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Rio de Janeiro
2018
Caderno de Resenhas do Programa de Leitura da ECEME
CCEM/1 e CDEM – 2o Ciclo / 2018
Rio de Janeiro – RJ
2018
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................... 4
ANEXO
Anexo I – Programa de Leitura – ao Programa Geral de Ensino / ECEME 722
4
APRESENTAÇÃO
CONFLITOS BÉLICOS
1 INTRODUÇÃO
O livro trata sobre a Guerra do Iraque, mencionando eventos de alta
tecnologia e por vezes, de um certo desprezo em relação as culturas envolvidas
no conflito. De maneira geral, apresenta razões que possibilitaram a grave
insurreição enfrentada pelas forças da coalizão apesar da declaração de vitória
pelo presidente norte-americano, em maio de 2003.
Inicialmente, a obra apresenta como o secretário de Defesa dos EUA,
Rumsfeld, deseja transformar as Forças Armadas de seu país. Dentre as
principais ideias propostas, destacam-se o combate a burocracia do Pentágono; a
necessidade de se reduzir efetivos e custos; a defesa do então presidente Bush
por forças mais leves, móveis e letais; e o fomento de modernos sistemas de
reconhecimento, de redes de C2 (Comando e Controle) e de armas de alta
precisão. Porém, após os ataques terroristas de 11 de setembro, os EUA
decidiram atacar a Al Qaeda, no Afeganistão, e posteriormente, o Iraque de
Saddam Husseim. Tal situação acabou interferindo nas vontades de
transformação de Rumsfeld.
Em um primeiro momento, algumas lideranças norte-americanas divergiam
sobre um ataque imediato ao Iraque e preferiram concentrar esforços no
Afeganistão. Porém, após algumas reuniões, concordaram que, posteriormente,
seria necessário invadir o Iraque para derrubar Saddam Husseim.
Os planos iniciais para a invasão do Iraque previam grandiosos efetivos, tal
6
uma tropa de tanques, sob seu comando, bem como com o apoio de combatentes
curdos do norte do Iraque. Os pequenos efetivos empregados nessas ações
conseguiram conquistar objetivos importantes, tais como a tomada da represa de
Qadisiyah, o aeroporto de Bagdá e a fixação das tropas iraquianas na porção
norte do território, impedindo o seu deslocamento para o sul do pais.
Bagdá estava situada na chamada Zona Vermelha, e contava com a forte
presença das tropas da Guarda Republicana. Acreditava-se que nesta zona era
provável o emprego de armas químicas e biológicas pelo Exército Iraquiano.
Para a tomada de Bagdá, os americanos decidiram entrar na cidade
empregando grande poder de combate. Essas operações eram chamadas de
“rolo compressor”. No desenvolvimento dessas ações, os iraquianos
apresentaram grande resistência e infringindo baixas aos norte-americanos.
Apesar das baixas, as operações obtiveram sucesso.
No dia 10 de abril de 2003, após a Batalha da Mesquita, a capital Bagdá
finalmente foi conquistada pelos EUA. Nesta ocasião, Saddam Husseim e seus
filho fugiram. Com o fim do regime de Saddam, havia uma preocupação com a
estabilização do país iraquiano.
Para a reconstrução do Iraque, os EUA contavam com a participação de
tropas da coalizão, porém em pequena quantidade. A ONU não apoiou a invasão.
Tal situação fez com que fosse verificada a necessidade de envio de mais tropas
para o país.
A expulsão pelos norte-americanos de cerca de milhares de integrantes do
partido Baath e a desorganização do exército iraquiano são considerados uns dos
principais motivos pelo surgimento da insurreição no Iraque.
3. CONCLUSÃO
A leitura da obra é de grande valia e altamente recomendável. A qualidade
do texto possibilita uma fácil e agradável compreensão dos fatos narrados. Por
fim, o presente livro mostra de maneira clara e objetiva a importância dos
aspectos humanos e culturais no planejamento e execução das operações
militares, os quais podem interferir diretamente no resultado final de um conflito
bélico.
REFERÊNCIA
GORDON, Michael R; TRAINOR, Bernard E. Iraque, um conflito polêmico.
Tradução de Cláudio Gleuber Vieira -1ª ed.- Rio de Janeiro: Bibliex, 2010.
9
1 INTRODUÇÃO
V Corpo. Todavia, o Regimento não conseguiu cumprir sua missão, pois enfrentou
problemas logísticos, subestimou o inimigo, elaborou regras de engajamentos muito
restritivas, rotas de ataque ineficazes e problemas técnicos no ataque propriamente
ditto, além da falta de apoio aéreo aproximado.
Diante do panorama encontrado pela forte resistência dos fedayins, McKiernan
tentou junto ao Gen Franks uma mudança de postura. Sua intenção era capitular os
fedayins, inviabilizando suas ações de ataque às linhas de suprimento. No entanto, o
Centcom não permitiu o deslocamento da 4ª Divisão para o sul a tempo de realizar o
plano de McKiernan.
A Turquia não permitiu a presença da 4ª Divisão de Infantaria em seu território,
levando o Comandante da OTAN e do Comando dos EUA na Europa, General
James Jones , a propor o emprego da 173ª Brigada Aeroterrestre, no norte do
Iraque, formando um Team Tank, sob o comando das Forças de Operações
Especiais, juntamente com combatentes peshmergas curdos. Essa operação, teve
êxito no emprego da dissimulação e conseguiu fixar tropas iraquianas no norte,
impedindo que elas se deslocassem para o sul.
Enquanto isso, os Fuzileiros Navais prosseguiram em seu movimento rumo a
Bagdá. Essa área era conhecida como Zona Vermelha, devido à presença da
Guarda Republicana iraquiana e possível emprego de armas químicas e biológicas
pelas tropas de Saddam.
Com a chegada das tropas americanas às imediações de Bagdá, Scott Wallace
iniciou os preparativos para a entrada na capital iraquiana. Wallace pretendia
executar o Plano Inside-Out, que se desenvolveria com pequenas incursões para
desgastar o inimigo. Blount e Mattis preferiam entrar na cidade, realizando
reconhecimentos com maior poder de combate. Blount denominava esses operações
de "Rolo Compressores”. Para isso, designou o 1º/64º de Schwartz para realizar o
Rolo Compressor em Bagdá.
No cumprimento dessa missão, a Força Tarefa de Schwartz enfrentou forte
resistência com RPG, combatentes fanáticos e obstáculos, sofrendo baixas em
material e pessoal.
Com o sucesso do “Rolo Compressor”, o Gen Perkins, Comandante da 2ª
Brigada, planejou e executou outra operação com esse mesmo “modus operandi” em
Bagdá, conquistando o lado ocidental da cidade.
No dia 10 de abril de 2003, após a Batalha da Mesquita, que custou 77 baixas,
14
a capital do Iraque caiu nas mãos do Exército e dos Fuzileiros Navais. No mesmo
dia, Saddam e seus dois filhos Qusay e Uday fugiram de Bagdá. As Forças de
Operações Especiais dos EUA prosseguiram nas buscas pelo líder iraquiano e pelas
armas de destruição em massa, sem sucesso.
Enquanto isso, McKiernan se preocupava em desdobrar tropas no norte do
país, devido a preocupação da estabilização necessária com o fim do regime de
Saddam.
Por seu turno, os ingleses, comandados pelo major general Robin Brims da 1ª
Divisão Blindada do Reino Unido, receberam a missão de garantir a segurança do
sul do país e conquistar Basra. A tropa inglesa penetrou na cidade sofrendo somente
3 baixas.
Para a fase de reconstrução do Iraque, os estadunidenses contavam com a
participação de tropas da coalizão, especialmente, efetivos policiais. Porém, a
adesão estrangeira não foi efetiva, sendo desmotivada pela ausência do apoio da
ONU a invasão. Desta forma, os Secretário de Defesa começou a ser bombardeado
sobre as questões de segurança em Bagdá, levantando a necessidade enviar mais
divisões para o país.
A Casa Branca escolheu Jerry Bremer para ser o encarregado de administrar o
Iraque. Bremer adotou como uma de suas políticas o expurgo de 30 mil membros do
partido Baath. O desmantelamento do partido Baath e do exército iraquiano são
apontados como os dois principais motivos para o surgimento da insurreição no país.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
GORDON, Michael R; TRAINOR, Bernard E. Iraque, um conflito polêmico.
Tradução de Cláudio Gleuber Vieira -1ª ed.- Rio de Janeiro: Bibliex, 2010.
16
plataforma para o ataque por norte. Com isso, os EUA tiveram que adaptar seus
planos e planejar o ataque somente pelo sul.
Saddam admitiu não possuir armas químicas e biológicas. Por sua vez, os
EUA não conseguiam obter, por meio de seus órgãos de inteligência, informações
confiáveis sobre o suposto arsenal químico e biológico de Saddam. A única
informação segura era que Bagdá seria desdobrado um forte sistema defensivo a
partir de círculos concêntricos, e a partir de uma linha denominada vermelha os
iraquianos poderiam empregar suas armas de destruição de massa, preocupando
os chefes militares dos EUA.
Antes do início das operações, os EUA empreenderam um ataque aéreo na
região de Dora Farms, onde supostamente Sadan Hussein estava. O insucesso
do ataque desencadeou um contra-ataque com mísseis Seersucker, Scud e
Ababil-100, atingindo bases estadunidenses no Oriente Médio.
Os fuzileiros tiveram êxito na manobra inicial assegurando os campos
petrolíferos do sul, que eram defendidos pelas 51ª Divisão e 6ª Divisão Blindadas
iraquianas. Após tal conquistou a cidade de Nasiriyah.
O trabalho desenvolvido pelo General McKiernan na manobra inicial foi
considerado um bom começo, devido à captura do General Saiyf, Comandante do
Setor Sul de Defesa Aérea iraquiano, bem como garantindo a posse dos campos
de petróleo, da Base Aérea de Talil e da ponte na Rodovia, a oeste de Nasiriyah.
Ainda, o 3º / 7º de Cavalaria, comandado pelo Tenente Coronel Terry Ferrell,
recebeu a missão de cobrir o flanco direito da 3ª Divisão de Infantaria. Na
chegada a Samawah, Farrell enfrentou dois batalhões a pé, RPG, canhões e
morteiros, perdendo dois Humvees, um Bradley e um caminhão-cisterna, adiando
o plano do V Corpo de fazer uma finta na Rodovia 8.
Na sequência das ações, uma Força-Tarefa designada como FT Tarawa foi
configurada com as Forças de Operações Especiais e a 2ª Brigada Expedicionária
de Fuzileiros Navais, comandada pelo General Rich Natonski. Sua missão era
facilitar o ataque de Mattis para o norte. Durante o avanço, a FT Tarawa enfrentou
resistência em Nasiriyah por parte dos fedayins, sofrendo fortes baixas. É
importante salientar que o General Mattis não tinha efetivo suficiente para
perseguir os fedayins que os EUA iriam enfrentar após a queda do regime.
A região entre o rio Eufrates e a Rodovia 8 era considerada o santuário dos
fedayins. Para que o V Corpo prosseguisse para o norte, era necessário isolar
19
Najaf, tendo seu flanco protegido pela 1ª Brigada de Will Grimsley.Diante disso e
da resistência dos fedayins, McKiernan propôs ao General Franks uma mudança
de foco das ações. Ele desejava superar e neutralizar os fedayins nos seus
ataques às linhas de suprimento. No entanto, o CENTCOM não permitiu o
deslocamento da 4ª Divisão para o sul a tempo para concretizar o plano de
McKiernan.
A Turquia havia definido que não permitiria a presença da 4ª Divisão de
Infantaria americana em seu território, o General James Jones, Comandante da
OTAN e do Comando dos EUA na Europa, propôs o emprego da 173ª Brigada
Aeroterrestre, formando um Team Tank, sob o comando das Forças de
Operações Especiais no norte do Iraque, juntamente com combatentes
peshmergas curdos, agregados às forças da coalizão. Essa operação, apesar do
pequeno efetivo, teve êxito no emprego da dissimulação e conseguiu fixar tropas
iraquianas no norte, impedindo que elas se deslocassem para o sul.
A chegada do Exército e dos Fuzileiros Navais às imediações de Bagdá,
Scott Wallace iniciou a preparação para a entrada na capital iraquiana. Wallace
pretendia executar o Plano Inside-Out, que se desenrolaria com pequenas
incursões para desgastar o inimigo. Blount e Mattis preferiam entrar na cidade,
realizando reconhecimentos com maior poder de combate. Blount denominava
essas operações de "Rolos Compressores”. Para isso, designou o 1º/64º de
Schwartz para realizar o Rolo Compressor em Bagdá. Ao cumprir essa missão, a
Força Tarefa de Schwartz enfrentou forte resistência incluindo combatentes
fanáticos e obstáculos, o que acarretou baixas em material e pessoal.
O sucesso do “Rolo Compressor”, o Gen Perkins, Comandante da 2ª
Brigada, planejou e executou outra operação com esse mesmo “modus operandi”
em Bagdá, conquistando o lado ocidental da cidade.
No dia 10 de abril de 2003, após a Batalha da Mesquita, que custou 77
baixas, Bagdá foi conquistada pelo do Exército e dos Fuzileiros Navais. No
mesmo dia, Saddam e seus dois filhos Qusay e Uday fugiram da cidade. As
Forças de Operações Especiais dos EUA prosseguiram nas buscas pelo líder
iraquiano e pelas armas de destruição, no entanto sem sucesso. Enquanto isso,
McKiernan se preocupava em desdobrar tropas no norte do país, devido à
preocupação da estabilização necessária com o fim do regime de Saddam.
Por sua vez os ingleses, comandados pelo major general Robin Brims da 1ª
20
REFERÊNCIA
GORDON, Michael R; TRAINOR, Bernard E. Iraque, um conflito polêmico.
Tradução de Cláudio Gleuber Vieira -1ª ed.- Rio de Janeiro: Bibliex, 2010.
22
1 INTRODUÇÃO
O livro é um relato jornalístico investigativo e descreve como a corrida
americana a Bagdá propiciou a oportunidade para a insurgência que se seguiu.
Apresenta ainda como a consequência brutal não era inevitável, causando
surpresa para os generais de ambos os lados.
Os autores objetivaram propiciar uma visão interna das razões que levaram
uma campanha militar tão bem-sucedida a criar as condições que geraram a
insurreição eclodida em seguida.
Michael R. Gordon é um correspondente de guerra do jornal americano The
New York Times. Durante a primeira fase da guerra do Iraque, ele foi o único
repórter de jornal a integrar a Força Terrestre Componente sob o comando do
general Tommy Franks.
de Fuzileiros Navais, comandada pelo Gen Bda Rich Natonski. Sua missão era
facilitar o ataque de Mattis para o norte. Durante o avanço, a FT Tarawa enfrentou
resistência em Nasiriyah por parte dos fedayins, sofrendo fortes baixas.
Cabe ressaltar que o Gen Mattis não tinha efetivo suficiente para perseguir
os fedayins que os EUA iriam enfrentar após a queda do regime.
Por seu turno, o 12º Regimento de Helicópteros de Ataque recebeu a missão
de realizar incursões no Iraque para atacar a Divisão Medina, e facilitar o avanço
do V Corpo. Contudo, o Regimento não cumpriu missão devido a subestimação
do inimigo, problemas logísticos, regra de engajamentos muito restritivas, rotas de
ataque sem criatividade, intervalo longo entre o disparo dos ATACMS e o ataque
propriamente dito e falta de apoio aéreo aproximado.
A região entre o rio Eufrates e a Rodovia 8 era considerada o santuário dos
fedayins. Para que o V Corpo prosseguisse para o norte, era necessário isolar
Najaf, tendo seu flanco protegido pela 1ª Brigada de Will Grimsley.
Nesse contexto, e diante da resistência dos fedayins, McKiernan propôs ao
Gen Franks uma mudança de foco. Ele desejava superar os fedayins e neutralizar
os seus ataques às linhas de suprimento. Contudo, o CENTCOM não autorizou o
deslocamento da 4ª Divisão para o sul a tempo para concretizar o plano de
McKiernan.
Quando a Turquia definiu que não permitiria a presença da 4ª Divisão de
Infantaria em seu território, o General James Jones, Comandante da OTAN e do
Comando dos EUA na Europa, propôs o emprego da 173ª Brigada Aeroterrestre,
formando um Team Tank, sob o comando das Forças de Operações Especiais no
norte do Iraque, juntamente com combatentes peshmergas curdos. Essa
operação, apesar do pequeno efetivo, teve êxito no emprego da dissimulação e
conseguiu fixar tropas iraquianas no norte, impedindo que elas se deslocassem
para o sul.
Por seu turno, os Fuzileiros Navais prosseguiram em seu movimento rumo a
Bagdá, conhecida como Zona Vermelha, por causa da presença da Guarda
Republicana e possível emprego de armas químicas e biológicas pelo Exército
Iraquiano.
Com a chegada do Exército e dos Fuzileiros Navais às imediações de
Bagdá, Scott Wallace iniciou a preparação para a entrada na capital iraquiana.
26
insurreição no país.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
GORDON, Michael R; TRAINOR, Bernard E. Iraque, um conflito polêmico.
Tradução de Cláudio Gleuber Vieira -1ª ed.- Rio de Janeiro: Bibliex, 2010.
28
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Brigada que ele comandou foi a 1a Brigada (Ready First) da 1a Divisão Blindada,
enquadrada na Força Terrestre Componente 7 (FTC). Sua Brigada atuou em
Bagdá, e continha cerca de 3500 militares, que enfrentaram, dentre outros desafios,
grupos insurgentes que eram contra a ocupação norte-americana.
O trabalho foi escrito em ordem cronológica e contém, além dos relatos das
diversas situações vividas, reflexões sobre diferentes assuntos. Inicialmente é
descrita a chegada da Brigada e do autor no Iraque, bem como a assunção da sua
Zona de Ação. A Brigada tinha sede na Alemanha. Na época, os Estados Unidos
(EUA) mantinham uma grande estrutura neste país, ainda herança do período da
Guerra Fria.
derrubar seu governo. O autor descreve alguns erros, na sua opinião, como a
dissolução do Exército Iraquiano (e a consequente transformação de alguns ex-
militares em insurgentes), e a avaliação dos EUA em relação à administração
pública iraquiana. Os EUA imaginaram que ela se manteria, mas como quase todos
seus integrantes eram partidários de Saddam Husseim e do Partido Baath, as
funções foram abandonadas. Isto trouxe as primeiras dificuldades na administração
do país.
A insurgência passa a crescer, empregando inclusive Artefatos Explosivos
Improvisados (AEI) acionados à distância, o que causa a morte de alguns militares
americanos. Também utiliza explosões de carros-bomba em alvos civis, como na
sede da ONU e de algumas ONG. Mansoor, com sua Bda, passa a combatê-los, ao
mesmo tempo em que tenta se aproximar da população para melhor entendê-los e
ajudá-los na reconstrução do seu próprio país, mas também para que informes
fossem colhidos, para serem trabalhados pela Inteligência Militar.Durante sua
permanência em Bagdá, a Bda consegue relativo sucesso. Entretanto, a
insurgência volta a crescer, e seu tempo de permanência aumenta em 3 meses. No
último mês, depois de passar sua área de responsabilidade para outra Bda, a
Ready First passa para a reserva da FTC, e acaba sendo empregada para reforçar
a coalizão em Karbala, outra cidade iraquiana. Mais uma vez, obteve sucesso,
devolvendo a paz e segurança para a população.
Na obra, são abordados diversos assuntos interessantes. O principal é a
descrição geral de algumas operações militares, basicamente de cerco e
vasculhamento, muitas vezes empregando grandes efetivos. Quase sempre, tinham
seus objetivos apontados pela inteligência militar. O autor destaca a importância da
busca de informações, não somente com aparatos tecnológicos, mas
principalmente as advindas do contato pessoal, conseguida diretamente da
população. É um ensinamento extremamente válido para aqueles que atuam nessa
área.
Ligado a esse tema, o autor critica a estratégia empregada pela FTC de, já no
final do período da Bda Ready First no Iraque, passar a ocupar enormes bases na
periferia das cidades e abandonar as bases de brigada e de unidades no interior da
cidade. Isso afastou o Exército do seio da população, e realmente mostrou-se um
erro, já que alguns anos depois, foi feito o caminho inverso. Pode-se fazer um
paralelo com a atuação da tropa brasileira no Haiti. Durante o período da missão,
39
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
MANSOOR, Peter R. Bagdá ao Alvorecer: A guerra de um comandante no
Iraque. Tradução de Ulisses Lisboa Perazzo Lannes. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 2011.
42
1 INTRODUÇÃO
O autor é coronel da reserva do Exército dos Estados Unidos da América
(EUA), no qual serviu por mais de 30 anos. Ele é filho de pai palestino, que emigrou
para os EUA, em 1938. Peter Mansoor nasceu em 1961 e formou-se na Academia
Militar do EUA, West Point, no ano de 1982, sendo o 1º colocado de sua turma de
formação. Especializou-se na arma de Cavalaria, e posteriormente em História
Militar pela Universidade Estadual de Ohio, possuindo o título de doutor. Foi
instrutor de História Militar em West Point. Comandou a 1ª Brigada da 1ª Divisão
Blindada do Exército dos EUA, na ocupação do Iraque, entre junho de 2003 e julho
de 2004. Compôs a equipe responsável pela criação do Centro de Contra
Insurreição do Exército e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Foi oficial executivo
do General Petraeus, entre 2007 e 2008, no Iraque, oficial general responsável pela
adoção da estratégia que possibilitou reverter o curso da guerra em favor das forças
de coalizão. Após seu retorno aos EUA, o autor assumiu o cargo de professor
catedrático de História Militar na Universidade Estadual de Ohio, abrindo mão de
sua ascensão na carreira militar.
Nesta obra o autor relata sua experiência como comandante da 1ª Brigada da
1ª Divisão Blindada, denominada Brigada Ready First, durante a Operação Iraque
Livre. A tropa chegou ao Teatro de Operações logo após a conquista de Bagdá,
tendo a árdua missão de manter o objetivo conquistado, restabelecer a ordem e
iniciar os trabalhos de reconstrução do Iraque, permanecendo em combate por 13
meses, período que durou entre 2003 e 2004.
Sua brigada era constituída por mais de 3.500 homens, integrada por: 01
Batalhão de Infantaria Blindado, 02 Regimentos de Carros de Combate, 01 Grupo
43
3 CONCLUSÃO
Bagdá ao Alvorecer é um excelente livro para o comandante em todos os
escalões. O autor consegue retratar de forma simples as ações que implementou na
brigada a qual ele comandava, citando bons exemplos de liderança, tanto por parte
de seus subordinados quanto por ele mesmo, no qual destaca-se a liderança pelo
exemplo, servindo como boa fonte de inspiração aos quadros do exército.
