38.
A inspiração garante que aquilo que foi revelado seja comunicado ou escrito de maneira fidedigna.
O profeta deve depender do Espírito Santo tanto no receber como no comunicar.
Então a inspiração é o ato divino pelo qual DEUS habilita o profeta a perceber e comunicar aquilo
que lhe foi revelado. Então, quando é que o profeta move-se da revelação para a inspiração ?
É mais difícil à nossa mente ocidental, porque estamos mais preocupados com o como, (curiosidade
Revelação e Inspiração
intelectual) esta é a nossa preocupação, é mais importante, não estamos basicamente interessados na
essência das coisas e sim com o “como”, “por que?” ou “para que?”
Desejamos conhecer fatos científicos de uma esperiência existencial e nossa mente ocidental espera
este tipo de resposta para o fenômeno sobrenatural. A mente semita, ao contrário, não se preocupa
com o como e o porquê.
Qual a função ? e esta é a razão porque a Bíblia não oferece respostas para muitas das nossas
questões. Ela foi escrita para uma outra mentalidade, interessada em outro tipo de questões.
A revelação é fornecida com o propósito de proclamação, não para satisfazer o ego do profeta, a
revelação não é um fim em si mesma.
Revelação e inspiração são aspectos interligados do fenômeno da divina manifestação. Estes dois
aspectos não devem ser separados.
c) Iluminação vem a pessoas em geral; não tem que ver com o profeta funcionando como profeta.
Iluminação habilita aquele que crê, o que recebe a iluminação do profeta, que necessita do Espírito
para entender a mensagem do profeta.
Iluminação é o ato divino pelo qual DEUS habilita a qualquer pessoa que está em correto
relacionamento com Ele a entender a mensagem profética.
Correto relacionamento - a pessoa tem uma parte a cumprir no fenômeno da inspiração. Pode
haver diferentes profundidades neste relacionamento, mas em cada caso, DEUS espera uma
atitude dócil, um espírito sensível.
Iluminação tem que ver com a assistência que nos ajuda a entender a mensagem profética.
2. Dados Bíblicos da Inspiração:
Existe nas Escrituras pouco a respeito do “como”, o processo pelo qual ela foi formada, de como a
inspiração funciona. Textos fundamentais para a compreensão: II Tim.3:16.
Este texto pode ser entendido de duas formas:
1. Toda Escritura divinamente inspirada;
2. Toda Escritura é divinamente inspirada.
As duas traduções são possíveis, pois o verbo não está presente na frase original, é necessário a
complementação de sentido.
PASA GRAPHÉ THEOPNEUSTOS - é a única vez que ocorre esta palavra no N.T.
Este texto tem sido entendido de diversas maneiras:
a) BARTH - inspiração é o desejo dos escritores bíblicos em testemunhar a revelação. Ele toma
THEOPNEUSTOS em sentido subjetivo, isto é, o termo expressa o estado psicológico do
escritor bíblico.
b) Para os EVANGÉLICOS, inspiração é o processo pelo qual a revelação como sendo a
Palavra de DEUS, é colocada na forma escrita. O termo é tomado então em sentido
objetivo; ele indica a atividade divina, a qual, atuando no homem, gera um produto, ou seja,
as Sagradas Escrituras.
B. WARFIELD, num artigo intitulado “Inspiração”, demonstra que as palavras com terminação
EUSTOS, são as palavras de sentido ativo, indicando aquilo que está sendo produzido. Portanto,
nesta análise, temos duas posições:
1- Inspiração como processo, DEUS atua no homem.
2- Inspiração como resultado, a Bíblia.
WARFIELD inclui ambos os aspectos da Inspiração.
Revelação e Inspiração
B. RAMM diz que BARTH não teve conhecimento do estudo de WARFIELD no estudo
das terminações.
Os escritores bíblicos são inspirados como sendo assoprados pelo Espírito Santo. Assim
que o produto da atividade deles transcende os poderes humanos e torna-se
divinamente autoritativo.
A idéia de DEUS “assoprar” é encontrada no V.T., sendo uma vívida metáfora para
descrever a atividade divina: Sal.33:6; Jó 33:4.
Na LXX o “fôlego” ou “sopro de DEUS” é atividade dAquele que cria e causa todas as coisas, e a
Bíblia, ou pelo menos o V.T., é considerado o produto da atividade de DEUS, ela deve a sua
existência à atividade divina. Seu conteúdo e caráter são determinados pela ação de DEUS. É em
virtude deste fato que Paulo acrescenta que ela é “útil para ensinar, para redarguir...”
Então, o que torna a Bíblia o livro que é, relação a outros escritos, não é o gênio, a prosa literária, a
beleza de sua poesia, e sim o fato de que ela é o sopro de DEUS, ela tem esta dimensão.
II Ped.1:19-21 - o caráter geral da epístola tem um caráter pastoral, instruir, advertir, edificar,
confirmar, a Igreja que enfrenta uma situação de desagregação. O contexto é polêmico. Pedro está
escrevendo contra falsos mestres - licenciosidade, negação da parousia.
1:16, 17 - o apóstolo apresenta com evidência para a volta de Jesus a experiência da Transfiguração,
dizendo ter sido testemunha ocular.
Aparentemente os falsos mestres estão torcendo as Escrituras, acomodando-as aos
seus falsos ensinos.
v.20 - Pedro diz que eles não têm direito de fazer isto, pois as Escrituras não são uma questão de
interpretação profética, nem mesmo os profetas tiveram o direito que os falsos mestres estão
pretendendo.
Após falar do aspecto negativo, de como as Escrituras não foram produzidas, Pedro
então afirma o aspecto positivo da produção das Escrituras: “Homens movidos pelo
Espírito...”
A ação do Espírito caiu nos homens - ANTROPOI; eles foram movidos -
FEROMENOI, e este verbo descreve o profeta como sendo impulsionado pelo
Espírito Santo, eles falaram , mas falaram por parte de DEUS.
Este texto afirma a completa inspiração dos profetas, embora não use o termo
inspiração. Nos dois textos (Tim e Pedro) há uma combinação de Inspiração objetiva
e subjetiva.
Crítica à Inerrância:
Isto seria lógico, isto é, que as duas andam juntas, (1)se a Bíblia ensinasse uma doutrina de inspiração
mecânica, mas não é esse o caso. (2)Além do mais, lembremo-nos que um documento sem erro não
garante que ele seja inspirado. É possível escrever um texto em outras ciências absolutamente
perfeito, mas isso não garante que seja inspirado.
