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ARTIGO

TERRÆ DIDATICA 5(1):63-71, 2009 S. F. M. Figueirôa

História e Filosofia das Geociências:


relevância para o ensino e formação
profissional*1
Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa
Departamento de Geociências Aplicadas ao
Ensino, Instituto de Geociências (Unicamp)
figueiroa@ige.unicamp.br

Abstract HISTORY AND PHILOSOPHY OF GEOSCIENCES:


RELEVANCE FOR EDUCATION AND TRAINING. This article points
out some important relations between the history and philosophy of sciences, and
geosciences education to the professional formation of geoscientists and future teachers.
* Este artigo deve ser referido After a brief survey of the discussions on the relations between the above mentioned
como segue: fields all long the past 50 years, aiming at stressing some pedagogical roles that his-
tory, and philosophy of sciences may play, the text uses a recent geological example
Figueirôa S. F. M., 2009. in order to put together conclusions advanced by some classical papers about sciences
História e Filosofia das
Geociências: relevância and geosciences. It concludes by reinforcing the relevance of historical and epistemo-
para o ensino e formação logical reflections for the improvement of professional formation, and for the renewal
profissional. Terræ Didatica, of educational practices.
5(1):63-71<http://
www.ige.unicamp.br/
terraedidatica/> Keywords History of science, philosophy of science, geosciences education.
1 Este artigo é o texto integral,
com alguns acréscimos, Resumo Este artigo aponta relações importantes entre a História, a
da palestra proferida no Filosofia e a Educação em Geociências para a formação profissional de geocientistas
44º Congresso Brasileiro
de Geologia (Curitiba-PR,
e futuros professores. Parte de um breve levantamento das discussões acerca das re-
2008), no âmbito do Simpósio lações entre os mencionados campos do conhecimento ao longo dos últimos 50 anos,
45 (História, Filosofia e salientando alguns papéis didáticos que a História e a Filosofia podem desempenhar.
Divulgação em Geociências). A seguir, usa um exemplo recente em Geologia para articular as reflexões de alguns
Agradeço ao colega Maurício
Compiani, bem como aos
trabalhos clássicos sobre as Ciências e as Geociências. Conclui reforçando a relevância
participantes da sessão e das reflexões históricas e epistemológicas para aprimoramento da formação profissional
aos dois referees, pelos e para a renovação de práticas educativas.
comentários e questões que
me auxiliaram a melhorar
o texto. Palavras-chave História das ciências, filosofia das ciências, ensino de
Geociências.

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Introdução Na mesma época, em 1953, uma palestra do físico