O livro é interessante, também, por mostrar a necessidade de um trabalho de
estado-maior de forma conjunta e continua, alicerçado com a presença efetiva do
comandante, o que auxilia sobremaneira o processo de tomada da decisão e por
consequência facilita ao escalão subordinado assimilar e bem cumprir a missão
planejada pelo escalão superior. Assim, constitui-se uma boa leitura para os
integrantes de estados-maiores.
Por fim, a obra permite ao leitor de maneira clara e concisa entender de forma
critica o processo decisório desde do nível político, perpassando pelo estratégico e
chegando ao nível tático, permitindo entender os diversos interesses e perspectivas
que se tem em uma guerra. Bem como, constitui um bom exemplo de ações de
liderança empregada por um comandante durante uma campanha de guerra.
Assim, essa obra torna-se uma excelente base de subsidio para o comando, sendo
um bom livro de cabeceira para um comandante em todos os níveis.
REFERÊNCIA
MANSOOR, Peter R; tradução Ulisses Lisboa Perazzo Lannes. Bagdá ao
Alvorecer: a guerra de um comandante no Iraque. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 2011.
47
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MANSOOR, Peter R. Bagdá ao Alvorecer – a Guerra de um Comandante no
Iraque. Brasília, DF: Biblioteca do Exército, 2011. 416 p.
51
1 INTRODUÇÃO
A obra aborda uma variada gama de assuntos de interesse militar: as táticas e
técnicas de combate em áreas densamente povoadas; a importância do
relacionamento com as lideranças e com a população de um país estrangeiro, bem
como o combate dentro de uma guerra informacional. O trabalho de Estado-Maior e
as consequências de erros de planejamentos são explorados ao longo do texto.
Desta forma busca-se compreender a guerra que está sendo enfrentada e como ela
será lutada no futuro.
O autor é Coronel da Reserva do Exército dos EUA. Filho de pai palestino que
emigrou para os EUA em 1938. Diplomou-se, como primeiro lugar de sua turma, na
Academia de West Point. Construiu sua carreira na Arma de Cavalaria, ocupando
diversas posições em OM operacionais nos EUA e na Alemanha. Por um breve
período, afastou-se da atividade operacional para lecionar história na Academia de
West Point. Nesse mesmo período obteve grau de mestre e doutor em História.
Serviu por duas vezes no Iraque. Inicialmente, nos anos de 2003/2004, como
comandante da 1ª Brigada, da 1ª Divisão Blindada. Retornou ao país entre 2007 e
2008, como oficial executivo, do Gen Petraeus, então comandante de todas as
forças americanas no Iraque.
Após passar prematuramente, a pedido, para a reserva assumiu a cadeira de
história militar da Universidade Estadual de Ohio.
2 DISCUSSÃO E ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O ASSUNTO
O Cel Mansoor ao assumir o comando da 1ª Brigada, da 1ª Divisão Blindada -
Brigada Ready First - realizou a reanálise da situação e do ambiente operacional. O
autor constatou a insuficiência de tropas para cumprir sua missão. A brigada tinha
52
3500 homens para patrulhar uma área com 2,1 milhões de habitantes. O exame de
situação inicial foi mal executado, atribuindo à sua Brigada uma missão impossível
de ser executada. A causa seria a falta de conhecimento do ambiente operacional
pelos estados-maiores dos escalões mais elevados. Nessas condições a vitória era
impossível de ser alcançada.
Os EUA necessitam rever sua ideia que a guerra dever ser rápida e de alta
intensidade. A vitória contra a insurgência é longa, requer grandes efetivos e os
combates nem sempre serão de grande intensidade. Abandonar a luta
prematuramente é a principal forma de perder a luta contra os rebeldes
O governo norte-americano pretendia construir uma nova nação no Iraque.
Ele criou conselhos de assessoramento de bairros e distritais para encorajar a
participação popular. Os conselhos deveriam ter representatividade de todos os
grupos e gêneros.
A Inteligência do Exército estava despreparada para trabalhar com as fontes
humanas de inteligência. Era difícil separar os boatos das informações relevantes.
Os analistas estavam acostumados a usar sistemas informatizados e voltados à
doutrina soviética.
O oficial necessita estar preparado para combater no amplo espectro. Estar
preparado para combater o inimigo, criar um governo da estaca zero, reconstruir a
infraestrutura e a economia, e lidar com a mídia. O Cel Mansoor julga ser
necessário adaptar os currículos das escolas militares. O combate a contra-
insurgência demanda conhecimentos e habilidades específicas. A complexidade e
a volatilidade do campo de batalha exigem competências próprias que tropas
adestradas para o combate convencional costumam não possuir. A capacidade
linguística no ambiente operacional contemporâneo é semelhante a importância do
fuzil e capacete do combatente.
Na luta contra a insurgência, a ocupação de base avançadas nos bairros de
Bagdá demonstrou ser fundamental para o estabelecimento de contatos com a
população. Esse laço de proximidade reforça a sensação de segurança dos
habitantes locais e retira a liberdade de ação dos insurgentes.
A burocracia da Autoridade Provisória da Coalisão (APC) travava as ações de
reconstrução das áreas atingidas pelos combates, levando a perda de janelas de
oportunidades para reconquistar o apoio da população. Apesar dos bilhões de
dólares gastos em grandes projetos de reconstrução, a experiência no campo de
53
3 CONCLUSÃO
Da leitura da obra do Cel Mansoor pode-se concluir as seguintes
contribuições para as Ciências Militares:
Importância do perfeito entendimento do ambiente operacional, de suas
características e peculiaridades. O estabelecimento equivocado dos objetivos de
campanha conduzirá a uma luta impossível de ser ganha.
Necessidade de conhecimento amplo da cultura local, de suas tradições e
história. Deve-se aproveitar as lideranças locais para evitar transformar uma guerra
de libertação em uma ocupação.
Na Guerra Contra-Insurgência é fundamental que a população tenha
confiança no domínio da situação pelo governo. A sensação de segurança é
primordial para que o povo se poste ao lado das forças de segurança, reduzindo a
liberdade de ação dos insurgentes.
Buscar reduzir a burocracia para atender as necessidades da população. A
tropa em contato deve manter bases de operação próximas aos principais núcleos
populacionais como forma de estabelecer laços e identificar a forma mais eficaz de
apoiar o povo.
A Inteligência humana ainda é a fonte mais eficaz de obter informações em
um combate contra-insurgência. O ciberespaço, a internet e as redes sociais
devem ser explorados na construção da narrativa do conflito e na vitória da Guerra
da Informação.
Por fim, avalio que a obra é um bom exemplo para quem deseja verificar as
lições de um combate conduzido no amplo espectro, baseado no testemunho de
54
REFERÊNCIAS
MANSOOR, Peter R. Bagdá ao alvorecer: a guerra de um comandante no Iraque. 2.
ed. Rio de Janeiro Paulo, BIBLIEx, 2011. 41
55
1 INTRODUÇÃO
A obra discorre sobre a Guerra no Iraque, no período de 2003 a 2004. O
coronel do Exército dos EUA Peter R. Mansoor, autor da obra, foi o comandante da
1ª Brigada da 1ª Divisão Blindada de 1º de julho de 2003 até 07 de julho de 2004. O
autor apresenta os problemas operativos e táticos do conflito. Seu ponto de vista é
o ponto do comandante militar. Exalta um patriotismo latente e um profissionalismo
militar elevado.
Denominada de Brigada Ready First, sua brigada foi uma Grande Unidade
que se responsabilizou por áreas sensíveis após a conquista de Bagdá pela
brigada da vanguarda (Raid Brigade). Dentre as diversas funções de destaque em
sua carreira, Mansoor foi titular da Cadeira de História Militar na Universidade
Estadual de Ohio e oficial executivo do general David H. Petraus, o que lhe confere
uma visão igualmente acadêmica. Já na reserva, contribuiu para as ações no
Iraque em 2007 e 2008. Foi o primeiro diretor do Centro de Contrainsurreição do
Exército/Fuzileiros Navais, em 2006.
Ao se tratar de uma obra escrita em primeira pessoa, classificada como uma
literatura de informação com base em fatos reais, o gênero literário presente na
obra de Peter R. Mansoor é o gênero narrativo. O autor apresenta o ponto de vista
americano, uma vez que enaltece os valores ocidentais e a ótica americana do
conflito, mas deixa de lado a análise política do conflito ou a apresentação do ponto
de vista iraquiano.
3 CONCLUSÃO
A obra aborda o período e o TO em questão de uma forma unilateralmente
americana. Embora o coronel Mansoor declare ostensivamente que faltou
planejamento para a reestruturação política, econômica e social do Iraque (o que
demonstra capacidade crítica de sua parte), o comandante enaltece os valores
americanos e demonstra que os EUA estavam no Iraque para ajudar o Estado
iraquiano, não compreendendo, integralmente, o motivo das hostilidades iraquianas
sobre os americanos. Ainda assim, a obra se reveste de grandes experiências e é
rica em conceitos profissionais militares. Doutrinariamente modernos e
desafiadores, eles prendem a atenção do leitor e permitem compreender, ainda que
na teoria, os ensinamentos de uma guerra volátil, incerta, complexa e ambígua,
59
REFERÊNCIAS
MANSOOR, Peter R. Bagdá ao Alvorecer: a guerra de um comandante no
Iraque. 1. Ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2011.
60
1 INTRODUÇÃO
Neste diapasão, o autor decidiu por dividir os avanços e reações dos exércitos
no conflito foram em:
- 1ª Parte: Estudo das ações e reações dos exércitos opostos. Razões do
sucesso alemão entre 1939 e 1940, com as reações britânicas e reajustes face
este sucesso.
- 2ª Parte: Vitórias germânicas entre 1941 e 1942 comparadas aos esforços
soviéticos para ajustar suas táticas e formação tanto antes como depois da invasão
alemã.
O critério de oposição de aspectos positivos e negativos, vitórias de decisões
e falhas doutrinárias são mantidos pelo autor, porém, é constante o distanciamento
do leitor “leigo” ao entendimento mais aprofundado do emprego conjunto das
armas. Leva-se a essa conclusão pela oposição de sucesso e fracasso, porém o
estudioso militar percebe a nuance e o real risco pela dissociação do apoio.
A complexidade da guerra moderna foi apontada pelo autor como a
combinação de outros atores, tais como a inteligência de sinais e comunicações,
incremento das operações anfíbias e de operações especiais aos modelos
tradicionais de operação. Ainda que apresentasse vantagens, House segue fiel à
sua tese em enumerar fatos de desastres entre interações bélicas.
A terceira parte da obra retrata o período pós Segunda Guerra Mundial até as
campanhas americanas no deserto Saudita. As guerras por procuração entre
Estados Unidos da América (EUA) e antiga União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) apresentaram profundas mudanças nas doutrinas de combate,
nova articulação entre infantaria e artilharia russas, sistemas de proteção por
mísseis americanos, em uma forma indireta de enfrentamento. A combinação das
armas atinge novo patamar de evolução amparado pelo desenvolvimento
tecnológico que conduz o leitor a creditar a este fator o sucesso na conjugação de
esforços bélicos.
Por fim, recomenda-se a obra “Combinação das Armas – A Guerra no Século
63
3 CONCLUSÃO
A combinação das armas foi efetiva durante a Segunda Guerra Mundial pois
esta distendeu-se em uma forma de combate fluida, que envolvia cenários rurais e
urbanos, envolvendo boa parte dos cidadãos nos conflitos. A guerra em outro
continente obrigou uma interação entre forças navais, aéreas e convencionais que
operaram com características especiais anfíbias e aero terrestres. A força e
mobilidade blindada possivelmente foi o grande impulsionador da combinação das
armas, quer seja para proporcionar proteção, velocidade ou comando e controle,
infantaria, cavalaria, artilharia e engenharia formavam forças-tarefa moldadas pela
finalidade das ações ou pelas imposições de efetivos e meios.
Essa cooperação de esforços extrapola a capacidade de comunicação entre
as forças. Ela deve ser tratada desde a formação das tropas, coordenação de
atividades e doutrina de emprego conjunto que não deve negligenciar a integração
prática entre os componentes e seus materiais de emprego.
REFERÊNCIAS
ROCHA, Daniel Calado Pereira. Armas Combinadas no Séc. XX: Uma Revisão
Histórica. 2015. 121 f. Relatório Cientifico Final do Trabalho de Investigação
Aplicada. Academia Militar. Lisboa, Portugal, julho de 2015.
64
1 INTRODUÇÃO
A obra aborda uma visão detalhada do que foi a evolução do pensamento
militar e da arte da guerra durante o século XX. Os relatos exprimem a conflituosa
evolução do pensamento militar e das doutrinas dos diversos exércitos no período
considerado, explicando a forma como os principais exércitos travavam suas
batalhas e como um influenciava o outro em seus desenvolvimentos. A obra, que
tem como autor Jonathan M. House, oferece importantes explicações acerca da
evolução contínua dos combates, com um vislumbre do que se aproxima no século
XXI. Ressalta a importância da cooperação e integração entre as diversas armas,
fundamental para o sucesso no combate.
alistamento - e sua vitória sobre o Exército francês, que era deficiente em tais
aspectos.
Nesse contexto, a obra defende a integração das Armas e sugere a medição
dos Exércitos não em número de fuzis, sabres e canhões, mas em número de
DIVISÕES de Armas Combinadas, o que hoje já ocorre em muitos Exércitos
modernos e outros nem tanto. Assim, cabe refletir sobre o estado atual de
combinação de Armas no nosso Exército, sob a pena de o Brasil ficar para trás na
capacidade de projeção de poder e força.
Foi na I GM que houve mudança na tática e organização das pequenas
Unidades de Inf. França e Inglaterra incorporaram pessoal de Com e Eng em suas
companhias, viu-se a importância da base de fogos e da combinação do fogo
indireto com a manobra.
A Alemanha desenvolveu táticas de assalto e criou o conceito de Força-
Tarefa. A “Ofensiva Ludendorff” na I GM foi o auge da combinação de armas, base
para a Blitzkrieg da II GM. Alvos passaram a ser batidos por diferentes armas,
evidenciando a integração do Plano de Fogos.
Percebe-se a evolução da tática de guerra, ajustada à nova realidade e ao
novo grau de letalidade do campo de batalha devido às inovações em armamentos
provenientes do esforço de guerra.
Já a Inglaterra e a França começaram a I GM presos a um planejamento
centralizado e rígida disciplina, defendendo o terreno conquistado a qualquer custo.
Somente após vários revezes, adotaram a defesa em profundidade, o que
demonstra a importância do estudo de situação continuado e flexível.
No tocante às mudanças tecnológicas, destacam-se como inovações na I GM:
a guerra com gás químico; o uso da aviação militar (frágil e sem efetividade na
destruição de alvos); os carros de combate (pobremente armados e blindados e
sem integração com a Inf); e o desenvolvimento de veículos militares (caminhões).
No período entre guerras, o autor destaca a repulsa geral à guerra e o declínio
da cooperação ar-terra. A Grã-Bretanha manteve o tradicionalismo, sem avanços
nas táticas e na integração Inf-blindado (Bld). Houve atraso na mecanização e a
doutrina de Ap aéreo aproximado não evoluiu.
A Alemanha, mesmo com as restrições do Tratado de Versalhes, deu impulso
à novas armas, táticas e treinamento, buscando aperfeiçoar a tradição de
integração das armas combinadas. A tática era penetrar em uma frente estreita
67
3 CONCLUSÃO
A leitura da obra permite concluir que as ideias do autor estão alinhadas com
a realidade atual do século XXI, sendo livro de cabeceira para aqueles que desejam
aumentar seus conhecimentos e sua capacidade crítica sobre a evolução da arte
da guerra. Desde o final do século XIX até os dias atuais, verificam-se as seguintes
ideias: alterações do ambiente operacional, em que as áreas urbanas passaram a
influir cada vez mais nos planejamentos e decisões; alterações na natureza da
ameaça, passando do inimigo convencional regular para o inimigo que muitas
vezes não se vê; a longevidade dos conflitos: caso da Bósnia, do Kosovo e do
conflito árabe-israelense; a vertente multinacional das Forças; e o desenvolvimento
tecnológico alinhado com o esforço no desenvolvimento de sistemas de armas e
novas capacidades militares. É fácil constatar a estreita ligação entre defesa e
desenvolvimento, expressado de forma clara nos nossos documentos de defesa
(Estratégia Nacional de Defesa e Livro Branco de Defesa Nacional).
Por fim, as contribuições da obra para as Ciências Militares são as seguintes:
- a necessidade da combinação de armas, formando tropas com elevado grau
de prontidão é um requisito essencial no amplo espectro dos conflitos atuais.
- os conflitos do século XXI se sustentam na Informação e não
exclusivamente no poder de fogo. Assim, o desenvolvimento de capacidades
relacionadas às comunicações e à guerra cibernética é premente.
- no tocante à liderança, cresce de importância a necessidade de o
Comandante Militar ter capacidade de se adaptar à contingência contínua, atuar no
contexto multinacional e ser capaz de liderar pelo exemplo. No entanto, há de se
ressaltar o limite do espírito de iniciativa e liberdade de ação, que devem ser
balizados pelo Estado Final Desejado (EFD) do escalão superior;
- há necessidade de aperfeiçoamento no treinamento do combate urbano,
realidade do século XXI, com a construção de espaços/instalações que
permitam o máximo de realidade, onde o fator população e considerações
civis possam ser trabalhados de forma correta; e
- a integração de todas as expressões do poder nacional no âmbito da
crescente complexidade das Operações é fundamental na resolução de
conflitos e divergências de interesses no mundo globalizado.
71
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Anwar Awlaki cria um blog no início de 2008 e pela internet podia alcançar os
muçulmanos de todo mundo, postando hostilidades aos EUA. Ele elogiava o Talibã
no Afeganistão e a União das Cortes Islâmicas na Somália como dois “exemplos
bem-sucedidos, ainda que longe de perfeitos” de um sistema de governança
islâmica. A jihad é considerada por ele uma batalha na guerra pelos corações e
mentes das pessoas”.
A caçada dos Estados Unidos a Awlaki coincidiu com a escalada dos ataques
da Al-Qaeda ao Iêmen. Sem que soubesse, seus e-mails estavam sendo
interceptados e lidos, enquanto seu blog era vasculhado em busca de pistas de
contatos. O FBI interceptou, em 2008, um e-mail de Nidal Hasan, o major do
Exército cujos pais tinham sido membros da mesquita de Awlaki na Virgínia, em
2001. Hasan abateu treze de seus colegas de farda em Fort Hood, no Texas, seus
e-mails ajudaram a compor a versão de que Awlaki era um terrorista.
O autor aborda a equipe de política externa do presidente recém-eleito
Obama, conceituando-a como linha dura. Mesmo apesar de ter prometido acabar
com a prisão de Guantánamo e com as guerras sem justificativas e sem prestação
de contas de seu antecessor.
Uma das primeiras tarefas relacionadas à agenda de segurança nacional de
Obama foi uma revisão rigorosa das resoluções executivas de Bush referentes a
assuntos militares. Na área de contraterrorismo, Obama conservou muitas políticas
de seu antecessor e acabou mantendo a maior parte das resoluções executivas
sem emendas. Em alguns casos, procurou ampliar as autorizações. Obama
começou a atacar o Paquistão praticamente todas as semanas.
O autor destaca que o Congresso controlava as operações da CIA, mas não
as operações paralelas do JSOC. Levando a narrativa a uma oposição à maneira
em que as atividades militares eram conduzidas.
O livro descreve uma série de tratativas entre os EUA e o presidente do Iêmen
Saleh, com a finalidade de negociar acesso ao território do Iêmen para Operações
Especiais e operações da CIA, bem como para treinamento de unidades iemenitas;
e tratar da questão dos prisioneiros em Guantánamo.
O Iêmen alcançou o topo da lista de áreas conturbadas no radar do
contraterrorismo americano. Aliado a esse fato, Awlaki se tornaria uma figura
destacada, sendo comparado a Osama bin Laden pelas altas autoridades dos EUA
e classificado como uma das maiores ameaças terroristas que o país enfrentava.
100
paz.
Em meados de 2010, o JSOC atuava em 75 países, incluindo na América do
Sul e Europa. Essas tropas tinham comunicação direta com a casa branca,
diferente dos governos anteriores.
O autor relata que dentro do governo americano Awlaki começou a ser
considerado uma grande ameaça, uma vez que incitava ataques ao território
americano. A CIA relatava falta de provas específicas, entretanto, o presidente
Obama discordava desse argumento e decidiu que Anwar tinha que neutralizado.
Anwar estava clandestino no Iêmen e tinha dificuldades de postar suas ideias.
Ele havia entrado em terreno perigoso ao elogiar os ataques terroristas aos EUA. O
Xeque Saleh Fareed era protetor de Anwar, mas estava sob pressão para entregá-lo.
Anwar afirmava que não iria se entregar por não haver possibilidade de um
julgamento justo e que seria empurrado para a clandestinidade.
Os políticos americanos estavam em dois grupos com relação ao assassinado
de um cidadão americano. O apoio ou o silencio, apenas o democrata Kucinich
questionava o ataque aos ideais de liberdade e democracia americano. A quebra da
integridade americana teria consequências internas e externas.
Começou uma batalha judicial para autorizar o assassinato de Anwar sem um
processo legal, o governo alegou questões segredo militar e de Estado. Foram
apresentadas declarações de altos funcionários, feitas sob juramento, que
afirmando que a questão era segredo de Estado, que Anwar era de grande risco a
segurança nacional e o julgamento colocaria em risco segredos militares.
O autor descreve a situação de Anwar ao ser classificado como perigoso aos
EUA, apesar das incoerências da acusação. O governo continuou com vazamentos
seletivos para conquistar a opinião pública, fato que suplantou a luta do pai de
Anwar.
O governo americano traçava um plano de apoio ao governo do Iêmen, junto
com o FMI, países europeus e países vizinhos ao Iêmen. O governo Obama
aumentou a ajuda financeira ao Iêmen de 14 milhões para 110 milhões. Contudo
Saleh deveria ceder a reformas financeiras para continuar recebendo ajuda
econômica e militar. Tais fatos estariam ligados, segundo o autor, para consolidar o
apoio de Saleh aos interesses americanos.
O livro descreve o sucesso americano em conseguir o apoio incondicional de
Saleh após diversos fatos. Esse apoio se materializou quando o Iêmen indiciou
102
Awlaki, por incitar o assassinato de civis e estrangeiros. Ele deveria ser capturado
vivo ou morto.
O final da batalha judicial entre Awlaki e Obama foi julgada pelo juiz Bates, que
considerou a causa de interesse do povo americano. Porém por questões
processuais ele arquivou a causa, pois o pai de Awlaki não poderia processar o
governo em nome do filho.
