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Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul

DOCÊNCIA MAÇÔNICA - Módulo Inicial


INTRODUÇÃO À MAÇONARIA
Maçonaria – Conceituação e Princípios .............................. 2
Landmarks e Usos e Costumes .......................................... 3
Constituição de Anderson ................................................... 4
Obediências Maçônicas ...................................................... 4
Lojas Maçônicas ................................................................. 5
Cargos em Loja .................................................................. 6
Estrutura Administrativa e Hierarquia Maçônica ................ 6
Ritos e Rituais Maçônicos .................................................. 7
Constituição e Regulamento Geral da Grande Loja ........... 8
Direitos e Deveres .............................................................. 10
Regularidade Maçônica ..................................................... 10
Liturgia e Ritualística .......................................................... 11
Símbolos e Alegorias ......................................................... 12
Termos Maçônicos ............................................................. 13
Sinais, Toques e Palavras ................................................. 14
O Livro da Lei .................................................................... 15
Graus da Maçonaria Simbólica ........................................ 15
O Templo Maçônico ......................................................... 16
Sessões Maçônicas ......................................................... 17
Entrada em Templo ......................................................... 18
Ordem dos Trabalhos ...................................................... 18
Posturas Maçônicas ........................................................ 20
Religião e Maçonaria ....................................................... 21
A Mulher e a Maçonaria .................................................. 21
Os Segredos da Maçonaria ............................................ 25
Origens da Maçonaria .................................................... 26
Maçonaria Operativa e Especulativa ............................. 27
A Primeira Grande Loja ................................................. 30
Primeiras Lojas e Obediências no Brasil ....................... 30
Maçonaria no Rio Grande do Sul .................................. 32
Os Diversos Ritos .......................................................... 34
Bibliografia …................................................................. 36

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DOCÊNCIA MAÇÔNICA
O objetivo principal do Programa de Docência Maçônica é oferecer aos Irmãos,
principalmente àqueles que estão adentrando à nossa Fraternidade, além do
conhecimento da matéria ministrada nas instruções regulamentares previstas nos
respectivos rituais, um aprofundamento em assuntos essenciais ao desenvolvimento
maçônico, com temas necessários à sua futura jornada.
Os temas de estudos aqui elencados são comuns aos diversos ritos praticados
em nossa Grande Loja, sendo que aqueles próprios e pertinentes a cada Rito deverão
ser apresentados em módulos apropriados.
O Programa de Docência Maçônica ora apresentado deverá, ainda que não
aplicado em sua totalidade, servir, no mínimo, de guia para que cada Loja da Jurisdição
o aplique, podendo, outrossim, sofrer as adequações julgadas adequadas.
Recomenda-se que o Instrutor do Programa de Docência Maçônica seja,
preferencialmente, um Mestre Instalado, que tenha conhecimento da matéria e preparo
adequado para a atividade, inclusive sendo conhecedor de literatura maçônica
pertinente à matéria.

INTRODUÇÃO À MAÇONARIA
Maçonaria – Conceituação e Princípios.
A Ordem Maçônica é uma associação de homens esclarecidos e virtuosos, que
se consideram Irmãos entre si, e cujo objetivo maior é viver em perfeita igualdade,
intimamente unidos por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-
se, uns aos outros, na prática das virtudes. É um sistema de moral, velado por
alegorias e ilustrado por símbolos. A Maçonaria, também conhecida como Franco-
Maçonaria, é uma Instituição de cunho universal, essencialmente filosófica, filantrópica,
educativa e progressista. Apresenta um sistema de conduta moral no qual é exigido
que seus componentes, os quais são acolhidos através de um processo iniciático,
tenham a capacidade de dominar seus vícios, ambições, ódios e intolerâncias, enfim,
de vencer as paixões e a tudo que oprima a alma do homem, tornando-os exemplos de
fraternidade, de igualdade e de liberdade.
A Maçonaria se fundamenta na crença em um Ser Superior, denominado de
Grande Arquiteto do Universo, que é o princípio e causa de todas as coisas. Embora
rígida em seus princípios, é absolutamente tolerante, não impondo nenhum limite à
livre investigação da verdade, ensinando aos iniciados que é mister respeitar a opinião
dos outros, ainda que difiram de suas próprias, desafiando todos a dispor da mais
sincera tolerância.
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A Ordem Maçônica é acessível aos homens de todas as classes sociais e de
todas as crenças religiosas e políticas. Todavia, em suas Lojas são expressamente
proibidos o proselitismo político e religioso, garantindo assim a mais absoluta liberdade
de consciência, o que lhe permitiu sobreviver a qualquer tentativa de imposição de
doutrinas e sistemas perniciosos à raça humana. Portanto, recebem profanos
independentemente de suas opiniões e convicções políticas e religiosas e de sua
situação sócio econômica, exigindo, contudo, que sejam livres e de bons costumes.
A Maçonaria exige, ainda, de seus membros respeito às leis do país em que
habita, desde que, obviamente, estas não entrem em conflito com os princípios
maçônicos, principalmente no que tange aos aspectos democráticos. Então, os deveres
que o maçom, como cidadão, tem de cumprir, nunca deverão estar em conflito com os
princípios da Maçonaria. Em verdade, os princípios instituídos pela Maçonaria tendem
a reforçar o cumprimento de suas responsabilidades institucionais.
Para um Maçom suas obrigações como homem, cidadão e pai de família,
devem, necessariamente, prevalecer sobre qualquer outra, não devendo, portanto, agir,
ou dar proteção alguma a quem assim o fizer contra os princípios morais e legais da
sociedade.
Apresenta como lema a trilogia LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.
Liberdade de todos os indivíduos e grupos humanos quer sejam instituições, nações ou
raças; igualdade de direitos e obrigações de todos os seres humanos, independente de
religião, raça ou nacionalidade, e Fraternidade entre todos os homens e nações do
Universo.

Landmarks e Usos e Costumes.


Landmarks podem ser conceituados como antigos usos, costumes, leis e
regulamentos, universalmente reconhecidos, existentes desde tempos imemoriais, tão
antigos que se não lhes pode determinar a origem, sendo fundamentais princípios da
Ordem Maçônica, inalteráveis e irrevogáveis, que não devem e nem podem ser
infringidos.
Palavra inglesa, Landmark significa, literalmente, “marca na terra”, e aplicada
como “limite, linha, marco lindeiro, ponto divisório, baliza, estaca, etc.. São, pois,
pontos balizadores por aplicação dentro da Maçonaria. Existem várias compilações
referentes aos Landmarks, sendo que em nossa Grande Loja e, via de regra, nas
Obediências da América do Sul, é aplicada aqueles de compilação formatada por
Albert G. Mackey, em número de vinte cinco, cuja descrição está prevista na Coletânea

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Maçônica editada pela Grande Loja, edição 2008, página 165 e seguintes.
Por sua vez Usos e Costumes podem ser definidos como práticas habituais em
determinado lugar, com natureza de normas gerais, que suprem a omissão da lei
escrita e se incorporam ao direito consuetudinário. São, pois, normas regulamentares
não escritas, aplicáveis no âmbito de nossa Instituição. Em Maçonaria a aplicação de
Usos e Costumes deve ter sempre a observação atenta de suas componentes, entre
elas sua temporalidade, não devendo ser confundida, pois, com a tentativa de
modificações a serem introduzidas nas regras e normas ritualísticas e administrativas
devidamente regularizadas. Exige-se que essas práticas contenham sua habitualidade
em grande lapso de tempo, ou seja, observe certa antiguidade.

Constituição de Anderson.
A denominada Constituição de Anderson, compilada pelo Reverendo James
Anderson e editada em 1723, é o instrumento jurídico básico da moderna Maçonaria,
englobando os antigos usos e costumes da Fraternidade, acrescidos de regras e
normas administrativas julgadas necessárias após a fundação da Grande Loja de
Londres em 1717. Tal Constituição foi reformulada em 1815, a fim de servir de suporte
jurídico maçônico para a Grande Loja Unida da Inglaterra, surgida em 1813, em razão
da fusão das Grandes Lojas de Modernos e Antigos.
Fundamentalmente, no que se refere às Antigas Leis Fundamentais (Old
Charges), a Constituição de Anderson originalmente aborda os seguintes itens:
preceitos relativos a Deus e a Religião; relações com as autoridades civis, superiores e
inferiores; conceituação das Lojas; análise das atribuições dos Veneráveis, Vigilantes,
dos Companheiros e Aprendizes; o regulamento da corporação durante os trabalhos e
as indicações relativas à conduta que o Maçom deve ter em Loja organizada, em Loja
fechada, quando ainda reunidos os obreiros, fora da Loja, sem a presença de profanos,
em seu lar e entre vizinhos, bem como diante de um Irmão estrangeiro.
Observe-se que os termos da Constituição de Anderson se encontram
inseridos na Coletânea Maçônica, editada pela nossa Grande Loja.

Obediências Maçônicas.
Obediência é o agrupamento de no mínimo três Lojas Maçônicas colocadas
sob a jurisdição de um Grão Mestrado. É também denominada de Potência Maçônica.
A primeira Obediência criada foi a Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717,
com quatro Lojas federadas.
Nossa Obediência Maçônica se denomina Grande Loja Maçônica do Estado do
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Rio Grande do Sul, tendo sido fundada em 8 de janeiro de 1928, na cidade de Bagé,
sendo uma pessoa jurídica de direito privado de caráter filantrópico, com jurisdição no
âmbito do território do Rio Grande do Sul.
A Obediência tem, em regra, a finalidade de congregar e unir as Lojas
Federadas, acompanhar, orientar, sugerir e fiscalizar a correta e efetiva aplicação dos
processos iniciáticos e dos postulados e princípios originários da Maçonaria Universal,
tais como sua soberania e independência, sem divisão de autoridade com outra
obediência ou potência maçônica. De igual sorte, autonomia de governo no território de
sua jurisdição, admissão em seu quadro somente de homens livres e de bons
costumes, obrigação de aceitação dos termos dos antigos Landmarks, da Constituição
de Anderson, Declaração de Princípios e dos Usos e Costumes da Antiga Maçonaria,
bem como utilizar a prática e a difusão de uma ciência especulativa fundada sobre
símbolos da arte operativa.
No Brasil existem inúmeras obediências maçônicas regulares, estando
distribuídas em três grupos, que tem sua convivência de forma harmoniosa, quais
sejam: o grupo das Grandes Lojas Brasileiras, do qual nossa Grande Loja faz parte,
formado de potências independentes, coordenadas através de um órgão denominado
C∴M∴S∴B∴ – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil; um segundo grupo
formado por Grandes Orientes Estaduais, também independentes, coordenados pela
CO∴MA∴B∴ – Confederação da Maçonaria do Brasil; e um terceiro formado pelo
Grande Oriente do Brasil – G∴O∴B∴, que possui em cada estado do país, um Grande
Oriente seccional.
No Rio Grande do Sul temos três Obediências Maçônicas, que, informalmente,
formam a denominada Maçonaria Unida do Rio Grande do Sul: Grande Loja Maçônica
do Estado do Rio Grande do Sul, o Grande Oriente do Rio Grande do Sul e o Grande
Oriente do Brasil/RS (ex-Grande Oriente Sul Riograndense).