(3) Os inerrantistas fazem a autoridade da Bíblia depender de sua completa inerrância
(Teoria do dominó).
Portanto, afirmar que a Bíblia não contém nenhum erro ou nenhum tipo de erro, é noção
baseada num conceito enganador de inspiração, da Bíblia como um super livro, uma
enciclopédia...
CONCLUSÕES:
1- A escolha da palavra inerrância é infeliz porque não faz justiça ao caráter das
Escrituras. É um conceito estranho, que cria mais problemas do que resolve.
2. Devemos reconhecer que o “como” da revelação não está claramente expresso, detalhado, nas
Escrituras. A combinação da humanidade e divindade, deve ser reconhecido - caráter bipolar.
Como ocorre esta confluência, faz parte deste mistério, e o homem não é chamado a dar
explicações àquilo que DEUS não explicou.
3. A Bíblia é a Palavra infalível de DEUS na vestimenta humana. A revelação de Deus foi dada ao
homem através de conceitos e mensagens humanas; neste processo, o Espírito Santo
acomodou-Se a Si próprio à linguagem e ao modo de pensar do escritor bíblico, entrando na
história e limitações deles. E uma vez que o Espírito inspirou e superintendeu o trabalho deles,
Revelação e Inspiração
a Bíblia é a Palavra de DEUS.
4. Quanto à questão: “tem a Bíblia erros”?, a resposta é “NÃO”, na medida em que nos
lembremos do longo e laborioso processo de como ela veio a nós. Na medida em que
aceitamos os padrões de precisão da época em que foi escrita e nos recusemos a impor sobre
ela padrões externos. Na medida em que estejamos dispostos a abrir espaço para algumas
rugas, fragilidades humanas, dificuldades, que Deus na Sua providência permitiu que fossem
retidos na Bíblia.
5. Não devemos nos esquecer que nesta área de discussão, podemos errar tanto pela direita
(inerrância) quanto pela esquerda (liberalismo). Vencer a Bíblia de tal maneira (bibliolatria) que
fechamos os olhos para a dimensão humana da Bíblia.
6. Como harmonizar as discrepâncias da Bíblia? Algumas delas podem ser harmonizadas pelo
estudo da língua, exegese, método histórico, análise, ver o propósito teológico... Não há mais
alta visão da inspiração do que aquela visão que a Bíblia contém, e este é o meio pelo qual
Deus no-la deu. Qualquer esforço para remover todos os traços da sua humanidade, alisar suas
rugas, é de dato diminuir a noção bíblica de inspiração; se Deus as permitiu é porque na Sua
providência há um propósito para elas.
Deus não nos chamou para aperfeiçoar o que Ele tem feito; Deus é capaz de tomar conta de
Sua Palavra. Ex. UZÁ.
7. Far-nos-ia bem lembrar que a suprema revelação de Deus em Jesus Cristo, a Palavra encarnada,
seguiu o mesmo modelo.
Heb. 2:17 - à semelhança dos irmãos
Isa. 53:2 - sem parecer nem formosura
Não houve nenhuma intenção de Deus na encarnação de Jesus de impressionar o homem com
aparência, ao contrário, a aparência foi velada em Sua humildade.
Lutero falava da Teologia Crucis e da Teologia Gloriae; Deus Se revela pela Teologia Crucis, velado
em Sua humanidade, enquanto que Teologia Gloriae é a teologia dos homens - homem assentado no
trono, querendo parecer Deus.
Assim, a esta manifestação de Deus em humilhação, os sábios na sua sabedoria não puderam
compreender a Jesus, o Seu caráter, a partir dos parâmetros humanos, e eles O julgaram na Sua
aparência exterior, por Sua humilhação e por Sua cruz. Enquanto aqueles que O julgaram pela
aparência viram nEle apenas um impostor, outros a quem Ele foi revelado Ele foi revelado não pela
carne ou sangue, viram nEle o Filho de Deus, o Salvador do mundo. A mesma coisa acontece com as
Escrituras, a outra encarnação...
A intenção e Deus foi impressionar-nos com um super-livro, absolutamente perfeito, capaz de
convencer-nos de cada aspecto, muito pelo contrário, Ele velou Sua Palavra na palavra dos homens;
enquanto muitos a rejeitam em sua simplicidade e roupagem humana, outros têm discernido neste
mesmo Livro, através de sua vestimenta humana, a infalível Palavra de Deus, e estes, curvados a esta
manifestação de Deus, têm-se curvado como o pequeno Samuel: “Fala, Senhor, que o Teu servo
ouve”, ou como Saulo no caminho de damasco: “Que queres que eu faça”?.
7. Perspectiva Bíblica da Inspiração.
Pouco existe na Bíblia que nos ajude a formar uma teoria sobre a Inspiração.
O profeta é integralmente inspirado e sua personalidade é integralmente envolvida.
BERKOWER - Inspiração Orgânica
ASD - Inspiração Dinâmica.
Isto quer dizer que a Inspiração inclui a cultura, língua, profissão, sexo, etc...
II Ped. 1:19-21 - Único texto específico sobre a questão da inspiração (ANTROPOI -
FEROMENOI)
Revelação e Inspiração
A Bíblia não ensina o “como” ou o MODUS OPERANDI da Inspiração, mas ainda assim é
possível formular uma doutrina que se harmonize com os fatos bíblicos que ensinamos.
Se a inspiração fosse verbal, não haveria diferenças de estilo, linguagem, etc. Compare o Grego
de Hebreus com Apocalipse; o Hebraico de Isaías com Amós.
II Tim. 4:12 - Paulo fala de algo particular.
Ex. 4:10,15,16
Ex. 6:28 - 7:2
Nestes textos, Moisés apresenta escusas para não atender ao chamado de Deus. É uma representação
da Inspiração na Bíblia: Moisés é para Arão o que Deus foi para Moisés. Isto não significa que Arão
falou exatamente o que Moisés lhe disse (pois esta foi a desculpa de Moisés, de que sabia falar,
pesado de língua); Moisés deu as idéias, os conceitos, e Arão falou em seu próprio estilo.
Portanto, nestes textos, temos uma representação clara da revelação na Bíblia.
