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IFES CAMPUS COLATINA

DESENVOLVIMENTO DE ENERGIA ALTERNATIVA UTILIZANDO MOTORES STIRLING


E BIODIGESTORES

ESTUDO SOBRE TRAÇOS NA MISTURA DE MATÉRIA ORGÂNICA:


DEJETOS SUÍNOS

Projeto de pesquisa aplicada realizado no IFES


Campus Colatina, executado por José Natal L.
Thomaz e Orientado pelo Dr. Abrahão Alexandre A.
Elesbon, com enfoque em energias renováveis.

COLATINA

28/04/2018
RESUMO
Este relatório retrata e descreve os métodos utilizados, bem como os resultados obtidos na
averiguação sobre qual seria a melhor proporção em uma mistura de matéria orgânica e água.
Para tal, os ensaios foram realizados no Laboratório de Materiais de Construção do IFES Campus
Colatina, já que este possuía todos os equipamentos necessários e a devida infraestrutura. Após
os ensaios e escolha de proporção ideal, o traço da mistura foi aplicado em um dos dois módulos
do biodigestor, com a finalidade de geração do biogás pelo processo de respiração anaeróbica
dos microrganismos.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. SOBRE A AMOSTRA

3. ENSAIOS

3.1. Equipamentos

3.2. Metodologia

3.3. Conclusões

4. APLICAÇÃO

5. ESPECULAÇÕES

REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO

Para representar e detalhar o modo com que a biomassa foi posta em um dos dois
módulos do biodigestor e o que esperamos deste modulo é redigido este relatório.

Os pontos a serem tratados dividem-se em duas etapas: ensaios antes do preenchimento


do módulo e posterior preenchimento com base nos testes anteriores. Há ainda uma
especificação da amostra, definindo sua origem e também especulações sobre o
potencial de geração de biogás da mesma.

Na primeira etapa efetua-se o processo de determinação da densidade da biomassa


utilizada e definição do traço da mistura. Já na aplicação (segunda etapa), são
apresentadas as quantidades de cada componente da mistura.

Em suma, busca-se descrever o processo e seu método, e fazer considerações sobre


futuros resultados.
2. SOBRE A AMOSTRA

A amostra de fezes suínas analisada é proveniente do Instituto Federal Espirito Santo


Campus Itapina, onde há uma criação de porcos em confinamento. Os animais eram
jovens, com idade variando entre 4 e 5 anos, sendo machos e fêmeas. Tais animais não
possuíam nenhuma patologia, não pondo em risco a saúde do manipulador.

3. ENSAIOS

Buscando encontrar o traço mais assertivo para a mistura, foram feitos ensaios com 4
diferentes proporções. Utilizamos como base o livro de Paulo Barreira: Biodigestores;
Energia, Fertilidade e Saneamento para a Zona Rural, o qual é recomendada a seguinte
tabela de proporções:

Tabela 1: Matérias Orgânicas e proporções de mistura

Matéria Orgânica Proporção da Mistura


Esterco de vaca Fresco 1:1
Esterco de vaca seco à superfície 1:2
Esterco de cavalo 1:1
Esterco de ovelha 1:3
Restos culturais verdes De 1:0,5 a 1:2
Esterco de galinha 1:2
Esterco de porco 1:1
Esterco humano 1:1
Fonte: Biodigestores; Energia, Fertilidade e Saneamento para a Zona Rural, p. 39.

Com o intuito de confirmar a proporção de 1:1 no uso de esterco suíno, ensaios com
outras proporções foram executados no Laboratório de Materiais de Construção do IFES
Campus Colatina.
3.1 Equipamentos

Para a execução das misturas foram utilizados os seguintes equipamentos:

4 Béqueres de 400mL;

Bastão de vidro;

Espátula metálica;

Balança eletrônica de precisão;

Pipeta milimetrada;

3.2 Metodologia

O ensaio efetuado consiste nas seguintes etapas:

1-Coleta de parte da amostra e preenchimento do béquer até o volume de 100 mL, tendo
auxilio da espátula metálica;

2-Pesagem da quantidade de amostra contida no béquer;

3-Adição de água no béquer (variando os volumes em cada ensaio);

4-Agitação da mistura com suporte do bastão de vidro;

5-Espera de 5 min para averiguar decantação na mistura.