Lojas Maçônicas.
Loja Maçônica é uma reunião de Maçons para uma atividade específica. É a
designação da própria Corporação Maçônica. Costuma o termo também ser aplicado
como o local onde os maçons se reúnem, o que, todavia, é inadequado, eis que o local
específico para reuniões ritualístico litúrgicas se denomina Templo. As Lojas
Maçônicas, quando agregadas, dão origem à Obediência Maçônica, sendo formadas
pelos maçons de seus respectivos quadros, com um número mínimo de sete mestres,
com o objetivo de realização de reuniões litúrgico ritualísticas e aplicação dos demais

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objetivos e princípios de nossa Sublime Instituição.
A Loja sempre terá uma denominação, porém não poderá adotar nome de
pessoa viva. Convém que o nome adotado seja pertinente ao simbolismo maçônico ou,
então, que se revista como homenagem de expressão cívico, militar ou maçônica. A
Loja será devida e plenamente regularizada depois de ritualisticamente instalada, com
autorização preliminar através de ato legal do Grão-Mestre, e posteriormente, de forma
plena, por Carta Constitutiva emitida pela Grande Loja.
A Loja Maçônica possui independência e autonomia administrativa, devendo à
Obediência tão somente obediência maçônica. Poderá, se for o caso e por decisão de
sua assembleia, desligar-se da Obediência, perdendo, no entanto, sua Regularidade
Maçônica a menos que se filie a outra Obediência Regular.

Cargos em Loja.
Nos Ritos maçônicos praticados no âmbito de nossa Grande Loja, via de regra,
a administração de uma Loja é constituída dos seguintes cargos:Venerável, 1°
Vigilante, 2° Vigilante, Secretário, Tesoureiro e Orador (R∴E∴A∴A∴) ou Capelão (Rito
de York).
Os demais cargos, de cunho ritualístico, são específicos de cada rito, sendo
conveniente observar que no Rito Schröder o cargo de Orador será exercido por um
Mestre Maçom nomeado por decisão, na respectiva Sessão, pelo Venerável. Alguns
cargos são eletivos e outros de nomeada do Venerável Mestre. Além dos cargos
específicos individuais, há também dentro do contexto de uma Loja inúmeros órgãos
coletivos na forma de Comissões, Conselhos e Departamentos.
As atribuições e competências dos cargos se encontram na Coletânea
Maçônica editada pela Grande Loja, bem como nos respectivos rituais.

Estrutura Administrativa e Hierarquia Maçônica.


Como já visto, temos à frente de uma estrutura maçônica uma Obediência
Maçônica, formada por células denominadas de Loja, mantendo cada uma delas uma
estrutura administrativa e guardando uma necessária hierarquia em sua governança.
Em regra uma Obediência Maçônica apresenta três poderes distintos, à semelhança de
uma democracia, ou seja, um Poder Executivo, um Legislativo e um Judiciário. Da
mesma sorte, também as Lojas se apresentam nessa formatação, cada um com suas
funções específicas.
O Órgão Executivo da Obediência é presidido por Irmão, na qualidade de

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Mestre Instalado, devidamente eleito pelo povo maçônico, que leva a titulação de Grão-
Mestre, o qual é devidamente auxiliado pelos demais membros da denominada
Administração Titular, Administração Auxiliar e demais Órgãos, Comissões e
Departamentos de formação coletiva. Fazem parte da Administração Titular, além do
Grão-Mestre, o Grão-Mestre Adjunto, o 1° Grande Vigilante, o 2° Grande Vigilante, o
Grande Secretário, o Grande Tesoureiro, o Grande Orador e o Grande Secretário das
Relações Exteriores.
O Órgão Legislativo da Obediência, no caso da Grande Loja, é constituído pela
Assembleia Geral composta pelos Veneráveis e Vigilantes das Lojas Simbólicas
jurisdicionadas. Já o Órgão Judiciário, cuja organização se dá em duas instâncias, é
exercido em primeira nas Lojas, através dos respectivos Conselhos de Mestres e de
Mestres Instalados, conforme a situação diga respeito a Aprendizes, Companheiros e
Mestres, ou, então, de ex-Veneráveis Mestres. No âmbito da Grande Loja, o Grão-
Mestre e os membros “ad vitam” serão julgados pelo Grande Conselho de
Assessoramento. Em segunda instância, a Assembleia Geral é o órgão competente a
proceder ao julgamento, seja pela sua totalidade, seja por representação de Órgão
especial. A função de Ministério Público fica sob atribuição, em regra, nas Lojas pelo
Guarda da Lei e na Grande Loja pelo Grande Orador.
Nas Lojas a função executiva é exercida pela administração/diretoria, presidida
pelo Venerável Mestre, dentro de limites e normas plenamente estabelecidas pelo seu
Estatuto Social e demais normas maçônicas.

Ritos e Rituais Maçônicos.


Rito pode ser definido como o conjunto de cerimônias e regras de uma religião,
ou cerimonial próprio de qualquer culto. Em Maçonaria entende-se como o conjunto de
regras segundo as quais se praticam as cerimônias e se comunicam os graus, sinais,
toques e palavras, bem como todas as demais instruções sigilosas daí decorrentes. De
igual forma, considera-se Rito o conjunto de cerimônias e instruções de cada sistema,
ou, melhor ainda, o próprio Sistema. Existem, ou já existiram, inúmeros ritos
maçônicos, porém, no Brasil são eles em número bem limitado. No âmbito das
Grandes Lojas, praticamente são praticados somente três ritos: o Rito Escocês Antigo
e Aceito, o Rito Schröder e o Rito York. A exceção ficaria com a Grande Loja de São
Paulo que possui Loja que trabalha no Rito designado de São João da Hungria. Deve
ser observado que nos Grandes Orientes Independentes e no Grande Oriente do
Brasil, além dos três ritos inicialmente apontados, também são praticados os ritos

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Adonhiramita, o Brasileiro e o Moderno ou Francês. No Grande Oriente do Rio
Grande do Sul pratica-se também o rito denominado de MALA – Maçons Antigos
Livres e Aceitos.
Ritual, por definição, é o que é pertencente ou relativo aos ritos, cerimonial. Em
Maçonaria, é o livro que contém a ordem, fórmula e demais introduções para a prática
regular dos trabalhos e cerimônias em geral. Assim temos rituais para cerimoniais
específicos, como iniciação, elevação e exaltação, bem assim pertinentemente aos
cerimoniais de cada Rito.

Constituição e Regulamento Geral da Grande Loja.


A Constituição é a lei maior de uma Obediência Maçônica, sendo para os
efeitos da lei civil, o Estatuto Social da Associação. Está estruturada em capítulos e
seções, de forma a dar um ordenamento racional a seu conteúdo, tornando simplificado
o modo de seu exame e entendimento. Inicia, conforme exigência da lei civil, dizendo
de sua denominação, fins, sede e duração, ou seja, Grande Loja Maçônica do Estado
do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre, possuindo caráter filantrópico e sem
fins lucrativos, com duração por tempo indeterminado. Trata na sequência da sua
Disposição Organizacional, expondo que é alicerçada nos órgãos Executivo, Legislativo
e Judiciário, e que são seus membros as Lojas Simbólicas jurisdicionadas. Com
referência ao Órgão Executivo, trata de variados temas, tais como, Grão Mestrado,
Eleição, Posse, Substituição, Prerrogativas e Competência do Grão-Mestre. A seguir,
ainda dentro do Executivo, refere-se à Administração da Grande Loja. Em continuidade,
trata do Órgão Legislativo referindo-se às Assembleias Gerais, Ordinárias e
Extraordinárias, com seu Quorum e Decisões, para finalizar neste tópico com o Órgão
Judiciário, tratando das instâncias e do Ministério Público Maçônico. Ainda dentro de
sua estrutura, refere sobre Lojas, Triângulos e Maçons, expondo sobre as Lojas
Maçônicas, conceituação e organização, seus deveres e direitos, bem assim sobre os
Triângulos. Finaliza este item com apreciação sobre Maçons, com sua forma de
aceitação, seus deveres e seus direitos, assim como a perda destes últimos. Dá
sequência falando dos Conselhos e Grandes Conselhos, isto é, aqueles pertinentes às
Lojas e à Grande Loja. Ainda refere-se à Concessão de Títulos, Condecorações e
Honrarias, do Patrimônio e das Finanças, do Regulamento Geral a ser instituído, e, por
final nas Disposições Gerais e nas Transitórias. Os detalhamentos serão observados
através da leitura e interpretação do contido no texto expresso na Constituição da
Grande Loja.
O artigo 97 da Constituição da Grande Loja prevê que o Regulamento Geral
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explicitará as disposições contidas na referida Constituição, disciplinado aspectos
administrativos da Grande Loja, “ad referendum” da Assembleia Geral. O regulamento
geral, à semelhança da Constituição, também apresenta um ordenamento sistêmico,
permissivo e facilitador de sua aplicabilidade no âmbito da jurisdição.
Trata inicialmente dos Órgãos da Grande Loja, especificando os cargos
componentes da Administração Titular e da Auxiliar, bem assim das Grandes
Comissões, Departamentos e Assessorias, explicitando as atribuições da
Administração Titular. Em sequência trata das atribuições complementares do Grão-
Mestre e dos demais membros da administração, inclusive dos órgãos coletivos.
Fornece em detalhamento a funcionalidade do órgão Legislativo, através das
Assembleias Gerais e do Órgão Judiciário através de regulamentação em Regimento
Especial. Detalha o tema pertinente à eleição e posse do Grão-Mestre e seu Adjunto,
falando a seguir da política externa da Grande Loja, em especial das formalidades no
que tange aos Tratados Internacionais e Grandes Representantes. Em continuidade diz
da participação da Grande Loja na C∴M∴S∴B∴ – Confederação da Maçonaria
Simbólica do Brasil e da C∴M∴I∴ – Confederação Maçônica Interamericana, bem
como da constituição e administração do patrimônio e das finanças da Grande Loja, e
dos seus bens litúrgicos. Na sequência, trata do tema Luto na Jurisdição, dos feriados
maçônicos, do tratamento hierárquico e dos símbolos maçônicos da Grande Loja. Em
título especial, trata das Lojas, com normas de aspectos gerais, de sua composição e
administração, competência de seus membros ocupantes de cargos e funções, quer
individuais ou coletivas. Refere-se, ainda, às reuniões maçônicas, sejam ritualísticas,
sejam a descoberto, aos Irmãos visitantes, e ao processo eleitoral nas Lojas. Refere-se
também à suspensão dos trabalhos, aos símbolos das Lojas e à constituição e
destinação de seu patrimônio, bem como as Lojas de Estudos e Pesquisas, de
Instrução e Restauração e aos Triângulos.
Trata, na sequência dos Maçons, sua classificação, das condições para sua
Iniciação, Regularização, Filiação, Reintegração, Passagem de Grau, Elevação
/Passagem e Exaltação/Elevação. Refere, ainda, a Instalação do Venerável eleito, das
Distinções e dos Direitos e Prerrogativas do Maçom: Direitos, transferência, dupla
filiação, demissão voluntária, licenças, e dos Deveres e Proibições. Por final, trata da
Concessão de Títulos, Condecorações e Honrarias, dos Lowtons e das disposições
finais pertinentes.
Como já referido anteriormente, a especificação dos detalhes constam do texto
constante do Regulamento, cujo conhecimento deverá ser feito através de uma leitura

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atenta e perspicaz.

