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10/06/2018

Curso de Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental

NEPSI – Ipatinga, 2018

Transtornos Depressivos: teoria,


avaliação e tratamento

Maycoln Teodoro

Módulo I Módulos V e VI
1) Epidemiologia 1) Casos difíceis
2) Causas e fatores de risco
2) Depressão, Desesperança e
3) Diagnóstico Ideação Suicida
3) Suicídio
Módulo II
1) Psicologia Baseada em Evidência
2) Psicoterapias Consideradas Módulos VII e VIII (Supervisão)
Eficazes 1) Técnicas
3) Modelo Teórico da TCC
2) Estudo de Caso
4) Conceitualização
3) Formulação do Caso Clínico

Módulos III e IV
1) Modelo teórico da TCC para
depressão
2) Avaliação da depressão

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MÓDULO I
1) Epidemiologia
2) Causas e fatores de risco
3) Diagnóstico

DEPRESSÃO
Enquanto sintoma:
 Como resposta a situações estressantes, ou a circunstâncias
sociais e econômicas adversas.
 Sentimento de tristeza ou solidão transitória – um estado
subjetivo (desânimo, desesperança ou infelicidade)

Enquanto síndrome ou complexo de sintomas:


 Padrão complexo de desvios nos sentimentos, na cognição e
no comportamento, incluindo alterações psicomotoras e
vegetativas (sono, apetite).
 Em decorrência de quadros clínicos como TEPT, demência,
esquizofrenia, alcoolismo, doenças clínicas, etc.

(Beck & Alford, 2011)

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DEPRESSÃO

Enquanto doença ou entidade nosológica


distinta:
Possui alguns atributos consistentes além dos
sinais e sintomas característicos; esses atributos
incluem um tipo especificável de início, curso,
duração e resultado.

Responde a formas específicas de tratamento e


tem uma etiologia específica.
(Beck & Alford, 2011)

TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
1. Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor;
2. Transtorno Depressivo Maior;
3. Transtorno Depressivo Persistente (Distimia);
4. Transtorno Disfórico Pré-menstrual;
5. Transtorno Depressivo Induzido por
Substância/Medicamento;
6. Transtorno Depressivo devido a outra condição
médica;
7. Outro Transtorno Depressivo especificado
8. Transtorno Depressivo não especificado
APA, 2013

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TRANSTORNO
DEPRESSIVO MAIOR
Cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por pelo
menos duas semanas e que representam mudanças no
funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos um dos sintomas
é: 1) humor deprimido ou 2) perda de interesse ou prazer (Nota:
não incluir sintoma nitidamente devido a outra condição clínica):

1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias (p.


ex.: sente-se triste, vazio ou sem esperança) por observação
subjetiva ou realizada por terceiros (Nota: em crianças e
adolescentes pode ser humor irritável);

2. Acentuada diminuição do prazer ou interesse em todas ou


quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os
dias (indicado por relato subjetivo ou observação feita por
terceiros);

APA, 2013

TRANSTORNO
DEPRESSIVO MAIOR
3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em
dieta (p.ex. alteração de mais de 5% do peso corporal
em um mês) ou aumento ou diminuição de apetite
quase todos os dias
(Nota: em crianças, considerar incapacidade de
apresentar os ganhos de peso esperado);

4. Insônia ou hipersônia quase todos os dias;

5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias


(observável por outros, não apenas sensações
subjetivas de inquietação ou de estar mais lento);
APA, 2013

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TRANSTORNO
DEPRESSIVO MAIOR
6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias;

7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada


(que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente
autorrecriminação ou culpa por estar doente);

8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou


indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou
observação feita por outros);

9. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de


morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, ou
tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio;
APA, 2013

TRANSTORNO
DEPRESSIVO MAIOR
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras
áreas importantes da vida do indivíduo;

C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de


uma substância (p. ex.: droga) ou outra condição médica

D. A ocorrência de episódio depressivo maior não é melhor


explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia,
transtorno delirante ou outro transtorno especificado ou não do
espectro esquizofrênico e outro transtornos psicóticos;

E. Não houve nenhum episódio de mania ou hipomania anterior

APA, 2013

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DEPRESSÃO

Taxa de prevalência: 6,6% (12 meses) e 16,2% ao longo da vida


(Kessler et al., 2003)

DEPRESSÃO (EDM) X LUTO


1. Na depressão, o humor deprimido é persistente, existindo
incapacidade de antecipar felicidade ou prazer. Já no luto, o afeto
predominante inclui sentimentos de vazio e perda;

2. No luto, a tristeza pode diminuir de intensidade ao longo do


tempo, podendo ocorrer ondas, conhecidas como “dores do luto”,
associadas a pensamentos ou lembranças do falecido;

3. O humor deprimido de um EDM é mais persistente e não está


ligado a pensamentos ou preocupações específicos. A dor do luto
pode vir acompanhada de emoções e humor positivos que não
são característicos da infelicidade e angústia generalizadas da
depressão.

APA, 2013

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DEPRESSÃO (EDM) X LUTO


4. No luto, os pensamentos costumam estar associados com
lembranças do falecido, enquanto que no EDM, existem
ruminações autocríticas ou pessimistas;

5. A autoestima costuma estar preservada no luto. No EDM, os


sentimentos de desvalia e aversão a si mesmo são comuns.

6. A ideação autodepreciativa, quando presente no luto, costuma


envolver a percepção de falhas em relação ao falecido;

7. Se um indivíduo enlutado pensa em morrer, o conteúdo


costuma ter o foco no falecido.

