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Tentaremos fazer a leitura destes quadros, como um texto onde estão presentes
elementos que explicam, além de seus aspectos formais, a presença destes no museu
de Juiz de Fora. O museu em estudo, organizado de 1900 a 1930, constitui-se em
importante amostragem do universo simbólico na reordenação de relações sociais,
econômicas e institucionais no Brasil de 1870 a 1930. Identifica ainda, o imaginário
que os grupos dirigentes queriam fazer de si e do país.
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O Brasil, até a década de 70 do século XIX, foi uma sociedade de poucos homens
livres-brancos, uma imensa maioria negra-escrava e uma camada média sem
expressão. Esta organização retardou o aparecimento de um mercado de bens
artísticos, o que já existia na Europa desde o século XVI. Até a década de 1860, a
aquisição de obras de arte ficou na órbita do governo imperial. Nos anos 1870,
aumentou-se a circulação de mercadorias artísticas, graças ao lucro com o plantio e
comércio do café, mudando-se o quadro no comércio de arte. Como as telas por nós
estudadas, em sua maioria, são de artistas atuantes de 1870 a 1930, e estas datas
também identificam a industrialização de Juiz de Fora, sobre o período faremos
algumas observações nos próximos parágrafos.
Em nossos estudos sobre a pintura brasileira de inícios do século XIX (1995), dentre
vários aspectos detectados na mesma, chamou-nos a atenção a quase total ausência de
negros como temática. Percebíamos no atrelamento ao estado da Missão Francesa-
Academia Imperial de Belas Artes-Escola Nacional de Belas Artes, o desejo de se
montar uma iconografia laica, racional e branca do país. Contudo, faltavam-nos
informações que corroborassem nossas observações. Esta questão foi resolvida com a
leitura do livro O Espetáculo das Raças de Lilian Schwarcz.
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data da estrada União e indústria, a casa foi projetada pelo engenheiro alemão Carlos
Augusto Gambs.
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Com atuação profissional após os anos 90, período denominado por Campofiorito de
A República e a decadência da disciplina neoclássica (1880-1918), estendido por nós
até 1930, encontram-se no Museu Mariano Procópio: Eugéne Latour (1871-1942) 2;
Lucílio de Albuquerque (1877-1939) 1; Antônio Parreiras (1880-1937) 2; Georgina
Albuquerque (1885-1962) 1; Leopoldo Gotuzzo (1887-1983) 1; João Batista de
Paula Fonseca (1889-1960) 3; Anibal Mattos (1889-1969) 1; Olga Mary (1891-
1963) 1; Henrique Cavalleiro (1894-1975) 1; Manuel Faria (1895-1980) 1; Luis
Fernando de Almeida Junior (1894-1970) 1; Haydéa Santiago (1896-1980) 1;
Armando Vianna (1897-1992) 1; Manuel Santiago (1897-1987) 2 e Maria Pardos
(? -1928) 37.
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George Grimm foi talvez o pintor de maior sucesso entre os pintores alemães que se
estabeleceram ao Brasil e a sua influência na pintura brasileira é considerável. Era
uma grande personalidade artística que tinha um grande círculo de alunos talentosos.
O artista bávaro iniciou o estudo rebelando-se contra as convenções e tradições
antigas e transferiu as suas aulas da sala para o ar livre. Nas florestas e montanhas
dos arredores do Rio ensinou seus alunos a contemplarem as nastureza para bem
saberem representar (Karl Oberacker, Revista Intercâmbio, Apud PEIXOTO;
1989, p.180 -181).
Sobre a formação de Georg Grimm, encontramo-lo fazendo estudos com Karl von
Pilov e Franz Adam. Em 1868 - Munique (Alemanha) - matriculou-se na
Antikenerlasse da Akademie der Bildenden Kunste. Temos notícias de que entre
1870 e 1878 o pintor estava viajando pela Itália, Grécia, Turquia, Palestina, norte
da Africa, Espanha e Portugal; de 1878 a 1882 o artista percorreu as cidades de
Petrópolis e Valença (RJ) e Minas Gerais; de 1885 a 1886, fez novas viagens pelo
Brasil, visitando as cidades de Teresópolis (RJ), São João del Rei, Nova Lima e
Sabará (MG), e novamente retornou a Valença e Petrópolis (RJ).
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Belas Artes (RIio); 1953 - São Paulo (SP) - II Bienal de São Paulo - Sala "A
Paisagem Brasileira"; 1980 - "O Grupo Grimm: Paisagismo Brasileiro no século
XIX", no Museu da Casa Brasileira. O Museu Mariano Procópio possui dois
Retratos feitos por Grimm.