Direitos e Deveres.
A rigor, os direitos e deveres tanto das Lojas como do Maçom estão
especificados em normas e regras estabelecidas na legislação maçônica. Todavia, é de
bom alvitre lembrar que as normas consuetudinárias, não escritas, e principalmente em
se tratando de Maçonaria dos Usos e Costumes, também poderão ser fonte geradora
de direitos e obrigações. De igual sorte, nunca esquecer a existência do regramento
jurídico civil pátrio, que também estabelece regras também geradoras de direitos e
obrigações.
Os direitos e deveres maçônicos das Lojas estão previstos nos artigos 62 e 63
da Constituição da Grande Loja e os dos Maçons, além de constarem dos artigos 73 e
74 da referida Constituição, encontram-se também previstos nos artigos 199 e 210 do
Regulamento Geral. Além disso, deve ser dada especial atenção a deveres que,
descumpridos, poderão ensejar enquadramento no Regramento Penal e Processual
Maçônico, instituído pelo Decreto N° 133 – 2003/2006, de 13/5/2005, onde constam
detalhadamente nos artigos 7°, 8° e 10, que tratam das Infrações e Faltas maçônicas.

Regularidade Maçônica
O tema Regularidade Maçônica pode ser abrangido por três tópicos distintos:
Regularidade do Maçom, regularidade da Loja e regularidade da Obediência.
É considerado regular o Maçom que foi iniciado e admitido em Loja Maçônica
regular jurisdicionada a uma Obediência regular e que continue com a prerrogativa de
todos seus direitos maçônicos. Torna-se irregular o Maçom que integre o quadro de
obreiros de Loja irregular; o que estiver com os direitos maçônicos suspensos e o que
for excluído da Maçonaria. Ainda, poderá ser decretada a irregularidade do Maçom que
deixar de cumprir suas obrigações pecuniárias por mais de três meses, que faltar aos
trabalhos de sua Loja por mais de três meses e o que tiver frequência inferior a 25%
nos últimos 12 meses aos trabalhos de sua Loja.
Uma Loja é considerada regular se fundada por no mínimo sete Mestres
Maçons pertencentes a Lojas igualmente regulares. A regularidade da Loja é atestada
pela Obediência regular através, inicialmente, de ato legal específico, e,
posteriormente, pela Carta Constitutiva. Já uma Obediência Maçônica é considerada
regular se fundada pela união de no mínimo três Lojas regulares e tendo recebido na
sua constituição a regularidade por parte de outra Obediência regular. Via de regra, a
regularidade implica também no seu reconhecimento por parte de outras obediências
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consideradas regulares.

Liturgia e Ritualística.
O termo Ritualística possui atualmente, pelo menos no âmbito maçônico, duas
formulações: a primeira na forma feminina do adjetivo ritualístico, que é empregado
qualificando o que é referente ou próprio do Ritual; a segunda na forma ou categoria de
substantivo feminino, com a acepção de ser o conjunto de regras que devem ser
observadas em rituais, bem como ser a arte de elaborar ou praticar rituais, sendo que
nesta última pode-se dizer que tal configuração se deve à forte influência maçônica,
constituindo-se um neologismo.
Como bem se vê, por momentos se confundem as conceituações e
significados, levando a que não haja, a rigor, um regramento específico, uma definição
absoluta.
Constata-se, outrossim, que, na atualidade, no campo maçônico, o uso tem
levado a que se utilize, em suma, as seguintes conceituações:
Rito – é o sistema doutrinário em que se organiza a Maçonaria, ou ainda, a
forma de se realizarem as cerimônias.
Ritual – é o livro onde se descrevem os rituais, estes no sentido de cerimonial,
ou ainda, a própria ordem e o modo de se realizarem as cerimônias.
Ritualística – é a arte de elaborar ou praticar rituais, ou o conjunto de regras a
ser realizado nas cerimônias. Aplica-se mais no sentido de ser a prática dos Ritos.
De se observar que a Ritualística, no que concerne à forma, determina o modo
e a ordem sequencial com que cada parte da sessão deve ser realizada; já no que
pertine à matéria ou ao conteúdo, ela tem por alvo pontos mais significativos, como, por
exemplo, a espiritualidade da Loja, bem como emprestar dinâmica a um símbolo ou a
uma alegoria.
Entremeando-se a Rito, Ritual e Ritualística, encontramos, ligada
principalmente a esta última, a expressão Liturgia.
O vocábulo Liturgia se origina do grego Leitorgia, cuja composição vem de
Leos, que significa povo, agregado de Ergon, igual a trabalho, sendo, pois, equivalente
a Serviço Público. A rigor, o termo seria mais aplicável a religiões, significando formas
ou rituais prescritos para o culto religioso, para celebrar os ofícios divinos, bem como o
estudo dos ritos sagrados. Todavia, levando-se em conta a etimologia da palavra,
Serviços Públicos, pode-se dizer que qualquer sociedade ou entidade que realize um
cerimonial, seja ele público ou reservado a seus membros, em existindo um

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ordenamento e uma determinada forma de desenvolvimento da cerimônia, estará sem
dúvidas exercendo uma função litúrgica.
É o que acontece na Maçonaria, motivando, pois, a aplicação da Liturgia para
designar o procedimento durante o desenvolvimento ritualístico de uma Sessão, sendo,
pois, as formas, os meios, os atos, as posições e os objetivos usados dentro do Ritual.
Seria, em síntese, o ordenamento das cerimônias.
Poder-se-ia dizer que a Liturgia, embora, como visto, possa se apresentar
como sinonímia de Ritualística, em realidade seria bem mais abrangente, pois que
compreenderia a Ritualística agregada do aspecto esotérico a ela aplicado.
Exemplifica-se, maçonicamente, com as cerimônias de Abertura e de
Encerramento dos Trabalhos das Sessões, em que sua dinâmica com os diálogos
esteriotipados, a transmissão da Palavra Sagrada e a própria Abertura e Fechamento
do Livro da Lei nos ritos que assim admitem, possuem mais que uma forma ritualística,
pois adquirem um conteúdo esotérico ou misterioso, formando-se, pois, atos litúrgicos.
Pode-se, portanto, afirmar que em Maçonaria os termos Ritualística e Liturgia,
em seu conjunto, englobam todo o desenvolvimento cerimonial maçônico.

Símbolos e Alegorias.
Como já visto uma das definições para a Maçonaria é a de que “é um sistema
de Moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos.
Alegoria é uma representação mais complexa das idéias e concepções
abstratas; é a exposição de um pensamento sob forma figurada, é a ficção
representativa de uma coisa para dar idéia de outra, é a sequência de metáforas que
representam uma coisa nas palavras e outra no sentido. É, por assim dizer, falar de
outra maneira.
As Alegorias podem ser apresentadas sob dois tipos: Apólogos e Parábolas.
Apólogos são alegorias morais, em que figuram, falando, animais ou seres
inanimados. São exemplos as fábulas e lendas.
As Parábolas são narrações alegóricas nas quais o conjunto de elementos
evoca outra realidade de ordem superior, são histórias simbólicas que contém uma
verdade importante ou um preceito moral, se aplicando, em regra, à doutrina religiosa.
Temos como exemplo maior os textos bíblicos.
Já o Símbolo é aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou
substitui outra coisa; figura representativa de um objeto; aquilo que evoca, representa
ou substitui algo abstrato ou ausente; um sinal de reconhecimento; figura ou imagem

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que designa coisa puramente moral; sinal convencional, de reconhecimento. O
emblema, por exemplo, é uma figuração simbólica, com alguns desenhos e cores
representativas, via de regra acompanhada de dísticos ou palavras sentenciosas.

Termos maçônicos.
Poder-se-á afirmar que nos dias atuais já há uma forma própria de se
expressar num linguajar específico somente entendido pelos maçons, quer seja por
escrito, quer verbal, denominado pelos autores maçônicos como MAÇONÊS,
formando, por assim dizer, um método próprio, à semelhança da forma de
manifestação de outras vertentes, como, por exemplo, o direito e a economia.
Dessa forma, palavras existem que somente no “Mundo Maçônico” terão elas a
sua exata compreensão, e isto dentro do contexto que diz respeito especificamente à
nossa Ordem.
Verbalmente, existem determinadas “palavras chaves” que podem implicar,
além dos métodos regulares de reconhecimento, a que se presuma que o interlocutor
possa vir a ser maçom. Obviamente, somente essas palavras não são suficientes a que
se reconheça de pronto outra pessoa – homem – como Irmão, e sabemos muito bem
disso.
De outro lado, na grafia de palavras, no decorrer da vivência maçônica, dentro
da forma especial de expressão maçônica, ou como já salientado, do maçonês, existe
uma regra específica para ser utilizada na abreviatura de palavras maçônicas.
Essa regra se concretiza em que a abreviatura das palavras maçônicas deva
ser feita de forma apocopada, tendo como objetivo precípuo evitar que nossos rituais e
outros impressos maçônicos possam ser compreendidos com facilidade pelos
profanos.
E compreendido na regra apocopada há, embora a existência de exceções,
duas normas essenciais para a formação da abreviatura maçônica, quais sejam: As
palavras devem sempre ser cortadas entre uma consoante e uma vogal. Ex.:
Companheiro. O plural das palavras a serem abreviadas deve ser feito pela repetição
da letra inicial. Ex.: M∴ de CCer∴ (Mestre de Cerimônias).
As palavras, em regra, são complementadas com “três pontos” em forma de
delta, apostos após a palavra, que significam tão somente que houve uma abreviatura
de palavra maçônica. Lembremos, outrossim, que esta abreviatura com “três pontos” é
para nós, no Brasil, uma “herança” da maçonaria francesa, posto que, na maçonaria
britânica, o uso é de somente um ponto.

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Existem, como já anteriormente referido, exceções, isto é, palavras que, ao
serem consagradas pelo uso, deixaram de atender as normas aplicáveis para a
abreviação. Exemplificamos: G∴A∴D∴U∴, (Grande Arquiteto do Universo), Ir∴
(Irmão), M∴I∴ (Mestre Instalado), P∴M∴ (Past Máster), E∴V∴ (Era Vulgar), P∴S∴
(Palavra Sagrada), P∴P∴ (Palavra de Passe).
De sorte que, conhecendo o regramento acima exposto e exercitando a leitura,
principalmente dos rituais e instruções maçônicas, com certeza, os Irmãos
desenvolverão o seu conhecimento quanto ao maçons e respectivos termos
abreviados, podendo fazer a escrita da forma adequada e a leitura e interpretação
corretamente.

Sinais, Toques e Palavras.


