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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
DOCENTE: SIL FRANCILEY DOS SANTOS QUARESMA

ADRIELLE DE SOUSA NASCIMENTO –201507540010

MÉTODOS NUMÉRICOS EM ENGENHARIA QUÍMICA

DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ATRITO DA EQUAÇÃO DE COLEBROOK


UTILIZANDO OS MÉTODOS DE NEWTON-RAPHSON, BISSEÇÃO E FALSA
POSIÇÃO

Belém – PA
20 de junho de 2017
1. INTRODUÇÃO

De acordo com FOX, PRITCHARD e McDONALD (2011) a Mecânica dos Fluidos


estuda os fluidos em repouso ou movimento e apresenta diversas aplicações em projetos
engenharia, dentre eles o projeto de bombas, compressores, tubulações e dutos usados
nos sistemas de água e condicionamento de ar de casas e edifícios, além dos projetos de
sistemas de bombeamento necessários na indústria química.
Durante o dimensionamento de sistemas de bombeamento a perda de pressão no
escoamento do fluido causada pela conversão de energia mecânica em energia térmica
devido ao atrito nas seções do tubo e dos acessórios, tais como válvulas, bocais e
joelhos deve ser considerada. Para se determinar essas perdas, é possível realizar um
balanço de energia do sistema entre dois pontos no sentido do fluxo, tal como na
Equação 1, na qual o lado direito, hlt , representa a perda de carga total do processo, pi a
pressão no ponto, Vi a velocidade média da seção, αi o fator e correção da energia
cinética, g a aceleração da gravidade e zi o termo relacionado à altura.
𝑝1 𝑉12 𝑝2 𝑉22
+ 𝛼1 + 𝑔𝑧1 − ( + 𝛼2 + 𝑔𝑧2 ) = ℎ𝑙𝑡
𝜌 2 𝜌 2 (1)
Segundo WHITE (2011) a perda de carga também pode ser estimada pela Equação
2, sendo 𝑓 o fator de atrito de Darcy, uma função do número de Reynolds Re e da
rugosidade adimensional 𝜀/𝑑 do material, obtida experimentalmente. A fórmula de
Colebrook, equação 3, é uma das expressões utilizadas para a determinação de 𝑓,
especialmente para processos turbulentos. Porém, por ser uma função implícita sua
solução geralmente se dá por métodos numéricos. Dentre eles, é possível se utilizar os
métodos de busca incrementais da bisseção e da interpolação ou falsa posição, ou o de
método aberto de Newton-Raphson.
𝐿 𝑉2
ℎ𝑙𝑡 = 𝑓
𝐷 2𝑔 (2)
𝜀
1 𝑑 2,51
= −2,0 log ( + )
√𝑓 3,7 𝑅𝑒 √𝑓
(3)

Nos métodos de busca incremental, por meio de estimativas inicias, há a localização


de um intervalo [a,b] no qual a função muda de sinal, pois geralmente este se inverte na
vizinhança de uma raiz. Então, a posição da mudança de sinal é identificada mais
precisamente dividindo-se o intervalo em diversos subintervalos e procurando-se a
localização da mudança de sinal. O processo é repetido e a estimativa da raiz é refinada
dividindo-se os subintervalos em incrementos menores até atingir um erro pré-
estabelecido (CHAPRA e CANALE, 2011).
Segundo CHAPRA e CANALE (2011) cada um dos métodos de busca incremental
utiliza estratégias diferentes para diminuir a largura do intervalo e aproximar-se da
resposta correta. No método da bissecção utiliza-se para isto a sucessiva divisão de [a,b]
ao meio, determinando o valor aproximado da raiz pela Equação 4 (RUGGIERO e
LOPES, 1988). Já o método da falsa posição se baseia na percepção gráfica da função,
onde f(a) e f(b) são ligados por uma reta, e, por triângulos semelhantes, calcula-se a
intersecção desta com o eixo x estipulando um valor para a raiz, conforme a Equação 5.
Esse valor então substitui qualquer das duas aproximações iniciais 𝑥𝑏 ou 𝑥𝑎 que forneça
um valor da função com o mesmo sinal que f(𝑥𝑘 ). (CHAPRA e CANALE, 2011).
𝑥𝑏 + 𝑥𝑎
𝑥𝑘 = (4)
2

𝑥𝑎 . 𝑓(𝑥𝑏 ) − 𝑥𝑏 . 𝑓(𝑥𝑎 ) (5)