O Governo dos EUA fechou o Blog de Anwar na internet e ele agora só
poderia se expressar pela revista Inspire. Eric Holder ficou encarregado pelo
governo americano de ir aos principais meios de comunicação para alertar a
população para o risco de ataques terroristas e sempre associava a imagem de
Anwar Awlaki a de terroristas. O que o levou a se tornar o inimigo da américa.
Outro fato curioso relatado no livro foi o caso da prisão de Raymond Davis no
Paquistão. Davis era um agente da CIA que por descuido matou dois membros do
ISI (Agência de Inteligência Paquistanesa), que o seguiam. Durante a ação para seu
resgate a equipe de segurança da CIA atropelou mais um paquistanês.
O autor destaca o incidente diplomático entre os governos dos EUA e
Paquistão decorrido desse fato. Nessa época estava ocorrendo os planejamentos
da missão que viria a executar Osama Bin Laden e a prisão de Davis dificultava a
execução da operação.
As relações entre os EUA e o Paquistão nessa época estavam estremecidas.
Assim, a prisão de Davis foi uma maneira do governo paquistanês pressionar o
governo norte-americano.
Essa crise diplomática foi solucionada com o envolvimento do alto escalão do
governo dos EUA, desde a Secretária de Estado Hillary Clinton, como a Cúpula do
Exército americano e até o próprio Presidente Obama. Davis foi soltou por meio de
um acordo e foi desencadeada a operação que executou Bin Laden em Abbottabad.
O livro traz à tona como a CIA descobriu a localização de Bin Laden em
Abbottabad em agosto de 2010. Sua posição foi revelada através seu agente de
recados, Abu Mohammed Al Kuawaiti, em Peshawar que foi seguido até a cidade de
Abottabad.
A partir desse ponto é explicado de forma minuciosa toda e preparação da
equipe que realizou a infiltração no Paquistão e executou Bin Laden, desde a
seleção dos membros da equipe, seu treinamento na Carolina do Norte e em
Nevada, até sua partida para Jalalabad, no Afeganistão, de onde partiram para a
103
3 CONCLUSÃO
O autor desenvolve suas ideia de maneira coerente durante toda a obra. A sua
leitura não é muito facilitada pela riqueza de detalhes e a repetição de seu ponto de
vista. Apresenta uma visão contrária à política externa americana na condução da
guerra ao terror após sofrer o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. A
contribuição da leitura dessa obra para as Ciência Militares se encontra na
importância da opinião pública e no domínio da narrativa de qualquer operação
militar.
Por fim, conclui-se que a obra Guerras Sujas – O mundo é um campo de
batalha, escrita por Jeremy Scahill, é uma versão da história da expansão das
guerras secretas dos Estados Unidos, do abuso das prerrogativas do Poder
Executivo e do instituto do segredo de Estado, bem como do emprego de unidades
militares de elite que prestam contas exclusivamente à Casa Branca. O autor
mostra em sua narrativa “o mundo é um campo de batalha”.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
O autor retrata que a guerra total contra o terrorismo foi um conceito que
surgiu antes mesmo dos atentados terroristas de onze de setembro que fizeram
centenas de vítimas nas cidades de Nova Iorque e Washington, nos EUA. Ainda no
governo de George Bush, pai de George W. Bush, figuras que seriam destaque
posteriormente, como Donald Rumsfeld e John Wolfowitz já preconizavam a
necessidade de empregar o uso da força em qualquer parte do planeta contra
107
quem quer que seja se esta for livrar os EUA de um mal maior.
De maneira esclarecedora, o autor coloca que os atentados liderados por
Osama Bin Laden apenas serviram de estopim para que a cúpula do governo
pusesse o conceito em prática com a Guerra do Iraque (acusado de desenvolver e
manter armas de destruição em massa) e com a Invasão do Afeganistão. Em
seguida, ainda que prometendo uma redução das intervenções militares norte-
americanas, Obama faz exatamente o contrário, mantendo a informação como
segredo de estado.
b. O caso de Anwar Awlaki
c. As operações no Afeganistão
século passado.
Foi no Afeganistão, relata o autor, que os EUA deram início ao uso de drones
na guerra e às operações executadas por suas forças especiais, os SEAL (Sea, Air
and Land – tropa de elite da Marinha dos EUA) e o JSOC. Numa delas, o autor
mostra, até com certa emoção, o massacre de uma família em Gardez, no
Afeganistão, que tem a casa invadida no meio da noite por uma tropa americana,
resultando nas mortes de um homem (chefe de polícia, recém promovido e treinado
pelos EUA) e duas mulheres grávidas. Nenhuma razão para a operação é
apresentada já que nenhum membro da família era suspeito de terrorismo.
As operações no Afeganistão causaram grande número de baixas entre civis
e provocaram a fuga dos mujahedin para países vizinhos como Somália, Paquistão
e Iêmen. Cabe ressaltar que tais operações não foram capazes de encontrar e
deter Osama Bin Laden.
d. As operações na Somália
e. As operações no Iêmen
f. As operações no Paquistão
Foi no Paquistão que os SEAL lograram êxito em matar Osama Bin Laden em
uma complexa operação na cidade de Abbottabad. Mas foi também neste país que
os norte-americanos enfrentaram a maior resistência pelo uso de drones com
mísseis guiados.
O autor consegue demonstrar que os paquistaneses estão cansados da
atuação norte-americana em solo paquistanês, com constantes violações do
espaço aéreo e dos direitos individuais, quando detiveram um cidadão norte-
americano, conhecido como Raymond Davis, após este matar dois civis
paquistaneses em uma motocicleta em suposta tentativa de assalto. Logo, as
autoridades perceberam que o norte-americano se tratava de um elemento
altamente treinado e exigiram explicações do governo dos EUA. Depois de um forte
empenho político, o cidadão foi posto em liberdade e os EUA mantiveram suas
ações militares no país.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
on terror) desde sua crítica inicial durante a administração de George W. Bush até
o segundo mandato do presidente democrata. Para isso, Scahill realiza sua
investigação no campo de batalha do conflito ao terror no Oriente Médio e África,
contando a história de pessoas que tiveram suas vidas diretamente atingidas pelas
ações militares dos EUA, particularmente do JSOC (Joint Special Operations
Command).
O autor tem como referencial teórico a teoria grociana das Relações
Internacionais (RI). Ao adotar os pressupostos críticos da escola inglesa das RI,
Scahill realiza um debate acerca da legitimidade da guerra ao terror realizada pela
administração Obama. Seu principal objeto de estudo é o conflito existente entre os
excessos das ações do Poder Executivo dos Estados Unidos da América (EUA) e as
garantias previstas na Constituição norte-americana, no que se refere às violações
contra o direito à vida. Cabe ressaltar que estes possíveis abusos aos direitos
humanos causam grande preocupação ao Sistema Jurídico Internacional, pois
abrem precedentes sobre um suposto direito de ingerência (BETTATI, 1997) por
meio de a um novo modo de conduzir a guerra, longe dos controles institucionais
supranacionais (HERMANN, 2011), reavivando o estado da natureza hobbesiano
nas RI.
Esse é o contexto do livro Guerras Sujas. Na obre, Scahill aprofunda a
investigação sobre a morte de Anwar Awlaki, imã pacifista no pós 11 de setembro
que se radicalizou após a guerra no Iraque e Afeganistão e partiu para a
clandestinidade em 2009. Awlaki é uma figura emblemática por ser o primeiro
estadunidense morto pelo seu próprio governo sem ter passado por um processo de
julgamento. O autor refaz a linha do tempo da radicalização de Awlaki traçando
paralelos com a GWOT, que ao invés de reduzir as ameaças à segurança nacional
dos EUA promove novas gerações de inimigos. Perseguições, prisões e
“assassinatos” dirigidos realizados de forma limpa e cirúrgica por intermédio do
JSOC, configuraram a política de Obama. Estava presente um novo modo de
guerra: a guerra suja. Essas black operations surgiram após o 11 de setembro. A
seleção de alvos terroristas e lideranças nas zonas de conflitos no Iraque se
limitaram em números, a um jogo de cartas de baralho. No entanto, as operações
especiais de eliminação seletiva se ampliaram de tal forma que os alvos
preencheriam várias listas ao longo dos anos. Ressalta-se que o limitado controle
institucional acerca da execução dessas operações contribuiu para o aumento do
113
nas relações de poder no cenário internacional. A obra instiga o leitor a uma reflexão
sobre o futuro das guerras. Segundo o autor, a política de “assassinatos” dirigidos
parece estar institucionalizada pelo governo dos EUA e fora dos alcances moral,
ético ou legal admitidos internacionalmente e apregoados, paradoxalmente, pelos
próprios americanos quando seus interesses nacionais não estão ameaçados.
Scahill termina seu livro com perguntas preocupantes: O que fazer quando uma
verdade tão contundente como essa é exposta aos olhos de todos? As guerras sujas
como essa teriam fim algum dia? Essa perguntas permanecem na pauta desse
resenhista – André Luiz Bifano da Silva. – mesmo após o término de sua leitura.
3 CONCLUSÃO
A obra adota uma postura crítica à política de defesa dos EUA. Durante seu
desenvolvimento, talvez devido ao impacto causado no autor pelos fatos expostos,
ela não apresenta argumentos que justifiquem as ações adotadas pela
administração Obama na GWOT. De qualquer maneira, os argumentos
apresentados por Scahill se comprovam pela extensa coletânea de informações
apresentadas, o que justifica seu posicionamento contrário à política adotada e
contribui para o convencimento do leitor.
A compreensão sobre como guerras sujas são realizadas nos dias atuais é de
grande importância para todos, especialmente aos militares. É possível perceber
que as guerras centradas em redes, com seus sistemas de armas altamente
destrutivos e inovações tecnológicas já operacionais, possuem de fato uma política
de estado que embasam sua implementação.
Aliado a esse argumento, a existência de uma ambiente operacional VUCA
(traduzido em volátil, incerto, complexo e ambíguo) ao mesmo tempo possibilita e
justifica a realização de guerras sujas em qualquer parte do mundo, inclusive no
Brasil. Logo, a devida atenção deve ser dada aos desdobramentos da politica de
defesa dos EUA com relação à expansão da atuação do JSOC, que pode englobar o
entorno estratégico brasileiro ou o próprio território nacional.
Tais percepções implicam em um novo pensar sobre a guerra. É preciso
estudar esses novos métodos e planejar como se proceder diante de um cenário
marcado pela unilateralidade e excepcionalidade à lei internacional, onde o estado
da natureza parece reger novamente o rumo das nações.
115
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
descreveu na obra.
As principais implicações se dão em escala global, pois o livro busca provar
que o governo dos EUA, independentemente do partido político que esteja no poder,
considera o mundo como seu campo de batalha. E interfere em qualquer país que
afete seus interesses, sendo capaz inclusive de matar cidadãos americanos
suspeitos de ligação com terrorismo, sem provas concretas ou um julgamento justo.
A obra se encaixa, dentro do escopo de teorias geopolíticas, com a Teoria do
Choque de Civilizações, de Samuel Huntington. O livro retrata bem as divergências
entre os interesses dos americanos e dos muçulmanos, gerando diversos conflitos
armados, em completo segredo e sem uma declaração formal de guerra.
Pode-se referenciar a obra também na Teoria do Poder de Joseph Nye, pois
evidencia as ações americanas que influenciam algumas nações por meio do Smart
Power, ao combinar ações militares contundentes (Hard Power), com ações de
cooperação em recursos, treinamento e fornecimento de armamentos (Soft Power).
A obra também possui uma perspectiva clausewitzana, quanto à Teoria da
Guerra. Ela evidencia a subordinação da expressão militar do poder nacional à
expressão política, quando mostra o quanto se buscou que o Poder Executivo
americano tivesse total controle sobre as ações das operações especiais, sem a
interferência do Congresso ou da hierarquia convencional das Forças Armadas.
A obra é recomendada para estudiosos que desejam pesquisar sobre a política
externa dos EUA voltada para o combate ao terrorismo nos governos Bush e
Obama. O autor, Jeremy Scahill, é jornalista de rádio e televisão e documentarista. É
colaborador regular da revista The Nation e já atuou em coberturas internacionais no
Iraque, nos Bálcãs e na Nigéria. Escreveu a obra Blackwater (2008), ganhando o
renomado prêmio jornalístico George Polk, de 2007.
3 CONCLUSÃO
O autor empreendeu, durante sua obra, uma grande investigação para trazer à
luz muitas ações e atores das operações secretas dos Estados Unidos, no combate
a terroristas em países como Iêmen, Somália e Afeganistão. Tais operações, sob o
endosso e estímulo de políticos influentes neoconservadores americanos, além da
aquiescência direta dos presidentes Bush e Obama, acabaram por aumentar a
rejeição dos muçulmanos pelos influência americana, fortalecendo movimentos
118
REFERÊNCIAS
CLAUSEWITZ, Carl. V. On War (1832). Ed. and translation Michael Howard and
Peter Paret. Princeton NJ: Princeton University Press, 1976.
KALDOR, Mary. Inclusive wars: is Clausewitz still relevant in these Global Times?
In Global Policy, v. 1, n. 3, p. 271-281, 2010.
NYE, Joseph S. O Futuro do Poder. São Paulo: Benvirá, 2012.
SCAHILL, Jeremy. Guerras Sujas: O mundo é um campo de batalha. São Paulo:
Companhia das Letras, 2014.
119
1 INTRODUÇÃO
2002-3
6. “Estamos num novo tipo de guerra” DJIBUTI, WASHINGTON, DC, E IÊMEN,
2002
7. Planos especiais WASHINGTON, DC, 2002
8. Sobrevivência, evasão, resistência, fuga WASHINGTON, DC, 2002-3
9. O criador de caso: Stanley McChrystal ESTADOS UNIDOS, 1974-2003;
IRAQUE, 2003
10. “A intenção deles é a mesma que a nossa” SOMÁLIA, 1993-2004
11. “Um inimigo derrotado não é um inimigo destruído” IÊMEN, 2003-6
12. “Nunca confie num infiel” REINO UNIDO, 2003
13. “Você não precisa provar para ninguém que agiu certo” IRAQUE, 2003-5
14. “Sem sangue, sem sujeira” IRAQUE, 2003-4
15. A estrela da morte IRAQUE, 2004
16. “A melhor tecnologia, as melhores armas, o melhor material humano— e
um monte de dinheiro para torrar” AFEGANISTÃO, IRAQUE E PAQUISTÃO, 2003-6
17. “Grande parte daquilo era de legalidade duvidosa” FONTE: “CAÇADOR”
18. A prisão de Anwar Awlaki IÊMEN, 2004-7
19. “Os Estados Unidos conhecem a guerra. Eles são mestres da guerra”
SOMÁLIA, 2004
20. Fuga da prisão IÊMEN, 2006
21. Perseguição transfronteiras PAQUISTÃO, 2006-8
22. “Todas as medidas tomadas pelos Estados Unidos beneficiaram a Al-
Shabab” SOMÁLIA, 2007-9
23. “Se seu filho não vier para cá, será morto pelos americanos” IÊMEN, 2007-
9
24. “Obama decidiu manter o rumo fixado por Bush” ESTADOS UNIDOS, 2002-
8
25. Ataques com o selo de Obama PAQUISTÃO E WASHINGTON, DC, 2009
26. Os caras das operações especiais querem “resolver essa merda como
fizeram na América Central nos anos 1980” WASHINGTON, DC, E IÊMEN, 2009
27. Suicídio ou martírio? IÊMEN, 2009
28. Obama abraça o JSOC SOMÁLIA, COMEÇO DE 2009
29. “Soltem a rédea do JSOC” ARÁBIA SAUDITA, WASHINGTON, DC,
IÊMEN, 2009
121
acompanhar a ação perfeita dos JSOC ao matar três piratas somalis e prender o
quarto pirata, sendo resgatado o refém com vida. Esta operação produziu dividendos
políticos para o presidente.
Obama não coibiu definitivamente a disputa entre o JSOC e a CIA pelo
comando das ações de contraterrorismo. O que ocorreu na verdade foi uma certa
normatização da disputa entre CIA e JSCO e divisão de territórios, por exemplo as
ações no Paquistão e Somalia estavam sendo protagonizadas pela CIA, enquanto a
JSOC conduzia o Afeganistão, Iraque e Iêmen.
O governo Obama ampliou as operações de captura e morte. O governo
anterior criou a estrutura da guerra global contra o terror, mas foi Barak Obama que
alavancou o seu crescimento por meio de um maior número de ações, também no
Iêmen e na Somália, a saída do Iraque propiciou também uma maior disponibilidade
meios matérias, pessoais e financeiros para a ação em outras regiões.
O presidente Obama obteve a grande vitória sobre Bin Laden. Após um longo
trabalho de inteligência realizado pela CIA foi possível localizar o paradeiro do líder
terrorista no Paquistão, sendo planejada e executada pelo JSOC a missão que
matou Bin Laden, segundo alguns analistas essa missão garantiu a reeleição de
Barack Obama para o segundo mandato.
O governo dos EUA passou a usar vários meios contra Al Qaeda na Somália e
no Iêmen. Com a morte de Osama Bin Lande e o enfraquecimento da Al Qaeda no
Afeganistão o esforço se voltou ainda mais para a Al Shaba e AQPA, porém nesta
fase do conflito foram usados mais meios pelos os norte-americanos contra esses
grupos, como financiar a invasão da Somália pela Etiópia e depois por uma missão
da União Africana, sendo também usada empresa civis de segurança como a
BlackWater
Um forte questionamento legal interno ao EUA foi feito por advogados e
militantes dos direitos civis. A morte do cidadão americano Anwar al-Awlaki provocou
a indagação quanto a ação que provocou a sua morte, pois para os defensores dos
direitos civis a militância de Anwar não era suficiente para justificar missão de
assassinato, haja vista que ele não tinha nenhum indiciamento por qualquer tipo de
crime. Porém perante o governo dos EUA esse cidadão norte-americano era o líder
da Al Qaeda no Iêmen e isto justificava a sua morte. Por fim, o governo alegou a
segredo de estado os motivos que lavaram a morte de Anwar inviabilizando assim
qualquer procedimento jurídico.
126
A presente resenha foi escrita por JUACY Aderaldo Menezes – Maj QEM,
aluno do Curso de Direção para Engenheiros Militares, da Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VESENTINI, José William. Novas Geopolíticas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2016.
KISSINGER, Henry. Nova Ordem Mundial. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
127
1 INTRODUÇÃO
longo do relato. Umas delas, bem observada pelo autor, é a política externa dos
governos Bush, concentrada na guerra contra o Iraque e do governo Obama, que
centrou suas ações na caça a Bin Laden, em operações no Afeganistão e no
Paquistão, onde a política oficial foi de ataques noturnos, prisões secretas, ataques
com mísseis de cruzeiro e drones.
Cita como os Estados Unidos se lançaram à sua Guerra ao Terror, alçando o
Comando Conjunto de Operações Especiais (Joint Special Operations Command,
JSOC). São as verdadeiras tropas de elite, compostas pelo 1º Special Forces
Operational Detachment - D (Força Delta), por Rangers do Exército Americano e
pelo DEVGRU - Naval Special Warfare Development Group (SEAL Team 6) da
Marinha Americana, além disso, contou com o apoio do Serviço Aéreo Especial
(SAS) do Exército Inglês, durante as Guerras no Iraque e no Afeganistão. Segundo o
autor, os Estados Unidos operam desta forma, nos dias de hoje, em mais de cem
países, tendo em vista que, por serem tropas pertencentes às Forças Armada
americanas, sofrem menos restrições de emprego e menos fiscalização. O livro
revela o submundo das secretas operações especiais dos EUA pelo mundo em suas
missões de achar, atacar e acabar e como o JSOC foi transformado num exército
particular que muitas vezes não informava suas ações nem mesmo ao Comandante
do Teatro de Operações. Este tipo de atuação, observada pelo autor, com ênfase na
utilização de Forças de Operações Especiais é muito bem exposta no livro Ações de
Comandos de James F. Dunnigan.
Outra tese refere-se ao desrespeito aos Direitos Humanos, o Direito
Internacional dos Conflitos Armados, desrespeito à soberania dos países envolvidos
direta e indiretamente e abusos nas prisões de Guantánamo, Abu Ghraib e Campo
Nama, onde prisioneiros desapareciam por meses. O livro relata como um programa
de treinamento para as Forças de Operações Especiais americanas, o SERE
(Sobrevivência, Evasão, Resistência e Fuga) onde os militares eram submetidos a
um regime infernal de táticas de tortura extraídas das técnicas usadas por cruéis
ditaduras e terroristas se tornou procedimento padrão nos interrogatórios
americanos. Cita ainda, o crescimento exponencial das Listas de Alvos de Grande
Valor e como as decisões sobre quem deve viver ou morrer em nome da segurança
nacional dos Estados Unidos são tomadas em segredo, as leis são interpretadas
pelo presidente e seus assessores a portas fechadas, e nenhum alvo é inatingível,
nem cidadãos americanos.
129
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Os Centuriões
REFERÊNCIAS
Os Centuriões
1 INTRODUÇÃO
sido inspirados pelo país que foi berço dos direitos humanos.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Os Centuriões
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
caso comunista. De acordo com os relatos presentes no livro, tais ideais terão
continuidade ao longo dos anos vindouros, mesmo após o fim da Guerra Fria.
Umas das ideias marcantes da obra foi a de que a melhor forma de combater
rebeliões seria entendendo o “Modus Operandi” pelo qual os rebeldes atuavam e
agindo como eles em algumas oportunidades, muitas das vezes, sem respeito às
normas dos direitos internacionais dos conflitos armados.
Nesse sentido, entende-se a influência desses ensinamentos ao longo de
diversas guerras ao redor do mundo, dentro do confronto de dominação ideológica
entre o Capitalismo e o Comunismo, inclusive na América do Sul, abarcando
também o Brasil.
Por fim, a obra gera reflexões sobre como empregar o Exército em guerras (ou
conflitos) inicialmente civis, podendo vir a se transformar em guerras revolucionárias,
caso não sejam contidas, influenciando a doutrina militar brasileira (Ciências
Militares), principalmente em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), de
Operações de Inteligência e de Operações Psicológicas. No passado, contra
movimentos insurgentes comunistas, como os ocorridos nos anos de 60 a 70 no
Brasil, e contra as ameaças à segurança nacional e aos poderes constituídos,
presentes na atualidade com o aumento das organizações criminosas no País.
Considera-se, portanto, a obra altamente recomendada para militares e
estudiosos das ciências políticas, servindo como referência para o entendimento
sobre as implicações nas guerras para o serviço Militar, a política e as relações
éticas em momentos de conflito.