Bernhard I. Cohen para professores propunha
Há quase 20 anos, tive a oportunidade de a adoção de uma percepção histórica na Ciência
discutir as relações entre a História da Geologia (Cohen 1993).1
e a formação dos geólogos num artigo publicado Nota-se que tal temática não é nova e inúmeros
na Revista Brasileira de Geociências (Figueirôa trabalhos vêm sendo publicados, há muito tempo.
1989). Neste texto, minha principal motivação No Brasil, a História das Ciências e da Tecnologia é
relacionava-se ao preocupante quadro de alta evasão ministrada nos cursos de Física, Química, Biologia,
nos cursos de Geologia que se verificava à época e História e Arquitetura da USP desde os anos 1960-
a proposta central era: 70. Nos eventos organizados pela Sociedade Brasileira
de História da Ciência (SBHC), assim como nos da
“(...) mostrar o papel duplamente benéfico que pode Sociedade Latino-americana de História das Ciências e
ser jogado pela História das Ciências Geológicas, tanto da Tecnologia (SLHCT), temas relativos à História
na reflexão e busca de novos rumos para a Geologia das Ciências & Tecnologia e ensino têm estado
quanto no aprimoramento da formação profissional,
presentes com regularidade desde os primeiros
de modo a formar o almejado geólogo crítico, capaz de
encontros nos anos 1980. No âmbito das Ciências
contribuir, com sua prática técnico-científica, à supera-
ção da própria crise” (Figueirôa op.cit.:507). geológicas, cabe destacar o pioneirismo do curso
de graduação em Geologia do IG/UNICAMP,
que incluiu “História das Ciências Naturais”
Esse panorama sombrio, felizmente, se alterou como disciplina obrigatória desde sua criação,
de forma positiva e notável. A pergunta, portanto, em 1997, assim como da recente Licenciatura em
que faço atualmente e à qual vou procurar respon- Geociências da USP, que inseriu “História das
der neste texto é: ainda há um papel para a História e Ciências” em sua grade curricular. No Programa
a Filosofia das Ciências geológicas na educação? Em caso de Pós-Graduação em Geociências do Instituto
afirmativo, qual? de Geociências da UFRGS foi introduzida desde
1994 a disciplina GEP19-2 Epistemologia da Geologia
e, no curso de graduação dessa mesma instituição,
História, filosofia & ensino: uma breve a disciplina Geo 04021 Epistemologia e História da
revisão e alguns exemplos Geologia, passou a figurar desde 2003. Igualmente,
os núcleos básicos dos recém-criados cursos da
Tanto a História quanto a Filosofia das Ciências Universidade Federal do ABC e da Faculdade de
em geral são disciplinas estabelecidas há mais de Ciências Aplicadas da UNICAMP, esta no novo
século, bem como os vários ramos das Geociências, campus em Limeira, incorporaram as disciplinas
particularmente da Geologia. Do mesmo modo, o de História e Filosofia das Ciências.
ensino de Ciências, incluindo o de Geociências, Embora as reflexões datem de décadas, atual-
também acumula reflexões e propostas há muitas mente ainda se questiona a relevância da História
décadas. Basicamente, as sugestões de associação e Filosofia das Ciências, como se vê pela seção
entre História e Filosofia das Ciências e Educação Focus do mais recente número da quase centenária
passaram a ocorrer de forma mais sistemática após ISIS, revista internacional de História das Ciências,
o segundo pós-guerra, em grande medida como cujos editores se perguntam: “Que diferença, afinal,
resposta às trágicas consequências das aplicações da faz a História das Ciências?” (Maienschein & Smith
Ciência & Tecnologia, principalmente as pesquisas 2008). O conjunto de artigos apresentados nesse
que culminaram na produção da bomba atômica. A número, fruto de debates de um colóquio, acaba
partir de questionamentos dos efeitos nefastos da por responder afirmativamente à questão, reforçan-
aliança Ciência & Tecnologia (daqui em diante, C do a validade da História e Filosofia das Ciências
& T), propunha-se que a educação científica ser- tanto para os cientistas quanto para o ensino de
visse para a formação de uma ‘consciência cidadã’ Ciências, e também para a formulação de políticas
das implicações sociais e tecnológicas da Ciência de C & T. No caso do ensino, são corroborados os
(Figueirôa & Lopes 1996). Uma proposta concreta diversos papéis que a História das Ciências pode
foram os Harvard Case Histories, implantados na dé-
1 Esta palestra conheceu uma republicação comemorativa 40 anos depois,
cada de 1950 pelo então reitor James B. Connant. em 1993.

