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Regiões da Lagoa do Casamento

e dos Butiazais de Tapes,


Planície Costeira do Rio Grande do Sul

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República Federativa do Brasil
Presidente: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Vice-Presidente: JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA

Ministério do Meio Ambiente


Ministra: MARINA SILVA

Secretaria Executiva
Secretário: CLÁUDIO ROBERTO BERTOLDO LANGONE

Secretaria de Biodiversidade e Florestas


Secretário: JOÃO PAULO RIBEIRO CAPOBIANCO
Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade
Diretor: PAULO YOSHIO KAGEYAMA
Gerência de Conservação da Biodiversidade
Gerente: BRAULIO FERREIRA DE SOUZA DIAS
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da
Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO
Gerente: DANIELA AMÉRICA SUÁREZ DE OLIVEIRA

Acompanhamento Editorial
Márcia M. N. Paes
Projeto Gráfico
Marco Bandeira
Editoração Eletrônica e Finalização
SCAN - Editoração & Produção Gráfica
55 51 3330.1103 - E-mail: scan-rs@uol.com.br
Fotos das Aberturas
Adriano Becker - fotos em terra
Ricardo A. Ramos - fotos áereas
Fotos Internas
Adriano Becker e equipe do projeto
Revisão
Fernando Gertum Becker
Luciano de Azevedo Moura
Revisão da Língua Portuguesa CD em anexo na 3a Capa
Maria Beatriz Maury de Carvalho

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Ministério do Meio Ambiente
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Regiões da Lagoa do Casamento


e dos Butiazais de Tapes,
Planície Costeira do Rio Grande do Sul

Fernando Gertum Becker


Ricardo Aranha Ramos
Luciano de Azevedo Moura
(Organizadores)

Brasília/DF • 2007
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Catalogação na Fonte
Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
B615 Biodiversidade. Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes, planície costeira
do Rio Grande do Sul / Ministério do Meio Ambiente. – Brasília: MMA / SBF, 2006.
388 p. : il. color. ; 42 cm + 1 CD-ROM ¾. (Série Biodiversidade, 25)

Bibliografia
ISBN 85-7738-037-8

1. Conservação ambiental. 2. Biodiversidade. I. Becker, Fernando Gertum. II. Ramos,


Ricardo Aranha. III. Moura, Luciano de Azevedo. IV. Ministério do Meio Ambiente. V.
Secretaria de Biodiversidade e Florestas. VI. Título. VII. Série.
CDU (2.ed.)574

Apoio
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO
Global Environment Facility – GEF
Banco Mundial – BIRD
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD/Projeto BRA/00/021

Ministério do Meio Ambiente – MMA


Centro de Informação e Documentação Luís Eduardo Magalhães – CID Ambiental
Esplanada dos Ministérios – Bloco B – Térreo
700068-900 Brasília – DF
Tel.: 55 61 4009.1235 Fax: 55 61 4009.1980
E-mail: cid@mma.gov.br

Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul


Museu de Ciências Naturais
Rua Dr. Salvador França,1427 - bairro Jardim Botânico
CEP 90690-000 - Porto Alegre/RS
Tel.: 55 51 3336.3281 - E-mail: comunica@fzb.rs.gov.br