Os segredos principais de cada grau – sinais, toques e palavras - são
comunicados por ocasião da Iniciação, e permitem aos maçons o reconhecimento entre
si. Fundamentalmente há dois tipos de sinais em cada grau, quais sejam, o Sinal de
Ordem e o Sinal de Saudação, sendo ambos, em regra, feitos quando o Maçom está
em pé e parado. Existem também para o 3° Grau outros sinais complementares.
Existem, ainda, diversos outros tipos de sinais com significações menos importantes e
que fazem parte do dia a dia da ritualística maçônica. O Toque, como já dito, é um sinal
de reconhecimento maçônico, feito, ao se tocarem as mãos, num cumprimento. Já
quanto às palavras existem dois tipos, quais sejam: a Palavra Sagrada e a Palavra de
Passe. No grau de Aprendiz há somente a Palavra Sagrada.
A Palavra Sagrada existe em todos os graus e pode ser pedida no processo de
reconhecimento. Alguns Ritos fazem, durante os trabalhos, a transmissão da Palavra
Sagrada, em forma ritualística especial, como penhor de legitimidade e de perfeição. A
Palavra de Passe é a senha de reconhecimento usada entre os Maçons durante os
trabalhos ritualísticos em Loja, utilizada pelo Cobridor (R∴E∴A∴A∴) e Guarda
Externo (RitoYork) para verificar a qualidade maçônica dos que se apresentam para os
trabalhos.
A par desses dois tipos de palavras, existe ainda a Palavra Semestral que é
uma palavra transmitida de seis em seis meses às Lojas Jurisdicionadas, para que
funcione como prova de regularidade maçônica, posto que é de se supor que quem
não conhece a Palavra do semestre em curso está em atraso em sua Loja, portanto
irregular. A Palavra Semestral é remetida, em forma cifrada, pelo Grão-Mestre

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diretamente aos Veneráveis Mestres das Lojas da Jurisdição, que farão sua
transmissão através da Cadeia de União.

O Livro da Lei.
O Livro da Lei nos Rituais Maçônicos de cunho teístas é o Livro das Sagradas
Escrituras, simbolizando o Livro da Lei Moral, onde representa o caminho da retidão a
ser seguido pelos Maçons. Considerando as diversas crenças religiosas encontradas
entre os Maçons, o Livro da Lei tanto pode ser a Bíblia, com a inclusão do Novo
Testamento, como a Tora Hebraica (Antigo Testamento), o Corão dos Muçulmanos, os
Vedas e tantos outros pertinentes a outros povos. Quando da Iniciação os Neófitos
devem proferir seu juramento ou compromisso sobre o Livro de sua crença ou religião,
porém deverá estar sobre o Altar dos Juramentos também e sempre o Livro da Lei
referente ao Rito praticado na Loja. Em alguns Ritos, quando do cerimonial de abertura
dos trabalhos, não é feita a abertura do Livro da Lei. Nos praticados em nossa Grande
Loja, o Escocês Antigo e Aceito faz a abertura e leitura de versículos (Salmos), o York
faz a abertura, mas não faz a leitura de versículos, e o Schröder mantém o Livro
fechado sobre o Altar do Venerável Mestre. Em regra, quando da leitura, o Oficiante
deve tomar o Livro da Lei com ambas as mãos, abrindo-o no texto apropriado, e
proceder sua leitura, para após recolocá-lo no Altar dos Juramentos, sobrepondo o
Esquadro e o Compasso na posição do Grau.

Graus da Maçonaria Simbólica


Como já visto que há várias conceituações para a Maçonaria, entre elas a de
que se trata de “um sistema de Moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”,
visando o aperfeiçoamento do ser humano. As instruções necessárias para esse
aperfeiçoamento não são proferidas de forma imediata, precisando se realizar numa
escala progressiva ascendente, semelhante à caminhada da natureza, à caminhada da
vida. Eis porque os ensinos e as práticas maçônicas são, dentro da escala, distribuídas
em graus. Em razão disso, existem os denominados Graus Simbólicos que são
reconhecidos e praticados em todos os ritos conhecidos e considerados regulares.
Alguns ritos possuem graus além dos Simbólicos, que são denominados de
”filosóficos”.
Podemos conceituar os Graus Simbólicos como a série ascendente de
iniciações simbólicas que define o estudo, a assimilação e a realização da filosofia, dos
princípios, da escola moral e espiritual, da prática maçônica, enfim, de toda a doutrina

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maçônica, a fim de atingir os objetivos de nossa Sublime Instituição.
A Maçonaria Simbólica, pois, abrange os graus de Aprendiz, de Companheiro e
de Mestre, chamados de Primeiro, Segundo e Terceiro grau, respectivamente. A rigor,
podemos afirmar que, no Primeiro Grau – Aprendiz, o objetivo primeiro é o
desenvolvimento de qualidades morais, sendo que, simbolicamente, está aprendendo a
arte de construir; no Segundo – Companheiro, soma-se a aquisição de conhecimentos,
e no Terceiro – Mestre, acrescenta-se a autorrealização de virtudes espirituais.
A abrangência dos três graus citados está devidamente previsto, no âmbito de
nossa Grande Loja, no artigo 3°, letra “c”, de sua Constituição (Estatuto), quando
afirma que, dentre os valores e princípios indispensáveis à meta de aperfeiçoamento
do homem, se encontra “a divisão da Maçonaria em três Graus: Aprendiz,
Companheiro e Mestre.” Outro não é, e nem poderia deixar de ser, senão o
acolhimento do que prevê o 2° Landmark, classificação de Mackey, reconhecido pela
Grande Loja, que dispõe “a divisão da Maçonaria Simbólica em três graus... Aprendiz,
Companheiro e Mestre”.

O Templo Maçônico.
O Templo Maçônico é o local devidamente apropriado para que uma Loja
Maçônica, regularmente constituída, proceda à realização de suas sessões ritualísticas,
posto que a mesma possa reunir-se em outros locais para sessões administrativas ou a
descoberto. O Templo deverá ser previamente sagrado, ou consagrado, segundo Ritual
especial, pelo Sereníssimo Grão-Mestre ou seu Adjunto.
A palavra Templo é de origem latina – templum – nome que os romanos,
inicialmente, davam à parte do horizonte delimitada pelo báculo (cajado, bastão), que
os áugures (adivinhos, profetas) escolhiam para contemplar o céu e tirar presságios
dos sinais observados, fazer suas adivinhações. Esse nome foi, posteriormente,
aplicado a pequenas capelas construídas sobre os lugares elevados onde os adivinhos
ficavam fazendo suas contemplações. Por final, foi o termo aplicado a todos os
edifícios religiosos, definido, pois, um recinto sagrado.
O primeiro templo maçônico foi o da Grande Loja de Londres, inaugurado em
1776. Até aí as Lojas se reuniam em tabernas, ou em adros de Igrejas, sendo que, nas
reuniões, os Símbolos Maçônicos eram traçados no chão e, após a Sessão, eram
apagados. Como é sabido que a Maçonaria dita Operativa estava diretamente ligada à
Igreja Católica, entende-se que, em razão disso, o primeiro Templo Maçônico tenha tido
como modelo o Templo de uma Igreja e, também, o Parlamento Britânico. A decoração
do Templo Maçônico varia muito de Rito para Rito, devendo ser seguido o que
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determinam os seus respectivos Rituais. Na verdade, quando é afirmado que o Templo
Maçônico se inspirou no Templo de Salomão, deve ser dito que o Templo da Igreja
Católica é que buscou caracteres no mesmo. É bom que se diga que existem vários
pontos em comum, porém também inúmeros pontos divergentes, como por exemplo, a
“Porta de Entrada” que no Templo Maçônico fica no Ocidente e no Templo de Salomão
se localizava no Oriente. Ainda, no Templo Maçônico temos vários pontos que na
realidade se originaram em outras civilizações, entre outros, as Colunas de Ordem
Dórica, Jônica e Coríntia, de origem grega, o Pavimento Mosaico, de origem
sumeriana, as Colunas Zodiacais, nos ritos que as admitem, da astrologia, e a
disposição das colunas do Norte e do Sul no Ocidente, uma em frente à outra, do
Parlamento Britânico. As Colunas Vestibulares, J∴ e B∴, por exemplo, embora
originárias do Templo de Salomão, são de origem egípcia, devendo ser sempre da cor
de bronze. Sendo o Templo a representação da terra, as colunas marcam a passagem
dos trópicos de Câncer (norte) e de Capricórnio (sul) sendo que o Equador é
representado pela linha que passa exatamente no centro do Templo, no espaço entre
as Colunas, iniciando na porta e estendendo-se até o Delta, figura central do Retábulo
(painel na parede oriental, atrás do Trono, que apresenta no Centro o Delta, à direita o
Sol (Orador) e à esquerda a Lua (Secretário).
O teto dos Templos tem decoração estelar (R∴E∴A∴A∴), com a presença do
Sol no Oriente, da Lua no Ocidente e estrelas ordenadamente distribuídas, ao passo
que os ritos Schröder e York não a apresentam, podendo ter o teto pintado de azul.
Os demais dados pertinentes ao Templo Maçônico, como dimensão, símbolos,
orientação, decoração, serão explicitados nas devidas instruções regulamentares.

Sessões Maçônicas.
Designa-se como Sessão Maçônica a realização de reuniões maçônicas, as
quais, segundo seus objetivos e circunstâncias, podem ser classificadas em diversos
tipos. Inicialmente, conforme o local a ser realizadas, costumam ser classificadas em
Sessões Ritualísticas e Sessões a Descoberto ou a Campo. Sessões Ritualísticas
são aquelas que se processam no Templo Maçônico e que cumprem determinado
procedimento litúrgico ritualístico. Em regra são realizadas semanalmente e sempre
com a presença de sete Mestres Maçons. Já as Sessões a Descoberto são aquelas
realizadas em outro local que não o Templo, porém em ambiente privativo, com objetivo
mais de cunho administrativo e cumprindo também determinado procedimento
ritualístico.

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As Sessões Ritualísticas podem ser classificadas em Econômicas, Magnas e
Especiais.
Sessão Econômica é aquela em que são tratados assuntos administrativos e
referentes à economia interna da Loja, além daqueles de interesse da Maçonaria em
geral. Dessa forma são tratados nestas sessões assuntos como instruções,
apresentação de trabalhos, eleições e outros de interesse geral da Ordem.
Obviamente, os assuntos e instruções pertinentes a cada grau serão tratados em
sessões deste. Ressalte-se que eleições e finanças da Loja sempre são tratadas em
Sessão de Mestre Maçom.
Sessão Magna é aquela que pode, conforme o caso, ser aberta ou não ao
público, sendo que nas exclusivamente maçônicas não são tratados assuntos relativos
à administração e à economia interna da Loja. São Sessões Magnas exclusivamente
maçônicas as de Iniciação, Elevação, Promoção ou Passagem de Grau de
Companheiro, Exaltação ou Elevação para o Grau de Mestre, Filiação e Regularização,
Banquete Ritualístico ou Loja de Mesa, Instalação e Posse de Venerável, Sagração de
Templo, Lançamento de Pedra Angular, Instalação de Loja e Posse de Venerável
Mestre e Instalação de Grão-Mestre. Já as Sessões Magnas Brancas são abertas ao
público, obedecendo em regra a uma ritualística adequada, onde são abolidos os
sinais. Consideram-se Sessões Magnas Brancas as Festivas, as Cívicas e as de
Palestras e Conferências, quando não for sobre assunto vedado a profanos.
Sessão Especial é a que por seus procedimentos recebe denominação
própria, possuindo ritualística específica, e que, conforme a situação, pode receber
profanos durantes seus trabalhos. São Sessões Especiais em que podem ser
recebidos profanos as de Pompa Fúnebre, Despedida Maçônica, Adoção de Lowtons e
Confirmação de Casamento. De outra banda, as de Sagração de Garante de Amizade,
Sagração de Grande Representante, de Conselho de Família, de Conselho de Mestres
Maçons, Conselho de Mestres Instalados são sessões especiais exclusivamente
maçônicas.
Ainda se pode classificar as Sessões Maçônicas como ordinárias e
extraordinárias. São ordinárias aquelas devidamente previstas na legislação maçônica
e que tanto podem ser, conforme o caso, econômicas ou magnas, em regra
acontecendo semanalmente. Também são ordinárias aquelas que, além de previstas
na legislação maçônica, também o são na legislação civil, como as assembléias
gerais ordinárias de encerramento de exercício, que em regra se realizam em sessão
econômica. De igual sorte as Extraordinárias atendem disposições legais e
estatutárias, tanto maçônicas como civis, atinentes à sua convocação.
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Entrada em Templo.
A entrada, quando do início dos trabalhos em Loja, se faz em conformidade
com as prescrições de cada Rito.
No que se refere à entrada do Grão-Mestre, esta dar-se-á segundo Cerimonial
específico.
Cabe especial observação para o fato de não existir qualquer oração, preleção
ou outro tipo de manifestação antes do início dos trabalhos, devendo no Átrio ser
observado silêncio.
Observe-se ainda que, após a abertura dos trabalhos em Templo, a entrada é
feita sempre de forma ritualística. Quando da chegada, o Ir retardatário, deverá
sempre dar somente três batidas à porta, seguindo, após, os procedimentos
pertinentes a cada Rito.