Carlos Roberto Maciel Levy, autor do livro O grupo Grimm, além da biografia do
artista, apresenta-nos dados sobre os demais participantes do grupo. Destacamos as
seguintes observações de Levy sobre a Exposição de 1882:
LIVROS:
REFERÊNCIAS:
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DE MARTINO, Edoardo
Em começo da sua vida artística entre nós, a crítica não o acolheu bem,
nele não distinguindo as qualidades indispensáveis de um bom pintor, e
considerando-o de educação incompleta, falho de desenho, vacilante e
incorreto. Mais tarde, porém, essa mesma crítica fez-lhe a devida
justiça, proclamando-o artista paciente, minucioso, correto e dotado de
qualidades apreciáveis, amplamente reveladas nas inúmeras
marinhas.Foi efetivamente na interpretação delas que se distinguiu o
pintor italiano, somente excedido por Castagneto, o nosso melhor
marinhista (Instituto Cultural Itaú, p. 107).
LIVROS:
REFERÊNCIAS:
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LIVROS:
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REFERÊNCIAS:
Antes de passarmos aos dados biográficos de Maria Pardos, artista com 37 trabalhos
no acervo em estudo, comentaremos brevemente sobre a presença feminina na
pintura brasileira. O domínio de elementos básicos em desenho e pintura passou a
fazer parte do universo feminino burguês, com o capitalismo em expansão no século
XIX. A participação ativa feminina no ensino e em movimentos artísticos no Brasil
só ocoreu no século XX, sendo pioneiras, no Rio, Georgina de Albuquerque em São
Paulo, Anita Mafalti, Zina Aita e Tarsila do Amaral.
Casada, não oficialmente, com Alfredo Lage, foi colaboradora deste na criação
do Museu Mariano Procópio. Foi aluna de Amoedo, o que nos leva a pensar que
está aí a explicação de numerosos discípulos deste mestre na pinacoteca do referido
museu (RUBENS; 1941, p. 240). A artista foi premiada no Salão Nacional, em
1913, com Menção Honrosa de Primeiro Grau; em 1914, com Medalha de
Bronze; em 1915, com Medalha de Prata e em 1918, com 500 mil réis, doados
aos pobres. Os trabalhos com que concorreu nestes salões foram: Flores,
Conciliadora, Serenidade e Pensativa. Julgamos que o fato de Maria Pardos não
ter se mantido presente nos estudos atuais de arte brasileira, deve-se ao fato de sua
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obra não ter sido comercializada, o que era corriqueiro na época. Quando de seu
falecimento a imprensa do Rio de Janeiro noticiou amplamente o fato.
LIVROS:
O Rio de Janeiro, como capital do país, centralizou o ensino artístico no século XIX
na Academia Imperial de Belas Artes (Império)- Escola Nacional de Belas Artes
(República). Esta aprendizagem referendada nas Exposições Gerais de Belas Artes,
no Império, e nos Salões Nacionais de Belas Artes na República, criou uma arte
brasileira sem lugar para especificidades regionais. Os artistas estudados neste
trabalho passaram pelo ensino oficial da época, foram referendados socialmente com
prêmios e estão presentes em livros sobre o assunto. Temos, pois, na coleção em
estudo, uma amostragem expressiva da pintura brasileira do século XIX.
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O estudo desta parte da pinacoteca do Museu Mariano Procópio, com seus Retratos,
Cenas Históricas, Alegorias, Marinhas, Paisagens, Cenas de Exterior e Interior, leva-
nos a identificar a pintura como um dos símbolos do modus vivendi de nossas elites
no período. Este grupo marcou visualmente sua posição na sociedade através dos
Retratos. Ocultando o trabalho escravo, posteriormente o proletário, as populações
negras e indígenas e o misticismo, a elite brasileira de então quis mostrar, nas
pinturas do período, apreço ao lirisno, quando valorizou marinhas e paisagens, ao
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Referências Bibliográficas
AYALA, Walmir. O Brasil por seus artistas - Brazil through its artists. Rio de
Janeiro: Nordica/ São Paulo: Círculo do Livro, [ s./d. ].
BASTOS, Wilson de Lima. Mariano Procópio Ferreira Lage, sua vida, sua
obra, descendência, genealogia. Juiz de Fora, Ed. Paraiso, 1991.
LOS RIOS FILHO, Adolfo Morales. O Ensino artístico - subsídio para sua
história; 3º Congresso de História Nacional (1938). Rio de Janeiro, Imprensa
Nacional, 1942.
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MELLO, João Manuel Cardoso de. O capitalismo tardio. 3ª ed. São Paulo,
Brasiliense, 1989.
RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo:
Nacional, 1941.
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