SUMÁRIO:
V.T. - DEUS DIZ
N.T. - AS ESCRITURAS DIZEM
Gen. 12:1-3 - Gal. 3:8
O Senhor disse As escrituras dizem
Êxodo 19:13-16 - Rom 9:17
O Senhor disse As escrituras dizem
Paulo, treinado nas ciências rabínicas, iguala as Escrituras com o que Deus disse.
3.c - JESUS E O VELHO TESTAMENTO
O testemunho de Jesus é particularmente importante, é crucial, pois se Jesus é o que disse ser, seu
testemunho é vital.
Cristo respeitou as referências aos eventos e registros do V.T. Ele creu em sua historicidade. Os Seus
ensinos estão saturados de referência ao V.T.
Lc. 24:27, 44
João 5:39
Alguns dos mais questionados eventos pela alta crítica, receberam atenção especial do Senhor:
Criação, Casamento Monogâmico, Dilúvio, Destruição de Sodoma e Gomorra, Destino da
Mulher de Ló, Purificação de Naamã, Jonas.
Cristo frequentemente apelou ao V.T., a Moisés e seu significado literal às palavras. Ele apelou à
profecia de Daniel concernente à destruição de Jerusalém, 40 anos mais tarde. Se Daniel fosse um
indivíduo imaginário, um personagem não real, que significado teria usar sua profecia???
Em sua discussão com os judeus sobre o casamento apelou para Adão e Eva.
Frequentemente Jesus usou a fórmula: “Está Escrito”, mas ainda é válido hoje.
Deut. 6 - Queda de Israel
MT. 4 Jesus, o novo Israel, vence.
Mt 16:21 “...era necessário sofrer...ser morto....”
Jesus estava convencido de as Escrituras são a Palavra de Deus; Era impossível Ele morrer para
cumprir algo que não fosse a Palavra de Deus.
3.d. - USO DO V.T. PELO N.T.
Revelação e Inspiração
Alguns dizem que se os escritores do N.T. tivessem aceito o V.T. como inspirados, eles teriam sido
mais cuidadosos no uso que fizeram.
A depender do critério usado, o N.T. usa no mínimo 228 vezes o V.T. e no máximo 1600 vezes.
O livro de Apocalipse cita mais o V.T. do que o número de textos que possui. Alguém disse existir
pelo menos 2500 referências indiretas ao V.T. no Apocalipse.
Embora se encontre no N.T. 228 referências ao V.T.. apelas 53 textos concordam de forma acurada
com o texto hebraico. Então porque os escritores neo-testamentários não foram mais cuidadosos ao
citar o Velho Testamento?
Esta considerável liberdade na letra e significado leva alguns a objetar que os escritores do N.T. não
tiveram um “alto conceito” pela inspiração do VT.
Duas Objeções:
1. O escritor do N.T. que não cita acuradamente o V.T. não pode tido em “alto preço” a inspiração
do VT.
2. Os escritores que não citaram o VT. cuidadosamente não podem ter sido inspirados pelo Espírito
Santo
A primeira objeção desafia o conceito de inspiração do VT e a segunda desafia o conceito de
inspiração do NT.
RESPOSTA: Pontos a considerar:
1. Os escritores do NT tiveram que traduzir o texto hebraico para o grego ou usar a versão dos
LXX.
Nenhuma tradução pode ser completa e perfeitamente igual ao original, pois ao se traduzir
também se interpreta.
Lembremo-nos que muitas vezes o autor usava o texto de memória. O que é significante notar
é que os escritores do NT usaram em grande medida a LXX e, apesar das imprecisões desta
versão, em nenhum caso eles construíram um erro teológico por causa da versão usada.
2. Os escritores do NT não tinham as mesmas regras para citações como nós as temos hoje. Não
tinham sinais de pontuação, não tinham diferenças entre letras maiúsculas e minúsculas, não
tinham forma de indicar separação de palavras, não tinham aspas para indicar o começo e fim
da citação, não tinham marcas de elipse (...) para mostrar a omissão de palavras, não tinham
colchetes ou parênteses para indicar um comentário editorial (Ef.6:2), não tinham notas de
rodapé para distinguir as diferentes fontes. Eles seguiram as normas aceitas em seus dias,
citaram o VT como qualquer outra fonte, sem qualquer indicação, como era a norma da época.
Ao avaliar o trabalho deles hoje devemos fazê-lo pelas normas vigentes em seus dias e não
pelas nossas.
3. Tradução livre do VT. - Citaram de memória, outras vezes mudaram pronome, sujeito e verbo,
para uma aplicação imediata.
Mt. 13:14
Isa. 6:9,10 João 12:39,40
Atos 28:26,27
Essas eram normas aceitas na época.
4. O novo elemento que veio com Cristo. Os escritores do NT tinham consciência desta
extraordinária verdade que traz uma nova expectativa ao VT. Passaram a olhar todo o VT pelo
prisma do Evangelho.
Revelação e Inspiração
Eles acrescentaram uma dimensão teológica ao significado histórico original. Os profetas não
viveram na plenitude dos tempos. Então, para os escritores do NT não foi apenas o que os escritores
do VT disseram, mas o que DEUS quis dizer através deles. Em outras palavras, o profundo
significado original não foi esgotado no VT, assim a plenitude dos tempos acrescentou uma nova
perspectiva. Não apenas o simples significado histórico, mas o significado final visto sob uma nova
luz que brilha em Cristo.
4- A Escrituração do NT
Como veio o NT à existência ? Temos nós um fenômeno de escrituração no NT ?
A autoridade do NT foi construída sobre a vontade de DEUS.
Jesus, muito antes de ser aceito como Messias, foi aceito como um profeta por Seus discípulos. Após
a ressurreição e pentecostes os cristão primitivos aceitaram e afirmaram as suas convicções sobre o
VT como a revelação de DEUS, fortalecendo a idéia de uma nova revelação em Jesus.
Todo o movimento missionário do Cristianismo primitivo foi profundamente enraizado no
reconhecimento de Jesus como a suprema revelação de DEUS, DEUS feito carne - João 1:14. Algo
novo aconteceu na história.
Gal.1:11, 12.
O NT foi construído sobre o fenômeno da revelação. Paulo diz que seu evangelho lhe foi revelado
por Jesus Cristo.
