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Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA


Curso de Direito – 5° Período Noturno
Disciplina: Direito do Trabalho II
Prof. Álvaro Guilherme Ribeiro Matos
Acadêmicos: Athos Álef Sandes Oliveira e Edney Fernandes dos Santos Júnior

TRABALHO AVALIATIVO

1 Da importância das empresas de segurança e medicina do trabalho

Laborar em um ambiente seguro é um direito de todas os trabalhadores, e cabe aos


empregadores proporcionarem esse ambiente, prezando sempre pelo bem-estar e segurança dos
seus funcionários, assim sendo, uma das maneiras de proporcionar esse ambiente seguro é
investindo na segurança do trabalho e implantando na empresa um Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, o SESMT, pois esse serviço tem como
objetivo a redução dos infortúnios do trabalho. Neste sentido, dispõe o art. 164 da Consolidação
das Leis do Trabalho:

Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do
Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em
medicina do trabalho.
Parágrafo único - As normas a que se refere este artigo estabelecerão:
a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza do risco
de suas atividades;
b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa,
segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior;
c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho;
d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e
em medicina do trabalho, nas empresas.

A priori, o SESMT, para algumas empresas pode parecer ser apenas mais um gasto
com mais funcionários, no entanto, com a implantação desse tipo de serviço, as empresas
angariam redução em outros gastos, uma vez que o seu objetivo é de atuar em conjunto com
outras áreas de uma empresa com o intuito de prevenir as doenças ocupacionais e os acidentes
de trabalho.
Integram o SESMT, o Médico do Trabalho: o profissional deve ter diploma além
do diploma de médico, curso de pós-graduação na área de medicina do trabalho ou fazer a
residência médica em alguma área que seja relacionada com a saúde do trabalhador; o
Engenheiro de Segurança do Trabalho: o profissional deve ter graduação em Engenharia ou
Arquitetura e possuir pós graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho; o Enfermeiro
do Trabalho: profissional formado em enfermagem com curso de pós graduação na área de
Enfermagem do Trabalho; o Técnico em Segurança do Trabalho: profissional com curso técnico
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e registro no Ministério do Trabalho; o Auxiliar de Enfermagem do Trabalho: técnico em


Enfermagem com certificado de qualificação em enfermagem do trabalho.
Basicamente, esses são os profissionais que todo o SESMT deve ter, não obstante,
há algumas empresas que possuem um quadro maior de profissionais que compõe o SESMT,
como psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
O objetivo e a finalidade do SESMT é avaliar a segurança dos setores de uma
empresa e elaborar projetos de melhorias que vão deixar o ambiente mais seguro e agradável
para o trabalho. Ademais, o SESMT, em parceria com a CIPA, é o responsável por promover a
SIPAT, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho, um evento voltado para os
funcionários com o objetivo de mostrar a eles a importância da trabalhar usando equipamentos
de segurança e de evitar atividades de risco sem preparação. Além disso, na SIPAT também é
promovida atividades para que os funcionários se sintam melhores no seu ambiente de trabalho,
uma vez que um local de trabalho seguro e prazeroso, os funcionários desempenham melhor as
suas funções.

2 Das Normas Regulamentadoras (NRs)

Relativo às normas de segurança e medicina do trabalho, dispõe o art. 200 da CLT


que cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer as disposições complementares às normas
relativas à segurança e medicina do trabalho. Estas, chamadas de Normas Regulamentadoras,
tratam-se do conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança e medicina do
trabalho e são de observância obrigatória para as empresas privadas, públicas e pelos órgãos
públicos de administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes Legislativo e
Judiciário, que possuam empregados redigidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
É necessário diferenciar a CLT das Normas Regulamentadoras que a
complementam. A Consolidação das Leis do Trabalho estão em vigor, no Brasil, desde 1943,
fazendo parte das leis ordinários do sistema jurídico brasileiro , por outro lado, tais
normatizações, minuciosamente foram detalhadas por intermédio da Portaria do Ministério do
Trabalho de n° 3.214/78, e são autorizadas por expressa delegação legislativa contida no próprio
texto da CLT (artigos 154 ao 201).
Atualmente, há 36 NRs definidos pelo Ministério do Trabalho, para garantir a
segurança dos trabalhadores, entre as quais se destacam:
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Norma Regulamentadora nº 1 - A NR 1 trata das disposições e regras geral de todas