REFERÊNCIAS
Os Centuriões
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Os Centuriões
entregado suas vidas ao interesse da pátria. Se isso fosse verdade, a “cólera” destes
seria vista. E foi o que aconteceu. O livro apresenta em seu último capítulo o início
dessa cólera: a não observância dos oficiais contra as “regras” da guerra e a revolta
contra a França que agora lhes processava, a mesma França que lhes ordenara agir
daquela forma. A guisa de conclusão, pode-se observar que o autor Jean Lartéguy
quis retratar em seu livro as experiências de oficias franceses durante o período da
Guerra Fria. Unindo a vivência de cada personagem, suas famílias e o que traziam
da sua vida para o Exército com a experiência na guerra, permitiram apresentar de
forma esclarecedora os conflitos pelos quais passavam esses oficiais durante aquele
período e como isso contribuiu para a campanha da França na Argélia.
O livro, além de abordar aspectos dos conflitos em si, demonstrando a
adaptação das táticas em virtude do ambiente operacional, apresenta ensinamentos
sobre a liderança militar, especialmente no que refere às competências interpessoais
de um líder militar em uma situação tão complexa e ambígua quanto o período da
Guerra Fria.
A época em que foi escrito (1963), coincide com a eclosão de movimentos
guerrilheiros em vários países do mundo, influenciados pela União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas e pela China Comunistas. A revolução Cubana data de 1959,
poucos anos após a eclosão da guerra na Argélia, e as táticas de guerrilha foram
amplamente difundidas na América Latina. É possível supor que as experiências
francesas de guerra de contra-insurgência narradas no livro pudessem servir de
inspiração para a formulação de uma doutrina brasileira que viria a ser utilizada nas
décadas de 1960 e 1970 no combate contra os movimentos revolucionários no
Brasil.
Por fim, a situação apresentada na obra referente à utilização de técnicas por
um exército regular que, em tese, violariam os direitos humanos, contra um
oponente que utiliza das mesmas técnicas e procedimentos, ou até piores, suscitam
o debate sobre o alcance das normas internacionais de conflitos armados em uma
guerra assimétrica e de contra-insurgência, fato este que pôde ser observado
recentemente nas ações norte-americanas no conflito do Afeganistão e na base de
Guantánamo.
153
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
sua imagem perante o povo paraguaio, o qual passou de tirano à líder e mártir
histórico guarani.
O autor apresenta, ainda, o expansionismo das ações paraguaias,
descrevendo as invasões ao Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Corrientes. Aborda,
nesse ínterim, os principais erros do comando das forças de Solano López. Nesse
sentido, tenho a percepção de que o autor relata o ponto de vista como brasileiro
sem levar em consideração a opinião do lado paraguaio no tocante ao seu principal
líder.
Do lado aliado, o autor ressalta a composição das tropas aliadas e as
desconfianças entre Brasil e Argentina, principalmente nos campos político e militar,
ocorridas durante todo o conflito. Nesse viés, observo as divergências para com o
comando dos aliados nas mãos de Mitre, em relação aos comandantes brasileiros,
particularmente no que tange ao Almirante Tamandaré e Conde de Porto Alegre. As
contrariedades estavam perceptíveis quando ordens eram retardadas ou mesmo não
cumpridas por parte dos brasileiros, prejudicando diversas operações.
Mais a frente, Doratioto trata da abordagem operacional, apresentando o recuo
paraguaio para suas fronteiras e a invasão aliada ao território guarani. São descritas
as batalhas do Riachuelo, Tuiuti e Curupaiti. Em Curupaiti, foram evidenciados todos
os problemas aliados, como a desorganização, o despreparo e o desleixo com a
tropa. Nesse contexto, Luiz Octavio Lima também evidencia diversas passagens
onde as tropas aliadas estavam em condições precárias, contribuindo para
desgastes desnecessárias nas batalhas supracitadas.
É ponto pacífico nas duas obras lidas que, em 1866, houve a assunção de
Caxias no teatro de operações, reorganizando as tropas. Houve uma pausa
operacional de 14 meses para o reestabelecimento das tropas aliadas
proporcionando ajustes logísticos e de manobra, o que viria trazer vantagens para o
atingimento do Estado final Desejado.
Finda a pausa operacional, Doratioto apresentou toda a campanha aliada na
retomada da Campanha, desde o início das manobras em Tuiuti, a passagem da
esquadra, o cerco e conquista de Humaitá, culminando com as vitórias constantes
aliadas (Dezembrada).
Um aspecto importante evidenciado pelos autores trata do questionamento
sobre a fuga de Solano López. O autor discorre sobre a indagação de Caxias sobre
a necessidade de continuar a Campanha, diante da conquista de Assunção. Nesse
157
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
A 7 de dezembro de 1864, o diplomata Edward Thornton, representante
britânico na Argentina e Paraguai, escreveu ao chanceler paraguaio José Berges
uma carta que comprova o desinteresse da Grã-Bretanha na eclosão de uma guerra
entre o Paraguai e seus vizinhos. No documento, Thornton afirma textualmente:
"V.E. sabe que a Inglaterra também está em atritos com o Brasil, de modo que tanto
por esse motivo, como pela falta de instruções de meu governo, não poderia fazer
nada de oficial com seu governo; mas particularmente sim, se puder servir, no
mínimo que seja, para contribuir para a reconciliação dos dois países, espero que
V.E. não hesite em me utilizar".
A disposição do representante britânico de colaborar para evitar o conflito entre
Brasil e Paraguai é uma das muitas surpresas guardadas na obra do historiador
Francisco Doratioto, que desfaz um dos maiores mitos a respeito da Guerra do
Paraguai: o de uma guerra que teria sido provocada pelos interesses "imperialistas"
britânicos. Construído inicialmente pelo revisionismo histórico paraguaio, a
valorização da figura de Solano López chegou ao paroxismo no final dos anos 1960,
quando intelectuais nacionalistas e de esquerda o elevaram à condição de líder
antiimperialista.
Doratioto apresenta, com base em ampla pesquisa de fontes primárias e
profundo conhecimento da literatura secundária, uma visão muito distinta. Ao mesmo
tempo em que se afasta da historiografia mais tradicional, aquela que atribuía a
causa da guerra às pretensões descomunais de um ditador clássico, ele refuta a
argumentação da historiografia dos anos 1970 e 1980. A historiografia tradicional e o
160
sentido, tenho a percepção de que o autor relata o ponto de vista como brasileiro
sem levar em consideração a opinião do lado paraguaio no tocante ao seu principal
líder.
Do lado aliado, o autor ressalta a composição das tropas aliadas e as
desconfianças entre Brasil e Argentina, principalmente nos campos político e militar,
ocorridas durante todo o conflito. Nesse viés, observo as divergências para com o
comando dos aliados nas mãos de Mitre, em relação aos comandantes brasileiros,
particularmente no que tange ao Almirante Tamandaré e Conde de Porto Alegre. As
contrariedades estavam perceptíveis quando ordens eram retardadas ou mesmo não
cumpridas por parte dos brasileiros, prejudicando diversas operações.
Mais à frente, Doratioto trata da abordagem operacional, apresentando o recuo
paraguaio para suas fronteiras e a invasão aliada ao território guarani. São descritas
as batalhas do Riachuelo, Tuiuti e Curupaiti. Em Curupaiti, foram evidenciados todos
os problemas aliados, como a desorganização, o despreparo e o desleixo com a
tropa. Nesse contexto, Luiz Octavio Lima também evidencia diversas passagens
onde as tropas aliadas estavam em condições precárias, contribuindo para
desgastes desnecessárias nas batalhas supracitadas.
É ponto pacífico nas duas obras lidas que, em 1866, houve a assunção de
Caxias no teatro de operações, reorganizando as tropas. Houve uma pausa
operacional de 14 meses para o reestabelecimento das tropas aliadas
proporcionando ajustes logísticos e de manobra, o que viria trazer vantagens para o
atingimento do Estado final Desejado.
Finda a pausa operacional, Doratioto apresentou toda a campanha aliada na
retomada da Campanha, desde o início das manobras em Tuiuti, a passagem da
esquadra, o cerco e conquista de Humaitá, culminando com as vitórias constantes
aliadas (Dezembrada).
Um aspecto importante evidenciado pelos autores trata do questionamento
sobre a fuga de Solano López. O autor discorre sobre a indagação de Caxias sobre
a necessidade de continuar a Campanha, diante da conquista de Assunção. Nesse
sentido, minha percepção diz respeito a oportunidade em se encerrar a guerra na
conquista da capital paraguaia, o que evitaria as grandes perdas humanas e
financeiras doravante ocorridas.
Mais à frente Caxias deixa o TO, adoentado, baixando o moral da tropa aliada.
D. Pedro II nomeia o Conde D’Eu que foi o comandante em chefe das tropas aliadas
162
no último ano do conflito, até a caçada e morte de Solano López. Nesse tocante,
observo a ideia premente de D. Pedro II, a qual defendia que somente a morte de
Solano Lopez conteria definitivamente o ímpeto paraguaio.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Paraguai”. Seu trabalho foi baseado em farta documentação e suas pesquisa trazem
o lado humano, social e político do conflito, além das batalhas e personagens.
ingleses.
Na obra do historiador Francisco Doratioto, que desfaz um dos maiores mitos a
respeito da Guerra do Paraguai: o de uma guerra que teria sido provocada pelos
interesses "imperialistas" britânicos. Construído inicialmente pelo revisionismo
histórico paraguaio, a valorização da figura de Solano López chegou ao paroxismo
no final dos anos 1960, quando intelectuais nacionalistas e de esquerda o elevaram
à condição de líder anti-imperialista.
3 CONCLUSÃO
Na primeira parte de seu livro o autor aborda aspectos relativos aos conflitos na
Bacia do Prata, como também os principais acontecimentos diplomáticos, políticos e
militares que ocasionou o início das animosidades entre o Governo Imperial e o País
Guarani. Doratioto estabelece como catalisador do conflito o evento do
aprisionamento do navio brasileiro Marquês de Olinda e a invasão do Mato Grosso
por forças paraguaias.
Em uma segunda fase é abordada o inicio do conflito bélico propriamente dito,
com a concentração de tropas aliadas (Uruguaias, Argentinas e Brasileiras), sob o
comando do General Mitre até a grande derrota sofrida na batalha de Curupaiti,
onde constata- os problemas relativos à cadeia de comando aliada e os óbices
logísticos enfrentados pelas tropas no terreno. Durante essa fase fica clara a
liderança do General Osório perante as tropas brasileiras, sempre a frente das
tropas, o que lhe resultou vários ferimentos ao longo da campanha. Outro aspecto
foram os constantes embates entre o comando da Armada Brasileira e o General
argentino. Situação essa somente resolvida quando o Almirante Barroso assumiu a
Armada e venceu a esquadra paraguaia na Batalha do Riachuelo, vindo assim a
concretizar a supremacia naval aliada sobre o Rio Paraguai.
Prosseguindo no desenrolar da narrativa, a “necessidade” do retorno do
Presidente Mitre ao seu país, a fim de resolver disputas internas, e a nomeação de
Luís Alves de Lima e Silva como Comandante das tropas aliadas. Caxias deu inicio a
reestruturação das forças de modo a possibilitar a retomada das ações. Nas varias
cartas escritas do Duque pode ser constatado os problemas de saúde que o mesmo
vinha sofrendo ao logo da campanha que estava conduzindo. Destacasse a
passagem pela ponte de Itararé onde, mesmo com a saúde debilitada, Caxias se
168
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
em uma batalha em 1852, fazendo surgir dois Estados argentinos: Buenos Aires e a
Confederação Argentina.
A partir de 1844-52, o Império travou boas relações com o Paraguai,
reconhecendo sua independência, em 1844 e apoiando política e militarmente os
paraguaios na disputa com Rosas pelo acesso ao mar, no entanto, começaram a
surgir divergências entre o Brasil e o Paraguai, como o fato de a queda de Rosas
(1852) ter posto fim a um inimigo comum entre Brasil e Paraguai e o novo
presidente, Carlos Antonio López, ter criado obstáculos à navegação brasileira no rio
Paraguai e reivindicava a delimitação das fronteiras no rio Branco.
Dessa maneira em 1856 foi estabelecido um tratado entre Brasil e Paraguai,
que garantia a livre navegação ao Império brasileiro e postergava a questão das
fronteiras.
Entre os anos de 1844 e 1862, Carlos Antonio López modernizou o país,
importando maquinário e técnicos da Inglaterra, e tentou reinserir o Paraguai no
comércio internacional. Para isso, precisava de acesso ao mar e passou a militarizar
o país para uma possível atuação defensiva na região.
Cabe destacar, que em 1862 ocorreu a reunificação argentina, sob a
presidência de Bartolomé Mitre, criando a República Argentina. Isso desagradou a
províncias como Entre Ríos e Corrientes, federalistas, que reivindicavam a
nacionalização da renda obtida pela alfândega de Buenos Aires, pois todo o
comércio exterior argentino passava por ali.
Nesse período, a Argentina passou a apoiar os colorados contra os
governantes blancos, no Uruguai. Como resposta, os blancos se aproximaram do
Paraguai para obter apoio contra a situação de dependência em relação ao Brasil e
à Argentina.
Por outro lado, Solano López se aproximou de Urquiza (de Entre Ríos),
opositor de Mitre, visando a colocar o Paraguai na posição de um terceiro polo de
poder regional. Como reação à tentativa de aliança do Uruguai com o Paraguai, a
Argentina tratou de se aproximar do Brasil, propondo um eixo de cooperação, em
virtude dos interesses comuns a ambas as nações, tais como, o fato de o Brasil e a
Argentina serem Estados centralizados e sob governos liberais; ambos viam com
desconfiança o governo blanco no Uruguai e possuíam questões de fronteiras para
tratar com o Paraguai.
O Brasil, agora nas mãos do Partido Liberal, não adotou uma política concreta
172
para o Prata e passou a atuar de forma reativa, em defesa dos interesses gaúchos
no Uruguai, que tinham suas atividades pecuaristas prejudicadas naquele país, o
que fez com que em 1864 o Brasil intervisse no Uruguai, com o apoio da Argentina.
Como reação, o Paraguai, comandado pelo Francisco Solano Lopes invade o Mato
Grosso, em 1864 e Corrientes em 1865.
Em função disso, em 1865 ocorre a formação da Tríplice Aliança – Brasil,
Argentina e Uruguai, que apesar da dura oposição do Partido Conservador (BR), que
desaconselhava o aumento das fronteiras brasileiro-argentinas, tinha como uma das
finalidades a derrota das forças paraguaias, com a deposição e expulsão do ditador
Solano Lopes, por ocasião da vitória.
O Plano de Solano López era realizar uma guerra-relâmpago, iniciando pelo
norte, onde contariam com o apoio da população de Corrientes, que viria o Paraguai
como libertador, e se juntariam às suas tropas, migrando para Buenos Aires para
derrubar Mitre. Invadiriam o RS, para chegar ao Uruguai, onde contariam com o
apoio dos blancos para vencer as tropas brasileiras. Com resultados, o Paraguai
forçaria o Império brasileiro a assinar a paz, reconhecendo-o como novo ator
regional e, graças à “libertação” do Uruguai, teriam o porto de Montevideu como
ponto de escoamento da produção paraguaia.
Apesar de possuir tropas bastante aguerridas e adestradas ocorreram
fracassos na ofensiva paraguaia, em função de os federalistas argentinos não terem
se unido às tropas paraguaias; a vitória brasileira no arroio Riachuelo (Corrientes,
AR), consolidando o bloqueio naval do Paraguai e o fato do coronel Estigarribia ter
invadido Uruguaiana, sendo derrotado em 1865 pelas tropas brasileiras.
Em 1866, as tropas aliadas, sob o comando de Mitre, invadem o Paraguai,
através do Passo da Pátria, com o objetivo de tomar a fortaleza de Humaitá, que
controlava a navegação no rio Paraguai. Por esse local, as tropas aliadas subiriam,
via fluvial, até Assunção. No entanto, o Exército aliado não conhecia o território
paraguaio, sua população, seus recursos militares, devido ao isolamento por que
havia passado o país. O território de Passo da Pátria era bastante desfavorável para
os aliados, permitindo que López construísse uma linha defensiva, levando a uma
guerra de posições até 1867.
Durante o ano de 1868, Mitre retira- se para Buenos Aires para assumir a
presidência e combater uma rebelião interna, o que fez com que o marquês de
Caxias acabasse liderando as forças aliadas. Dessa forma, Caxias cercou Humaitá e
173
ferido pelo cabo "Chico Diabo" e intimado a render-se novamente, neste momento já
estava caído dentro do riacho Aquidaban-nigui, momento em que foi intimado a
render- se novamente; como não aceitou a rendição, o general Câmara mandou
desarmá-lo, ao que ele impôs fraca resistência, acabando por levar um tiro do
soldado gaúcho João Soares, morrendo em razão dos ferimentos sofridos.
Por ocasião de 1872, o Império assina um tratado de paz com o Paraguai,
bilateralmente, definindo a fronteira comum como até o rio Apa (intenção do Brasil
antes da guerra). Em função disso, Mitre realiza um missão diplomática ao Brasil
para tentar fazer cumprir as fronteiras propostas no Tratado da Tríplice Aliança, mas
acaba fracassando, o que fez com que a Argentina procurasse assinar em 1875, o
Tratado Sosa-Tejedor, firmando a paz e limites com o Paraguai, independentemente
do Império, porém os paraguaios não assinaram, devido à pressão brasileira.
Por fim, em 1878, a questão das fronteiras entre Argentina e Paraguai foi
finalmente solucionada, com a arbitragem pelo presidente norte-americano, que
decidiu favoravelmente ao Paraguai, o que fez com que a Argentina não se
apossasse da região do Chaco.
3 CONCLUSÃO
histórico exercido por Solano López entre aqueles que participaram da guerra, algo
que, com toda certeza se constitui como improvável e de difícil comprovação
histórica, isenta o Império brasileiro de toda a responsabilidade de guerra.
Sob uma perspectiva nacionalista, Doratioto aponta López como o responsável,
não apenas pelo conflito, mas também, e talvez sobretudo, pela própria destruição
do Estado paraguaio e pela dizimação de sua população. Na visão deste autor, os
mortos em combate se constituíram em uma minoria se comparados àqueles que
pereceram “devido à fome, doenças ou exaustão decorrente da marcha forçada de
civis para o interior, ordenada por Solano López” (p. 456).
Para Doratioto, a apresentação deste governante como “ambicioso, tirânico e
quase desequilibrado” pela historiografia tradicional “não estava longe da realidade e
pode até explicar certos momentos da guerra, mas não sua origem e dinâmica”. (p.
19). É preciso ressaltar que Doratioto, apesar de pôr em relevo os conflitos regionais
relacionados ao processo de construção dos Estados platinos como principal motor
da Guerra do Paraguai, retoma muitas das explicações e argumentações da
historiografia tradicional, mormente àquelas relacionadas à figura de Solano López.
Outro fator a ser destacado é que Doratioto estabelece o evento do
aprisionamento do navio Marquês de Olinda e a invasão à Mato Grosso por forças
paraguaias como o marco inicial do conflito, levando à eclosão do maior conflito da
América do Sul.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1850 até a chegada ao poder de Solano López, além das tensões regionais na
região do prata, tendo como o Uruguai se fator mais importante.
Além disso, essas informações do contexto da época tratam do rompimento
das relações paraguaias com o Império e a aproximação entre os maiores Estados
da região, o Império Brasileiro e a República da Argentina.
Por fim, cabe destacar que Doratioto remonta o revisionismo histórico acerca
de Solano López, apresentando como sua imagem, para o povo paraguaio, passou
de tirano, para líder e mártir histórico guarani. Nesse contexto, pode-se verificar
como os fatos históricos podem possuir abordagens diferentes e podem ser
repassados segundo os interesses da época. Algo semelhante ocorreu com a
historiografia brasileira, que a partir da República, passou a descontruir o papel do
Império e sua importância na Guerra.
Após essa descrição do contexto regional da época, o autor descreve as
invasões paraguaias ao Mato Grosso, Rio Grande do Sul, bem como à Corrientes,
ressaltando os principais erros do comando das forças paraguaias. Nessa seção, é
apresentado o expansionismo máximo das ações guaranis.
No que diz respeito às Forças Aliadas, Doratioto ressalta as reações dos seus
governos, a composição das tropas aliadas e as desconfianças entre Brasil e
Argentina, que, de maneira bem visível, transpassaram durante todo o conflito.
Ao ler a obra depreende-se que a a abordagem do autor, embora bastante
alicerçada em fatos, inicia uma linha bastante negativa em relação ao Paraguai,
sendo, inclusive, bastante direto ao descrever os generais de Solano como
incompetentes.
No desenrolar da guerra, quanto ao campo das operações, o livro apresenta o
recuo paraguaio para suas fronteira e a invasão aliada ao território guarani. É nessa
parte da obra, que são descritas as batalhas do Riachuelo, Tuiuti e Curupaiti. Essa
última, ponte chave para a perda do ímpeto aliado e que expôs todos os problemas
aliados, como de desorganização, de desconfianças e má preparação e cuidados
com a tropa. O capítulo termina com a assunção de Caxias do comando do teatro de
operações e com suas medidas para reorganizar as tropa. Fato esse que custou
mais de um ano de imobilidade na guerra.
Na minha perspectiva, o autor faz um recorte bastante negativo de várias
autoridades brasileiras, sobretudo Tamandaré, e inicia uma apresentação mais
factível e humana do Duque de Caxias.
178
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Bartolomeu Mitre, Gen Osório, Gen Argolo, dentre outros. O autor destaca também o
alto valor, a combatividade e a determinação do soldado paraguaio que, conforme
relatado pelo próprio Caxias, valia por três soldados brasileiros.
Além das análises políticas, Francisco Doratioto também faz uma análise dos
aspectos militares, como o recrutamento e instrução deficientes, as dificuldades de
deslocamento para o Teatro de Operações, as dificuldades de adaptação dos
soldados brasileiros, a logística deficiente, os costumes militares, a movimentação
das tropas em manobra, o perfil de seus líderes e, principalmente, o
desenvolvimento das batalhas.
O autor ainda faz uma abordagem dos valores e costumes da sociedade
brasileira à época, da reação entusiasta e favorável à guerra contra o Paraguai, em
1864, à contrariedade da população com sua manutenção e o desejo por paz, em
1868. Essa abordagem é importante para entender o modo de pensar da sociedade
brasileira na ocasião, de modo a compreender o contexto psicossocial, de forma a
evitar o julgamento dos atos do passado com os valores do presente.
Por fim, o autor reconhece que, mesmo sendo trágica, a Guerra do Paraguai
foi um dos mais importantes fatores para a unificação do Brasil, tanto na questão
fronteiriça quando na questão patriótica. No entanto, os gastos causaram o
endividamento do país e contribuíram para a estagnação econômica nos últimos
anos do Império. Além disso, a guerra fortaleceu o Exército Brasileiro, que viria a
atuar de forma mais consistente na política nacional, inclusive derrubando o
Imperador e instaurando a república.