𝑥𝑘 =
𝑓(𝑥𝑏 ) − 𝑓(𝑥𝑎 )
Os métodos abertos, por sua vez, são baseados em equações que exigem apenas um
único valor inicial de x ou dois valores iniciais que não delimitam necessariamente a
raiz. Como tal, eles algumas vezes divergem ou se afastam da raiz verdadeira à medida
que os cálculos prosseguem (CHAPRA e CANALE, 2011).
O método de Newton-Raphson é um método aberto que utiliza a Equação 6 para
determinar a raiz. Se a aproximação inicial da raiz for 𝑥𝑘 , pode-se estender uma reta
tangente a partir do ponto [𝑥𝑘 , f(𝑥𝑘 ).]. O ponto onde essa tangente cruza o eixo x
usualmente representa uma estimativa melhorada da raiz (CHAPRA e CANALE, 2011).
f(𝑥𝑘 )
𝑥𝑘+1 = 𝑥𝑘 − (6)
f ′ ( 𝑥𝑘 )

Diante disso, este trabalho tem como objetivo verificar o comportamento do fator de
atrito de Darcy 𝑓 com a variação do número de Reynolds Re e da rugosidade
adimensional 𝜀/𝑑 utilizando os três métodos expostos para a resolução da Equação 3
por meio de uma planilha eletrônica , comparando-os, quando 𝜀/𝑑 for 0,05 e 0,001,
para Re igual a 3.103, 5.103, 1.104 e 2.104.
2. METODOLOGIA
Por meio de uma planilha eletrônica os métodos da Bissecção, Falsa posição e
Newton-Raphson foram utilizados na determinação de 𝑓 por meio da raiz da Equação 7,
forma reescrita da Equação 3, com um erro relativo (equação 8) inferior a Er < 1.10-4,
para as combinações de 𝜀/𝑑 igual a 0,05 e 0,001, e Re 3.103, 5.103, 1.104 e 2.104.
𝜀
𝑑 2,51 1
𝑓(𝑥) = −2,0 log ( + )− (7)
3,7 𝑅𝑒 √𝑥 √𝑥

|𝑥𝑘+1 − 𝑥𝑘 |
𝐸𝑟 = (8)
𝑥𝑘+1

Para os métodos da bissecção e interpolação adotou-se o seguinte procedimento,


para o intervalo inicial [0,01,0,4], em cada uma das combinações de 𝜀/𝑑 e Re:
1) Criar uma coluna para cada uma das variáveis, sendo estas a, b, 𝑥𝑘 , f(a), f(b),
f(𝑥𝑘 ), f(a).f(b), f(a). f(𝑥𝑘 ) e Er.
2) Estipular os extremos [a,b] de modo que, pela equação 7, f(a).f(b)<0.
3) Obter o valor de 𝑥𝑘 , estimativa da raiz. Para o método da bissecção, pela
Equação 4 e para o da falsa posição, Equação 5. Calcular a função no ponto
f(𝑥𝑘 ) pela Equação 7.
4) Determinar em qual subintervalo a raiz está pelo procedimento abaixo:
a) Se f(a).f(𝑥𝑘 )<0, a raiz está no subintervalo [a, 𝑥𝑘 ], por isso, faça b = 𝑥𝑘 e
repita o passo 3;
b) Se f(a).f(𝑥𝑘 )>0, a raiz está no subintervalo [ 𝑥𝑘 , b], por isso, faça a= 𝑥𝑘 e
repita o passo 3;
c) Se f(𝑥𝑘 )< 1.10-4 ou o erro pré-estabelecido for atingido (Er < 1.10-4), a raiz é
igual a 𝑥𝑘 ; pare os cálculos.
Já para o método de Newton-Raphson, determinou-se, primeiramente, a Equação
9, derivada da função objetivo, pelo software Mathematica 9.0. Em seguida, para
cada uma das combinações de 𝜀/𝑑 e Re, utilizou-se o procedimento abaixo, para 𝑥0 =
0,01:
1) Criar uma coluna para cada uma das variáveis, sendo estas 𝑥𝑘 , f(𝑥𝑘 ), f ’(𝑥𝑘 ) e
Er;
2)Estipular 𝑥0 , um valor inicial para 𝑥𝑘 ;
3)Determinar os próximos possíveis valores para a raiz pela equação 6;
a) Se o erro pré-estabelecido for atingido (Er < 1.10-4) ou f(𝑥𝑘 )< 1.10-4, a raiz é
𝑥𝑘 ; pare os cálculos.
b) Caso não haja convergência, retornar ao passo 2.
0,5 1,0900791495771618
f ’(𝑥) = + (9)
𝑥 1,5 0,27027027027027023𝑒 2,51
𝑓 1,5 ( + 0,5 )Re
𝑑 𝑥 Re

