Você está na página 1de 21

TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO

O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

SISTEMAS DE
PROTEÇÃO

USINAS HIDRELÉTRICAS

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
1
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

ÍNDICE
1. FILOSOFIA DA PROTEÇÃO .................................................................................................. 3
1.1 Introdução ..............................................................................................................3
1.2 Aspectos Considerados na Proteção ........................................................................4
1.3 Análise Geral da Proteção .......................................................................................4
1.4 Características Gerais dos Equipamentos de Proteção .............................................5
1.5 Características Funcionais do Releamento ...............................................................8
1.6 Relação entre Relés de Proteção e Operadores ........................................................9
1.7 Operação dos Relés de Proteção .............................................................................8
2. TIPOS E PRINCÍPIOS DOS RELÉS .......................................................................................... 8
2.1 Classificação dos Relés ............................................................................................8
2.2 Relés Digitais...........................................................................................................9
3. PROTEÇÃO DE GERADORES .............................................................................................. 11
3.1 Introdução............................................................................................................. 11
3.2 Relé diferencial – Função 87 .................................................................................. 12
3.3 Relés de Sobrecorrente - Funções 50 / 51 .............................................................. 13
3.4 Rele de Sobrecarga – Função 49 ............................................................................. 18
3.5 Relé de Tensão - Funções 27 e 59 .......................................................................... 18
3.6 Relé de Sobrevelocidade ........................................................................................ 19
3.7 Relé de Campo – Função 40 .................................................................................. 19
3.8 Relé Direcional de Potência – Função 32 ................................................................ 17
3.9 Proteção de Distância - Função 21 ......................................................................... 17
3.10 Proteção Reversão de Fase – Função 46................................................................. 19
3.11 Cubículo de Surtos de Média tensão ...................................................................... 20
4. PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES ................................................................................ 22
4.1 Introdução ............................................................................................................ 22
4.2 Tipos de proteções usadas..................................................................................... 22
4.3 Diagrama Unifilar de Proteção............................................................................... 23

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
2
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

1. FILOSOFIA DA PROTEÇÃO
1.1 - Introdução
Todos se interessam por um bom produto quando no ato da compra e, como não poderia
deixar de ser, o consumidor de energia elétrica também exige que ela seja de alta qualidade, ou
seja, sem variações na tensão ou freqüência, quer seja por oscilações, quer seja por
interrupções.

Para atender a exigência e necessidade dos consumidores, os sistemas se armaram de diversos


recursos e métodos. Uma solução que amenizou os problemas de falta de energia em diversas
áreas foi à interligação dos sistemas elétricos, onde desta forma, na interrupção de uma
estação geradora, outras suprirão sua saída. Outra solução é o projeto e manutenção de cada
componente, evitando que qualquer falha possa impedir a sua utilização dentro do sistema. E,
por último, controlar e minimizar os efeitos de quaisquer faltas que possam ocorrer. É aqui que
os relés de proteção são utilizados nos sistemas de potência.

A função da proteção é a de causar rápida retirada de operação de qualquer elemento de um


sistema, quando ele sofre um curto-circuito, ou quando operar sob condição anormal que
possa causar dano ou interferir na operação do restante do sistema.

O elemento de proteção que sente a anormalidade no sistema e que comanda a retirada do


elemento defeituoso é o relé. Os relés são complementados pelos disjuntores, que vão isolar o
elemento defeituoso quando chamados a fazê-lo pelos relés. Os disjuntores devem ter
capacidade suficiente de suportar momentaneamente a máxima corrente de curto-circuito que
fluir através deles e, então interromper essa corrente.

Uma função secundária de uma proteção é dar indicação da localização e do tipo de falta.

De uma maneira geral, a exploração de um sistema de energia elétrica requer:


 Programas de geração;
 Esquemas de interconexões adequados;
 Utilização de um conjunto adequado de proteções.