as Normas Regulamentadoras que seriam aplicadas a partir de então. Ela correlaciona os tipos
de instituições abrangidas e as formas como a questão seria lidada.
Norma Regulamentadora nº 4 - Esta NR trata dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e na Medicina do Trabalho. O dispositivo passou a ser conhecido
como SESMT, e trata da necessidade de especialização na área da segurança do trabalho em
determinadas empresas e instituições. Ela vincula tipos de atividade da empresa e a quantidade
de empregados, com a necessidade de profissionais relacionados à segurança.
Norma Regulamentadora nº 5 - A NR 5 trata da CIPA – Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes. Ela regulamenta quando as empresas necessitam eleger, dentro de seu
quadro de empregados, uma comissão de responsáveis pela manutenção de boas práticas dentro
do local de trabalho.
Norma Regulamentadora nº 6 - Muitas pessoas podem nunca ter ouvido a expressão
“NR 6”, mas todos certamente já lidaram com – ou já ouviram falar – em EPI. Os equipamentos
de proteção individual são regulamentados por essa norma regulamentadora, assim como quais
são as atividades que devem utilizar cada tipo de equipamento.
Norma Regulamentadora nº 10 - A NR 10 trata da Segurança em Instalações e
Serviços em Eletricidade. Sua importância é óbvia, considerando o risco inerente ao tipo de
atividade regulamentada. Ela trata de práticas preventivas e formas de controle para evitar
adequadamente acidentes na área.
Norma Regulamentadora nº 12 - A NR 12 define as medidas de segurança
necessárias com a utilização de máquinas no ambiente de trabalho. Na verdade, sua
regulamentação envolve desde a fabricação das máquinas, com o objetivo de proteger o
trabalhador que, eventualmente, lidará com ela.
Norma Regulamentadora nº 17 - Essa Norma Regulamentadora trata da ergonomia
dos equipamentos e atividades no ambiente de trabalho. Seu objetivo é evitar lesões
relacionadas à repetitividade de ações mecânicas – geralmente resultantes em Lesões por
Esforço Repetitivo ou Distúrbio Osteomuscular.
Norma Regulamentadora nº 32 - A NR 32 lida especificamente com a segurança do
trabalho em atividades que estejam relacionadas à área de saúde, como hospitais, clínicas,
centros de pesquisa e etc.
Norma Regulamentadora nº 35 - A NR 35 define as boas práticas e medidas
mínimas de segurança para trabalhadores que atuem em atividades que envolvam grandes
alturas. Ela define desde o planejamento até a execução das questões relacionadas à segurança.
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3 Das competências do Ministério do Trabalho

O hodiernamente denominado Ministério do Trabalho, já conhecido como


Ministério do Trabalho e Emprego (1999 a 2015) e Ministério do Trabalho e Previdência Social
(2015 a 2016), é um órgão da administração pública federal direta.
Nos últimos anos, em decorrência da conturbada movimentação política no Poder
Executivo Federal, tal órgão foi reestruturado pelo Decreto n° 8.894/2016 e pela Lei n°
13.341/2016 (resultado da conversão da Medida Provisória n° 726/2016), sendo que,
atualmente, suas competências vigem pelo art. 55 da Lei n° 13.502/2017.
Assim, o atual Ministério do Trabalho tem como competência os seguintes
assuntos:
 Política e diretrizes para a geração de emprego e renda e de apoio ao trabalhador;
 Política e diretrizes para a modernização das relações do trabalho;
 Fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, e aplicação das sanções
previstas em normas legais ou coletivas;
 Política salarial;
 Formação e desenvolvimento profissional;
 Segurança e saúde no trabalho;
 Política de imigração laboral; e
 Cooperativismo e associativismo urbano.

4 Do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)

O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) constitui-se em um documento


histórico-laboral do trabalhador que reúne, entre outras informações, dados administrativos,
registros ambientais e resultados de monitoração biológica, durante todo o período em que este
exerceu suas atividades na respectiva empresa.
Tendo sua elaboração obrigatória a partir de 1° de janeiro de 2004 (data fixada pela
Instrução Normativa INSS/DC n° 96/2003), o PPP tem por objetivo primordial fornecer
informações para o trabalhador quanto às condições ambientais de trabalho, principalmente no
requerimento de aposentadoria especial.
Sendo assim, o PPP tem como finalidade:
 Comprovar as condições para habilitação de benefícios e serviços
previdenciários, em particular, o benefício de aposentadoria especial;
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 Prover o trabalhador de meios de prova produzidos pelo empregador


perante a Previdência Social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir todo
direito decorrente da relação de trabalho, seja ele individual, ou difuso e coletivo;
 Prover a empresa de meios de prova produzidos em tempo real, de modo
a organizar e a individualizar as informações contidas em seus diversos setores ao longo dos
anos, possibilitando que a empresa evite ações judiciais indevidas relativas a seus trabalhadores;
 Possibilitar aos administradores públicos e privados acesso a bases de
informações fidedignas, como fonte primária de informação estatística, para desenvolvimento
de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como definição de políticas em saúde coletiva.
Criado para substituir os antigos formulários denominados SB 40, DISES BE 5235,
DSS 8030 e DIRBEN 8030, os quais sempre foram de preenchimento obrigatório apenas para
aqueles trabalhadores que laboram expostos a agentes nocivos à sua saúde, sua exigência legal
se encontra no artigo 58 da Lei n° 8.213/1991 (Lei de Benefícios).
Anteriormente, somente os trabalhadores que tinham direito a se aposentar
precocemente, com a chamada aposentadoria especial, recebiam os formulários substituídos
pelo PPP.
Em decorrência da IN INSS n° 118/2005, a partir de 1º de janeiro de 2004, a
empresa ou equiparada à empresa ficou obrigada a elaborar o PPP, conforme anexo XV da
referida Instrução, de forma individualizada para seus empregados, trabalhadores avulsos e
cooperados. Atualmente, a Instrução Normativa INSS 45/2010 é que estabelece as instruções
de preenchimento e o modelo do formulário do PPP.
A exigência abrange aqueles que laborem expostos a agentes nocivos químicos,
físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física,
considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, ainda que não presentes os
requisitos para a concessão desse benefício, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção,
coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência.