O Evangelho não é compilação de sentimentos pessoais, não é resultado de reflexão sobre algum
evento.
II Tes. 2:15 - tradições - PARADÓSIS - significa “corpo de ensinos proclamado pelos apóstolos”,
quer de forma oral ou escrita. Esta nova revelação tornou-se a Torah do NT, como caráter autori-
tativo.
I Cor.15:1-3 - O Evangelho proclamado por Paulo tinha por conteúdo a própria pessoa de Jesus.
Os apóstolos esperavam que seus ensinos fossem lidos.
I Tes.5:27 - “conjuro-vos que esta epístola seja lida...”
POR QUÊ ?
Porque eles criam que aquilo que passaram como ensinamento oral ou escrito era reconhecido como
revelação.
Col.4:16 - ler a epístola para a igreja de Laodicéia.
II Tes.3:14 - os próprios limites da comunhão cristã são determinados pela aceitação ou rejeição da
carta. A reação aos escritos foi de aceitação como ao VT - um “Assim diz o senhor”. Sua rejeição
não era a rejeição do homem, mas dAquele que o enviou.
I Cor. 14:37 - “... as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.”
Revelação e Inspiração
DOCUMENTO DE ESTUDO:
CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS
É essencial que a IASD mantenha uma focalização clara sobre as verdades imutáveis que têm
caracterizado sua mensagem e missão únicas a um mundo rebelado contra DEUS. Seguidamente a
administração de nossa Igreja vem recebendo perguntas muito sérias a respeito do que ensinamos em
matéria de temas bíblicos. Quando surgem indicações de que o Senhor nos pode estar levando a uma
compreensão mais completa de alguma verdade bíblica, ou de alguns dos ensinos da Igreja se estão
desviando das verdades das Sagradas Escrituras, é preciso que ela, a Igreja, reexamine e reestude
seus ensinos históricos e os grandes princípios da verdade sobre os quais eles se fundamentam.
Tal atitude tem a maior das importâncias num tempo como o presente, quando os cristãos se
defrontam com pontos de vista novos e até com desvios radicais da ciência e da Teologia, quando
comparados com a “fé que uma vez foi dada aos santos” (S. Judas 3, AA). Talvez não haja setor onde
existam mais conflitos do que aquele que trata da criação da vida e da historicidade dos relatórios do
Gênesis que dizem respeito ao princípio de todas as coisas.
Foi considerado o que acabamos de mencionar, que a direção da Associação Geral se esteve
aconselhando amplamente com respeito àquilo que os ASD compreendem como sendo o que a Bíblia
ensina sobre a validade da revelação especial.
Nestes últimos anos, cientistas, teólogos, administradores, professores e outros estudiosos da Igreja
em todo o mundo se estiveram dedicando a estudos sobre a revelação-inspiração e, como resultado,
Revelação e Inspiração
se fizeram numerosas revisões em textos e chegaram até nós sugestões de origem várias. Tais
esforços se fizeram sem haver quaisquer intenções visando desanimar estudos mais profundos neste
ou em qualquer outro campo doutrinal da Igreja. Desejamos estar sempre com a mente e com o
coração abertos para a verdade, a medida que o Espírito for revelando. A direção da nossa Igreja
sente a necessidade de haver algumas diretrizes que nos auxiliem nos ensinos e na pregação da nossa
mensagem que se enquadrem na estrutura dos antigos marcos milionários e que, ao mesmo tempo,
conservem nossas mentes abertas para verdades que se expandem.
Estamos apresentando estas declarações, visando desfrutar cada vez mais do benefício que nos traz a
influência salutar da Igreja. Apreciaremos a remessa de comentários e sugestões a respeito do
assunto, e pedimos que, por favor, os envie ao Pr. W.Duncan Eva, o Vice-presidente da Associação
Geral1 encarregado de recebê-los.
A Administração da Associação Geral.
Introdução
O Cristianismo é uma religião revelada e não produto de qualquer invenção ou desenvolvimentos
humanos. Ele se baseia no conhecimento que DEUS comunicou por meio das Sagradas Escrituras -
os 66 livros do VT e do NT. Para que os seres humanos pudessem conhecer DEUS, o plano da
salvação, sua origem, natureza, destino e responsabilidade, este conhecimento teve de lhes ser
comunicado por revelações da parte de DEUS.
Referências e Citações
1. Romanos 1:19, 20; Salmos 19:1-4;
2. Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levantamento e a queda de impérios,
aparecem como desempenho da vontade e façanhas do homem. O desenvolver dos aconteci-
mentos em grande parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na Palavra de
DEUS, porém, afasta-se a cortina, e contemplamos ao fundo, em cima, e em toda marcha e contra
marcha dos interesses, poderio e paixões humanas, a força de um Ser todo-misericordioso a
executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade.” - E.G. White,
Educação, p.173.
3. João 14:8-11
4. João 20:31; Josué 10:13, II Sam. 1:18; II Sam. 1:18; I Crôn. 29:29; II Crôn. 9:26 2 26:22
5. Judas 14,15; Lucas 1:1-4
6. Isaías 30:8
7. Rom. 3:2
8. João 5:39; Rom. 1:2
9. I Tess. 2:13, Rom. 9:6; I Ped. 1:23; II Cor. 4:2.
10. Grande Conflito, p. 9
11. Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 21
12. O Grande Conflito, p. 9
13. Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 19
14. Idem, p. 22
15. Primeiros Escritos, p. 221
16. Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 19
17. Educação, p. 171
18. Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 16
19. Mas Deus terá sobre a terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só como norma de
todas as doutrinas e base de todas as reformas... Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito,
devemos pedir em seu apoio um claro ‘Assim diz o Senhor’. - O Grande Conflito, p. 594.
20. “Sua Palavra é dada para nossa instrução; nada há nela que seja falho ou de molde a orientar
mal. A Bíblia não é dada para ser provada pelas idéias humanas quanto a ciência, mas a ciência
Revelação e Inspiração
deve ser submetida à prova da infalível norma” Conselho dos Professores, p. 383.
21. Baseando-se nisso, o método para se estudar a escritura deve estar de acordo com a natureza
da Escritura e se desenvolver também de acordo com ela. “As dificuldades encontradas nas
Escrituras jamais podem ser dominada pelos mesmos métodos que se empregam em se tratando de
problemas filosóficos. O Grande Conflito, p. 598.
