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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB


NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEAD
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LITERATURA E OUTRAS LINGUAGENS
DISCIPLINA: TEXTO LITERÁRIO E OUTRAS LINGUAGENS

FRANCISCA OLANE RODRIGUES DA SILVA

A PINTURA NA LITERATURA

Ao longo dos tempos, a relação entre pintura e literatura deu muitos frutos,
não obstante, os mais interessantes frutos se deram na prosa, por meio da
utilização literária na pintura. Aliás, a pintura sempre teve um papel de destaque na
literatura, sobretudo, na prosa do século XIX. Magalhães dispõe em seu artigo
intitulado “A pintura na literatura”, por exemplo, uma análise sobre a verdadeira
tradição no uso da pintura na literatura, que iniciou-se com Goethe em 1774,
chegou até nossos dias com Georges Perec e Thomas Bemhard.
O fenômeno pintura e literatura teve como berço, a França, favorecida pela
grande controvérsia renovada a cada ano, no século XIX, pelo Salon Annuel de
Peinture, envolvendo escritores como Théophile Gautier, Baudelaire e Zola. Na
qual, a fusão literatura e arte se dá em virtude das riquezas de ideias que
transformou a pintura na literatura. Daí, não haver um único método analítico ou
interesse pela pintura “em sim”. Claro, que tudo isso ocorre, sem ignorar outras
literaturas, o próprio texto retrata os percursos seguidos por esse fenômeno na
literatura francesa dos séculos XIX e XX.
Foram vários os fatores de ordem externa à literatura que impulsionaram um
conjunto de mudanças que passou a definir a arte. Entre elas, o rompimento do
artista com os valores do classicismo, possibilitando uma mudança na forma de ver
e representar o mundo, “o avanço cientifico, tecnológico, e econômico interferiu
diretamente na arte”. Tendo em vista, que houve profundas transformações que
acarretaram em graves problemas sociais, gerando descontentamento entre os
intelectuais. Os artistas fizerem grandes transformações na pintura, quebrando com
o convencional e rompendo com a tradição. De modo que as relações entre a
literatura na pintura motivaram e têm motivado uma das mais longas discussões
estéticas, envolvendo filósofos e artistas com o passar dos tempos no Brasil e no
mundo.
No que diz respeito ao recurso das imagens no texto literário, pode-se dizer
que ocorre, por exemplo, na descrição de paisagens, de ambientes, de objetos e,
sobretudo, de pessoas. Na leitura do texto literário, chegamos a ver essas pessoas
descritas sobre a folha de papel. Nessa tela imaginária, por exemplo, nos
encantamos com a cor negra dos cabelos de Iracema; desconfiamos do olhar
oblíquo e dissimulado de Capitu; e nos surpreendemos com o ruivo dos cabelos ou
o azul dos olhos rudes de Fabiano, partindo em retirada com a família, a cachorra
Baleia, que parece gente, e o papagaio mudo. Enfim, a pintura nasce no texto
literário nos fazendo crer em coisas incríveis e duvidar de nossas certezas. Além de
permitir revivermos conscientemente a experiência mágico-fenomenista da
passagem da palavra para a imagem ou, como entendiam nossos ancestrais, dos
ouvidos para os olhos.

Referência

MAGALHÃES, Roberto Carvalho de. A pintura na Literatura, In: Literatura e


Sociedade. Revista de Teoria Literária e Literatura Comparada, n.2, FFLCH, USP,
1992. p. 69-88.

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