Vale ressaltar que também as Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte


(EPP) estão obrigadas à emissão do PPP.
 A responsabilidade pela emissão do PPP é:
 Da empresa empregadora, no caso de empregado;
 Cooperativa de trabalho ou de produção, no caso de cooperados filiados,
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 Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO, no caso dos Trabalhadores


Portuários Avulsos – TPA; e
 Sindicato de Categoria, no caso de trabalhador avulso não portuário.
O PPP deve ser preenchido, atualizado e entregue ao trabalhador no momento da
rescisão somente em relação àqueles empregados que durante o contrato de trabalho estejam
em contato com agentes nocivos à saúde, sob pena de multa mínima, de acordo com a Portaria
Interministerial MPS/MF 15/2013 (válida a partir de janeiro/2013), de R$ 1.717,38 (mil
setecentos e dezessete reais e trinta e oito centavos).
O PPP deverá ser emitido com base nas demonstrações ambientais, exigindo, como
base de dados:
a) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA;
b) Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR;
c) Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção - PCMAT;
d) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO;
e) Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT;
f) Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT.
A atualização do Perfil Profissiográfico Previdenciário deve ser feita sempre que
houver alteração que implique mudança das informações contidas nas suas seções ou pelo
menos uma vez ao ano, quando permanecerem inalteradas suas informações.

5 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

No contexto do tópico anterior, é importante elucidar a respeito do PCMSO.


A sigla PCMSO significa Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional,
conforme estabelece o subitem 7.2.1 da Norma Regulamentadora nº 07, e é parte integrante do
conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo
estar articulado com o disposto nas demais normas regulamentadoras.
A retrocitada NR 07 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação,
por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o
objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.
O PCMSO estabelece a realização de exames médicos admissionais, periódicos,
retorno ao trabalho, mudança de função e demissional. Assim como tem o objetivo de prevenir,
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monitorar e controlar possíveis danos à saúde e integridade do empregado e detectar riscos


prévios, especialmente no que diz respeito às doenças relacionadas ao trabalho. Tal instrumento
deve ser realizado mesmo se a empresa possuir apenas um funcionário, também no caso se o
mesmo for o próprio proprietário, afinal, ele também está exposto a riscos.
Como exemplo, o PCMSO pode exigir a análise do ambiente de trabalho dos
funcionários a fim de identificar riscos que podem afetar o agravo a saúde dos colaboradores,
por conta disso pode ser solicitado uma série de exames clínicos e complementares específicos
para cada tipo de nível de risco da empresa.
É importante destacar o item 7.2.3, que aduz: “O PCMSO deverá ter caráter de
prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho,
inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças
profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.”
Conforme, a letra “c” do subitem 7.3.1 da norma regulamentadora nº 07, compete
ao empregador indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela
execução do PCMSO.
Entretanto, caso a empresa esteja desobrigada de manter médico do trabalho, de
acordo com a norma regulamentadora nº 04 (Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT), deverá o empregador indicar médico do
trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO.
Além disso, inexistindo o médico do trabalho na localidade, o empregador poderá
contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO.

Referências

AQUINES, Tiago. O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Disponível em: https://


jusbrasil.com.br/ Acesso em junho de 2018.
BLOG INBEP. O que é PCMSO? Disponível em: http://blog.inbep.com.br. Acesso em junho
de 2018.
BLOG OCUPACIONAL. Conheça as Normas Regulamentadoras – NRs. 2017. Disponível
em http://www.ocupacional.com.br/ocupacional/conheca-as-normas-regulamentadoras-nrs/.
Acesso em junho de 2018.

BLOG SEGURANCA DO TRABALHO. O que é o Ministério do Trabalho. Disponível em:


https://www.blogsegurancadotrabalho.com.br. Acesso em junho de 2018.
BRASIL. Vade Mecum JusPODIVM. 3. ed. Salvador: JusPODIVM, 2018.
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DSG, Sociedade de Advogados. Segurança e medicina do trabalho: conceito e diferenças.


2016. Disponível em: https://www.dsgadvogados.com.br/dsg-news/seguranca-e-medicina-do-
trabalho-conceito-e-diferencas/. Acesso em de junho de 2018.

GLÊNIA, Cláudia. Segurança e medicina do trabalho. Disponível em:


http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/14304/material/Seguran
%C3%A7a%20e%20Medicina%20do%20Trabalho.pdf. Acesso em 24 de junho de 2018, às 20
h 02 min.

LABORAL. NR- 07 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Disponível em:


http://www.laboral.com.br. Acesso em junho de 2018.
ZANLUCA, Julio César. PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário. Disponível em:
http://www.guiatrabalhista.com.br/. Acesso em junho de 2018.

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