Em relação à Argentina, as consequências políticas não foram positivas, pois o
presidente Mitre, mesmo saído vitorioso, perdeu o poder político devido à
insatisfação do povo argentino em relação à guerra. No campo econômico, a guerra
fortaleceu sua economia, a ponto de a Argentina figurar, no final do século XIX e
início do século XX, como um dos países mais ricos do mundo.
Quanto ao Paraguai, restou o desafio da reconstrução. O país teve enormes
perdas humanas e materiais. E ainda havia a ameaça de anexação pela Argentina,
pretensão essa repudiada pelo Brasil. Esse choque de interesses constituiu-se em
um entrave nas relações entre os dois países alimentando as hostilidades e a crença
de uma futura guerra.
186
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
sociedade para a mobilização nacional. A união política unificada foi uma decisão
para ter uma instituição séria e despolitizada dentro dos quartéis.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
impacto. Isso fica evidente na atenção dada pelo autor para a importância das
lealdades pessoais presentes no Exército da época e da forma como eram
encaradas as rupturas na ordem institucional.
O distanciamento do autor em relação ao quadro político e ideológico brasileiro
permite que se utilize da obra para a extração de ensinamentos fundamentais para a
compreensão do contexto da época e se valorize, no âmbito da Força, os esforços
bem sucedidos para a evolução do Exército em direção à unidade de pensamento, à
profissionalização e à operacionalidade, tornando-o, no presente, fator determinante
para a estabilidade institucional da Nação.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
no período do governo militar, o autor verificou uma forte correlação dos ideais deste
período com os da República Velha e de forma mais contundente do Estado Novo
de 1937 a 1945 (p.10). Sobre essa influência o próprio autor afirma:
As atitudes dos oficiais que dirigiram os destinos do país de 1964 a 1985
foram moldadas, em grande medida, por suas experiências como oficiais
subalternos ou filhos de personalidades influentes da República Velha
(p.12).
Tal fato mostra que, as influências do Exército Brasileiro nos rumos do Brasil
eram incontestáveis e ratificavam o seu poder desde a Proclamação da República,
sendo assim, dispensável citar o motivo do autor em empreender tal projeto literário.
missões em tempos de paz, semelhantes aos tempos de guerra” (p.110). Toda essa
temática imposta pelo autor, nos induz a busca do Exército em profissionalizar-se,
desejo que começaria a ser concretizado na missão francesa que, sem dúvida, teve
um papel fundamental na consolidação da identidade do Exército. Seja pela
reorganização da força, aumento do padrão de treinamento e armamento, criação da
ESAO em 1920 (p.317) e da atualização da ECEME em 1919 (p.318), a missão
francesa corroborou esse movimento da força terrestre na busca da
profissionalização.
Outro fator citado pelo autor para o fortalecimento de uma identidade no
Exército foi a tendência militar a ideologia integralista de direita. Segundo o autor, o
integralismo, surgido na década de 30 como uma versão brasileira do fascismo,
tinha a distinta vantagem de ser nativa e adotar o lema “Deus, Pátria e Família”
(p.470). Nessa época, também existiam ações comunistas, que foram rechaçadas
pela maioria da oficialidade e do governo brasileiro. Não há dúvida de que o
Exército, começa a assumir um papel determinante, agora, como força coesa e com
um inimigo muito bem definido: o comunismo. Embora o autor não cite esse aspecto
diretamente, o inimigo bolchevique uniria Exército e Vargas, contra a ameaça
comunista, através de uma forte tempestade anticomunista (p.493) que abalou o
governo antes do Golpe de 1937.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
ser mesmo controversa, pois conforme relata Schwarcz (2013) em sua obra, negros
haviam lutado como soldados na Guerra do Paraguai e por isso muitos haviam
ganhado a liberdade, e alguns foram incorporados as tropas após o conflito.
Também ressalta a influência do apadrinhamento político de oficiais, o que
garantia a estes promoções e cargos no governo. Por fim, como nas escolas
militares os ideias positivistas dominavam o ensino acadêmico, em detrimento do
ensino militar.
Conforme também indica Gomes (2013), tudo isso levou a um grande
descontentamento da alta cúpula do Exército e de grandes pensadores da época,
como Professor Benjamin Constant, que à época lecionava na Escola Militar da
Praia Vermelha. Juntaram-se a eles antimonarquistas, descontentes com os
desmandos dos latifundiários ligados ao Imperador. Tudo isso, levou, em 15 de
novembro de 1889, a Proclamação da República por Deodoro da Fonseca.
A partir daí, o autor percorre toda a República Velha, tendo como protagonista
inicial o Exército, única instituição nacional à época.
Nos momentos posteriores a proclamação, a Força se viu envolvida com a
solução de guerras civis no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, respectivamente
Revolta da Armada e Revolução Federalista.
Passado este período, ainda no governo de Prudente de Moraes, primeiro
presidente eleito pelo voto direto, o fantasma da monarquia continuava assombrando
a Republica Velha. A guerra em Canudos e no Contestado são exemplo disso. E
aqui, mais uma vez, o autor destaca a participação do Exército nestes conflitos.
Contudo, ele traz detalhes de como a instituição na época, teve dificuldades de se
organizar, taticamente, em material e em pessoal, para se contrapor ao oponente.
Isso, em grande parte foi motivado pela falta de um ensino profissional nas
escolas militares instaladas no país. E também, como o autor descreve, a grande
participação de militares (agora já não a instituição Exército), na politica, em que
oficiais com cargos eletivos, dedicavam grande parte do seu tempo ao serviço
público, do que ao da caserna.
A esse fato, soma-se a falta de equipamentos adequados e pessoal suficiente
para compor os quarteis da época. Não se conseguia implantar no país um Serviço
Militar obrigatório. As diversas tentativas de transformação e modernização da
Força, a começar pelo ensino, pouco efeito surtiram, devido a dois fatores principais,
falta de recursos vindos do governo e falta de interesse dos políticos, pois temiam
205
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
italiano.
Essa campanha pode ser dividida em duas fases: a primeira, que vai dos
preparativos dos efetivos a serem empregados, até a defensiva no Vale do rio Reno;
e a segunda, que começa com a Ofensiva de Primavera, até o retorno das tropas
para o Brasil.
Ao declarar guerra contra os países do Eixo, o Brasil começou a montar uma
Força Militar capaz de enfrentar os adversários alemães e italianos na Segunda
Guerra Mundial. Os primeiros desafios para estruturar a tropa começaram a
aparecer e o Comandante nomeado da FEB, Marechal Mascarenhas de Moraes,
teve que enfrentar problemas de toda a ordem, como a seleção das instruções a
serem ministradas para os efetivos empregados, a formação de especialistas e a
preparação e adequação dos uniformes a serem utilizados nos confrontos.
Apesar das dificuldades, os impasses foram sendo resolvidos com muito
destemor e abnegação por parte dos líderes militares envolvidos. Exemplo disso, foi
a criação do Centro de Instrução Especializada, com a finalidade de suprir as
necessidades na formação de especialistas requeridos para atuar no combate.
Ao chegar no Teatro de Operações (TO) em solo italiano, as tropas brasileiras
foram apresentadas ao Gen Mark Clark, Comandante do V Exército de Campanha,
e logo partiram para os treinamentos finais na área de retaguarda, mais
precisamente na região de Vada.
Após os treinamentos, a FEB lutou em duas frentes, a primeira, no rio Serchio
no outono de 1944, e a segunda e mais difícil a do rio Reno ao norte de Pistoia (na
cordilheira dos Apeninos). Neste TO, partindo do Quartel General de Porreta-Terme,
a FEB conquistou Monte Castelo (21 de fevereiro).
Do exposto acima, infere-se que as tropas brasileiras, mesmo com grande
dificuldade inicial, conseguiram vencer os impasses existentes e conquistaram
importantes pontos para a dinâmica do combate, em solo italiano.
Após a conquista de Monte Castelo, Mascarenhas de Morares recebeu novas
missões: conquistar Montese e explorar o êxito até o corte do rio Panaro; substituir o
flanco ocidental da 10ª Divisão de Montanha (EUA); e prosseguir em direção a
Zocca-Vignola.
As tropas brasileiras, após terem recebido a missão do escalão superior,
partiram rumo ao Vale do Panaro. Como destaque nesse deslocamento, estava o
Esquadrão de Reconhecimento, comandado pelo Cap Plínio Pitaluga, que teve
209
3 CONCLUSÃO
Nesse sentido, foi dada ênfase em manter as Forças Armadas fortes, bem
preparadas e equipadas, atentas aos avanços tecnológicos do mundo na área de
Defesa. Assim, ao final do conflito, o Brasil adquiriu um novo conhecimento em
doutrina militar e isso foi fundamental para que as Forças Armadas brasileiras
fossem impulsionadas a manterem um grau de adestramento condizente com a
situação em que se enquadram.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MORAES, João Baptista Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante – Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército Ed, 2005.
216
1 INTRODUÇÃO
artifícios, por vezes, provoca idas e vindas dos leitores na consulta dos poucos
mapas existentes para um melhor entendimento.
Cabe ressaltar, ainda, que a obra pecou na formação de uma sequência
cronológica dos acontecimentos, principalmente quando retratou a preparação da
FEB e os deslocamentos dos escalões, o que provoca certa dificuldade em saber
onde se situava e exatamente o que fazia cada escalão em determinada fase da
guerra.
Sobre o autor, João Batista Mascarenhas de Moraes foi o comandante da
Força Expedicionária Brasileira, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, durante a
Campanha da Itália, entre 1944 e 1945. Nasceu em São Gabriel, Estado do Rio
Grande do Sul, em 1883. Iniciou sua carreira militar na Escola
Militar do Rio Pardo, sendo nomeado Alferes-Aluno, em 1905, pela Escola
Militar do Brasil, conhecida como Escola Militar da Praia Vermelha.
Mascarenhas de Moraes tomou parte em diversos conflitos internos e fatos de
relevância da História nacional. Em 1922, quando do movimento conhecido por
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, Mascarenhas era Capitão e comandava o
1° Regimento de Artilharia Montada. Nessa ocasião, apoiou as forças legalistas,
dando suporte à Infantaria. Durante a Revolução de 1930, quando no posto de
tenente-coronel e comandando o 6º Regimento de Artilharia Montada, Mascarenhas
manteve sua lealdade ao presidente Washington Luís e foi detido na madrugada de
4 de outubro pelos rebeldes liderados por Getúlio Vargas, ficando 38 dias preso.
Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, declarou seu apoio aos paulista
contra Vargas, sendo preso novamente. Após o levante, seguiu sua carreira sem ser
processado. Em 1935, enquanto comandava a Escola Militar do Realengo,
Mascarenhas de Moraes tomou parte na luta contra a Intentona Comunista no Rio
de Janeiro. Em 1937, foi promovido a General-de-Brigada, ocupando destacados
cargos na sequência, como o comando da 9ª Região Militar, da Artilharia Divisionária
da 1ª Divisão de Exército e da 7ª Região Militar.
Em 1943, Mascarenhas de Moraes foi nomeado comandante da 1ª DIE
(Divisão de Infantaria Expedicionária), que, ao final da II Guerra Mundial (IIGM),
configurou-se como a única da FEB (Força Expedicionária Brasileira). O general
chegou a Itália com as primeiras tropas brasileiras em julho de 1944 e comandou as
forças brasileiras em combates que se desenvolveram desde o mês de novembro
até a rendição das forças do Eixo na Itália, em 2 de maio de 1945.
219
Após o fim da guerra, ele retornou ao Brasil e comandou a Zona Militar Sul,
entre 4 de abril e 29 de agosto de 1946. Ainda nesse ano, foi promovido a Marechal,
por ato do Congresso Nacional. Em 1953, tornou-se Chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas, cargo onde acompanhou a crise que levou ao suicídio do
presidente Vargas. Após a morte de Getúlio, em agosto de 1954, passou em
definitivo para a reserva, momento em que publicou suas memórias, como
comandante da FEB.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MORAES, João Baptista Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército Ed., 2005.
220
1 INTRODUÇÃO
Brasil. Paulo Eustáquio dos Santos Júnior, Major de Infantaria, aluno do 1º ano do
Curso de Comando e Estado-Maior da Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
MORAES, João Baptista Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército Ed., 2005.
224
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
Por fim, o livro nos leva a considerar nossa capacidade de atuar no exterior,
alinhada com uma Política de Defesa Nacional que considera o Brasil um líder
regional e importante ator global. Neste sentido, busca-se consolidar conhecimentos
nas expressões do poder, política e estratégia, atualizando, preponderantemente, os
oficiais de Estado-Maior, futuros líderes do século XXI.
REFERÊNCIAS
MORAES,. João Batista Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército Ed., 2005.
228
1 INTRODUÇÃO
A obra foi escrita logo após a chegada da FEB ao Brasil, de modo a revelar o
ponto de vista do que realmente havia ocorrido com as tropas brasileiras na 2a GM e
construir a narrativa favorável ao Exército Brasileiro.
O País estava vivendo um momento delicado em termos políticos, com a
Assembleia Constituinte se preparando para promulgar a nova Constituição
Brasileira. O Presidente da República, Getúlio Vargas, enfrentava grandes
dificuldades por conta das alegações de falta de legitimidade de seu governo.
Havia, no mundo, um sentimento de aversão ao totalitarismo e ao nazi
fascismo, fruto dos regimes combatidos e vencidos durante a Segunda Guerra
Mundial. Esta era, portanto, a conjuntura que o Autor vivenciou enquanto redigia,
com o auxílio de oficiais do seu Estado-Maior, partes consideráveis da obra em
pauta.
Nesse contexto, o autor redigiu a obra para que servisse de eixo da verdadeira
história sobre a atuação dos brasileiros na Campanha da Itália, se preocupando em
estabelecer o plano de conjunto da verdade histórica, não permitindo que visões
virtuais sobre campanha pudessem corromper o que ocorreu realmente.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
POLÍTICA
1 INTRODUÇÃO
Samuel Phillips Huntington (18 Abr 1927-24 Dez 2008) foi um acadêmico e
cientista político que nasceu em Nova Iorque, filho de uma escritora de folhetins e de
um editor de informativos comerciais de hotelaria. Graduou-se na Yale University em
1946. Aos dezoito anos serviu ao Exército dos Estados Unidos da América, nos anos
de 1946-1947. Obteve o mestrado na Chicago University em 1948 e o doutorado na
Harvard University, onde começou a lecionar aos 23 anos de idade, atuando como
professor por mais de cinco décadas. Foi Coordenador de Segurança da Casa
Branca, no governo Jimmy Carter, e atuou como Coordenador de Planejamento de
Segurança do Conselho de Segurança Nacional nos anos de 1977 e 1978.
Publicado em 1957, O Soldado e o Estado foi um esforço de Huntington para
entender as relações entre civis e militares nos EUA, e este propósito foi influenciado
pelos eventos por ele vividos. Seus pontos de vista sobre as relações entre civis e
militares são moldados pela conjuntura de sua época, incluindo a Guerra Fria, a
guerra da Coreia e o conflito entre o presidente Truman e o General MacArthur.
Neste contexto, viveu os debates, as discussões e as discordâncias sobre as
ameaças e as ações a serem tomadas, incluindo a exoneração de MacArthur, por
Truman, do comando na guerra da Coreia.
Da leitura da obra deduz-se que Huntington se opunha ao liberalismo. Para ele,
a essência do liberalismo é o individualismo, que enfatiza a razão e a dignidade
234
3 CONCLUSÃO
A obra de Huntington era uma sugestão para os EUA lidar com o chamado
dilema civil-militar: como tratar a tensão entre o desejo de controle civil e a
necessidade de segurança, ou como minimizar o poder dos militares e tornar o
controle civil mais eficaz sem sacrificar a proteção contra os inimigos externos ?
Huntington estava prescrevendo meios para um EUA liberal lidar com a ameaça
soviética sem perder o controle civil sobre as forças armadas. Essa receita, que ele
chamou de controle civil objetivo, tinha a virtude de maximizar a subordinação militar
e o poder de combate. O controle objetivo garantiria a proteção da sociedade civil
contra os inimigos externos e contra os próprios militares. E nessa perspectiva, a
chave para o controle objetivo seria o reconhecimento do profissionalismo e da
autonomia militar nos assuntos castrenses.
Uma das hipóteses para testar a tese de Huntington é que uma sociedade
liberal não produziria poder militar suficiente para sobreviver à Guerra Fria. Mas os
EUA prevaleceram durante a Guerra Fria, apesar de não terem abandonado o
liberalismo. Na verdade, a sociedade se tornou, face ao comunismo, ainda mais
liberal e capitalista do que quando Huntington alertou sobre os perigos do liberalismo
em 1957.
Trazendo suas teses para a realidade brasileira, verifica-se a pertinência do
assunto com a conjuntura nacional, ainda que com outro enfoque, onde a
participação dos militares no cumprimento de suas missões constitucionais por
vezes tem tangenciado os problemas políticos do país. Também, pela compreensão
dos pressupostos teóricos de Huntington, verifica-se a importância do órgão que faz
a integração e interface dos assuntos militares com os políticos, o Ministério da
Defesa, preservando os militares nas atividades profissionais. Nesse aspecto,
ressalta-se que o Ministério da Defesa, no Brasil, é relativamente recente (criado em
1999) em comparação com a época em que foram publicadas as teses de
Huntington (1957).
238
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
entre essas duas instituições pelo apoio militar, que a meu ver é extremamente
importante nos EUA, por conta de uma sociedade claramente belicista.
A Guerra Civil Americana, com o seu término, permitiu o surgimento do
profissionalismo militar americano, identificado na pessoa de Sherman, que foi o
comandante do exercito por longo tempo e que se manteve afastado da política.
Essa característica, que se mostrava um idealismo, marcava a gestão institucional
com uma visão rigorosamente militar que se difundiu no âmbito dos oficiais.
A parte final do livro aborda a relação entre civis e militares no período da 2ª
Guerra Mundial e a crise logo após seu encerramento. Essa situação teve inicio
com a participação americana no conflito e o aumento da influência militar no país, já
que foram estes que tomaram as decisões políticas e estratégicas, conduzindo a
guerra e influenciando internamente nas políticas de mobilização econômica,
dividindo a responsabilidade com órgãos civis. Fica claro, na minha opinião, o
enfraquecimento do controle civil sobre o estamento militar, contrariando o suposto
controle civil objetivo que era prevalecia nos EUA. Esse fato também foi catalisado
pelo acesso que a Junta de Chefes de Estado Maior tinha ao Presidente dos EUA,
não restando dúvida para este oficial que os militares tinham influencia política
naquela nação nos idos da 2ª Grande Guerra.
Com o fim do conflito essa influencia militar sobre a política não cessou, o que
gerou ações do Congresso para diminuir o poder militar. O Congresso buscava
aumentar o controle civil sobre os militares e para isso iniciou uma política de cortes
nos orçamentos militares, aproveitando-se do arrefecimento da situação no pós
guerra.
Ainda após o termino do conflito buscou-se combater a mentalidade militar que
era voltada para a guerra, surgindo a teoria Estado-Caserna. Essa teoria se
mostrava como o recusa por parte do liberalismo de tolerar a busca constante pelo
atrito, inerente a mentalidade militar, tentando fazer com que os militares buscassem
a profissionalização técnica.
Outra teoria surgida foi a da Fusão Político-Militar. Essa teoria buscava
enfraquecer a visão militar profissional e tirando do rumo o controle civil objetivo,
fortalecendo um pensamento não militar. Isso ocorreu pelo heroísmo militar da 2ª
Guerra Mundial, que supostamente mostrou a força militar e a fraqueza do controle
civil e buscava inverter esse balança. Na realidade a ascensão de MacArthur e
242
3 CONCLUSÃO
para isso, segurança essa proporcionada por Força Armadas profissionais mais que
participam das decisões da Nação.
Fica claro também que o poder militar deve ser submetido ao civil, para que se
evite a politização das Forças Armadas, seja pela busca de apoio e influencia, seja
pela própria pratica da política, desde que esse controle não traga risco à segurança
do Estado pelos desarranjos que podem surgir de um controle civil despreparado
para empregar forças capazes de levar destruição a sociedades.
Quanto ao foco central da obra, o controle civil objetivo é bastante difícil de ser
alcançado, principalmente pelo profissionalismo complexo que o militar alcança no
decorrer da carreira e por ser um dos poucos profissionais que estudam a guerra.
Esse estudo torna o oficial grande conhecedor das coisas afetas às armas,
buscando o governante política apoio neste para tomar as decisões quando se fala
em conflito e guerras.
Por fim, acredito ser interessante manter esta obra como integrante do projeto
leitura da ECEME, tanto para oficiais alunos quanto para oficiais instrutores. Esse
ponto de vista se dá pelos ensinamentos que traz e que podem ter relação com os
fatos que ocorrem nos dias de hoje, sendo uma boa fonte de consulta e de exemplos
no trato e relação com civis.
244
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
1 INTRODUÇÃO
Samuel P. Huntington nasceu em 18 de abril de 1927, em Nova York.
Depois de obter seu diploma de bacharel em artes pela Universidade de Yale, aos
18 anos, ele concluiu seu doutorado em Harvard e começou a ensinar aos 23 anos.
Um influente cientista político e escritor, os trabalhos de Huntington incluem Ordem
Política em Sociedades em Mudança e O Choque de Civilizações e a
Remanescência da Ordem Mundial; Huntington fundou a revista Foreign Policy em
1970. Ele morreu em 2008.
Publicado em 1957, O Soldado e o Estado, foi o esforço de Huntington para
entender as relações militares nos Estados Unidos, e como esta relação é
influenciada pelos acontecimentos contemporâneos. A política de contenção contra
os soviéticos obrigou os americanos a manterem um grande efetivo militar em
prontidão, proporcionando uma excelente oportunidade para estudar o assunto. Ao
analisar as relações entre civis e militares, Huntington conduziu uma profunda
analise a sua influência no pensamento militar americano.
Apesar de ter sido escrita há mais de cinquenta anos, a obra permanece
despertando interesse mundial, haja vista suas onze edições, a última das quais em
1994. Ressalte-se que o autor reviu-a em 1985.
A obra apresenta dois pressupostos. O primeiro relata que em toda a
sociedade a relação civil-militar deve ser estudada como um sistema composto de
elementos interdependentes, estabelecendo o equilíbrio entre a autoridade,
influência e ideologia dos militares com os grupos não-militares. O segundo
251
Ao analisar o controle civil sobre o poder militar, sugere que ele é alcançado na
medida em que se reduz o poder dos grupos militares, visualizando, para isso, dois
caminhos: o controle civil subjetivo, que se caracteriza pela minimização de poder
dos militares mediante sua submissão à ética civil, ou seja, tornando os militares
mais civis; o controle civil objetivo, por sua vez, enfatiza a profissionalização dos
militares, restringindo sua participação política e mantendo-os prontos para o
cumprimento das missões que lhes forem atribuídas pelo legítimo poder político.