22. Deut. 22:6-8; Núm. 5:11-31; Col. 3:22-25; I Cor. 14:34,35.
23. I Cor. 12:3; João 3:3; Sal. 107:43; Parábolas de Jesus, p. 113,408/9 Caminho a Cristo (edição
de bolso), p. 86,92: O Desejado de todas as Nações, edição de 1978, p. 94.
24. João 3:8; Testemunhos Seletos, Vol. I, pág. 582-584.
25. I Cor. 13:12
26. I Cor. 2:10,13.
COMO OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA COMPREENDEM A CRIAÇÃO E A
RECRIAÇÃO
1. Os adventistas do sétimo dia crêem que a Bíblia é a revelação inspirada, digna de confiança e
autorizada para a humanidade. Portanto, cremos: que “no princípio criou Deus os céus e a Terra”
(1); que, como Criador de todas as coisas, Deus transcende a Natureza, a história e as civilizações
humanas; que todo relatório do Gênesis sobre a obra da criação(2) é uma história curta, mas
essencial e real da origem do planeta Terra e de toda a vida que nela existe; que o Gênesis contém
o verdadeiro relato da queda do homem no pecado da história primitiva da raça humana e do
dilúvio mundial de Noé(3); que a Bíblia fornece a estrutura dentro da qual, como seres humanos,
podemos compreender o universo(4); que a Bíblia e a Natureza se esclarecem mutuamente(5),
mas que a Natureza é um livro secundário que revela Deus(6) somente quando for lido e
interpretado pela palavra escrita.
2. Aceitamos a estrutura do tempo apresentada pela Bíblia e que indica claramente uma história curta
da vida e da raça humana sobre a terra.(7).
3. Aceitamos a afirmação de que “a Terra... era sem forma e vazia”(8) quando Deus a trouxe para a
existência; e que Ele criou todos os seres vivos que nela existem e todas as circunstâncias
adjacentes durante os seis dias literais e consecutivos da criação. Cremos, portanto, que a
existência de fósseis na terra pode ser explicado como sendo um registro das formas criadas da
vida e dos seus descendentes, podendo estes apresentar modificações limitadas quando
comparadas com seus tipos originais. Não os consideramos como sendo resultado dum
desenvolvimento gradual e contínuo do que é vivo, a partir dos seus começos mais simples, nem
como sendo resultado de quaisquer tipos de criações sucessivas em vastos períodos de tempo.
4. A mensagem central do relatório da Criação tal como está em Gênesis 1:1-2:25 é que Deus é
criador de todas as coisas, que foi assim que Ele criou o homem e que Sua criação teve lugar no
tempo ali registrado. Nós mantemos este ponto de vista em oposição aos que atribuem todos os
fenômenos naturais a processos inerentes a Natureza, ou que apresentam Deus como sendo
apenas o iniciador das coisas num passado distante. A Bíblia é o registro divino e a interpretação
do envolvimento contínuo de Deus na Sua criação deste planeta, especialmente no que diz
respeito aos seres humanos. O propósito de Deus para estabelecer e manter uma ligação pessoal
com Sua criação está claramente apresentado na Bíblia, no relacionamento inicial dEle com os
seres humanos mediante o procedimento paciente que vem mantendo com eles desde sua queda.
(9).
A Bíblia liga a criação diretamente com o sábado do sétimo dia que foi instituído pelo próprio
Criador no fim da semana literal da criação como memorial de Sua obra criadora(10). Deus
ordena a fiel observância deste dia não só por servir de lembrança contínua do Criador e da
semana da criação, mas também porque leva o homem criado a reconhecer que depende do seu
criador e a reconhecer o poder redentor e recriador de Deus em todas as épocas. O sábado aponta
também para o futuro, para a restauração da perfeição edênica(11).
Revelação e Inspiração
6. Portanto, o relatório que o Gênesis faz da criação deve ser visto na relação essencial que mantém
com a natureza do homem e com o plano divino feito para sua salvação. O homem foi o único ser
que Deus criou à Sua própria imagem e que é capaz de manter um companheirismo com Ele. O
acontecimento histórico do pecado no Éden, quando a obediência e fidelidade que pertenciam
somente ao criador foram entregues a Satanás, quebrou a relação harmoniosa que existia entre
Deus e o homem. Esta primeira entrada do pecado com seus efeitos degeneradores e desastrosos
sobre o resto da criação de Deus na Terra não podendo nos avaliar sua extensão. Assim embora o
plano, a ordem e a beleza da Natureza ainda apresenta evidências da mão amorosa de Deus, tudo
está obscurecido pelo mal que introduziu, degenerando o que outrora era belo e perfeito(13), e
pelos efeitos do pecado. Portanto, é apenas por meio de uma revelação especial e com a ajuda do
Espírito Santo que os seres humanos podem interpretar corretamente a mensagem da Natureza em
sua relações com a origem do nosso mundo e com o caráter do seu Criador. (14)
7. O ensino bíblico da criação e da queda da raça humana é, essencialmente para que possamos
compreender o evangelho. Cremos no ensino bíblico de que o homem pode ser resgatado do
pecado e restaurado em seu companheirismo com Deus apenas por meio da expiação substitutiva
de Cristo(15). Nossa salvação depende de Cristo e do Seu contínuo ministério da reconciliação
(16). À Sua volta, seguir-se-ão a restauração completa da imagem de Deus no homem, a
erradicação final do pecado no Universo e a restauração do Planeta Terra, fazendo-a voltar às
condições perfeitas que existiam no fim da semana da Criação.
Referências e Citações:
(1) Gên. 1:1; João 1:1-3,14; 8:58; Col. 1:15-17; Efésios 3:9; Hebreus 1:1-3, etc.
(2) Gên. 1:1-2:25. Ver Medical Ministry, p. 89, Testemunhos para Ministros, p. 135,136;
Testimonies, Vol. 8, p. 258.
(3) Gên. 3:11
(4) Gên. 1:16; Isáias 40:26; 45:12; Sal. 33:6; 147:4; Jó 38:31,32; Hebreus 1:2; Col. 1:16; João
1:3, etc.
(5) Ver Patriarcas e Profetas, p. 40,41; Educação, p. 128.