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Livros sobre a biodiversidade de regiões geográficas da capital do Estado e dos centros de pesquisa científica, o Ingletto, Eduardo e Francisco Westphalen Velho, pelo apoio a este
específicas constituem um importante apoio para condução de conhecimento pormenorizado sobre os componentes da projeto de pesquisa através da atenciosa recepção em suas
diretrizes de planejamento e conservação da diversidade biológica, biodiversidade destas duas áreas era escasso ou estava disperso em propriedades, da infra-estrutura e estadia oferecidas gentilmente.
além de servirem como referencial para novas pesquisas trabalhos científicos isolados e nas coleções biológicas depositadas Aos técnicos da FZB, em especial a Eduardo S. Borsato,
científicas. De igual importância, é a contribuição que podem ter nas instituições de pesquisa. Cleodir Mansan, Tomaz V. Aguzzoli, Mariano C. Pairet Jr.,
para que a sociedade forme um vínculo cultural e afetivo com a Este livro, portanto, contém os resultados originais obtidos George R. Cunha, Ari D. Nilson e Manoel L. Nunes pelo dedicado
natureza de sua própria região. Ambos, conhecimento científico e em campo durante a execução do projeto e é, em certo grau, uma apoio nas atividades de campo e de laboratório. A Juliano P.
identidade afetiva e cultural, estão entre os elementos necessários síntese do conhecimento existente. O texto possui estilo e forma Salomon Abi Fakredin, pela atuação na execução das tarefas
para que se obtenha sucesso na conservação da biodiversidade, predominantemente técnico-científicos, necessários para a análise e administrativas e pela colaboração em vários momentos do
aliada à utilização racional dos recursos naturais e à manutenção utilização críticas por pesquisadores e gestores de meio ambiente. projeto, inclusive nos trabalhos de campo.
da qualidade ambiental. Porém, por meio do projeto gráfico e das imagens apresentadas, À Brigada Militar e a Patrulha Ambiental (Patram),
Este livro é conseqüência direta da iniciativa do Ministério do buscou-se não apenas uma documentação visual, mas cativar tanto o especialmente ao Major Duarte e aos soldados Ferraz e Tonial pelo
Meio Ambiente (MMA) em suprir as lacunas de conhecimento e leitor técnico como o leigo. Além disso, em alguns capítulos, são auxílio na segurança durante as expedições de campo e nas
estabelecer os fundamentos para o planejamento da conservação da apresentadas informações genéricas sobre os organismos estudados, operações de resgate.
biodiversidade no Brasil. Estas iniciativas tomaram forma através com intuito de tornar a informação acessível também ao leitor não- À Prefeitura de Palmares do Sul, em especial ao Sr. Roberto
do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade especializado. Na Seção I, procurou-se estabelecer o contexto geral Hirtz Dutra, vice-prefeito, e à Prefeitura de Tapes, pela cordial
Biológica Brasileira (PROBIO), coordenado pelo Ministério em das áreas estudadas, abrangendo temas como a formação geológica recepção e pelo fornecimento de informações sobre as regiões
parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e da planície costeira, suas as áreas de maior interesse para estudadas.
Tecnológico (CNPq), e que fomentou a execução de estudos sobre conservação da biodiversidade, e algumas de suas características A Jacqueline Siqueira pelo apoio à coordenação durante a
biodiversidade em biomas brasileiros. socioeconômicas e culturais. Na seção II, os resultados dos primeira fase do projeto, e a Igor P. Coelho, Luciane Coletti, Thais
Em 2002, a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul levantamentos de campo são apresentados em detalhe para cada Michel e Flávio C. Riella pelo auxílio nos trabalhos de campo.
(FZB), entre outras instituições do país, foi contemplada com grupo da fauna e flora e, por fim, a Seção III apresenta uma síntese A Daniela Gelain (IBAMA-RS), pela orientação na emissão
recursos de edital lançado pelo PROBIO, para realização de dos resultados e recomendações para conservação e manejo da das licenças de coleta.
inventários de biodiversidade em áreas previamente determinadas biodiversidade da região. A Eduardo Vélez Martin, ex-diretor do MCN que,
pelo MMA como prioritárias para estudo e conservação da A realização de um projeto como este envolve inúmeras tarefas juntamente com L. de A. Moura, concebeu o projeto
diversidade biológica. O projeto – originalmente denominado e dificuldades científicas, logísticas e administrativas, e não poderia originalmente submetido ao MMA.
“Avaliação da biodiversidade na Lagoa do Cerro, na Lagoa do ter sido concluído sem a colaboração de um grande número de A Adriano Becker, pela dedicação e profissionalismo no
Casamento e em seus ecossistemas associados, Zona Costeira, Rio profissionais, não somente da FZB mas de diversas outras trabalho de documentação fotográfica.
Grande do Sul” – foi executado a partir de 2003 pelo Museu de instituições. A todos expressamos nosso agradecimento, em particular: A Scan - Editoração & Produção Gráfica: Iza Teixeira,
Ciências Naturais (MCN) da FZB, além de bolsistas e Ao Ministério do Meio Ambiente e à equipe do PROBIO, Marco Bandeira, Carolina Citton Puccini e Fernanda Pinheiro,
colaboradores de outras instituições de pesquisa. particularmente a Daniela Oliveira, Cilúlia M. R. de Freitas pelo paciente e criterioso trabalho de concepção gráfica,
Os resultados apresentados nas próximas páginas resultam Maury, Karina Gontijo, Gisele Silva, Carlos Alvarez e Danilo editoração, diagramação e finalização deste livro.
de um intenso trabalho de obtenção de informações sobre a Souza pela condução atenciosa e eficiente dos vários aspectos que
biodiversidade em duas áreas, denominadas ao longo do livro concorreram para o bom andamento e conclusão do projeto.
como região dos Butiazais de Tapes e região da Lagoa do À Verena E. Nygaard, Presidente da FZB, e a Ney Gastal, Porto Alegre, julho de 2006.
Casamento. Ambas incluem remanescentes de hábitats naturais da Diretor do MCN, por proporcionar a logística e infra-estrutura
Planície Costeira do Rio Grande do Sul (banhados, lagoas, durante o desenvolvimento do projeto. Fernando Gertum Becker
campos de dunas, restingas e butiazais) que vêm progressivamente Às Senhoras Nair Heller de Barros e Helena Mello Soares e Ricardo Aranha Ramos
diminuindo em superfície, sofrendo alterações ambientais e aos Senhores José Taylor, Osvaldo Gutheil, Edegardo Marques da Luciano de Azevedo Moura
perdendo biodiversidade. Paradoxalmente, apesar da proximidade Rocha Velho, André Velho, Antonio Jose Velho Martins, César (Organizadores)

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Seção I – Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes .............................................................................................................................. 9

1. Introdução .......................................................................................................................................................................................................................... 10
Fernando G. Becker, Ricardo A. Ramos, Luciano de A. Moura

2. Planície Costeira ............................................................................................................................................................................................................... 20


Jorge A. Villwock, Luiz. J. Tomazelli

3. Socioeconomia, cultura e ambiente ................................................................................................................................................................................... 34


Luiza Chomenko

4. Áreas importantes de conservação na Planície Costeira do Rio Grande do Sul ............................................................................................................... 46


Maria Inês Burger, Ricardo A. Ramos

Seção II – Diagnóstico ......................................................................................................................................................................................................... 59

