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EMENTA
Educação Especial: conceitos, definições e princípios fundamentais. Panorama
histórico das concepções sociais e educacionais com relação às pessoas com
deficiência. Alunos com necessidades educacionais especiais: pessoas com
deficiência. Atendimento educacional dos alunos com necessidades
educacionais especiais. Inclusão, integração e segregação. Principais causas,
prevenção e detecção das deficiências. Estrutura, funcionamento e legislação
da educação especial no Brasil. Proposta de inclusão educacional e aceitação
da diversidade. Deficiência e cidadania.
O professor e o processo de inclusão. Considerações sobre currículo e
adaptações curriculares para atender alunos com necessidades especiais.
OBJETIVOS
• Analisar a trajetória histórica da educação inclusiva no sistema educacional
mundial e brasileiro.
• Apresentar conceitos e princípios da educação especial/inclusiva.
• Propiciar estudos sobre a construção da inclusão a partir da educação.
• Propiciar estudos sobre os alunos com necessidades educativas especiais.
• Apresentar a importância do educador frente à educação inclusiva.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
• Constituição histórica da educação inclusiva no sistema educacional e
brasileiro
• Conceitos gerais de educação inclusiva
• Aspectos históricos na perspectiva da educação inclusiva
• Alunos com necessidades educacionais especiais
• Escola inclusiva
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
MAZZOTA, Marcos José Silveira. Educação especial no Brasil: história e políticas
públicas. São Paulo: Cortez, 1999.
PERRENOUD, Phillippe. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto
Alegre: Artmed, 2001.
PROFA. IVONETE MARIA DE SOUZA SAMPAIO- MARÇO 2012 Páá giná 2
PEDAGOGIA 7º PERÍODO - EDUCAÇÃO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação
inclusiva: atendimento educacional especializado para a Deficiência Mental.
Brasília, 2005.
______. Política nacional de educação especial. Brasília: SEESP, 2001.
______. Secretaria de Educação Especial. Projeto Escola Viva. Garantindo o
acesso e permanência de todos os alunos na escola – Alunos com necessidades
educacionais especiais. Brasília, 2000.
CARVALHO, Rosita E. A nova LDB e a educação especial. Rio de Janeiro: WVA,
1997.
FERREIRA, Elisa Caputo; GUIMARAES, Marly. Educação inclusiva. Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
GAIO, Roberta; MENEGUETTI, Rosa. Caminhos pedagógicos da educação
especial. São Paulo: Vozes, 2004.
LIMA, P. A. Educação inclusiva e igualdade social. São Paulo: AVERCAMP, 2006.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro:
WVA, 1997.
AULA 01
Educação especial: conceitos,
definições e princípios fundamentais
OBJETIVOS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• conhecer a educação especial no contexto educacional brasileiro, na
perspectiva da inclusão educacional e social.
PRÉ-REQUISITOS
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa refletir sobre uma
questão fundamental: embora tendo a mesma dignidade, as pessoas, de um
ponto de vista físico, social e cultural, não são iguais. Há muitas diferenças
entre os seres humanos, ao mesmo tempo em que todos têm o mesmo direito
de serem tratados com igualdade. Essas diferenças, longe de representar um
problema, constituem uma enorme riqueza. O segredo é saber respeitá-las e
compartilhá-las.
É justamente disso que falaremos ao longo destas doze aulas que compõem o
nosso caderno de Educação Especial. Por isso, é importante essa reflexão no
início da nossa jornada.
INTRODUÇÃO
SÍNTESE DA AULA
Começamos expondo alguns conceitos sobre a inclusão no mundo da
educação. Construímos, em seguida, um panorama histórico sobre o
tratamento dado, no Brasil e no mundo, à educação especial e inclusiva. Vimos
a concepção de diversidade e deficiência na Antiguidade e na Idade Média, no
período entre o século XVI e o século XIX, e na contemporaneidade.
ATIVIDADES
1. Quais atitudes cabem à escola para que as diferenças sociais, culturais e
individuais não se transformem em desigualdades educacionais? Discuta em
grupo e registre suas observações.
2. Com base no estudo desta aula, relacione as definições de educação
inclusiva a seus respectivos autores.
I. Respeitar e valorizar a diversidade, desenvolver práticas colaborativas,
formar leis de apoio, promover a participação da comunidade.
II. Valorizar as diferenças como oportunidades de desenvolvimento, sem
considerá-las problemas a resolver.
III. Oferecer iguais oportunidades para as pessoas com deficiências, além de
serviços auxiliares para uma vida produtiva como cidadãos completos.
( ) BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educar na
Diversidade. Módulo 2: O enfoque da educação inclusiva.
( ) SASSAKI, Romeu K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos.
( ) BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Escola de
todos: é o Brasil aprendendo e crescendo com as diferenças.
REFERÊNCIAS
BENCINI, Roberta. Uma longa história em defesa de oportunidades iguais para
todos. Nova Escola, n. 139, fevereiro de 2001. Disponível em:
<http//novaescola. abril.com.br/ed/139_fev01/html/inclusao2.htm>. Acesso
em: 15 jul. 2008.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03constituicao/ constitui
%A7aohtm>. Acesso em: 21 jul. 2008.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Escola de
todos: é o Brasil aprendendo e crescendo com as diferenças. Brasília: 2004.
AULA 02
OBJETIVOS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• conceber a educação especial partindo da sua história e da legislação
vigente.
PRÉ-REQUISITOS
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa levar em conta o
conhecimento construído ao longo da aula um deste caderno. Na aula anterior,
com efeito, vimos a história da educação especial no Brasil e no mundo.
Esse panorama histórico, agora, será muito útil para compreendermos melhor
as concepções de educação e de educação especial que estão por trás da
maneira como cada época e cada país olham para as diferenças e, mais
especificamente, para as pessoas com necessidades especiais.
INTRODUÇÃO
Estudaremos, nesta aula, o panorama histórico das concepções sociais e
educacionais que fundamenta as discussões acerca da educação especial.
Abordaremos, a seguir, temas e reflexões sobre as leis que dão direito a uma
educação para todos.
Iniciaremos pela lei maior, a Constituição Federal de 1988 (CF/88), em que está
garantido o direito à educação para todos. Nela se afirmam as seguintes
proposições.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I – igualdade de condições para acesso e permanência na escola;
[...] Art. 208. O dever do estado com a educação será efetivado
mediante garantia de:
[...] III – atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creches e pré-escola às crianças até 5 (cinco)
anos de idade.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo
ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas,
definidas em lei, que:
I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes
financeiros em educação.
SÍNTESE DA AULA
ATIVIDADES
Leia o texto a seguir.
Tudo começou em fins de julho de 2002, depois de muitos esforços e fracassos
da professora em relação a um aluno de primeira série, João, que apresentava
problemas de comportamento e aprendizagem. Várias vezes a mãe da criança
foi chamada à escola sem que atendesse. Em parceria com a professora,
decidimos levar o aluno até sua casa e, nessa oportunidade, conversar com a
mãe. Entretanto, no momento em que nos preparávamos para sair, João fugiu.
No dia seguinte, dirigimo-nos à sua casa. Ao chegarmos, a criança entrou em
sua casa ao mesmo tempo em que deixava a casa uma senhora, mãe de outro
aluno. Essa senhora se dirigiu a nós dizendo que o garoto não vivia ali.
Ela conhecia a mãe de João, que trabalhava como vendedora ambulante.
Explicou que o garoto costumava ir à sua casa porque ela o alimentava sempre
que possível, mas, quando não podia fazê-lo, a criança ficava sem almoço e
passava o resto do dia caminhando pelo bairro, até que sua mãe voltasse do
trabalho. Pedimos-lhe que ficasse com o garoto, naquele dia, e que dissesse à
mãe dele que fosse à escola no dia seguinte, sem falta.
A mãe se apresentou e nos confirmou que tinha outro filho menor que
freqüentava uma creche, enquanto João ficava sozinho pelas ruas ou em casa.
A mãe sabia que seu filho vagava sozinho e sem rumo. Quando nós lhe
dissemos que comunicaríamos a situação ao Conselho Tutelar, uma vez que um
menino daquela idade não podia ficar só, a mãe chorou muito e nos disse:
“Você pensa que não sei disso? Você pensa que não tenho medo de deixar meu
filho na rua? Pensa que eu tenho paz? Sei que pode acontecer qualquer coisa!”.
Lembramos-lhe que logo teriam início as férias e insistimos que fosse ao
Conselho Tutelar apresentar sua situação e que, quando João voltasse às aulas,
gostaríamos de ser informados sobre os encaminhamentos. (BRASIL, 2005, p.
47)
REFERÊNCIAS
AULA 03
Deficiência física e auditiva
OBJETIVOS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar a deficiência física e auditiva, e o que pode ser feito para atender
a suas respectivas peculiaridades.
PRÉ-REQUISITOS
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa ter consciência de que
uma pessoa com necessidades especiais não é apenas identificada pela
deficiência que ela tem. O deficiente físico ou auditivo é, antes de tudo, uma
pessoa como todas as demais, com a mesma dignidade de qualquer outra
pessoa. Essa consciência, certamente, foi se ampliando ao longo das duas
primeiras aulas deste caderno, em que você teve oportunidade de estudar a
história das diferentes concepções de educação especial. Por isso, agora, é
importante que você comece a leitura e o estudo desta nova aula, levando em
consideração tudo o que aprendeu até aqui.