Enfim, o controle civil objetivo atinge seus fins tornando os militares mais militares,
sendo, na opinião do autor, o mais adequado.
Assim sendo, Samuel Huntington maximiza o profissionalismo militar em troca
de neutralidade política. Como Huntington escreveu: por um lado, as autoridades
civis concedem uma autonomia do corpo de oficiais profissionais no campo dos
assuntos militares. Por outro lado, “um corpo de oficiais altamente profissional está
pronto para realizar os desejos de qualquer grupo civil que assegure a autoridade
legítima dentro do estado”. Segundo Huntington, o controle objetivo assegura o
controle civil enquanto simultaneamente maximiza a eficácia militar.
c. Parte III - A Crise das Relações Civis e Militares nos Estados Unidos:
1940/1955
O autor defende que, a partir da II Guerra Mundial, ocorreu uma nova era nas
relações entre civis e militares norte-americanos. Na realidade, as mudanças
254
3 CONCLUSÃO
O autor procura mostrar, neste livro, que as relações entre civis e militares
constitui importante aspecto da política de segurança nacional de um país. Com
bastante propriedade, salienta que o principal foco da questão entre civis e militares
é a relação entre a oficialidade e o Estado. Tal visão é correta, na medida em que
255
são os oficiais que dirigem a estrutura militar de um país, enquanto que o Estado o
faz em relação à sociedade.
Embora o livro aborde, principalmente, os Estados Unidos, torna-se de
interesse do leitor brasileiro, uma vez que muitas de suas observações são válida
para qualquer país, pois o profissional militar
guarda muitas características comuns que independem da nacionalidade.
Ao tratar do relacionamento do Ministério da Defesa com a Junta de Chefes de
Estado-Maior e o Congresso norte-americano, além do Presidente de República, a
obra torna-se bastante atual para o leitor brasileiro, haja vista a implantação, no país,
daquele ministério.
A obra considera os quadros de oficiais um grupo similar ao clero e aos
advogados, que julga ter responsabilidade para com a sociedade em geral e possui
um senso corporativo fechado. Tais características lhe asseguram papel e visão
distintos que geram o moderno problema das relações entre civis e militares. O
propósito é corrigir o que denomina impressões errôneas populares sobre a natureza
da mentalidade do militar profissional e o significado do controle civil. Aponta os
valores liberais e a Constituição conservadora como dois fatores constantes no
curso variável das relações entre civis e militares.
4 SUGESTÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
c. Parte III - A Crise das Relações Civis e Militares nos Estados Unidos:
1940/1955
Huntington sustenta que após a II Guerra Mundial sucedeu uma nova era nas
relações entre civis e militares norte-americanos, abarcando também pressupostos
oriundos da Guerra da Coreia e dos primeiros momentos da Guerra-Fria, além das
próprias diretrizes presidenciais de Truman e Eisenhower.
Nesse escopo, o corpo de oficiais é descrito como profissional quando são
apresentadas as qualidades de especialização, responsabilidade e corporativismo.
Ademais de melhorar a eficácia, tais características também expandem o controle
260
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
nas relações militares com a elite política civil. A Revolução de 1930 alçou ao poder
Getúlio Vargas, com direta participação do Exército, por meio do General Pedro
Aurélio de Góis Monteiro, então Ministro da Guerra (1934 – 1935), ocasião em que
elaborou a Doutrina de Segurança Nacional. Nesse cenário, Edmundo Campos
Coelho percorreu até o fim do Estado Novo, passando pela Revolução
Constitucionalista, Intentona Comunista e a saída de Getúlio Vargas por ação das
Forças Armadas, onde foram apontadas as intervenções militares na Política
Nacional.
O período compreendido entre 1945 e 1964 foi classificado pelo autor como um
período de alienação do Exército. Por meio da Política Laudatória, as Forças
Armadas foram deixadas de lado no cenário político sob a alegação utilizada pelas
elites políticas de serem os militares uma guarda pretoriana ou um instrumento, para
quem estivesse fora do poder, para alcançá-lo. Diante disso, a identidade das
Forças Armadas estava complexa, fruto da fragmentação da Organização Militar,
causada pela pulverização do cenário civil aliada à falta de ameaça real à Defesa
Externa.
Durante a intervenção militar de 1964, o autor analisou a relação entre o
Exército e a Sociedade, destacando a preocupação dos governos revolucionários
em definir a função das Forças Armadas para o país. Visando manter a união, a
Instituição Militar concebeu a doutrina da Segurança Nacional, reeditando e
adequando o pensamento de Góis Monteiro.
Finalmente, o autor definiu o papel da Instituição Militar, à luz da Doutrina de
Segurança Nacional, onde aquela instituição regulou e legitimou a sua participação
na Política Nacional. Somado a isso, esta doutrina provocou reações variadas nos
diferentes segmentos da sociedade, ocasião em que analisou as relações das
Forças Armadas com a sociedade civil, relatando os níveis de desempenho do
regime militar e apontando o montante de poder coercitivo, a capacidade de gerar
compromissos positivos na sociedade bem como a capacidade de permear os seus
diversos setores.
O autor desenvolveu várias teorias ao logo da obra. Dentre elas, destacam- se
as seguintes:
a) A Política da Erradicação, que consistiu na descentralização, durante o 1º
Reinado, dos Chefes Militares subordinados aos Governadores Gerais províncias
com o pretexto da defesa externa, mas com o propósito de afastá-los dos grandes
264
centros provincianos.
b) O mito da função moderadora, que destacava o pensamento das elites
políticas civis, o qual o Exército não passava de uma guarda pretoriana, de quem
estivesse no poder, ou de instrumento para quem estivesse fora dele, alcançá-lo.
c) A política de cooptação, a qual definiu que a partir do Governo de Prudente
de Morais, as Forças Armadas saíram da Política sem, contudo, abandoná-la. Por
meio desta tese, os governantes civis mantiveram os Oficiais de alta patente no
governo, dividindo, assim, a Força.
d) A solidariedade militar, onde a partir de 1937, o Exército passou a ter uma
maior relação entre os seus membros, por meio das lideranças do seu Estado-Maior
e dos Comandos Regionais. Assim, obteve-se uma maior coesão da força, ou
solidariedade militar.
e) A política laudatório, que consistiu na exaltação das características reais e
imaginadas do Exército, tomando por modelo o Poder Moderador.
f) Dualidade de moedas, que consistiu em Coerção e Voto. Diante disso,
nenhum presidente eleito, desde 1945, teve sua posse impedida pelo Exército, uma
vez que este foi chamado, pelas elites políticas e por meio da Política Laudatória, a
garantir a “moralidade eleitoral”.
g) Clientelismo e organicismo, que foi a concessão de benefícios a
determinados grupos, privilegiados pela conjuntura política, e foi exercida
concebendo o Estado como organismo – o Organicismo.
h) O complexo messiânico, que evidenciou dois aspectos do personalismo: o
ataque ao opositor com calúnias e mentiras e o culto ao político, como se fosse um
messias, em uma fé efêmera, que dura até a 1ª graça não alcançada.
i) A identidade difusa, que foi o fruto da fragmentação da Organização Militar,
que foi causada pela pulverização do cenário civil aliada à falta de ameaça real à
Defesa Externa.
j) A estrutura decisória, despolitização e segmentação, que definia que a
tendência dos governos revolucionários foi proteger o topo da cadeia hierárquica
decisória e despersonalizar os níveis subalternos, visando a aumentar o
racionalismo nas decisões e a criar condições sociais e políticas para planejamento.
A administração estatal tenderia a níveis cada vez mais elevados de especialização
funcional e a coordenação das políticas de desenvolvimento eram realizadas dentro
de uma política geral – Plano Nacional, coordenados por colegiados como o
265
3 CONCLUSÃO
Após a leitura e análise da obra, conclui-se que o livro adota uma abordagem
muito original. Nesse contexto, o autor destacou-se ao fazer um trabalho bem
diferente dos realizado pelos feitos por sociólogos. Assim, o autor foi imparcial, uma
vez que por um lado apontou os erros na Instituição Militar, sobretudo no final do
século XIX, bem como usou da coerência ao destacar os acertos dos governos
militares, a partir de 1964.
O autor teve coragem moral ao afirmar que a proposta dos governos
revolucionários era a de reconstruir a sociedade civil, marcada por ideologias
oportunistas e carente de valores, diferentemente do que ocorre com o estamento
militar, que é caracterizado pela dedicação ao serviço, da austeridade, da
sobreposição do coletivismo ante o individualismo, da hierarquia e da disciplina.
Diante disso, o autor teve a percepção, ainda na década de 1970, aquilo que, nos
dias atuais, ainda não se vê: ao contrário dos governos que dominaram a República
Velha e o período pós-Vargas, que preocuparam-se em formular Políticas de
Governo, efêmeras e insustentáveis a médio e longo prazo, os presidentes da
intervenção militar conceberam uma Política de Estado, formulando um Plano
Nacional, onde constava, dentre outras políticas, a Doutrina de Segurança Nacional.
266
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
O autor produziu uma obra que visava uma profunda reflexão sobre o papel do
exército na sociedade brasileira. Contrariando visões simplistas sobre o tema.
A solidificação de uma identidade militar foi resultado da criação dos produtos
da Escola Superior de Guerra, que sustentaram a ideia de Estado Brasileiro e
moldaram a reorganização da segurança nacional e, por consequência, o próprio
Exército.
Por fim, a obra de Edmundo Campos Coelho perpassa pela formação dos
pilares culturais da autoridade militar, refletindo na construção conceitual dos valores
militares que produzem nos dias atuais índices positivos de credibilidade dentro da
sociedade brasileira.
REFERÊNCIA
que a identidade da Instituição não estava difusa, mas sim sua estrutura hierárquica,
que refletia nada mais que a Sociedade do momento.
O autor prossegue fazendo uma abordagem muito lucida e coerente sobre a
doutrina da Segurança Nacional. Ele fundamenta que a Instituição Militar, à época,
em busca de coesão, procurou solucionar a questão da identidade difusa,
concebendo essa Doutrina, que nada mais foi do que a reedição do pensamento de
Góis Monteiro, da década de 30. Desta forma, ficara definido o papel das FFAA à luz
de tal Doutrina que estava intimamente ligada aos valores militares e que provocou
reações variadas nos diferentes segmentos da sociedade.
Sobre a estrutura decisória, despolitização e segmentação, o Sociólogo
Edmundo apresenta que a tendência dos governos revolucionários foi de proteger o
topo da cadeia hierárquica decisória e despersonalizar os níveis subalternos,
visando a aumentar o racionalismo nas decisões e a criar condições sociais e
políticas para planejamento. A administração estatal tenderia a níveis cada vez mais
elevados de especialização funcional e a coordenação das políticas de
desenvolvimento fazer-se-iam dentro de uma política geral – Plano Nacional,
coordenados por colegiados como o Conselho Econômico e de Desenvolvimento
Social. Tudo isto sujeito ao crivo do colegiado do Alto Comando das FFAA, onde
seriam definidas as estratégias e políticas de Estado. Assim, ficou bem claro e
didático para o leitor a maneira pela qual os governos militares montaram sua
estrutura política de poder.
A obra é uma abordagem complexa, crítica e profunda da relação da
Sociedade Brasileira com o Exército. Assim sendo, exige um conhecimento, ainda
que básico, por parte do leitor, de História do Brasil, Teoria Política e Sociologia.
Como consequência, recomenda-se o livro ao público militar ou civil com uma
formação superior e, desejavelmente, pós-graduados pelo menos. Augusto José
Moraes Monteiro, oficial aluno da ECEME e autor da presente Resenha Crítica.
Conclui-se que a obra constitui uma abordagem muito original e genuína. Em
um meio totalmente polarizado ideologicamente, o autor destacou-se ao fazer um
trabalho bem diferente daquilo que, provavelmente, seus colegas sociólogos fariam.
Desta forma, ele foi imparcial e lúcido ao apontar os erros na Instituição Militar,
sobretudo no final do século XIX, bem como foi perspicaz e coerente ao realçar os
acertos dos governos militares, a partir de 1964. Edmundo Campos Coelho teve
bastante coragem moral ao mostrar analiticamente que a sociedade civil estava
273
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
Edmundo Campos Coelho produziu uma obra inovadora à época. Até aquele
momento, muitas visões foram produzidas por pensadores sobre a expressão militar
no poder. Entretanto, a maioria buscava abordagens tradicionais sobre o poder
militar – a moderadora, a oligárquica e a de setores médios. Campos Coelho saiu do
trivial e brindou seus leitores com uma visão Organizacional do Exército.
Para tanto, buscou mostrar que o amadurecimento da estrutura organizacional
do poder militar no campo político começou no traço histórico da formação nacional.
Sua tese inicial, segundo Grande Junior, procura identificar que o alijamento dos
militares do poder nacional, além do preconceito da sociedade aos militares nativos
do período colonial, teve uma função erradicadora entre militares e sociedade civil,
aglutinando o pensamento militar no desenvolvimento de doutrinas mais eficazes
para a organização castrense.
Na verdade, segundo Faria, a direção dos conceitos organizacionais do
Exército estava ligada a consolidação de questões estruturantes, que passava,
obrigatoriamente, por impasses orçamentários. Nesse contexto, o Exército Brasileiro
sempre procurou competir pelos recursos minguados com outros setores da
sociedade, direcionando táticas e ações políticas, desenvolvendo doutrinas e
orientando seus próprios líderes e liderados para esse víeis.
277
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
O autor detalha com clareza a evolução histórica do Exército nos séculos XIX e
as primeiras décadas do século XX, frisando a questão da necessidade para a
construção de um Exército, antes de mais nada eficaz operacionalmente.
A obra se desenrola por 5 (cinco) capítulos, com cada um situando o leitor em
épocas bem distintas.
O Capítulo 1 tem como título as Origens e construção de uma herança
complicada e trata sobre as primeiras iniciativas de criação de um ensino militar,
consistindo em aulas sobre “Uso e Manejo da Artilharia”, no 1698, passando pela
transformação das aulas de artilharia em Real Academia de Artilharia, Fortificação e
Desenho, em 1792. Posteriormente, com a chegada da família real portuguesa ao
Brasil, ocorreram a criação da Academia Real Militar, em 1810, da Escola Militar da
Praia Vermelha, em 1858 e a criação de Escolas de Aplicação e Preparatórias,
berço dos futuros colégios militares.
Nessa época o português visualizava uma perspectiva de defesa cuja principal
meta consistiu na obrigação de construir fortes, a fim de garantir posse, ou seja, o
oficial exercia sua função intelectual, organizando a defesa, empregando seus
conhecimentos de engenheiro.
Fica claro que a prevalência do ensino adotado fora o voltado para a
prevalência da opção teórica em detrimento de instruções práticas, o que veio a
trazer dificuldades para os jovens oficiais formados por essas instituições, quando
no combate real.
Cabe ressaltar que, nesse período, o Brasil enfrentou revoltas internas e
conflitos externos, sendo o de maior importância a Guerra da Tríplice Aliança, nos
anos de 1864 a 1870.
O Capítulo 2 - Um período crítico do ensino militar (1889-1904) – aborda a
influência do positivismo, na figura de Benjamin Constant, sobre os alunos da Escola
Militar Vermelha, ficando, desta forma, esta instituição fadada ao conhecimento
científico prevalecendo sobre o metafísico e prático.
Ainda nessa seara ocorreu um aumento dos jovens oriundos da chamada
“classe média” que adentravam a Escola Militar da Praia Vermelha. Esses jovens
eram mais suscetíveis tanto às ideias que agitavam as ruas, como aos novos
valores que chegavam e, com isso, a Escola Militar em razão se configurou como
centro político atuante. Uma consequência dessa participação culminou com a
extinção da Escola em 1904.
293
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
A obra tem como principal objetivo traçar a evolução histórica do ensino militar
no Exército, desde o período colonial até a década de 1930, por meio do qual vão
surgindo os cenários e os acontecimentos mais importantes da história. Dentro
desse roteiro, observa-se um misto de perspectivas do autor, de ordem realista e
idealista. Nessa visão, verifica-se o conflito e identidade de interesses, que
coexistiram no período. Tal pressuposto está materializado na obra, onde o autor
aborda a necessidade de equilíbrio entre as ideias práticas e teóricas no ensino
militar.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
em 1904.
- Capítulo III: neste capítulo é abordada a crise de desempenho do Exército e a
necessidade de mudança depois de Canudos. As infrutíferas tentativas iniciais de
debelar o movimento demonstraram a ineficácia da formação na Escola Militar, em
parte por razão das influências positivistas. Mas mesmo os práticos que foram
empenhados no conflito não demonstraram as qualidades necessárias a um oficial
profissional de um Exército qualificado. Do regresso relativamente e dificultosamente
vitorioso de Canudos, surgiu a necessidade de reestudo do sistema de ensino militar
no Brasil.
- Capítulo IV: A Reforma de 1905 implementou a preocupação com o
adestramento, iniciando-se uma fase de execução de grandes manobras, bem como
militarizou a rotina da Escola Militar. Durante o governo de Afonso Pena, as ações
do Barão do Rio Branco, ancorando a projeção de influência do País na capacitação
de suas Forças Armadas, serviram de base para o estágio de oficiais brasileiros no
Exército Alemão. A partir dessa experiência com um exército profissional, ocorreu a
Reforma do Ensino Militar de 1913, quando enfatizou-se a formação da tropa. Além
dessa reforma, a influência dos “jovens turcos”, como eram conhecidos os
estagiários no Exército Alemão, sobre o Ministro da Guerra, general Caetano de
Faria, simpático aos seus ideais, permitiu mudanças como a redivisão de unidades,
implementação do Serviço Militar Obrigatório, criação da Escola de Sargentos
Instrutores, bem como a implementação da “Missão Indígena”.
- Capítulo V: esta parte da obra inicia abordando que a participação dos ex-
estagiários no Exército Alemão na Reforma do Ensino Militar também trouxe à
esteira um projeto de Exército, o que inovou a estrutura da instituição. Contudo,
algumas inovações trazidas pelos “jovens turcos” incomodaram a velha oficialidade,
gerando a aspiração por uma missão militar estrangeira em substituição à “Missão
Indígena”. Desse modo, o modelo francês foi o escolhido para transformar o
Exército. Com a Missão Francesa advieram alterações importantes no Ensino Militar,
em particular a criação da Escola de Aperfeiçoamento de Oficias e a Escola de
Comando e Estado-Maior. No entanto, inicialmente essa missão não influenciou a
Escola Militar, a qual permanecia sob o controle dos “jovens turcos”. Somente após
a Revolta da Escola Militar em 1922, o Exército se empenhou em permitir que a
Missão Militar Francesa fosse introduzida na Escola, mudando-se, a partir de então,
todo o sistema de ensino do Exército.
310
A contratação de uma missão militar estrangeira foi realizada muito mais por
uma questão de insatisfação dos oficiais mais antigos com a crescente influência
dos “jovens turcos” do que com a real necessidade de transformação do Exército.
Contudo essa missão foi de extrema relevância, pois diferentemente do que era
implementado pelos ex-estagiários no Exército Alemão, de maneira inflexível e não
adaptada à realidade nacional, os ensinamentos proferidos pelos oficiais franceses
foram adaptados às características do País, procurando estes oficiais não
interferirem nas questões internas da Instituição, mas focando-se na transformação
do ensino e de estruturas importantes para a recuperação da operacionalidade da
Força Terrestre.
Da análise da obra, conclui-se que o estudo realizado pelo autor vai ao
encontro do que é preconizado na obra Soldados da Pátria, de Frank McCann, a
qual aborda a atuação política dos militares desde a Proclamação da República até
o início do Estado Novo. Muito dessa atuação política é resultado da filosofia de
ensino implementada nas escolas militares no século XIX, refletindo diretamente no
pensamento e postura de famosos líderes militares, os quais tiveram papel de
relevância em fatos marcantes da história nacional, como a Proclamação da
República, Revolta da Vacina, as Revoluções Tenentistas, culminando com a
Revolução de 1930.
Leonardo N. Trevisan (autor da obra) é graduado em história, mestre em
História Econômica e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo.
Obteve títulos de pós-doutor na área de Economia do Trabalho pela University of
London e pela Warmick University. Atualmente é professor titular da PUC de São
Paulo, no Departamento de Economia e na Pós-Graduação (mestrado acadêmico)
em Administração de Empresas. É também professor da Escola Superior de
Propaganda e Marketing, jornalista e tem experiência na área de Economia.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Tomás Coelho chegou à Pasta da Guerra e foi criada a Escola Militar de Fortaleza,
atendendo aspiração do Exército de descentralizar o ensino militar. Também
instituiu-se a Escola Superior de Guerra, com a finalidade de separar oficiais alunos
das praças e cadetes alunos, em uma tentativa de isolar a propaganda republicana.
A reforma do ensino militar pretendeu encontrar uma forma mais adequada de
equilibrar o ensino teórico com o prático. A solução formulada foi desdobrar em duas
escolas. A Escola Militar da Praia Vermelha ficava com os cursos de Infantaria e
Cavalaria, enquanto a Escola Superior de Guerra com os cursos de Artilharia,
Estado-Maior e Engenharia Militar.
No ocaso do Império, o ensino militar era composto de três centros: o da
Escola de Fortaleza, o do Rio (desdobrado entre a Praia Vermelha e a ESG) e o de
Porto Alegre.
No Capítulo 2, o autor destaca que de 1889 a 1904, o ensino militar passou por
um período crítico. O Exército Brasileiro retornou do Paraguai amadurecido como
força militar, porém coberto por uma desconfiança da ordem política do Império. Na
Escola Militar da Praia Vermelha, sobrevivia uma expectativa de mudança, pois a
falta de preparo técnico decorria da lacuna de equipamentos e ausência de
treinamento prático em razão da impossibilidade de exercícios no terreno.
Em 1889, ocorreu mais uma reforma do ensino militar, por meio da qual
retornou-se ao status quo anterior a 1874, existindo duas escolas militares, uma
para formação dos cursos de Artilharia, Estado-Maior e Engenharia Militar e outra
para os cursos de Cavalaria e Infantaria. O núcleo de ensino o qual privilegiava a
teoria foi o da Escola Superior de Guerra.
Por outro lado, o autor também destaca que foi publicado um novo estatuto da
Escola Militar da Praia Vermelha após a Proclamação da República e a assunção da
Pasta da Guerra por Benjamin Constant, professor da Escola. Nesse estatuto, a
educação científica prevalecia, pois entendia-se que os oficiais deveriam conhecer
não só seus deveres militares, mas principalmente os sociais. Desse entendimento,
os alunos militares não se afastavam da vida política do país.