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desempenhar na educação, como aqueles já listados cidadãos em geral. Para mencionar um exemplo
por Michael Matthews, editor da revista Science de atualidade e importância crescentes, até
and Education, em artigo de 1992. Para este autor, a mesmo para as Geociências, tomemos a expansão
História das Ciências poderia: do fundamentalismo cristão, o ressurgimento
do Criacionismo e os ataques ao Darwinismo
“Humanizar as Ciências e aproximá-la mais dos e à Ciência em geral. A História das Ciências
interesses pessoais, éticos, culturais e políticos; tornar poderia auxiliar a compreensão dos conflitos
as aulas mais estimulantes e reflexivas, incrementando existentes, trazendo à atualidade as consequências
a capacidade do pensamento crítico; contribuir para
para o ensino e aprendizagem das disciplinas que
uma maior compreensão dos conteúdos científicos, [...];
envolvem estes temas, não somente nos níveis
melhorar a formação dos professores contribuindo para
o desenvolvimento de uma epistemologia da Ciência fundamental e médio, mas também no ensino
mais rica e mais autêntica, isto é, um melhor conheci- universitário, de onde não estão ausentes2. Os
mento da estrutura de Ciência e de seu lugar no marco historiadores das Ciências há muito reconheceram
intelectual das coisas” (Mathews 1995: 165). que a imagem de conflito entre “Ciência”, de um
lado, e “Religião”, no outro oposto, é produto de
circunstâncias sociais e políticas específicas do
Outros, como Diana Obregón (Obregón 1996: final do século XIX. Como lembra o historiador
543), afirmam que a História da Ciência deve se das Geociências Martin Rudwick (2005: 6), até o
constituir em: final do século XVII todos os cronólogos – aqueles
dedicados à Ciência da Cronologia, como o famoso
“(...) valiosa ferramenta tanto para o ensino como Bispo Ussher, da Irlanda, que calculou a data exata
para o próprio trabalho científico. O conhecimento de criação da Terra, ou o próprio Isaac Newton,
da história de uma Ciência permite desenvolver a dentre vários outros –, tentavam dar precisão
capacidade crítica, o espírito de análise e de precisão,
àquilo que era, naquele tempo, geralmente aceito
e a atitude atenta e curiosa indispensável para o pen-
sem maiores discussões, ou seja: o mundo tinha
samento científico”.
uma história curta e finita, quase equivalente, em
termos de duração, à história humana. Mesmo
Outro papel relevante para a História e Filosofia quando as rochas e, sobretudo, os fósseis foram
das Ciências na educação científica tem sido o de introduzidos nos debates no final do século XVII,
localizar os ‘conceitos estruturantes’ dos conteúdos acabaram sendo integrados com naturalidade, e até
a serem ensinados. Gagliardi (1986: 31) assim os com relativa facilidade, neste contexto de tempo
definiu e destacou sua importância: “um conceito curto e finito. Deste modo, as Sagradas Escrituras,
cuja construção transforma o sistema cognitivo, permitindo e o que viria a ser posteriormente chamado de
adquirir novos conhecimentos, organizar os dados de outra Geologia, se combinaram sem grandes problemas.
maneira, transformar inclusive os conhecimentos anterio- Já em finais do século XVIII, graças especialmente
res”. Para este autor, a história das Ciências teria um a James Hutton, a maioria dos naturalistas, fossem
papel primordial no processo de identificação des- religiosos ou não, aceitava com facilidade uma
tes conceitos para cada conjunto de conhecimentos escala de tempo imensamente expandida para a
(Gagliardi & Giordan 1986). Outros autores, como Terra. Darwin, ao propor uma teoria da evolução
Compiani & Gonçalves (1996), apresentam uma afastada da idéia lamarckista (isto é, de evolução pela
concepção mais ampliada dos ‘conceitos estrutu- adaptação ao meio), e que tinha como mecanismo
rantes’, que envolveriam não apenas o conteúdo a seleção natural, acabou por alterar esta situação
específico, mas também os aspectos metodológi- e provocar celeuma, pois a evolução por meio da
cos e contextuais mais gerais. Numa concepção seleção natural contradizia o Gênesis tomado em
ou noutra, o fato é que a História e a Filosofia das sentido literal (Ruse 2002: 18).
Ciências jogam uma parte fundamental. Assim, a História das Ciências tem muito a
Sem dúvida, no mundo contemporâneo, com ensinar sobre como se desenvolveu o debate entre
todas as intensas e rápidas mudanças científicas e tempo bíblico e tempo geológico, Evolucionismo
tecnológicas, a História e a Filosofia das Ciências 2 Ver interessante artigo Criacionismo e darwinismo confrontam-se nos
podem significar caminhos privilegiados não tribunais... da razão e do direito, de Paulo Abrantes e Fábio de Almeida,
somente para a formação de cientistas, mas dos em Episteme 24, 2006. URL:http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/
index.php .