APA, 2013

FATORES DE RISCO E
PROGNÓSTICO
1. Temperamentais: Afetividade negativa (neuroticismo);
2. Ambientais: Experiências adversas na infância e eventos estressantes
na vida;
3. Genéticos e fisiológicos. Familiares de primeiro grau possuem risco 2 a
4 vezes mais elevado de desenvolver a doença que a população em
geral;
4. Herdabilidade: aproximadamente 40%;
5. Modificadores do curso:
1. Todos os transtornos maiores não relacionados ao humor aumentam o
risco de um indivíduo desenvolver depressão (uso de substâncias,
ansiedade e transtorno da personalidade borderline estão entre os mais
comuns)
2. Algumas doenças (diabetes, obesidade mórbida e doença
cardiovascular) são frequentemente complicadas por episódios
depressivos.

APA, 2013

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FATORES DE RISCO E
PROGNÓSTICO
6. Cultura: Diferenças de até sete vezes nas taxas de prevalência para 12
meses, porém apresentam consistência muito maior na proporção
masculino-feminino, na idade média de início e no grau em que a presença
do transtorno aumenta a probabilidade de comorbidade com abuso de
substâncias;
7. Gênero: Prevalência maior no sexo feminino. Em mulheres, o risco de
tentativas de suicídio é mais alto, e o risco de suicídio completo, mais
baixo;
8. Risco de Suicídio

APA, 2013

TRANSTORNO DEPRESSIVO
PERSISTENTE (DISTIMIA)
A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou
por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de dois anos.
Nota: Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano.

B. Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características:


Apetite diminuído ou alimentação em excesso.
Insônia ou hipersonia.
Baixa energia ou fadiga.
Baixa autoestima.
Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões.
Sentimentos de desesperança.

C. Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes) de perturbação, o
indivíduo jamais esteve sem os sintomas dos Critérios A e B por mais de dois meses.

APA, 2013

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TRANSTORNO DEPRESSIVO
PERSISTENTE (DISTIMIA)
D. Os critérios para um transtorno depressivo maior podem estar continuamente presentes por
dois anos.

E. Jamais houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco e jamais foram satisfeitos


os critérios para transtorno ciclotímico.

F. A perturbação não é mais bem explicada por um transtorno esquizoafetivo persistente,


esquizofrenia, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro
transtorno psicótico especificado ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno
psicótico não especificado.

G. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de
abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipotireoidismo).

H. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento


social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do individuo.

APA, 2013

FATORES DE RISCO E
PROGNÓSTICO
1. Temperamentais: Níveis mais elevados de afetividade negativa
(neuroticismo), maior gravidade dos sintomas, pior funciona- mento global e
presença de transtornos de ansiedade ou transtorno da conduta;

2. Ambientais. Os fatores de risco na infância incluem perda ou separação dos


pais;
3. Genéticos e fisiológicos. Indícios semelhantes aos do Transtorno Depressivo
Maior.

A prevalência de 12 meses nos Estados Unidos é de aproximadamente 0,5%


para transtorno depressivo persistente e de 1,5% para transtorno depressivo
maior crônico.

APA, 2013

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DSM-IV, DSM-IV-TR, DSM-5


Abordagem categórica X dimensional

“Embora o DSM-5 continue sendo uma classificação categórica de transtornos


individuais, reconhecemos que transtornos mentais nem sempre se encaixam
sempre totalmente dentro dos limites de um único transtorno. Alguns domínios
de sintomas, como depressão e ansiedade, envolvem múltiplas categorias
diagnósticas e podem refletir vulnerabilidades subjacentes comuns a um grupo
maior de transtornos.”

p. xli APA, 2013

DEPRESSÃO...
... pode ser definida como um estado de humor, um sintoma ou sinal, uma
constelação dinâmica de ideias conscientes e inconscientes, uma síndrome que
consiste de uma constelação de sintomas, uma desordem que permite a
identificação de um grupo de indivíduos, ou uma doença que é associada com
anormalidades bioquímicas ou estrutural.

Nurcombe, 1992

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DEPRESSÃO...
Depressão tem vários níveis de referências: sintomas, síndrome e desordem
nosológica.

Depressão pode ser um sintoma – por exemplo, estar triste.

Como síndrome, depressão é uma constelação de sinais e sintomas que se


agrupam (ex. tristeza, autoconceito negativo, distúrbios do sono e do apetite). A
síndrome da depressão é uma disfunção psicológica, mas pode estar presente,
de uma maneira secundária, em outras desordens.

Finalmente, para a depressão ser uma categoria nosológica, procedimentos


diagnósticos cuidadosos são requeridos durante o qual outras categorias
diagnósticas são excluídas.

Kendall, Hollon, Beck, Hammen, & Ingram, 1987

TRANSTORNO DEPRESSIVO
MAIOR (RESUMO)
Características da Depressão

Sintomas
Duração de pelo menos 2 semanas e anedonia

Idade de início
O período modal é a fase adulta.

Prevalência
16,60% de prevalência

Ingram, Atchley, & Segal, 2011

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TRANSTORNO DEPRESSIVO
MAIOR (RESUMO)
Curso da depressão

Termos técnicos
Começo da depressão: transição de um estado não-sintomático ou
subsintomático para aquele estado que preenche os critérios para depressão;
Manutenção da desordem: período de duração do episodio de depressão;
Remissão (parcial ou total): o individuo não preenche mais os critérios para o
diagnóstico;
Recuperação: sintomas mínimos ou ausência de sintomas

Muitos casos de depressão são limitados temporalmente. Entretanto, o tempo


do “curso natural” do episodio depressivo não é claro (3, 4-9 meses, 6-12
meses)
Ingram, Atchley, & Segal, 2011

TRANSTORNO DEPRESSIVO
MAIOR (RESUMO)
Curso da depressão

Diferença de sexo e culturais


2:1 mulheres: homens

Morbidade
Perdas substanciais em diversas áreas
Pobre intimidade nos relacionamentos e menos satisfação em interação social
Sofrem dificuldades em questões relacionadas ao trabalho
Custos para a economia
Custos para as novas gerações

