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MESTRE (RABUNÍ), QUE EU VEJA DE NOVO! – Comentário de Pe. Alberto Maggi OSM
ao Evangelho
Mc 10, 46-52
Naquele tempo, 46Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão.
O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho.
47Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus,
filho de Davi, tem piedade de mim!” 48Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele
gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 49Então Jesus parou e disse:
“Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” 50O
cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe perguntou: “O que
queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja de novo!” 52Jesus disse:
“Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo
caminho.
Jesus tinha repreendido seus discípulos usando uma expressão tirada do profeta Jeremias,
onde o Senhor diz: “Vocês têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem”.
Eles chegaram a “Jericó”. Jericó foi a primeira cidade conquistada por Josué na entrada
para a terra prometida, mas agora se tornara uma terra de opressão, da qual é preciso
sair.
”Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão”. O
evangelista para indicar a saída de Jericó usa “sair”: um verbo técnico que foi usado no
livro do Êxodo. Portanto, a terra prometida tornou-se agora terra de escravidão, da
qual é preciso sair, fugir.
Jesus, após o fracasso de sua pregação na sinagoga de Nazaré tinha dito: “Não há
profeta sem honra senão na sua pátria” (Lc 4,24). Pois bem, enquanto Jesus é
desonrado, seus discípulos buscam a honra. Portanto, “o filho de Timeu, Bartimeu”, é
repetido duas vezes, porque o evangelista quer confirmar que está representando
Tiago e João, que também eram chamados de “os filhos de Zebedeu”.
”Cego”. Eis aqui a queixa tirada do profeta Jeremias: “Vocês têm olhos e não vêem”.
”Então Jesus parou” - Jesus não vai em direção do cego, mas é o cego que deve ir até
Jesus - “Jesus parou e disse: “Chamai-o”. O verbo “chamar” aparece três vezes, o
que, na língua hebraica, significa “completamente”. “Chamar”: chama-se alguém que
está longe! Esses discípulos estão acompanhando Jesus, mas estão longe, não o
seguem!
Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?”. Para fazer compreender
que, nesse episódio, o evangelista está narrando de Tiago e João, coloca na boca de
Jesus as mesmas palavras e a mesma pergunta que o próprio Jesus tinha dirigido aos
dois discípulos: "O que vocês querem que eu lhes faça?”.
Nesta vez: “O que queres que eu te faça?”. “O cego respondeu...” - Finalmente não o
chama mais de “filho de Davi”, mas “Mestre” (“Rabuní”), expressão que se usava
quando se falava da divindade - “...Mestre, que eu veja de novo!”. Portanto, nem
sempre ele foi cego. Evidentemente, houve um período em sua vida no qual ele via.
Em seguida, perdeu a visão, porque lhe foi tirada por uma ideologia contrária ao
projeto de Deus sobre a humanidade.
Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. Jesus não executou qualquer ação em relação ao
cego. Foi o homem cego que abandonou sua antiga posição, se converteu, e foi para
Jesus. “No mesmo instante, ele recuperou a vista”. Então, num período de sua vida
ele via e, agora finalmente - aqui temos o verbo técnico da “sequela” de Jesus - “e
seguia Jesus pelo caminho”. O caminho que o levará, em seguida, para a paixão em
Jerusalém.