Você está na página 1de 2

Criada por acaso, pimenta mineira chegará ao mercado

externo.
Bruna Bessi, iG São Paulo | 17/06/2010 05:50

Pesquisador desenvolveu, no quintal de casa, a Uberabinha, resistente a


pragas e com o dobro da produtividade de outras variedades

Cruzar espécies diferentes é sempre um desafio e o resultado, quase um golpe de sorte. A


pimenta Uberabinha, surgida da polinização cruzada das pimentas malagueta e bode-roxa,
virou a sensação de Minas Gerais. Resistente às pragas, a nova espécie não exige
agrotóxicos, tem um sabor especial e ainda tem produtividade quase duas vezes maior que
as de espécies convencionais.

Foto: Divulgação

Leonam Moreira, o criador da


Uberabinha: pimenta pode ganhar os
mercados americano e libanês

Leonam Moreira, técnico de agricultura


e zootecnia do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais
(Cefet-MG), foi o responsável pela
descoberta. Ainda em 2006, durante sua
iniciação cientifica, fez testes de
polinização cruzada com diferentes espécies de pimentas em seu quintal e notou que uma
era diferente. Ao final de 2008 concluiu que a Uberabinha poderia ser usada em larga
escala e com amplos benefícios.

Roberto Zito, engenheiro agrônomo, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de


Minas Gerais (Epamig), revela que a possibilidade de um resultado positivo ao cruzar
espécies distintas é algo relativo. “Não dá para saber se o cruzamento de raças diferentes
dará certo. É um caso de sorte. Há uma probabilidade de surgir uma nova espécie, mas não
é muito grande”, diz.

Descoberta valiosa

O novo fruto tem coloração e formato azeitonado, é rico em biomassa e possui um ardor
suave. Na plantação, a produtividade tem impressionado os técnicos: é possível obter
quatro quilos do fruto por pimenteira - nas outras variedades, a média é de dois quilos.
Além disso, seu período de entressafra é curto, entre os meses de junho e julho.

1
Graças à proteção contra o ataque de pragas, a vida útil da pimenteira de Uberaba é de
aproximadamente três anos, uma vantagem sobre as outras que tem sua periodicidade
diminuída pela baixa resistência biológica.

O técnico mineiro foi o primeiro empreendedor individual da cidade. Desde 2009, ele cria
oportunidades e beneficia famílias da região por meio do Projeto Uberabinha, em que
desenvolve uma parceria com os pequenos produtores da agricultura familiar, ensinando
técnicas para o plantio e processamento de condimentos com a nova pimenta.

De Uberaba para o mundo

Moreira comercializa molhos vermelhos e verdes, além das pimentas em conserva e com
tempero de ervas desidratadas. São produzidos 50 frascos dos molhos, de 150 ml, com
cinco quilos do fruto.

Atualmente, o comércio é
destinado exclusivamente ao
mercado mineiro, em um
processo ainda artesanal. “A
produção dos condimentos não é
feita em larga escala, mas quero
viabilizar uma linha de crédito
para desenvolver o
empreendimento”, diz Moreira.

Foto: Divulgação

O sucesso dos produtos abre perspectivas que impulsionam o comércio para outros Estados.
“Já enviei a pimenta in natura e os envasados para o Mercado Municipal de São Paulo e
houve boa aceitação”, afirma Moreira. O aumento da demanda fará com que a plantação em
Uberaba alcance quatro hectares no próximo semestre.

Segundo o técnico, diversas empresas já mostraram interesse e há grande possibilidade de


exportar a pimenta. “Tenho propostas concretas de exportação para os Estados Unidos e,
por meio de contatos com a Seara, venderei também para o Líbano”, diz.

Graças à proteção contra o ataque de pragas, a vida útil da pimenteira de Uberaba é de


aproximadamente três anos.

Você também pode gostar