Ordem dos Trabalhos.


Via de regra, os trabalhos a ser realizados em uma Sessão Maçônica
Ritualística, após a gravação do Ne-Varietur na tábua da Loja e a respectiva
paramentação, o que serão feitas na Sala dos Passos Perdidos, observarão a ordem
a seguir, adequando-se aos procedimentos pertinentes a cada Rito.
1. Abertura ritualística;
2. Decifração (leitura) do balaústre (ata) anterior, seguida de observações e
aprovação;
3. Decifração do expediente, ao qual o Venerável dará destino conveniente,
sem qualquer discussão.
4. Saco de Propostas e Informações (R∴ E∴ A∴ A∴);
5. Ordem do Dia (Pareceres, petições, assuntos pendentes de discussão e
aprovação, apresentação de peças de arquitetura, etc.)
5.1 Escrutínios secretos para a admissão de profanos.
5.2 Entrada de visitantes.
5.3 Iniciações, Filiações e Regularizações.
5.4 Instruções aos Aprendizes.
6. Giro do Tronco de Solidariedade ou Bolsa de Benemerência.
7. Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro da Loja em Particular.
8. Conclusões do Orador (R∴ E∴ A∴ A∴ );
9. Encerramento ritualístico dos trabalhos.
10. Cadeia de União, se for o caso. No Rito Schröder sempre obrigatória.

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11. Juramento de Segredo (R∴E∴A∴A∴).
O procedimento dos trabalhos deverá ser rigorosamente seguido quer no seu
ordenamento, quer nos aspectos litúrgico ritualísticos, obedecendo-se às previsões
constantes dos Rituais e das Normas e Procedimentos de cada Rito, estabelecidos
pela Grande Loja.

Posturas Maçônicas.
A postura que o homem Maçom deve observar em sua vida pode ser estudada
sob vários ângulos. Pode-se observar inicialmente que, antes mesmo de ser admitido
em uma Loja, o profano entre outros requisitos para ser acolhido deve apresentar
reputação e conduta ilibada, não podendo estar respondendo a processo por crime
doloso que atinja a honra ou o direito natural, muito menos ter sido condenado por tais
delitos. Bem, se tal exigência já é feita ao profano, por muito mais razão será ao
Maçom.
Retornando no tempo, ao examinar-se a denominada Constituição de
Anderson, constata-se a existência de um capítulo referente à conduta do Maçom, que,
ajustando-se à atualidade, nos aponta as exigências pautadoras da vida de um
Maçom. Ao se referir à conduta em Loja Organizada, diz que não se deve instituir
comissão particular alguma, nem realizar reuniões, sem ter obtido autorização do
Venerável, muito menos tratar questão inoportuna ou inconveniente, como interromper
a palavra do Venerável, Vigilantes ou de qualquer outro Irmão sem a necessária e
competente autorização. Também não deve ser empregada frase jocosa enquanto a
Loja se ocupe de assuntos sérios e nem ser usada linguagem “desonesta”, isto é, de
baixo calão, chula, eis que o quadro de Irmãos merece o maior respeito.
Mesmo quando a Loja já esteja fechada, porém reunidos ainda os Irmãos,
estes podem dedicar-se a prazeres inocentes e fazer recreação, todavia devem
procurar evitar os excessos de todo gênero, em especial os na mesa. Para isso, deve
ser bem observado e haver todo o cuidado na absorção de bebidas alcoólicas. Devem,
também, abster-se de dizer ou fazer alguma coisa que possa ferir ou romper a boa
harmonia que deve reinar sempre entre todos, evitando-se, pois, discussões sobre
política e religião, ou mesmo, qualquer outro (futebol, por exemplo) que possa por
vezes levar à discórdia entre os Irmãos.
Estabelece ainda regras de conduta para quando os Irmãos se encontrem fora
de Loja sem a presença de profanos, estipulando que devem saudar-se
amistosamente, evitando qualquer pretensão de elevar-se sobre os demais, dando a

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cada um a manifestação de respeito. Com respeito a como se deve observar diante de
profanos, diz que o maçom deve ser circunspecto em suas palavras e obras, a fim de
que o profano não possa descobrir o que não seja oportuno, bem como procurar
conduzi-los, de acordo com o rumo da conversação, a que procurem conhecer que a
Maçonaria é extremamente positiva em sua atuação. Igualmente deve o Maçom
conduzir-se como convém a um homem prudente e de boa moral, não se ocupando
dos assuntos da Loja ou da Instituição com sua família e amigos, não perdendo de
vista que o seu próprio mérito e o da Maçonaria estão indelevelmente unidos. Não deve
descuidar dos próprios interesses, nem da família, evitar a embriaguez e os maus
costumes, a fim de que não se sintam elas privadas daquilo a que têm direito de
esperar de um Maçom.
Como bem se disse, as posturas esperadas de um Maçom, ajustadas no
tempo, mesmo com a evolução (ou seria involução?) dos costumes, permanecem
praticamente iguais àquela ocasião em que foi feita a ordenação das regras da
Maçonaria Especulativa.

Religião e Maçonaria.
Convém ser afirmado inicialmente que a Maçonaria, desde sua origem,
proclama a existência de um Princípio Criador ao qual denomina Grande Arquiteto do
Universo, que é Deus. Igualmente, que é a única instituição que reúne sob seu manto
adeptos de todas as religiões, seitas ou cultos que, em comum, glorificam esse Ente
Superior. AO pregar, pois, a crença do Grande Arquiteto no Universo, é ela sim, na
verdadeira acepção da palavra, religiosa.
Todavia, a Maçonaria não é religião e, muito menos, uma seita, sendo que,
embora algumas afirmativas em contrário, não sustenta dogmas. Não tem a pretensão
de, em momento algum, substituir a religião de cada um, seja ela qual for, mantendo-
se, pois, imparcial entre todas as crenças religiosas e apresenta, acima de toda e
qualquer controvérsia, como um dos seus principais fundamentos, a liberdade de
pensamento. Devemos ter sempre em mente que a Liberdade, juntamente com a
Igualdade e a Fraternidade, compõem a trilogia fundamental de nossa Sublime
Instituição. Portanto, afirmemos com toda a convicção, não é a Maçonaria nenhuma
sociedade religiosa direcionada, sectariamente, a propagar determinada fé ou crença,
nem tampouco é uma instituição anti-religiosa ou agnóstica com o propósito de
combater esta ou aquela crença.

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Desta forma, como não poderia deixar de ser, a Maçonaria deixa a cada um
dos seus membros plena liberdade para adotar e seguir a religião de sua preferência,
vedando a que qualquer outro de seus componentes exerça qualquer tipo de crítica ou
censura a tal escolha. Então, como já afirmado, não é, pois, nossa Instituição
adversária de nenhuma religião, mas, antes de tudo, uma agregadora, desejando e
apregoando que cada Irmão possa professar sua crença religiosa, atuando de forma
que seja devidamente respeitada, sem qualquer espécie de contrariedade ou atrito.
Como respeita todas as crenças e opiniões religiosas, em contrapartida, faz
questão de que também respeitem sua existência, sua filosofia, seus princípios, seus
ritos, suas tradições e a todos seus membros, considerando principalmente suas
finalidades, entre as quais se encontra o bem estar da humanidade, com a sua
educação moral e social, e a luta em defesa da verdade.
Por isso, nos trabalhos maçônicos, quer em seus templos, ou em outros locais,
é vedada sempre, além do aspecto de sectarismo político, qualquer discussão
envolvendo o assunto religião em seu enfoque segmentado, pois que, a par de
contrariar o princípio de plena liberdade de pensamento e culto, tal ocorrência levaria
inquestionavelmente a que se processasse a desarmonia em seu seio, o que é
expressamente vedado.
Então, em matéria de religião, o principal dever do Maçom é o da prática da
mais absoluta tolerância em relação às crenças alheias, no elevado intuito de, a
despeito dos seus antagonismos, aproximar todos os homens de boa vontade, sob a
bandeira da Fraternidade, além de, como já afirmado, empregar o princípio
fundamental da Liberdade.
Seguramente pode-se afirmar que no seio da Maçonaria os homens de todas
as religiões podem unir-se, sem qualquer tipo de hostilidade, no verdadeiro
ecumenismo e, numa atmosfera de paz e serenidade, trocar suas idéias em busca do
aperfeiçoamento moral da Humanidade, exercendo, assim, o espírito da trilogia
maçônica: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Observe-se, portanto, que o Maçom deve ser fraterno, fiel e justo entre todos
os homens, professem eles qualquer religião, não interessando sejam eles católicos,
espíritas, islamitas, judeus, protestantes, budistas, evangélicos, ou de qualquer outro
segmento religioso, ou até mesmo ateus, lembrando que os grandes Avatares
pregaram sempre como princípio fundamental à Humanidade, o Amor ao Próximo.