 Programas de Geração:
a) Para utilização mais econômica dos grupos geradores disponíveis;
b) Para evitar sobrecargas permanentes em LT’s e transformadores

 Esquemas de interconexões adequados para:


a) Limitação do valor da corrente de curto FASE/FASE a um valor suportável pelo equipamento
(40 kA em 380 kV, 30 kA em 220 kV);
b) Evitar transferência indevida de carga para as linhas e equipamentos, em caso de falhas em
outros locais. Isso poderia provocar, por exemplo: sobreaquecimentos, proteção errada, perda
de sincronismo entre os sistemas interligados.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
3
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

 Utilização de um conjunto adequado de proteções


a) Após uma falha, deve-se assegurar a continuidade de alimentação ao maior número de
usuários; resguardar a rede e o equipamento atingido.

Para atingir esses objetivos o sistema de proteção deverá:


a, Retirar ou não de serviço o sistema;
b, Alertar o operador;
c, Para detecção de curtos, sobretensões, perdas de sincronismo, etc., os relés devem ser
vários (não só na quantidade, mas, principalmente, nos tipos)

1.2 - Aspectos Considerados na Proteção

1. Operação normal
2. Prevenção contra falhas elétricas
3. Limitação dos defeitos devido a falhas.

 Operação Normal
a, Inexistência de falhas do equipamento;
b, Inexistência de erros do pessoal de operação.

 Prevenção Contra Falhas


a, Isolamento adequado;
b, Uso de cabos pára-raios e baixa resistência de pé-de-torre;
c, Adequadas instruções de operação e manutenção.

 Limitação dos Defeitos


a, Colocando reatores limitadores do valor das correntes de curto;
b, Os equipamentos devem ser projetados para suportar os efeitos mecânicos e térmicos das
correntes;
c,Existência de circuitos duplos e geradores de reserva;
d, Existência de observação humana e por aparelhos, do cumprimento das medidas
preventivas;
e, Análises constantes sobre mudanças no sistema (LOAD – FLOW, cálculos de curtos) reajustes
nos relés, variações nas instruções operativas;
f, Existência de releamento: observe que esta é apenas uma providência a mais.

1.3 - Análise Geral da Proteção

Proteção:
 Contra incêndio
 Pelos relés e fusíveis
 Contra descargas atmosféricas e surtos de manobra

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
4
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

Principais considerações de um Estudo de Proteção:


 Elétricas: Tipos de faltas, estabilidade, características gerais e regime de operação dos
equipamentos.
 Econômicas: Custo do equipamento a ser protegido x custo do sistema de proteção.
 Físicas: Facilidade de manutenção dos relés, TC’s e TP’s, filtros. Distância entre pontos
de releamento.

Nota: O releamento, a um custo de 2% a 5% daquele do equipamento


protegido, minimiza:
 O custo de reparação dos estragos
 A probabilidade de que o defeito possa se propagar e envolver outro equipamento
 O tempo que o equipamento permanece inativo (reduzindo as reservas)
 Perda da renda e o descontentamento público.

1.4 - Características Gerais dos Equipamentos de Proteção

Regras Básicas:
1. Se não há defeito; a proteção não atua: desligamentos desnecessários serão evitados.
2. Caso haja defeito na zona de controle do relé, as ordens devem ser precisas.

Funções da Proteção por Releamento:

a. Função principal: promover uma rápida retirada do elemento que sofre a falta, ou quando
ele começa a operar anormalmente.
O Relé aciona o disjuntor e este é que abre o circuito:

b. Função secundária: localiza o defeito e descobre o tipo.

Princípios Fundamentais dos Relés


Consideremos inicialmente somente a proteção contra curto-circuito. Há dois grupos de tais
equipamentos, um denominado principal e outra de retaguarda (back-up). A proteção principal
constitui a primeira linha de defesa, enquanto que a de retaguarda atua quando falha a
proteção principal. Quando dizemos que a proteção principal falha, significa que uma dentre
várias coisas pode acontecer e impedir a eliminação de uma falta no sistema. Isto pode
acontecer devido a falhas:
 na alimentação de corrente e tensão;
 no disjuntor;
 nos relés de proteção;
 nos TC’s e TP’s,
 na alimentação DC no circuito de trip, etc.

a) Relés principais ou primários:


Uma zona de proteção é estabelecida ao redor de cada elemento do sistema;

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
5
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

 Disjuntores são colocados no ponto de conexão de dois elementos;


 Superposição de zonas: visa socorrer em caso de falha de uma proteção (prejudica à
seletividade);
 Superposição sobre disjuntores: desta forma se tem, realmente, o socorro necessário.