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados obtidos pelos três métodos estão presentes na Tabela 1, sendo f o fator
de atrito calculado, k o número de iterações necessárias e Er (%) o erro relativo
percentual encontrado. A partir dela, verifica-se que estes métodos fornecem o mesmo
valor para o fator de atrito ao se analisar até a quarta casa decimal, uma consequência
do erro relativo pré-estabelecido. Assim, têm-se que é possível obter bons resultados
com estes métodos desde que seja escolhido um intervalo inicial [a,b] coerente com o
fenômeno físico estudado.
Tabela 1- Resultados dos métodos da Bissecção, Falsa Posição e Newton-Raphson
Dados Bissecção Falsa posição Newton-Raphson
ε/d Re 𝒇 Er (%) k 𝒇 Er (%) k 𝒇 Er (%) k
3000 0,078668 7,56.10-3 15 0,078697 9,66.10-3 32 0,078673 2,14.10-3 7
5000 0,075942 7,84.10-3 15 0,075967 8,38.10-3 32 0,075947 2,14.10-3 7
0,05
10000 0,073800 8,06.10-3 15 0,073823 9,86.10-3 31 0,073801 2,40.10-3 7
20000 0,072693 8,19.10-3 15 0,072710 9,19.10-3 31 0,072690 1,01.10-3 7
3000 0,044411 6,01.10-3 16 0,044417 7,84.10-3 22 0,044411 6,01.10-3 7
5000 0,038496 7,73.10-3 16 0,038500 8,49.10-3 20 0,038496 8,92.10-3 7
0,001
10000 0,032384 9,19.10-3 16 0,032388 7,86.10-3 18 0,032382 2,04.10-3 6
20000 0,027947 5,32.10-3 17 0,027948 9,24.10-3 16 0,027946 2,29.10-3 6

Ademais, o procedimento de Newton-Raphson foi o que necessitou de um


número menor de iterações, aproximadamente 7, ao passo que o da interpolação foi, em
média, o que requereu mais iterações para as estimativas iniciais fornecidas, podendo
indicar um maior gasto computacional. No entanto, o método de Newton- Raphson
apresenta como empecilho o uso da derivada da função, que nem sempre é facilmente
obtida.
Ao se estudar a relação entre a média do fator de atrito obtido por cada método,
o número de Reynolds e rugosidade adimensional, gerou-se a Figura 1, na qual se
apresenta log10(f) em função de log10(Re), gerando duas curvas, uma para valor de ε/d.
Para o intervalo analisado, tem-se que ao fixar um valor para e/d, o aumento no número
de Reynolds provoca uma diminuição do fator de atrito, especialmente para ε/d=0,001.
Além disso, o fator de atrito foi superior quando ε/d=0,05 para cada número de
Reynolds, devido a sua curva estar acima da curva gerada por ε/d=0,001.

Figura 1- Relação gráfica entre as variáveis estudadas

4. CONCLUSÃO
Assim, foi possível verificar que 𝑓 diminui com o aumento do número de Reynolds
para um valor fixo de ε/d, além de que 𝑓, e consequentemente a perda de carga, é maior
quando o material é mais rugoso. Os três métodos analisados forneceram resultados
similares para os fatores de atrito calculados, porém o Método de Newton-Raphson foi
o que convergiu mais rapidamente, seguido do método da bissecção e o da interpolação.
5. REFERÊNCIAS
RUGGIERO, M. A. G; LOPES, V. L. R. Cálculo Numérico: Aspectos teóricos e
computacionais.1.ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1988.
WHITE, Frank M. Fluid mechanics. 7th. ed. New York: McGraw-Hill, 2011.
FOX, Robert W.; MCDONALD, Alan T.; PRITCHARD, Philip J. Introdução à
mecânica dos fluidos.7. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos, 2011.
CHAPRA, Steven C.; CANALE, Raymond P. Métodos numéricos para engenharia
[Recurso Eletrônico].5. ed. Porto Alegre : AMGH, 2011.

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