Nesse sentido, ao longo do governo Floriano, a Escola da Praia Vermelha foi
um dos maiores pontos de sustentação militar do regime. O ápice desse
sustentáculo foi a participação da Escola contra a Revolta da Armada.
Aliado a isso, as escolas militares começaram a receber jovens oriundos da
chamada “classe média”, que eram mais suscetíveis tanto às ideias que agitavam as
316
ruas, como aos novos valores que chegavam, tudo como produto de uma
urbanização apressada. Assim, a Escola Militar se configurava como centro político
atuante. Isso pôde ser comprovado pela participação de alunos militares no levante
organizado em 1904, no qual se pretendia impedir a vacinação obrigatória imposta
pelo presidente Rodrigues Alves, além de até mesmo tentar derrubar o governo.
Em novembro de 1904, as tropas do general Travassos, o qual depôs o
Comandante da Praia Vermelha, enfrentaram tropas legalistas, sem sucesso na
empreitada, em razão da falta de material por parte dos integrantes da Escola.
Naquela oportunidade, o encouraçado Deodoro e outras unidades da Marinha
bombardearam a Praia Vermelha e pela manhã os cadetes renderam- se
incondicionalmente.
Como consequência direta da repressão à revolta, criou-se a oportunidade
para um redesenho do ensino militar. Em decorrência, houve o fechamento da
Escola Militar do Brasil.
No capítulo 3, o autor fala da crise de desempenho e a necessidade de
mudança depois de Canudos.
Ao longo do governo Deodoro, os ministérios e os quadros administrativos
eram civis, todavia, a capacidade decisória era militarizada. Não foi diferente durante
o governo Floriano Peixoto, com a justificativa de proteger o regime republicano.
O Exército como um todo se envolveu em um primeiro teste efetivo, em
combate real, após a Guerra do Paraguai, no episódio de Canudos, comandado
basicamente pela oficialidade preparada na Escola Militar da Praia Vermelha.
Nessa ocasião, as tentativas de derrotar os revoltosos demonstraram a
ineficácia da formação na Escola Militar, em razão das influências positivistas, com
ênfase na formação do teórico em detrimento do prático. Até os práticos
empenhados no conflito não demonstraram as qualidades necessárias a um oficial
profissional de um Exército qualificado. Deste modo, do regresso relativamente
vitorioso de Canudos, surgiu a necessidade de reestudo do sistema de ensino militar
no Brasil.
No capítulo 4, o autor destaca as atividades empreendidas pelo Marechal
Mallet. O marechal Mallet era filho do patrono da Arma de Artilharia e fora
convocado pelo presidente Campos Sales para dar todo o apoio corrente
profissional na instituição. Ao longo dos quatro anos em que permaneceu no
ministério, criou as Escolas Preparatórias e de Tática, uma no Realengo e outra em
317
3 CONCLUSÃO
O livro tem uma abordagem apropriada, uma vez que o autor defende que o
ensino militar brasileiro, desde suas primeiras tentativas de implantação, confunde-
se com o de Engenharia, a fim de atender aos interesses maiores da coroa
portuguesa, pela perspectiva de defesa de construção de fortes. Desse modo,
apresenta uma coerência com a história do país.
Verifica-se também que, com a Independência do Brasil, tal quadro sofreu
alteração conjuntural mínima. Exigências de mudança quanto ao sentido maior da
instrução só ocorreram de fato quando se tornaram obrigatórias as decisões sobre
os destinos da Cisplatina.
O autor também apresenta a tese de que rivalizavam-se duas correntes, uma
322
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
A Corrupção da Inteligência
1 INTRODUÇÃO
totalitário, políticos, militantes), mas também por pessoas comuns que pecam por
omissão. A “descorrupção” da inteligência, da alma, do espírito de uma sociedade
doente, deve então começar pela consciência individual de cada um. Só para citar
um exemplo quando o blogueiro e (intelectual orgânico) Leonardo Sakamoto
escreveu um artigo afirmando que, “ostentação deveria ser crime”, dando a entender
que aquele que comete latrocínio é levado a fazê-lo por ser uma vítima de classe, e,
portanto, o culpado é aquele que ostenta um carro, relógio ou celular.
A mera hipótese da discussão séria dos temas expostos comprovou que tal
atitude poderia um dia ser levada a sério pela nossa classe pensante. Observando
isso e diversos casos semelhantes na minha vida, constatei o mesmo que Flávio
Gordon: essas coisas acontecem, pois, o indivíduo comum sente medo. Não o medo
físico de tomar uma surra, ser morto, etc (e isso muitas vezes ocorre), mas sim
aquele medo característico dos regimes totalitários, que chega a ser psicológico (e
patológico). O medo não de ESTAR errado, mas sim de SER ERRADO. Medo de
não ser bom, de ser mau diante dos olhos da cultura dominante e ser relegado ao
isolamento físico e espiritual, que viola de forma brutal a consciência individual
diante de um peso monstruoso e coletivo.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Olavo de. A nova era e a revolução cultural. São Paulo: Vide
Editorial, 2014. 4ª edição. p. 58.
____. Credibilidade Zero. Diário do Comércio, 14 de agosto de 2012.
____. O jardim das aflições. 2ª ed. revista. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.
Capítulo 1.
KIRK, Russell. The Moral Imagination. In: Literature and Belief, Vol. 1 (1981), 37–
49.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Vol. 3. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002. p. 95.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Économie. Em: Diderot & D‘Alambert (Eds.).
Encyclopédie, or Dictionnaire Raisonée des Sciences, des Arts et des Métiers par
une Société des Gens de Lettres (Nouvelle Édition. Tome Onzième). Genève: Pellet
Imprimeur-Libraire, 1777. p. 818.
SCHWARZ, Roberto. Cultura e política, 1964-1969. In: O pai de família e outros
estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978 [1970]
VIEIRA DE MELLO, Mário. Desenvolvimento e cultura: o problema do estetismo
no Brasil. 3ª edição. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2009. pp. 227- 228.
VOEGELIN, Eric. Hitler e os alemães. São Paulo: É Realizações, 2007. p. 118. Ver:
____. The Political Religions. Lewiston, New York: E. Mellen Press, 1938 [1986].
334
A Corrupção da Inteligência
1 INTRODUÇÃO
1. Mentalidades afins
No capítulo 1, “Mentalidades afins”, Gordon contrasta a moralidade das elites
com a do povo e contextualiza a formação da famigerada opinião pública, consenso
do seleto grupo pervertido que compõe uma enorme parcela de nossa elite
econômica, política e, por que não deixar logo bem claro, intelectual.
4. Gramsci no Brasil
Trilling, Karl Kraus, Hugo von Hofmannsthal, Marcel Proust, Russel Kirk, Oswaldo de
Meira Penna, Edmund Burke, Eugen Rosenstock-Huessy, Gilbert K. Chesterton, T.
S. Eliot, Northrop Frye, Leopold von Ranke, Roger Scruton, os clássicos da literatura
mundial e os Evangelhos, Flávio Gordon tece sua crítica ao espírito solapado pela
corrupção, destituído dos altos voos da transcendência, elemento expresso de forma
imediata diante do indivíduo ou, no aspecto coletivo, expresso pelo mais precioso e
rico legado da Alta Cultura. Neste capítulo, o autor já deixa bem claro que estamos
diante de uma hecatombe de proporções civilizacionais, que nos deformou e nos
isolou da rica realidade cultural que nos gerou.
Após estabelecer as bases literárias, antropológicas, históricas e filosóficas de
sua crítica, Flávio Gordon inicia a segunda parte de seu livro, dedicada a analisar
especialmente a situação brasileira, encaixando-a no panorama internacional.
Embora temas nacionais tenham sido tocados na primeira parte, o estilo anterior era
o de expansão progressiva. Na segunda parte, vemos uma contração que se
aproxima cada vez mais do presente, a partir da fatídica metade do século XX.
3 CONCLUSÃO
Conclui-se que de que a “inteligência” precisou ser corrompida para que fosse
possível sequer conceber a envergadura cognitiva e moral das figuras que passaram
a ditar o conteúdo destinado ao público das televisões, as bibliografias e retóricas do
ambiente universitário ou mesmo os discursos presidenciais. “Inteligência”, para
Gordon, é a própria “capacidade de inteligir”, de pensar, de conectar ideias para
construir um pensamento, capacidade essa pervertida por uma patrulha ideológica
dedicada a tornar a linguagem e a gritaria “identitária” mais poderosas que a
concretude do real. Contudo, também é, talvez com ainda mais pertinência, uma
“classe” dentro da sociedade, aquela que se investe do poder de “moldar o
imaginário coletivo, impor narrativas e definir os termos do debate público”,
responsável em larga medida pela ascensão e manutenção, por mais de uma
década, do “governo de ideologia esquerdista “ no poder.
Gordon até gostaria de não ter de chamá-los de “intelectuais”, em uma
acepção essencial e genuína do termo, mas entende que são esses sujeitos,
controlando como sumo-sacerdotes os ditames do “bem e do belo”, ainda que por
vezes “desconstruindo” esses próprios conceitos em si mesmos, que, impondo-se
como “classes falantes” em todas as esferas de expressão simbólica e cultural nas
sociedades contemporâneas de massa, criam a atmosfera capaz de reter o poder
nas mãos das mediocridades mais autoritárias. Contra tamanho poder, nada se
pode fazer sem recorrer à firmeza nas palavras e batalhar pela reconexão com a
concretude do real; com uma ponta de crítica aos colegas da academia que se
acostumaram a se limitar a uma troca de paparicos, Gordon explicita não ter medo
de assim agir.
REFERÊNCIAS
A Corrupção da Inteligência
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANDREW, Christopher e MITROKHIN, Vasili. The World was Going Our Way. New
York: Basics Books, 2005. P. 9.
BURKE, Edmund. Reflexões sobre a revolução em França. Fundação Calouste
Gulbenkian, 2015.
344
A Corrupção da Inteligência
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
O livro termina com uma demonstração dos fatos que ilustram o estado de
calamidade cultural em que o Brasil se encontra. Além disso, lembra de absurdas
manifestações de nossas universidades.
Flávio Gordon vislumbra, a título de comparação, o que foi descrito pelo
Cardeal John Newman como um clássico Scholar: um sujeito dotado de verdadeira
cultura intelectual, cujos atributos são a liberdade, a equidade, a calma, a
moderação e a sabedoria, ao invés de simples possuidores de saberes específicos.
Diante do desolador cenário atual, lamenta a ausência dessa figura hoje quase
mítica em nosso país e constata que a universidade brasileira está repleta de “gente
furiosa contra os livros que já não sabe ler”, como diria Carpeaux.
Por fim, Gordon encerra o livro testemunhando que “os pais, que outrora
lamentavam perder os filhos para as drogas e as más companhias, agora os perdem
para a universidade” (2018, p.360).
REFERÊNCIAS
A Corrupção da Inteligência
1 INTRODUÇÃO
grande ideólogo do regime que pregava a ideia de entregar a cultura para as forças
de esquerda, como técnica de descompressão do poder político. O General
apresentava a necessidade de que o governo militar tivesse mecanismos de
legitimação do poder exercido. Ele buscava algo entre o liberalismo e o totalitarismo.
Segundo Golbery, era sabido que a esquerda se dividira em muitas facções,
não representando perigo real ao governo. Esse foi seu erro crucial de avaliação. Foi
quando as ideias de Gramsci começaram a ter maior abrangência. Na conclusão, o
autor trata das manifestações “culturais” bizarras ocorridas em diversas
universidades brasileiras recentemente; da prática de diversos crimes no interior das
mesmas, como apologia ao crime, tráfico de drogas, destruição do patrimônio
público, desacato, agressão e roubo; e, ainda, dos chamados eventos de “ocupação”
de campus.
A perda total do senso de medida e de hierarquia é generalizada e repartida
entre estudantes, professores, funcionários, diretores e reitores. Cada um com sua
parcela de culpa e sempre com apoio de movimentos esquerdistas. A incapacidade
de distinguir entre o público e o privado é uma das características dos esquerdistas
atuais.
O autor declara que ocorre nos estabelecimentos brasileiros de ensino superior
um processo de sovietização, onde cada um deve agir para incrementar. A
democratização, a abertura e pluralismo da academia nacional, são seletivos, ou
seja, quando os “corpos estranhos” destoantes do pensamento ultraesquerdista
tentam entrar ou opinar, o sistema se mostra fechado, homogêneo e intolerante. É a
conversão da sociedade em instrumento da justiça social e a degradação do ensino
universitário em partidarização escancarada para os partidos de esquerda,
especialmente, o PT.
Um dos principais lançamentos no campo cultural-político do Brasil em 2017,
“A Corrupção da Inteligência”, do doutor em antropologia Flavio Gordon, é um livro
revelador, mas também angustiante, essencial para a compreensão dos tempos
atuais e do Brasil de hoje. Ele é um registro histórico que revela a destruição da
inteligência do povo brasileiro pelos agentes políticos travestidos de professores e
condutores da mente alheia. Trata do processo que fez com que o marxismo se
entranhasse em todos os aspectos da cultura nacional: da música às universidades.
351
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
GEOPOLÍTICA
Novas Geopolíticas
1 INTRODUÇÃO
todos na gestão de seu local, “Pense como tribo e aja globalmente”. O autor critica
esse teórico por ser ultraliberal, no sentido de o indivíduo ser o único agente legítimo
da política e economia, algo fascinante porém utópico por ser inviável.
Na sequência é apresentado Paul Kennedy, um liberal de esquerda, ele coloca
que as assimetrias econômicas entre o Norte e o Sul poderão provocar conflitos. Os
avanços tecnológicos e da robótica são desfavoráveis aos países subdesenvolvidos,
que tem grandes taxas de crescimento e pouca instrução. Kennedy afirma que este
cenário torna o sistema internacional instável, e que os países ricos não terão
capacidade de controlar as nações pobres, esgotamento de um modelo. O autor
critica este modelo de pensamento por ser generalista e resumir todo o problema a
antiga polarização marxista. Colocar a globalização como a grande vilã do cenário,
sem fazer uma análise mais apurada do papel desempenhado pelos diferentes
atores no jogo geopolítico, não dá sustentação para o pensamento de Kennedy.
O livro apresenta a teoria de Samuel Huntington, que desenvolve uma análise
sobre o Choque das Civilizações (ocidental, africana, islâmica, sínica, hindu,
ortodoxa, latino-americana e japonesa). Defende que, na Geopolítica, os grandes
conflitos aconteceriam nas áreas fronteiriças a essas oito regiões, motivados por
razões socioculturais e religiosas. Huntington apresenta o conceito de Estado-núcleo
de uma civilização, um líder dentro da região de cada civilização, uma nova
categoria de poder, diferente das superpotências da guerra fria. Huntington tem uma
visão realista para abordar sua teoria, dentro desta atitude defende que se devesse
adotar regras de abstenção nas relações entre os estados, evitando a intervenção
em conflitos entre diferentes civilizações, um requisito para paz no mundo multipolar.
Após abordar os pensadores e suas teorias o autor abre seu último capitulo
com as perguntas basilares de seu trabalho “Afinal, quem tem razão? Os conflitos
mundiais na atualidade são caóticos, sem logica, ou direcionam-se no sentido da
progressiva implementação da democracia liberal em todo globo? Ou eles são
essencialmente competições econômicas, envolvendo Estados e/ou megablocos?
Ou eles seriam antes de tudo choques culturais, confrontando diferentes
civilizações? Ou ainda, não permaneceriam basicamente enfrentando militares como
sempre forem, ou seja, a força bruta é que determinaria em última instância quem
domina uma região do mundo ou todo globo? ”. Feita estas indagações, o autor
coloca que tanto o relativismo como o ecletismo não são a base de interação entre
as teorias, Para o autor o pluralismo é quem dialoga sem preconceitos com
355
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
VESENTINI, José Willian (2016). Novas Geopolíticas. ed. Contexto: São Paulo, SP.
BRASIL. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília, 2016.
___. Exército. Estado-Maior do Exército. C 124-1: Estratégia. . Brasília, DF. 2004.
356
Novas Geopolíticas
1 INTRODUÇÃO
O livro aborda o primeiro capítulo com uma visão geral das geopolíticas
clássicas. As ideias de Kjellen são descritas suscintamente, bem como sua
tendência a ser um seguidor de Ratzel. O fardo do homem branco é analisado sobre
a perspectiva de Mahan e a Teoria do Heartland, a ilha do mundo, é analisada sob
as teorias de Mackinder. As teorias de Haushofer também são descritas, com
357
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Novas Geopolíticas
1 INTRODUÇÃO
Vesentini abarca, como base referencial, uma breve revisão e análise das
teorias geopolíticas clássicas contextualizando-as com o período em que foram
inseridas. Em seguida, faz a ligação delas com o novo, mais especificamente após
361
1991, com o fim da guerra fria. E, a partir daí, abre caminho para o desenvolvimento
de sua obra já voltado para os teóricos mais recentes. Nota-se desde o inicio da
obra que o autor faz ligações diretas entre as velhas e as novas teorias. Assim, de
prelúdio referencia Kjellen, Mahan, Mackinder e Hauschofer:
De Kjellen, cita-o como importante para compreender o período do final do
século XIX e a 2º Guerra Mundial, e a importância que foi dada a busca do Estado
forte e a emulação da hegemonia. Em seguida aborda Mahan e o seu poder naval
no controle das rotas marítimas, como sendo indispensável para se entender o
crescimento dos Estados Unidos como potência marítima mundial. Cita Mackinder, e
a sua geoestratégia em prol do poder terrestre, sendo está a chave para o poder
mundial, estabelecendo uma hierarquia de importância dos espaços terrestres, ao
criar o conceito de “coração do mundo”, o que seria a Eurásia, sob a ideia de que
“quem controla a heartland domina a área pivot e quem controla a área pivot domina
a ilha mundo”. Chama Haushofer de o homem que deu fama a geopolítica. Este
adaptou a teoria de Mackinder para o espaço alemão, orientando a Alemanha para a
busca de um espaço vital e a ideologia de “raça superior germânica”, na qual o país
seria um dos protagonistas, para uma nova ordem mundial na qual o mundo seria
dividido em blocos.
Termina o embasamento para as novas geopolíticas, apontando a crise da
geopolítica clássica, já logo após a 2ª Guerra Mundial. Segundo Vesentini, tais
teorias foram postas a escanteio, sendo identificadas com os países vencidos na
Guerra, razão pela qual as teorias ficaram numa situação de discriminação e
adotadas apenas em países periféricos.
Nesse contexto, florescem as novas teorias geopolíticas, na ânsia de que era
preciso explicar o novo traçado da teia internacional, pós 1991, a qual os
pressupostos clássicos não mais eram capazes de satisfazer as questões atuais na
plenitude, tais como: corrida armamentista, limites para o uso da bomba nuclear,
gastos militares excessivos x desenvolvimento civil, busca da tecnologia de ponta x
armamentos de destruição em massa, avanços da informática e robótica x massa de
soldados, globalização, dentre outros.
Prossegue, então, tratando sobre a influência da economia nas disputas de
poder atuais sob diversos enfoques. Assim, destaca a importância da contribuição
dos seguintes autores geopolíticos modernos, Luttwak, Thurow, Wallerstein, Taylor,
Ohmae, Naisbitt e Kennedy:
362
global, que seria o nível da realidade sistemática. Para Taylor o sistema mundo daria
coerência na relação entre esses três níveis.
Já, Kenechi Ohmae, japonês, economista, com os livros “Um mundo sem
fronteiras” e “O fim do Estado-nação”, reduz o poder e a importância do Estado -
nação e o crescimento do Estado-região. Tal mudança se daria pelo que ele chama
de 4i: investimento, indústria, informação e indivíduos, que agiriam independentes
dos Estados demolindo o atual sistema vigente, aumentando a descentralização
política e maior autonomia econômica para as regiões mais dinâmicas.
John Naisbitt, economista, apontou a tendência geopolítica do enfraquecimento
do Estado Nação no livro “Paradoxo Global”, em que a disputa de poder, dentro do
fenômeno da globalização, se daria pela “economia de escopo” e não mais pela
economia de escala. Nesse novo mundo o mais importante seria a velocidade e a
flexibilidade dos mercados regionais. Para ele, o atual liberalismo político econômico
levaria o mundo a uma fragmentação articulada na equação: “global ou tribal: um e
outro”, ainda sob a bandeira do lema: “pense localmente, aja globalmente”. Contudo,
o autor o critica por omitir a força da expressão do poder militar e o problema da
violência entre os povos e Estados.
Vesentini encerra as teorias de enfoque econômico com a teoria de Paul
Kennedy, escritor da “Ascensão e queda das grandes potências”, o qual destaca a
questão das disparidades entre Norte x Sul, como uma releitura da teoria dos Limes
de Rufin. Questões como problemas demográficos, migrações em massa para
regiões ricas, desenvolvimento da robótica, das telecomunicações estariam fora do
alcance dos pobres, a expansão do sistema financeiro internacional seria um perigo
para as economias fracas, a biotecnologia ao reduzir áreas agriculturáveis e material
sintético, reduziria a dependência dos produtores, normalmente países pobres. A
crítica que Vesentini faz ao Kennedy é sobre a generalização de sua teoria,
colocando num sob um mesmo guarda-chuva países em situações político-
econômicas diferentes, como Coreia do Sul e Nicarágua por exemplo.
Sob outro enfoque, o da geopolítica cultura, retrata o “Paradigma da realpolitik”
culturalista, de Samuel Huntington, professor de relações internacionais de Harvard,
baseada em sua obra “O choque de Civilizações”, com forte influência de Toynbee,
aborda uma nova ordem multipolar e multicivilizacional, sob a qual os conflitos se
dariam entre as civilizações. Divide o mundo em 8 civilizações: ocidental, africana,
islâmica, japonesa, sínica, eslava, hindu, latino-americana. E, propõe que deveria
364
haver um Estado núcleo, isto é, uma potência regional, dentro de cada civilização a
fim de dar equilíbrio ao sistema regional e mundial.
Huntington, atesta que o Estado deveria ser realista, e que os EUA deveria
adotar uma postura perante as disputas com outras civilizações sob duas regras:
“regra de abstenção” e “regra de mediação conjunta”.
Sobre esse posicionamento, Vesentini aponta que Huntinngton desconsiderou
a universalização e os direitos humanos. Bem como, que ignorou o papel da
secularização dentro das civilizações.
Sobre Fukuyama, funcionário público dos EUA, na obra “O Fim da História”,
influenciado pelo ideal racional Hegeliano e a ética protestante de Weber, sob viés
político econômico, atesta que com o fim da URSS o estágio final de
desenvolvimento humano havia sido atingido: a democracia liberal. A partir daí,
reduz Hobbes e o seu posicionamento sobre Estados beligerantes.