Imagem 1: Atuação da proteção. Fonte: Imagem internet

A segunda observação é que uma determinada zona de proteção é estabelecida em torno de


cada elemento do sistema, significando que qualquer falta que ocorra dentro dessa região
ocasionará trip, isto é, desligamento de todos os disjuntores dentro desta zona e somente
destes. É evidente que, para faltas dentro da região onde duas zonas de proteção adjacente se
sobrepõem, mais disjuntores serão desligados do que o número mínimo necessário para
desconectar o elemento defeituoso. Porém, se não houvesse essa superposição, uma falta na
região entre as zonas poderia situar-se em nenhuma delas e, portanto, não haveria
desligamento de disjuntores.

b) Relés de Retaguarda:
A proteção de retaguarda deve ser arranjada de maneira que o motive causador de falhas na
proteção principal não o faça na proteção de retaguarda. Para isso, a mesma deve ser
localizada de maneira a não empregar ou controlar qualquer coisa em comum com a proteção
principal, para o qual servirá de retaguarda.

Uma segunda função da proteção de retaguarda é, freqüentemente, prover proteção quando o


equipamento principal estiver fora de serviço para manutenção de reparo.

Relés Auxiliares: usados para sinalizar, como temporizador, multiplicador de


contatos, etc.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
6
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

A proteção de retaguarda deve operar com suficiente temporização, de maneira que os relés
principais tenham tempo suficiente para atuar. Isto é: quando ocorre um curto, partem
normalmente a proteção principal e retaguarda, respectivamente.

Os relés principais deverão desligar os disjuntores necessários para remover o elemento em


curto.

1.5 - Características Funcionais do Releamento

As características funcionais exigidas dos equipamentos de proteção são:


 Rapidez de operação,
 Sensibilidade,
 Seletividade,
 Confiabilidade (exatidão e segurança)

a) Velocidade ou Rapidez de Ação


 Diminuem a extensão do dano ocorrido ( RI2t);
 Auxiliam a manutenção da estabilidade das máquinas em paralelo;
 Melhoram as condições para re-sincronização de motores;
 Mantém as condições normais de operação das partes sadias;
 Diminuem o tempo de paralisação dos consumidores.

b) Sensibilidade
Os relés e o sistema devem ser suficientemente sensíveis, de maneira a operarem os relés, nas
anormalidades. A condição de mínima geração é, geralmente, o critério que decide a
sensibilidade do relé: nesta condição, tem-se a mínima corrente de curto através do relé, para a
qual ele deve ser suficientemente sensível para operar e remover efetivamente a falta.

c) Seletividade:
É a capacidade da proteção:
I) Em reconhecer uma falta e desligar o número mínimo de disjuntores para eliminar a falta.
II) Selecionar as condições em que uma imediata operação é requerida e aquelas em que
nenhuma operação ou retardo de atuação é exigido.

d) Confiabilidade:
É a probabilidade de um componente, um equipamento ou um sistema satisfazer à função
prevista: atuar corretamente sob as condições esperadas e não operar incorretamente devido a
causas estranhas.

Ao contrário da maioria dos outros elementos de um sistema, os relés permanecem inoperados


a maior parte do tempo.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
7
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

Alguns tipos de relés podem operar uma vez em vários anos (Os relés de linhas operam mais
freqüentemente). Isso requererá do relé: simplicidade e robustez (empregando-se matéria
prima e mão-de-obra especiais).

1.6 - Relação entre Relés de Proteção e Operadores

Em certas ocasiões, um operador alerta e habilidoso poderá evitar a remoção de serviço de um


importante elemento do sistema.

Isso ocorre quando as condições anormais se desenvolvem lentamente e o operador tem


tempo de perceber o ocorrido e corrigir a situação (ex.: uma sobrecarga num gerador).