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e Criacionismo, seus pontos em comum e os con- estruturas do tipo hummocky – estrutura sedimen-
flituosos. Como já afirmado em outro trabalho tar que é uma variedade complexa de estratificação
(Souza & Figueirôa 2008), acredito que somente a cruzada (Fig. 1) – e, a partir daí, a generalização de
partir da percepção de que as relações entre práticas sua ocorrência para várias outras bacias sedimen-
religiosas e crenças, e práticas científicas e crenças tares brasileiras.
variam enormemente no mundo atual, assim como A constatação que está na base das ponderações
variaram amplamente no passado segundo o tempo, conduzidas por Favera e Medeiros pode ser resu-
o lugar e, mais do que tudo, segundo os contextos mida na seguinte citação:
sociais e culturais, é que se poderá contribuir, de
maneira positiva, para a superação das dicotomias “(...) decorreram vários anos de mapeamento ge-
obscurantistas, sem obrigar ninguém à aceitação ológico por geólogos experientes antes que estas
ou negação de qualquer credo, nem à rejeição do estruturas pudessem ser reconhecidas como uma
estrutura sedimentar muito comum nas bacias in-
conhecimento científico.
tracontinentais.” (Favera e Medeiros op.cit.: 841)
(grifos meus).
A formação dos profissionais
Não estamos diante, portanto, de um caso
Além destas observações gerais que vimos de- de incompetência profissional, ou de trabalhos
senvolvendo até aqui, o que mais se poderia dizer apressados e superficiais, mas de algo mais pro-
sobre a importância da História e Filosofia das fundo ligado à percepção-compreensão e também
Geociências na formação específica dos futuros à aprendizagem. Para os autores, “este reconhecimento
profissionais e professores, a fim de avançar na [das estruturas] só pode ser feito usando-se de maneira
constatação já feita em 1877 pelo geólogo alemão inconsciente o enfoque Gestalt” (Favera e Medeiros
Bernhard von Cotta, para quem “a Geologia, como op.cit.: 841). Resumida e simplificadamente, a
todas as demais Ciências, é resultado de seu passado, e é teoria psicológica da Gestalt é utilizada para expli-
por isso que o estudo do precedente é necessário à compre- cação da percepção visual, e estabelece que não se
ensão do subseqüente” (von Cotta 1877, apud Guntau pode conhecer o todo a partir das suas partes (ou
e Kirschner 1984). Partirei, para minha reflexão, de seja, dividindo-se o objeto à moda Cartesiana), mas
um instigante artigo-testemunho há pouco publi- é o conjunto das partes que constrói o todo. Um
cado na Revista Brasileira de Geociências, de autoria exemplo amplamente popularizado, presente até
de Jorge Carlos della Favera e Marco André Mal- em restaurantes à beira de estradas, é o da ilustração
mann Medeiros (Favera e Medeiros 2007). Neste da face de Jesus Cristo composta de uma série de
trabalho, os autores discutem como foi possível
o reconhecimento, por parte de um deles, pela
primeira vez no Brasil (na Bacia do Parnaíba), de

Figura 1 – Estratificação cruzada tipo Hummocky


(Fonte: http://www.rgeology.com.ly/humocky%20 Figura 2 – Ilustração da face de Jesus Cristo (Fonte:
cross%20stratification%20in%20outcrop.JPG. http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/rbg/article/
Acesso em 27/04/09) view/11449/7980. Acesso em 27/04/09)

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atribuir significados a feições observadas no planeta, ao