Tal procedimento foi repetido 4 vezes, sendo utilizados os seguintes volumes de água:

50 mL, 100 mL, 150mL e 200 mL. Sobre a massa das amostras temos:

Tabela 2: Amostras e suas massas

Amostra Massa
1 93,47 g
2 97,99 g
3 90,29 g
4 86,35 g
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
3.3 Conclusões

Realizados os ensaios levantamos os seguintes dados:

Tabela 3: Misturas e respectivos quantitativos

Traços Massa da Volume da Densidade da Volume de Densidade da


Amostra (g) Amostra (mL) Amostra (g/mL) Água (mL) Mistura (g/mL)
1:0,5 93,47 100 0,9347 50 0,9565
1:1 97,99 100 0,9799 100 0,9899
1:1,5 90,29 100 0,9029 150 0,9612
1:2 86,35 100 0,8635 200 0,9545
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Após o tempo de decantação das misturas, elas se apresentaram desta forma:

Figura 1: Mistura da Amostra 1 Figura 2: Mistura da Amostra 2

Figura 3: Mistura da Amostra 3 Figura 4: Mistura da Amostra 4


Em um comparativo geral temos:

Figura 5: Comparação entre as misturas. Da esquerda para direita, amostra 1, 2, 3 e 4

Visualmente é possível descartar as misturas 3 e 4, visto que ocorre a decantação da


matéria orgânica decorrente do excesso de água. Ao analisar a mistura 1 e 2, observa-se
que a matéria orgânica encontra-se diluída em meio aquoso, no entanto, a mistura 1, de
traço 1:0,5, apresenta uma maior concentração de partículas, fato que não ocorre na
mistura de traço 1:1, onde percebe-se uma maior dispersão das partículas orgânicas.

Pontuando os fatos, concluímos que o melhor traço para a mistura entre fezes suínas e
água é 1:1, traço este que está conforme a tabela 1 proposta por Paulo Barreira.

4. APLICAÇÕES

Definido o traço da mistura efetuou-se o preenchimento de 70% do volume de um módulo


do biodigestor (130L) com 45,5L de água e 45,5L de fezes suínas. Após a adição das
substâncias o módulo foi fechado com sua devida tampa, que lhe garante uma vedação
completa e não permite vazamento do biogás gerado a partir da decomposição do
composto orgânico.

5.ESPECULAÇÕES

Dentre todas as aplicações do biodigestor, uma das mais notáveis é sua capacidade de
geração de biogás, cuja queima possibilita a geração de energia. Seguem cálculos que
especulam quanto ao potencial energético do módulo do biodigestor preenchido com
45,4L de fezes suínas.
Tomando como base a média das densidades utilizadas na tabela 3, utilizaremos um valor
de 0,9202 g/mL para a densidade das fezes suínas. Assim, os 45,5L correspondem a
41,8691 Kg de dejeto; considerando o volume de biogás produzido por Kg de dejeto suíno
como 0,075 m³ (WINROCK INTERNATIONAL BRAZIL, 2008) a estimativa de produção de
biogás é de: 3,14 m³

Sabendo que 0,6 m³ de biogás equivale a 1kWh (WINROCK INTERNATIONAL BRAZIL,


2008) o módulo que utiliza dejetos suínos possui potencial de gerar 5,24 kWh. Sendo
possível acender até 3 Lâmpadas fluorescentes de 11 W durante um mês
(ELETROBRÁS).

As projeções se mostram otimistas, já que com uma pouca quantidade de matéria


orgânica é possível gerar energia suficiente para manter a iluminação de um cômodo
doméstico, não é distante imaginar toda uma residência utilizando-se de biogás como sua
fonte de energia e sendo autossuficiente.
REFERÊNCIAS

BARRERA, Paulo. Biodigestores: energia, fertilidade e saneamento para zona rural. São
Paulo: Editora Ícone, 2003.

ELETROBRÁS. Disponível em: <http://eletrobras.com/pt/Paginas/home.aspx>. Acesso


em: 28 abril 2018.

WINROCK INTERNATIONAL. Brazil. Projetos globais. 2008. Disponível em:


<https://www.winrock.org/sites/default/files/publications/attachments/2008_global_projects_and_fi
nancial_statement.pdf>. Acesso em: 28 abril 2018.

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