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AUXILIAR DE DEPARTAMENTO PESSOAL

4ª SEMANA
ALMIR DA CRUZ SOUSA

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INTRODUÇÃO

Nessa quarta e última semana de Curso estudaremos sobre os


processos rescisórios, ou seja, o momento em que se rompe o
vínculo entre empregador e empregado. Veremos que a rescisão
de contrato de trabalho pode ser dada por iniciativa do
empregado ou do empregador e que independente do motivo
que levou ao desligamento do funcionário, é importante seguir à
risca as questões relativas à legislação trabalhista. Nesta semana,
você também conhecerá todos os processos e documentos
envolvidos na rescisão.

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1 PROCESSO RESCISÓRIO

De acordo com a CLT, a rescisão do contrato de trabalho é o


procedimento formal onde se finaliza o vínculo entre empregado
e empregador.

Antes de o empregador celebrar efetivamente a rescisão de


contrato de trabalho do empregado é necessário verificar se não
existe motivo que impeça este ato (DP online, 2018),
principalmente verificar a existência de:

Exame demissional inapto;

Contrato de trabalho suspenso;

Empregado em gozo de estabilidade provisória de emprego.

Sendo que, de acordo com a CLT, na rescisão de contrato de


trabalho do menor de 18 (dezoito) anos, este deve ser assistido
por seu representante legal.

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1.1 TIPOS DE RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO

Entender os diferentes tipos de rescisão é fundamental tanto


para o empregador entender se vale a pena desligar um
colaborador, como para o empregado decidir se compensa pedir
as contas (CONVENIA, 2017). Os tipos de rescisão previstos na
CLT, de acordo com Convenia (2017) são:

1.1.1 DISPENSA SEM JUSTA CAUSA

Acontece quando o empregador deseja desligar o empregado da


empresa, dando direito ao funcionário dispensado de aviso
prévio, férias vencidas acrescidas de 1/3, férias proporcionais,
13º salário proporcional, saldo de salário e multa de 40% sobre o
FGTS.

1.1.2 DISPENSA POR JUSTA CAUSA OU CAUSADA PELO


EMPREGADO

Nesse caso, a rescisão é provocada em função da má conduta e


de faltas graves cometidas pelo empregado, fazendo com que
este perca o direito a boa parte dos benefícios que receberia

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sendo desligado da empresa em outros casos – recebendo,
apenas, as férias vencidas e o saldo de salário.

1.1.3 PEDIDO DE DEMISSÃO

Ocorre quando a decisão do desligamento vem do empregado.


Faz com que este perca o direito ao aviso prévio, à multa sobre o
FGTS, seguro-desemprego e demais garantias de emprego.

1.1.4 RESCISÃO INDIRETA

Término de contrato por ato culposo do empregador. Ocorre


quando faltas graves são cometidas pelo empregador – incluindo
assédio moral e a exigência do cumprimento de tarefas proibidas
por lei ou contrárias aos bons costumes, entre outros. Neste
caso, o empregado recebe os mesmos direitos da dispensa sem
justa causa.

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1.1.5 RESCISÃO POR CULPA RECÍPROCA

Ocorre quando infrações trabalhistas são cometidas por


empregado e por empregador, havendo justa causa de ambas as
partes – tipo de dispensa que só pode ser declarada pela Justiça
do Trabalho. Algumas verbas rescisórias acabam divididas pela
metade nesse tipo de caso, como multa do FGTS, aviso prévio,
13º salário e férias proporcionais acrescidas de 1/3.

1.1.6 RESCISÃO CONTRATUAL POR COMUM ACORDO

Uma das mudanças trazidas pela reforma trabalhista foi a criação


de outra modalidade de rescisão contratual: a rescisão por
comum acordo. Nesse caso, as duas partes entram em um
consenso sobre o encerramento do contrato de trabalho.

De acordo com Pantaleão (2017) antes da Lei 13.467/2017


(Reforma Trabalhista) não havia qualquer possibilidade legal do
empregado e empregador fazerem um acordo de desligamento
que pudesse, ao mesmo tempo, atender a vontade do

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empregado em ser desligado da empresa para poder sacar o
FGTS e o seguro-desemprego, ou de atender a vontade do
empregador em desligar o empregado sem ter que desembolsar
os 40% da multa do saldo fundiário a que o empregado tem
direito.

Isto porque, em síntese, só haviam duas possibilidades de


ocorrer o desligamento: O empregado pede demissão ou o
empregador demite o empregado.

Ainda que não houvesse lei que permitisse o "acordo de


rescisão", na prática não eram raros os casos em que a empresa
fazia o desligamento do empregado, pagava a multa de 40% e
depois o empregado devolvia "por fora" o valor da multa para a
empresa, configurando a chamada rescisão fraudulenta
(PANTALEÃO, 2017)

Nestes casos, se o Ministério do Trabalho apurasse que houve a


rescisão fraudulenta, além de aplicar multa para a empresa,
poderia ainda determinar a devolução dos valores recebidos
indevidamente (PANTALEÃO,2017)

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Conforme Pantaleão (2017) há decisões ainda que condenam o
empregado pelo crime de estelionato, uma vez comprovado que
a rescisão foi fraudulenta com o intuito exclusivo de sacar o FGTS
e receber o seguro-desemprego, já que empresa e empregado
estariam fraudando documentos para causar prejuízo ao erário
público.

