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ANO
https://www.tsf.pt/stream/audio/2016/05/noticias/12/reportagem12.mp3
NB: O exercício baseia-se apenas nos primeiros 4 minutos e 15 segundos do recurso áudio.
1. Para cada item (1.1. a 1.4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
1.2. O querer acreditar faz parte do teatro, pois uma peça de teatro
(A) conta com a nossa capacidade de acreditar.
(B) pede-nos que façamos o esforço de ver o que ela nos quer mostrar e de ouvir o
que ela nos conta.
(C) pretende que os espetadores compreendam que o que ela nos diz é a única
realidade.
1.3. O Teatro Nacional D. Maria II foi criado com o objetivo de ser um espaço que
(A) aperfeiçoasse a moral dos homens e lhe mostrasse peças de teatro.
(B) estimulasse o bom gosto e a capacidade de selecionar bom teatro.
(C) estimulasse bons princípios e valores e orientasse as boas escolhas teatrais.
Grupo II – Leitura
Gil Vicente
Nascido pela década de 1460-70, Gil Vicente viveu num período de intensa centralização
do poder régio e na época áurea da Expansão portuguesa. A sua produção literária […]
estende-se de 1502 a 1536, abrangendo, desta forma, parte do reinado de D. Manuel I e parte
do reinado de D. João III.
5 Se as suas obras são, nos primeiros anos, de cariz fundamentalmente religioso e
representadas em momentos de maior reflexão e fervor religioso, seja no Natal, nos Reis, na
Quaresma ou aquando da procissão do Corpus Christi, tal facto não obstou a que o gérmen1 da
sua crítica e condenação tanto moral como social estivesse já bem delineado no Sermão que
em 1506 expõe em Abrantes à rainha D. Leonor. A partir de então, qualquer das suas peças,
10 quer de cariz religioso, quer de características profanas2, por altura de festas religiosas ou em
exortação de determinados acontecimentos, como a chegada de uma armada da Índia, a
partida de uma expedição guerreira para o Norte de África ou o nascimento de príncipes, o
casamento e a partida de princesas, os desponsórios3 e entradas de reis, qualquer das
representações, dizíamos, contém, com maior ou menor profundidade, um olhar crítico às
15 diversas facetas da sociedade portuguesa sua contemporânea.
Ao privilegiar na sua atenção esta ou aquela figura, estas ou aquelas camadas sociais,
este ou aquele problema de ordem espiritual ou socioeconómica, pretende, utilizando
determinados utensílios mentais, atingir um objetivo bem concreto, e é precisamente no
sentido de captar esse mecanismo ou estratégia que traduz a sua perspetiva de observar ou
20 levantar problemas, que nos iremos deter sobre a obra de Gil Vicente. […]
Que fatores de condenação encontra Gil Vicente na sociedade do seu tempo? Como os
traz a lume, explícita ou implicitamente? Que posição toma em relação a eles? Por outro lado,
que soluções encontra ou que vias de resolução aponta para endireitar esse mundo que
caminha à sua volta, “de cara atrás”?
25 Não poderemos esquecer que Gil Vicente é um indivíduo que nos surge ligado à Corte, à
família real, para que representa, um homem profundamente religioso que vive numa época
de grandes polémicas e agitação de ordem espiritual […]. A época permite-lhe, portanto,
determinadas liberdades de expressão, impondo-lhe, em contrapartida, uma tomada de
posição no que respeita à obediência e ao respeito por funções e instituições.
1. Para responderes a cada item (1.1. a 1.4.), seleciona a opção que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto.
(A) abordavam temas religiosos e foram representadas na Corte sempre que os reis
queriam.
1.3. A partir de 1506, a perspetiva crítica de Gil Vicente passou a estar presente
Seleciona a Parte A.1 – “Auto da Barca do Inferno” – ou a Parte A.2 – “Auto da Índia” – em
função do texto que leste nas aulas. Responde apenas às questões relativas ao texto lido.
1 Onzeneiro: o que empresta dinheiro a um juro 9 pera o barqueiro/nom me leixaram nem tanto: não me
excessivo (11%). deixaram nem uma moeda para dar ao barqueiro.
2 caminhais: navegais, ides. 10 São Pimentel: personagem da época.
5 çafra: colheita, tarefa de amealhar dinheiro. 13 Dix: já disse (exprime medo e surpresa).
6 me deu Saturno quebranto: morri (me fez Saturno 14 avantagem: vantagem, superioridade.
15 Haveis logo de partir?: Estais preparado para partir?
morrer). Saturno é o deus do tempo, a divindade
16 cant’eu: quanto a.
responsável pela duração das vidas humanas.
7 mui muito: muitíssimo. 17 mui fora estou: não estou de acordo.
8 nom vos livrar o dinheiro: não vos livrar o dinheiro da 18 quem te enganou: o diabo.
morte.
PARTE A.2
Seleciona a Parte A.1 – “Auto da Barca do Inferno” – ou a Parte A.2 – “Auto da Índia” – em
função do texto que leste nas aulas. Responde apenas às questões relativas ao texto lido.
1 Jesu: forma popular de Jesus. 13 como pode vir a pêlo?: a que propósito vem isto?
2 ora: agora. 14 isso é quem porcos há menos: isso não é de temer.
3 mal estreada: desastrada. 15 são meus desejos que fique: que o meu marido fique.
4 cuidei: pensei. 16 está muito a pique: está prestes a largar.
5 gamo: marido enganado. 17 Arreceio al de menos: receio outra coisa, isto é, que já
6 leixa: deixa. não parta.
