Carla Marcolin
O ato de negociar é intrínseco à condição humana:
Crianças negociam com pais
Cônjuges negociam interesses
Amigos negociam destinos
Âmbito Público:
Produto de um processo de negociação: concepção de regulamentações e
estratégia de cumprimento de normas.
Indicador de desempenho: qualidade de prestação de serviços à sociedade
Público-alvo: população
O negociador do setor público tende a ser mais conservador e avesso ao risco.
É mais comum que um negociador tenha mais poder que o outro, ou que os outros,
do que situações em que ambos tenham exatamente a mesma quantidade de
poder.
No primeiro caso, dizemos que as negociações são assimétricas (negociadores
com diferencial de poder), enquanto no segundo as negociações são simétricas
(negociadores com poder equivalente).
Além do poder material, existem o poder moral, o simbólico, o institucional, o de
persuasão e assim sucessivamente.
Os recursos materiais são, na realidade, uma fonte muito importante de poder, uma
vez que a posse indica o nível de dependência dos negociadores. Porém o fato de
um negociador possuir recurso, per se, não implica em poder sobre outros
negociadores. É necessário que a outra parte precise do recurso e, de preferência,
não tenha outra forma de obtê-lo.
A influência do poder também está ligada ao ambiente da negociação.
Ambientes utilitaristas:
Concentram-se na racionalidade;
Maximização de benefícios e minimização de perdas;
São sustentados pela visão da Teoria da Utilidade Esperada (TUE).
Ambientes subjetivistas:
Maior centralidade a outros fatores menos racionais (emoção, cultura, valores morais, ...);
Decisões nem sempre são tomadas com base em um cálculo de um valor esperado;
São sustentados por teorias críticas a TUE, como a Teoria do Prospecto.
Pressupõe escolha racional, aversão ao risco e maximização de utilidade dos
agentes econômicos.
A comparação entre opções define a percepção de utilidade.
3. Análise Qualitativa:
1. Algumas perguntas devem ser respondidas: quais são as nossas necessidades e as da
outra parte? Com que intensidade as necessidades mobilizam energias para defender
interesses? O que está em jogo (o objeto de negociação)? Quais são os objetivos das
partes? Entre as causas mais comuns de paradas e impasses em negociações está a
confusão feita entre necessidades, interesses, objeto e objetivos.
4. Planejamento Tático: programação de diferentes táticas de
negociação:
1. Uso do poder – as ideias associadas são: dominar, competir, polarizar, coagir,
pressionar. Ocorre quando uma das partes, para atingir sua solução preferida,
impõe-se sobre a outra.
2. Fuga – as ideias associadas são: submeter-se, afastar-se, retrair e ignorar o
conflito. Essa abordagem limita a interação e pode ser um sinal de que no
futuro, quando quem tem menos poder e fugiu da negociação tiver mais
poder, irá retaliar seu opressor.
3. Amaciamento – as ideias associadas são: não se engajar no conflito, acalmar,
suavizar, adiar, protelar. Consiste na ênfase sobre os interesses de
relacionamento e na minimização das diferenças existentes entre as partes
conflitantes.
4. Planejamento Tático: programação de diferentes táticas de
negociação:
4. Barganha – as ideias associadas são: compor, conceder, compartilhar,
condicionar, trocar. Inicia-se no ponto em que as partes estão empenhadas em
uma batalha ganhar/perder. Porém, por haver um relativo equilíbrio de poder
das partes, ajustam suas necessidades, permitem concessões e encontram
acordos.
5. Integração – as ideias associadas são: ganhar/ganhar – colaborar, solucionar
problemas, buscar relações de longo prazo. Consiste na busca conjunta das
divergências e dilemas.
5. Simulação:
Os impasses podem ter origem nos erros de comunicação, diferenças de crenças,
valores e interesses. Por esses motivos o negociador deve desenvolver alternativas
aos impasses ou defender posições dentro de limites aceitáveis para um acordo, por
exemplo, como evitar pagar mais por algo que se deseja ou receber menos pelo que
se está oferecendo à outra parte. O negociador deve sempre ter um “Plano B ou C”
para eventuais conflitos.
O BATNA é um elemento de grande importância, pois determina quando o
negociador deve se retirar da negociação, e pode ser escolhido com base no fato
que negociamos para sobreviver, maximizando a satisfação.
Sendo o BATNA uma referência, aquele que tem mais forte pode exigir mais durante
na negociação; em contrapartida, quem tem BATNA fraco estará mais fragilizado e
disposto a fazer concessões.
A percepção incorreta do
BATNA pode levar o
negociador a firmar um
acordo que não lhe
maximize o resultado, ou a
não fechar um acordo que
poderia aumentar seu
estado de satisfação quando
comparado ao que pode
obter fora da atual mesa de
negociação.
1. Abertura: A abertura refere-se aos primeiros momentos da negociação, quando
as partes envolvidas terão seus primeiros contatos. Por isso é essencial que se
crie sentimentos de confiança, tornando as pessoas mais receptivas, prontas
para ouvir e prestar informações relevantes ao desenvolvimento da negociação.
(Des)Confiança:
Preferência por contratos escritos, com conteúdo específico;
Necessidade de mecanismos de controle;
Apego à forma em detrimento ao conteúdo (“para inglês ver”).
Mazei, J., Hüffmeier, J., Freund, P. A., Stuhlmacher, A. F., Bilke, L., & Hertel, G. (2015).
A meta-analysis on gender differences in negotiation outcomes and their
moderators. Psychological Bulletin, 141(1), 85.
Annie Duke: https://en.wikipedia.org/wiki/Annie_Duke
How Poker Player Annie Duke Used Gender Stereotypes To Win Matches:
https://www.npr.org/2015/09/28/444236895/how-poker-player-annie-duke-used-
gender-stereotypes-to-win-matches
Corte Halal:
https://comercioexteriordescomplicado.wordpress.com/2014/01/30/brasil-queda-
de-barreiras-pode-aumentar-embarques-de-halal/
Sobral, F., Carvalhal, E., & Almeida, F. (2012). O estilo brasileiro de negociar. Revista
de Gestão dos Países de Língua Portuguesa, 11(2-3), 84-94.