Com a inclusão do art. 484-A da CLT (Reforma Trabalhista), o


acordo entre empregador e empregado para extinção do
contrato passou a ser válido, desde que obedecidos alguns
critérios.

O novo artigo estabeleceu que no caso de acordo no


desligamento, serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:

a) Metade do aviso prévio (15 dias), se indenizado;

b) Metade da multa rescisória sobre o saldo do FGTS (20%)


prevista no § 1º do art. 18 da Lei 8.036/1990;

c) Todas as demais verbas trabalhistas na integralidade;

d) Saque de 80% do saldo do FGTS;

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e) O empregado não terá direito ao benefício do seguro-
desemprego;

Conforme Pantaleão (2017) Vale ressaltar que qualquer acordo


fora do previsto legalmente, bem como anotações na CTPS com
o intuito de demonstrar um vínculo de emprego que não existiu
ou de um desligamento não ocorrido, para se valer do
recebimento do FGTS ou do seguro-desemprego, ainda continua
sendo fraude e configura crime de estelionato previsto no art.
171 do Código Penal.

1.2 AVISO PRÉVIO

O Aviso Prévio é a notificação de rompimento do contrato de


trabalho que uma das partes, empregado ou empregador, dá à
outra, sem motivo justificado. Pela CLT, o aviso prévio deve ser
comunicado por escrito, de modo que a outra parte possa
assiná-lo, confirmando sua ciência do fato (CONVENIA, 2017)

O objetivo do Aviso Prévio na CLT é:

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a) Dar tempo ao empregado de procurar outro serviço, caso seja
dado pelo empregador;
b) permitir ao empregado ter tempo de contratar um novo
colaborador, caso seja dado pelo empregado.
Além disso, o aviso prévio se aplica somente a:

a) Contratos de trabalho de prazo indeterminado; e


b) Contratos de trabalho de prazo determinado nos quais há
uma cláusula que assegure o direito de ambas as partes
rescindirem antecipadamente.
Sendo que, o aviso prévio não se aplica a empregados atuando
sob contrato de experiência, de maneira que, em casos assim,
qualquer uma das partes pode rescindi-lo sem que haja
necessidade de notificar a outra parte com qualquer
antecedência (CONVENIA, 2017)

O prazo do Aviso Prévio é proporcional ao tempo de casa do


colaborador, sendo que não pode ser menor do que 30 dias ou
maior do que 90 dias. Funcionários com 1 ano no serviço têm
direito a aviso prévio de 30 dias, e, a cada ano trabalhado,

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ganham direito a mais 3 dias, não podendo exceder o limite
máximo de 90 dias. Veja tabela abaixo:

Tabela 1: Aviso prévio de acordo com o tempo de serviço

Fonte: Convenia (2017)

No entanto, apesar de o aviso prévio ser proporcional ao tempo


de serviço, o Ministério do Trabalho e Emprego entende que
essa proporcionalidade somente se aplica ao empregador, na

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dispensa sem justa causa do empregado e não se aplica quando
o empregado pede demissão. Nesse caso, o aviso prévio do
empregado será de 30 dias, independentemente do tempo de
serviço (PERES; GREINER, 2016 apud SOARES, 2016).

1.2.1 TIPOS DE AVISO PRÉVIO

De acordo com Soares (2016) há dois tipos de avisos prévios


previstos pela CLT:

a) Indenizado: é aquele em que o empregador decide pelo


desligamento imediato do funcionário. Nesse caso, a empresa
efetua o pagamento da parcela relativa ao respectivo período,
além das verbas rescisórias. Quando o empregado solicita o não
cumprimento do aviso, a empresa pode descontar o valor
respectivo em rescisão de contrato.

b) Trabalhado: quando o funcionário é dispensado com aviso


prévio, ele tem direito a escolher entre duas opções: reduzir
duas horas de sua jornada diária ou faltar sete dias corridos

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mantendo o salário integral (art. 488, da CLT). Desta forma,
empregado pode procurar um novo trabalho, fazer entrevistas
etc. No entanto, esse direito não existe quando é o empregado
quem pediu demissão.

1.3 DISPENSA DA HOMOLOGAÇÃO

Antes da reforma trabalhista de 2017, de acordo com a CLT, os


pedidos de demissão ou recibos de quitação dos contratos de
trabalho de períodos superiores à um ano, só valiam se
homologados pelo sindicato da categoria do empregado ou por
autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Para
os contratos com menos de um ano, essa homologação era
desnecessária.

Porém, a reforma trabalhista revogou essa previsão, ou seja,


agora não há mais necessidade da homologação sindical para as
rescisões trabalhistas, não importando o tempo do contrato. O
que deixa o processo mais rápido e com menos burocracia.