5. Paisagem, uso e cobertura da terra .................................................................................................................................................................................... 60


Ricardo A. Ramos, Arlete I. Pasqualetto, Rodrigo A. Balbueno, Eduardo da S. Pinheiro

6. Flora e vegetação ............................................................................................................................................................................................................... 84


Maria de Lourdes A. A. de Oliveira, Rosana M. Senna, Márcia T. M. B. das Neves, Martina Blank, Ilsi Iob Boldrini

7. Ficoflora ........................................................................................................................................................................................................................... 112


Lezilda Carvalho Torgan, Sandra Maria Alves da Silva, Vera Regina Werner, Zulanira M. Rosa, Luciana de S. Cardoso, Silvana C. Rodrigues,
Cristiane B. dos Santos, Carla B. Palma, Jaqueline R. Fortuna, Mariéllen D. Martins, Aline B. Bicca, Andrea S. Weber

8. Protozooplâncton e Rotifera ............................................................................................................................................................................................ 130


Luciana de Souza Cardoso

9. Macroinvertebrados bentônicos ....................................................................................................................................................................................... 144


Cecilia Volkmer-Ribeiro, Rosária De Rosa-Barbosa, Demétrio L. Guadagnin, Carolina C. Mostardeiro, Ana Paula da S. Pedroso

10. Esponjas......................................................................................................................................................................................................................... 156


Cecilia Volkmer-Ribeiro, Rosária De Rosa-Barbosa, Carolina C. Mostardeiro

11. Crustáceos...................................................................................................................................................................................................................... 164


Marcelo P. de Barros

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12. Aranhas ........................................................................................................................................................................................................................... 172
Ricardo Ott, Erica Helena Buckup, Maria Aparecida de Leão Marques

13. Insetos aquáticos ............................................................................................................................................................................................................ 186


Hilda Alice de Oliveira Gastal

14. Hemípteros terrestres ..................................................................................................................................................................................................... 198


Aline Barcellos

15. Coleópteros terrestres .................................................................................................................................................................................................... 210


Luciano de Azevedo Moura

16. Cerambycidae (Coleoptera) .................................................................................................. ......................................................................................... 230


Maria Helena M. Galileo, Luciano de A. Moura, Rodrigo M. Moraes

17. Moluscos terrestres ........................................................................................................................................................................................................ 240


Ingrid Heydrich

18. Moluscos límnicos .......................................................................................................... ............................................................................................... 252


Sílvia Drügg-Hahn, Vera Lucia Lopes-Pitoni, Fernanda de B. Cunha, Aline P. Carvalho

19. Peixes ..................................................................................................................... ........................................................................................................ 262


Fernando G. Becker, Karin M. Grosser, Paulo C. C. Milani, Aloisio S. Braun

20. Anfíbios ................................................................................................................... ...................................................................................................... 276


Márcio Borges-Martins, Patrick Colombo, Caroline Zank, Fernando G. Becker, Maria Teresa Queiroz Melo

21. Répteis .................................................................................................................... ....................................................................................................... 292


Márcio Borges-Martins, Maria Lúcia M. Alves, Moema Leitão de Araujo, Roberto Baptista de Oliveira, Ana Carolina Anés

22. Aves ....................................................................................................................... ........................................................................................................ 316


Glayson A. Bencke, Maria I. Burger, João C. P. Dotto, Demétrio L. Guadagnin, Tatiane O. Leite, João O. Menegheti

23. Mamíferos .................................................................................................................. .................................................................................................... 356


Mariana Faria-Corrêa, Fábio S. Vilella, Márcia M. de Assis Jardim

Seção III – Síntese .............................................................................................................................................................................................................. 367

24. Biodiversidade – síntese e conservação......................................................................................................................................................................... 368


Fernando G. Becker, Ricardo A. Ramos, Luciano de A. Moura, Glayson A. Bencke, Maria de Lourdes A. A. de Oliveira

Lista de autores ............................................................................................................... ...................................................................................................... 386

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Regiões da Lagoa do Casamento
e dos Butiazais de Tapes,
Planície Costeira do Rio Grande do Sul