INTRODUÇÃO
Você percorreu um panorama histórico das concepções sociais e educacionais
com relação às pessoas com deficiência no contexto educacional. Agora é
importante para você, discente do curso de Pedagogia, ter conhecimento e
embasamento sobre algumas deficiências discutidas na atualidade, tais como a
deficiência física e a deficiência auditiva.
Ressaltamos que a deficiência física e a auditiva estão citadas na Lei n.
7.853/89.
Para iniciar nossa conversa sobre os tipos de deficiências, é necessário que
seja retomado o que a lei garante quanto às condições de cada classificação e
o que aprova em relação ao atendimento dos alunos com necessidades
educativas especiais. No artigo 1º do capítulo 1º do Decreto n. 3.298/99, que
3.3 Adaptações
3.4.2 Classificação
Existem dois tipos de surdez:
• a surdez congênita, do indivíduo que nasce surdo;
• a surdez adquirida, própria do indivíduo que nasce com audição normal e que
a perde, sucessivamente, devido a uma doença ou a um acidente.
3.4.5 Adaptações
É importante que a criança seja inserida em um sistema comunicativo em que
sinais e falas estejam presentes, para abrir a possibilidade do diálogo e da
representação na criança surda; que seja inserida em sala de aula em idade
anterior à usual e em condições qualitativamente melhores; que seja aberta a
possibilidade de convívio e intercâmbio entre as crianças e as famílias,
ampliando as vivências relativas à surdez e às suas questões.
Embora nenhuma deficiência seja transmitida, por não ser uma doença, alguns
cuidados ajudam a prevenir a deficiência auditiva. A mulher, por exemplo, deve
sempre tomar a vacina contra a rubéola, de preferência antes da adolescência,
para que, durante a gravidez, esteja protegida contra a doença. Se a gestante
tiver contato com rubéola nos primeiros três meses de gravidez, o bebê pode
nascer surdo.
3.4.7 O que fazer
Depois de verificar que a criança apresenta alguma perda auditiva, é
necessário consultar um especialista em otorrinolaringologia ou fonoaudiologia
para realizar uma avaliação auditiva adequada. Quando a deficiência auditiva é
detectada, pode tornar-se necessário o uso de um aparelho auditivo, que deve
ser adaptado às necessidades específicas de cada pessoa.
REFERÊNCIAS
AULA 04
Deficiências visuais, mentais e
sensoriais, surdo-cegueira, autismo,
síndrome de Down
OBJETIVOS
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar as deficiências visuais, mentais e sensoriais, a surdo-cegueira, o
autismo e a síndrome de Down, e o que pode ser feito para atender a suas
respectivas peculiaridades.
PRÉ-REQUISITOS
O pré-requisito desta aula é o mesmo da aula anterior: a consciência de que,
acima de qualquer peculiaridade que nos possa diferenciar, todos somos iguais
em dignidade. Estudamos, portanto, as características de cada deficiência não
para estigmatizar, isolar ou excluir, mas para aproximarmo-nos mais daquilo
que não conhecemos e que por isso talvez nos assusta.
INTRODUÇÃO
4.1.1 Classificação
A deficiência visual pode ser classificada em cegueira e baixa-visão. Vejamos
os dois casos.
a) Cegueira: perda total da visão em ambos os olhos ou resíduos mínimos de
visão que levam o indivíduo à necessidade do sistema Braille, como meio de
leitura e escrita, e do sorobã, para o raciocínio lógico matemático.
b) Baixa-visão: perda parcial da visão com correção óptica máxima que permita
ao educando ler impressos à tinta, desde que não se empreguem recursos
didáticos e equipamentos especiais.
Variáveis que podem interferir no desenvolvimento educacional do deficiente
visual:
• idade da manifestação;
• tempo transcorrido;
• tipo de manifestação (súbita ou gradativa);
• causa do distúrbio: pode indicar se o estado geral do indivíduo está
comprometido ou não.
Segundo Kirk (1996), podemos dividir as causas da seguinte maneira:
• causas congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações oculares,
glaucoma congênito, catarata congênita;
4.1.3 Identificação
4.1.4 Adaptações
4.2.1 Causas
Além das causas hereditárias, que são alterações genéticas ou cromossômicas
– como a Síndrome de Down, por exemplo – algumas deficiências podem ser
provocadas por problemas de saúde da gestante.
Exames como o hemograma, a glicemia, a reação sorológica para a sífilis, o HIV
(AIDS), a tipagem sangüínea, a urina, a toxoplasmose e a hepatite nos ajudam
a prevenir grande parte dos riscos, pois permitem constatações importantes.