manchas pretas sobre um fundo branco, encimada associá-las em cadeias explicativas, ao montar teorias
pela frase: “Quem me vê jamais me esquece” (Fig. 2). e propor testes, o geólogo vai, dialeticamente, aumen-
Na base deste tipo de evento perceptivo reside o tando seu conhecimento sobre o planeta” (Paschoale
princípio de que, uma vez visualizada, sempre será op.cit.: 5.246).
possível ver a imagem desta forma e mesmo, no
limite, alternar os modos de ver.3 Dentre outros, o autor cita um exemplo bá-
Esta linha de raciocínio tem, evidentemente, sico como o da conceituação de ‘granito’. Como
implicações relevantes para a formação dos alunos. se sabe, na prática técnico-científica, a definição
Portanto, se não foi por incompetência, qual a ex- deste tipo de rocha surgiu a partir de um conjunto
plicação? Não se trata, a meu ver, de mais uma vez vastíssimo de observações, descrições e análises de
enfatizar a importância crucial das atividades de rochas reais e bastante variadas, e envolveu a clás-
campo para a prática científica das Geociências e, sica controvérsia entre plutonistas e netunistas na
por conseguinte, para a educação profissional, que transição para o século XIX. No momento de seu
aqui assumo como pressuposto por compartilhar ensino, no entanto, o granito é uma rocha ideal da
das conclusões das pesquisas que vêm sendo de- qual todos os granitos existentes são um exemplo,
senvolvidas há muito tempo pelo nosso grupo do “manifestações aproximadas. (...) [Aqueles] encontrados
Departamento de Geociências Aplicadas ao Ensino no campo, [são] simples exemplos, manifestações talvez
do IG-UNICAMP. Trata-se de conhecer e questio- muito complexas, cuja análise é feita em função do mo-
nar mais a fundo o modo como temos desenvolvido delo ideal” (Paschoale op.cit.: 5.247). A decorrência
estes trabalhos. Atividades didáticas, incluindo as disso é conhecida: as anotações de campo, muitas
de campo, bem conduzidas e planejadas nos cursos vezes, não são apenas descrições, mas justificativas,
de graduação são condição necessária, mas talvez não conforme os modelos idealizados. Representam
suficiente, para a boa formação profissional. um enorme esforço dos alunos para adequarem
Para continuar esta reflexão, sugiro retomar suas observações ao que, de antemão, por meio da
o raciocínio desenvolvido por Paschoale (1984), bibliografia e, ou do professor, foram informados
a propósito dos trabalhos de campo no ensino de de que deva ser visto. As estruturas hummocky, por
Geologia. Apoiado na Semiótica de Charles Sanders exemplo, ou qualquer outra ‘novidade’, passam
Peirce (1839-1914), o autor parte do questiona- assim despercebidas, invisíveis a olhos até bem
mento daquilo que estaríamos (ou ainda estamos) treinados. A experiência gestáltica ou abductiva4
ensinando a nossos alunos – se os fenômenos ou a está dificultada, senão bloqueada.
representação dos fenômenos. Fundamentais em Em tempo: não estou propondo que nossos
seu raciocínio são os conceitos de: alunos vão a campo sem qualquer orientação e
produzam mapas desatualizados ou de qualidade
1) ‘signo’ – “algo que representa um objeto por força de duvidosa, mas sim que, neste processo de formação
uma característica ou qualidade, e que provoca na em que se constitui o trabalho de campo, haja es-
mente um interpretante” e é “através dele que nos paço para o não-previsto, para o encontro do novo,
comunicamos” (Paschoale op.cit.: 5.245-46); para o ‘insight’. É inegável que nossos ‘modos de
ver’ – e, por conseguinte, os ‘interpretantes’ que
2) ‘interpretante’ – “os conceitos, esquemas teorias, geramos – estão necessariamente permeados pelo
hipóteses, condutas” que utilizamos na produção conjunto de conceitos prévios que carregamos,
do conhecimento podem ser chamados sejam eles científicos, culturais, pessoais etc. Além
“genericamente de interpretantes” (Paschoale op.cit.: disso, como discute Rachel Laudan (1982), as Ci-
5.245). ências geológicas se constituíram na tensão dialética
entre as vertentes da História Natural e da Filosofia
Das constatações a que Paschoale chega, a mais Natural. Ou seja, segundo a autora, o ramo a que
geral é que:
4 ‘Abducção’ é um termo introduzido por Charles S. Peirce que procura definir
um dos processos de formulação de hipóteses, aplicável à compreensão de
“(...) a prática, ou o fazer Geologia, é um processo de um fenômeno não previsto pelas leis em vigor. Basicamente, o raciocínio
construção de interpretantes, de produção de signos. Ao abductivo diz: “Se ocorre C então ocorre D. Ocorreu D, logo ocorreu C”.
Opõe-se à ‘indução’ e tem grande relevância para o raciocínio geológico,
3 Veja-se a apresentação mais detalhada da Teoria da Gestalt no artigo no qual lidamos com registros de eventos passados sem testemunharmos
supracitado. o processo que os gerou.

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veis, acompanham comumente o treinamento cientí-