Antes da reforma trabalhista de 2017, era necessário marcar

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hora no sindicato, estarem presentes o empregador e o
empregado. O representante do sindicato conferia toda a folha
de rescisão e, se entendesse necessário, orientava os
empregados quanto aos valores recebidos para, só então, esse
procedimento ser encerrado (FOLHA CERTA, 2017).

Mas nada impede que o empregado no momento da rescisão,


mesmo na empresa, esteja acompanhado por um advogado ou
por um representante do seu sindicato, basta que ele tome a
iniciativa e busque essa assistência. Sendo que, conforme Folha
Certa (2017) Ainda, não há impedimento para que ocorra a
homologação sindical, desde que ambas as partes concordem.

2 INFORMAÇÕES PARA O CÁLCULO DE VERBAS RESCISÓRIAS

Conhecidos os procedimentos referentes à rescisão do contrato


de trabalho, conforme DP online (2018) é necessário verificar os
seguintes dados básicos para cálculo das verbas rescisórias:

- Data de admissão;

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- Data de demissão;

- Motivo da rescisão;

- Último salário registrado em CTPS;

- Tipo de aviso-prévio (trabalhado ou indenizado);

- Verificar se houve pagamento da 1ª parcela do 13º salário junto


com as férias;

- Verificar se houve pagamento de adicionais no decorrer do


contrato de trabalho;

- Verificar se houve período de férias gozadas ou não gozadas;

- Verificar se há dependentes para fins do salário-família e IRRF;

- Verificar se houve período de afastamento de modo a reduzir a


contagem de avos de 13º salário e férias;

- Verificar se houve quitação anual de obrigações trabalhistas.


(Artigo nº 507-B da CLT).

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3 DOCUMENTOS A SEREM GERADOS NO PROCESSO DE
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

Para a rescisão do contrato de trabalho, deverão ser gerados


alguns documentos, conforme a imagem abaixo. Em seguida
apresentaremos modelos destes documentos.

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Estruturação de emissão de documentos rescisórios

Fonte: DP online (2018)

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Figura 1: Modelo de Aviso prévio do empregador

Fonte: http://www.byser.com.br/2010/10/modelo-aviso-
previo-do-empregador.html

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Figura 2: Termo de rescisão do contrato de trabalho.

Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/trct-tc-
domestico.htm

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Figura 3: Termo de quitação da rescisão.

Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/trct-tc-
domestico.htm

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Figura 4: Termo de homologação.

Fonte: DP online (2018)

Observação: a Lei nº 13.467/2017 extinguiu a exigência de


assistência e homologação das rescisões com mais de 1 ano de

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vigência porém, a emissão do THRCT (termo de homologação de
rescisão de contrato de trabalho) previsto no anexo VII da
Portaria do MTe nº 1.057 de 2.012 não sofreu revogação após a
vigência da Lei nº 13.467
13.467-2017 (DP online, 2018).

Figura 4: Resumo Analítico da Rescisão


Rescisão.. Fonte:
https://documentacao.senior.com.br/esocial/rubi/desoneraca

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o_da_folha_573.htm

Figura 5: Recibo de entrega e devolução de CTPS

Fonte: informanet.com.br

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Figura 6: Comprovante de imposto de renda retido na fonte
(IRRF).

Fonte:
http://tdn.totvs.com/pages/releaseview.action?pageId=27140
1964

É importante lembrar ainda que, conforme a CLT, a modalidade


que levou à rescisão, mesmo que seja por justa causa, não
poderá ser anotada na carteira de trabalho do profissional. Nesta
deverá constar apenas a baixa, com as datas de início e fim do
contrato de trabalho.

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4 PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Realizados os cálculos e gerados os documentos necessários, o


próximo passo é o pagamento das verbas rescisórias. Os
pagamentos deverão ser feitos em até 10 dias a partir do
término do contrato, em qualquer situação (FOLHA CERTA,
2017).

O valor líquido referente às verbas rescisórias pode ser paga ao


empregado das seguintes formas: Dinheiro em espécie; Depósito
bancário; Cheque visado (DP online, 2018). Sendo que, o
analfabeto, com relação a verbas rescisórias, não pode ser
remunerado por meio de cheque visado.

Finalizamos assim a apostila da 4º semana do nosso curso,


apresentado como deverá ser feita a rescisão do contrato de
trabalho.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Lei nº 13. 467/17,


Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13467.htm

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº


5.442, de 01.mai.1943. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452compilado.htm

CONVENIA. Domine a (chata) Burocracia de Contratação de


Funcionários. Convenia. 2018.

CONVENIA. 2018. Disponível em:


http://blog.convenia.com.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-
sobre-aviso-previo-clt/

FOLHA CERTA. 2017. Disponível em:


http://folhacerta.com/blog/rescisao-contratual-entenda-o-que-
muda-com-a-reforma-trabalhista/

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PANTALEÃO, S. F. Guia Trabalhista. 2017. Disponível em:
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/Acordo-rescisao-
legalidade.htm

SOARES, A. L. ECONOMIA IG. 2016. Disponível em:


http://economia.ig.com.br/2016-05-31/novas-regras-duracao-
descumprimento-e-mais-saiba-como-funciona-o-aviso-
previo.html

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