(6) Rom.1:19 e 20;
(7) Gn.5; 7:6, 11; 11:10-24, 32; 12:40 e 41; I Reis 6:1 - Em numerosas citações, EGW - que a
IASD crê ter sido inspirada por DEUS - apóia também fortemente a cronologia curta. Ver, por
exemplo, os capítulos intitulados “A Semana Literal” (cap.9) de Patriarcas e Profetas e “A Ciência
e a Bíblia” (p.128) de Educação, ver também O Grande Conflito, pp.653, 6656 e 670: Conselhos
sobre Saúde, p.19, Testimonies, vol III, p.492.
Para uma discussão mais ampla sobre o assunto, ver The SDA Bible Commentary, vol I, Edição de
1953, pp. 51-54; 207, 221.
(8) Gn. 1:2
(9) Gn.3:15; 12:2 e 3; Isa. 9:6 e 7; 53:1-6, etc.
(10) Gn 2:1-3; Ex.20:8-11. Ver também, Patriarcas e Profetas, p.348; O Grande Conflito, p.455.
(11) Heb.4:9-11. Ver também Ex 31:17, 15; Eze.20:12, 20;
(12) Rom.5:12, 17, 19, etc; I Cor. 15:22, etc.
(13) Ver, por exemplo Mensagens Escolhidas, Vol II, p.288.
(14) Rom.1:18-21. Ver também Educação, pp. 26, 27, 17, 128, 129, 134, etc.
(15) Rom.4:25; 5:8-10; I Cor.15:3, 4, 17, 22, etc
(16) At.3:19-21; I João 2:1-2; Heb.4:14, 15; 6:19, 20; 8:1, 2; 9:23, 24.
Revelação e Inspiração
OS ERROS DA BÍBLIA
Uma monografia
Apresentada em Cumprimento Parcial
Às Exigências do
Mestrado em Teologia
Revelação e Inspiração
Por
Walvetrude Andrade
Setembro 1996
INTRODUÇÃO
A simples indagação: “Há erros na Bíblia?” É capaz
por si só de suscitar preconceitos negativos em relação ao tema. Contudo o estudioso diligente,
apesar de reconhecer erros/discrepâncias/equívocos, nas Sagradas Escrituras não poderá jamais
esquecer que o Senhor tem tido participação tanto no seu processo de produção como no de
preservação.
Este Livro Sagrado tem resistido aos assaltos de Satanás, que se tem unido com homens maus
para envolverem em números e escuridão tudo quanto é de caráter divino. O Senhor, porém, tem
guardado este Livro em sua forma atual mediante o miraculoso poder dEle - uma carta ou guia
para a família humana a fim de mostrar-lhe o caminho do Céu.1 (grifo nosso).
No procedimento de estudo seja ele devocional ou acadêmico deve manifestar pressuposições
favoráveis.
1
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 15
2
Ibidem, p. 20
Revelação e Inspiração
CAPÍTULO I
OS ERROS DA BÍBLIA
Revelação e Inspiração
Surpreende a alguns descobrir que nas Escrituras
Sagradas ocorrem erros/discrepâncias/equívocos. Comentando sobre tais ocorrências, E. G. White
afirma:
Alguns nos olham seriamente e dizem: “Não acha que deve ter havido algum erro nos
copistas ou da parte dos tradutores.” Tudo isso é provável, e a mente que for tão estreita que
hesite e tropece nessa possibilidade ou probabilidade, estaria igualmente pronta a tropeçar
1
nos mistérios da Palavra de Deus.
Nenhum deles afeta o direcionamento da Igreja, nem
tão pouco, a salvação individual, ou a pureza doutrinária,
contudo, existem e há a necessidade de se lidar com eles
franca e honestamente. Veja-se exemplos de tais ocorrências:
I. No Velho Testamento
2. Praga em Baal-Peror/Sitim:
1
E. G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 16
Revelação e Inspiração
Sam. 24:1)
3
R.N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo, Vol. II, p. 395
4
E. G. White, Desejado de Todas as Nações, p. 460-462.
5
R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo, Vol. II, p. 395
Revelação e Inspiração
Tais erros/equívocos/discrepâncias são divididos em Involutários e Intencionais, porém, nem
sempre é possível determinar-se à qual grupo pertence.
1
Gleason L. Archer Jr., Merece Confiança o Antigo Testa-
mento, pp. 55-88
2
Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, p. 376-382
Revelação e Inspiração
CAPÍTULO II
Por séculos a questão da autoridade bíblica tem permanecido intocável na tradição cristã. A
partir do Iluminismo, a crença tradicional na infalibilidade bíblica, tem sido contestada; as
Escrituras são vistas unicamente como o registro da evolução de homens imperfeitos moral
e espiritualmente, e foram removidas do seu pedestal e submetidas ao frio escrutínio
acadêmico. Como resultado, os cristãos tem sido forçados a se perguntarem em qual
aspecto é a Bíblia a Palavra de Deus.
Na teologia contemporânea três influentes escolas de pensamento buscam resolver o
problema da colisão entre a doutrina tradicional e o criticismo humanista: a liberal, a neo-
ortodoxa, e a evangélica conservadora.
A Abordagem liberal
Fundamenta-se nas idéias do filósofo alemão Schleiermacher. O julgamento crítico racional é
relevante. Buscar e alcançar um conhecimento de Deus é mais importante que identificar
uma verdade objetiva.
George Reid1, aponta 3 conceitos básicos dessa escola:
Primeiro, a verdade divina não deve limitar-se a um livro antigo; sua continuidade pode ser
vista na obra do Espírito em andamento na comunidade.
Segundo, Jesus é o arquétipo da compreensão e excelência religiosa. Sua hamanidade deve
acima de outras qualidades ser o foco das atenções.
1
George Reid, "O Ministério Adventista", Mar/Abr., 1992,
p. 28
Revelação e Inspiração
Erro! Indicador não definido.
Terceiro, que é uma conseqüência do segundo, a essência de Cristo é achada em Sua
grandeza humana.
As Escrituras são meramente um texto humano, escrito, copiado, traduzido e interpretado
por pessoas falíveis. Ela contém toda a sorte de contradições internas, deficiências morais,
legendas, sagas, imperfeições, erros, é portanto, uma coleção de documentos humanos, não
autoritativa. Aceitá-la como a Palavra de Deus é uma perversão idolátrica que deve ser
abandonada, na nova realidade histórica agora vivenciada, as Escrituras não são a norma
final em nenhum aspecto.