1.7 - Operação dos Relés de Proteção

Todos os relés para proteção de curto e também vários outros tipos de relés operam pela
eficácia da corrente e/ou tensão vindas de TC’s e TP’s. Através de mudanças individuais ou
relativas de I e V, os relés detectam a falta e sua localização.

Para cada tipo e local das falhas há algumas diferenças e, assim, vários tipos de proteção
existem. Cada um é projetado para reconhecer uma diferença particular e operar em resposta a
isso.

Diferenças Possíveis:

Magnitude, freqüência, ângulo de fase, direção, duração, forma de onda.

2. TIPOS E PRINCÍPIOS DOS RELÉS

DEFINIÇÃO PELA ABNT:


RELÉ é um dispositivo por meio do qual um equipamento elétrico é operado quando se
produzem variações nas condições deste equipamento (ou no circuito ou equipamento a ele
associado).

2.1 - Classificação dos Relés


a) Quanto às grandezas físicas de atuação: Mecânicas, térmicas, óticas, etc.;
b) Quanto à natureza da grandeza a que respondem: corrente, tensão, potência, freqüência,
pressão, temperatura, etc.;
c) Quanto ao tipo construtivo: eletromecânicos (indução), mecânicos, eletrônicos, estáticos,
etc.;
d) Quanto à função: sobre e subcorrente, tensão, potência, direcional de corrente ou potência,
diferencial, distância.
e) Quanto à forma de conexão do elemento sensor: direto no circuito primário ou

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
8
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

através de redutores de medida (TP e TC).


f) Quanto ao tipo de fonte para atuação do elemento de controle: CA ou CC.
g) Quanto ao grau de importância: principal (51 ASA) ou intermediário (relé que
bloqueia Þ 86 ASA).
h) Quanto ao posicionamento dos contatos (quando desenergizado): normalmente aberto ou
fechado.
i) Quanto à aplicação: em geradores, transformadores, linhas de transmissão, aparelhos em
geral.
j) Quanto à temporização.
Instantâneo
Temporizado - Tempo Definido
- Tempo Inverso
• - Tempo Muito Inverso
- Tempo Extremamente Inverso

2.2 - Relés Digitais

São relés eletrônicos gerenciados por microprocessadores específicos a este fim, onde sinais de
entrada das grandezas e parâmetros digitados são controlados por um software que processa a
lógica da proteção através de algorítmos.

Os relés digitais podem simular um relé ou todos os relés existentes num só equipamento,
produzindo ainda outras funções, tais como, medições de suas grandezas de entradas e/ou
associadas, sendo conhecido como relé multifunção.

Os relés digitais incorporam funções de medição que, eventualmente, podem dispensar a


utilização de um sistema dedicado apenas à medição, exceto para os casos de medição para
faturamento. Como o consumo desses relés é extremamente pequeno, a maior parcela de
carga imposta aos transformadores de corrente é representada pelos cabos de interligação
entre os transformadores de corrente e o relé.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
9
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

Imagem 02. Diagrama simplificado de um relé digital – SEL 300G. Fonte: SEL

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
10
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

3. PROTEÇÃO DE GERADORES

3.1 - Introdução

Os geradores estão sujeitos a diversas condições anormais, tais como: faltas nos enrolamentos
do estator e rotor, sobrecarga, sobreaquecimento nos enrolamentos e mancais,
sobrevelocidade, motorização, perda de excitação, desbalanço de corrente, sobretensões, etc.

A proteção de um grupo gerador deve atender a três requisitos básicos:


1. A minimização do dano ao gerador por falta internas;
2. A minimização dos distúrbios do sistema devido às faltas internas do gerador, pelo
rápido desligamento da máquina;
3. A proteção do gerador devido ao efeito de faltas sustentadas, cargas desequilibradas, e
condições de fase aberta que possam ocorrer no sistema.

a) Medidas preventivas e dispositivos de proteção contra faltas externas:


 Relés térmicos (contra sobrecargas);
 Relés temporizados, a máximo de corrente (contra curtos);
 Relés a máximo de tensão (contra as elevações de tensão devidas às manobras normais
do sistema);
 Relés sensíveis à corrente de seqüência negativa (para proteção contra funcionamento
de cargas desequilibradas);
 Relés de potência inversa (para impedir o funcionamento do gerador como motor);

b) Proteção contra defeitos internos:


