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Comentários do Texto “Tropicalismo: As Reliquias do Brasil em Debate”

Alexandre Vosch Pacheco de Carvalho, LMT2

Primeiramente gostaria de reforçar as observações que fiz na minha breve


participação no dia do debate. Os autores são Mariana Martins Villaça e Marcos
Francisco Napolitano de Eugênio, ambos graduados, doutores e mestres em História
Social pela USP. Mariana coordena o LAPHA - Laboratório de Pesquisas em História
das Américas, na Unifesp, ao qual está vinculado o Grupo de Pesquisa CNPq "História
e Historiografia das Américas ". Integra os Grupos CNPq "História e Audiovisual:
circularidades e formas de comunicação" e "Cinema latino-americano". É Professora
Colaboradora do Laboratório de Estudos de História das Américas (LEHA) da
Universidade de São Paulo. Suas pesquisas na área de História da América abarcam
os seguintes temas: Revolução cubana; Cinema Cubano; Arte e Política na América
Latina; Nuevo Cine Latinoamericano; política e cultura no Uruguai (anos 1960/70)
(Fonte: Currículo Lattes). Em contrapartida, Marcos foi professor no Departamento
de História da Universidade Federal do Paraná (Curitiba), entre 1994 e 2004,e
professor visitante do Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL) da
Universidade de Paris III (2009). Atualmente, é professor de História do Brasil
Independente e docente-orientador no Programa de História Social da USP. É
assessor ad-hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e do
CNPq. Especialista no período do Brasil Republicano, com ênfase no regime militar, e
na área de história da cultura, com ênfase nas relações entre históira e música popular
e história e cinema. Também possui experiência na formação de professores do
ensino básico, com foco no uso do audiovisual na escola.

À seguir, vou destacar alguns tópicos que achei interessantes do texto


abordado:

No momento de sua explosão, o Tropicalismo se consagrou um constante


paradoxo. Ora contracultural, ora convergência das vanguardas artísticas. Amados e
odiados na mesma intensidade. Uma abertura cultural crítica liderada pelo campo
musical, enquanto foi uma implosão político-cultural, perdendo o referencial de
atuação propositiva do artista-intelectual na construção da história.

Os eventos fundadores mais notáveis do Tropicalismo se deram por volta de


1968 principalmente pela música, marcados pelos artistas Caetano e Gil. O
movimento também foi notável no teatro com “Roda Viva” e “O Rei da Vela”, no
cinema com “Terra em Transe” de Glauber Rocha e nas artes plástica com Hélio
Oiticica.

O movimento foi caracterizado por ter um forte traço crítico, em que acaba por
provocar uma “Abertura Cultural” na indústria artística brasileira. Gêneros e estilos
foram criticados por meio de misturas e “reproduções” de artes já consumidas pelo
brasileiro. Segundo autores citados no texto de Mariana e Marcos, foi o movimento
com a expressão mais coerente para a época em que a sociedade urbana brasileira
estava passando, considerando suas tensões políticas, culturais e existenciais.
Num contexto de regime militar, o movimento tropicalista explicitou críticas à
matriz cultural do Brasil, desconstruindo-as radicalmente e explorando contradições
enraizadas na cultura brasileira. Em contrapartida, no final de sua experiência, o
tropicalismo acabou por representar uma melancolia generalizada, tanto pelo publico
quanto pelos artistas, resultado de uma impotência política de ambos os lados. Fato
esse que teve como consequência outro paradoxo no movimento: reforçou
indiretamente ideologias conservadoras predominantes daquele contexto político
nacionalista.

O Tropicalismo teve como caráter genuíno a revitalização do papel histórico,


social e estético da vanguarda, contribuindo com a linha evolutiva da música brasileira.

Como considerações finais, entendi que o movimento Tropicalista foi


constantemente marcado por paradoxos e contradições, ao passo que conquistou uma
legião de admiradores. Foi marcado por valorizar e resgatar as “relíquias brasileiras”
da arte sem deixar aquilo algo repetitivo ou grotesco. Foi um grande contribuinte para
a linha evolutiva da musica brasileira.

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