Ingram, Atchley, & Segal, 2011

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TRANSTORNO DEPRESSIVO
MAIOR (RESUMO)
Curso da depressão

Comorbidade
Ansiedade
Outras desordens psiquiátricas
Desordens médicas
Desordens de personalidade

Ingram, Atchley, & Segal, 2011

MÓDULO II
1) Psicologia Baseada em Evidência
2) Psicoterapias Consideradas Eficazes
3) Modelo Teórico da TCC
4) Conceitualização

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PSICOLOGIA BASEADA EM
EVIDÊNCIA

PSICOLOGIA BASEADA EM
EVIDÊNCIA

“Evidence-based practice in Psychology


(EBPP) is the integration of the best available
research with clinical expertise in the context
of patient characteristics, culture, and
preferences.”

APA (2006)

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PSICOLOGIA BASEADA EM
EVIDÊNCIA

“What treatment, by whom, is most effective


for this individual with that specific problem,
under which set of circunstances?”

Paul (1967, p.111)

PSICOLOGIA BASEADA EM
EVIDÊNCIA

Abordagem voltada para a tomada de


decisão. Busca descobrir, avaliar e usar
achados científicos como base para decisões
clínicas.

O movimento não está ligado a nenhuma


teoria em particular e teve origem na
medicina.

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PSICOLOGIA BASEADA EM
EVIDÊNCIA

PBE considera intersecção entre três


domínios:
(1) a melhor evidência cientifica disponível;

(2) expertise clínica e;

(3) as características do cliente

(Spring, 2007)

MELHOR EVIDÊNCIA
CIENTÍFICA

O que deve ser analisado?

1) Efetividade;

2) Eficiência;

3) Eficácia e

4) Segurança das intervenções psicoterápicas

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PSICOTERAPIAS
CONSIDERADAS EFICAZES

ADULTOS – INTERVENÇÕES
COMPROVADAMENTE EFICAZES

Forte Suporte Empírico:


1. Behavior Therapy/Behavioral Activation
2. Cognitive Therapy
3. Cog. Beh. Analysis System of Psychot.
4. Interpersonal Therapy
5. Problem-Solving Therapy
6. Self-Management/Self-Control Therapy

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ADULTOS – INTERVENÇÕES
COMPROVADAMENTE EFICAZES

Suporte Empírico Modesto:


7. Acceptance and Commitment Therapy
8. Behavioral Couple Therapy
9. Emotion-Focused Therapy
10. Rat. Emot. Beh. Therapy
11. Reminiscence/Life Review Therapy
12. Self-System Therapy
13. Short-Term Psychodynamic Therapy

ADOLESCENTES – INTERVENÇÕES
COMPROVADAMENTE EFICAZES

Tratamentos bem-estabelecidos:

1. Terapia Cognitivo-Comportamental
(grupo), somente adolescentes

2. Psicoterapia Interpessoal Individual para


Depressão

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ADOLESCENTES – INTERVENÇÕES
COMPROVADAMENTE EFICAZES
Provavelmente Eficaz

3. Terapia Cognitivo-Comportamental para


Adolescentes (grupo), somado à participação
dos pais

4. Terapia Cognitivo-Comportamental para


Adolescentes (individual)

5. Terapia Cognitivo-Comportamental para


Adolescentes (individual), somado à
participação dos pais

CRIANÇAS – INTERVENÇÕES
COMPROVADAMENTE EFICAZES
Provavelmente Eficaz

1. Terapia Cognitivo-Comportamental
(grupo), somente crianças

2. Terapia Cognitivo-Comportamental
(grupo), somado à participação dos pais

Provavelmente Eficaz

3. Terapia Comportamental

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MODELO TEÓRICO DA TCC

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Ambiente

Biologia

Afeto Comportamento

Cognição
Freeman e Dattilio (1998)

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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
Quatro pressupostos fundamentais:
• Indivíduos constroem sua realidade;

• A cognição afeta o comportamento

• A cognição pode ser monitorada e alterada

• A mudança comportamental desejada pode ser efetuada


por meio da mudança cognitiva

Knapp, 2004

MODELO COGNITIVO
A terapia e a conceituação cognitiva baseiam-se no modelo
cognitivo:

• Hipótese de que as emoções e os comportamentos das pessoas


são influenciados por sua percepção dos eventos; as distorções
cognitivas afetam o humor e o comportamento

Beck, Rush, Shaw e Emery (1997)

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MODELO
COGNITIVO Crença Central

Crença Intermediária

Pensamentos
Situações
automáticos

Emoção e
Comportamento
reações fisiológica

PSICOPATOLOGIA
COGNITIVA
Nasce como decorrência da prática clínica.

Objetiva gerar Modelos Explicativos de cada psicopatologia, a fim de


explicar e predizer os processos mentais que determinam o
comportamento.

Patologia e Normalidade são considerados como fazendo parte de um


mesmo contínuo. O patológico é uma questão quantitativa.

O Ser Humano é visto como Ativo, na medida que processa informação,


representa, constrói conceitos etc.

Beck, Rush, Shaw e Emery (1997)

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PSICOPATOLOGIA
COGNITIVA

A diferença entre uma personalidade “normal” e


outra “patológica” é quantitativa

Todos distorcem a realidade, a


questão é o quanto fazem isso
Generalizados
Esquemas Inflexíveis
Disfuncionais Imperativos
Resistentes

AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
COGNITIVO
Conceitualização Cognitiva
• É a formulação do caso clínico segundo o Modelo Cognitivo das
emoções, pensamentos, comportamentos, reações físicas e suas
inter-relações

• Compreensão e formulação das configurações cognitivas do


indivíduo nos diversos transtornos mentais

• É a equação cognitiva das distorções do paciente que guia as


estratégias terapêuticas ao longo do tratamento

• Habilidade clínica necessária ao planejamento da psicoterapia, cujo


objetivo é melhorar seus resultados

Beck, Rush, Shaw e Emery (1997)

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

A formulação do caso segundo o modelo cognitivo fornece a estrutura


para o entendimento de um paciente pelo terapeuta.