 Proteção diferencial (contra curtos entre enrolamentos de fases diferentes);
 Proteção contra os defeitos à massa, do estator;
 Proteção contra os defeitos à massa, do rotor;
 Proteção contra os curtos entre espiras da mesma fase;
 Proteção contra a abertura acidental ou não dos circuitos de excitação.

c) Outros Elementos
• Pára-raios, indicadores de circulação de óleo, termostatos, proteção contra incêndio (atua na
extinção do fogo iniciado devido aos arcos voltaicos dos defeitos), dispositivos de rápida
desexcitação, etc.
Os geradores são as peças mais caras (dos equipamentos de sistemas de potência) e são as
mais sujeitas a defeitos. O desejo de protegê-los de todas essas
anormalidades resulta em consideráveis divergências de opinião.

Várias “receitas” podem ser sugeridas para a proteção. Um critério usual é baseado na potência
da máquina.

Em geral, há dois tipos de falta no gerador:

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
11
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

• Falhas no enrolamento (entre espiras, entre fases, entre fase e terra): causadas por
sobretensões, sobreaquecimentos (corrente desequilibrada, ventilação deficiente) ou a
movimentos do condutor (força do curto, perda de sincronismo);
• Condições anormais de funcionamento: perda de campo, carga desequilibrada no estator,
sobrevelocidade, vibrações, etc.

Proteções do Gerador
Algumas das anormalidades que podem ocorrer nos geradores:
 Falhas nos enrolamentos do estator
 Sobrecarga
 Falhas nos enrolamentos do rotor
 Sobreaquecimentos nos enrolamentos e mancais
 Sobre velocidade
 Perda de excitação
 Funcionamento como motor
 Desbalanço de corrente
 Sobre e subtensão
 Perda de sincronismo

3.2 - Relé diferencial – Função 87

A soma das correntes que entram na zona de proteção deve ser igual a soma das correntes que
saem desta zona. A zona de proteção é definida como a região delimitada pelos TCs. Isto é, a
operação do relé depende exclusivamente da diferença vetorial entre as correntes circulantes
I1 e I2

Imagem 03: Esquema de relé diferencial. Fonte: Imagem internet

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
12
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

A única condição para sua atuação é se a corrente diferencial (i1-i2) for superior a um valor
previamente estabelecido. O elemento protegido geralmente é um transformador de força
(com potência acima de 5VA), barramentos de SE, grandes motores e geradores, linhas de
transmissão que empregam sistemas de teleproteção.

Isto mostra que o princípio da unidade diferencial é altamente seletivo, distinguindo-se


pequenas faltas dentro da zona protegida e sendo praticamente insensível para faltas externas
à zona.
Porém, esta alta sensibilidade, associada a uma alta seletividade, poderá ser um problema para
a unidade diferencial, pois, isto poderá levá-la a operar ou bloquear indevidamente para as
seguintes situações:
· Casamento imperfeito dos TC’s;
· Erro de transformação dos TC’s;
· Saturação desigual dos TC’s;
· Erro do transformador de potência;
· Existência de comutador de tapes dentro da zona de proteção;
· Indução de correntes parasitas na cablagem;
· Impedâncias secundárias diferentes para cada TC (comprimentos dos cabos);
· Transformador de potência multicircuitos;
· Outros fatores.

Todos esses fatores levam a um desequilíbrio na diferença de correntes, podendo levar o relé a
uma operação ou bloqueios incorretos.

3.3 - Relés de Sobrecorrente - Funções 50 / 51

Como o próprio nome sugere, têm como grandeza de atuação a corrente elétrica do sistema.
Isto ocorrerá quando esta atingir um valor igual ou superior ao ajuste previamente estabelecido
(corrente mínima de atuação).
Possuem dois elementos (ou unidades):
a, Elemento Temporizado – Função 51
b, Elemento Instantâneo – Função 50

Sua grandeza de atuação é uma corrente fornecida ao relé (diretamente, ou por TC).