Seção I
Regiões da Lagoa do Casamento
e dos Butiazais de Tapes

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1.
Introdução

Fernando Gertum
Becker, Ricardo Aranha
Ramos & Luciano de
Azevedo Moura

10
Introdução a) extrema importância biológica; b) muito alta importância forma a poder integrar informações sobre a biota e seus
biológica; c) alta importância biológica; d) habitats, uma vez que habitats e sua distribuição na
O Brasil é considerado um país possuidor de insuficientemente conhecidas, mas de provável interesse paisagem são parte do que se entende por biodiversidade
megadiversidade biológica, ou seja, é um dos países com biológico. Destas, 43% estão situadas na Amazônia (Dias, 2001) e são essenciais para a concepção de
maior variabilidade de organismos vivos de diversas origens, Brasileira, 9% na Caatinga, 20% na Mata Atlântica e estratégias de manejo e conservação, não apenas por
incluindo ecossistemas aquáticos e terrestres, complexos Campos Sulinos, cerca de 10% no Cerrado e Pantanal e serem indissociáveis da biota, mas também porque
ecológicos que deles fazem parte e também toda a 18% nas Zonas Costeira e Marinha (Brasil, 2004). constituem características ecossistêmicas estruturais e
variabilidade intra e interespecífica e de ecossistemas funcionais. Estas, são consideradas como bens ou serviços
(SCBD, 2005). As informações sobre a diversidade Nas Zonas Costeira e Marinha, 164 áreas ambientais, ou seja, trazem benefícios que contribuem
brasileira que maior projeção e divulgação alcançam prioritárias foram identificadas, sendo que 40 delas diretamente para o bem-estar humano (Bensusan, 2002;
geralmente provêm de regiões de indiscutível importância situam-se em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Costanza et al., 1997). Como exemplos de serviços
para conservação, como a Amazônia (possui 40% das Entre todas as áreas apontadas na Zona Costeira, 50 ambientais, pode-se mencionar o papel de áreas úmidas
florestas tropicais remanescentes; Peres, 2005); a Mata tiveram como indicativo de ação prioritária a realização de na regulação de fluxos e estoques naturais de água, que
Atlântica e o Cerrado (hotspots mundiais de biodiversidade, inventário da diversidade biológica. Em outras palavras, servem para irrigação e abastecimento; sua função na
isto é, áreas de grande riqueza biológica, com alta foram consideradas áreas onde o grau de conhecimento atenuação de flutuações ambientais, garantindo a
proporção de biota endêmica e sob forte pressão de sobre a biodiversidade era insuficiente e que, portanto, prevenção de processos erosivos; ou até mesmo as
degradação ambiental; Myers et al., 2000) e o Pantanal deveriam ser objeto de um levantamento de informações oportunidades recreativas, sob a forma de turismo ou
(maior área úmida tropical do mundo; Brandon et al., 2005). de campo sobre as espécies e os habitats nelas pesca recreativa, entre outras (para mais detalhes, ver
existentes (Brasil, 2002a; Brasil, 2004). Costanza et al., 1997).
Há, porém, uma importante parcela da biodiversidade
situada em outras regiões, como a Caatinga (Silva et al., Este livro contém os resultados do trabalho de Neste capítulo introdutório, apresenta-se uma breve
2004) e as Zonas Costeira e Marinha (Brasil, 2002a), cujas inventário biológico em quatro das áreas prioritárias da zona caracterização das regiões estudadas e do procedimento
espécies e habitats, em conjunto, possuem características costeira meridional do Brasil (tab. I), todas elas situadas no metodológico geral empregado no inventário de diversidade
ecológicas únicas, diferenciadas das demais. Exemplos são Rio Grande do Sul, ao sul de Porto Alegre (fig. 1). Em função biológica. Informações mais aprofundadas sobre a
os mosaicos de terrenos arenosos e dunas, áreas úmidas de sua contigüidade geográfica, três destas áreas foram formação geológica e características geomorfológicas,
(particularmente banhados, turfeiras e matas paludosas) e estudadas em conjunto, sob a denominação de “região da paisagem atual, unidades de conservação e interface entre
lagoas, formados em função de sutis variações topográficas Lagoa do Casamento”, enquanto que a área restante foi socioeconomia e ambiente, podem ser encontradas nos
da planície costeira (ver figuras do Cap. 2, neste volume). denominada de “região dos Butiazais de Tapes” (tab. I). capítulos iniciais (Seção I). Os capítulos posteriores (Seção
No sul do Brasil, além da extraordinária configuração II) contêm os resultados do inventário biológico
espacial de diferentes tipos de habitat e da grande O inventário realizado nestas duas regiões teve propriamente dito, tratando cada grupo de organismos
heterogeneidade de comunidades vegetais (ver Caps. 5 e 6, como principais objetivos (a) identificar e mapear as áreas separadamente. Por fim, é apresentado um capítulo de
neste volume), há também características de fauna como, naturais remanescentes e (b) caracterizar a riqueza e a síntese, onde é realizado um balanço dos principais
por exemplo, a abundância de aves migratórias (ver Cap. composição de espécies de diversos grupos biológicos nas resultados, perspectivas e recomendações levantadas ao
22, neste volume), os peixes anádromos (que passam parte áreas naturais remanescentes, incluindo uma avaliação da longo dos capítulos anteriores.
do ciclo de vida em água doce e parte em águas marinhas) importância para conservação. Os dados foram obtidos de
e os peixes-anuais (possuem um ciclo de vida curto e vivem
em ambientes temporários; Costa, 2002), ou os tuco-tucos
(roedores fossoriais, do gênero Ctenomys, que vivem em
galerias subterrâneas; Freitas, 1995). Região de estudo Áreas prioritárias Classe de prioridade Ação indicada