A mulher e a Maçonaria.
Um dos maiores questionamentos no mundo profano com relação à Maçonaria
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talvez seja o de que porque mulheres não são aceitas em seu meio. E, por inúmeras
vezes, ficamos em dúvidas e mesmo sem a resposta adequada. Vejamos, então, o
porquê, suas origens e sua atualidade. Hoje, a mulher vem alcançando lugar de
destaque nas sociedades humanas, ocupando cargos administrativos e eletivos entre
os mais elevados, exercendo funções e profissões que até bem pouco eram
exclusividade dos homens. Todavia, nem sempre foi assim.
Nas sociedades primitivas, sendo mais fraca que seu companheiro, ficou ela
própria quase como se fosse um animal doméstico, encarregada de todas as tarefas,
por mais pesadas que fossem. No andar do tempo, constata-se que entre povos já
mais civilizados havia certa evolução: na Índia, no Egito, na Grécia e na Caldéia já
obtinha a mulher certas prerrogativas, embora em alguns deles, como entre os judeus
a poligamia fosse permitida e ao lado da esposa estava a escrava ou a concubina. Em
Roma a mulher estava sob a completa dependência do marido, sendo praticamente
tratada como uma menor, reinando somente no seu lar.
Já na idade média a condição da mulher, sob a influência do cristianismo,
melhorou, embora considerada como um ser inferior. Hoje suas condições sociais já
atingem, em quase todas as nações, praticamente, a plena igualdade ao homem. E
nesse passo evolutivo é que vem o questionamento sobre a não aceitação da mulher
na Maçonaria.
De Maçonaria Operativa pode ser assim chamada a fase que antecede à data
de fundação da Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717, e que teria seu
início poucos séculos antes, através de associações de operários. A origem mais
verossímil da origem da Maçonaria é a descendência das antigas corporações de
mestres pedreiros construtores de igrejas e catedrais, corporações formadas sob a
influência da Igreja Católica.
Obviamente, dentro da condição da mulher no meio social de então, não era
ela vista como capaz de exercer uma profissão em que se exigia subir em escadas,
andaimes, manejar pesadas marretas na escultura de pedras, ou mesmo carregar
pesos. A profissão de talhador de pedras exigia homens fortes e saudáveis, por ser o
trabalho extremamente cansativo. Até mesmo a quantidade de roupas, num clima
temperado, atrapalharia o exercício da profissão de operário, como pedreiro, etc.
Restou, então, à mulher, considerada ainda sua aparente fragilidade física, sendo
menos musculosa, tão somente cuidar do marido, da prole, da maternidade, ou seja,
servir para os afazeres domésticos. Havia, por vezes, algumas exceções, para a
mulher do mestre, e mesmo para sua filha, não se lhes permitindo, todavia, ter

23
aprendizes.
Pode-se, pois, afirmar então que é nesta fase operária que se criou a tradição
de não se admitir mulher na maçonaria. Note-se que foi neste período que se
sedimentaram os Usos e Costumes, Antigos Deveres, as Tradições e os Landmarks
que serviram de suporte para, em 1723, seis anos após a fundação da Grande Loja de
Londres, a formulação da denominada Constituição de Anderson.
Quando da passagem para a fase da Maçonaria Especulativa, a Constituição
de Anderson deixou expresso em seu artigo III, quando trata dos “Deveres de um
Maçom”, no último parágrafo que “As pessoas admitidas a fazer parte de uma Loja
devem ser homens bons e sinceros, nascidos livres, de idade madura e ponderada,
nem escravos, nem mulheres, nem homens imorais causando escândalo, mas
somente homens de boa reputação.” Há sempre que se vislumbrar o momento histórico
da transformação da Maçonaria Operativa em Especulativa, numa época em que a
mulher nem direitos civis possuía, uma vez que as leis e os costumes as mantinham
em estado de menoridade e de subordinação. Vale lembrar que a mulher teve que
esperar por mais de dois séculos para poder votar em eleições ditas democráticas, o
que demonstra que somente num processo evolutivo recente veio ela a adquirir, e não
de forma universal, a plenitude de seus direitos.
Na Maçonaria dita regular, que possui reconhecimento principalmente por, e
entre si, Grande Loja Unida da Inglaterra, Grandes Lojas Americanas do chamado
Grupo Principal e do Prince Hall, Grande Loja da Escócia, da Irlanda, da França,
Grandes Lojas Brasileiras, Grande Oriente do Brasil, etc. já se sabe que não é admitida
a associação de mulheres. A vedação, cujas origens já verificamos, se fortalece através
de previsões nos Landmarks. Na denominada compilação feita por Mackey, ao qual
praticamente quase todas as Grandes Lojas da América do Sul e Central e parte das
da América do Norte dão atendimento, há previsão, no de n° 18, que “os candidatos à
iniciação devem ser do sexo masculino, isentos de defeitos ou mutilações, livres de
nascimento e maiores de idade. Isto significa que uma mulher, um aleijado ou um
escravo não podem ingressar na fraternidade”. Tal colocação foi reiterada, ainda, no 4°
Ponto dos oito exarados pela Grande Loja Unida da Inglaterra na Declaração de
Princípios de Regularidade, publicados em 4 de setembro de 1929, balizador na
Maçonaria contemporânea, que diz o seguinte: ”Os membros da Grande Loja e das
Lojas individuais devem ser única e exclusivamente homens e nenhuma Grande Loja
poderá manter relação com Lojas Mistas ou organismos que admitem mulheres como
membros”.
Desta forma é que permanece a vedação da admissão de mulheres na
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Maçonaria conhecida como regular.
Todavia, cabe ser ressaltada a existência de Maçonaria, considerada irregular,
constante de Grandes Lojas denominadas MISTAS, isto é, compostas de homens e
mulheres em grau de igualdade. É genericamente denominada de “Direito Humano”,
em francês “ Le Droit Humain”, sendo que a primeira Grande Loja fundada foi a Grande
Loja Simbólica Mista de França “O Direito Humano”, que adotou o Rito Escocês Antigo
e Aceito, e que aconteceu em 4 de abril de 1893. Observamos também a existência de
Lojas compostas estritamente por mulheres, denominadas Loja de Adoção, pois que
são devidamente adotadas por Lojas Masculinas, ficando, de certa forma, sob sua
proteção. Tais Lojas existiram de forma acentuada no século XVIII e XIX na França e
na Itália, tendo também coexistido no Brasil entre 1874 e 1903, em vários estados
brasileiros.
Como visto, a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul, embora
respeitando sobremaneira todo o valor da mulher, segue, em razão dos motivos acima
elencados, principalmente sua regularidade internacional, vedando o ingresso da
mulher nos quadros de suas Lojas Jurisdicionadas.

Os Segredos na Maçonaria.
Pode-se definir Segredo como coisa ou fato oculto, só conhecido por uma ou
poucas pessoas; algo reservado, confidenciado.
É sabido que as antigas instituições religiosas e filosóficas tiveram seus
ensinos divididos em secretos (esotéricos) e públicos (exotéricos), sendo que os
públicos e exotéricos, de caráter geral e ético, eram ministrados à massa popular
geralmente sob a forma de lendas, contos, alegorias e parábolas, enquanto que os
secretos, de caráter individual e místico, eram ministrados de forma reservada a alguns
poucos, já preparados para tanto.
A Maçonaria, instituição educativa, filosófica e filantrópica, embora não sendo
uma instituição mística, se utilizou, para armar a sua doutrina moral e o seu ritualismo,
do misticismo de corporações medievais e das antigas civilizações. Desta forma, sendo
a Maçonaria um sistema de moral velado em alegorias e símbolos, apresenta em seus
cerimoniais uma parte esotérica, com os seus segredos, sendo que estes últimos na
verdade se resumem às palavras (sagradas e de passe), toques e sinais de
reconhecimento. Obviamente, como qualquer outra sociedade, ela se preserva em
suas reuniões e sessões, preservando seu cerimonial, sua liturgia e ritualística, bem
assim todo o andamento de seus trabalhos naquilo que não é necessário dar

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publicidade. Todavia, existem determinados assuntos que, até por exigência da lei civil,
como por exemplo, a constituição de uma Loja, ou mesmo sua eleição de diretoria, em
que é obrigatório fazer o competente registro em cartório, que por si só já é a
publicidade do ato.
Então, poder-se-ia afirmar que a Maçonaria não é, em princípio, uma
sociedade oculta, secreta, já que não são secretos seus objetivos e constituições. Dir-
se-ia que, na verdade, ela é uma sociedade privada, isto sim, reservada, em que,
excetuando-se os cerimoniais, esotéricos ou não, relacionados de forma direta ou
indireta com os sinais, toques e palavras, ou outros meios de que são utilizados para
reconhecimento, não existem maiores segredos.
Na realidade, os juramentos ou compromissos feitos quando de nossa
Iniciação, de guardar “segredo” sobre todos os fatos, acontecimentos e ritualísticas
acontecidos em nossas reuniões, bem como dos respectivos graus, teve sua origem
na Idade Média, quando a Ordem esteve exposta a implacáveis perseguições, e que se
conhecidos teriam levado nossos Irmãos ao martírio, à prisão, ou até mesmo à
fogueira.
Observe-se que, em regra, o juramento maçônico é feito com a invocação do
Grande Arquiteto do Universo, com a promessa de jamais revelar indevidamente os
ritos e cerimoniais maçônicos, e, muito especialmente, os sinais, toques e palavras.

Origens da Maçonaria.
Existem inúmeras teorias sobre a origem da Maçonaria, teoria para todos os
gostos. Alguns chegaram a afirmar que a Maçonaria teve seus alicerces desde a
própria origem do mundo, onde Deus, ou Adão, ou o Arcanjo Gabriel teriam sido seus
primeiros Grãos-Mestres. Aberração. Outros, que ela apareceu nas antigas civilizações:
na Mesopotâmia, no Egito, na Caldeia e outras tantas. Outros vêm mais adiante, eis
que ela teria aparecido na antiga Roma. Com o passar do tempo, todavia, escritores
contemporâneos, através das pesquisas realizadas em documentos, através de
exaustivos trabalhos, colecionaram e estudaram esses documentos, separando os
verdadeiros dos falsos, procuraram todas as referências dos contemporâneos de um
acontecimento ou de um personagem, investigaram dados esparsos em
correspondências, memórias e livros, sepultados desde séculos em arquivos e
bibliotecas, para trazê-los à luz do dia. Hoje, mais do que nunca, temos como exemplo,
eméritos pesquisadores e estudiosos membros da famosa Loja de Pesquisas “Quatuor
Coronati”, de Londres, que vêm dissecando cada vez mais a documentação histórica a
respeito de nossa Ordem.
26
Os escritores e historiadores sérios, em sua quase unanimidade, que
realmente estudaram a Maçonaria, chegaram à conclusão de que sua origem mais
verdadeira é a de que descende ela das antigas corporações de mestres pedreiros
construtores de igrejas e catedrais, formadas sob a influência da Igreja na Idade Média,
e que formaram as guildas e corporações de ofício, principalmente a dos “Talhadores
de Pedra”.

Maçonaria Operativa e Especulativa.


Usualmente é utilizada como marco delimitador entre a Maçonaria Especulativa
e a Operativa a data de 24 de junho de 1717, data de fundação da Grande Loja de
Londres.
Então, anteriormente a essa data, denominar-se-ia a Maçonaria como
Operativa, com Lojas formadas por guildas e corporações de ofício. Obviamente que
não foi assim, pois que houve toda uma transmutação de um período para outro que
teve seu início em torno do ano de 1600. Porém, como já afirmado, utiliza-se tal data
como marco, inclusive para efeitos didáticos.
Dentre a grande variedade de guildas – associações formadas na Idade Média
entre as corporações de operários, negociantes ou artistas com finalidade de auxílio
mútuo – destacava-se a dos pedreiros, ou melhor, a dos talhadores de pedra.
Até por volta do ano de 1620, são encontrados, entre outros elementos, livros
de atas e registros de contas da Companhia de Maçons de Londres, que servem para
documentar a história da Maçonaria naquele período. Arquivos das cidades
importantes, das catedrais e abadias possuem cópias de cartas, orçamentos e gastos
de edifícios públicos e civis, sendo também encontrados manuscritos – o famoso
Manuscrito Regius, por exemplo – relativos a regulamentos e obrigações dos maçons
operativos, o que dá noção da vida dos construtores medievais.
Muito embora sabendo-se que desde o ano de 1176, estava em construção a
Ponte de Londres e que a Abadia de Westminster seria iniciada em 1221, ocasião em
que teria sido fundada a Corporação dos Pedreiros de Londres, deve-se registrar que
em 1364 foram organizadas as Companhias a Libré e que os operários foram
obrigados a aderir à Companhia do ofício a que pertenciam, sendo que a “Company of
Masons” era uma das noventa e uma companhias de Londres.
Há presunção de que, como profissão, a arte da edificação teria começado nos
primeiros anos do século XI, ocasião em que os saxões teriam começado a construir
inúmeras igrejas.

