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1Resenha apresentada como requisito para obtenção de nota parcial da disciplina de Introdução a Filosofia, ministrada pelo
professor Francisco Macenas.
2Aluno do 2º período do Curso Livre de Teologia da Escola Teológica Charles Spurgeon.
3 <https://pt.wikipedia.org/wiki/Augustus_Nicodemus_Lopes>
conduz, então, a questionar: o que caracteriza as expressões culturais e as dimensões
cotidianas mais amplas do mundo da nova geração? Que prova há de que uma nova estrutura
mental está moldando a vida em nossa sociedade?
Ao abordar “a cosmovisão pós-moderna”, Granz conclui que ela marca o fim do
“universo” – o fim da cosmovisão que a tudo abrange. Os pós-modernos rejeitam a
possibilidade da construção de uma única cosmovisão correta e se contentam em falar de
muitas visões e, consequentemente, de vários mundos. Assim, trocam a cosmovisão moderna
por uma multiplicidade de visões e de mundos. Em suma, a era pós-moderna, na verdade,
substitui o conhecimento pela interpretação.
Granz descreve ainda que a publicação da obra “Crítica da razão pura”, escrita por
Immanuel Kant, traz com ela o “Surgimento do mundo moderno”. Este, nasce após a Europa
ser devastada pela guerra dos 30 anos e ver surgir o Iluminismo, ou seja, a Idade da razão,
onde “Saber é poder”, como esperança. Diante dessa nova perspectiva, a razão substitui Deus
pelo homem e traz como fundamentos: a revolução na subjetividade filosófica de Descartes
“Penso logo existo”, a revolução científica de Isaac Newton, que via o universo como uma
máquina grande e organizada e a obra de Kant, que marca o início da modernidade em sua
plenitude como a era que se caracteriza pelo enfoque da autorreflexão interna.
No prelúdio ao pós-modernismo, Granz apresenta a desconstrução do pensamento
moderno. Primeiramente, nos mostrar como o conceito do “eu” veio a ser completamente
arrasado quando Ryle aponta que o “eu cartesiano” nada mais é do que “um espírito no
interior da máquina”. Por conseguinte, destaca o autor, enquanto Kant declara conhecer por
meio da razão “pura” o mundo da percepção sensorial, Fichte afirma produzi-lo pelo exercício
da razão “prática”. Por fim Nietzsche rejeita a compreensão teórica da realidade de Kant,
afirmando que via a “verdade” essencialmente como uma função da linguagem que
empregamos e, portanto, cria que verdade “existe” somente no âmbito específico dos
contextos linguísticos.
Granz apresenta o pensamento dos principais filósofos do pós-modernismo a começar
com Michael Foucault que recorre a ênfase nietzschiana na riqueza e na multiplicidade do real
e, assim, celebra a complexidade do conhecimento que produz nossa realidade. Prosseguindo,
com Jacques Derrida que surge como mestre dos códigos duplos e do significado oculto.
Segundo Derrida, o “princípio primeiro” da filosofia não deve consistir num fundamento
unificador imaginário para todas as linguagens, e sim num sistema de símbolos cujo único
sustentáculo seja a linguagem. Por fim Richard Rorty que complementa a virada pós-moderna
do conhecimento para a interpretação, advogando o tipo de pluralismo cultural eficaz em
conformidade com o espírito de tolerância que tornou possível a existência das democracias
constitucionais, não importando que tenhamos de sacrificar algo de valor para que a utopia
pragmática possa ser alcançada.
Diante desta realidade, “o Evangelho no contexto pós-moderno”, não consiste em
defender o modernismo, fazendo com que a situação atual favoreça novamente ao
iluminismo. Pelo contrário, somos chamados a compreender o novo clima intelectual segundo
a ótica cristã, utilizando as ferramentas da nossa fé para avaliar os pontos fortes e fracos do
espírito pós-moderno.
Granz realizou um excelente trabalho ao descrever de forma didática, coerente e de
fácil compreensão, uma breve narração do pós-modernismo como um guia para entender a
filosofia de nosso tempo. Sem dúvida, trata-se de uma obra de referência, indispensável, a
qual recomendo a todos que desejam encontrar um estudo que explique, em linguagem
acessível e abrangente, o que é o pós-modernismo. Não obstante, Granz prestou um valioso
serviço à comunidade teológica evangélica, provendo um assunto atrativo e desafiador,
fazendo-se um texto padrão para estudos em seminários evangélicos e útil tanto na sala de
aula, como na igreja local.
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José Otacílio Cunha Pinto Acadêmico do Curso livre de Teologia – Escola Charles Spurgeon.