modernamente chamamos de Geologia resultou da fico. Ao olhar uma carta topográfica, o estudante vê
união conflituosa entre, de um lado, os trabalhos linhas sobre o papel; o cartógrafo vê a representação de
exaustivamente descritivos empreendidos pela um terreno. Ao olhar a fotografia da câmara de Wil-
História Natural, que extraía assim suas leis pela son, o estudante vê linhas interrompidas e confusas; o
generalização de um conjunto de dados empíricos físico vê um registro de eventos sub-nucleares que lhe
(e, quanto maior o conjunto, mais preciso o enun- são familiares” (Kuhn op.cit.: 146).
ciado); e, de outro, as teorias da Filosofia Natural,
que se pretendiam generalizantes e explicativas dos A esse quadro, podemos acrescentar: onde um
fenômenos a partir de hipóteses e conclusões veri- leigo vê formas de cores distintas e linhas escuras,
ficáveis a posteriori (método hipotético-dedutivo). o geocientista vê unidades estratigráficas, falhas e
Deste modo, portanto, a prática das Ciências ge- contatos. Porém, as mudanças do conhecimento
ológicas embute um olhar que teoriza enquanto são contínuas e os paradigmas mudam, alterando
descreve, e que descreve impregnado da teoria. nossa forma de explicar e ver o mundo.
Então, como seria possível ver de outro modo e É oportuno acrescentar, em reforço a estas
‘inovar’? A História das Ciências e das Geociências, reflexões que, em livro recente sobre a história da
afirmo, poderia nos mostrar uma alternativa. noção de objetividade em Ciência Lorraine Daston
e Peter Galison demonstram, com exaustivos exem-
plos, que no cerne da concepção de objetividade
Há diálogo com a História e a Filosofia das científica estão embutidos diferentes modos de ver
Ciências? que são, ao mesmo tempo, sociais, epistemológicos,
e éticos. Aprendidos coletivamente, não devem sua
Ao tratar de explicar as mudanças profundas existência a nenhum indivíduo ou laboratório, se-
e irreversíveis no pensamento científico em geral, quer a uma disciplina (Daston & Galison 2007:10).
Thomas Kuhn, em seu clássico livro A estrutura das Assim, modos de ver tornam-se modos de conhe-
revoluções científicas, de 1962, também recorreu à cer: os hábitos visuais, de identificação e coleta
teoria da Gestalt. Algumas de suas observações são de dados, expressam “lealdades epistemológicas”
bastante pertinentes para a argumentação até aqui – isto é, um conjunto de características intrínsecas
desenvolvida. Kuhn sustenta, por exemplo, que: a uma determinada disciplina – que, ao operarem
na leitura do mundo natural, definem e constroem
“(...) durante as revoluções [os momentos de mudan- os próprios dados (Daston & Galison 2007: 368).
ças de paradigma], os cientistas vêem coisas novas e Para estes autores,
diferentes quando, empregando instrumentos fami-
liares, olham para os mesmos pontos examinados “aprender a observar e a representar numa Ciência é
anteriormente. É como se a comunidade profissional adquirir, ao mesmo tempo, um ethos e um modo de
tivesse sido subitamente transportada para um novo ver. Os mesmos bem desenvolvidos padrões de aten-
planeta, onde objetos familiares são vistos sob uma luz ção, que destacam certos objetos num certo recorte, (...)
diferente. (...) as mudanças de paradigma realmente também padronizam/moldam um self” (Daston &
levam os cientistas a ver o mundo definido por seus Galison 2007: 367).
compromissos de pesquisa de uma maneira diferente.
(...) As bem conhecidas demonstrações relativas a uma
alteração na forma visual (‘Gestalt’) demonstram ser Em outros termos, dentro da multiplicidade
muito sugestivas.” (Kuhn 1975: 145-46). que constitui a comunidade científica coexistem
não somente individualidades, mas também dis-
As reflexões de Kuhn também envolvem o en- tintas tradições coletivas de educação e susten-
sino, embora de maneira não prioritária. Ao falar da tação dos selfs científicos, que se perpetuam por
educação científica, o autor define o aprendizado meio dos mesmos mecanismos que as tradições
como sendo a “inculcação”, ou o treino, num para- de pesquisa. Dizendo de outro modo: a produção
digma e que envolve, obrigatoriamente, mudanças de uma imagem científica é parte da produção de
gestálticas: um self científico, e ambos são adquiridos por meio
da prática contínua das técnicas de representação
“(...) transformações dessa natureza, embora usual- da natureza simultaneamente à moldagem do self
mente sejam mais graduais e quase sempre irreversí- (Daston & Galison 2007: 363).

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namento? A inovação conceitual emerge do impacto