4.4 Autismo
Facilmente confundido com deficiência mental, o autismo é um transtorno do
desenvolvimento que geralmente está associado a outras deficiências. As
causas ainda não foram descobertas, mas, ao contrário do que se imagina, é
possível evitá-lo, por meio de procedimentos pré-natais e/ou neonatais já
destacados nas outras deficiências.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento independente de classe social
e econômica, e quem o possui apresenta, em muitos quadros, quociente de
inteligência (QI) abaixo da média (BRASIL, 2005).
Em cooperação internacional, os especialistas concordaram em usar alguns
critérios de comportamento para diagnosticar o autismo. Atualmente, o
diagnóstico da pessoa autista é realizado com base no Manual de Diagnóstico e
Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-IV), da Associação Psiquiátrica
Americana, ou por meio da Classificação Internacional de Doenças (CID-10),
publicada pela Organização Mundial de Saúde.
O autismo se manifesta por uma marcante lesão na interação social, com
diminuição no uso de comportamentos não verbais como contato ocular (o
autista evita olhar nos olhos do interlocutor), expressão facial, postura corporal
e gestos para interagir socialmente; dificuldade em desenvolver relações de
companheirismo apropriadas; ausência de procura espontânea em dividir
satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas; ausência de
reciprocidade social ou emocional (indiferença); marcante lesão na
comunicação, manifestada por atraso ou ausência total de desenvolvimento da
linguagem oral, sem ocorrência de tentativas espontâneas de compensação
por meio de modos alternativos de comunicação, como gestos ou mímicas; em
pessoas com fala normal, diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma
conversa com outras pessoas; ausência de ações variadas de imitação social
4.4.1 Tratamento
De acordo com a Associação de Amigos do Autista (AMA), criada em 1983, não
há cura para o autismo. A pessoa autista pode ser acompanhada e pode
desenvolver suas habilidades de uma forma mais intensiva do que outra
pessoa que não apresente o mesmo quadro. Poderá, então, assemelhar-se
muito a uma pessoa não autista em alguns aspectos de seu comportamento.
Porém sempre existirão dificuldades, tais como comunicação e interação social.
O autista pode desenvolver comunicação verbal, integração social,
alfabetização e outras habilidades, dependendo de seu grau de
comprometimento e da intensidade e adequação do tratamento que, em geral,
é realizado por equipe multidisciplinar nas áreas de fonoaudiologia, psicologia,
pedagogia, educação física, musicoterapia, psicopedagogia e outras.
AULA 05
Atendimento educacional de alunos
com necessidades educacionais
especiais
alunos com deficiência mental. Essas críticas muitas vezes não respeitaram as
suas próprias indicações: não foi oferecido um conjunto de serviços de maneira
a garantir que o encaminhamento respeitasse as necessidades das pessoas; o
encaminhamento para a educação especial não se justifica pela necessidade
do aluno, e sim por este ser rejeitado na classe comum; não foram seguidos os
princípios de transitoriedade, ou seja, de permanência do aluno em ambientes
exclusivos de educação especial por tempo determinado.
O que constatamos como herança desse modelo, da forma como foi
implantado, é a permanência do aluno em instituições especializadas e em
classes especiais, pelo tempo em que esteve vinculado a algum atendimento.
Com vistas a se contrapor ao referido modelo, o objetivo da inclusão escolar é
tornar reconhecida e valorizada a diversidade como condição humana
favorecedora da aprendizagem. Nesse caso, as limitações dos sujeitos devem
ser consideradas apenas como uma informação sobre eles que, assim, não
pode ser desprezada na elaboração dos planejamentos de ensino. A ênfase
deve recair sobre a identificação de suas possibilidades, culminando com a
construção de alternativas para garantir condições favoráveis à sua autonomia
escolar e social, enfim, para que se tornem cidadãos de iguais direitos.
De acordo com as mais recentes normatizações para a educação especial
(Resolução CNE/CEB 2/2001), a opção brasileira é por manter os serviços
especializados em caráter extraordinário e transitório. Há de se ter cuidado
para que, assim como proposta, a educação inclusiva não se configure apenas
em retomada de antigas propostas não realizadas na sua totalidade. Pérez
Gomes (2001, p. 22) contribui para esse debate declarando não estar claro se
o que nasce é uma negação superadora do velho ou uma radicalização de suas
possibilidades não realizadas.
Sem desprezar os embates atuais sobre educação inclusiva – principalmente
quanto à sua coexistência ou não com serviços especializados para
atendimento paralelo à classe comum, a proposta de atender alunos com
necessidades educacionais especiais nessas classes implica em atentar para
mudanças no âmbito dos sistemas de ensino, das unidades escolares, da
prática de cada profissional da educação em suas diferentes dimensões e
respeitando suas particularidades.