Os erros/equívocos/discrepâncias são a conseqüência natural de um produto meramente
humano que deve ser respeitado como tal, mas sem conferir-lhe qualquer grau de sacracida-
de.
A Abordagem Neo-Ortodoxa
Desde que no liberalismo há a ausência de absolutos, em que o crente firmará a sua fé? Tal
incerteza levou a uma reação. Barth, Brunner, Bultman, Niebohr, Tilich, entre outros,
partiram para a tentativa de reconciliar um texto civado de erros com a verdade autoritativa.
A Verdade deve ser concebida em dois níveis. No inferior está o texto bíblico, passível de
erros/discrepâncias/equívocos, em linguagem humana, sofrendo de várias limitações, sejam
de caráter gramatical, geográfico, histórico, científico ou mesmo teológico.
O texto bíblico é o registro humano, portanto falível, do encontro humano com Deus. E é no
testemunho escrito desse encontro que deve residir a base de sua autoridade. Em nível
superior, a Palavra de Deus age, não restrita ao texto, embora envolvendo-o. O Encontro,
ainda acontece no coração de cada crente, deste modo, a verdade se perpetua na vida deste.
A verdade passa a ser não apenas proposicional mas também subjetiva. A revelação é uma
verdade existencial. Para o crente é importante não apenas o conhecimento sobre Deus, mas
também e sobretudo o conhecimento de Deus através de sua própria vida.
Mas como se pode chegar à Verdade Absoluta? Se ela é primariamente subjetiva pode variar
segundo o modelo do Encontro. Gleason Archer indaga: “por meio de qual destes
encontros? O de Barth? O de Brunner? O de Niebuhr? O de Tilich?...”1
A autoridade das Escrituras não está revestida pela inerrância do texto bíblico, porém, pela
poderosa vontade de Deus, que através do Espírito, torna-a “Palavra de Deus” para nós no
momento da decisão.
A Abordagem Evangélico-Conservadora
Nessa conceituação, a Bíblia é verdadeiramente a Palavra de Deus, infalível e inerrante em
todos os aspectos nos quais ela toca. O Espírito Santo esteve presente em todo o processo
de sua produção, até mesmo na escolha das palavras (inspiração verbal).
E quando se diz que os autores foram guiados pelo Espírito Santo aos escreverem os
livros da Bíblia, o termo “escrever” deve ser tomado em seu sentido lato. Incluia a
investigação de documentos, a coleção de fatos, o arranjo do material, a escolha das
palavras, e, finalmente todo o processo que entra na composição de um livro.2
1
Gleason Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento, p.
27
Revelação e Inspiração
Erro! Indicador não definido.
...A exatidão é inerente e a cada parte do Antigo Testamento e também do Novo
Testamento, de maneira que, como um todo, e em todas as suas partes, a Bíblia é infalível
quanto à sua verdade e final quanto à Sua autoridade. Esta exatidão se estende até
assuntos de história e de ciência, e não só à teologia e a ética. 1
A confissão da inerrância é a única saída, segundo James I Packer2, para o conhecimento
total do cristianismo numa perspectiva crente e obediente.
Aceitar a noção da autoridade da Bíblia e ao mesmo tempo declarar-se em favor de sua
errância, é pisar em areia movediça. Infabilidade e autoridade só podem vir juntos..”3
Foram os teológos de Princeton, Charles Hodge e B.B. Warfield, aqueles que mais se
destacaram na formulação do conceito da inerrância e hoje, ela é vista como sinônimo de um
“high view of Biblical authority”.
Para os evangélicos a palavra media um encontro com Deus, porém igualmente é uma
comunicação de Deus sobre assuntos que Ele deseja que sejam cridos e aplicados. É um ato
de divina sabedoria e não meramente opinião humana.
Críticos dessa opinião reconhecem que uma excessiva veneração pelo texto bíblico pode
produzir uma atitude mística e supersticiosa a respeito de cada detalhe do mesmo.
Os textos mais utilizados em favor da inerrância são Mateus 5:18; I Pedro 1:10-11; João
10:35 e o assim denominado “Locus Classicus” 2 Timóteo 3:16. Entretanto Amin Rodor,
indica que;
De fato, a inerrância não é uma declaração formalmente feita pelas Escrituras em seu
favor, é em vez disso uma inferência do conceito bíblico de inspiração. Uma dedução
lógica da afirmação bíblica acerca da perfeição de Deus, e, por isso, é a conclusão do
silogismo.
Premissa A - Tudo que Deus faz é perfeito
Premissa B - Deus inspirou Escrituras.
Conclusão: Portanto as Escrituras são perfeitas.4
Que fazer então diante dos erros/equívocos/discrepâncias? O evangelicalismo dá uma
resposta em duas etapas:
Primeiro, o fato da inerrância ou infabilidade do texto bíblico só se aplica à graphê ou
autógrafos.
A infalibilidade (ou isenção de todo o erro) só se reivindica necessariamente para os
manuscritos originais (os autógrafos) dos livros bíblicos. Forçosamente eram isentos de
todo e qualquer erro, senão, não poderiam ter sido inspirados por Deus. 5
As asserções de que as Escrituras são em todo o sentido infalivelmente inspiradas
2
Louis Berkhof, Princípios de Interpretação Bíblica, p. 44
1
Gleason L. Archer, Op.Cit., p. 23
2
J. Montgomery Boice, O Alicerce da Autoridade Bíblica, p.
93
3
Harold Lindsell, The Battle for the Bible, p. 39
4
Amin Rodor, "Inerrancy and Migh View ot Scriptures", p.
10
Revelação e Inspiração
Erro! Indicador não definido.
referem-se somente aos autógrafos, e não, ao mesmo sentido, aos manuscritos que hoje
possuímos, as atuais edições e traduções da Bíblia.1
Diante de tais afirmações não poderia um crítico argüir que certamente poderá chegar um
tempo no qual o texto bíblico estará significativamente deteriorado, já que o processo
revelação/inspiração não se estende à transmissão do mesmo?