Inicia-se no primeiro contato com o paciente e é refinada em cada contato


subseqüente.

É a habilidade clínica mais importante, porque determina como proceder


na terapia.

Beck, Rush, Shaw e Emery (1997)

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Início do processo de formulação


• Qual é o diagnóstico do paciente?
• Quais são seus problemas atuais, como esses problemas se
desenvolveram e como eles se mantiveram?
• Que pensamentos e crenças disfuncionais estão associados aos
problemas; quais reações estão associadas ao seu pensamento?

Beck, Rush, Shaw e Emery (1997)

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AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
COGNITIVO

A Conceitualização Cognitiva pode ocorrer em três


níveis:

Situação

Caso

Transtorno
Beck, Rush, Shaw e Emery (1997)

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Dilema de Procusto

“Conceitualização de caso é um processo em que terapeuta e cliente


trabalham em colaboração para primeiro descrever e depois explicar os
problemas que o cliente apresenta na terapia. A sua função primária é
guiar a terapia de modo a aliviar o sofrimento do cliente e a desenvolver a
sua resiliência.”

Huiken et al., 2010, pg 21

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Três princípios norteadores:


• Empirismo colaborativo
• Níveis de conceitualização
• Incorporação de pontos fortes do cliente

Terapia como tendo 2 princípios abrangentes:


• Aliviar o sofrimento do paciente
• Desenvolver a resiliência

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Para isto, é necessário que a mesma preencha os seguintes critérios:

1. A Conceitualização de Caso (CC) sintetiza a experiência do cliente, a


teoria e a pesquisa pertinente em TCC

Huiken et al., 2010

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

• Função primária da CC é integrar, de forma significativa, as


experiências do cliente à teoria e à pesquisa pertinentes em TCC.

• Exemplos de partes que necessitam ser integradas: teorias de TCC,


psicopatologia, teorias específicas, da personalidade etc.

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

2. A CC normaliza os problemas apresentados pelos clientes e é validante


• Diminui o caráter estigmatizante do problema do cliente
• “Pensei que estivesse louco”
• “Sou diferente e tenho vergonha dos meus problemas”
• “Existem outras como eu!”

Huiken et al., 2010

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

3. A CC promove o engajamento do cliente


• Pré-requisito para a mudança!
• Promove a confiança básica entre terapeuta e cliente

4. A CC pode fazer com que inúmeros problemas complexos pareçam


mais possíveis de serem manejados pelos clientes e terapeutas
• Montar o quebra-cabeça!

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

5. A CC orienta a escolha, o foco e a seqüência das intervenções


• O número de técnicas é vasto. Como escolher a mais adequada?
• A CC fornece o mapa do caminho que deve ser percorrido pela dupla
terapêutica

Huiken et al., 2010

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

6. A CC pode identificar os pontos fortes e sugerir formas de ajudar a


desenvolver a resiliência do cliente
• A discussão dos pontos fortes fortalece a aliança terapêutica.

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

7. A CC freqüentemente sugere as intervenções com maior relação custo-


benefício
• Abordagem custo-efetividade.
• Mostra o modo mais eficiente de trabalho.

8. A CC antecipa e aborda os problemas na terapia


• A CC fornece evidências de que problemas futuros podem surgir e
prepara uma solução para eles.

Huiken et al., 2010

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

9. A CC nos ajuda a compreender a não resposta à terapia e sugere rotas


alternativas para a mudança
• Ajuda a tratar a não-resposta ou resposta parcial à terapia

10. A CC possibilita supervisão e consulta de alta qualidade

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Princípio 1: Nível de Conceitualização

A CC inicia-se pela descrição das dificuldades atuais em termos


cognitivos e comportamentais (pensamentos, sentimentos e
comportamentos);

Huiken et al., 2010

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Princípio 1: Nível de Conceitualização

Em seguida a dupla terapêutica começa a explicar como as dificuldades


atuais são desencadeadas e mantidas;

O terceiro nível ocorre na formulação da explicação como as estas


dificuldades surgiram (fatores históricos).

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Princípio 2: Empirismo Colaborativo


Somente a dupla terapêutica funcionando em harmonia possibilitará uma
boa CC.

O terapeuta entra com os aspectos teóricos enquanto o cliente colabora


com as informações e os feedbacks sobre o processo.

Huiken et al., 2010

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CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Princípio 3: Incorporação dos pontos fortes do cliente

Incorporação das teorias da resiliência na psicoterapia.

Huiken et al., 2010

CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

Níveis de Conceitualização (1º Princípio)

• Quais as vantagens em se utilizar níveis de CC?

Huiken et al., 2010

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MINI-CONCEITUALIZAÇÃO
COGNITIVA

MÓDULOS III E IV
1) Modelo teórico da TCC para depressão
2) Avaliação da depressão

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DEPRESSÃO - TCC
Impacto na tríade cognitiva

Vulnerabilidade cognitiva

Diátese-estresse

Viés de atribuição causal (positivo e negativo)

DEPRESSÃO – ERROS
COGNITIVOS
Inferência arbitrária: conclusão antecipada e com
pouca evidência

Abstração seletiva: Foco aumentado em problemas


ou desempenho ruim

Super-generalização: o que aconteceu uma vez irá


acontecer sempre

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DEPRESSÃO – ERROS
COGNITIVOS
Maximização e Minimização: eleva o significado de
eventos negativos e diminui os positivos

Personalização: eventos externos são


interpretados como falhas pessoais

Absolutismo: características pessoais são


avaliadas em termo de “tudo-ou-nada”

Vulnerabilidade Cognitiva

A vulnerabilidade é composta por características que


predispõem o individuo a determinada desordem;

Os fatores que determinam a vulnerabilidade são


intrínsecos ao sujeito (sejam de origem genética ou
ambiental);

Os processos de vulnerabilidade são estáveis e


duradouros.