A História das Ciências, portanto, poderia ser perceptivo de feições desconhecidas ou surpreendentes
definida como a narrativa explicativa dos momen- numa mente que, de fato, já estava preparada pelo
tos de continuidade – i.é., de Ciência ‘normal’ adestramento na interpretação de feições mais fami-
(no sentido kuhniano) –, e de rupturas – i.é., das liares”. (Rudwick op.cit.: 144)
mudanças de paradigma, às vezes revolucionárias.
Esta concepção de História das Ciências nos per- Para que isso ocorra é necessário fazer um tra-
mite valorizar as controvérsias científicas e per- balho de campo mais longo, em local previamente
ceber que todo conhecimento é, em si mesmo, desconhecido, e de modo autônomo. Concreta-
transitório; que novas percepções e interpretações mente, na prática de nossos cursos de graduação,
podem surgir constantemente, subvertendo expli- tal situação pode ser vivida nos mapeamentos mais
cações e crenças científicas bem enraizadas, bem ao final de curso ou nos TCCs [Trabalhos de Con-
fundamentadas, bem demonstradas. Enfim, que clusão de Curso]. Mas não somente: talvez algumas
há espaço para o novo, ainda que ele seja, muitas doses a mais de autonomia aos iniciantes poderiam
vezes, descartado a priori, como a já bem conhecida ser benéficas.
rejeição à Deriva Continental nas primeiras décadas Um exemplo histórico que investiguei junto
do século passado. com o prof. William Brice, utilizando o referencial
No caso específico das Ciências geológicas, de da experiência-limite acima mencionado, pode bem
que forma pode surgir este ‘novo’? O já citado his- ilustrar este ponto de vista. Refere-se à controvérsia
toriador das Geociências, Martin Rudwick, defende acerca da existência, ou não, de glaciações pleistocê-
um ponto de vista criativo e fascinante em seu artigo nicas no Brasil (Brice & Figueirôa 2001). Durante
Geological travel and theoretical innovation: the role of a segunda metade do século XIX, o fato de geleiras
‘liminal’ experience (1996), que apresentarei e ilustra- tropicais terem ou não avançado por toda a América
rei com um exemplo do Brasil. Para Rudwick, em do Sul foi um tópico de discussão importante. A po-
uma Ciência apoiada no campo como a Geologia, a lêmica baseou-se, principalmente, nas observações
inovação teórica pode demandar, ou ser estimulada, feitas por Louis Agassiz (1807-1873) e outros, den-
provocada, por meio de um processo similar ao da tre os quais Charles Frederick Hartt (1840-1878)
peregrinação religiosa, durante o qual os cientistas em particular, durante a Expedição Thayer ao Brasil
são expostos a informações perceptivas e pessoais nos anos de 1865 a 1866. Hartt e Agassiz, respec-
não-familiares enquanto estão temporariamente tivamente aluno e professor, ao final acabaram em
isolados do seu ambiente científico familiar. Este lados opostos desta controvérsia. Agassiz veio para o
isolamento em relação ao que é previamente conhe- Brasil em busca de provas de glaciação nos trópicos
cido provocaria, a princípio, um ‘estranhamento’, a fim de apoiar sua posição anti-Seleção Natural,
favorecendo a reorganização mental e a inovação e viu o que esperava. Agassiz estava tão certo da
explicativo-interpretativa – ou seja, a experiência glaciação que passou a viagem de navio a dar aulas
gestáltica ou abductiva. No caso religioso, ocorre diárias, a Hartt e a outros jovens assistentes, sobre
um aumento da percepção interior, das conexões a natureza brasileira, mas, sobretudo, a respeito
intra e extra-psíquicas que geralmente condu- de como seriam as evidências de geleiras a serem
zem o peregrino a uma nova compreensão de sua reconhecidas – claramente inculcando um ‘modo
relação com deus (ou com os deuses). No caso de ver’, um padrão geológico a ser reconhecido em
científico, a viagem em situação de isolamento (a campo quando aqui chegassem.
experiência-limite) permitiria o distanciamento, a Hartt viajou com Agassiz em 1865 naquela que
progressiva libertação das amarras dos argumentos viria a ser a primeira de cinco visitas ao Brasil – to-
de autoridade dentro dos quais o pesquisador foi das as outras quatro sem Agassiz, é bom que se diga.
educado e ensinado a ver: a saber, o mestre, o tutor, Embora Hartt compartilhasse das expectativas de
os manuais, o local geográfico e geológico em que Agassiz, após algum tempo ele não mais compar-
foi treinado, a comunidade técnico-científica mais tilhou da mesma convicção acerca das glaciações
próxima, a tradição de pesquisa, os paradigmas, quaternárias nesta região. Agassiz, pelo menos na
enfim. Nas palavras do autor: mídia impressa, nunca admitiu haver mudado de
opinião. Houve outros participantes na controvér-
“(...) o que acontece se o geólogo faz o trabalho de sia, especialmente o brasileiro Guilherme Schüch
campo longe da área ‘natal’ em que recebeu seu trei- de Capanema (1824-1908), que interpretou o ma-