AULA 06
Integração e inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais
efetivem trocas interativas com plena aceitação desse aluno com necessidades
especiais.
Para Glat (1995), a integração não pode ser vista simplesmente como um
problema de políticas educacionais ou de modificações pedagógico-curriculares
na educação especial. Integração é também um processo subjetivo e inter-
relacional. Glat (1995) demonstra que, embora seja possível cumprir uma lei
que obrigue as escolas a receberem crianças especiais em suas classes, não se
pode fazer uma lei obrigando que pessoas aceitem e sejam amigas das
pessoas com deficiência. O que ele quer dizer é que a integração também é
um processo individual.
Cabe aos profissionais da educação especial oferecer a essa clientela uma
conscientização de sua condição psicossocial e a instrumentalização para lutar
por uma condição de vida mais ampla.
Com esse olhar sobre a integração, deixamos de ver o aluno especial como um
objeto de estudo ou um agente passivo de nossas decisões educacionais, e
passamos a entender que esse indivíduo é também um consumidor ou usuário
do saber e dos serviços que temos a oferecer, auxiliando-o na difícil missão de
romper barreiras físicas, afetivas e sociais que lhe impedem de viver
plenamente como qualquer outra pessoa.
O termo inclusão começou a se fortalecer em 1994, com a Declaração de
Salamanca, que teve o objetivo de promover uma educação para todos,
resultando numa escola inclusiva (BRASIL, 2005) que reformulou seu conteúdo
programático e treinou novamente seus professores sobre as mais variadas
necessidades especiais. Essas necessidades especiais não se referem apenas
às deficiências, mas também a outras condições, como talentos, minorias
étnicas, lingüísticas ou culturais, crianças marginalizadas.
Presenciamos, hoje, a coexistência conflitiva entre os paradigmas da
integração e da inclusão escolar, os quais encerram modalidades distintas de
inserção de alunos com necessidades especiais no ensino regular. As palavras
inclusão e integração podem ser metaforizadas. As propostas de organização
do sistema educativo inspiradas no processo de integração são comparadas a
uma cascata, enquanto que as que se baseiam na escola inclusiva têm como
metáfora um caleidoscópio.
Pode-se analisar que, por mais que as políticas inclusivas sejam apresentadas e
articuladas, muitas pessoas com deficiências ainda estão presentes nas taxas
de analfabetismo, evasão e repetência escolar, havendo ainda, na escola, a
exclusão dos que não aprendem no mesmo ritmo e da mesma forma que os
outros.
Para que se possa conceber a escola inclusiva, é imprescindível
que a instituição escolar acolha os interesses e as dificuldades
apresentadas pelos alunos no decorrer do processo de
aprendizagem. O ambiente escolar precisa constituir-se como
espaço aberto, preparado e disposto às peculiaridades de cada
um (FERREIRA; GUIMARAES, 2003).
6.2 Revisando as terminologias
Segundo Sassaki (2002), as terminologias utilizadas para definir a palavra
inclusão surgem recentemente a partir de adoção da filosofia da inclusão social
para modificar os sistemas sociais existentes.
As definições que se apresentam são relevantes para que haja compreensão
das práticas sociais. Sabe-se que essas práticas moldam nossas ações e nos
permitem avaliar nossos programas, serviços e políticas sociais, e acredita-se
que os conceitos seguem a evolução de determinados valores éticos. Para
Sassaki (2002, p. 27),
[...] é imprescindível dominarmos bem os conceitos exclusivistas
para que possamos ser participantes ativos na construção de uma
sociedade que seja realmente para todas as pessoas,
independentemente de sua cor, idade, gênero, tipos de
necessidades especiais e qualquer outro atributo social.
ATIVIDADES
1. Quais atitudes cabem à escola para que as diferenças sociais, culturais e
individuais não se transformem em desigualdades educacionais?
2. A seguir apresentamos uma seqüência de itens retirados do conteúdo desta
aula. Gostaríamos que você os relacionasse com os dois paradigmas
prevalentes na evolução histórica do atendimento à diversidade. Se o item se
refere ao paradigma da integração, marque-o com o número (1); se o item se
refere ao paradigma da inclusão, marque-o com o número (2).
( ) Adequação da pessoa com necessidades especiais à sociedade
( ) Atendimento diferenciado
( ) Metáfora do caleidoscópio
( ) Reabilitação
( ) Atendimento na rede regular de ensino
( ) Normalização
( ) Metáfora da cascata
( ) Adequação da sociedade à pessoa com necessidades especiais
As atividades propostas têm o fim de avaliar o objetivo fixado no começo desta
aula: compreender a evolução histórica do atendimento à diversidade nos
ambientes educacionais. Vejamos se você conseguiu alcançá-lo.