Price e Zwolinski (2010)

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Vulnerabilidade Cognitiva

Modelo diátese-Estresse (Ingram & Price, 2010)

Vulnerabilidade Cognitiva para a


Depressão
Uma estrutura cognitiva depressogênica seria ativada
por um evento estressor, causando um padrão de
processamento de informação de auto-referencia
negativo que conduziria à depressão.

(Beck, 1967; Ingram, 2003)

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Cognições Vulneráveis IV

Abela e Hankin (2008)

Modelo Cognitivo

Envolve uma interação entre:


1. Evento
2. Avaliação do evento
3. Emoções
4. Pensamentos
5. Comportamentos

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COGNIÇÃO E ANSIEDADE

COGNIÇÃO E DEPRESSÃO

(“Meu cabelo está horrível...


Não sou uma pessoa divertida...
As pessoas irão conversar comigo por
piedade”

(tristeza, desanimo)

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Terapia Cognitiva para a


Depressão
“... esquema é uma estrutura cognitiva para selecionar, codificar e avaliar
os estímulos que têm influencia sobre organismos ... Com base nesta
matriz de esquemas, o indivíduo consegue se orientar em relação ao
tempo e ao espaço e categorizar e interpretar as experiências de uma
maneira que tenha sentido.”

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
“ No campo da psicopatologia, o termo “esquema” tem sido aplicado a
estruturas com conteúdo idiossincrático altamente personalizado que são
ativadas durante transtornos como a depressão, ansiedade, ataques de
pânico e obsessões, e se tornam influentes ... Sendo assim, na depressão
clínica, por exemplo, os esquemas negativos estão em ascendência,
resultando em um viés negativo sistemático na interpretação e na
lembrança de experiências, bem como nas predições de curto e longo
prazo, enquanto esquemas positivos se tornam menos disponíveis. É fácil
que pacientes deprimidos vejam os aspectos negativos de um evento
negativo, mas é difícil ver os positivos. Eles conseguem se lembrar de
eventos negativos com muito mais prontidão que dos positivos. Eles dão
mais peso às probabilidades de desfechos indesejáveis que às dos
positivos.”

Beck, Freeman e cols., 1990

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10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão

Esquemas mal adaptativos precoces (early maladaptative schema –


EMS)

Os EMSs, provavelmente, se desenvolvem quando o “...ambiente não


atende às necessidades fundamentais de segurança, estabilidade ou
previsibilidade, amor, cuidado e atenção, aceitação e elogio, empatia,
limites realistas e validação de necessidades”

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009, pg. 265

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Características dos EMSs

Verdades a priori;

Estáveis

Disfuncionais

Ativados por um fator estressante

Vinculados a afetos quanto ativados

Resultam da interação entre o temperamento e experiências experiências


disfuncionais durante o desenvolvimento

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

40
10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Esquemas mal adaptativos precoces

Desconexão e Rejeição: expectativas de que suas necessidades de


proteção, segurança, estabilidade, cuidado, empatia, de compartilhar
sentimentos, aceitação e respeito não serão satisfeitas de maneira
previsível

1. Abandono/instabilidade
2. Desconfiança/abuso
3. Privação emocional
4. Defectividade/vergonha
5. Isolamento social/alienação

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Esquemas mal adaptativos precoces

Autonomia e Desempenho Prejudicados: Expectativas, sobre si mesmo


e o ambiente, que interferem na própria capacidade percebida de se
separar, sobreviver, funcionar de forma independente ou ter bom
desempenho.

6. Dependência/incompetência
7. Vulnerabilidade a danos ou doenças
8. Emaranhamento/self não desenvolvido
9. Fracasso

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

41
10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Esquemas mal adaptativos precoces

Falta de Limites: Deficiência em limites internos, responsabilidade para


com outros ou orientação em objetivos de longo prazo. Leva a dificuldades
de respeitar os direitos dos outros, de cooperar com os outros, de
estabelecer compromissos ou definir e cumprir objetivos pessoais
realistas.

10. Merecimento/grandiosidade
11. Autocontrole/autodisciplina insuficientes

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Esquemas mal adaptativos precoces

Orientação para o outro: foco excessivo nos desejos, sentimentos e


respostas de outros à custa das próprias necessidades, para obter amore
aprovação, manter o sentido de conexão e evitar retaliação.

12. Subjugação
13. Autossacrificio
14. Busca de aprovação/busca de reconhecimento

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

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10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Esquemas mal adaptativos precoces

Supervigilância e inibição: Ênfase excessiva na supressão dos próprios


sentimentos, impulsos e escolhas espontânea, ou no cumprimento de
regras e expectativas internalizadas e rígidas sobre desempenho e
comportamento ético, muitas vezes à custa de felicidade, autoexpressão,
relaxamento, relacionamentos íntimos ou saúde.

15. Negativismo/pessimismo
16. Inibição emocional
17. Padrões inflexíveis/crítica exagerada
18. Caráter punitivo

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Modos ou Modos de Esquema

“Os esquemas ou operações dos esquemas que estão em atividade para


um indivíduo, sejam elas adaptativas ou mal-adaptativas.”