Importantes iniciativas vêm sendo realizadas no Lagoa do Casamento Lagoa do Casamento (113) Insuficientemente conhecida Inventário e unidade de
Brasil, tanto no sentido de aumentar o conhecimento sobre conservação de uso direto
a diversidade biológica em distintos biomas, quanto no de Lagoa dos Gateados (114) Extrema importância biológica Unidade de conservação
estabelecer prioridades de conservação da biodiversidade e de uso direto
de sua utilização sustentável (Brasil, 2002b; Brasil, 2004). Banhado da Fazenda Alta importância biológica Recuperação e manejo
Uma destas iniciativas foi a promoção de um conjunto de Cavalhada (112)
seminários para identificação de prioridades regionais, Butiazais de Tapes Lagoa do Cerro (115) Extrema importância biológica Inventário, manejo e unidade
abrangendo seis biomas brasileiros - Amazônia, Cerrado, de conservação de uso direto
Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica e Campos Sulinos - além
da Zona Costeira e Marinha, a qual é constituída por
diferentes biomas (Brasil, 2004). Estes seminários
Tabela I.
identificaram um total de 900 áreas prioritárias para Regiões abrangidas no presente estudo e sua respectiva classificação, conforme relacionada no relatório “Avaliação e
conservação e apontaram lacunas no conhecimento dos Ações Prioritárias para Conservação da Biodiversidade das Zonas Costeira e Marinha” (Brasil, 2002a). Os números
biomas; tais áreas foram classificadas em quatro categorias: entre parênteses correspondem àqueles utilizados em Brasil (2002a) para identificar as áreas prioritárias em todo país.

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Figura 1.
Localização geográfica das regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais
de Tapes (Planície Costeira do Rio Grande do Sul).