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O membro da Companhia dos Maçons era denominado de free-mason,
posteriormente traduzida para “franc-maçon” e daí para pedreiro livre, atualmente
Maçom. Free-mason era designado, na ocasião, o talhador de pedra medieval. A
palavra free-mason, na realidade, era simplesmente a contração do termo técnico
“freestone mason”, talhador de pedras, pedreiro que cortava e talhava uma quantidade
de pedras muito finas, chamadas “freestone”, que pode ser traduzida por pedra livre.
Existia, ainda, o cortador de pedra, o talhador, que trabalhava uma pedra mais
grosseira e de qualidade inferior, que se denominava “rough mason”. Pode-se, então,
afirmar que o freestone mason era o Maçom operativo, artífice e artista ao mesmo
tempo, que talhava a pedra livre e nela esculpia maravilhas de arte. Pode-se, pois,
afirmar que foi o “freestone mason” que produziu as jóias incomparáveis que
enriquecem as catedrais góticas, castelos e outras obras e que até hoje nos enchem de
admiração.
Portanto, verifica-se que “Freemasonry”, “Francomaçonaria”, ou simplesmente
Maçonaria, foi em sua origem, uma sociedade de operários especializados, os
talhadores de pedra, reunidos em corporações e guildas, confrarias de mútuo socorro,
em sindicatos (antes mesmo da criação do termo), para, em essência, defenderem
seus interesses vitais contra os patrões que pretendessem explorá-los.
A partir do século XVII, começa a ocorrer uma grande transformação na
Maçonaria operativa com a aceitação de homens não ligados à arte de construir, o que
a levaria à forma atual, chamada de Maçonaria Especulativa. A saber, no ano de 1600
foi aceito o primeiro membro em uma Loja Maçônica que não era operário, através do
ingresso de um nobre, não construtor, na condição de “membro aceito”. Desde então,
começa o período de transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa. Pode-se,
assim, afirmar que, historicamente documentada, a Maçonaria de hoje teve início,
como já dito, com o século XVII, quando então as Lojas de pedreiros-livres começaram
a receber como membros “aceitos” homens não ligados à arte da construção.
Na verdade, para os novos maçons, a Loja era um refúgio onde podiam
debater suas ideias e trocar informações sem o controle e interferência das
autoridades, eis que o sigilo da identificação era garantia contra intrusos e espiões das
maquinações políticas.
Por sua vez, para as Lojas os membros “aceitos” eram, de certa forma,
garantia política.
E assim, ao final do século XVII, as Lojas Maçônicas tinham já em seus
quadros uma predominância de maçons “aceitos” em relação a,
os membros realmente ligados à corporação de ofício, ou seja, à construção. Diante
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disso, a situação então apresentada fez com que as Lojas maçônicas fossem cada vez
mais dedicando sua atenção aos temas políticos e sócio econômicos, passando, então,
seus membros a se tornarem construtores sociais ao invés de construtores de edifícios
e obras de arte.
Em seu início a denominada Maçonaria Especulativa foi composta por uma
aristocracia e mesmo por uma elite religiosa, com exclusão do catolicismo. A
Inglaterra, exaurida por guerras civis, todas de fundo religioso, precisava e procurava a
paz para poder refazer-se. Assim, ideias de tolerância religiosa faziam-se sentir e ouvir
por toda a parte, fazendo com que, de início a Instituição reformulada em 1717, com a
criação da Grande Loja de Londres, deixasse de lado os problemas de ordem religiosa
ou política, muito embora entre seus principais dirigentes estivessem pastores como
James Anderson e Theophile Desagulliers.
Como desde então os objetivos e finalidades da Maçonaria eram o
melhoramento da sociedade humana, passou a atrair e buscar pessoas escolhidas, em
especial entre as camadas mais elevadas da sociedade. E assim, em pouco tempo, já
indicava para Grão-Mestre da Grande Loja de Londres um Duque, o que ocorreu em
1721. Em muitos lugares o modismo foi que trouxe para as Lojas Maçônicas a nata da
nobreza, que procurava se inteirar das “novidades”, ou adquirir status de evoluídos. A
nobreza de origem britânica engajou-se na Maçonaria, mantendo até hoje forte
presença em seus quadros e postos de comando, sendo que na Grande Loja Unida da
Inglaterra, via de regra, o posto de Grão-Mestre é exercido por um Duque.
Com a evolução via surgimento do iluminismo e do liberalismo, a Maçonaria
que já vinha impregnada de ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, diante dos
abusos das tiranias monárquicas e eclesiásticas que não eram mais aceitos por povos
esclarecidos e instruídos, serviu, é verdade, muitas vezes de instrumento com fins
políticos, permitindo, o preparo para movimentos e revoluções libertadoras.
Desta forma, verifica-se que a Maçonaria, através de seus membros ilustres,
viu-se ligada a quase todos os acontecimentos políticos importantes. Os Maçons
estiveram encabeçando praticamente todos os movimentos reivindicatórios das
liberdades humanas, todas as reformas imprescindíveis ao progresso da humanidade,
porém não têm eles sua exclusividade, eis que realizaram, muitas vezes, em
companhia e com a colaboração de patriotas, civil, militares e eclesiásticos.
E assim, através do tempo e da história, vem nossa Sublime Instituição
procurando sempre o aperfeiçoamento do ser humano, através dos seus princípios e
da filosofia empregada em sua missão.

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A Primeira Grande Loja.
A primeira Obediência Maçônica do mundo foi criada em 24 de junho de 1717,
na Inglaterra, com o nome Grande Loja de Londres. Até então a Maçonaria era
constituída por Maçons livres em Lojas livres, ou seja, sem nenhum agrupamento e
com Lojas independentes, sem nenhuma hierarquia superior. As Lojas, na verdade,
possuíam apenas duas categorias de obreiros, quais sejam os aprendizes e
companheiros, sendo que dentre os últimos era escolhido o Mestre da Loja.
Foram formadoras da Grande Loja de Londres as Lojas “Cervejaria do Ganso e
da Grelha”, “Cervejaria da Coroa”, “Taberna da Macieira” e “Taberna da Taça e das
Uvas”, as quais se reuniram preliminarmente em 7de fevereiro de 1717, por
convocação de Anderson e Desagulliers, na Loja “Taberna da Macieira”, ficando
ajustada nova reunião para 24 de junho, na Loja “Cervejaria do Ganso e da Grelha”. A
reunião foi efetuada na data aprazada, dia de São João Batista, tendo sido escolhido
para primeiro Grão-Mestre o Irmão Anthony Sayer. Assim nasceu a primeira Grande
Loja, que mais tarde ao se unir em 27 de dezembro de 1813 com a Grande Loja de
York, veio a se tornar a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Aquela pequena Obediência cresceu e multiplicou-se vertiginosamente, pois
que as quatro Lojas que a haviam composto em 1717, já eram dezesseis em 1721 e
trinta em 1723. Já em 1725 a Grande Loja de Londres tinha sob sua jurisdição
sessenta e quatro Lojas e em 1733, cento e duas. Na atualidade a Grande Loja Unida
da Inglaterra já possui mais de 8.000 Lojas.

Primeiras Lojas e Obediências no Brasil.


Embora para alguns, possa ter a Maçonaria brasileira iniciado em 1787, com a
pretensa criação da Loja Cavaleiros da Luz, na povoação da Barra em Salvador, Bahia,
na verdade, somente em 1800/1801 é que ela passa a ser reconhecida oficialmente, de
forma regular, quando maçons portugueses fundam na cidade do Rio de Janeiro a Loja
"União", que mais tarde passou a denominar-se "Reunião" por terem a ela se filiado
outros maçons. Com as Lojas "Constância" e "Filantropia", filiou-se em 1801 ao Grande
Oriente Lusitano. Separou-se, porém, por terem surgido discórdias, filiando-se ao
Grande Oriente da França, adotando o rito Moderno ou Francês.
Em 1802 é instalada na Bahia a Loja "Virtude e Razão", da qual saíram, em
1807, a Loja "Humanidade" e, em 1813, a Loja "União". Ainda em 1807, a 3 de março,
é instalada a Loja "Virtude e Razão Restaurada", também na Bahia.
Em 1809 funda-se em Pernambuco uma Loja da qual fizeram parte os Padres
Miguel Joaquim de Almeida e Castro, João Ribeiro Peixoto e Luiz José Cavalcante
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Lins. Esta Loja teve intuitos puramente políticos e os padres que faziam parte do seu
Quadro tinham sido iniciados em Lisboa em 1807.
Em 1812 funda-se, na freguesia de São Gonçalo, Niterói, a Loja "Distintiva".
Essa Loja tinha sinais, toques e palavras diferentes das outras Lojas, tendo por
emblema um índio vendado e manietado de grilhões e um gênio em ação de o
desvendar e desagrilhoar. Era ela republicana e revolucionária. Denunciada, foi
dissolvida, sendo lançados no mar, nas alturas da ilha dos Ratos, seus arquivos e
alfaias.
Em 1813, na Bahia, foi fundado o primeiro Grande Oriente no Brasil,
denominado Grande Oriente Brasileiro, cujo Grão-Mestre foi Antônio Carlos Ribeiro
de Andrada, com as Lojas "Virtude e Razão", "Humanidade" e "União", que adormeceu
devido à desastrosa Revolução de 1817.
Em 1815, a 12 de dezembro, na residência do Doutor João José Vahia, é
instalada a Loja "Comércio e Artes", que logo depois adormeceu.
Existiu ainda no Recife, em 1816, uma Grande Loja Provincial reunindo as
Lojas "Pernambuco do Oriente", "Pernambuco do Ocidente", "Restauração e
Patriotismo" e "Guatimozim".
O ano de 1821 começara para Dom João VI como principiara o de 1807. O
Grande Oriente Lusitano levara-o, quinze anos antes, a transferir a sede do governo
monárquico da Nação Portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro. Decorrido três
lustros, esse mesmo grande Oriente obrigá-lo-ia a transferir novamente a sede do seu
governo do Rio de Janeiro para Lisboa. Com a saída de Dom João VI, foi, em 24 de
junho de 1821, reinstalada a Loja então adormecida Comércio e Artes, desta vez com
a designação de Comércio e Artes do Ouro.
Em 17 de junho de 1822, quando a campanha pela independência do Brasil se
tornava mais intensa, foi criada, sob inspiração de Joaquim Gonçalves Ledo, uma
Obediência denominada Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano, com jurisdição
nacional, com a incumbência principal de levar a cabo o processo de libertação do
país.
No primeiro semestre de 1822 podem ser registradas as seguintes ocorrências:
a 10 de março, por proposta de Domingos Alves Branco, a Loja "Comércio e Artes"
confere ao Príncipe D. Pedro o título de "Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil"; a 26
de maio, José Bonifácio é iniciado na Maçonaria, sendo que a 2 de junho funda ele
uma sociedade secreta, "Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz", melhor
conhecida pelo nome de "Apostolado", da qual fez parte D. Pedro, com o título de