São relés cuja função é abrir um circuito, quando a corrente que percorre sua bobina excede do
valor normal. A bobina desse relé está sendo continuamente alimentada pela corrente do
circuito, através de TC, de modo que, quando atingir um valor predeterminado (valor de
ajuste), o relé opera, provocando a abertura do disjuntor.

a, Função 51 – Elemento Temporizado


Os elementos temporizados possuem basicamente dois ajustes:

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
13
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

Tape
Ajustado em função da corrente. O valor de tape determina a corrente mínima capaz de iniciar
a operação do relé, a chamada corrente de Pickup.

Dial de Tempo
- Selecionado de acordo com as temporizações requeridas para a coordenação.
Tempo Definido: Possui uma característica de tempo versus corrente plana. Portanto, acima da
corrente de pickup, o relé atuará praticamente com o mesmo tempo.
Tempo Inverso: O tempo de atuação do relé é inversamente proporcional ao valor da corrente.
Isto é, o relé irá atuar em tempos decrescentes para valores de corrente igual ou maior do que
a corrente mínima de atuação.

Obs.: Os relés digitais englobam todas as características, que podem ser selecionadas
conforme a necessidade

Função 50 – Elemento Instantâneo


O elemento instantâneo possui dois ajustes:
- Corrente Mínima de Atuação
- Tempo de Atuação

Imagem 05- Esquema básico de um relé de corrente. Fonte: Imagem internet

Atualmente, com o emprego de relés digitais, os quatro relés do esquema são substituídos por
um único que realiza as funções 50 e 51 de fase e terra. Além disso, desempenham outras
funções tais como: medição de corrente, registros de dados, de perturbações, etc. São
conhecidos como relés de multifunções.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
14
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

3.4 - Rele de Sobrecarga – Função 49

Método do RTD (Resistance Temperature Detector)


Os RTD’s são colocados em ranhuras, em diversos pontos dos enrolamentos
(onde se desejar detectar a temperatura) e formam um dos ramos da ponte de
Wheatstone.

Quando a temperatura atinge valores pré-fixados, o RTD desequilibra a ponte, causando a


operação do relé de alarme.

Os RTD’s podem ser usados como medidores de temperatura em vários pontos do gerador. Isso
é conseguido com o uso de chaves seletoras e indicadoras de temperatura.

Método do Relé Imagem Térmica (ITE)


Esse relé é energizado diretamente ou por um TC, pela corrente de um dos enrolamentos do
estator.
O relé possui elementos térmicos que se dilatam e se contraem, na mesma proporção da
variação da corrente do gerador. O elemento térmico fecha seus contatos na temperatura
previamente escolhida.

Nos Mancais
Nos mancais, a temperatura pode ser detectada por RTD’s, ou por termômetros de bulbo,
colocados em ranhuras no mancal.

3.5 - Relé de Tensão - Funções 27 e 59

Sua grandeza de atuação é uma tensão (diretamente ou por TP). Quando a tensão varia, temos
dois casos a considerar:
· Aumento da Tensão
· Diminuição da Tensão

O primeiro caso seria uma sobretensão, o que geralmente ocorre quando sai uma grande parte
da carga de um gerador. O relé de sobretensão é análogo ao relé de sobrecorrente, inclusive,
nos tipos construtivos (Função 59).

O segundo caso seria de uma subtensão, que acontece quando ocorre um aumento excessivo
da carga, ou mesmo, um curto-circuito. Geralmente é aplicado na proteção de equipamentos
que não operam satisfatoriamente com tensões baixas (Função 27).

Sobretensões também podem ocorrer durante uma rejeição de carga devido a uma falha do
regulador de tensão. A proteção sob estas condições é dada para o primeiro caso por um relé
de sobretensão temporizado com ajuste acima de 105% da tensão nominal e para o segundo

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
15
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

caso por um relé de sobretensão instantâneo com ajuste acima da máxima sobretensão
limitada pelo regulador de tensão.