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As regiões estudadas outras regiões, onde o destaque é dado pelo elevado índice de campos e faixas de mata arenosa de restinga, que circundam as
formas endêmicas. lagoas do Cerro, Comprida e Suja. Entre a encosta oeste da
As regiões dos Butiazais de Tapes e da Lagoa do Casamento No período anterior à colonização européia, a planície Coxilha das Lombas e a estreita faixa de mata ripária do arroio
situam-se na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, uma província costeira era ocupada por populações Chana e Tupi-Guarani, que Araçá, a mata e os butiazais são substituídos, praticamente em sua
fisiográfica com cerca de 620km de extensão e que, em certos utilizavam peixes, moluscos e camarões (Vieira & Rangel, 1988). totalidade, por cultivos agrícolas e pastagens.
pontos, chega a aproximadamente 100km de largura (Tomazelli et A colonização iniciou-se no século XVII, com portugueses e
al., 2000). Os eventos mais recentes de evolução paleogeográfica espanhóis, mas expandiu-se por toda zona costeira somente após a Método geral do inventário
desta região, representados por sucessivas transgressões e imigração açoriana, no século XVIII. Desde este período, as
regressões marinhas, ocorreram entre 400 mil e cinco mil anos principais atividades econômicas nas regiões estudadas são a O termo “região” é aqui empregado sensu lato, isto é, de
atrás, de modo que a maior parte da província situa-se sobre agricultura (especialmente arroz), a pecuária e a pesca (Vieira & forma não comprometida com o debate conceitual existente em
substrato sedimentar (ver Capítulo 2, neste volume). Rangel, 1988), sendo que mais recentemente, extensas áreas vêm Geografia (Bezzi, 2004). Além disso, os nomes utilizados para
O processo de formação da Planície Costeira está relacionado sendo convertidas em plantações de Pinus e Eucalyptus (Asmus & designar as duas regiões estudadas não correspondem a
com uma importante peculiaridade: a seqüência de ambientes no Tagliani, 1998). denominações consagradas em mapas oficiais. Note-se que nestes,
sentido da costa oceânica para o interior, que inclui complexos Região da Lagoa do Casamento. Situada na península de o termo “Lagoa do Casamento” é utilizado especificamente para
mosaicos de dunas, banhados, campos, matas, além de um sistema Mostardas, limite leste da Laguna dos Patos (fig. 1), abrange referir-se àquela lagoa e não a toda área circunvizinha e seus
de lagoas costeiras, que inclui inúmeros corpos d’água de diferentes porções dos Municípios de Palmares do Sul, Capivari do Sul, ecossistemas associados, enquanto o termo “Butiazais de Tapes”
tamanhos, desde a Laguna dos Patos (cerca de 10.000km2) até Mostardas e Viamão. Caracteriza-se por apresentar uma paisagem não aparece. Assim, as denominações “região da Lagoa do
pequenas lagoas com menos de 1ha. dominada por grandes lagoas (lagoa Capivari, Lagoa do Casamento” e “região dos Butiazais de Tapes” foram criadas no
A Planície Costeira é uma região de clima subtropical úmido Casamento e lagoa dos Gateados) e terrenos relativamente planos, âmbito específico deste estudo com objetivo de facilitar a
(tipo Cfa, segundo o sistema de Köppen; Moreno, 1961 apud mas cujas pequenas variações topográficas determinam a referência às áreas de interesse ao longo do texto, incluindo
Waechter, 1985). A precipitação pluviométrica anual fica entre 1.000 existência de um mosaico de habitats: dunas de areia, campos diversos tipos de ecossistemas e utilizando uma delimitação
e 1.500mm e a temperatura média varia entre 16 e 20°C, ficando a arenosos e campos úmidos, matas brejosas ou sobre dunas e áreas geográfica arbitrária.
média do mês mais quente entre 22 e 26°C, e a do mês mais frio, úmidas (banhados) de diversos tipos (fig. 2). Este mosaico, que O trabalho de inventário seguiu o método geral utilizado em
entre 10 e 15°C (Nimer, 1977). Os ventos são característicos da originalmente cobria toda a região, hoje se encontra em grande avaliações biológicas rápidas (Sobrevila & Bath, 1992). Avaliações
região, possuindo direções predominantes relativamente constantes. parte substituído por extensas áreas homogêneas de cultivos Ecológicas Rápidas (AER) envolvem procedimentos para obtenção
Sopram principalmente de NE ao longo de todo ano, mas em agrícolas, especialmente arroz, sendo que os campos naturais são e aplicação de informação biológica, integrando diversos níveis de
especial na primavera e verão, ao passo que no outono e inverno manejados para uso pela pecuária. informação, desde imagens de satélite e sobrevôos até
cresce a incidência dos ventos de O-SO. É comum encontrar na Devido à baixa altitude e relativa uniformidade do terreno, amostragens de campo específicas para determinados tipos de
região árvores de aspecto anemomórfico, isto é, com a copa as condições naturais dos habitats, da fauna e da flora, são organismos.
deformada, acompanhando o sentido predominante dos ventos bastante influenciadas pelas diferenças sazonais de temperatura e, A primeira etapa do trabalho de inventário consistiu de uma
(Waechter, 1985). especialmente, pela dinâmica natural de inundação determinada análise prévia de imagens de satélite e da realização de sobrevôos,
Sob perspectiva biogeográfica, a planície costeira pertence pelas variações de nível da Laguna dos Patos que estão associadas incluindo documentação fotográfica sobre as duas regiões de
a duas províncias distintas, a Atlântica e a Pampeana (Cabrera & aos ventos fortes, característicos de toda região costeira do Rio estudo. O objetivo desta etapa foi identificar as principais áreas
Willink, 1973; Morrone, 2001). A província Atlântica possui Grande do Sul. Embora exista uma tendência de que períodos naturais remanescentes, determinando os tipos de habitat mais
vegetação florestal de características predominantemente tropicais, mais úmidos ocorram no inverno e menos úmidos no verão, representativos existentes, sua quantidade relativa e sua
estendendo-se essencialmente pelo litoral norte do Estado, inversões destas condições podem ocorrer mesmo no espaço de distribuição espacial. A partir desta análise preliminar, foram
enquanto que a província Pampeana, no litoral centro-sul, é poucos dias, determinando acentuada mudança nos ambientes em determinadas subáreas prioritárias para realização das amostragens
dominada por vegetação campestre, de caráter subtropical qualquer época do ano (ver fig. 1 do Cap. 5, neste volume). de fauna e flora, buscando obter abrangência espacial e
(Cabrera & Willink, 1973; Waechter, 1985). Entretanto, dada a Região dos Butiazais de Tapes. Situa-se a oeste da Laguna representatividade dos principais tipos de habitat de cada região.
sua história geológica recente, a maior parte da fauna e a flora da dos Patos (fig. 1) e inclui parte dos Municípios de Barra do Note-se que a delimitação de subáreas teve por mero objetivo a
Planície Costeira do RS não foi originada em processos de Ribeiro e Tapes. Ao norte e ao sul desta região encontram-se orientação e otimização do esforço de campo das diferentes
especiação local e, portanto, provém de regiões mais antigas extensas áreas de florestas plantadas de Pinus e Eucalyptus. equipes que realizaram o inventário, não havendo qualquer
(Rambo, 1950, 1954, 1961; Waechter, 1985). Além dos elementos Diferentemente da região da Lagoa do Casamento, apresenta perfil implicação em termos de identidade ou independência de cada
dominantes, originários das províncias Atlântica e Pampeana, de topografia mais heterogêneo devido à presença da Coxilha das subárea em relação às demais.
pode-se encontrar componentes patagônicos, andinos, chaquenhos Lombas. Nesta região, pode-se visualizar um gradiente no sentido Os locais prioritários de amostragem foram estabelecidos
e holárticos (Rambo, 1954; Reitz, 1961; Waechter, 1985; leste-oeste, a partir da costa da Laguna dos Patos até o arroio após reconhecimento de campo onde, verificou-se in loco se as
Morrone, 2001). Por esta razão, a biota da planície costeira Araçá, desde uma faixa de praia lagunar com dunas de areia, subáreas de fato apresentavam condições ecológicas relativamente
apresenta baixo número de endemismos quando comparada a campos arenosos e banhados até o sopé da Coxilha das Lombas, íntegras e representativas dos habitats de cada região. Além disso,
outras regiões. Pode-se dizer que uma de suas principais onde a mata domina na encosta, passando gradualmente a compor foram mapeados os principais acessos por terra ou água e os locais
peculiaridades regionais é justamente a presença de elementos um mosaico com extensas manchas de butiazais, campos, baixadas possíveis para estabelecimento das bases de campo e pernoite.
florísticos e faunísticos originados em diferentes províncias úmidas e cultivos (fig. 3). Na porção sul desta faixa de planície Como resultado da primeira etapa foram definidas subáreas de
biogeográficas (Guadagnin & Leydner, 1999), em contraste com lagunar, ocorrem grandes áreas de cultivo de arroz, além de amostragem em cada uma das duas regiões estudadas (figs. 4 e 5).