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Arconte-Rei; a 13 de julho D. Pedro era iniciado na Loja Comércio e Artes e, em razão
de a mesma trabalhar no Rito Adonhiramita, adotou o nome simbólico de “Guatimozim”.
Já no segundo semestre, a 5 de agosto, com a dispensa do interstício, o
príncipe Dom Pedro é exaltado ao grau de Mestre e a 14 de setembro investido no
cargo de Grão Mestre no Grande Oriente Brasílico. A 4 de outubro, D. Pedro oferece
a Gonçalves Ledo o título de marquês da Praia Grande que é por este recusado, com a
declaração de ser muito mais honroso o de brasileiro patriota e de homem de bem. A
21 de outubro, D. Pedro, Grão-Mestre, manda que Gonçalves Ledo suspenda os
trabalhos no Grande Oriente e a 25, em Decreto Imperial, determina o encerramento
das atividades maçônicas. Na ocasião, diversos maçons são presos, sendo que
Gonçalves Ledo consegue fugir para a Argentina.
A 13 de janeiro de 1825, após o movimento denominado Confederação do
Equador, o maçom Frei Joaquim do Amor Divino Caneca é fuzilado no Recife,
ironicamente a mando do Irmão Guatimozim (Dom Pedro I).
A 23 de novembro de 1831, após já existir um Grande Oriente denominado de
Grande Oriente Brasileiro, do Passeio, surge mais um Grande Oriente sob o
comando de José Bonifácio de Andrada e Silva, o qual diz ser o restabelecimento do
antigo Grande Oriente Brasílico, denominando-se então Grande Oriente do Brasil,
sendo que o próprio José Bonifácio foi eleito para o cargo de Grão-Mestre. Nesta
oportunidade é lançado um manifesto a todos os Corpos Maçônicos Regulares do
mundo contendo subsídios de extraordinária importância para a História do Brasil.
Anteriormente, a 12 de novembro de 1831, havia sido instalado o Supremo
Conselho do Rito Escocês para o Brasil, sendo seu primeiro Grande Comendador,
Francisco Gê Acayaba de Montezuma, Visconde de Jequitinhonha.
Portanto, no ressurgimento da Maçonaria em 1832, no Rio de Janeiro, existiam
dois Grandes Orientes: o Grande Oriente Nacional Brasileiro, presidido por Britto
Sanchez, com sede à Rua do Passeio, e o Grande Oriente do Brasil, presidido por
José Bonifácio, que teve sede na atual Rua Frei Caneca.
A Maçonaria Brasileira, com Lojas em praticamente todas as Províncias, logo
se tornou uma participante ativa em todas as grandes conquistas sociais do povo
brasileiro, fazendo com que sua História se confunda com a própria História do Brasil
Independente.

Maçonaria no Rio Grande do Sul.


Como já visto, no período até 1831 a Maçonaria estava praticamente proscrita
no território nacional, por óbvio não existia na então Província de São Pedro Loja
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Maçônica constituída. Todavia, isto não impedia que existissem Maçons, alguns
iniciados no Rio de Janeiro, Minas e São Paulo, e grande parte nas vizinhas Províncias
Cisplatinas.
As primeiras Lojas Maçônicas regularmente reconhecidas foram em número de
nove, considerado o período que antecede a Guerra dos Farrapos e até seu término
em 1845.
Por ordem cronológica, elencamos:
Em 25/12/1831 foi fundada a Loja Philantropia e Liberdade, jurisdicionada ao
Grande Oriente Nacional Brasileiro, do Passeio, localizada em Porto Alegre, e da qual
foi 1° Venerável Bento Gonçalves da Silva.
Na sequência vem, em 2/9/1833, a Loja Razão e Virtude, jurisdicionada ao
Grande Oriente do Brasil, localizada em Santo Antônio da Patrulha.
A seguir, em 28/9/1833, a Loja Fidelidade e Firmeza, do Grande Oriente do
Passeio, em Porto Alegre e após, em 20/11/1833, a Loja Perfeita União, Grande
Oriente do Brasil, também em Porto Alegre.
Em Rio Grande, em 10/12/1833, a Loja Asilo da Virtude, do Grande Oriente
Nacional Brasileiro, do Passeio, e, em 3/9/1840, a Loja União Geral, do Grande Oriente
dos Beneditinos.
Em 5/9/1840, a Loja União e Fraternidade, Grande Oriente do Brasil, em São
Leopoldo, e em 13/2/1841, a Loja Harmonia Riograndense, do Grande Oriente do
Brasil, em Rio Grande.
Por final, em 15/11/1843, a Loja Protetora da Orfandade, do Grande Oriente do
Brasil, em Pelotas.
Em 25/8/1955 a Loja Honra e Humanidade, do Grande Oriente do Brasil em
Pelotas.
Consta também que existiriam Lojas clandestinas em Rio Grande, Rio Pardo e
Jaguarão, durante o período Farroupilha, porém sem nenhum registro documental.
Cumpre observar que em 31/7/1831 constituiu-se a “Sociedade Literal
Continentino”, que deu origem à Loja Philantropia e Liberdade, cuja fundação,
conforme já visto, foi em 25/12/1831. A Sociedade Literal Continentino criou, na
ocasião, um Jornal denominado O Continentino, fundado por João Manoel da Lima e
Silva, então Major, tio do Duque de Caxias e mais tarde primeiro General Farroupilha.

Segundo documento existente no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, no


decorrer de 1841,existiu “Um Supremo Grande Conselho ao Vale de São Pedro do

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Sul”, no estado, o qual forneceu credencial a Bento Gonçalves para criar e instalar
Lojas Maçônicas pelo Rio Grande.
Consta ainda que Francisco Xavier Ferreira, que teria sido o “Iniciador” de
Bento Gonçalves, em 1832, morando em Rio Grande, mantinha em sua casa uma Loja
Maçônica.
Ao final do século XIX, surge no Rio Grande do Sul um novo movimento
maçônico, com a criação, em outubro de 1893, do Grande Oriente do Rio Grande do
Sul, pelas Lojas Luz e Ordem, Luz e Progresso e Progresso e Humanidade, lojas
estas até então sob a obediência do Grande Oriente do Brasil, tendo sido eleito Grão-
Mestre Antônio Antunes Ribas.
E em janeiro de 1928, mais precisamente no dia 8, foi, em virtude de novo
movimento na Maçonaria nacional, fundada em nosso estado, uma nova obediência, a
Grande Loja Symbolica do Rio Grande do Sul, tendo em seu nascedouro a
contribuição das Lojas Rocha Negra de São Gabriel, Fraternidade de Pelotas, Caridade
Santanense de Livramento, e Amizade de Bagé.
Temos hoje, pois, instaladas no Rio Grande do Sul, devidamente regularizadas
e reconhecidas entre si, três Obediências Maçônicas: a Grande Loja Maçônica do
Estado do Rio Grande do Sul, o Grande Oriente do Rio Grande do Sul e o Grande
Oriente do Brasil/RS, as quais estabelecem entre si a Maçonaria Unida do Rio Grande
do Sul.

Os Diversos Ritos.
Como já visto, em maçonaria entende-se o termo Rito como o conjunto de
regras segundo as quais se praticam as cerimônias e se comunicam os graus, sinais,
toques e palavras. Todavia, considera-se ainda Rito como o conjunto de instruções e
cerimônias de cada sistema, ou melhor ainda, o próprio sistema, denominado ainda
como “Maçonaria”. Assim, por exemplo, costuma-se chamar determinado seguimento
da Maçonaria como Maçonaria Escocesa, ou Maçonaria Inglesa, ou Maçonaria Sueca.
Existem inúmeros ritos maçônicos, porém, no Brasil são eles em número bem
limitado. No surgimento da Maçonaria em nosso país, início do século XIX, quando do
aparecimento das primeiras Lojas e Obediências, somente dois Ritos eram praticados:
o Rito Adonhiramita e o Rito Francês ou Moderno, ambos de origem francesa. Logo em
seguida surgiu o Rito Escocês Antigo e Aceito, também de origem francesa, lá por
meados de 1831, para logo após serem implementados o denominado Rito de York
(americano e inglês, este com o ritual Emulação) e o Schröder/Alemão.
Note-se que nas jurisdições das Grandes Lojas são praticados, no sentido de
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Sistema Maçônico, somente três ritos: o Rito Escocês Antigo e Aceito, o Rito Schröder
e Rito York/Emulação. A exceção ficaria com a Grande Loja de São Paulo que, além
desses elencados, possui também Loja que trabalha no Rito designado de São João
da Hungria.
Por sua parte, nos Grandes Orientes Estaduais, além dos três Ritos
inicialmente apontados, ainda são praticados os ritos Adonhiramita, o Moderno/Francês
e, também, o Rito Brasileiro, sendo que no Grande Oriente do Rio Grande do Sul
pratica-se ainda o Rito denominado de MALA – Maçons Antigos Livres e Aceitos, cujos
cerimoniais são semelhantes aos do Rito Escocês Antigo e Aceito praticados na
Grande Loja do Estado do Rio Grande do Sul.
Já no Grande Oriente do Brasil, são praticados os Ritos Francês/Moderno, que
é o Rito primeiro e oficial dessa Obediência, o Adonhiramita, o Escocês Antigo e Aceito,
o York, o Schröder e o Brasileiro.
Observa-se, ainda, que existem no Brasil várias Lojas localizadas no Rio de
Janeiro, na Bahia, em Minas Gerais, em São Paulo e Pernambuco que se acham
vinculadas diretamente à Grande Loja Unida da Inglaterra e que trabalham no Rito, ou
melhor, no Ritual de Emulação (Inglês).
Por final, convém ser dado conta da existência no Brasil de uma Maçonaria
Mista, com Lojas formadas por homens e mulheres, não reconhecidas e consideradas
irregulares, e que trabalham em ritual semelhante ao do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Existe ainda uma Obediência denominada de “Soberano Santuário Nacional do Brasil”,
obediência que possui Lojas masculinas, femininas e mistas, e que trabalha no
denominado Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraim.
Desta forma, são, a rigor, estes os Ritos praticados em nosso país.

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Bibliografia:
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Aslan, Nicola – Landmarques e Outros Problemas Maçônicos, Ed. Aurora.
Aslan, Nicola – A Maçonaria Operativa, Ed. A Trolha, 2008
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Carvalho, Assis – Ritos & Rituais 1° Vol., Ed. A Trolha, 1993
Castellani, José – O Rito Escocês Antigo e Aceito, Ed. A Trolha, 1988
Castellani, José – Consultório Maçônico, Vários, Ed. A Trolha
Castellani, José e Rodrigues, Raimundo – Análise da Constituição de Anderson,
Coletânea Maçônica – Grande Loja do Estado do Rio Grande do Sul, 2008
Fagundes, Morivalde Calvet – Peregrinando pelo Rio Grande, Ed. Est, 1995
Fagundes, Morivalde Calvet – A Maçonaria e as Forças Secretas da Revolução, Ed. Aurora,
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Lepage, Marius, História e Doutrina da Franco-Maçonaria. Ed. Pensamento, 1997.
Linhares, Marcelo – História da Maçonaria, Ed. A Trolha, 1992
Mattos, Rubens Barbosa de – Breve História da Maçonaria, Ed. A Trolha, 1997
Pacheco Júnior, Walter – Guia da Administração Maçônica, Ed. A trolha, 2008
Rodrigues, Raimundo – Templo de Salomão, Ed. A Trolha, 2005
Trautwein, Breno – Folhas aos Ventos Maçônicos, Ed. A Trolha, 2000
Salomão, Lutffala – Conhecendo o que é Maçonaria, Ed. A trolha, 2002
Varoli Filho, Theobaldo – Simbologia e Simbolismo da Maçonaria, Ed. A Trolha, 2000.

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