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terial como não-glacial, resultante do intemperis- A segunda vertente toca os papéis educativos
mo, mas nem Hartt nem Agassiz prestaram muita que a História e a Filosofia das Geociências podem
atenção em suas ideias. O conflito entre Louis desempenhar. Além de estimularem a visão crítica,
Agassiz, o professor, e Charles Frederick Hartt, o de tornarem o pensamento mais maleável e apto
aluno, mostra como uma evidência pode ser mal- a aceitar o contraditório, de mostrarem que as Ci-
interpretada quando uma firme convicção, um ências não se desenvolvem pela imposição, pura e
modo de ver monolítico e previamente enraizado simples, de verdades aceitas como definitivas so-
cria interferências na mente do observador, que bre concepções tidas como erradas, de permitirem
resiste a outras interpretações, e como isso pode identificar os ‘conceitos estruturantes’ de conteú-
afetar o pensamento dos outros que estão na sua dos específicos, a Filosofia e a História podem faci-
esfera de influência. As quatro expedições que Hartt litar o caminho para o surgimento da inovação em
conduziu sozinho representaram oportunidades de Geociências, tanto por meio da introdução de mu-
isolamento, “peregrinações científicas”, em que ele danças metodológicas em nossas práticas educativas
pode libertar-se do peso da autoridade de Agassiz e profissionais, quanto pela possibilidade de enten-
e conquistar autonomia, confirmar suas próprias der ‘insights’, abducções, ou mudanças gestálticas
interpretações geológicas e produzir sua própria historicamente situadas. Dentro das limitações de
explicação geológica. nossos cursos de graduação, o emprego cuidadoso,
A postura intelectual fechada por parte de bem selecionado e documentado de casos históricos
Agassiz enseja que se lembre do clássico texto de controvertidos pode propiciar a experimentação e
Chamberlin (1895) sobre o método das múltiplas a compreensão de diversas situações de mudanças
hipóteses de trabalho em Geologia, no qual o autor essenciais, em que múltiplas hipóteses de trabalho
defende que, ao investigar um problema geológico, e teorias estavam em jogo, mas apenas uma acabou
deva-se formular diversas hipóteses explicativas “vitoriosa” devido a uma série de fatores (muitos
sem escolher, a priori, nenhuma delas. E seguir tra- deles, inclusive, extra-científicos).
balhando na coleta de dados e no raciocínio a fim Assim, inovar - e renovar - nossas práticas
de descartar as menos prováveis ou impossíveis, e educativas e profissionais é algo imprescindível
ficar com a mais consistente ao final. Certamente, e urgente, face aos desafios das mudanças globais
esta é a melhor atitude, tanto na prática e quanto que temos de enfrentar, como cientistas da Terra e,
no ensino também. acima de tudo, como cidadãos do planeta.

Considerações finais Referências


Brice W.R., Figueirôa S.F.M. 2001. Charles Hartt,
De toda essa tentativa de reflexão usando a Fi- Louis Agassiz, and the controversy over
losofia e a História, o que resulta, em suma, para Pleistocene glaciation in Brazil. History of Science,
o ensino de Geociências? Penso que haja duas XXXIX:161-184.
vertentes de conclusões possíveis. A primeira é o Cohen B. 1993. A sense of history in science. Science
reforço de uma tese que o grupo reunido em torno & Education, 2(3):251-277.
do DGAE-IG/UNICAMP vem defendendo – e Compiani M. 1993. O papel do método das múltiplas
hipóteses de trabalho no ensino de Ciências.
praticando em suas aulas – há décadas: aprender
Enseñanza de las Ciencias de la Tierra, 1(extra):49-
Geologia é fazer Geologia. Nas palavras do já citado 50.
Conrado Paschoale: Compiani M., Gonçalves P.W. 1996. Epistemologia
e historia de la Geología como fuentes para
“(...) construir um modelo de aprendizado que não la selección y organización del curriculum.
apenas seja um fazer Geologia, mas também a sua Enseñanza de las Ciencias de la Tierra, 4(1):38-45.
crítica. (...) Se os alunos quiserem saber o que é uma Daston L., Galison P. 2007. Objectivity. New York:
dobra, eu lhes desenharei uma dobra na lousa. Depois, Zone Books. 501p.
iremos ao campo ver como aquele diagrama é muito Favera J.C.della, Medeiros M.A.M. 2007. Gestalt
limitado, e discutir sua real utilização. E perceber psychology and the recognition of complex
como, em certas oportunidades, fixá-lo na cabeça pode sedimentary structures in geology. Rev. Bras. Geoc.,
até atrapalhar.” (Paschoale 1984: 5.248). 37(4):841-847.
Figueirôa S.F.M. 1989. Considerações sobre o papel

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Rev. Bras. Geoc., 19(4):507-510. Paschoale C. 1984. Alice no País da Geologia e o que
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