Na atividade um, certamente você apontou, em seu texto, que não basta
simplesmente acolher no ambiente escolar regular as pessoas com
deficiências.
A mera acolhida, sem o necessário auxílio e apoio suplementar, corre o risco de
constituir-se em uma nova segregação e exclusão. Portanto a escola deve estar
disposta a percorrer um fatigoso caminho de reestruturação de suas políticas e
práticas para o atendimento efetivo à diversidade que se dispõe a acolher.
Na atividade dois, se a seqüência estabelecida foi (1, 1, 2, 1, 2, 1, 1, 2), você
acertou. Os itens “Adequação da pessoa com necessidades especiais à
sociedade”, “Atendimento diferenciado”, “Reabilitação”, “Normalização” e
“Metáfora da cascata” relacionam-se com o paradigma da integração, cujo
principal objetivo é aproximar a pessoa com deficiência do padrão de
normalidade.
Os itens “Metáfora do caleidoscópio”, “Atendimento na rede regular de ensino”
e “Adequação da sociedade à pessoa com necessidades especiais” relacionam-
se ao paradigma da inclusão, cujo principal objetivo é a aceitação de um
mundo diversificado, não padronizado, onde cada um aprende a aceitar e
respeitar a própria diferença e a diferença do outro.
BRASIL. Ministério de Educação. Política nacional de educação especial.
Brasília:
SEESP, 1994.
______. Secretaria de Educação Especial. Escola de todos: é o Brasil aprendendo
e crescendo com as diferenças. Brasília: 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educar na
Diversidade. Módulo 2: o enfoque da educação inclusiva. Brasília: 2005.
FERREIRA, Elisa Caputo; GUIMARAES, Marly. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
AULA 07
Estrutura, funcionamento e legislação
da educação especial no Brasil
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• conceituar a estrutura e o funcionamento da educação especial a partir das
disposições legislativas nacionais e internacionais.
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa retomar as concepções
sociais e educacionais das deficiências ao longo da história da humanidade
(estudadas na aula dois deste caderno) e comparar definições e ações atuais
com as visões e os tratamentos da deficiência no passado.
Nesta aula, refletiremos sobre a visão dos mais importantes pronunciamentos
legislativos internacionais e nacionais em relação às pessoas com
necessidades especiais. Conheceremos, em nível internacional, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948), a Declaração de Jomtien (1990), a
Declaração de Salamanca (1994) e a Declaração de Guatemala (1999). Em
nível nacional, estudaremos a Constituição Federal (1988), a Lei n. 7.853/89, o
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e Bases
(1996), o Decreto n. 3.298/99, a Resolução CNE/CEB n. 2/01 e a Resolução
CNE/CEB n. 56/03.
No artigo 208, inciso III, a Constituição reza, de maneira mais específica, que é
dever do Estado assegurar atendimento educacional especializado às pessoas
com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
AULA 08
Proposta de inclusão educacional e
aceitação da diversidade
Trata-se, por vezes, de alunos que são vítimas das condições de pobreza em
que vivem, em todos os sentidos (MANTOAN, 2003). Esses alunos que repetem
várias vezes a mesma série são conhecidos, nas escolas, como sobra. A
maioria deles chega a ser expulsa da escola ou evade. Segundo Mantoan
(2003), as soluções comumente praticadas para se mudar essa situação
parecem não buscar as causas que geraram as dificuldades dos alunos. Muitas
vezes não passam de medidas imediatistas, quando, no entanto, deveriam ser
preventivas. Pretende-se resolver a situação a partir de ações que não buscam
novas saídas e que não vão a fundo das causas geradoras do fracasso escolar.
Esse fracasso continua sendo atribuído exclusivamente ao aluno, pois a escola
reluta em admitir sua parcela de responsabilidade.
Mantoan (2003, p. 28) atesta que a inclusão total irrestrita
[...] é uma oportunidade que temos para reverter a situação da
maioria de nossas escolas, as quais atribuem aos alunos as
deficiências que são do próprio ensino ministrado por elas. Sempre
se avalia o que o aluno aprendeu e o que ele não sabe. Mas
raramente se analisa o que a escola ensina, de modo que os alunos
não sejam penalizados pela repetência, evasão, discriminação,
exclusão.
Mantoan (2003) focaliza os questionamentos sobre a inclusão a partir de três
pontos, que são o alvo de toda ação inclusiva que queira revitalizar a educação
escolar:
• a questão identidade versus diferença;
• a questão legal;
• a questão das mudanças.
8.2 Identidade versus diferença
As propostas e as políticas educacionais sobre inclusão consideram e valorizam
verdadeiramente as diferenças na escola, ou seja, os alunos com deficiências e
todos os outros alunos excluídos?