3.6 - Relé de Sobrevelocidade

Os geradores estão sujeitos a aceleração na ocorrência de rejeição de carga. A aceleração


depende da inércia do gerador, da carga perdida e da dinâmica do regulador de velocidade. A
proteção contra sobrevelocidade é dada por relés de velocidade normalmente associados ao
regulador de velocidade e por uma chave centrífuga incorporada ao eixo do gerador.

Método Mecânico – Função 12


É colocado um dispositivo mecânico centrífugo no eixo do gerador que, em sobrevelocidades,
fecha um contato, retirando o gerador do sistema.
Estes dois métodos podem ser aplicados juntos num mesmo gerador.
Turbinas a Vapor: Ajustado em 110% da velocidade nominal.

Método Elétrico – Função 81


É utilizado um relé de sobrefrequência, conectado aos terminais de saída de um Gerador de
Imã Permanente.

3.7 – Relé de Campo – Função 40

a) Principais Motivos da Perda de Excitação


• Perda do campo da excitatriz principal
• Aberturas acidentais do disjuntor de campo.
• Curtos no campo
• Mal contato nas escovas da excitatriz
• Falhas no relé 41
• Erros de operação

b) Conseqüências de Perda de Excitação


 O gerador passa a funcionar como gerador de indução, girando acima da velocidade
síncrona;
 Nos Geradores de polos lisos: não possuem enrolamentos amortecedores que possam
suportar as correntes induzidas no rotor quando funcionam como gerador de indução.
Em decorrência, o rotor irá se sobre aquecer rapidamente e, em dois ou três minutos,
podem ocorrer sérios danos.
 Geradores de polos salientes (que possuem enrolamentos amortecedores): não estão
sujeitos a altos aquecimentos.
 O estator de qualquer tipo de gerador síncrono está sujeito a sobreaquecimento
enquanto funcionar como gerador de indução e as correntes do estator poderão atingir
2 a 4 vezes o valor da corrente nominal;

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
16
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

 Instantes antes da perda de excitação, o gerador está fornecendo uma certa


quantidade do reativo ao sistema. Ao perder a excitação, no entanto o gerador passará
a absorver reativo do sistema e haverá queda de tensão nos seus terminais.

Esses fatos podem provocar a perda de estabilidade (dependendo dos reguladores de tensão e
da capacidade do gerador em relação ao sistema).

Quando o campo do gerador é perdido, o fluxo de eixo direto do rotor decresce, a Unidade
Geradora se acelera e sai de sincronismo com o resto do sistema. O choque para o sistema,
quando a Unidade Geradora sai de sincronismo não será severo, já que o nível do fluxo no rotor
do gerador (ou tensão interna da Unidade Geradora) será baixo. Desprezando qualquer
oscilação de potência ativa devido ao fluxo no rotor, a Unidade Geradora fará a transição de
gerador síncrono para gerador de indução, incluindo um período de aumento na velocidade do
rotor com aproximadamente, constante potência ativa de saída.

3.8 – Relé Direcional de Potência – Função 32

Esta proteção é usada para proteger o gerador numa situação de falha do acionamento da
turbina. Neste caso o gerador atuará como motor e acionará a turbina, retirando a energia
necessária da rede elétrica. Esta condição provocará o sobreaquecimento das lâminas da
turbina a vapor ou cavitação da turbina hidráulica, e deve ser interrompida rapidamente.

O nível de potência ativa é determinado pelas perdas de fricção das lâminas da turbina, mais as
perdas joule, e estão situadas nas seguintes faixas:
 Turbina a vapor: 1% a 3%;
 Turbina a gás: 1% a 3%;
 Geradores diesel: >5%;
 Turbina hidráulica: 0,2% a 2%.

3.9 Proteção de Distância - Função 21

A proteção de distância é usada como uma proteção seletiva de retaguarda, que opere para
defeitos até o transformador, e opere em coordenação com as outras proteções adjacentes.
Desta forma ela é uma retaguarda local para a proteção diferencial do gerador e
transformador. Ela sempre utiliza as correntes do lado 2 (neutro) do gerador.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
17
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

Imagem 6 – Esquema de atuação de um relé de distância. Fonte: Imagem internet

3.10 – Proteção conta curto entre espiras

A proteção contra curto-circuito entre espiras, em geradores com os enrolamentos do estator


em série, pode ser feita através da verificação de desbalanço de tensão. A Figura mostra esse
método. Três Transformadores de Potencial (s) são ligados em estrela no primário com o
neutro ligado diretamente ao neutro do gerador. O secundário é fechado em delta aberto com
um relé de sobretensão conectado em seus terminais, medindo desta maneira o desbalanço de
tensão, indicado por 59N.