Young, 2007, pg 271

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10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Características

Individual X Grupo

Setting terapêutico

Habilidades não-específicas
Cordialidade
Autenticidade
Sinceridade e franqueza
Empatia

Conseguem planejar a sessão de maneira lógica com antecedência

Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Características

Possuem postura ativa

Estabelecem uma relação de cooperação com o paciente

Possuem o hábito de fornecer feedback:


Importante para desmistificar o processo terapêutico

Envolve as reações verbais e não verbais dos pacientes

Importante para que o paciente compreenda as formulações


terapêuticas

Adaptado de Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

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10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
O processo terapêutico da Terapia Cognitiva (Primeiras Sessões)

Iniciar a construção de uma relação terapêutica sólida


Empatia
Delimitação de regras

Produzir alívio dos sintomas

Definição de metas

Início da formulação do caso, que inclui a conceitualização cognitiva

Início da psicoeducação

Adaptado de Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
O processo terapêutico da Terapia Cognitiva (Sessão Típica)

Planejamento (definição de uma agenda) X Flexibilidade

Revisão da semana e tarefas

Foco nos problemas selecionados (não escolher muitos!)

Adaptado de Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

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10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
O que deve ser observado no tratamento?

Redução de sintomas e ativação comportamental

Superação da desesperança

Identificação de problemas e metas

Conceitualização cognitiva

Psicoeducação

Adaptado de Young, Rygh, Weinberger, & Beck, 2009

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Técnicas Comportamentais

Visam, principalmente, ativar o comportamento!!!

Planejamento de atividades

Dramatização

Plano de atividades semanais

46
10/06/2018

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Técnicas Cognitivas

Entrevista (qual pensamento passou pela sua cabeça?”)

Imagens mentais

Registro de Pensamentos Disfuncionais

Questionamento socrático

Descoberta guiada

Outras técnicas...

Terapia Cognitiva para a


Depressão
Tarefas da Casa

Importância da tarefa de casa

Formulação e manejo

Exemplos de tarefas

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10/06/2018

ASPECTOS CENTRAIS DA
INTERVENÇÃO
COGNITIVA

Conceituação cognitiva
Empirismo colaborativo
Reestruturação cognitivo-comportamental
Prevenção à recaída

RELAÇÃO TERAPÊUTICA
SEGURA

Cordialidade
Empatia
Atenção
Respeito
Competência

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10/06/2018

MODELO EXPLICATIVO
DEPRESSÃO

Hofmann, 2014

MODELO EXPLICATIVO
DEPRESSÃO (EXEMPLO)

Hofmann, 2014

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10/06/2018

MODELO EXPLICATIVO
DEPRESSÃO (EXEMPLO)

Hofmann, 2014

Conceitualização Descritiva

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10/06/2018

REGISTRO DE PENSAMENTOS
AUTOMÁTICOS
Evento 1

Situação:

Pensamento automático e significado do PA

se necessário

Emoções:

Comportamentos:

MODELO CIRCULAR

(“Meu cabelo está horrível...


Não sou uma pessoa divertida...
As pessoas irão conversar comigo por
piedade”

(tristeza, desanimo)

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10/06/2018

MODELO EXPLICATIVO DE
HOFFMANN

Hofmann, 2014

TÓPICOS
1) Casos difíceis
2) Depressão, Desesperança e Ideação Suicida
3) Suicídio

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10/06/2018

CASOS DIFÍCEIS

PROBLEMAS COM A
CONDUÇÃO DA TERAPIA
Dificuldades no Processo Terapêutico
Flexibilidade
Relação terapeuta-paciente
Transferência e contra-transferência
Insatisfações com o processo e progresso terapêutico
Tarefas de casa não feitas

Vídeo: engajando uma paciente


estabelecendo metas

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10/06/2018

VÍDEO – ENGAJANDO UMA


PACIENTE
Observar:

Como o terapeuta reconhece a resistência da paciente e a aborda;


Oferece esperança de sucesso na terapia
Estabelece metas terapêuticas

DEPRESSÃO, DESESPERANÇA
E IDEAÇÃO SUICÍDA

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10/06/2018

DESESPERANÇA
Comum na depressão, a desesperança é uma
cognição negativa relacionada ao futuro;

Pode ser compreendida em termos de traço ou


estado;

Pode estar relacionada com a ideação suicida

Wenzel, Brown, & Beck, 2010

ESQUEMA RELACIONADO À
DESESPERANÇA E IDEAÇÃO
Esquema de suicídio Esquema de suicídio
(desesperança) (intolerabilidade)

Estresse

Estado de Estado de
desesperança desesperança

Ideação Ideação
suicida suicida
Wenzel, Brown,
& Beck, 2010

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10/06/2018

MODELO DE Esquema de
CRISE SUICIDA suicídio

Esquema de Atenção
desesperança seletiva

Fixação
atencional

Ideação
suicida

Limiar de tolerância

Tentativa de
suicídio

Wenzel, Brown, & Beck, 2010

DESESPERANÇA -
INTERVENÇÃO

• Usar o relacionamento terapêutico


• Destacar os resultados positivos
• Estruturar o tratamento
• Estabelecer metas realísticas
• Sugerir tarefas que demonstrem capacidades de
mudança

Wright, Sudak, Turkington, & Thase, 2012

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10/06/2018

DESESPERANÇA -
INTERVENÇÃO

• Reestruturar cognições relativas à


desesperança

• Identificar os pontos fortes e as crenças


positivas

• Usar cartões de enfrentamento

Wright, Sudak, Turkington, & Thase, 2012

SUICÍDIO

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10/06/2018

EPIDEMIOLOGIA

EPIDEMIOLOGIA
Cerca de 800.000 suicídios em 2012;

11,40 por 100.000 (15 homens e 8 mulheres);

Tabu, baixo índice de informe;

Legalidade do suicídio em alguns países.

