Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E agora?
"Sou budista e tenho uma filha de três anos que também é convertida e recita Daimoku.
Às vezes, quando está sozinha, ela fala, canta, bate palmas, como se estivesse na companhia de
alguém. Outro dia, ela me disse que o avô estava em nossa casa e correu para me mostrar a única foto
que temos de meu falecido sogro. Insistia em dizer que o via a meu lado. Eu li sobre o assunto
‘fantasmas’ na TC de março de 2009, mas ainda ficaram dúvidas... Há um trecho em que Antonio
Nakamura afirma que ter visto a imagem de uma pessoa falecida, pode ser, na realidade, manifestação
do cérebro. No caso de minha filha, entretanto, ela nem conheceu o avô paterno. Devo me preocupar
com a situação?"
M.M.W., Japão
fantasmas, e sim de ondas de energia vital de alguém falecido, interagindo com as ondas de energia
vital de alguém vivo.
Ao recitar Daimoku, a pessoa viva consegue atingir um forte nível de energia vital que inibe estas
interferências e, além disso, se torna capaz de enviar ondas do estado de Buda para os falecidos, que
encontrarão a paz. Conheço muitos relatos de pessoas que, antes de praticarem o budismo, tinham
visões, ouviam vozes ou até “recebiam espíritos”. Porém, todas são unânimes em afirmar que, ao
iniciarem a prática budista, deixaram naturalmente de experimentar tais fenômenos.
Por isso, eu acho que toda esta explicação não tem muito a ver com a situação da sua filha. Como você
disse, além de sua prática, que protege e eleva o estado de vida de sua filha, ela também faz Daimoku.
Desse modo, não teria como haver estas “interferências”.
Diante do fato de sua filha falar sozinha, gostaria de levantar outro aspecto: “amigos imaginários”.
Não sou psicólogo, mas transcrevo, a seguir, trechos de um artigo bastante esclarecedor sobre “amigo
invisível ou imaginário” do psicólogo e jornalista brasileiro Roque Theophilo — presidente da Academia
Brasileira de Psicologia e Academia Internacional de Psicologia.
“É comum os pais surpreenderem seus filhos em solilóquio (fala de alguém consigo mesmo) e muitos o
chamam ‘amigo invisível’ ou ‘imaginário’ com o qual a criança passa o tempo a brincar e a conversar.
Quando isto acontece, os pais costumam ficar preocupados.
“Mas na primeira infância não há motivos para estas inquietações, pois as crianças com estas idades
precisam imaginar e criar o seu mundo de fantasia e é isso que lhes dá felicidade e prazer em crescer.
“Os amigos imaginários podem surgir de dois modos: amigos invisíveis (que ninguém pode ver) e
objetos personificados (com os quais a criança interage como se fossem humanos)”.2
Theophilo ainda comenta sobre a possibilidade de esses amigos imaginários aparecerem em
momentos nos quais a criança esteja ansiosa ou passando por algum tipo de estresse. Segundo ele,
perdas importantes ou a chegada de um irmãozinho podem fazer com que a criança arranje um “amigo
imaginário” para a descarga das emoções contidas.
Neste mesmo artigo, o psicólogo dá algumas dicas importantes sobre amigos imaginários e alerta os
pais de que devem procurar um profissional se a criança só quiser “ficar” com os amigos invisíveis,
esquecendo-se da realidade. Vale conferir.
Quanto à sua filha lhe trazer a foto, pode significar a imagem que tem do avô, apesar de não
conhecê-lo. Não seria nenhuma surpresa ela projetar o avô como alguém mais velho que estivesse
numa fotografia.
Enfim, M.M.W., acredito que não há com o que se preocupar. Agradeço imensamente por compartilhar
sua dúvida, pois é um assunto de grande interesse para muitas pessoas que passam por situações
semelhantes.
Notas
1. BS, edição nº 1.577, 28 de outubro de 2000, p. 4.
2. Academia Brasileira de Psicologia. www.psicologia.org.br/internacional/ap24.htm. Acessado em 14
de agosto de 2009.
Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 493 - 01/09/2009 - Pág.13 - E agora?