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A segunda etapa do inventário consistiu na obtenção de J. P. (eds). Os Ecossistemas Costeiro e Marinho do Extremo Lewinsohn, T. M. & Prado, P. I. 2005. Quantas espécies há no
dados de campo sobre diferentes tipos de organismo, tendo sido a Sul do Brasil. Rio Grande, Editora Ecoscientia, p.227-229. Brasil?. Megadiversidade, 1(1):36-42. Disponível em: http://
amostragem concentrada nas subáreas pré-determinadas na Bensusan, N. 2002. Introdução. A Impossibilidade de ganhar a www.conservation.org.br/publicacoes/megadiversidade2.php.
primeira etapa. Conforme as particularidades de cada grupo da aposta e a destruição da natureza. In: Bensusan, N. (org.) Acesso em: dezembro de 2005.
fauna ou flora foram realizadas amostragens complementares em Seria melhor mandar ladrilhar? Biodiversidade: como,por que, Morrone, J. J. 2001. Biogeografia de América Latina y el Caribe.
locais fora das subáreas. A maioria dos grupos de organismo foi para quem. Brasília, Universidade de Brasília/Instituto Zaragoza, Sociedade Entomologica Aragonesa. (Manuales &
amostrada em duas campanhas de campo em cada região e, na Socioambiental. p.13-28. Tesis, v. 3). 148p.
medida do possível, em cada subárea (as exceções são descritas Bezzi, M. L. 2004. Região: Uma (Re)visão Historiográfica - da Myers, N.; Mittermeier, R. A.; Mittermeier, C. G.; Fonseca, G. A.
nos capítulos específicos sobre cada grupo de organismo). As Gênese aos Novos Paradigmas. Santa Maria, Editora da B. & Kent, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation
amostragens foram georreferenciadas e realizadas com esforço UFSM. 291p. priorities. Nature, 403:854-858.
mensurado (por exemplo, por tempo de procura, distância Brandon, K.; Fonseca, G. A. B.; Rylands, A. B. & Silva, J. M. C. Nimer, E. 1977. Clima. In: IBGE - Geografia do Brasil, Região
percorrida ou número de armadilhas/hora), respeitando as 2005. Conservação brasileira: desafios e Sul. SERGRAF-IBGE, Rio de Janeiro, p.35-79.
particularidades de cada tipo de organismo e tipo de habitat. Além oportunidades.Megadiversidade, 1(1):7-13. Disponível em: Peres, C. A. 2005. Porque precisamos de megareservas na
destas amostragens, dados complementares sobre ocorrência de http://www.conservation.org.br/publicacoes/ Amazônia. Megadiversidade, 1(1):174-180. Disponível em:
espécies foram obtidos por meio de amostragens expeditas. megadiversidade2.php. Acesso em: dezembro de 2005 http://www.conservation.org.br/publicacoes/
As amostras de fauna e flora foram realizadas em habitats Brasil. 2002a. Avaliação e Ações Prioritárias para Conservação da megadiversidade2.php. Acesso em: dezembro de 2005.
terrestres e aquáticos, incluindo 18 diferentes grupos de Biodiversidade das Zonas Costeira e Marinha. Fundação BIO- Rambo, B. 1950. A porta de Torres. Sellowia 2:125-136.
organismos: algas, plantas vasculares, protozooplâncton, rotíferos, RIO, Secretaria do Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Rambo, B. 1954. História da flora do litoral riograndense.
macroinvertebrados bentônicos, esponjas de água doce, Ambiente do Pará, Instituto de Desenvolvimento Econômico e Sellowia, 6(6):112-172.
macrocrustáceos, insetos aquáticos, moluscos aquáticos, Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Sociedade Rambo, B. 1961. Migration routes of the south Brazilian rain
moluscos terrestres, aranhas, coleópteros, hemípteros, peixes, Nordestina de Ecologia et al. Brasília, MMA/SBF.72p. forest. Pesquisas sér. botânica 5(12):5-54.
anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Sempre que possível, Brasil. 2002b. Biodiversidade Brasileira. Avaliação e identificação Reitz, R.. 1961. Vegetação da zona marítima de Santa Catarina.
espécimes-testemunho foram coletados e incorporados às de áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização Sellowia, (13):1-115.
coleções zoológicas e no herbário do Museu de Ciências da sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos SCBD - Secretariat of the Convention on Biological Diversity
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (os métodos biomas brasileiros. Brasília, MMA/SBF. 404p. 2005. Handbook of the Convention on Biological Diversity
específicos utilizados para cada grupo da fauna e flora são Brasil. 2004. Segundo relatório nacional para a convenção sobre Including its Cartagena Protocol on Biosafety, 3rd ed.,
descritos nos respectivos capítulos). Adicionalmente, foi realizado diversidade biológica: Brasil/Ministério do Meio Ambiente. Montreal, UNEP. 1533p.
um mapeamento de uso e cobertura da terra e elaborada uma Diretoria do Programa Nacional de Conservação da Silva, J. M. C.; Tabarelli, M.; Fonseca, M. T. & Lins, L. V. 2004.
classificação de unidades de paisagem com base em imagens de Biodiversidade - DCBio. Brasília, Ministério do Meio Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a
satélite e fotografias aéreas (Cap. 5, neste volume). Ambiente. 347p. (Biodiversidade, 10). conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente e
Após a obtenção dos dados de campo, foi realizada uma Cabrera, A. & Willink, A. 1973. Biogeografía de América Latina. Universidade Federal de Pernambuco. 382p.
caracterização de cada grupo de organismos, destacando número Monografía n. 13. Serie Biología. Washington D.C., Sobrevila, C. & Bath, P. 1992. Evaluacion Ecologica Rapida: um
e composição de espécies, estado de conservação (espécies Secretaria General de la OEA. 117 p. manual para usuários de América Latina y el Caribe.
ameaçadas), espécies de distribuição restrita e expansões de Costa, W. J. E. M. 2002. Peixes anuais brasileiros: diversidade e Arlington, The Nature Conservancy. 232p.
distribuição geográfica, novidades para ciência (espécies novas ou conservação. Curitiba, Editora da UFPR. 238p. Tomazelli, L. J.; Dillenburg, S. R. & Villwock, J. A. 2000. Late
potencialmente novas) e interesse especial (exóticas, invasoras, Costanza, R.; d’Arge, R.; de Groo, R.; Farber; S.; Grasso, M.; Quaternary Geological History of Rio Grande do Sul Coastal
agricultura, fármaco-toxicológico, econômico, entre outros). Hannon, B.; Limburg, K.; Naeem, S.; O’Neill, R.; Paruelo, Plain, Southern Brazil. Rev. Bras. Geoc., 30(3):470-472.
Adicionalmente, procurou-se fazer comparações com a J.; Raskin, R.; Sutton, P. & van den Belt, M. 1997. The value Vieira, E. F. & Rangel, S. S. 1988. Planície costeira do Rio
informação existente sobre cada grupo em outras áreas, of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature, Grande do Sul: Geografia física, vegetação e dinâmica sócio-
particularmente sobre aquelas situadas em unidades de 387(6230):253-60 econômica. Porto Alegre, Sagra. 256p.
conservação ou constituídas por habitats similares aos aqui Dias, B. 2001. Demandas governamentais para o monitoramento Waechter, J. L. 1985. Aspectos ecológicos da vegetação de
estudados. da Diversidade Biológica Brasileira. In: Garay, I. & Dias, B. restinga no Rio Grande do Sul, Brasil. Comun. Mus. Ciênc.
Na síntese final, procurou-se estabelecer um diagnóstico Conservação da biodiversidade em ecossistemas tropicais. PUCRS, Sér. Bot., (33):49-68.
geral da biodiversidade, considerando todo o conjunto de táxons Petrópolis, Vozes. p.17-28.
amostrados e tipos de habitat, destacando os principais fatores de Freitas, T. R. O. 1995. Geographic distribution and conservation
pressão ambiental e discutindo, ainda que de forma não exaustiva ou of four species of the genus Ctenomys in southern Brazil
definitiva, as estratégias potenciais e ações de conservação. (Rodentia – Octodontidae). Stud. Neotrop. Fauna Env.,
30:53-59.
Referências bibliográficas Guadagnin, D. L. & C. Laydner, C. 1999. Avaliação e ações
prioritárias para conservação da Zona Costeira da Região Sul:
Asmus, M. L. & Tagliani, P. R. A. 1998. Considerações sobre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 82p. Disponível em: http://
manejo ambiental. In: Seeliger, U.; Odebrecht, C., & Castello, www.bdt.fat.org.br/workshop/costa/sul/. Acesso: maio de 2005.