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10/06/2018

TAXA DE SUICÍDIO
(100.000) - 2012

Fonte: OMS (2014)

EPIDEMIOLOGIA
Países desenvolvidos: razão de 3 homens para 1 mulher;

Globalmente, suicídio contribui para 50% das mortes


violentas dos homens e 71% das mulheres;

A porcentagem de suicídios entre pessoas com mais de 70


anos é a maior;

Globalmente, é a segunda causa de mortes de jovens de 15 a


29 anos.

Brasil: bons dados com mais de cinco anos de coleta

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10/06/2018

TAXA DE SUICÍDIO BRASIL


(100.000) – 1980-2006

Fonte: Lovisi et al. (2009)

TAXA DE SUICÍDIO BRASIL


(100.000) - 2012

Fonte: OMS (2014)

60
10/06/2018

EPIDEMIOLOGIA
Métodos mais escolhidos: ingestão de pesticidas,
enforcamento e arma de fogo

Qualidade dos dados: vital para o diagnóstico do


problema

Em 2012, suicídio contribuiu para 1,4% das mortes,


1,7% nos países desenvolvidos.

FATORES DE RISCO E
PROTEÇÃO
Sistema de
Saúde e
Sociedade

Comunida
de

Relações

Indivíduo

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10/06/2018

FATORES DE RISCO E
PROTEÇÃO

Sociedade e Sistema
de Saúde
1) Barreiras para acessar o
sistema;
2) Acesso aos meios para
operacionalizar o suicídio;
3) Divulgação inapropriada
da mídia;
4) Estigma associado com o
serviço de apoio Estigma, vergonha, culpa,
tabu dificultam a procura
Relação existente e disseminada do sistema de saúde.
entre suicídio e fraqueza faz com
que a pessoa sinta vergonha em
Fonte: OMS (2014)
procurar ajuda especializada.

FATORES DE RISCO E
PROTEÇÃO
Sistema de Saúde e
Sociedade

Comunidade e Relações
1) Desastres, guerra e
conflitos
2) Estresse de
aculturação e
deslocamento
3) Discriminação
4) Trauma ou abuso
5)Sentimento de
isolamento ou perda de
suporte social
6)Relacionamento
conflituoso, discordância
ou perda

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10/06/2018

FATORES DE RISCO E
PROTEÇÃO
Sistema de Saúde
e Sociedade

Comunidade e relações

Indivíduo
1) Tentativas prévias
2) Transtornos mentais
3) Uso abusivo de álcool e outras
substâncias
4) Perdas financeiras
5) Desesperança
6) Doenças e dor crônica
7) Histórico familiar
8) Fatores genéticos e biológicos

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?
Lista Nacional de Notificação Compulsória

Tentativa de suicídio como notificação compulsória


imediata que deverá ser realizada em até 24 horas a
partir do conhecimento da ocorrência.

Portaria nº. 1.271, de 6 de junho de 2014 (Brasil.


Ministério da Saúde, 2014).

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10/06/2018

PROFISSIONAIS DE SAÚDE:
O QUE DEVEMOS FAZER?
Identificar os sinais

A OMS aponta três características psicopatológicas comuns no estado


mental dos suicidas.

1. Ambivalência: o desejo de viver e de morrer se confundem no sujeito.

2. Impulsividade: o suicídio, por mais planejado que seja, parte de um


ato que é usualmente motivado por eventos negativos. O impulso para
cometer suicídio é transitório e tem duração de alguns minutos ou
horas.

3. Rigidez/constrição: quando uma pessoa decide terminar com a sua


vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito
restritivos.
Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?
Identificando o paciente potencialmente suicida

a) Doença mental

b) História pessoal e familiar de comportamento suicida

c) Suicidabilidade

d) Características de personalidade

Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

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10/06/2018

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?
Identificando o paciente potencialmente suicida

e) Fatores estressores crônicos e recentes

f) Fatores psicossociais e demográficos

g) Presença de outras doenças

Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?

Identificando o paciente: perguntas

1. Você tem planos para o futuro?

2. A vida vale a pena ser vivida?

3. Se a morte viesse, ela seria bem-vinda?

Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

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10/06/2018

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?

Identificando o paciente: perguntas

Se necessário, perguntar:

4. Você está pensando em se machucar/se ferir/fazer mal


a você/em morrer?

5. Você tem algum plano específico para morrer/se


matar/tirar sua vida?

6. Você fez alguma tentativa de suicídio recentemente?


Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?

Classificando o risco do paciente

Risco baixo
• A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, mas não
fez nenhum plano.

Risco médio
• A pessoa tem pensamentos e planos, mas não pretende
cometer suicídio imediatamente.
Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

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10/06/2018

PROFISSIONAIS DE
SAÚDE: O QUE DEVEMOS
FAZER?

Classificando o risco do paciente

Risco alto
• A pessoa tem um plano definido, tem os meios para
fazê-lo e planeja fazê-lo prontamente;
• Tentou suicídio recentemente e apresenta rigidez quanto
à uma nova tentativa;
• Tentou várias vezes em um curto espaço de tempo.

Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

PSICOTERAPIA: O QUE
DEVEMOS FAZER?
Apoio Psicológico

Explorar razões para viver;

Focar nos aspectos positivos;

Considerar a abordagem para resolução de problemas.

Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

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10/06/2018

PSICOTERAPIA: O QUE
DEVEMOS FAZER?
Ativar a rede de apoio psicossocial

Mobilizar família, amigos ou outros recursos;

Indicar a restrição aos meios (medicação, armas etc.);

Ativar apoio social vindo da comunidade (posto de saúde,


líderes religiosos etc.);

Psicoeducação com os familiares e amigos.