As propostas distinguem e apreciam as diferenças como condição para que
exista progresso, transformação, ampliação e aprimoramento da educação?
De acordo com Mantoan (2003, p. 30), ao se avaliar as propostas de inclusão
dentro das escolas, emergem freqüentemente orientações predominantemente
conservadoras. Trata-se de atitudes de tolerância e de respeito, que, muitas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes
Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2001.
INEP. Provão 2001, cursos de Pedagogia. Disponível em: <http://www.inep.
gov.br/download/enc/2001/provas/Prova1-Pedagogia.PDF>. Acesso em: 22 jul.
2008.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? O que fazer?
São Paulo: Editora Moderna, 2003.
AULA 09
Diversidade, deficiência e cidadania
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• refletir sobre o papel da escola de acolher todas as diferenças, especialmente
aquelas relacionadas às necessidades especiais.
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa conhecer a perspectiva
conservadora no tratamento da deficiência e a questão identidade versus
diferença, trabalhadas na aula oito. Com base nisso, você poderá estabelecer
as devidas relações entre mitos e verdades da educação inclusiva.
Nesta aula, você terá oportunidade de conhecer mitos e verdades da educação
inclusiva, analisará a educação a partir de critérios sociais, culturais e políticos
que influenciaram as transformações do sistema educacional brasileiro.
Iniciaremos pelos princípios de valorização das diferenças e de inclusão no
espaço educacional: um desafio para os sistemas de ensino e para a legislação
específica.
Talvez em decorrência desse mito, na antiga Grécia, das crianças que nasciam
com deficiências poucas sobreviviam: algumas eram abandonadas, outras,
eliminadas. Isso não era visto como um ato de crueldade, mas como o
cumprimento das ordens dadas pelos deuses gregos.
De acordo com Ferreira e Guimarães (2003), o universo do homem é simbólico.
O ser humano vive em grupos familiares, sociais, profissionais, e é nesse
convívio que se determinam suas atitudes, ações e reações. A concepção
antropológica do grupo de pertença tem um peso considerável no
desenvolvimento da nossa auto-imagem. O homem age na sociedade em
consonância com os papéis sociais a ele atribuídos. Fica claro, portanto, que
certos preconceitos sociais, ainda que recusados com firmeza, exercem até
hoje uma influência profunda. Ferreira e Guimarães (2003, p. 70) afirmam que
os
[...] grupos minoritários – negros, índios, idosos e pessoas com
deficiências – são vistos não raro com reserva e distância. É
desgastante ao extremo para qualquer ser humano enfrentar o
“olhar público” de sua diferença. Pior desgaste é o constrangimento,
causado por atitudes preconceituosas camufladas de excesso de
zelo, como, por exemplo, a de impedir publicamente a curiosidade
infantil a respeito de uma bengala ou uma cadeira de roda.
A discriminação representa um peso social não só para a pessoa com
deficiência, mas para toda a sociedade. As definições de inclusão, vistas na
aula anterior, sinalizam, em sua dimensão sócio-histórica, a necessidade de
aprofundar as dimensões da diversidade. Isso implica na busca de
compreender a heterogeneidade, as diferenças individuais e coletivas, as
especificidades do ser humano e sobre tudo as diferentes situações vividas na
realidade social e no cotidiano escolar (BRASIL, 2002, p. 11). Precisamos refletir
sobre a diversidade na escola. De uma maneira tradicional a escola tem sido
vista, em sua organização, segundo critérios seletivos e classificatórios, em
conseqüência do enfoque homogeneizador do ensino. Isso se reflete em um
escola necessita refletir sobre sua prática pedagógica, questionar seus projetos
político-pedagógicos com olhar crítico, verificando sua concepção de
diversidade.
De acordo com Brasil (2000, p. 12), as manifestações sobre inclusão
consideram necessária uma política que tenha como objetivo a modificação do
sistema, a organização e a estrutura do funcionamento educativo e a
diversidade como eixo central no processo de aprendizagem na classe comum.
A mudança de entendimento ao que se refere o documento respalda-se na
confiança de que as mudanças estruturais, organizacionais e metodológicas
poderão atender às necessidades educativas e favorecer todos os estudantes,
independentemente de apresentarem algum tipo de deficiência.
No projeto político-pedagógico da escola, é necessário que fique explícito o
compromisso da escola sobre o processo de ensino-aprendizagem, com
provimento de recursos pedagógicos especiais necessários, apoio aos
programas educativos e capacitação de recursos pedagógicos especiais para
atender as diversidades dos alunos (DNEEEB, 2001, p. 27 citado por BRASIL,
2000).