7 anojada: aborrecida. 18 Andei na má-hora: fartei-me de trabalhar.
8 eramá: em má hora (interjeição). 19 e agora dizem que não: e agora dizem que já não parte.
9 desconcerto: disparate. 20 Agasta-se-m’o coração,/que quero sair de mim: Estou
10 O Concelos: provavelmente, Jorge de Vasconcelos. tão desesperada que nem sei o que sinto.
11 faz: disse. 21 s’é assim: se a nau parte.
12 Restelo: praia do Restelo, em Belém.
1. Explica de que modo o sentido da expressão “Por qual demo ou por qual gamo” (v. 8)
contribui para a caracterização da Ama.
2. Explicita a expressividade da ironia presente na afirmação “Como me leixa saudosa!”. (v. 10)
3. Justifica a utilização da expressão “má hora” (v. 28) no contexto da situação vivida pela Ama.
PARTE B
Explica o modo como esta definição pode ser aplicada ao “Auto da Barca do Inferno” ou ao
“Auto da Índia”, de Gil Vicente.
Grupo IV – Gramática
1. Associa as palavras sublinhadas nas frases da coluna A à classe que lhes correspondem na
coluna B.
Coluna A Coluna B
(1) Advérbio
(a) Sempre que leio uma peça vicentina,
(2) Preposição
fico bem disposto.
(3) Conjunção
(b) A peça começou mesmo agora. (4) Locução conjuncional
(5) Locução adverbial
(c) O intervalo durou até às 22 horas.
2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), seleciona a opção que completa cada
afirmação.
2.1. O conjunto constituído apenas por formas que pertencem ao mesmo modo verbal é
(A) metátese.
(B) síncope.
(C) epêntese.
(D) paragoge.
Grupo V – Escrita
PROPOSTA DE CORREÇÃO/COTAÇÃO
Grupo I
Pontuação
1.1. (C) 3
1.2. (B) 3
1.3. (C) 3
1.4 (B) 3
Total parcial 12 pontos
Grupo II
1.1. (A) 3
1.2. (C) 3
1.3. (B) 3
1.4. (C) 3
Total parcial 12 pontos
Grupo III
Parte A.1
1. A expressão, ao ser utilizada pelo Diabo, corresponde a uma forma de acusação/condenação
do Onzeneiro mal ele entra em cena, pois o Diabo pretende demonstrar que o Onzeneiro
6
vem carregado de pecados que cometeu em vida. Por isso, considera-o seu “parente”, ou
seja, um elemento que pratica o mal, pecando.
2. A ironia permite, por um lado, caracterizar o Onzeneiro como uma personagem que atribuía
muita importância ao dinheiro, considerando que ele o livraria de todos os problemas e tudo
justificava; por outro, serve como argumento de acusação que justifica a sentença de 7
condenação apresentada pelo Diabo. Por fim, a ironia é ainda uma forma de cómico de
linguagem.
3. O Anjo afirma que o Onzeneiro foi enganado pelo Diabo («quem te enganou» (v. 35)),
evidenciando que este tem imensos pecados, pelo que não o poderá receber na sua barca. 6
Logo, ele terá de ir na barca do Diabo.
Total parcial A.1 19 pontos
Parte A.2
1. Estas expressões fazem alusão ao marido da Ama, que acabou de partir na armada para a
Índia. O recurso a termos como “demo” ou “gamo” permite caracterizar a Ama como uma
esposa que não tem sentimentos como amor, amizade ou respeito pelo marido, pois esta 7
está disposta inclusive a trai-lo na sua ausência, o que é sugerido pelo termo “gamo”, que
evoca simbolicamente a imagem do marido enganado.
2. A ironia presente na expressão permite caracterizar o caráter da Ama como uma mulher
insensível e desleal porque esta, ao contrário do que seria de esperar numa situação desta
6
natureza, não está triste pela partida do marido nem conta sentir saudades dele na sua
ausência.
3. A expressão “má-hora” refere-se ao tempo durante o qual a Ama andou a preparar a partida
do marido, confecionando comida para este levar na viagem. Neste momento, perante a
6
possibilidade de a armada não partir, a Ama considera que tudo foi tempo perdido, pois ela
só terá feito o esforço para ver o marido longe de si, o que agora pode não ocorrer.
Total parcial A.2 19 pontos
Parte B
4. “Auto da Barca do Inferno”
Por exemplo:
A personagem Frade, em “Auto da Barca do Inferno”, está ao serviço da máxima ridendo
castigat mores, porque, ao estar associado ao cómico de situação, em ocasiões como aquela
em que dança em palco, imitando as danças de salão, e ao cómico de caráter, por trazer
consigo a moça Florença, permite criticar a falta de moralidade e de respeito pelos princípios
da religião católica de alguns representantes da Igreja.
7
4. “Auto da Índia”
Por exemplo:
A personagem Ama, em “Auto da Índia”, está ao serviço da máxima ridendo castigat mores,
porque, ao estar associada ao cómico de situação, como no momento em que mantém o
Castelhano na rua, e de cómico de caráter, sempre que dá a entender que está feliz pela
partida do marido, permite criticar a falta de moralidade daquelas que são desleais para com
os maridos que partem para longas viagens.
Grupo IV
1. (a) – (4); (b) – (1); (c) – (2) 3
2.1 (A) 3
2.2. (C) 3
2.3. (C) 3
3. (C), (D) 3
4. Gil Vicente tê-las-ia escrito inspirando-se na sociedade portuguesa. 5
Total parcial 20 pontos
Grupo V
Total parcial 30 pontos