14
Figura 2.
Paisagens e habitats da região da
Lagoa do Casamento, Planície
Costeira do Rio Grande do Sul. (a)
Margem norte da Lagoa do
Casamento; (b) palharal na lagoa do
Capivari; (c-e) banhados na porção
norte da lagoa dos Gateados e
Sangradouro; (f-h) matas de restinga,
campos arenosos e depressões
úmidas no Pontal do Anastácio; (i,j)
mosaico de ambientes na Ilha Grande;
(k) em primeiro plano, área
denominada Buraco Quente, no Pontal
do Anastácio; (l) juncal na margem da
a b c Lagoa do Casamento. Fotos: Adriano
Becker (h); F. G. Becker (a, b, d, i); R.
A. Ramos (c, e, f, g, j, k).

d e f

g h i

j k l

15
Figura 3.
Paisagens e habitats da região dos
Butiazais de Tapes, Planície Costeira
do Rio Grande do Sul. (a) Vista
panorâmica mostrando gradiente
desde a Laguna dos Patos e dunas
adjacentes (ao fundo), Açude Sete e
banhados associados, até os
palmares de Butia capitata e as
matas sobre a Coxilha das Lombas;
(b) vista alternativa mostrando ao
fundo, a lagoa das Capivaras na
transição entre a Coxilha das
Lombas e as dunas; (c, f) matas,
palmares de butiá, banhados e áreas
agrícolas sobre a Coxilha das
a b c
Lombas; (g) Coxilha das Lombas,
mostrando a lagoa do Cerro e (h)
cordões de mata de restinga
adjacentes; (i) campos de dunas; (j)
mata de restinga; (k, l) dunas,
banhado e mata na área entre a
Laguna dos Patos e a Coxilha das
Lombas. Fotos: Adriano Becker (e, f,
h-l); R. A. Ramos (a-d, g).

d e f

g h i

j k l

16
Figura 4.
Localização das subáreas escolhidas
para concentrar as amostragens de
campo do inventário de fauna e flora da
região da Lagoa do Casamento,
Planície Costeira do Rio Grande do Sul.

17
Figura 5.
Localização das subáreas escolhidas
para concentrar as amostragens de
campo na execução do inventário de
fauna e flora da região dos Butiazais
de Tapes, Planície Costeira do Rio
Grande do Sul.

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