Você teve a oportunidade de conhecer a discussão realizada acerca dos mitos e
das verdades da educação inclusiva, bem como analisar a educação inclusiva
em uma perspectiva social, cultural e política, que oferece suporte para as
transformações no ensino educacional brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação
inclusiva: atendimento educacional especializado para a Deficiência Mental.
Brasília: 2005.
______. Secretaria da Educação Especial. Estratégias e orientações pedagógicas
para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais:
introdução. Brasília: 2002.
______. Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e a permanência de todos os
alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília,
2000.
AULA 10
Adaptações curriculares para alunos
com necessidades especiais
Vimos que uma política inclusiva não pode limitar-se à inserção física das
pessoas com necessidades especiais nas salas regulares de ensino. Deve-se,
de fato, promover uma reestruturação das concepções curriculares de ensino e
até dos espaços físicos e das metodologias de ensino. Deve-se repensar a
escola.
Por isso, estudamos, nesta aula, as tendências curriculares contemporâneas e
o tratamento dado à diversidade pelas Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, instituídas mediante a Resolução 2/01.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação
inclusiva: atendimento educacional especializado para a Deficiência Mental.
Brasília, 2005.
______. Secretaria da Educação Especial. Estratégias e orientações pedagógicas
para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais:
Introdução. Brasília: 2002.
______. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação.
Parecer CNE/CEB 4/98. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/
pdf/PCB04_1998.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2008.
AULA 11
O professor e o processo de inclusão
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• compreender a importância de uma formação específica para o atendimento
educacional diferenciado.
Para um bom aproveitamento desta aula, você precisa conhecer a discussão
sobre adaptação curricular para alunos com necessidades especiais, realizada
na aula 10. De fato o primeiro passo a ser dado no processo formativo de um
A Resolução 2/01, como vimos na aula 10, institui diretrizes nacionais para a
educação especial na educação básica e ressalta que cabe aos sistemas de
ensino estabelecer normas para seu funcionamento, elaborar seu projeto
político-pedagógico e contar com professores capacitados e especializados.
São considerados hábeis a atuar em classes comuns com alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais aqueles que comprovem que,
em sua formação, tiveram componentes curriculares relativas à educação
especial. Tais professores devem ser competentes em flexibilizar a ação
pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento, de modo adequado às
necessidades especiais de aprendizagem; avaliar continuamente a eficácia do
processo educativo para o atendimento de necessidades educacionais
especiais; atuar em equipes multidisciplinares, inclusive com professores
especializados em educação especial.
São considerados professores especializados em educação especial aqueles
que sabem identificar as necessidades educacionais especiais, para definir,
implementar, liderar e apoiar a implementação de estratégias de flexibilização,
adaptação curricular, procedimentos didático-pedagógicos e práticas
alternativas, adequados ao atendimentos das mesmas, bem como trabalhar
em equipe, assistindo o professor de classe comum nas práticas que são
necessárias para promover a inclusão dos alunos com necessidades
educacionais especiais.
Os professores especializados em educação especial deverão comprovar
formação em cursos de licenciatura em educação especial ou em uma de suas
áreas, preferencialmente de modo concomitante e associado à licenciatura
para educação infantil ou para os anos iniciais do ensino fundamental;
complementação de estudos ou pós-graduação em áreas específicas da
educação especial.
Aos professores que já estão exercendo o magistério devem ser oferecidas
oportunidades de formação continuada, inclusive em nível de especialização,
pelas instâncias educacionais federais, estaduais ou municipais.
A Libras deve ser inserida como componente curricular obrigatória nos cursos
de formação de professores para o exercício do magistério. Além disso, a
legislação brasileira (Decreto n. 5.626/05; Lei n. 10.098/00) estabelece que a
Libras deve ser ofertada como componente curricular optativa nos demais
cursos de educação superior e na educação profissional.
A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino
fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em
nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras
ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa.
Somente com a realização de ações desse tipo, o profissional da educação
estará realmente habilitado para educar na diversidade.
Essa preocupação com os profissionais que atuam nas salas de aula regular ou
nas salas de recursos veio ao encontro das reais necessidades tanto dos
professores como dos alunos. Observa-se, atualmente, nas escolas regulares
do nosso País, um grande número de alunos com perdas auditivas severas que
pode, assim, beneficiar-se dessas medidas formativas e educacionais previstas
nos textos legislativos.
Vimos que existe uma demanda crescente de formação específica para a
inclusão. Tratamos dos requisitos necessários a um formador que queira
trabalhar na perspectiva da inclusão das diferenças. Observamos como tudo
isso se apóia numa base legislativa peculiar e em políticas públicas próprias.
AULA 12
Educação inclusiva: modalidade de
ensino