Em segundo lugar, Archer sugere que:
...quando for confrontado por aquilo que parece ser discrepância, conservar a fé na
infalibilidade do registro bíblico, esperando com paciência a vindicação que investigações
posteriores, não deixariam de suprir.2
Em relação ao Novo Testamento, do qual há mais de 5.000 cópias, F.F. Bruce reconhece
que:
...escritos como os do Novo Testamento, copiados e recopiados milhares de vezes, a
margem de erros de copistas aumenta de tal modo que é surpreendente não seja a cifra
muito maior do que é. Felizmente, se o elevado número de MSS aumenta o índice de
erros escribais, aumenta, em medida idêntica, os meios para a correção desses erros, de
sorte que a margem de dúvida deixada no processo de restauração dos termos exatos do
original não é tão grande como se poderia temer. As variantes que subsistem possíveis de
certa dúvida aos olhos dos críticos textuais não afetam nenhum ponto importante, seja em
matéria de fato histórico, seja questões de fé e prática.3
A Abordagem Católica
Num dos ensaios do livro de Boice4, James I Packer menciona que no Concílio Tridentino
(sessão IV) em 1546 aparece a declaração que a Escritura Sagrada foi “ditada ou oralmente
por Cristo, ou pelo Espírito Santo” e que Concílio Vaticano I (1870) assevera que as
Escrituras “contém revelação sem mistura de erro”.
O Catecismo da Igreja Católica, 1993, dentro portanto das orientações do Concílio
Vaticano II (1962-1965) declara:
‘Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os
usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que agindo ele próprio neles e atra-
vés deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que ele próprio
quisesse.’
Portanto, já que tudo o que os autores inspirados ou os hagiógrafos afirmam, deve ser
tido como afirmado pelo Espírito Santo, deve-se professar que os livros da Escritura
5
Gleason L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento,
p. 18
1
Louis Berkhot, Princípios de Interpretação da Bíblia, p.
53
2
Gleason L. Archer, Op.Cit., p. 29
3
F.F. Bruce, Op.Cit., p. 27
4
J. Montgomery Boice, O Alicerce da Autoridade Bíblica,
pp. 87-90
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ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus em vista de nossa
salvação quis fosse consignada nas Escrituras Sagradas.1
Por esta declaração percebe-se que a Igreja Católica Romana segue a linha evangélica, pois
abraça a doutrina da inerrância consignando-a apenas aos hagiografos, graphê ou autógrafos
originais.
Entretanto deve ser salientado que na conceituação católica a Palavra de Deus é um
depósito representado pela Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura.2
Estudiosos católicos, entretanto, também veêm nas Escrituras a verdade de forma
proposicional e subjetiva.
O Mestre divino pode, de dois modos, propor a verda-
de:
Na evidência da visão ou na obscuridade da fé. Neste caso duas condições são requeridas
para que o homem se apodere do pensamento divino. Objetivamente, deve haver uma
proposição sobrenatural da verdade: algo que, antes oculto, é manifestado por Deus...
Subjetivamente deve haver uma luz sobrenatural que ilumine os termos da proposição e
permita uni-los de modo infalível num julgamento conforme a verdade.3
Percebe-se que ao mesmo tempo que o catolicismo lança suas raízes na direção evangélica
da inerrância da graphê, também esposa e pensamento Neo-Ortodoxo no qual prevalece a
Teologia do Encontro.
Em meio a todas essas abordagens, como a IASD se situa? Que história dentro dela é
possível traçar com respeito ao problema dos erros/equívocos/discrepâncias?
Estas serão as questões a serem respondidas a seguir.
1
Catecismo da Igreja Católica, p. 40
2
Idem, p. 38
3
René Latourelle, Teologia da Revelação, p. 239
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CAPÍTULO III
5
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 20
6
P. Gerard Damsteegt, "Inspiration os Scripture in The
Writinss of Ellen G. White" ATS Tournal, p. 158
7
Ellen G. White, Testemonies for Chorch, Vol. 5, p. 747
8
Amin Rodor, "Inerrancy and High View of Scriptures"
Revelação e Inspiração
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“O conceito de inerrância é estranho à Bíblia”;
Verdades essenciais da Bíblia não são alteradas pelo reconhecimento que algumas de suas
declarações são inexatas”; “O que honra a palavra de Deus é o respeito que cada um de
nós deve ter pelo fenômeno da escritura, aceitando-a como Deus a deu para nós.”
Tais conclusões indicam uns caminhos diferentes, mas que se afigura profundamente
escriturístico e cristão.
E. G. White e as Escrituras
Uma das melhores expressões do pensamento da profetisa neste assunto é sem dúvida, o
capítulo intitulado “A Inspiração dos Escritores Proféticos”, que aparece em Mensagens
Escolhidas, vol I, pp. 15-23.
Neste capítulo pode-se destacar alguns pontos:
1- As Escrituras são um produto divino-humano, p.20;
2- As Escrituras podem conter imperfeições de copistas, p.16;
3- Os escritores da Bíblia é que foram inspirados, não as suas palavras; a maneira de
pensar e exprimir-se não é de DEUS, p.21;
4- A diversidade de relatos se deve à individualidade de cada um, p.21;
9- O ceticismo e infidelidade na interpretação das Escrituras são um sinal dos tempos, p.15.
10- As Escrituras “em sua forma atual” foram assim preserva das por DEUS, p.15.
Desses dez pontos, merece destacar o nº 2. Ellen White alude à possibilidade de erro nos
copistas ou tradutores. Por que não nos escritores ?
Damsteegt em sua pesquisa chegou à surpreendente conclusão.
Em seus escritos Ellen White não afirma claramente que a Bíblia contém erros, ela
unicamente refere-se à possibilidade ou probabilidade de erros através de cópias e
traduções, e indica que em alguns casos o significado óbvio do texto através das
mudanças, tem tornado mais difícil a compreensão. Nunca, entretanto, em seus escritos
ela faz a menor alusão à idéia de que os escritores bíblicos, eles próprios, cometeram
erros.1
E indica dentre outras passagens nos escritos de Ellen G. White esta: “Na providência de
1
Ellen G. White, "Signs of the Times Articles", vol I,
p.98, par.5.
2
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. I, p. 18
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CONCLUSÃO
1
Louis Berkhof, Princípios de Interpretação Bíblica, p. 44
2
Catecismo da Igreja Católica, p. 40
3
Revista Adventista, "Inspiração e Autoridade dos Escritos
de Ellen White", Fevereiro, 1984, pp. 37-38
4
Roger Coon, Tópicos em Orientação Profética, IAE, SALT,
1989.
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