Fonte: Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

SUICÍDIO -
INTERVENÇÃO

Identificar os motivos para viver (esperança)


Concordar colaborativamente com as precauções
sobre a segurança
Fazer uma lista de contato (assumir o compromisso
de entrar em contato)
Assumir o compromisso de entrar em contato com
o terapeuta

Wright, Sudak, Turkington, & Thase, 2012

68
10/06/2018

SUICÍDIO -
INTERVENÇÃO

Bloquear ou reduzir acesso aos meios


Identificar cognições adaptativas que possam
ajudar o paciente a combater o desespero
Desenvolver estratégias de enfrentamento para
possíveis gatilhos de pensamentos suicidas
Redigir um plano e revisá-lo frequentemente

Wright, Sudak, Turkington, & Thase, 2012

MANEJO CLÍNICO

Botega, D’Oliveira, Cais, e Stefanello (2009)

69
10/06/2018

MANEJO CLÍNICO – 48 HORAS


O paciente deve ser mantido em segurança, impedindo
que o mesmo faça uma nova tentativa.
Apoio emocional, rede de vigilância constante e
incentivo de atividades sempre com a presença de
outras pessoas.
Encaminhamento ao psiquiatra (diminuição da
ansiedade, cognições disfuncionais e impulsividade).
O clínico deve identificar pessoas significativas para o
paciente e obter seu apoio por meio da psicoeducação
e esclarecimentos aos familiares, amigos e
profissionais.

MANEJO CLÍNICO – PRIMEIRAS


SEMANAS
Monitorar e obter colaboração do paciente e de sua
rede de apoio;
Estabelecer um tempo menor entre as consultas e
telefonemas periódicos para monitoramento do
paciente.
Elaborar junto ao paciente um plano de segurança e
contenção, caso a crise se torne aguda novamente.
Identificar gatilhos na sua rotina que possam ser
disparados
Viabilizar contatos emergenciais e repetir durante os
atendimentos as avaliações de risco.

70
10/06/2018

INTERVENÇÃO - PREVENÇÃO
Evidência da eficácia de diferentes estratégias de prevenção do suicídio:
Potencialmente
Muito Forte Forte benéfico
Prejudicial

Tratamento adequado Programas escolares


em saúde mental baseados
exclusivamente em
Apoio adequado após Controle mais efetivo alerta sobre o suicídio
uma tentativa de da ingestão de bebidas
suicídio alcoólicas Mensagens de saúde
pública sobre suicídio
Restrição de acesso
Treinamento de Serviços comunitários
a métodos de
profissionais de saúde mental e de Cobertura inadequada
suicídio
apoio social pela imprensa de
Triagem de depressão casos de suicídio
Educação dos
e risco de suicídio Apoio para familiares
responsáveis
em dificuldades Contratos de não
Centros de suicídio e de não
aconselhamento em Educação do público autoagressão
crise em geral
Terapia de memória
Apoio a familiares e reprimida ou
amigos enlutados recuperada

Bertolote (2012)

REFERÊNCIAS
PRINCIPAIS
American Psychiatric Association (APA), American Psychological Association (APA)
(2013). DSM 5 – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. Porto Alegre:
Artmed
Beck, J. S. (1997). Terapia cognitiva. Teoria e prática. Porto Alegre: Artmed.
Beck, A.T., Freeman, A., Davis, D.D., & Cols. (2005). Terapia cognitiva dos transtornos da
personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2.ed.
Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1997). Terapia Cognitiva para a
depressão. Porto Alegre: Artmed.
Hofmann, S. (2014). Introdução à Terapia Cognitivo-Comportamental Contemporânea.
Porto Alegre: Artmed.
Leahy, R. L. (2010). Terapia cognitiva contemporânea. Teoria, pesquisa e prática. Porto
Alegre: Artmed.
Wright. J.H., Basco, M.R., & Thase, M.E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-
comportamental. Um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.

71
10/06/2018

REFERÊNCIAS
PRINCIPAIS
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(2013). DSM 5 – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. Porto Alegre:
Artmed
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personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2.ed.
Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1997). Terapia Cognitiva para a
depressão. Porto Alegre: Artmed.
Botega NJ, D’Oliveira CF, Cais CF, & Stefanello S. (2009) Prevenção do suicídio: manual
dirigido profissionais da saúde da atenção básica recursos da comunidade. São Paulo:
Unicamp.
Cavalcante, F.G., & Minayo, M.C.S. (2012). Autópsias psicológicas e psicossociais de
idosos que morreram por suicídio no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 17(8), 1943-1954.

REFERÊNCIAS
PRINCIPAIS
Erlangsen, A., Lind, B.D., Stuart, E.A., Qin, P., Stenager, E., Larsen, K.J., Wang, A.G.,
Hvid, M., Nielsen, A.C., Pedersen, C., Winsløv, J.H., Langhoff, C., Mühlmann, C., &
Nordentoft, M. (2014). Short-term and long-term effects of psychosocial therapy for people
after deliberate self-harm: a register-based, nationwide multicentre study using propensity
score matching. The Lancet Psychiatry, Early Online Publication, 24 November 2014.
Hofmann, S. (2014). Introdução à Terapia Cognitivo-Comportamental Contemporânea.
Porto Alegre: Artmed.
Leahy, R. L. (2010). Terapia cognitiva contemporânea. Teoria, pesquisa e prática. Porto
Alegre: Artmed.
Samaritans. Media guidelines for reporting suicide. Retirado de
www.samaritans.org/mediaguidelines em 26 de novembro de 2014.
World Health Organization (2014). Preventing suicide. A global imperative. Retirado de
http://www.who.int/mental_health/suicide-prevention/world_report_2014/en/em 26 de
novembro de 2014.
Wright. J.H., Basco, M.R., & Thase, M.E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-
comportamental. Um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.

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