A conexão do neutro dos Transformadores de Potencial (s) ao neutro do gerador torna o relé
insensível a faltas fase-terra. No entanto, o relé irá operar para faltas entre espiras, as quais
aumentam o desequilíbrio de tensão. O relé de sobretensão é sintonizado na freqüência
fundamental, porque pelo delta aberto podem circular componentes harmônicos de terceira
ordem.

Imagem 07 – Proteção conta curto entre espiras. Fonte: Imagem internet

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
18
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

3.11 - Proteção conta curto entre espiras

Existem diversas técnicas de proteção contra faltas fase-terra, pois estas são altamente
dependentes da forma que o gerador está aterrado.Um esquema de proteção muito
empregado para geradores aterrados com alta impedância, emprega um relé de sobretensão
com curva inversa conectado em paralelo ao reator de aterramento, conforme mostra a Figura
. Esse relé mede a tensão de seqüência nula (V0), indicado por 59GN pelo código . Quando uma
falta fase-terra ocorre, a tensão de fase do gerador é imposta sobre o transformador de
aterramento. A tensão no relé é função da relação de espiras entre o primário e secundário do
transformador de aterramento. A menor porção do enrolamento do gerador protegido por este
método é 5%.

Imagem 08 – Proteção conta curto entre fase terra. Fonte: Imagem internet

3.12 - Proteção Reversão de Fase – Função 46

A proteção de seqüência negativa detecta desbalanços de carga no sistema elétrico. As


correntes de seqüência negativa associadas produzem campo magnético que gira em sentido
contrario ao rotor da máquina, induzindo nele correntes com o dobro da freqüência, que
tendem a gerar sobreaquecimento.

Esta proteção também pode ser utilizada para detectar faltas desbalanceadas com magnitude
inferior à carga, o que não é possível com a proteção de sobrecorrente de fase.

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
19
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

3.13 - Cubículo de Surtos de Média tensão

O equipamento de proteção contra surtos para máquinas rotativas consiste de uma


combinação de capacitores especiais e pára–raios tipo estação, ligados o mais próximo possível
aos terminais do gerador.

A função do conjunto é limitar a amplitude da onda de impulso e diminuir a inclinação da frente


de onda que atinge os enrolamentos do gerador.

4. PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

4.1 - Introdução
Dentre os elementos das instalações elétricas de um sistema, o transformador é o que
apresenta maior segurança de serviço. Em geral, os defeitos nos transformadores se resumem
a:
 curto-circuitos entre espiras ou entre enrolamentos de alta e baixa;
 sobreaquecimentos e
 circuito aberto.

4.2 - Tipos de proteção usadas:


 Grandes transformadores: relés diferenciais e relés Bucholz (gás);
 Pequenos e médios trafos: relés de sobrecorrente temporizados e/ou fusíveis;
 Proteção de retaguarda: relés de sobrecorrente e/ou fusíveis.

4.3 – Diagrama Unifilar de Proteção:

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
20
Fone: (55 48) 3031 - 2554
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O&M-2010 Julho/2012 Rev.01

Imagem 09 – Diagrama unifilar de proteção. Fonte: Imagem internet

Legenda:
49 - Relé de temperatura de enrolamento
51 - Relé de sobrecorrente de fase, temporizado
51N - Relé de sobrecorrente de neutro temporizado
63FP - Relé de gás – BUCHOLZ
86 - Relé auxiliar, multiplicador de contatos
87 - Relé diferencial percentual BO: bobina de operação
BR - Bobina de restrição

Rua Tenente Silveira, 94 – 10° andar - Centro


CEP 06454-040 - Florianópolis – SC – Brasil
21
Fone: (55 48) 3031 - 2554

Você também pode gostar