O autor faz algumas ressalvas sobre Fukuyama: o entendimento divergente
sobre direitos humanos por cada civilização; que esse universalismo tende a afetar a
soberania dos Estados; que o atual aumento de Estados democráticos são com
limitações de democracia e liberalismo econômico; que tal tendência universalista
pode ensejar o pretexto para intervir em outro Estado sob o escudo de direitos
humanos; que persiste a recorrência da intervenção militar de um Estado em outro
ao invés de uma instituição internacional legitima.
Entrando nas teorias da ordem caótica, Vesentini dá relevância a três
geopolíticos franceses: Ramonet, Laidi e Minc.
Ignacio Ramonet, Professor universitário e editor do jornal Le Monde,
apresenta uma civilização na anarquia, não se sabendo quem governa o mundo, se
é o poder da mídia, do Estado, das empresas transnacionais, dos lobbies ou dos
grandes investidores financeiros. Afirma que o sistema mundial é regido por dois
pilares: mercado e ideologia de comunicação. Critica o neoliberalismo que
enfraquece os Estados nacionais, a neo-hegemonia americana que propõe o Estado
mínimo e as empresas globais que visam somente rentabilidade e produtividade.
Propõe mais autoridade para o Estado, mais regulamentação, mais proteção social e
reformulação das CSONU. Vesentini, alerta quanto a esse protecionismo europeu e
suas consequências no que tange a exportações agrícolas de países pobres.
Já Zaki Laidi, diretor do Centro de Estudos Internacionais de Paris, trata de
uma geopolítica ao fim da bipolaridade como pós-moderna, sendo sem sentido ou
365
sem senso. Caracterizada por ser ao transversal e ocorrer ao mesmo tempo nos
diversos campos do poder de forma: multipolar, monopolar e apolar. Dá a mesma
importância para atores estatais e não estatais. Infere que a soberania estatal está
em declínio e que ocorrerá a falência dos modelos clássicos, contudo, não
apresenta soluções para os problemas apresentados.
Alain Minc, cientista político, também da teoria do caos, apresenta caminhos
para a França com uma oportunidade para se reconstruir o mundo, dentro dum
contexto que ele denomina como “nova idade média”. Cita três espaços importantes:
América, Europa e Ásia. O restante do mundo estaria a margem, em “zonas de
transição” ou “região de abandono”. Essas “zonas cinzentas” são áreas permissivas
e multiplicadoras de ideologias difusas tais como tribalismos ou de criminalidade, ou
ainda de exclusões sociais. Propõe a reforma das instituições, lutar contra as máfias,
defender e recuperar territórios e criar uma polícia financeira internacional. Procura
assinalar as vantagens da globalização e apresentando os principais riscos: tensões
na Eurásia; perda da legitimidade da globalização - crescimento das desigualdades,
exclusões e ideologias novas. Apresenta três caminhos possíveis para a França:
Todo-Estado; Todo-Mercado ou o ideal para a França – o Estado-Mercado.
No campo entre a geopolítica e a geoestratégia, Vesentini chama a atenção
para três geopolíticos: Perry, Kissenger e Brzezinsk.
Nessa ótica, aborda inicialmente Willian Perry, ex-secretário de defesa
americano, que mostra uma nova sistemática de geoestratégia diante das mudanças
do mundo moderno, destacando-se a concepção do inimigo e como atuar sobre ele:
conquistá-lo, enquadrá-lo, inseri-lo no mercado global. Destaca que neste século,
dada a importância das armas inteligentes, da busca da precisão, do poder da
informação, da presença de outros atores no cenário conflituoso, a geoestratégia
sofreu mudanças consideráveis, renovando o poder militar.
De Henri Kissinger, extrai-se uma visão de realismo geoestratégico,
remontando a Maquiavel e Hobbes, e contra o idealismo universalismo. Kissinger
infere que existiria uma visão de segurança do mundo, na qual o interesse norte
americano funcionaria da seguinte maneira: “paz e cooperação” para onde os
negócios funcionam normalmente e detecção e enfrentamento das ameaças quando
necessário. Portanto, Kissinger propõe uma política democrática no âmbito interno e
a defesa do interesse nacional nas relações internacionais.
366
3 CONCLUSÃO
Ao fazer uma leitura dos principais geopolíticos e suas teorias, Visendi mostra
os pontos principais e críticos de cada teoria moderna, mostrando que a atualidade
complexa requer novas releituras de teorias e enquadramento de cada uma delas
sob um enfoque da situação a ser estudada.
Vesentini conclui que Kissinger e Brzezinski são atuais, mas pecaram ao
ignorar outros atores, principalmente os não estatais nesse novo cenário. Quanto a
Ohmae, Naisbitt e Thurow, Luttwak e Huntington, apesar do enfoque direcional
econômico ou cultural, conseguiram visualizar novas disputas além das somente
entre Estados, superando o viés geopolítico clássico e marcando o novo na
realidade mundial.
Todas as geopolíticas retratam, em certa medida, um aspecto da realidade,
quer seja do ponto de vista econômico, do político, do militar, do psicossocial, ou do
científico-tecnológico, e todos tem um certo grau de importância e servem para o
entendimento do complexo cenário do século XXI.
Desta forma, o geógrafo Vesentini, soube sintetizar didaticamente as
interpretações das tendências de mundo de inúmeros autores geopolíticos, fazendo,
inclusive, a ligação das teorias clássicas e modernas, servindo de um bom livro
introdutório à geopolítica moderna.
Enfim, as novas geopolíticas, quer sejam de cunho econômico, cultural ou
militar, estatal ou não estatal, global ou regional, contribuem sobremaneira para que
os militares possam, sob uma ótica circunspectiva, compreender as rápidas
mudanças nas relações de poder que ora ocorrem e que ocorrerão ainda neste
século.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
conveniência geopolítica.
Em relação ao islamismo, a principal problemática está na teocracia e nas altas
taxas de natalidade. A enorme dificuldade em se modernizar, por exemplo, é
resultado do fanatismo religioso e da aversão mais aguda ao ocidente, que é mais
avançado na ciência e na tecnologia.
Huntington prevê que a afirmação asiática (crescimento econômico) e o
ressurgimento islâmico (pressão populacional mulçumana) terão efeitos profundos e
desestabilizadores sobre a ordem internacional, onde o surgimento de poder e
culturas não ocidentais reafirma o choque entre civilizações não ocidentais com os
ocidentais, e entre si.
O autor define que os conflitos predominantes serão as guerras de linha de
fratura (conflitos comunitários entre Estados ou grupo de civilizações diferentes com
alto grau de violência). Segundo Huntington, os conflitos étnicos e as guerras de
linha de fratura não se distribuirão de maneira uniforme entre as civilizações no
mundo. No nível macro, será entre o Ocidente e o resto, e no micro, entre o Islã e os
outros.
O resenhista, Maj Hudson, tem como opinião que a obra busca uma
interpretação da política mundial no pós-guerra fria. Apesar de ter uma coerência
lógica, ela não explica tudo, pois os problemas na Colômbia e Venezuela, os
conflitos no Iêmen, Líbia, Iraque e Síria, os movimentos anti-UE na Itália, França e
Holanda, o Brexit e os problemas na Península da Coreia não são originados
totalmente pela tese exposta.
Ainda, o resenhista acredita que Huntington expõem uma teoria que servirá
como ferramenta para buscar a paz mundial baseada no respeito às civilizações e
na melhor distribuição de poder entre elas nos organismos internacionais. Mas ficam
algumas perguntas por parte do crítico. As grandes potências ocidentais estão
dispostas a ceder parte de sua influência? As potencias não-ocidentais estão
dispostas a serem parte da hegemonia mundial ou serem a hegemonia mundial? Os
islâmicos estão dispostos a manter sua religião em harmonia com as outras ou
querem somente a hegemonia do islamismo? Diante do exposto, seria possível a
paz por meio de um mundo de civilizações?
Na opinião do resenhista, a obra apresenta-se como uma contraposição a
Francis Fukuyama, em “O Fim da História e o Último Homem”, que assegura que as
democracias liberais ocidentais são o último estágio de desenvolvimento político-
372
3 CONCLUSÃO
Para o autor, “os choques de civilizações são a maior ameaça à paz mundial”.
Nesse contexto, “uma ordem internacional baseada nas civilizações é a melhor
salvaguarda contra a guerra mundial”. Ele define que atualmente há nove
civilizações no mundo.
Por fim, para Huntington, um mundo baseado na cooperação entres a
civilizações, buscando a representatividade de todos na ordem mundial e o respeito
a sua cultura, é a melhor forma de manter a paz mundial. Desta maneira, a atuação
dos Estados-núcleos torna-se de extrema importância para parar as guerras de linha
de fratura.
A leitura da obra é muito importante para as ciências militares, pois permite
entender cada civilização apresentada, seus interesses e sua disposição para um
possível conflito. Além disso, apresenta as características de uma guerra de linha de
373
fratura e como evitar a mesma por meio diplomático. Num mundo dinâmico e
globalizado, estes conhecimentos tornam-se de extrema importância para as Forças
Armadas.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
O pós Guerra Fria tem sido caracterizado não pela inevitável conversão às
democracias liberais ocidentais, mas pela substituição do conflito ideológico pelo
choque das civilizações, que consiste basicamente no conflito cultural dos povos.
Huntington divide o globo em nove principais civilizações: ocidental, latino-
americana, ortodoxa, islâmica, africana, sínica, japonesa, hindu e budista. Seus
principais argumentos quanto aos “choques” baseiam-se na aversão das civilizações
não-ocidentais ao universalismo ocidental e no conflito entre islâmicos e não-
islâmicos.
A questão da concepção universalista ocidental – liberdade e igualdade
380
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
com domínio dos EUA, de um alado e da URSS, do outro. Existindo ainda uma outra
divisão para esta época, em três partes: comunistas, capitalistas e não-alinhados.
Com o fim da GF, a distinção mais relevante entre povos deixou de ser ideológica,
passando a ser cultural.
O autor destaca a seguir as principais civilizações, apesar de reconhecer que
diversos pesquisadores afirmam existir outras: Sínica; China; Japonesa; Hindu;
Indiana; Islâmica; Ortodoxa; Ocidental; Latino-Americana e Africana.
A segunda parte do livro inicia-se tratando sobre o Desvanecimento do
ocidente. Este declínio ocidental é confirmado pela diminuição de extensão territorial
e populacional do ocidente, pelo crescimento econômico da Ásia Oriental e pela
diminuição dos gastos militares pelos países ocidentais.
O termo Indigenização representa o ressurgimento das culturas não ocidentais.
Esta expressão é empregada para indicar a capacidade de expressão destas
culturas, indicando a erosão da cultura ocidental com o crescimento cultural das
sociedades não ocidentais.
Outro fator importante bem evidenciado no livro é a revitalização religiosa. Por
meio deste fenômeno, o cristianismo, o islamismo, o judaísmo, o hinduísmo e o
budismo tiveram novos surtos de engajamento e de relevância. Segundo o autor,
este é um processo natural que se caracteriza pela adaptação das crenças
religiosas e uma melhor identificação, face ao processo de globalização, de
inovações tecnológicas e de modernização do mundo.
A afirmação asiática é o termo que se caracteriza pelo desenvolvimento
econômico da Ásia. Este crescimento foi indicado inicialmente pelo Japão, logo
após, pelas Tigres Asiáticos, depois pela China, Malásia, Tailândia, Indonésia, e se
firmando nas Filipinas, na Índia e no Vietnã. Este crescimento vertiginoso se
contrasta com o modesto crescimento das economias europeias e norte- americana.
Na terceira parte do livro, Samuel Huntington afirma que a política mundial está
sendo reconfigurada em linhas culturais. Países com identidade cultural comum tem
a tendência de buscar uma aproximação, em detrimento das aproximações
ideológicas e baseadas em alinhamentos com as superpotências mundiais.
Desse modo, o autor esclarece que durante a GF, alguns países se
declaravam não alinhados com a ordem bipolar ou podiam até mudar de posição.
Atualmente, esse alinhamento baseia-se na identidade estabelecida com países ou
blocos de mesma civilização.
385
Ásia demonstram que outras civilizações estão vivas e atuantes, constituindo uma
ameaça para o Ocidente.
Uma guerra global que envolva os Estados-núcleos das principais civilizações
do mundo é altamente improvável, mas não impossível. Desta maneira, o futuro da
paz e o futuro da civilização depende da compreensão e da cooperação entre os
líderes políticos, espirituais e intelectuais das principais civilizações. No choque das
civilizações, A Europa e os EUA se juntam ou serão destruídos separadamente. No
choque maior, as grandes civilizações se juntarão ou também serão destruídas
separadamente.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Sobre a política mundial, o autor garante que ela está inclinada para ter como
fator primordial a identidade cultural. Estados com semelhanças culturais tendem a
se aproximar e ter mais relações, fato que faz surgir como palco de conflito político
as “linhas de fratura” entre as civilizações. Um exemplo disso foi o advento do
regionalismo, tendo como fator de pouca expressão a proximidade física entre
Estados, mas como componente de relevância a identificação civilizacional, sendo a
União Europeia um caso de sucesso. Nessa tendência de relacionamentos, para o
autor, há cinco tipos de entes estatais: Estado-núcleo, Estado-membro, países
isolados, países divididos e países fendidos.
E que, após a derrocada soviética, a demarcação do ocidente foi um fato. A
Rússia atraiu para sua esfera de influencia países com traços ortodoxos. A China
revelou-se como importante Estado-núcleo da civilização sínica. Já o Islã, pelo fato
de não ter Estado-Núcleo, vem sendo uma fonte de instabilidade e conflitos que
geram impactos, inclusive, em outras civilizações.
De acordo com Huntington, os choques mais violentos serão resultantes da
arrogância ocidental e da intolerância islâmica, causando mais ainda uma
decrescente capacidade de promoção de uma cultura ocidental universal. A
disseminação de armas de destruição em massa reduz o papel das grandes
potencias e é uma maneira dos Estados não-ocidentais se contraporem ao poder
militar dos EUA. A China tem contribuído para a distribuição dessas armas e os
norte-americanos têm empreendido uma contenção que defende os interesses da
hegemonia ocidental. Além disso, a promoção dos direitos humanos tem sido uma
bandeira dos Estados Unidos e tem sofrido resistências. Outro fator de relevância
tem sido as migrações, fenômeno que tem sido destaque na cena internacional,
principalmente devido a invasão de outras civilizações no ocidente.
Acerca das relações, afirma que as parcerias Inter civilizacionais não são
duradouras. Nesse norte, é difícil observarmos relações entre civilizações ligadas ao
Islamismo e ao catolicismo ocidental, sobretudo após a exacerbação de suas
diferenças culturais. Por fim, os ímpetos demográfico muçulmano e econômico
asiático revelam como os conflitos entre o Ocidente e essas civilizações são
desafiantes.
As guerras no Afeganistão e do Golfo representaram um intervenção de uma
civilização na muçulmana, causando a união desse últimos contra a civilização
alienígena. Segundo o autor, elas representaram conflitos em linhas de fratura, entre
390
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Sobre a China
1 INTRODUÇÃO
O autor da obra “Sobre a China” possui uma visão das relações internacionais
sob um paradigma realista, no qual observa-se que todos os Estados, apesar de se
relacionarem, vivem em estado de anarquia, com a ausência de um poder soberano
na sociedade internacional. Desta forma surge a busca constante pelo poder, em
que cada Estado soberano busca maximizar sua força sobrepondo-se aos
considerados mais fracos. Ao fim da obra, o autor ensaia um viés idealista em seu
epílogo, com a possibilidade dos EUA e a China construírem juntos uma nova ordem
mundial de maneira pacífica e construtiva.
O autor busca, em sua obra, enaltecer a ideia de que a China conseguiu obter
esse protagonismo no cenário mundial de maneira resiliente e singular. A ideia mais
importante que transmite ao leitor é que, a todo momento, a história chinesa se
compara a um jogo de “wei qi”, no qual a China não busca uma vitória “total” no
contexto internacional, mas sim uma vantagem relativa que a possibilite possuir uma
flexibilidade estratégica em busca de seus interesses. Usa, para isso, a sua cultura
singular e a coesão social, aliada à sua grande população, em busca do
desenvolvimento nacional.
A abordagem chinesa da ordem mundial foi assim vastamente diferente do
sistema que se instalou no Ocidente. A moderna concepção ocidental de relações
internacionais emergiu nos séculos XVI e XVII, quando a estrutura medieval da
Europa se dissolveu em um grupo de Estados de força aproximadamente
equivalente, e a Igreja Católica cindiu-se em diversas denominações. A diplomacia
da balança de poder foi menos uma escolha do que uma inevitabilidade. Nenhum
Estado era forte o bastante para impor sua vontade; nenhuma religião detinha
autoridade suficiente para sustentar a universalidade. O conceito de soberania e a
igualdade jurídica dos Estados tornaram-se a base do direito internacional e da
diplomacia.
A China, por outro lado, nunca se envolveu em um contato prolongado com
outro país, numa base de igual para igual, pelo simples motivo de que nunca
encontrou sociedades de cultura ou magnitude comparáveis. Que o Império Chinês
se erguesse sobranceiro acima de sua esfera geográfica pressupunha-se que fosse
virtualmente uma lei da natureza, uma expressão do Mandato Celestial. Para os
imperadores chineses, o mandato não necessariamente implicava uma relação de
rivalidade com os povos vizinhos; de preferência, não seria este o caso. Como os
Estados Unidos, a China se via desempenhando um papel especial. Mas o país
396
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Sobre a China
1 INTRODUÇÃO
3 CONCLUSÃO
O livro tem uma abordagem apropriada, uma vez que faz uma análise que visa
compreender a história da China, permitindo entender a atual postura do país na
ordem mundial vigente com base nos ensinamentos ancestrais difundidos na cultura,
sociedade e na política chinesa. A obra é dotada de elevada coerência e
organização de ideias, de forma original e com alcance geopolítico internacional. O
livro continua sendo uma excelente fonte sobre a diplomacia chinesa e permite
aumentar o nível de conhecimentos geopolíticos e estratégicos aos oficiais de
Estado-Maior, contribuindo para elucidar a trajetória de ascensão chinesa que vem
marcando o cenário global do princípio do Século XXI, constituindo importante
contribuição para o universo das Ciências Militares.
REFERÊNCIAS
KISSINGER, Henry. Ordem Mundial/ tradução Cláudio Figueiredo -1ª ed.- Rio de
403
Sobre a China
1 INTRODUÇÃO
Sobre a China está dividido em 18 capítulos, ao longo dos quais o autor vai
delineando o caminho histórico chinês, ressaltando o seu passado milenar e as
peculiaridades que lhe deram uma característica cultural única. Assim, esse caminho
permeia os conflitos enfrentados pela China, em especial durante o século XX, os
líderes que surgiram ao longo dessa história e a diplomacia empregada pelo país,
culminando com o posicionamento do país no novo milênio.
No primeiro capítulo (“A singularidade chinesa”), o autor buscar esclarecer as
origens da sociedade chinesa. Destaca a ação de pacificação do Imperador
Amarelo, em 221 a.C, sendo considerado o fundador do Império do Meio, embora a
origem da China remontasse à sua existência. Antes dessa empreitada, a China se
viu desintegrada em virtude da multiplicação dos diversos feudos. O autor relata
que as incontáveis disputas entre os distintos grupos levavam a batalhas
sangrentas, as quais contribuíam para a redução da população de forma expressiva.
O império chinês se via de forma mais isolada, sem buscar estreitar laços com
outras nações, como Índia e Japão. Seu expansionismo territorial era limitado no
próprio continente, sem, no entanto, as dinastias se preocuparem com territórios
coloniais além-mar. Somente com a dinastia Ming, entre 1405 e 1433, a China
buscou conquistar rotas marítimas. O seu isolamento fez surgir um sentimento de
que o país não era apenas uma “grande civilização”, mas a própria civilização.
Nesta seção, ainda são apresentadas importantes figuras chinesas como Confúcio e
Sun Tzu, os quais modelaram a sociedade, contribuindo para que a China entrasse
na idade moderna em uma posição de destaque.
406
China-EUA poderia ter sido estabelecida mais precocemente, constatando que essa
contribuiria para agravar as relações com a URSS. Assim, esta seção destaca essa
época como um momento de estagnação chinesa.
Kissinger, no oitavo capítulo (“Rumo à reconciliação”) analisa a reaproximação
EUA-China. Ambos os países vivenciavam períodos conturbados da guerra do
Vietnã e das mazelas promovidas pela Revolução Cultural. Assim, o autor
apresenta as posições de ambas as nações e as tratativas de reconciliação.
No nono capítulo (“Retomada de relações: primeiros encontros com Mao e
Zhou”), Kissinger relata seu encontro com o premier chinês e Zhou Enlai na busca
pela reaproximação e convergência de discursos e posicionamentos. Nessa ocasião,
ambos acordaram o encontro Nixon-Mao, simbolizando uma nova fase nas relações
entre ambos os países.
No décimo capítulo (“A quase-aliança: conversas com Mao”), o autor analisa
a aproximação estratégica dos dois países. Ficam destacadas as tratativas entre
Nixon e Mao quanto às questões relacionadas à contenção dos soviéticos, à
ameaça nuclear e à segurança coletiva.
Já no décimo primeiro capítulo (“O fim da era Mao”), Kissinger se preocupa em
descrever o conturbado período de transição política chinesa durante a sucessão de
Mao. Nessa ocasião, grupos distintos se confrontaram na busca pelo poder chinês,
situação em que se sobressaiu o grupo de Deng Xiaoping. Ainda, o autor reconhece
a liderança maoísta como grande responsável pela entrega de um país pacificado e
unificado.
O décimo segundo capítulo (“O indestrutível Deng”) retrata a ascensão política
de Deng Xiaoping. Kissinger relata que este substituiu Zhou como premier,
buscando implementar a ordem após o período conturbado da Revolução Cultural,
se contrapondo a Mao e à Gangue dos Quatro. Entre idas e vindas do poder, fruto
de seu posicionamento adverso ao Partido Comunista, Deng acabou por se
consolidar como líder chinês após a morte de Zhou e Mao.
No décimo terceiro capítulo (“Cutucando o traseiro do tigre”), o autor descreve
a ocupação de parte do Vietnã, motivada pelas ações do Khmer Vermelho. Com
essa invasão e a empreitada soviética no Irã, a China se viu ameaçada e cercada
pela URSS. Ainda, fica evidente a normalização das relações com os EUA, em
especial após a eleição de Jimmy Carter.
O autor, no décimo quarto capítulo (“Reagan e o advento da normalidade”)
408